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03/06/2015 Modelo de Petição Resposta à Acusação e ou Defesa Preliminar em Ação Penal
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Modelo de Petição Resposta à Acusação e ou Defesa Preliminar em Ação
Penal
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA CAPITAL – SÃO PAULO
PROCESSO Nº. 
Controle: 
Pelo acusado: .............
Conspícuo Magistrado,
O acusado, através de seu advogado infra­assinado, vem, mui respeitosamente, a ilustre presença de Vossa Excelência
apresentar sua DEFESA PRELIMINAR ( RESPOSTA à ACUSAÇÃO )as acusações que lhe são imputadas na denúncia.
Para tanto expõe e requer:
“Sob a ponte da Justiça passam todas as dores,  todas as misérias,  todas as aberrações,  todas as opiniões políticas,
todos os  interesses sociais. E seria de desejar  fosse o Juiz  capaz de  reviver em si,  para os compreender,  cada um
desses sentimentos.”(M.P. Pimentel, in Revista do Direito Penal, v. 24, p. 91).
O Juiz SOUSA NETO entre 1946­1947, publicou o primeiro livro:
“A mentira e o delinqüente”. Nesse ensaio de criminologia e de processo penal, ele se revela o juiz justo e corajoso que
sempre foi. Traça, logo, uma regra fundamental, de moralidade e de justiça, que adotará em toda a sua vida, advertindo,
com elevação que não pode condenar em dúvida:
“Não há um princípio de filosofia, um dogma de moral, um cânone de religião, um postulado de bom senso, uma regra
jurídica, que autorize um pronunciamento condenatório na dúvida. Justifica­se, pois, a assertiva de João Ramalho: “Sem
prova plena e verdadeira, a condenação será sempre uma injustiça e a execução da sentença uma violência”.
“A justiça só vive da prova. Só o arbítrio se alimenta do monstro da presunção. A dúvida é a certeza dos loucos. Estes
são julgados, não julgam”.
O PAPEL DA JUSTIÇA
“O juiz precisa, antes de tudo, de uma calma completa, de uma serenidade inalterável, porque os acusados apresentam­
se diante dele sob a paixão violenta e apaixonada da opinião”.
“Os jornais, com uma indiscrição que a lei devia reprimir, divulgaram o fato nas cem trombetas da fama e crivaram o réu
dos adjetivos mais  furibundos. O crime repelente e abjeto desperta em toda alma delicada um natural sentimento de
03/06/2015 Modelo de Petição Resposta à Acusação e ou Defesa Preliminar em Ação Penal
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indignação  e  revolta.  O  espírito  insensivelmente  se  previne  e  por  essa  elaboração  lenta  de  que  fala  PAULA
LOMBROSO, digna filha do eminente antropologista criminal, que resiste a todos os argumentos e provas em contrário”.
“É necessário, portanto, a máxima calma na apreciação do processo. O magistrado deve manter o seu espírito sereno,
absolutamente livre de sugestão de qualquer natureza” (Atentados ao Pudor, págs. 295 e 296, 3ª edição, de Viveiros de
Castro).
Vossa Excelência, ilustre e culto magistrado que honra a toga Paulista, notadamente pelo seu saber jurídico e possuidor
de um dos requisitos essencialíssimo para ser julgador de homens como afirma CALAMANDREI, “julgar o semelhante
deve­se,  antes  de  tudo  ter  a  compreensão  dos  fatos  e  decidir  de  forma  humana  e  justa”.  Essas  qualidades  Vossa
Excelência as tem e este modesto advogado é testemunha ocular de todas essas afirmações que coloco na defesa do
acusado.
Aliás, como anunciou CALAMANDREI, “o Juiz é o intermediário entre a norma e a vida. Em certos momentos, até a lei
pode  falhar,  mas  nunca  poderá  faltar  a  Justiça”.  Por  isso,  sempre  acreditei  que  o  Juiz  é  mais,  muito  mais  do  que
esclareceu o Mestre italiano, porque o Juiz, sob cuja tutela repousa, seguramente, a liberdade, a honra e o patrimônio, é
a  última  esperança  do  homem  e  sociedade,  a  partir  do  primeiro  malogro  da  lei.  (In  Raphael  Carneiro  Arnaud;
Magistrado, administrador e cultor da história).
