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Cirurgia Bariátrica – Prof. Fernanda Mattos Um fator que parece estar relacionado com o aumento e a gravidade da obesidade é o fato da pessoa ser submetida a diversas tentativas de emagrecimento sem sucesso. Uma vez que a teoria do "set point“ atua como defesa do organismo atingido um peso pré-determinado como método de biopreservação contra situações de inanição. E no momento que o paciente emagrece até seu peso ideal metabolicamente ele continua obeso e a recidiva da doença ocorre em médio prazo com fim do tratamento. Quando a obesidade atinge patamares de difícil recuperação, a cirurgia bariátrica entra como tratamento mais eficaz no controle da doença. Cirurgia Bariátrica e Metabólica reúne técnicas com respaldo científico destinadas ao tratamento da obesidade e doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ela. Somente 4 técnicas são aprovadas no Brasil: Banda gástrica ajustável, gastrectomia vertical, duodenal switch e Gastroplastia redutora em y de Roux. Critérios de indicação: Em relação ao Índice de Massa Corpórea (IMC): - IMC acima de 40 kg/m² , independentemente da presença de comorbidades. - IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades. - IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença. É também obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um endocrinologista. Em relação à idade: - Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar. - Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade. - Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar, considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento. - Abaixo de 16 anos: quando a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico recomenda que, nessa faixa etária, os riscos sejam avaliados por cirurgião e equipe multidisciplinar. A operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação. Outros aspectos a serem avaliados: - Tempo de evolução da obesidade superior a 5 anos (NIH). Presença de IMC e comorbidades em faixa de risco há pelo menos 2 anos e ter realizado tratamentos convencionais prévios (SBCBM). - Insucesso nos tratamentos anteriores ou recidiva do peso, verificados por meio de histórico clínico do paciente. - Risco operatório aceitável. - Consentimento informado do paciente. Critérios de contraindicação - Limitação intelectual significativa em pacientes sem suporte familiar adequado. - Risco anestésico classificado como ASA IV. - Hipertensão portal com varizes esofagogástricas. - Quadro de transtorno psiquiátrico não controlado. - Endocrinopatias não tratadas. - Neoplasia não curada. - Nefropatia ou hepatopatia severas. - Enfermidades infecciosas. - Enfermidades digestivas interferentes. - Dependência de álcool e/ou drogas. - Doença cardiopulmonar grave e descompensada que influenciem a relação risco- benefício; - Hipertensão portal, com varizes esofagogástricas; doenças imunológicas ou inflamatórias do trato digestivo superior que venham a predispor o indivíduo a sangramento digestivo ou outras condições de risco; - Síndrome de Cushing decorrente de hiperplasia na suprarrenal não tratada e tumores endócrinos Balão Intragástrico E alguns casos mais graves de obesidade, os indivíduos considerados super obesos, pode haver a necessidade em utilizar o balão intragástrico (BIG) para estimular a perda de peso e assim diminuir os riscos para cirurgia bariátrica. O BIG é uma opção terapêutica para obesidade em 1980 que foi empregada em 1982 por Nieben e Harboe. Em 1985 o Balão de garren-Edwards ganhou a aprovação pela FDA para pacientes com peso corporal 20% acima do ideal. O volume do BIG varia de 400 a 700 mL, em geral fica posicionado no fundo gástrico e tem a duração de 6 a 12 meses. Alimentação no BIG Nos primeiros 20 dias após