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Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ FISIOTERAPIA BARIÁTRICA: A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO UNIVERSO DA CIRURGIA BARIÁTRICA Lucas & Bopp (2009) 1 INTRODUÇÃO O profissional fisioterapeuta integra a equipe multidisciplinar de cirurgia bariátrica, participando de todos os momentos, incluindo o período pré-operatório, período hospitalar e pós-operatório (imediato e tardio). Suas condutas são pautadas pela realização de consultas, exames, palestras informativas, tratamento e orientações. O dever de emitir pareceres aos outros profissionais integrantes da equipe, a respeito da situação físico-funcional que se encontra o paciente, provoca uma responsabilidade contínua à atuação profissional. Assim, o desempenhar das funções da fisioterapia concebe autonomia profissional, que contribui, e tem influência sobre as decisões da equipe. O tratamento fisioterapêutico no âmbito da cirurgia bariátrica tem como principal objetivo diminuir as chances de complicações no sistema cardiopulmonar, e em um segundo plano as complicações músculo-esqueléticas e metabólicas. Hierarquicamente estes objetivos vão adquirindo valores diferenciados de acordo com a fase do tratamento cirúrgico. Para tanto, a atuação fisioterapêutica é pautada nestes dois focos, passando por momentos de avaliações e reavaliações, dentro das suas condutas. Desta forma, este capítulo disserta pontualmente sobre os momentos distintos de atuação, dividindo em: Pré-operatório, Pós-operatório imediato e Pós-operatório tardio, sabendo que integralmente, a conduta a ser seguida por cada profissional fisioterapeuta é soberana, e dependente da clínica do paciente. As análises de dados vitais comuns a todas as especialidades que trabalham com pacientes sujeitos a cirurgia bariátrica não serão comentados neste capítulo, assim como as diversas técnicas cirúrgicas empregadas, entendendo que o profissional fisioterapeuta deva se interar de todos os procedimentos sofridos pelo paciente operado bariátrico, para pesar e direcionar suas condutas. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ 2. ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PRÉ-OPERATÓRIO / SISTEMA CARDIOPULMONAR O fisioterapeuta é capaz de determinar as expectativas e suas condutas no pós- operatório, a partir do contato pré-operatório, além de permitir ao paciente uma adaptação em relação à terapêutica que será submetido. Acredita-se que uma síndrome restritiva possa ser desencadeada pelo acúmulo de gordura abdominal e ao redor do tórax, ocasionada pela obesidade mórbida, e isto possa afetar os volumes pulmonares, o volume de reserva expiratório (VRE) e a capacidade residual funcional (CRF), além de promover disfunções na relação ventilação/perfusão pela hipoxemia de repouso e de decúbito dorsal provavelmente devido ao fechamento de pequenas vias aéreas observado neste tipo de doente. É importante considerar esta situação no pré-operatório, pois se considera que a maior parte das complicações respiratórias no pós-operatório decorre de causas pré- operatórias. Dentre estas causas se destacam: doenças prévias pulmonares; valores baixos de gasometria arterial e baixos volumes e capacidade pulmonares. E considerando o trans-operatório algumas situações podem induzir a um pós-operatório com tendência ao insucesso: ventilação mecânica inadequada, droga anestésica inadequada, prolongamento de tempo de cirurgia, técnica cirúrgica inadequada, dentre outras. 2.1 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Os seguintes testes e avaliações podem ser indicados para prescrição, análise e acompanhamento do tratamento fisioterapêutico, com ênfase ao sistema cardiopulmonar. Sendo importante dizer que nem sempre todos necessitaram ser utilizados, e que eventualmente outros exames devam ser adicionados a critério da análise do profissional: 2.1.1 PROVA DE FUNÇÃO PULMONAR: O Fisioterapeuta emite o parecer físico- funcional em relação ao grau de restrição, obstrução ou perda elástica pulmonar, que este teste (também chamado de espirometria) infere, reportando sua opinião à equipe Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ multiprofissional. Os parâmetros deste teste que servem para acompanhamento e controle, expressos em % ou