Neste passo o Egrégio RUI BARBOSA, o maior de todos nós quando escreveu ‘O dever do advogado’ nos ensinou o
seguinte:
“Tratando­se de um acusado em matéria criminal, não há causa em absoluto indigna de defesa. Ainda quando o crime
seja de todos o mais nefando, resta verificar a prova: e ainda quando a prova inicial seja decisiva, falta, não só apurá­la
no cadinho dos debates judiciais, senão também vigiar pela regularidade estrita do processo nas mínimas formas. Cada
uma delas constitui uma garantia, maior ou menor, da liquidação da verdade, cujo interesse em todas se deve acatar
rigorosamente.   
PRELIMINARES
A denúncia oferecida pelo   Representante do Ministério Público encontra­se em desrespeito aos preceitos do nosso
sistema processual penal, devendo pois, ser rejeitada, conforme o artigo 395, I, do Código de Processo Penal, por ser
INEPTA.
Tal afirmação se faz verdade porque na peça inaugural, o denunciado fora acusado por fatos descritos genericamente,
sem qualquer respaldo fático, o que inviabiliza a sua defesa, restringindo seu direito constitucionalmente garantido da
ampla defesa.    
Neste Passo a importância essencial da defesa preliminar é decotar os excessos da denúncia e ainda, permitir que o
magistrado receba ou não a peça acusatório de pormenorizada se o conteúdo da denúncia tem admissibilidade ou lhe
falta justa causa para o prosseguimento da ação.
Na defesa preliminar, como se vê, é bem distinta da antiga defesa “prévia” (que ocorria depois do  interrogatório). Na
preliminar, a defesa deve invocar tudo que possa interferir na decisão do juiz de receber ou rejeitar a peça acusatória.
O trinômio processual mais relevante na atualidade consiste em preliminares, prejudiciais e mérito. Ele é superior ao
clássico pressupostos processuais, condições da ação e mérito. As preliminares e as prejudiciais consistem questões
prévias.  O  mérito  é  a  questão  principal.  Na  defesa  preliminar  o  acusado  e  seu  defensor  deve  argüir  preliminares,
questões prejudiciais(quando existente) assim como razões que interferem no mérito da causa( deve­se discutir sobre
tudo a correta classificação da infração).
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Nas preliminares a defesa deve discutir: a. os pressupostos processuais( de existência do processo ­ pedido e orgão
jurisdicional – de existência de  relação  jurídica processual – pedido, partes e orgão  jurisdicional – e de validade do
processo); b. as condições da ação( possibilidade jurídica do pedido,  legitimidade para agir,  interesse de agir e justa
causa); c. os aspectos formais da peça acusatória(inépcia formal); e d. as exceções(de litispendência, de coisa julgada,
de  incompetência, delegitimidade de parte e suspeição), que serão processadas de acordo com o Código Processo
Penal, art. art. 95 e ss.
Eventuais  questões  prejudiciais  devem  suceder  as  preliminares.  Depois  se  ingressa  no mérito,  ou  seja,  devem  ser
invocadas” todas as razões de defesa”. A defesa preliminar é muito importante para discutir vários pontos, mas sobre
tudo para questionar a classificação da infração. Se trata­se de um usuário e a polícia o enquadrou no art. 33(traficante)
o momento de se discutir tudo isso é agora:
Deve­se  fazer de  tudo para convencer o  juiz, de plano, qu a classificação mais severa está equivocada. Caso o  juiz
aceite essa argumentação, rejeitará a peça acusatória e enviar tudo aos Juizados( ou dará prosseguimento ele mesmo,
seguindo o procedimento dos Juizados, que é o competente para processar e  julgar o agente  flagrado em posse de
drogas para consumo pessoal).