a colocação do balão, o paciente deve ingerir dieta líquida, aumentando a cada semana o volume da dieta: 1° e 2° dias: Líquida restrita, 50ml a cada hora. 3° e 4° dia: Líquida completa, 50 ml a cada hora. 5° e 10° dia: Líquida completa, 100 ml a cada hora. 11° ao 20º dia: Líquida completa, 250 ml a cada 2 horas. Após o 21° dia a dieta será na consistência pastosa, sendo importante comer devagar, em ambiente tranquilo, mastigando bem todos os alimentos. Temperatura das refeições: AMBIENTE, evite extremos de temperaturas (muito quente ou muito gelado). A ingestão de qualquer bebida com gás ou alcoólica está proibida durante a permanência com o balão. Gastroplastia Endoscópica A perda pode chegar a 20% do peso. Apesar de ser feito por endoscopia é um procedimento irreversível. Indicação: Pacientes com IMC a partir de 28 a 35 kg/m2. Ou pacientes acima destes parâmetros que não podem fazer a cirurgia por algum motivo clínico. Paciente que tem IMC acima de 35 kg/m2, o método apresenta limitações. Contraindicação: Indivíduos que já foram submetidos a cirurgias no estômago ou ainda cirurgias no abdômen superior em órgãos próximo ao estômago, com distúrbio de coagulação, hérnias de hiato grandes, varizes de esôfago e varizes gástricas, insuficiência hepática e outras doenças. Complicações: Hemorragias Pancreatite Laceração gástrica Lesão de órgãos adjacentes ao estômago Embolização Bariátrica A embolização de ramos estomacais para o tratamento de hemorragia digestiva é um método minimamente invasivo, descrito desde a década de 70, com baixo índice de complicações e boa tolerância pelos pacientes, devido a rica rede vascular colateral do estômago. Foi então formulada a hipótese que a isquemia causada pela embolização super seletiva do fundo do estômago seria capaz de reduzir drasticamente o número de células produtoras de grelina, reduzindo consequentemente a sua concentração sérica, interferindo diretamente na redução do apetite e promovendo o emagrecimento do paciente. Técnicas Cirúrgicas A versão atual da técnica puramente restritiva é a banda gástrica ajustável (“Lap Band”) (Figura 1), que consiste na implantação videolaparoscópica de uma banda regulável de silicone na porção alta do estômago. Este artefato fica conectado a um dispositivo colocado sob a pele, o que permite o ajuste volumétrico do reservatório gástrico criado (FANDIÑO et al., 2004). A média de perda de peso é de, aproximadamente, 20 a 30% do peso inicial, em dois anos, sendo que a perda é maior inicialmente e reduz gradualmente, chegando a ser insuficiente em longo prazo . Figura 1 – Banda gástrica Atualmente tem sido muito realizado o SLEEVE (figura 2) como procedimento restritivo para tratamento da obesidade. Técnica mais nova, teve maior indicação a partir do ano 2000. Nesta técnica 85% do estômago é retirado ou é deixado 80 mL (gastrectomia vertical) sem alteração no trânsito intestinal. Tem sido muito indicada em pacientes sem comorbidades, em mulheres em idade fértil, e em alguns casos em adolescentes. Por não utilizar o componente disabsortivo, os riscos com carência de nutrientes são menores. Tem boa eficácia no tratamento das dislipidemias e da hipertensão. Figura 2 – Técnica Sleeve Gástrico Na cirurgia mista, a gastroplastia redutora com bypass gástrico em Y de Roux é uma das técnicas mais utilizadas no Brasil, sendo considerada o padrão ouro para pacientes com diabetes tipo 2. O estômago é separado, por meio do uso de grampeadores, em dois compartimentos: um menor (30ml) que será por onde o alimento irá transitar e outro maior que ficará isolado. O compartimento menor é ligadoa um segmento do intestino delgado onde é inserido um pequeno anel elástico que causa a restrição do esvaziamento desse segmento de estômago e sua ligação ao intestino, formando