Buscar

3. OS TEÓRICOS DAS TEND.PEDAGÓGICAS 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS 
PROCESSO SELETIVO PARA PROFESSORES E PEDAGOGOS – PMM/AP/2018 
 
PROFA. MARGARETH CHERMONT 
 
1. As influências das teorias filosóficas e psicológicas na educação brasileira; 
 
I. TENDÊNCIA PEDAGÓGICA LIBERAL 
 
A pedagogia liberal, ao contrário do que o nome sugere, é uma manifestação do capitalismo e 
da sociedade de classes. Esta corrente pedagógica defende que as escolas devem preparar os 
indivíduos para exercerem um papel social, de acordo com aptidões individuais. Não leva em 
conta as diferenças sociais e culturais dos alunos e não mantém nenhuma relação com o 
cotidiano do aluno fora da escola. 
1. TENDÊNCIA PEDAGÓGICA TRADICIONAL 
De acordo com esta tendência, a atuação da escola deve consistir na preparação intelectual, 
cultural e moral dos alunos para que eles assumam sua posição na sociedade. Se baseia na 
relação hierárquica do professor em relação aos alunos. 
SANTO AGOSTINHO (354-430) 
 
Santo Agostinho nasceu no norte da África e estudou na Itália. Foi 
muito influenciado pelas ideias de Platão. Agostinho procurou combinar 
sua fé cristã com a razão. Acreditava que compreender é uma 
recompensa pela fé, e que a alma humana mantinha latentes 
algumas verdades últimas e eternas. 
 
Agostinho era muito interessado na natureza do tempo. Achava que o 
tempo começou quando Deus criou o mundo — o que suscita a 
questão da existência de Deus antes do tempo. A resposta de Agostinho foi que Deus reside em um eterno 
presente, fora do tempo terrestre. Isso o levou à teoria de que ―agora‖ é tudo o que realmente existe. 
 
O passado é uma memória presente, e o futuro é uma expectativa do presente. Essa opinião lhe permitiu 
enfatizar que é mais importante o que as pessoas estão fazendo para Deus e não o que farão. 
 
MARTINHO LUTERO
1
 
Movido pela indignação e pela discordância com os costumes da Igreja de seu 
tempo, o monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) foi o responsável pela 
reforma protestante, que originou uma das três grandes vertentes do cristianismo 
(ao lado do catolicismo e da Igreja Ortodoxa). O nascimento do protestantismo 
teve profundas implicações sociais, econômicas e políticas. Na educação, o 
pensamento de Lutero produziu uma reforma global do sistema de ensino 
alemão, que inaugurou a escola moderna. Seus reflexos se estenderam pelo 
Ocidente e chegam aos dias de hoje. 
 
A ideia da escola pública e para todos, organizada em três grandes ciclos (fundamental, médio e superior) e 
voltada para o saber útil nasce do projeto educacional de Lutero. "A distinção clara entre a esfera espiritual 
e as coisas do mundo propiciou um avanço para o conhecimento e o exercício funcional das coisas 
práticas", diz o pastor Walter Altmann, presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. 
 
1
 https://novaescola.org.br/conteudo/1407/martinho-lutero-o-autor-do-conceito-de-educacao-util 
2 
 
 
Instrução para fortalecer a cidade 
Imagem de Camponeses alemães durante a revolta do século XVI: luta por ascensão social e instrução. 
 
 O luteranismo resultou no projeto de criação de um sistema de escolas públicas, depois copiado em quase 
toda a Alemanha. 
 
A reforma da instrução era uma das principais reivindicações das camadas mais pobres da população, 
insatisfeitas com as más condições de vida e com o ensino escasso e ineficaz oferecido pela Igreja. Esses 
foram alguns dos motivos da revolta armada dos camponeses, sangrentamente reprimida em 1525. Lutero 
via na educação um assunto do interesse dos governantes. 
 