A  defesa  preliminar,  de  outro  lado,  constitui  o  momento  oportuno  para:  a.  oferecerdocumentos  e  justificações;  b.
especificar as provas que se pretende produzir; c. arrolar testemunhas, sob pena de preclusão até o número de cinco.
Esta  importância Excelência. se caracteriza principalmente porque dar ao magistrado o exame mais aprofundado da
admissibilidade ou não do controle jurisdicional da denúncia de que tanto fala o mestre RENATO FLÁVIO MARCÃO.
A realidade  forense  tem relevado uma determinada situação procedimental abusiva e que bem demonstra a  falta de
amor aos valores constitucionais por expressiva parcela do Judiciário. Felizmente, não a sua totalidade.
Dando triste atualidades às palavras de NOÉ AZEVEDO, onde este adverte que “as leis mais liberais, com providencias
as mais sábias e justas para a proteção da liberdade individual, podem se transformar em verdadeiros flagelos, si as
suas disposições forem manejadas, como látego de feitores, por juízes retrógrados, obtusos e cruéis”, o fato é que tem
sido recebido, às mãos cheias, denúncias e mais denúncias contra acusados inseridos na Lei de Tóxicos, sem a mínima
fundamentação, fazendo­se Tábula Rasa do Direito de Defesa e do Due Process.
Quando  o  constituinte  brasileiro  incluiu  esta  exigência  no  art.  93,  IX,  da  Magna  Carta  republicana,  evidentemente,
pretendeu criar um padrão para toda e qualquer manifestação judicial que apresente uma carga decisória, por menor
que  esta  seja,  só  estando  excluídos  os  denominados  despachos  de  expediente,  coisa  que  a  decisão  inaugural  da
relação processual penal, nem de  longe, pode ser confundida. Nesse  teor, explicita ANTONIO MAGALHÃES GOMES
FILHO:  “Ao  dizer  que  serão  fundamentadas  ‘todas’  as  decisões,  a  Constituição  brasileira  não  expressa  apenas  a
extensão  do  dever  de  motivar,  mais  do  que  isso,  prescreve  um  único  modelo  de  decisão  judicial  –  a  decisão
fundamentada  ­,  em  que  tal  exigência  deve  condicionar  o  próprio  raciocínio  decisório”.  (Revista Magister  de Direito
Penal e Processual Penal, nº. 30 – Jun/Jul 2009).
Ainda nesse diapasão, vibrando e alertando contra  o peso e as agruras de um processo criminal inaugurado por esta
decisão, CARLOS EDUARDO SHEID  adverte  que  “observando­se  o  processo  penal  através  da  lente  constitucional,
pensa­se ser exigível que a decisão de recebimento da denuncia seja motivada”. (A motivação das decisões penais – a
partir da teoria garantista, Livraria do Advogado,2009.p.151).
E, pergunta­se: Frente á teoria de KELSEN, e sua consagrada pirâmide, há outra lente a observar qualquer lei nesse
país? Há outro filtro interpretativo, senão a constituição?
Entre nós, é categórico BARBOZA MOREIRA: “Last but not least”, trata­se de garantir o direito que tem as partes de ser
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ouvidas e de ver examinadas pelo órgão julgador as questões que houveram suscitado. De reclamar do órgão judicial a
consideração atenta dos argumentos e provas trazidos aos autos”.( A motivação das decisões judiciais como garantia
inerente ao estado de direito – Temas de Direito Processual – 2º serie. São Paulo, 1980.p.88).
Com TORNAGHI, aprendemos que: “A lei do processo é o prolongamento e a efetivação do capitulo constitucional sobre
os direitos e as garantias individuais” (Tornaghi, Hélio.Ob.,v.I,p.75).
Diante de dispositivo processual que cria este espaço de debate a ser analisado pelo juiz no momento de receber ou
não a denuncia, observa­se que ao fraudar­se a análise, fraudados estão os princípios constituídos do contraditório, da
Ampla defesa, do Devido Processo Legal e da Motivação das decisões penais.
