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Apostila Nutrição em Cirurgia Bariátrica

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Cirurgia Bariátrica – Prof. Fernanda Mattos 
 
 
 
 
 Um fator que parece estar relacionado com o aumento e a gravidade da 
obesidade é o fato da pessoa ser submetida a diversas tentativas de emagrecimento sem 
sucesso. Uma vez que a teoria do "set point“ atua como defesa do organismo atingido 
um peso pré-determinado como método de biopreservação contra situações de inanição. 
E no momento que o paciente emagrece até seu peso ideal metabolicamente ele 
continua obeso e a recidiva da doença ocorre em médio prazo com fim do tratamento. 
 Quando a obesidade atinge patamares de difícil recuperação, a cirurgia bariátrica 
entra como tratamento mais eficaz no controle da doença. 
 Cirurgia Bariátrica e Metabólica reúne técnicas com respaldo científico 
destinadas ao tratamento da obesidade e doenças associadas ao excesso de gordura 
corporal ou agravadas por ela. Somente 4 técnicas são aprovadas no Brasil: Banda 
gástrica ajustável, gastrectomia vertical, duodenal switch e Gastroplastia redutora em y 
de Roux. 
 
Critérios de indicação: 
 
Em relação ao Índice de Massa Corpórea (IMC): 
- IMC acima de 40 kg/m² , independentemente da presença de comorbidades. 
- IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades. 
- IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham 
obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área 
da doença. É também obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” 
por um endocrinologista. 
 
Em relação à idade: 
- Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o 
responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar. 
- Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade. 
- Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar, 
considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida e 
benefícios do emagrecimento. 
- Abaixo de 16 anos: quando a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico 
recomenda que, nessa faixa etária, os riscos sejam avaliados por cirurgião e equipe 
multidisciplinar. A operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e 
estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação. 
 
Outros aspectos a serem avaliados: 
- Tempo de evolução da obesidade superior a 5 anos (NIH). Presença de IMC e 
comorbidades em faixa de risco há pelo menos 2 anos e ter realizado tratamentos 
convencionais prévios (SBCBM). 
- Insucesso nos tratamentos anteriores ou recidiva do peso, verificados por meio 
de histórico clínico do paciente. 
- Risco operatório aceitável. 
- Consentimento informado do paciente. 
 
Critérios de contraindicação 
 
- Limitação intelectual significativa em pacientes sem suporte familiar adequado. 
- Risco anestésico classificado como ASA IV. 
- Hipertensão portal com varizes esofagogástricas. 
- Quadro de transtorno psiquiátrico não controlado. 
- Endocrinopatias não tratadas. 
- Neoplasia não curada. 
- Nefropatia ou hepatopatia severas. 
- Enfermidades infecciosas. 
- Enfermidades digestivas interferentes. 
- Dependência de álcool e/ou drogas. 
- Doença cardiopulmonar grave e descompensada que influenciem a relação risco-
benefício; 
- Hipertensão portal, com varizes esofagogástricas; doenças imunológicas ou 
inflamatórias do trato digestivo superior que venham a predispor o indivíduo a 
sangramento digestivo ou outras condições de risco; 
- Síndrome de Cushing decorrente de hiperplasia na suprarrenal não tratada e 
tumores endócrinos 
 
Balão Intragástrico 
 
 E alguns casos mais graves de obesidade, os indivíduos considerados super 
obesos, pode haver a necessidade em utilizar o balão intragástrico (BIG) para estimular 
a perda de peso e assim diminuir os riscos para cirurgia bariátrica. 
 O BIG é uma opção terapêutica para obesidade em 1980 que foi empregada em 
1982 por Nieben e Harboe. Em 1985 o Balão de garren-Edwards ganhou a aprovação 
pela FDA para pacientes com peso corporal 20% acima do ideal. O volume do BIG 
varia de 400 a 700 mL, em geral fica posicionado no fundo gástrico e tem a duração de 
6 a 12 meses. 
 