"A maior força de uma cidade é ter muitos cidadãos instruídos", escreveu Lutero. Para isso, foi criado um 
sistema que atendia à finalidade de preparar para o trabalho e à possibilidade de prosseguir os estudos para 
elevação cultural. 
 
O currículo era baseado nas ciências humanas, com ênfase na história. 
 
Uma nova classe 
A segunda grande inquietação de Lutero tinha origem doutrinária e o atormentou durante seus anos de formação. 
Ele não aceitava o princípio, então dominante no cristianismo, de que a justiça divina se manifestava, no plano 
terreno, como um julgamento dos atos dos homens. Para Lutero, isso produzia medo e tornava praticamente 
impossível o sentimento espontâneo de amor a Deus. 
 
A indignação de Lutero só se dissipou quando, ao interpretar os Evangelhos, concluiu que os homens vivem por 
uma graça de Deus e que a justiça divina é revelada pela leitura das escrituras, de modo passivo e 
independentemente dos méritos ou ações de cada um durante a vida. Foi o que se tornou conhecido como doutrina 
da salvação pela fé. 
 
A reivindicação de liberdade para interpretar a Bíblia tornou-se não só um dos pilares da reforma 
protestante como o princípio fundador do projeto educacional de Lutero, que valorizou a alfabetização e o 
ensino de línguas - e, mais importante, pregou o acesso de todos a esse conhecimento. Os renovadores 
religiosos defendiam a formação de uma nova classe de homens cultos, dando origem ao conceito de 
utilidade social da educação. 
 
 
Para pensar 
A criação de uma rede de ensino público foi planejada pelos reformadores luteranos a pedido de 
governantes que perceberam a urgência de oferecer instrução ao povo. O interesse dos príncipes era 
fortalecer seus domínios num tempo de constantes hostilidades entre os Estados. "Lutero argumentou que 
o dinheiro investido em educação seria menor que o gasto com armas e traria mais benefícios", diz o pastor 
Altmann. 
 
JAN AMÓS COMÊNIO 
 
Quando se fala de uma escola em que as crianças são respeitadas como 
seres humanos dotados de inteligência, aptidões, sentimentos e limites, logo 
pensamos em concepções modernas de ensino. Também acreditamos que o 
direito de todas as pessoas - absolutamente todas - à educação é um 
princípio que só surgiu há algumas dezenas de anos. De fato, essas ideias se 
consagraram apenas no século XX, e assim mesmo não em todos os lugares 
do mundo. Mas elas já eram defendidas em pleno século XVII por Comênio 
(1592-1670), o pensador tcheco que é considerado o primeiro grande nome da 
moderna história da educação. 
3 
 
 
A obra mais importante de Comênio, Didactica Magna, marca o início da 
sistematização da Pedagogia e da Didática no Ocidente. A obra, à qual o 
autor se dedicou ao longo de sua vida, tinha grande ambição. "Comênio 
chama sua didática de ‗magna‘ porque ele não queria uma obra restrita, 
localizada", diz João Luiz Gasparin, professor do Departamento de Teoria e 
Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá. "Ela tinha de ser 
grande, como o mundo que estava sendo descoberto naquele momento, 
com a expansão do comércio e das navegações." 
 
No livro, o pensador realiza uma racionalização de todas as ações educativas, indo da teoria didática até as 
questões do cotidiano da sala de aula. A prática escolar, para ele, deveria imitar os processos da natureza. 
 
Nas relações entre professor e aluno, seriam consideradas as possibilidades e os interesses da criança. O 
professor passaria a ser visto como um profissional, não um missionário, e seria bem remunerado por isso. 
E a organização do tempo e do currículo levaria em conta os limites do corpo e a necessidade, tanto dos 
alunos quanto dos professores, de ter outras atividades. 
 