Dar exigência a motivação no recebimento da denuncia é a garantia entre a eficiência da sanção e o respeito para com
os direitos fundamentais, sendo todo este equilíbrio um permear constante dentro de um processo penal democrático.
Sobre o tema da sanção de nulidade face ao desrespeito a garantia constitucional da motivação, o mestre das Arcadas
ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO encerra o assunto:
“(...) Cabe agora examinar  a  conseqüência processual  do não­atendimento dos mencionados  requisitos do discurso
justificativo  judicial.  A  tarefa,  nesse  ponto,  é  sensivelmente  facilitada  pela  clareza  do  texto  constitucional:  ‘Todos  os
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade’
(art. 93, IX).
Trata­se, portanto, de uma daquelas hipóteses em que a atipicidade do ato por inobservância de norma constitucional
tem a sua conseqüência processual determinada própria  lei  fundamental: as decisões  judiciais de qualquer espécie
(todas)  não  fundamentadas,  são  ineficazes.  A  NULIDADE  NO  CASO  É  ABSOLUTA,  pois  o  ato  processual
inconstitucional, quando não juridicamente inexistente, não pode dar lugar à nulidade relativa, uma vez que as garantias
processuais­constitucionais, mesmo quando aparentemente postas em benefício da parte, visam em primeiro lugar ao
interesse público na condução do processo segundo as regras do devido processo legal.
(...) Ademais, dizer que a nulidade é absoluta implica também admitir que o prejuízo acarretado pelo vício é evidente,
dispensando  a  demonstração  de  dano  para  a  parte  ou  para  a  própria  decisão.  No  caso  da  decisão  judicial  não
fundamentada,  o  prejuízo  fica  induvidosamente  revelado  pela  frustração  de  todos  aqueles  objetivos  políticos  e
processuais que determinam a exigência constitucional.” (Gomes Filho, Antônio Magalhães. A motivação das decisões
penais. RT, 2001. p. 202­203.
Sobre o tema, era o que tínhamos a expor. Acreditamos, com IHERING, que: “A forma é inimiga jurada do arbítrio e irmã
gêmea da liberdade”.
Acreditamos,  com  ELIÉZER  ROSA,  que:  “Num  mundo  democrático  o  Estado  não  tem  o  direito  de  sofismar  com  a
liberdade do homem”. 
Por conseguinte, o juiz moderno o qual se enquadra Vossa Excelência, como afirmava o saudoso RUI BARBOSA:
“A toga do magistrado não se deslustra, retratando­se dos seus despachos e sentenças, antes se relustra, desdizendo­
se do sentenciado ou resolvido, quando se lhe antolha claro o engano, em que laborava, ou a injustiça, que cometeu”
Nesse  ponto  vale  a  pena  a  advertência  que  fez  o Conselho  de Dom Quixote  a  Sancho Pança  às  vésperas  de  ser
governador:
“Quando se puder atender à equidade, não carregues com todo o rigor da lei do delinqüente, que não é melhor a fama
do juiz rigoroso que do compassivo”.
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Isto posto, e como a NULIDADA é de caráter ABSOLUTO, noutras palavras, nos dizeres de SOARES (1977, p. 361), “...o
Direito Processual Penal é eminentemente formal, isto é, cada norma processual penal corresponde a um ato, sujeito a
determinada forma, que constitui a própria garantia e segurança da ordem processual”, por conseqüência deve Vossa
Excelência anular todos os atos praticados no processo a partir  do recebimento da denúncia e, de imediato, determinar
a soltura do acusado, pois encontram­se preso mais  tempo que a  lei permite, sem prejuízo de ser refeita a  instrução
penal até final sentença.
NO MÉRITO
Como na fábula, abandonando a sensatez do cordeiro, tomou o Representante do Ministério Público as atitudes de lobo
e declarou guerra à todos os princípios de lógica judiciária, que arrazoou com a força atômica das suas conjecturas e
das suas reticências.