valor absoluto são: • CVF (Capacidade Vital Forçada) • VEF1 (Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo) • Relação VEF1/CVF • FEF (Fluxo Expiratório Forçado) entre 25% e 75% da CVF (FEF 25- 75%) • PFE (Pico de fluxo expiratório forçado). Fig. 13. Representação de Espirometria 2.1.2 GASOMETRIA ARTERIAL SIMPLES: Pode ser realizada com o paciente na posição sentada ou supina, e têm o objetivo de se acompanhar os marcadores gasométricos, dando ênfase principalmente à presença da acidose metabólica comum ao obeso mórbido. São coletadas amostras de sangue da artéria radial, sendo analisados, os seguintes itens: • Pressão parcial de oxigênio (pO2); • Pressão parcial de dióxido de carbono (pCO2) e • Porcentagem de saturação de oxigênio (Sat O2). A curva volume-tempo determinada pela espirometria forçada pode ser realizada de acordo com os critérios preconizados pela ATS – (American Thoracic Society), e ser escolhida a melhor de três curvas aceitáveis. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ Fig. 13 Representação de Gasometria Arterial 2.1.3 MANOVACUOMETRIA: É um marcador da força dos músculos inspiratórios e expiratórios do paciente obeso mórbido, normalmente mensurado com o paciente sentado. É necessário para este exame um educativo para o paciente, pois a inabilidade técnica pode gerar valores diferenciados no resultado. Os itens analisados são: pressão inspiratória máxima (PIM) e pressão expiratória máxima (PEM), com seus valores mensurados em uma faixa de variação de mais ou menos cm H2O. As pressões expiratórias são medidas pelo perfil manômetro do equipamento (pressão positiva), e as pressões inspiratórias são medidas pela porção vacuômetro do equipamento (pressão negativa). Fig. 14 Modelo de Manovacuômetro 2.1.4 CIRTOMETRIA: A medida da amplitude do movimento respiratório (flexibilidade) deve ser realizada pelo fisioterapeuta, também como um marcador que possibilite avaliar a função respiratória do paciente obeso mórbido. Como, dependendo da morfologia torácica dos pacientes, existe dificuldade técnica em se padronizar este Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ exame, às vezes será necessário utilizar sensores de deslocamento para tal. A medida da mobilidade tóraco-abdominal, quando cruzada com as informações dos outros testes, pode ser indicativa de mudança de condutas fisioterapêutica, ou de confirmação de conduta adequada e desenvolvimento ideal do tratamento clínico. Fig. 15 Esboço de Cirtometria Torácica 2.2 ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Respeitando o respectivo quadro clínico, e comorbidades, as atuações fisioterapeutas são direcionadas pelo “Protocolo Universal de Tratamento Fisioterapêutico”, que diz que uma seqüência lógica de condutas deve ser realizada, independentemente da fase e do grau de comprometimento clínico que o paciente apresente, ou seja, deve ser realizado caso o paciente apresente. Desta forma é citado: 1. Diminuir ou extinguir a dor; 2. Manter ou aumentar a amplitude de movimento; 3. Manter ou aumentar a resistência muscular; 4. Manter ou aumentar a força; e 5. Manter ou melhorar a propriocepção.No pré-operatório (dependendo da clínica do paciente), a manutenção da vias aéreas permeáveis, e o grau máximo de resposta muscular do sistema respiratório, estarão de acordo com a base protocolar citada. E para se obter estes resultados, o fisioterapeuta pode lançar mão de: • Manobras broncodesobstrutivas (com inaloterapia ou não); • Estímulos de tosse; • Exercícios de Padrões Musculares Respiratórios; Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ • Mobilizações tóraco-abdominais; e • Orientações posturais respiratórias. Para fins de treinamento muscular respiratório, e desenvolvimento do hábito para a recuperação pós-operatória pulmonar, algumas condutas cinesioterapêuticas respiratórias são adotadas. Dentre elas se destaca a utilização de incentivadores inspiratórios. Normalmente os pacientes são orientados a treinar antes da cirurgia, fazendo com que esse treinamento consista em séries, algumas vezes ao dia, durante todo o período pré-operatório. Normalmente esta modalidade de treinamento físico respiratório se intensifica no momento da internação. Fig. 16 Modelo de incentivador respitatório (inspiratório) Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ 3. ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PRÉ-OPERATÓRIO / SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO No pré-operatório da cirurgia de obesidade mórbida o fisioterapeuta obtém os parâmetros físicos (extra-cardiopulmonares), que serão seus marcadores iniciais para o controle no pós-operatório (imediato e tardio), para acompanhamento das condutas e verificação contínua do andamento do emagrecimento do paciente. Este emagrecimento deve ser acompanhado de indícios físico-funcionais, se destacando principalmente a força e a flexibilidade, tal qual o analisado pela monovacuometria e cirtometria no sistema cardiopulmonar. 3.1 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 3.1.1 ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CORPORAL: Por existir uma íntima relação entre a funcionalidade e a composição corporal, é necessário que o paciente seja submetido ao fracionamento corporal, para que o resultado demonstre (o mais próximo o possível), o seu tecido ativo, e a análise de composição corporal realizada pelo fisioterapeuta possa servir de indicador aos outros elementos da equipe multidisciplinar. O componente da composição corporal mais importante, e que o classifica realmente como obeso, é o percentual de gordura. Com este achado, o fisioterapeuta pode estimar o componente corporal caracterizado como massa magra, que é na realidade o tecido ativo que interessa ao fisioterapeuta. Esta análise é importante também para a mensuração do consumo energético do paciente, já que não podemos ultrapassar o limite que desencadeie catabolização protéica, ou seja, perda de mais massa magra. Esta situação é comum principalmente no pós-operatório da cirurgia bariátrica. Existem duas bases de análise de composição corporal indicada para o obeso mórbido, de forma prática e para controle contínuo, já que outras modalidades inviabilizam pelo seu elevado custo ou estrutura necessária (DEXA, Ressonância, Pesagem Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ Hidrostática...). o Protocolo de Weltman e a Bioimpedância Tetrapolar Multifrequencial: 1. Protocolo de Weltman (1988): Mulheres: 0,11077 x Cin Abd - 0,17666 x Est + 0,14354 x PCT+ 51,03301 Homens: (0,31457 x Cin Abd) - (0,10969 x PCT) + 10,8336 (PCT = Peso Corporal Total em kg; Est = Estatura em cm; Cin Abd = Circunferência do Abdome em cm) 2. Bioimpedância Tetrapolar Multifrequencial de oito pontos de contato. (capacidade máxima de 250 kg) Para o acompanhamento da perda ponderal do paciente, convém que o fisioterapeuta utilize a equação de Weltman quando os pacientes estiverem apresentando IMC abaixo de 40. Existe então a importância do fisioterapeuta compreender a necessidade de se relacionar o IMC (Índice de Massa Corporal) com as faixas adequadas de percentual de gordura, já que é o seu excesso (principalmente abdominal) que desencadeia distúrbios endócrino- metabólicos, e não necessariamente o aumento da massa corporal total (peso). Fig. 17 Modelo de equipamento de Bioimpedância Tetrapolar Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ Há ainda a possibilidade de se predizer o tecido ativo do paciente obeso mórbido através da fórmula de Massa Corporal Ideal de Cutts e da Massa Corporal Ajustada (equivalente à massa magra) pela Fórmula de Wilkens (1997): Massa Corporal Ajustada para Homens (Massa Magra) = Massa Ideal + [(Massa Real – Massa Ideal) x 0,32] Massa Corporal Ajustada para Mulheres (Massa Magra) = Massa Ideal + [(Massa Real – Massa Ideal) x 0,38] • Massa Corporal Ideal = (45,4 kg para os primeiros 154 cm) + (2,3 kg para cada 2,54 cm adicionais) Os valores ficam próximos ao valor da Fórmula de Cutts, utilizando também a relação de peso ideal pelo IMC ideal. Tabela 04. Massa Corporal Ideal (peso) ajustada pelo IMC. 3.1.2 DINAMOMETRIA E TENSIOMETRIA: Estes marcadores de força determinam os níveis de capacidade de gerar trabalho estático pelo paciente, para o movimento de preensão palmar e outros movimentos funcionais analisados pelo fisioterapeuta. São importantes para a correlação da perda da massa magra pós-operatória, pois a sua diminuição pode concorrer com a perda deste tecido ativo, que pode comprometer a situação endócrino-metabólica do paciente. Quando existe diminuição de força muscular, pode existir também diminuição da