um Y (Figura 3) Figura 3 – Procedimento de Bypass gástrico em Y de Roux (SBCBM, 2009) Com esta técnica, além da restrição mecânica, ocorre também restrição alimentar por meio de um mecanismo fisiológico do tipo Dumping (náuseas e vômitos provocado pela ingestão de alimentos líquidos ou pastosos hipercalóricos) e também por exclusão do trânsito alimentar da maior parte do estômago, por este motivo ocorre a redução na produção de grelina, hormônio que causa aumento do apetite após a chegada do alimento no estômago. A perda de peso ocorre inicialmente de forma progressiva e reduz entre o segundo e terceiro ano de cirurgia, totalizando uma diminuição em torno de 35% em longo prazo Na técnica Derivação Bilipancreática com Duodenal Switch (figura4) ou cirurgia de Hess é realizada uma ressecção longitudinal do estômago. Neste procedimento é preservada a anatomia básica do estômago e sua fisiologia no esvaziamento do alimento do estômago. Outra adição à técnica é a preservação de uma pequena faixa do duodeno . Esta pequena faixa de duodeno favorece a absorção de inúmeros nutrientes Todas as cirurgias disabsortivas têm riscos e complicações a curto e longo prazo. É muito importante discutir com o médico sobre estas complicações. Figura 4 : Duodenal Switch As cirurgias mais realizadas no Brasil são Bypass gástrico em Y de Roux e Sleeve gástrico e as vantagens e desvantagens encontram-se na tabela 1. Tabela 1: vantagens e desvantagens das cirurgias bariátricas Bypass gástrico em Y de Roux Sleeve Gástrico VANTAGENS Produz significativa perda de peso a longo prazo (60 a 80% do excesso de peso); Restringe a quantidade de alimentos que podem ser consumidos; Pode levar a condições que aumentam o gasto energético; Produz alterações favoráveis nos hormônios intestinais que reduzem o apetite e aumentam a saciedade. DESVANTAGENS É tecnicamente uma operação mais VANTAGENS Restringe a quantidade de alimento que o estômago pode armazenar; Induz rápida e significativa perda de peso; Envolve uma estadia hospitalar relativamente curta de aproximadamente dois dias; Mais controlável as deficiências de vitaminas e minerais; Causa mudanças favoráveis nos hormônios intestinais que suprimem a fome, reduzem o apetite e melhoram a complexa do que as demais e potencialmente poderia resultar em maiores taxas de complicações; Pode levar a deficiências de vitaminas/minerais em longo prazo, particularmente déficits em vitamina B12, ferro e cálcio; Requer adesão às recomendações dietéticas, suplementos vitamínicos/minerais ao longo da vida. saciedade. DESVANTAGENS É um procedimento não reversível; Tem o potencial para deficiências de vitamina em longo prazo; Tem uma taxa de complicações precoces mais alta do que os demais tipos de cirurgia bariátrica; Raro episódios de SD; Pode ocasionar RGE ou agravar que já tem a doença de base. Cirurgia Metabólica Reconhecimento Em 2011 International Federation of Diabetes (IFD) cirurgia metabólica para o tratamento de DM2 como alternativa IMC entre 30 kg/m2 e 35 kg/m2 desde que a doença não tenha sido controlada apesar de tratamento medicamentoso otimizado e associada a fatores de risco para doença cardiovascular. 2013 e 2014 American Society for Metabolic and Bariatric Surgery (ASMBS) e a International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders (IFSO) mesmas recomendações que a IFD. 2014 National Institute for Health and Care Excellence (NICE) mesmas recomendções que a IFD, desde que o diagnóstico da doença seja inferior a 10 anos. 2016 49 associações médicas de diferentes países reconheceram a cirurgia metabólica como opção para o tratamento de DM2 e inadequado controle glicêmico após tratamento clínico. 