Porquanto, não conseguiu o Representante do MP, demonstrar a culpabilidade do acusado, mas, não quer acreditar na
INOCÊNCIA dele.
Neste norte, é velho princípiode lógica judiciária:
“A acusação não tem nada de provado se não conseguiu estabelecer a certeza da criminalidade, ao passo que a defesa
tem tudo provado se conseguiu abalar aquela certeza, estabelecendo a simples e racional credibilidade, por mínima que
seja, da inocência”.
As obrigações de quem quer provar a  inocência são muito mais  restritas que as obrigações de quem quer provar a
criminalidade” (F. MALATESTA – A lógica das Provas – Trad. De Alves de Sá – 2ª Edição, págs. 123 e 124).
O  ministro  CELSO  DE MELO,  um  dos  mais  importantes  juristas  da  atualidade,  quando  em  um  dos  seus  votos  em
acórdãos da sua lavra definiu que o ônus da prova recai EXCLUSIVAMENTE ao MP:
“É sempre importante reiterar – na linha do magistério  jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal consagrou na
matéria – que nenhuma acusação penal se presume provada. Não compete, ao réu, demonstrar a sua inocência. Cabe
ao  contrário,  ao  Ministério  Público,  comprovar,  de  forma  inequívoca,  para  além  de  qualquer  dúvida  razoável,  a
culpabilidade  do  acusado.  Já  não  mais  prevalecem  em  nosso  sistema  de  direito  positivo,  a  regra,  que,  em  dado
momento histórico do processo político brasileiro (Estado novo), criou, para o réu, com a falta de pudor que caracteriza
os regimes autoritários, a obrigação de o acusado provar a sua própria inocência (Decreto­lei nº. 88, de 20/12/37, art. 20,
nº. 5). Precedentes.” (HC 83.947/AM, Rel. Min. Celso de Mello).
Convém assinalar,  neste ponto,  que,  “embora aludido ao preso,  a  interpretação da  regra  constitucional  deve  ser  no
sentido  de  que  a  garantia  abrange  toda  e  qualquer  pessoa,  pois,  diante  da  presunção  de  inocência,  que  também
constitui garantia fundamental do cidadão [...], a prova da culpabilidade incumbe exclusivamente à acusação” (ANTÔNIO
MAGALHÃES GOMES FILHO, Direito  À Prova  no Processo Penal,  p.  113,  item  nº.  7,  1997,  São Paulo:  Revista  dos
Tribunais).
De igual modo a doutrina de maneira uníssona ampara o acusado:
“O  processo  criminal  é  o  que  há  de mais  sério  neste mundo.  Tudo  nele  deve  ser  claro  como  a  luz,  certo  como  a
evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica. Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico.
Assente o processo na precisão morfológico  legal e nesta outra precisão mais salutar ainda. A VERDADE SEMPRE
DEVE SER DESATAVIADA DE DÚVIDAS. (CARRARA)
Por isso é que o Eminente e culto Des. AMILTON BUENO DE CARVALHO, integrante do colegiado dos pampas em suas
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reiteradas decisões, quando os depoimentos são evasivos, decidem assim:
“Furto qualificado. Prova policial: valor igual a zero no momento judicante. Condenação: não pactua com prova atônica.
Negaram provimento ao apelo da acusação (unânime). (Apelação crime, 70021713128, Quinta Câmara Criminal, Des.
Rel. Amilton Bueno de Carvalho, j. 07.11.2007)”.
“Apelação­crime.  Roubo  majorado.  Prova  oral  policial:  valor  algum  tem  em  um  processo  penal  que  se  pretenda
democrático  e  garantista.  Absolvição:  ausente  a  certeza  –  base  ética  indeclinável  da  condenação  –,  o  resultado
absolutório  se  impõe. Recurso  defensivo  provido  (unânime).  (TJRS, Apelação Crime,  70029469186, Quinta Câmara
Criminal, Rel. Amilton Bueno de Carvalho, j. 13.05.2009)”.