flexibilidade músculo-articular, e isto pode desencadear distúrbios funcionais do Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ sistema vascular (principalmente venoso e linfático), que muitas vezes está relacionado à alteração trófica da pele e edemas. Da mesma forma que os marcadores de composição corporal, este serve para retroalimentar outros profissionais da equipe multidisciplinar, como por exemplo o nutricionista e o endocrinologista. Para a realização destes testes o fisioterapeuta pode utilizar os dinamômetros de preensão e os tensiômetros de cabo, e sempre levando em consideração as tabelas que relacionam os valores medidos com os valores normais. Fig. 18 Representação de uma Dinamometria de Preensão 3.1.3 PERIMETRIA E SUPERFÍCIE CORPORAL: estas medidas são necessárias para a que o fisioterapeuta compreenda e acompanhe a redução ponderal do paciente, a partir de seus segmentos corporais, pois dados de diminuição ponderal acarretam diminuição de volume e superfície no obeso mórbido. A fita métrica inextensível é o instrumento de escolha para as medidas perimétricas, que devem ser seriadas e em posições bem demarcadas no paciente. A técnica mais utilizada para estimar a superfície corporal é a equação de Dubois (Dubois e Dubois, 1916: SC (m2) = 0,007184 X (Altura em cm)0,725) X (Peso em kg)0,425 Outros autores editaram fórmulas de superfície corporal, sendo que os mais referenciados são Mosteller (1987) e Aguiar, Xavier e Rodrigues (1988). Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ O fisioterapeuta também pode utilizar cálculos para estimativa de composição corporal, baseando-se em áreas de figuras geométricas configuradas pelos segmentos do paciente. O modelo mais utilizado é o do cilindro (Aguiar, Xavier e Rodrigues, 1988), segundo o qual se comparam as formas dos segmentos corporais comcilindros de bases diferentes e calcula-se a área dos mesmos. Existe também um nomograma para análise da superfície corporal, baseado na fórmula de Dubois (Dubois e Dubois, 1916), que deixa prática a coleta deste dado: NOMOGRAMA DE PREDIÇÃO DE SUPERFÍCIE CORPORAL Fig. 19 Nomograma de Superfície Corporal baseado na Fórmula de: Dubois, EF. Basal metabolism in health and disease. Philadelphia: Lea & Febiger, 1936. Em McArdle, WD; Katch, FI; Katch, VL. Fisiologia do Exercício: Energia Nutrição e Desempenho. 5 Ed. p.196. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 2003. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ Tabela 5. Fator Multiplicador para TMR baseada em Superfície Corporal Para acompanhar o nomograma e executar o cálculo aproximado da TMR – Taxa Metabólica de Repouso – pode-se acompanhar a planilha com o fator multiplicador, que acelera os cálculos metabólicos. É importante frisar que esta fórmula também pode apresentar erros, pois não foi validada sobre uma amostra de obesos mórbidos. Assim, é importante estar consciente que a utilização de qualquer uma dessas opções de análise de superfície corporal não são integralmente fidedignas, mas funcionam como marcadores referenciais. TAXAS METABÓLICAS BASAIS PADRONIZADAS PARA O PORTADOR DE OBESIDADE FATOR MULTIPLICADOR TMB (Kcal) = FATOR MULTIPLICADOR x SUPERFÍCIE CORPORAL (m2) SC = ESTATURA0,725 x MASSA CORPORAL TOTAL0,425 x 71,84 (Fórmula de: Dubois, EF. Basal metabolism in health and disease. Philadelphia: Lea & Febiger, 1936). IDADE HOMENS MULHERES 16 994 886 17 979 871 18 960 862 19 941 852 20 926 847 25 900 845 30 883 842 35 876 840 40 871 838 45 867 828 50 859 812 55 850 799 60 838 785 65 826 773 70 811 761 > 75 797 751 Lucas, RWC. (2005), adaptado de Fleish A. Le Metabolisme basal standard ET as determination au moyen Du “Metabocalculator”. Helv Med Acta 1951; 18:23. Em McArdle, WD; Katch, FI; Katch, VL. Fisiologia do Exercício: Energia Nutrição e Desempenho. 5 Ed. p.196. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 2003. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ 3.1.4 AVALIAÇÃO METABÓLICA: o fisioterapeuta necessita caracterizar a intensidade do estímulo físico, na sua prescrição de exercícios, que acontecerá mais especificamente no pós-operatório tardio. Assim forma, a massa magra (ou massa magra ajustada) como tecido ativo torna-se o referencial para determinação da capacidade máxima de gerar trabalho físico. É necessário, ainda, calcular a taxa metabólica de repouso, já que essa medida oferece parâmetros para a determinação da faixa de gasto calórico que deve ser aplicada ao paciente, e mais uma opção para o cálculo de superfície corporal é oferecido. Os valores encontrados nas avaliações de superfície corporal servirão como parâmetros para a análise do perfil metabólico do paciente, pois o gasto calórico basal no obeso equivale ao produto da área de superfície corporal (em metros quadrados) pelo número de horas do dia (24) e pelo valor do gasto calórico por m2/h do paciente (Rombeau, 2005). O valor do consumo calórico por m2/h varia de acordo com a faixa etária do paciente (Rombeau, 2005), na seguinte proporção: Kcal/m2/h = 55 – idade (até 19 anos); Kcal/m2/h = 37 – (idade – 20/10) (se idade maior ou igual a 20 anos). Dessa forma, a taxa metabólica basal do obeso mórbido pode ser considerada: Kcal/m2/h x Área Sup Corp (m2) x 24 h O valor máximo de exercício, em quilocalorias, que os pacientes obesos (ou outros) possam realizar, para que não se produza excesso de radicais livres e se evite o consumo inadequado de sua massa magra, equivale a cerca da terça parte da taxa metabólica de repouso calculada (Miller, Wallace e Eggert, 1993). Assim, obtêm-se os limites de carga já definidos, e que deverão mudar de acordo com a alteração da composição corporal do paciente. Normalmente, para o início de um trabalho de preparação para cirurgia bariátrica, a carga utilizada pelo fisioterapeuta atinge a metade do valor máximo determinado pela taxa metabólica de repouso. As análises calorimétricas basais devem ser realizadas de forma seriada e comparativa, pois as diminuições abruptas dos valores calorimétricos basais podem indicar perda excessiva de tecido ativo, comprometendo a diminuição saudável da gordura. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ Outras metodologias de análise calorimétricas são mais precisas, com o inconveniente de implicarem custos elevados de aquisição e manutenção. Entre elas, o fisioterapeuta pode utilizar a calorimetria indireta com analisadores de gases e a calorimetria direta por termografia, que tem uma aplicabilidade que demonstra vantagens em seu uso. 3.1.5 PREDIÇÃO DA CAPACIDADE CARDIOPULMONAR MÁXIMA: para a prescrição de exercícios, reposição nutricional ou aceleração da diminuição do percentual de gordura, faz-se necessário o conhecimento da capacidade máxima de utilização de oxigênio do paciente. Mas os pacientes obesos mórbidos, em sua maioria, não são capazes de realizar testes ergoespirométricos; assim, utilizam-se equações de predição de VO2 Máximo para este fim. A equação que possui variáveis aceitáveis para a aplicação em indivíduos obesos, em função da relação real da menor capacidade cardiopulmonar conforme aumento da idade e aumento do percentual de gordura, é a equação predição de VO2 Máximo, do Laboratório de Performance Humana da Universidade da Califórnia, validada para a população brasileira (LUCAs e ANDREIS, 2006): VO2 Máx = 57,5 – (0,31 x idade) – (0,37 x % de gord) Como existe uma relação direta entre o consumo de oxigênio e a frequência cardíaca nas faixas trabalhadas com os obesos mórbidos, transformando o resultado do VO2 Máximo em quilocalorias e sabendo a média da frequência cardíaca do exercício, calcula-se o gasto calórico da atividade. Outra opção seria a aplicação do Teste de 6 minutos, para a avaliação funcional considerada submáxima cardiopulmonar do paciente obeso mórbido (Lipkin, Scriven e Poole-Wilson, 1986; ATS Statement, 2002). Este teste será possível para alguns pacientes, e pode-se utilizar em conjunto com a equação de predição. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ Fig. 20 Representação de Teste de 6 minutos 3.2 ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Da mesma forma que no sistema cardiopulmonar, a cinesioterapia aplicada a pacientes obesos mórbidos respeita a base protocolar universal. Deve-se demonstrar preocupação em atuar nos parâmetros que mais apresentaram deficiência e que poderão comprometer o resultado cirúrgico (principalmente em pós-operatório imediato). • A cinesioterapia contrar-resistida funcional, também conhecida como Musculação Terapêutica ou Exercícios Resistidos Terapêuticos, é indicada para situações de diminuição de força muscular muito evidente, sempre com o controle do gasto calórico, e acompanhamento com o perfil endócrino- metabólico. • Os padrões de alongamento muscular específicos. • Estímulos venolinfáticos profiláticos. • Educativos proprioceptivos possíveise • Coordenação com os exercícios respiratórios. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ 4. ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO O fisioterapeuta deve estar consciente de que o risco de complicações no sistema respiratório e circulatório é maior no pós-operatório imediato, em virtude das alteraçõesque ocorrem e que são relatadas extensamente na bibliografia específica (Buchwald e Williams, 2004): • Diminuição nas trocas gasosas (oxigênio e gás carbônico); • Diminuição dos volumes e capacidades pulmonares; • Diminuição de força muscular respiratória; • Redução do retorno venoso; • Náuseas; • Hipotensão postural; • Algias ventilatório-dependentes e ventilatório-limitantes. O pós-operatório imediato pode ser dividido em três momentos de atuação do fisioterapeuta: 1. DESMAME – Nos serviços que possuem equipe de fisioterapia especializada em terapia intensiva, se procede a extubação mediante avaliações constantes: • dos fatores fisiológicos da mecânica respiratória; • do nível de consciência; • da estabilidade do perfil gasométrico; • dos padrões radiológicos; • Pimax > ou = - 20cmH2O, Pemax > 60cmH2O; • PO2/FiO2 > 200; • FR/VC < 100; • FiO2 < 40%; • VC > 5 ml/kg; e • FR < 28 (Regenga, 2000). Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ 2. SUPORTE RESPIRATÓRIO – Pode ser realizado pelos próprios parâmetros do ventilador mecânico, como Ventilação com Suporte de Pressão (VSP), tubo T ou similar. Neste momento, a permeabilidade das vias aéreas deve ser a principal preocupação, às vezes concorrendo com condutas bronco desobstrutivas, mantendo-se a observação dos perfis gasométricos que podem indicar a existência de hipoventilação alveolar e determinar complicações duradouras no sistema respiratório (atelectasias, derrames pleurais e disfunções diafragmáticas). Em relação à utilização do suporte ventilatório pode-se optar por uma hierarquização de condutas, tendo como parâmetro a capacidade vital. Com uma capacidade vital ≤ 15ml/kg, a escolha é pela técnica de pressão positiva continua nas vias aéreas CPAP; com uma capacidade vital ≤ 20 e > 15, opta-se pela pressão positiva expiratória EPAP; e com uma capacidade vital ≥ 20ml/kg, o fisioterapeuta pode optar pela utilização de padrões musculares respiratórios (Silva, Boin e Pareja, 2007). 3. PREVENÇÃO À TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) – O risco de desenvolvimento de TVP e consequente embolia pulmonar é considerado na cirurgia bariátrica de moderado a alto risco (Clagett, Anderson e Heit, 1998). O fisioterapeuta deve executar modalidades profiláticas de acordo com o consenso de TVP, o que inclui compressão sequencial dos membros, com suporte clínico do uso de heparina de baixo peso molecular ou similar (Levi et al., 2003). A cinesioterapia respiratória passiva ou ativa assistida é a conduta eleita para o momento, assim como o estímulo diafragmático ao término da expiração e a mobilização torácica, concorrendo com técnicas motoras, como exercícios passivos de membros inferiores para prevenção da TVP. No primeiro dia de pós-operatório, o paciente é estimulado a sentar-se e sair da cama, procedendo-se a deambulação com a distância percorrida atingindo valores de 50% do realizado no Teste de 6 minutos (caso tenha sido realizado) e mantendo-se a monitorização da saturometria, de modo que esta se mantenha acima de 80%. Caso o paciente esteja em monitorização contínua da frequência cardíaca, não se deve permitir que esta ultrapasse 85% do seu valor máximo. Pode ser aplicado este estímulo no máximo 3 (três) vezes ao dia, com intervalo médio de 3 a 4 horas. No intervalo entre as deambulações, o paciente deve ser orientado a realizar os exercícios respiratórios utilizando os mesmos incentivadores respiratórios do pré-operatório. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ O paciente também deve ser estimulado a realizar manobras voluntárias de tosse, com o objetivo de higiene brônquica e recrutamento de unidades alveolares comprometidas pelo ato cirúrgico. Do segundo ao quinto dia de pós-operatório, pode-se evoluir para as condutas músculo- esqueléticas, diminuindo hierarquicamente a responsabilidade em relação às condutas cardiopulmonares. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ 5. ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS-OPERATÓRIO TARDIO Esta fase, compreendida entre a alta do paciente e a liberação para exercícios físicos mais intensos, que normalmente acontece por volta de 30 dias após a cirurgia, permite que o fisioterapeuta comece a utilizar efetivamente os parâmetros das avaliações metabólicas realizadas no período pré-operatório. Este período é considerado ambulatorial, e também podem ser realizadas as condutas cinesioterapêuticas no domicílio do paciente. Usualmente, a retirada dos drenos é o marco para o início desta fase. Uma atuação inerente à função do profissional é determinar a frequência cardíaca máxima para esta fase, como limitante ao estímulo físico. Para tanto, estando o paciente em uso de cinta abdominal ou não, é solicitado que realize ao menos 3 séries de tosse voluntária forçada, sob monitorização da frequência cardíaca. O valor da frequência cardíaca máxima atingida (pela pressão de oclusão das vias aéreas ou transdiafragmática) não deve ser ultrapassado pelo trabalho físico imposto. A importância desta fase reside em manter um volume de atividade física que seja capaz de acompanhar a demanda nutricional imposta, sem comprometer a massa magra do paciente. Dessa forma, a conduta cinesioterapêutica eleita é mais uma vez a Musculação Terapêutica (cinesioterapia contra-resistida), pois as valências físicas força e flexibilidade são normalmente as mais comprometidas no paciente portador de obesidade mórbida. Esta metodologia permite que se calcule o valor do gasto calórico mínimo de exercício, facilitando o controle da construção de massa magra e evitando a sua perda, contribuindo para a interação com os profissionais de nutrição. O fisioterapeuta com formação nessa técnica realiza a aplicação de exercícios de padrões funcionais, com monitorização contínua da frequência cardíaca, não permitindo que o paciente apresente, durante a sessão, valores e frequência cardíaca abaixo de 60% da frequência cardíaca máxima. Este valor pode ser encontrado pela utilização da Equação de Tanaka (Hirofumi, Kevin e Douglas, 2001), representada da seguinte forma: FC Máx = 208 – (0,7 x idade) em bpm. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ É importante levar em consideração que, nesta fase de tratamento, o profissional tem como frequência cardíaca de limite superior de trabalho o valor editado pela pressão de oclusão, e frequência cardíaca de limite inferior o valor de 60% desta frequência cardíaca máxima. Ao término desta fase, que pode se estender por até 6 meses em função das comorbidades ora apresentadas pelo paciente, o fisioterapeuta tem condições de encaminhar o paciente para a atuação do profissional de educação física, com parâmetros bem definidos. A evolução calorimétrica do paciente obeso mórbido é de vital importância para a monitorização de sua saúde metabólica, e a atuação do profissional fisioterapeuta no universo da cirurgia bariátrica, ressaltando o sistema cardiopulmonar e o sistema músculo-esquelético, pode ser norteada por essa vertente. Os melhores cursos em Fisioterapia do Brasil é no IEES! http://www.iees.com.br/ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANJOS LA. Índice de massa corporal como indicador do estado nutricional de adultos: revisão de literatura. Rev Saúde Pública 1992; 26:431-6. ARAÚJO, CGS; RICARDO, DR;ARAÚJO, DSMS. Índice de massa corporal: um questionamento científico baseado em evidências. In: Anais do 23º simpósio internacional de ciências do esporte. São Paulo, 2000, p.85 BATTEZZATI, A.; VIGANO, R. - Inderect calorimetry and nutritional problems in clinical practice. Acta Diabetol 38: 1-5, 2001. VINKEN, A.G.; BATHALON, G.P.; SAWAYA, A.L., et al - Equations for predicting the energy requeriments of healthy adults aged 18-81y. Am J Clin Nutr, 69: 920-926, 1999. WORKING GROUP SESSION REPORT: Wasting in geriatrics and special considerations in design of trials involving the elderly subjects. J Nutr, 129 (1):3085- 3105. BELLISE, F. The doubly labeled water metod and food intake surveys: a confrontation. 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