Comênio não foi o único pensador de seu tempo a combater o pedantismo literário 2 e o sadismo 
pedagógico3, mas ousou ser o principal teórico de um modelo de escola que deveria ensinar "tudo a todos", 
aí incluídos os portadores de deficiência mental e as meninas, na época alijados da educação. "Ele defendia 
o acesso irrestrito à escrita, à leitura e ao cálculo, para que todos pudessem ler a Bíblia e comerciar", diz 
Gasparin. Comênio respondia assim a duas urgências de seu tempo: o aparecimento da burguesia mercantilnas 
cidades europeias e o direito, reivindicado pelos protestantes, à livre interpretação dos textos religiosos, proibida 
pela Igreja Católica. 
 
A obra de Comênio corresponde também a outras novidades, entre elas "o despertar de uma nova 
concepção de criança", como diz Gasparin. "Ele a trata em seus livros com muita delicadeza, num tempo em 
que a escola existia sob a égide da palmatória", continua o professor. "A educação era vista e praticada como 
um castigo e não oferecia elementos para que depois as pessoas se situassem de forma mais ampla na 
sociedade. Comênio reagiu a esse quadro com uma pergunta: por que não se aprende brincando?" 
 
Comênio acreditava que, por ser dotado de razão, o homem pode entender a si e a todas as coisas. 
Portanto, deve se dedicar a aprender e a ensinar. Seguindo esse pensamento, Comênio conclui que o mais 
importante na vida não é a contemplação e sim a ação, o "fazer". 
 
No pensamento humanista do pedagogo tcheco, a instrução e o trabalho diferenciavam o homem burguês 
do homem feudal. 
 
Em busca da harmonia universal 
Comênio viveu a maior parte da vida cercado de guerras. Algumas delas, como a Guerra dos 30 Anos, envolvendo 
protestantes e católicos, lhe diziam respeito diretamente. Toda sua obra foi marcada profundamente por isso, 
uma vez que o fim último de seu pensamento era a compreensão universal, que uniria toda a humanidade. 
Ele perseguiu desde a juventude a unificação da totalidade do conhecimento humano, porque imaginava 
que ele era finito e imutável. 
 
A construção de uma enciclopédia do saber e sua adaptação às capacidades infantis é o grande tema da 
pedagogia de Comênio, e para sustentá-la ele criou uma base filosófica que denominou "pansofia", a 
 
2 A pedantaria (ou o pedantismo) tende a ser associada à erudição. Os pedantes gostam de fazer citações literárias ou grandes teorias para demonstrar que são pessoas cultas e com conhecimentos. É hábito que 
esses indivíduos tenham menos conhecimentos daqueles que aparentam ou dizem ter; contudo, a sua atitude e a sua postura fazem com que pareça um verdadeiro sábio e em posição de ensinar os outros. 
3 O sadismo pedagógico, termo cunhado pelo historiador Mario Alighiero Manacorda, expressa a violência estabelecida na relação entre professores e alunos desde os primórdios da história da pedagogia, 
acompanhando o processo educativo até os dias atuais. Existem muitas formas de expressão do alunado quanto a esta tensa relação, sendo que, atualmente, elas podem ser observadas, por exemplo, nas 
comunidades virtuais do sítio de relacionamentos Orkut. 
4 
 
procura de um princípio básico que harmonizasse todo o saber. Ao contrário de seu pensamento 
educacional, que suscitou interesse pela Europa afora, a pansofia não teve seguidores. 
 
A maior contribuição de Comênio para a educação dos dias de hoje é, segundo o professor Gasparin, a ideia 
de "trazer a realidade social para a sala de aula, fazendo uso dos meios tecnológicos mais avançados à 
disposição". De tão fascinado pela invenção da imprensa e pela possibilidade de disseminação de 
conhecimento que ela representava, Comênio criou a expressão "didacografia" para designar o método 
universal de ensino que ele pretendia inaugurar. Nos dias de hoje, a tecnologia da informação seria capaz 
de realizar essa revolução? Qual é sua opinião? 
 