No mesmo passo o inesquecível Min. ALCIDES CARNEIRO quando integrava o STM assentou:
“A prova, para autorizar uma condenação, deve ser plena e indiscutível, merecendo dos julgadores o maior rigor na sua
apreciação, mormente quando se trata de testemunhas marcadas pela dúvida e pela suspeição, geradas pelo interesse
em resguardar situações de comprometimento pessoal”.
Portanto, o ônus da prova cabe ao MP e pelos depoimentos jurisdicionalizados não traduz a certeza real que deve ter o
julgador carreado para os autos para poder julgar com certeza o seu semelhante.
Não  se  pode  olvidar  que,  se  a  prova  demonstra  dúvida  quanto  aos  fatos  a  eles  atribuídos,  embora  plausíveis,  a
absolvição é  imperativa, pois a condenação exige certeza absoluta,  fundada em dados objetivos  indiscutíveis e que
evidenciem a materialidade e a autoria.
Assim, existindo dúvida, deve­se aplicar o princípio do IN DÚBIO PRO REO para absolvê­los.
Trago a colação alguns arestos:
“No processo criminal, máxime para condenar, tudo deve ser claro como a luz, certo como a evidência, positivo como
qualquer expressão algébrica. Condenação exige certeza absoluta, fundada em dados objetivos indiscutíveis, de caráter
geral, que evidenciem o delito e a autoria, não bastando à alta probabilidade desta ou daquela. E não pode, portanto,
ser  a  certeza  subjetiva,  formada  na  consciência  do  julgador,  sob  pena  de  se  transformar  o  princípio  do  livre
convencimento em arbítrio.” (TJSP – RT, 619/267). 
“Inadmissível  a  prolatação  de  decreto  condenatório  se  suficientes  os  elementos  probatórios  apenas  para  fundar
suspeitas contra o réu. É que a simples probabilidade de autoria, tratando­se de mera etapa da verdade, não constitui,
por si só, certeza” (TACRIMSP – in JUTACRIM 45/218).
Prova precária. Absolvição decretada. (TJSP, Ap. Crim. 213.603­3, 2ª Câm. Crim., j. 30­9­1996, rel. Des. Renato Talli, JTJ
184/313).
“Se a prova dos autos não gera a certeza de que a substância entorpecente apreendida pela polícia realmente pertencia
ao acusado da prática do crime de posse, impõe­se a absolvição do mesmo com adoção do princípio do in dúbio pro
reo” (TJMG, Proc. 1002401099985­2, 3º Câm. Rel. Des. Paulo Cezar Dias, DJMG de 5­11­2004, Revista Magister de
Direito Penal e Processo Penal, n. 2, p. 115).
No caso concreto, não se vislumbra menor indicio de participação do acusado nos delitos a ele imputados.
A  prova  carreada  aos  autos  é  extremamente  frágil,”  Notadamente  o  depoimento  dos  policiais,  colhidos  na  fase
inquisitorial , que se contradizem de maneira manifesta ao ponto de cada um dos depoentes afirmarem coisa dispara
não  dando  nenhuma  sustentação  para  que  o  magistrado  mais  rigoroso  que  seja,  possa  proferir  a  sentença
condenatória, porquanto a autoria não ficou demonstrada a saciedade.
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A culpabilidade deve resultar apurada, estreme de duvida, dentro do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV). É a regra
do  ID  QUOD  NON  EST  IN  ACTIS  NON  EST  IN  MUNDO  (  o  que  não  está  nos  autos  não  esta  no  mundo).
                                                            Ninguém deve ser acusado ou condenado apenas pelos seus antecedentes, mas
unicamente por realizar uma ação típica, antijurídica e culpável.
A culpabilidade é do fato e não do autor. O agente só pode ser considerado culpado “POR AQUILO QUE ELE FEZ NÃO
PELO QUE ELE É” (ASSIS TOLEDO, “Princípios”, PP.382­389).