 
Alimentação no BIG 
 Nos primeiros 20 dias após a colocação do balão, o paciente deve ingerir dieta 
líquida, aumentando a cada semana o volume da dieta: 
 1° e 2° dias: Líquida restrita, 50ml a cada hora. 
 3° e 4° dia: Líquida completa, 50 ml a cada hora. 
 5° e 10° dia: Líquida completa, 100 ml a cada hora. 
 11° ao 20º dia: Líquida completa, 250 ml a cada 2 horas. 
 Após o 21° dia a dieta será na consistência pastosa, sendo importante comer 
devagar, em ambiente tranquilo, mastigando bem todos os alimentos. 
 Temperatura das refeições: AMBIENTE, evite extremos de temperaturas (muito 
quente ou muito gelado). 
 A ingestão de qualquer bebida com gás ou alcoólica está proibida durante a 
permanência com o balão. 
 
Gastroplastia Endoscópica 
 
A perda pode chegar a 20% do peso. 
Apesar de ser feito por endoscopia é um procedimento irreversível. 
Indicação: 
Pacientes com IMC a partir de 28 a 35 kg/m2. 
Ou pacientes acima destes parâmetros que não podem fazer a cirurgia por algum motivo 
clínico. 
Paciente que tem IMC acima de 35 kg/m2, o método apresenta limitações. 
Contraindicação: 
Indivíduos que já foram submetidos a cirurgias no estômago ou ainda cirurgias no 
abdômen superior em órgãos próximo ao estômago, com distúrbio de coagulação, 
hérnias de hiato grandes, varizes de esôfago e varizes gástricas, insuficiência hepática e 
outras doenças. 
Complicações: 
Hemorragias 
Pancreatite 
Laceração gástrica 
Lesão de órgãos adjacentes ao estômago 
 
Embolização Bariátrica 
 
 A embolização de ramos estomacais para o tratamento de hemorragia digestiva é 
um método minimamente invasivo, descrito desde a década de 70, com baixo índice de 
complicações e boa tolerância pelos pacientes, devido a rica rede vascular colateral do 
estômago. 
 Foi então formulada a hipótese que a isquemia causada pela embolização super 
seletiva do fundo do estômago seria capaz de reduzir drasticamente o número de células 
produtoras de grelina, reduzindo consequentemente a sua concentração sérica, 
interferindo diretamente na redução do apetite e promovendo o emagrecimento do 
paciente. 
 
Técnicas Cirúrgicas 
 
 A versão atual da técnica puramente restritiva é a banda gástrica ajustável (“Lap 
Band”) (Figura 1), que consiste na implantação videolaparoscópica de uma banda 
regulável de silicone na porção alta do estômago. Este artefato fica conectado a um 
dispositivo colocado sob a pele, o que permite o ajuste volumétrico do reservatório 
gástrico criado (FANDIÑO et al., 2004). 
 A média de perda de peso é de, aproximadamente, 20 a 30% do peso inicial, em 
dois anos, sendo que a perda é maior inicialmente e reduz gradualmente, chegando a ser 
insuficiente em longo prazo . 
 
Figura 1 – Banda gástrica 
 
 
 Atualmente tem sido muito realizado o SLEEVE (figura 2) como 
procedimento restritivo para tratamento da obesidade. Técnica mais nova, teve maior 
indicação a partir do ano 2000. Nesta técnica 85% do estômago é retirado ou é deixado 
80 mL (gastrectomia vertical) sem alteração no trânsito intestinal. Tem sido muito 
indicada em pacientes sem comorbidades, em mulheres em idade fértil, e em alguns 
casos em adolescentes. Por não utilizar o componente disabsortivo, os riscos com 
carência de nutrientes são menores. Tem boa eficácia no tratamento das dislipidemias e 
da hipertensão. 
 
Figura 2 – Técnica Sleeve Gástrico 
 
 Na cirurgia mista, a gastroplastia redutora com bypass gástrico em Y de Roux é 
uma das técnicas mais utilizadas no Brasil, sendo considerada o padrão ouro para 
pacientes com diabetes tipo 2. O estômago é separado, por meio do uso de 
grampeadores, em dois compartimentos: um menor (30ml) que será por onde o alimento 
irá transitar e outro maior que ficará isolado. O compartimento menor é ligadoa um 
segmento do intestino delgado onde é inserido um pequeno anel elástico que causa a 
restrição do esvaziamento desse segmento de estômago e sua ligação ao intestino, 
formando um Y (Figura 3) 
 
Figura 3 – Procedimento de Bypass gástrico em Y de Roux (SBCBM, 2009) 
 