2017 Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu a cirurgia metabólica para pacientes com DM2 Bypass gástrico em y de Roux e Sleeve. A tabela 2 apresenta as principais mudanças metabólicas após a cirurgia bariátrica Tabela 2: mudanças hormonais após a cirurgia bariátrica HORMÔNIOS, CITOCINA, LEUCÓCITOS E MENSAGEIRO BIOLÓGICO PÓS-OPERATÓRIO GRELINA Redução da sensação de fome diminuição na ingestão alimentar. LEPTINA Diminuição da gordura corporal melhora da sensibilidade à leptina. GIP Estimula produção de insulina e lipase. PYY Inibe a liberação do NPY (neuropeptídeo Y) GLP1 Restaura a sensitividade de células B pancreáticas; aumenta a expressão de GLUT-2 e da glicocinase; estimula proliferação e diferenciação de células B pancreáticas; inibi a secreção gástrica e a motilidade do TGI (saciedade). CCK Retarda o esvaziamento gástrico ADIPONECTINA Citocina envolvida na melhora da SI e oxidação de gordura no fígado. NEUTRÓFILOS,(pmn), MONÓCITOS (ly6c), MACRÓFAGOS (kcm1) Pró-inflamatórios e estão envolvidos na produção de EROS. ÓXIDO NÍTRICO Diminuição da PA e ação protetora da inflamação. Pré-operatório O período pré-operatório é um período importante para o paciente onde a equipe avalia: Perfil do paciente a fim de minimizar os riscos, identificar transtornos alimentares, identificar déficits nutricionais, discutir sobre o tipo de cirurgia e estabelecer relação de parceria. Nesse período o paciente deverá ser informado sobre as mudanças significativas pelas quais atravessará; a amplitude do processo ao qual será submetido (mudanças dos hábitos alimentares); inicia-se os ajustes na alimentação preparando-o para a implementação de novos hábitos alimentares no pós-operatório e a perda de peso (5 a 10%) é estimulada e recomendada. A conduta nutricional é baseada em 4 pilares: 1º Prescrição Dietética; 2º Orientações Complementares; 3º Comportamento Alimentar e 4º Educação Nutricional. O retorno do paciente ainda no período pré-operatório servirá para avaliar as mudanças realizadas pelo paciente; avaliação antropométrica; consenso equipe e paciente; exposição da dieta e orientações nutricionais pós-cirurgia bariátrica; assinar a declaração de recebimento da dieta; assinar o termo de conscientização dos riscos nutricionais na cirurgia bariátrica e receber o laudo nutricional. O paciente recebe suas ultimas orientações sobre: evitar despedidas antes da cirurgia; não ingerir remédios sem o conhecimento dos médicos; não testar a dieta de pós-operatório antes de realizar o procedimento; seguir as orientações de toda a equipe; iniciar atividade física com orientação e se possível e seguir as orientações de preparo para o dia da cirurgia. No período pós-operatório um dos critérios de avaliação do sucesso da cirurgia é a utilização do percentual da perda do excesso de peso. A perda de peso é fundamental para estabelecer o sucesso da cirurgia bariátrica. Sucesso no tratamento cirúrgico: perda de 50% do excesso de peso corporal e manutenção em longo prazo. Fórmula: % PEP = PEP x 100 / EP PEP= perda do excesso de peso (peso pré-operatório –peso atual) EP= excesso de peso ( peso pré-operatório – peso ideal) Peso ideal= altura2 x 25 kg/m2 Dieta no pós-operatório O paciente no pós-operatório imediato passa por fases da dieta que o levam a perda excessiva de peso e consequentemente de massa muscular. As fases de pós- operatório são: - Fase da Dieta Líquida . Clara e coada, Volume de 30 a 50 mL em intervalos curtos de tempo (20 a 30 min). - Fase da Dieta Semilíquida . Batida e Coada, Volume de 100 mL fracionada a cada 1 hora e meia. Observações importantes sobre essas duas fases iniciais: Importante: evitar vômitos, plenitude, distensão do estômago, alargamento da bolsa gástrica superior; Diminui as chancesde complicações mecânicas; Suplementação nutricional: multivitamínico; Complementação e/ou suplementação de proteína; Isenta