O direito penal moderno  e liberal é “direito penal do fato, não do autor”; o juízo de culpabilidade recai sobre o fato do
agente, não sobre o caráter ou modo de pensar do agente do fato”(JESCHECK, “Tratado”,p.581); FIANDACA­MUSCO –
“Diritto Penalle” , p. 155, citado por LUIZ FLAVIO GOMES, in “ Erro de Tipo e Erro de Proibição”, RT, PP. 110/111).
O juiz de primeiro (1º) grau, único que é nomeado em virtude de concurso público e provas e de títulos, não tem razões
para ser subserviente e decidir fazendo média, como se político fosse, mas tão­somente decidir cumprindo e fazendo
cumprir a lei e a Constituição. Se a lei e a constituição são iníquas, anacrônicas e conduzem a injustiça e a impunidade,aqueles que as elaboram (o legislador e o constituinte) que cuidem de revogá­las.
“É melhor absorver um culpado do que condenar um inocente”(ROBERTO LYRA)
“Condenar um possível delinqüente e condenar um possível inocente (NELSON HUNGRIA)
“A condenação exige certeza, não basta sequer a alta probabilidade”.
Não é possível, observa FRAGOSO, fundar sentença condenatória em prova que não conduz a certeza... Como ensina o
grande mestre EBERHARDT SCHIMDT (“Deutsches Strafprozessrecht”, 1967, p.48). constitui princípio  fundamental do
processo o de que o acusado somente deve ser condenado quando o Juízo, na forma legal, tenha estabelecido os fatos
que fundamentam a sua autoria e culpabilidade, com completa certeza... Se subsiste ainda que apenas a menor dúvida,
deve o acusado ser absolvido... A condenação exige certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade... (“Jurisprudência
Criminal”,III, Borsoi, 1973, p. 405/406).
Não é fácil a uma pessoa responsável, condenar seu semelhante, a propósito de bem julgar, assim leciona ROBERTO
LYRA, em sua obra “Como julgar, como defender e como acusar”, Editora Científica, RJ, PP. 12/13, verbis:
“Nem manejar  a  lei  como pedra  (  a  lei  nasceu na pedra)  contundente e mortífera  (lei  hierática,  fira,  dura,  objeto de
idolatria, fetichismo, culto), nem tratá­la como inimiga ou parceira. O juiz não é condomínio e muito menos cabecel da lei.
Esta não é muro de lamentações e desabafo. A missão crítica (mais importante é a auto­crítica) do magistrado tem por
objetivo pedidos, razoes, provas e jamais a lei que ele encarna.quem quer é a lei (lei propriamente dita, é claro) e não o
juiz. este não dispõe contra a lei.
A aplicação da lei penal ao caso concreto, depois de contraditório probatório, crítico e polêmico, não implica sutilezas e
transcendências.  Mais  do  que  altas  indagações  de  direito  valem  baixas  indagações  de  fato.  Juridicamente,  não  é
preciso mais do que extrair  a  síntese da  tese da acusação ante a antítese da defesa do contraditório elementar. As
alternativas são inerentes a todo litígio. As dificuldades do juiz, em matéria penal, não são dogmáticas ou exegéticas,
salvo inércia. O que preocupa e inquieta ao magistrado de fundo e a responsabilidade de deliberar sobre o destino de
um semelhante. E isto nada tem a ver com a técnica. Há magistrados capazes de auto­revisões espontâneas e há  os
que  estendem  a  lei  do  menor  esforço  ao  campo  moral  ou  entretêm  a  frieza  intima  com  prolações  destinadas  a
publicidade.
O  julgamento  não  é  um  ato  de  ciência, mas  de  consciência.  O  juiz  deve  pensar  e,  sobretudo,  sentir  a  causa  para
assegurar, propiciar, acompanhar o futuro do condenado.
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Julgando, o juiz concretizará o abstrato, objetivando o subjetivo, socializará o individual, aprofundando­se para elevar­
se, projetando­se pelo social e, portanto, pelo humano. O juiz deve preencher as áreas abertas para transfundir o Direito
na lei e não para fecundá­la artificialmente. Sua principal missão é reduzir os limites do possível, as desigualdades da
lei, reflexo das desigualdades sociais”.