 Com esta técnica, além da restrição mecânica, ocorre também restrição alimentar 
por meio de um mecanismo fisiológico do tipo Dumping (náuseas e vômitos provocado 
pela ingestão de alimentos líquidos ou pastosos hipercalóricos) e também por exclusão 
do trânsito alimentar da maior parte do estômago, por este motivo ocorre a redução na 
produção de grelina, hormônio que causa aumento do apetite após a chegada do 
alimento no estômago. 
 A perda de peso ocorre inicialmente de forma progressiva e reduz entre o 
segundo e terceiro ano de cirurgia, totalizando uma diminuição em torno de 35% em 
longo prazo 
 Na técnica Derivação Bilipancreática com Duodenal Switch (figura4) ou 
cirurgia de Hess é realizada uma ressecção longitudinal do estômago. Neste 
procedimento é preservada a anatomia básica do estômago e sua fisiologia no 
esvaziamento do alimento do estômago. Outra adição à técnica é a preservação de uma 
pequena faixa do duodeno . Esta pequena faixa de duodeno favorece a absorção de 
inúmeros nutrientes Todas as cirurgias disabsortivas têm riscos e complicações a curto e 
longo prazo. É muito importante discutir com o médico sobre estas complicações. 
 
 
Figura 4 : Duodenal Switch 
 
 As cirurgias mais realizadas no Brasil são Bypass gástrico em Y de Roux e 
Sleeve gástrico e as vantagens e desvantagens encontram-se na tabela 1. 
 
Tabela 1: vantagens e desvantagens das cirurgias bariátricas 
Bypass gástrico em Y de Roux Sleeve Gástrico 
VANTAGENS 
Produz significativa perda de peso a longo 
prazo (60 a 80% do excesso de peso); 
Restringe a quantidade de alimentos que 
podem ser consumidos; 
Pode levar a condições que aumentam o 
gasto energético; 
Produz alterações favoráveis nos 
hormônios intestinais que reduzem o 
apetite e aumentam a saciedade. 
DESVANTAGENS 
É tecnicamente uma operação mais 
VANTAGENS 
Restringe a quantidade de alimento que o 
estômago pode armazenar; 
Induz rápida e significativa perda de peso; 
Envolve uma estadia hospitalar 
relativamente curta de aproximadamente 
dois dias; 
Mais controlável as deficiências de 
vitaminas e minerais; 
Causa mudanças favoráveis nos 
hormônios intestinais que suprimem a 
fome, reduzem o apetite e melhoram a 
complexa do que as demais e 
potencialmente poderia resultar em 
maiores taxas de complicações; 
Pode levar a deficiências de 
vitaminas/minerais em longo prazo, 
particularmente déficits em vitamina B12, 
ferro e cálcio; 
Requer adesão às recomendações 
dietéticas, suplementos 
vitamínicos/minerais ao longo da vida. 
saciedade. 
DESVANTAGENS 
É um procedimento não reversível; 
Tem o potencial para deficiências de 
vitamina em longo prazo; 
Tem uma taxa de complicações precoces 
mais alta do que os demais tipos de 
cirurgia bariátrica; 
Raro episódios de SD; 
Pode ocasionar RGE ou agravar que já 
tem a doença de base. 
 
Cirurgia Metabólica 
 
 Reconhecimento  Em 2011  International Federation of Diabetes (IFD)  
cirurgia metabólica para o tratamento de DM2 como alternativa  IMC entre 30 
kg/m2 e 35 kg/m2 desde que a doença não tenha sido controlada apesar de 
tratamento medicamentoso otimizado e associada a fatores de risco para doença 
cardiovascular. 
 2013 e 2014  American Society for Metabolic and Bariatric Surgery (ASMBS) 
e a International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders 
(IFSO)  mesmas recomendações que a IFD. 
 2014  National Institute for Health and Care Excellence (NICE)  mesmas 
recomendções que a IFD, desde que o diagnóstico da doença seja inferior a 10 
anos. 
 2016  49 associações médicas de diferentes países  reconheceram a cirurgia 
metabólica como opção para o tratamento de DM2 e inadequado controle 
glicêmico após tratamento clínico. 
 2017  Conselho Federal de Medicina (CFM)  reconheceu a cirurgia 
metabólica para pacientes com DM2  Bypass gástrico em y de Roux e Sleeve. 
A tabela 2 apresenta as principais mudanças metabólicas após a cirurgia bariátrica 
 