de lactose nas primeiras (obrigatória) ou por toda a vida em casos de intolerantes à lactose; Módulo calórico, (isento de sacarose/lactose), se necessário. - Fase da Dieta Pastosa. Batida e em forma de creme, Volume de 120 mL fracionada a cada 2 horas. - Fase da Dieta Branda. Volume de 120 a 150 mL fracionada a cada 2 horas. Observações importantes sobre essas duas fases finais: Pouca gordura; Alimentos na forma de purês ou cremes; Ingestão de líquidos: ideal mínimo 1500mL (fracionar) entre as refeições; Dieta Branda: Os alimentos são abrandado pela cocção. Trabalhar na mastigação. Na fase de evolução algumas orientações são indicadas para que o paciente siga por toda a vida dado a nova anatomia do TGI: - Normal. - Avaliar cada caso (complicações, vômitos); - Observar as quantidades e a qualidade dos alimentos que o paciente está ingerindo; - Realizar os ajustes; - Volume: 200 – 250 g; - Vegetais ou Hortaliças A e B cruas e cascas das frutas: Evoluir conforme aceitação do paciente (3 meses); - Fracionamento (2 ou 3 hs); - Isenta de sacarose (lactose?); - Mastigação efetiva; - Comportamento Nibbling; - Consumo de bebidas alcoólicas; - Suplementação (polivitamínico e proteínas); - Exercícios; - Aquisição de novos hábitos. Suplementação A deficiência de micronutrientes é esperada em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. De acordo com o tipo de cirurgia o paciente cursará com deficiências em mais ou menos nutrientes, a ver: - Gastroplastia redutora em y de Roux: Com a retirada do estômago ocorrerá menor produção de ácido comprometendo a absorção ferro, ácido fólico e vitamina B12. Com o duodeno excluso: comprometimento absorção de micronutrientes principalmente as vitaminas lipossolúveis, cálcio, ferro, Mg, Zn, B1 e B12. E com a exclusão do jejuno proximal: alteração enzimática interferindo absorção de vitaminas complexo B, Vitaminas A, D e E, ferro, cálcio, fósforo, Zn, Mg. Ácido fólico. - Gastrectomia vertical: Com a retirada do estômago: menor produção de ácido comprometendo a absorção ferro, ácido fólico e vitamina B12. E devido ao trânsito duodeno-jejunal mais acelerado: comprometimento Zn, Fe, Se. As deficiências de micronutrientes mais relatados na literatura são: Tiamina, Cianocobalamina, Ácido Fólico, Vitamina A, D, E, K, Cálcio, Cobre, Ferro, Zinco e Selênio. De acordo com consensos e artigos científicos a suplementação de micronutrientes é em longo prazo. Avaliações importantes: exames laboratoriais periódicos, sinais e sintomas clínicos, consumo alimentar, uso do suplemento. É necessário uma decisão e consenso (equipe) na suplementação de proteínas e vitaminas e minerais (combinada ou isolada). Os pacientes no pós-operatório também podem necessitar de suplementação de proteínas, uma vez que nos primeiros 6 meses o paciente cursa com diversas modificações no processo de digestão e absorção de nutrientes. A prevalência de deficiências de proteínas é mais frequente tanto na Gastroplastia redutora em y de roux quanto na gastrectomia vertical e as causas mais comuns são: restrição na dieta e intolerâncias. Dietas com menos de 50 gramas de proteínas cursa com consumo de massa magra, além de anemia, queda de imunidade, queda de cabelo e presença de edema. Ingestão recomendada: 60 a 120 gramas. A suplementação é recomendada até os primeiros 6 meses de pós-operatório ou em casos de reganho de peso ou exercícios moderados a intensos. Estima-se que aos 6 meses de PO há uma redução em 50% na ingestão de fibras em pacientes operados. A média de ingestão aos 6 meses é de 7g/dia e aos 24 meses 10g/dia. Ingestão adequada: 20 – 30g de fibras ao dia. Pirâmide da cirurgia bariátrica Diante da necessidade em criar um instrumento para os pacientes em tratamento pós-operatório de cirurgia bariátrica, Moizé e