Para bem julgar, o magistrado precisa ter a visão cósmica da realidade  jurídica e também da realidade cultural. Não
basta a informação, porque é necessária formação. E esta, sem prejuízo daquela, exige cultura humanística e uma visão
global da humanidade”(VICENTE GRECO FILHO, in “Tutela Constitucional da Liberdades”, Saraiva, 1989, p. 22).
O  admirável  LIDIO  MACHADO  BANDEIRA  DE  MELLO,  em  cujas  mãos  o  Direito  penal  ganha  uma  beleza  e  uma
grandeza  extraordinárias,  refere­se  ao  fato  de  a  ignorância  da  lei  penal  não  eximir  da  pena,  pois,  do  contrário,  a
aplicação da penalidade, em grande numero de casos, seria impossível, entretanto, pondera o mestre que, a rigor, para
que a ignorância da lei pudesse ser sempre repelida, impunha­se eu a lei penal fosse simples, clara, límpida, ao alcance
da compreensão de toda gente. Uma lei penal mal redigida, que exige acurada interpretação, não pode, em sã justiça,
ser obrigatória para todos os homens.
Se não se dá ao povo o direito de ignorar a lei, indispensável é que a lei esteja ao alcance do entendimento do povo.
Em ultima analise, as que proíbem matar,  ferir,  roubar, violentar mulheres e crianças. Tais crimes  todos conhecem e
todos  reprovam,  reconhecendo  que  eles  ofendem  os  sentimentos  da  caridade  e  negam  as  virtudes  essenciais  da
condição humana”. (HÉLIO SODRÉ), “Manual Compacto de Direito”, Forense, 1980, p. 75).
Ainda a propósito da  responsabilidade de  julgar a  liberdade do ser humano, PIERO CALAMANDREI,  in  “Elogio Del
Giudice Scritto da Unvocato”, 6º Ed. Livraria Clássica Editora, Lisboa(Portugal), 1981,pp. 173/174, nos dá a seguinte
lição, verbis:
“Um velho magistrado, sentindo que morria, dizia assim serenamente em seu leito:
­ Queria, senhor, ao morrer ter a certeza de que todos os homens que condenei morreram antes de mim, pois não posso
pensar que fiquem nas prisões deste mundo, a sofrer penas humanas, os que lá foram metidos por ordem minha.
­  Queria, senhor que quando me apresentasse ao Teu Juízo, os encontrasse a Tua porta, para que me disse sem que os
julguei com justiça, e se para com algum e sem dar por isso fui injusto, esse, mais do que outro, desejaria encontrar ao
meu lado, para lhe pedir perdão e para lhe dizer que nem uma só vez esqueci ser uma pobre criatura humana, escrava
do erro, que nem uma só vez, ao condenar consegui reprimir a perturbação da consciência, tremendo perante um oficio
que, em ultima instancia, apenas pode ser Teu, Senhor”.
Compete à acusação demonstrar o elemento subjetivo da culpa, que há de ser plena e convincente, ao passo que para
o Acusado basta a dúvida. 
É  a  consagração  do  in  dúbio  pro  reo  ou  actore  non  probante  absolvitur  réus;  há  prevenção  legal  da  inocência  do
Acusado. È o que o Código expressamente consagra:  “absolver­se o  réu quando não existir prova suficiente para a
condenação”.
Por estas razões, e outras do convencimento de Vossa Excelência a acusada, deverá ser ABSOLVIDO, dos delitos a ele
imputados na denuncia, por falta de prova da autoria, aplicando o principio universal in dúbio pro reo.
Nestes termos, j. esta aos autos,
São Paulo, ...................................
03/06/2015 Modelo de Petição Resposta à Acusação e ou Defesa Preliminar em Ação Penal
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ROBERTO BARTOLOMEI PARENTONI
ADVOGADO
ANTONIO AURÉLIO SOARES
ACADÊMICO DE DIREITO
­­­­­­­­­

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