Tabela 2: mudanças hormonais após a cirurgia bariátrica 
HORMÔNIOS, 
CITOCINA, LEUCÓCITOS 
E MENSAGEIRO 
BIOLÓGICO 
PÓS-OPERATÓRIO 
GRELINA Redução da sensação de fome  diminuição na ingestão 
alimentar. 
LEPTINA Diminuição da gordura corporal  melhora da 
sensibilidade à leptina. 
GIP Estimula produção de insulina e lipase. 
PYY Inibe a liberação do NPY (neuropeptídeo Y) 
GLP1 Restaura a sensitividade de células B pancreáticas; 
aumenta a expressão de GLUT-2 e da glicocinase; 
estimula proliferação e diferenciação de células B 
pancreáticas; inibi a secreção gástrica e a motilidade do 
TGI (saciedade). 
 CCK Retarda o esvaziamento gástrico 
ADIPONECTINA Citocina envolvida na melhora da SI e oxidação de 
gordura no fígado. 
NEUTRÓFILOS,(pmn), 
MONÓCITOS (ly6c), 
MACRÓFAGOS (kcm1) 
Pró-inflamatórios e estão envolvidos na produção de 
EROS. 
ÓXIDO NÍTRICO Diminuição da PA e ação protetora da inflamação. 
 
Pré-operatório 
 
O período pré-operatório é um período importante para o paciente onde a equipe 
avalia: Perfil do paciente a fim de minimizar os riscos, identificar transtornos 
alimentares, identificar déficits nutricionais, discutir sobre o tipo de cirurgia e 
estabelecer relação de parceria. Nesse período o paciente deverá ser informado sobre as 
mudanças significativas pelas quais atravessará; a amplitude do processo ao qual será 
submetido (mudanças dos hábitos alimentares); inicia-se os ajustes na alimentação 
preparando-o para a implementação de novos hábitos alimentares no pós-operatório e a 
perda de peso (5 a 10%) é estimulada e recomendada. A conduta nutricional é baseada 
em 4 pilares: 1º Prescrição Dietética; 2º Orientações Complementares; 3º 
Comportamento Alimentar e 4º Educação Nutricional. 
O retorno do paciente ainda no período pré-operatório servirá para avaliar as 
mudanças realizadas pelo paciente; avaliação antropométrica; consenso equipe e 
paciente; exposição da dieta e orientações nutricionais pós-cirurgia bariátrica; assinar a 
declaração de recebimento da dieta; assinar o termo de conscientização dos riscos 
nutricionais na cirurgia bariátrica e receber o laudo nutricional. O paciente recebe suas 
ultimas orientações sobre: evitar despedidas antes da cirurgia; não ingerir remédios sem 
o conhecimento dos médicos; não testar a dieta de pós-operatório antes de realizar o 
procedimento; seguir as orientações de toda a equipe; iniciar atividade física com 
orientação e se possível e seguir as orientações de preparo para o dia da cirurgia. 
No período pós-operatório um dos critérios de avaliação do sucesso da cirurgia é a 
utilização do percentual da perda do excesso de peso. A perda de peso é fundamental 
para estabelecer o sucesso da cirurgia bariátrica. Sucesso no tratamento cirúrgico: perda 
de 50% do excesso de peso corporal e manutenção em longo prazo. 
Fórmula: % PEP = PEP x 100 / EP 
PEP= perda do excesso de peso (peso pré-operatório –peso atual) 
EP= excesso de peso ( peso pré-operatório – peso ideal) 
Peso ideal= altura2 x 25 kg/m2 
 