colaboradores elaboraram, em 2010, a pirâmide alimentar para esta população especificamente, uma vez que possuem características diferenciadas. Trata-se de uma ferramenta construída para auxiliar profissionais e pacientes no aconselhamento, escolha de alimentos e suas porções, proporcionando alimentação e nutrição adequadas no período pós-operatório da cirurgia bariátrica. De acordo com a referida pirâmide sua base é composta por: - Suplementação de polivitamínico/minera, Atividade física, Hidratação e Saúde óssea. - Alimentos fontes de proteínas de baixo e alto valor biológico. - Frutas, verduras e legumes. - Carboidratos complexos. - Doces e gorduras. Guia Bariátrico O Modelo de Prato Bariátrico apresentado pelo guia bariátrico pode ser boa forma de educação nutricional ressalvando a ingestão proteica como base de macronutriente. Aliado a isso, a ingestão hídrica, o uso de suplementos e a atividade física deve ser incorporada na rotina do operado. Reganho de peso A cirurgia bariátrica é a única opção de tratamento para a perda de peso substancial e duradoura em longo prazo, no entanto, esta não pode ser considerada uma garantia de perda de peso bem sucedida e sustentável. Para todos os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, educação e manejo clínico são recomendados para prevenir e detectar esse problema. A literatura mostra outros fatores que estão associados com perda de peso insuficiente, independentemente do padrão nutricional tais como: - Perda de peso no período pré-operatório - Velocidade da perda de peso no PO - IMC pré-operatório - Idade - Gasto Energético - Consumo energético - Qualidade Nutricional da Dieta - Deficiências Nutricionais - Atividade Física - Alterações Fisiológicas - Transtornos Alimentares - Bebidas alcoólicas Manejo Nutricional no reganho de peso Padrão alimentar similar ao pós-operatório intermediário (6 a 12 meses) – quantidades reduzidas (250 - 300g/refeição), hipocalórica (800 - 1600kcal); Dieta de baixo a médio IG (40 - 45% de carboidratos com ênfase nos integrais); Lipídeos de 20 a 25 % (com ênfase para AGI) Suplementação de fibra solúvel e insolúvel; Suplementação adequada de micronutrientes; Aumento da ingestão de proteína (hiperproteica); 80 g/ mulheres 100 g/homens Orientar e demonstrar a importância do consumo de alimentos de origem proteica. Programar para destinar tempo adequado para alimentação (qualidade); Mastigação: início da digestão na boca facilita a ação de enzimas digestivas e estimula TID e liberação de PYY; Evitar beliscar ao longo do dia; Diminuição e/ou eliminação episódios de vômitos; Evitar a ingestão excessiva de alimentos pastosos e líquidos calóricos; Orientar escolhas adequadas para evitar a síndrome de dumping diminuindo consumo de doces e gorduras; Estimular a prática de exercício físico; Realizar avaliação da Composição Corporal (manutenção da massa corporal magra e manutenção da TMB); Diminuição de riscos de deficiências nutricionais (Anemias); Utilizar recursos visuais (Guia Alimentar – Pirâmide); Oficinas de educação nutricional (receitas hiperproteicas, degustação); Palestras com temas diversos sobre alimentação (leitura de rótulos, modelos de porções de alimentos, utensílios); Acompanhamento nutricional quinzenal/mensal. A obesidade é uma doença crônica, progressiva, que não tem cura e necessita de tratamento em longo prazo, clínico ou cirúrgico. A cirurgia bariátrica não finaliza o tratamento da obesidade. É o início de um período de mudanças de comportamento, de hábitos alimentares e de exercícios físicos, monitoradas regularmente por uma equipe multidisciplinar. Ganho de peso aceitável após a cirurgia é de, aproximadamente, < 20% do peso perdido, dependendo do peso/IMC no pré-operatório.
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