Dieta no pós-operatório 
 
O paciente no pós-operatório imediato passa por fases da dieta que o levam a 
perda excessiva de peso e consequentemente de massa muscular. As fases de pós-
operatório são: 
- Fase da Dieta Líquida . Clara e coada, Volume de 30 a 50 mL em intervalos 
curtos de tempo (20 a 30 min). 
- Fase da Dieta Semilíquida . Batida e Coada, Volume de 100 mL fracionada a 
cada 1 hora e meia. 
Observações importantes sobre essas duas fases iniciais: Importante: evitar vômitos, 
plenitude, distensão do estômago, alargamento da bolsa gástrica superior; Diminui as 
chancesde complicações mecânicas; Suplementação nutricional: multivitamínico; 
Complementação e/ou suplementação de proteína; Isenta de lactose nas primeiras 
(obrigatória) ou por toda a vida em casos de intolerantes à lactose; Módulo calórico, 
(isento de sacarose/lactose), se necessário. 
- Fase da Dieta Pastosa. Batida e em forma de creme, Volume de 120 mL 
fracionada a cada 2 horas. 
- Fase da Dieta Branda. Volume de 120 a 150 mL fracionada a cada 2 horas. 
Observações importantes sobre essas duas fases finais: Pouca gordura; Alimentos na 
forma de purês ou cremes; Ingestão de líquidos: ideal mínimo 1500mL (fracionar) entre 
as refeições; Dieta Branda: Os alimentos são abrandado pela cocção. Trabalhar na 
mastigação. 
Na fase de evolução algumas orientações são indicadas para que o paciente siga por 
toda a vida dado a nova anatomia do TGI: 
- Normal. 
- Avaliar cada caso (complicações, vômitos); 
- Observar as quantidades e a qualidade dos alimentos que o paciente está 
ingerindo; 
- Realizar os ajustes; 
- Volume: 200 – 250 g; 
- Vegetais ou Hortaliças A e B cruas e cascas das frutas: Evoluir conforme 
aceitação do paciente (3 meses); 
- Fracionamento (2 ou 3 hs); 
- Isenta de sacarose (lactose?); 
- Mastigação efetiva; 
- Comportamento Nibbling; 
- Consumo de bebidas alcoólicas; 
- Suplementação (polivitamínico e proteínas); 
- Exercícios; 
- Aquisição de novos hábitos. 
 
Suplementação 
 
A deficiência de micronutrientes é esperada em pacientes submetidos à cirurgia 
bariátrica. De acordo com o tipo de cirurgia o paciente cursará com deficiências em 
mais ou menos nutrientes, a ver: 
- Gastroplastia redutora em y de Roux: Com a retirada do estômago ocorrerá menor 
produção de ácido comprometendo a absorção ferro, ácido fólico e vitamina B12. Com 
o duodeno excluso: comprometimento absorção de micronutrientes principalmente as 
vitaminas lipossolúveis, cálcio, ferro, Mg, Zn, B1 e B12. E com a exclusão do jejuno 
proximal: alteração enzimática interferindo absorção de vitaminas complexo B, 
Vitaminas A, D e E, ferro, cálcio, fósforo, Zn, Mg. Ácido fólico. 
- Gastrectomia vertical: Com a retirada do estômago: menor produção de ácido 
comprometendo a absorção ferro, ácido fólico e vitamina B12. E devido ao trânsito 
duodeno-jejunal mais acelerado: comprometimento Zn, Fe, Se. 
As deficiências de micronutrientes mais relatados na literatura são: Tiamina, 
Cianocobalamina, Ácido Fólico, Vitamina A, D, E, K, Cálcio, Cobre, Ferro, Zinco e 
Selênio. 
 
De acordo com consensos e artigos científicos a suplementação de micronutrientes é 
em longo prazo. Avaliações importantes: exames laboratoriais periódicos, sinais e 
sintomas clínicos, consumo alimentar, uso do suplemento. É necessário uma decisão e 
consenso (equipe) na suplementação de proteínas e vitaminas e minerais (combinada ou 
isolada). 
Os pacientes no pós-operatório também podem necessitar de suplementação de 
proteínas, uma vez que nos primeiros 6 meses o paciente cursa com diversas 
modificações no processo de digestão e absorção de nutrientes. 
A prevalência de deficiências de proteínas é mais frequente tanto na Gastroplastia 
redutora em y de roux quanto na gastrectomia vertical e as causas mais comuns são: 
restrição na dieta e intolerâncias. Dietas com menos de 50 gramas de proteínas cursa 
com consumo de massa magra, além de anemia, queda de imunidade, queda de cabelo e 
presença de edema. Ingestão recomendada: 60 a 120 gramas. A suplementação é 
recomendada até os primeiros 6 meses de pós-operatório ou em casos de reganho de 
peso ou exercícios moderados a intensos. 
Estima-se que aos 6 meses de PO há uma redução em 50% na ingestão de fibras em 
pacientes operados. A média de ingestão aos 6 meses é de 7g/dia e aos 24 meses 10g/dia. 
Ingestão adequada: 20 – 30g de fibras ao dia. 
 
Pirâmide da cirurgia bariátrica 
 
Diante da necessidade em criar um instrumento para os pacientes em tratamento 
pós-operatório de cirurgia bariátrica, Moizé e colaboradores elaboraram, em 2010, a 
pirâmide alimentar para esta população especificamente, uma vez que possuem 
características diferenciadas. Trata-se de uma ferramenta construída para auxiliar 
profissionais e pacientes no aconselhamento, escolha de alimentos e suas porções, 
proporcionando alimentação e nutrição adequadas no período pós-operatório da cirurgia 
bariátrica. De acordo com a referida pirâmide sua base é composta por: 
- Suplementação de polivitamínico/minera, Atividade física, Hidratação e Saúde 
óssea. 
- Alimentos fontes de proteínas de baixo e alto valor biológico. 
- Frutas, verduras e legumes. 
- Carboidratos complexos. 
- Doces e gorduras. 
 
Guia Bariátrico 
 
O Modelo de Prato Bariátrico apresentado pelo guia bariátrico pode ser boa forma 
de educação nutricional ressalvando a ingestão proteica como base de macronutriente. 
Aliado a isso, a ingestão hídrica, o uso de suplementos e a atividade física deve ser 
incorporada na rotina do operado. 
 
Reganho de peso 
 
A cirurgia bariátrica é a única opção de tratamento para a perda de peso substancial 
e duradoura em longo prazo, no entanto, esta não pode ser considerada uma garantia de 
perda de peso bem sucedida e sustentável. Para todos os pacientes submetidos à cirurgia 
bariátrica, educação e manejo clínico são recomendados para prevenir e detectar esse 
problema. 
A literatura mostra outros fatores que estão associados com perda de peso 
insuficiente, independentemente do padrão nutricional tais como: 
- Perda de peso no período pré-operatório 
- Velocidade da perda de peso no PO 
- IMC pré-operatório 
- Idade 
- Gasto Energético 
- Consumo energético 
- Qualidade Nutricional da Dieta 
- Deficiências Nutricionais 
- Atividade Física 
- Alterações Fisiológicas 
- Transtornos Alimentares 
- Bebidas alcoólicas 
 
Manejo Nutricional no reganho de peso 
 
Padrão alimentar similar ao pós-operatório intermediário (6 a 12 meses) – quantidades 
reduzidas (250 - 300g/refeição), hipocalórica (800 - 1600kcal); 
Dieta de baixo a médio IG (40 - 45% de carboidratos com ênfase nos integrais); 
Lipídeos de 20 a 25 % (com ênfase para AGI) 
Suplementação de fibra solúvel e insolúvel; 
Suplementação adequada de micronutrientes; 
Aumento da ingestão de proteína (hiperproteica); 
80 g/ mulheres 
100 g/homens 
Orientar e demonstrar a importância do consumo de alimentos de origem proteica. 
Programar para destinar tempo adequado para alimentação (qualidade); 
Mastigação: início da digestão na boca facilita a ação de enzimas digestivas e estimula 
TID e liberação de PYY; 
Evitar beliscar ao longo do dia; 
Diminuição e/ou eliminação episódios de vômitos; 
Evitar a ingestão excessiva de alimentos pastosos e líquidos calóricos; 
Orientar escolhas adequadas para evitar a síndrome de dumping diminuindo consumo 
de doces e gorduras; 
Estimular a prática de exercício físico; 
Realizar avaliação da Composição Corporal (manutenção da massa corporal magra e 
manutenção da TMB); 
Diminuição de riscos de deficiências nutricionais (Anemias); 
Utilizar recursos visuais (Guia Alimentar – Pirâmide); 
Oficinas de educação nutricional (receitas hiperproteicas, degustação); 
Palestras com temas diversos sobre alimentação (leitura de rótulos, modelos de porções 
de alimentos, utensílios); 
Acompanhamento nutricional quinzenal/mensal. 
 
A obesidade é uma doença crônica, progressiva, que não tem cura e necessita de 
tratamento em longo prazo, clínico ou cirúrgico. A cirurgia bariátrica não finaliza o 
tratamento da obesidade. É o início de um período de mudanças de comportamento, de 
hábitos alimentares e de exercícios físicos, monitoradas regularmente por uma equipe 
multidisciplinar. Ganho de peso aceitável após a cirurgia é de, aproximadamente, < 20% 
do peso perdido, dependendo do peso/IMC no pré-operatório.

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