Comênio (1592-1670), o pensador tcheco é considerado o primeiro grande nome da moderna história da educação. 
 
OS JESUÍTAS
4
 
 
Os jesuítas eram padres que pertenciam à Companhia de Jesus, uma ordem religiosa vinculada à Igreja Católica 
que tinha como objetivo a pregação do evangelho pelo mundo. Essa ordem religiosa foi criada em 1534 pelo 
padre Inácio de Loyola e foi oficialmente reconhecida pela Igreja a partir do papa Paulo III em 1540. 
 
A proposta dos padres jesuítas para a divulgação do cristianismo era baseada no ensino da catequese. Eles 
atuaram em diversas partes do mundo e destacaram-se no Brasil colonial. Na Europa, os jesuítas surgiram como 
parte do movimento de contrarreforma e, portanto, tinham como importante missão impedir o crescimento do 
protestantismo. 
 
Jesuítas no Brasil 
Os primeiros jesuítas que vieram ao Brasil chegaram com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de 
Sousa, em 1549. Eles eram liderados por Manuel da Nóbrega e tinham como principal missão a 
cristianização dos nativos e zelar pela Igreja instalada no Brasil colonial. Os jesuítas construíram locais 
chamados missões, onde combinavam a catequese dos nativos com a sua utilização como mão de obra 
para a produção de tudo o que a missão precisasse. 
 
Para que exercessem seu trabalho na colônia, inicialmente, foi necessário criar uma comunicação com os 
nativos, uma vez que esses falavam tupi e os jesuítas falavam português. Assim, o padre José de 
Anchieta desenvolveu um manual que auxiliava na comunicação dos jesuítas com os nativos. Nesse 
período da história brasileira, o idioma mais comum existente aqui era a Língua Geral, que mesclava 
elementos do português com idiomas nativos. 
 
Além disso, os jesuítas tiveram um importante papel educacional no Brasil, pois, além da catequese aos 
nativos, eles educavam os filhos dos colonos. Para que isso fosse possível, esses padres criaram colégios 
em diversas partes do Brasil, como aconteceu na cidade de Salvador e em São Paulo de Piratininga (atual 
cidade de São Paulo). A respeito dos colégios dos jesuítas, o historiador Ronaldo Vainfas afirma: 
 
Os colégios inacianos espalharam-se por todos os continentes, atravessando os sete 
mares. Formavam professores, intelectuais e missionários. Dominavam o ensino em 
várias universidades, como a de Coimbra, consolidando a neoescolástica, com ênfase no 
estudo filosófico e teológico. 
 
Outra função importante dos jesuítas foi na pacificação dos povos indígenas, pois, por meio de suas 
missões, conseguiram ter grande contato com esses povos. Assim, os jesuítas realizavam a catequese dos 
povos nativos, além de realizarem uma tentativa de aculturação ao tentar assimilar o nativo a um modo de 
vida europeu. 
 
 
4
 https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-eram-os-jesuitas.htm 
5 
 
Os jesuítas também enfrentaram inúmeros conflitos com os colonos que escravizavam indígenas durante os 
séculos XVI e XVII. A ação dos jesuítas em proteger os nativos da escravização levou a Coroa a determinar leis que 
permitiam a escravização dos indígenas somente em casos de ―guerra justa‖, ou seja, quando os nativos atacavam 
algum português. Sobre isso, o historiador Ronaldo Vainfas afirma: 
 
Obstáculo maior enfrentado pela Companhia foi a avidez dos colonos em escravizar os 
nativos. Os jesuítas resistiram em toda parte, sobretudo no século XVII, arrancando da 
Coroa leis proibitivas do cativeiro indígena. Os colonos, por sua vez, sempre pressionaram 
pelo direito de apresar os índios em ―guerra justa‖, isto é, em suposta represália a índios 
hostis. 
 
Com o passar do tempo, os atritos dos jesuítas não se restringiram aos colonos, pois logo entraram em conflito com 
a Coroa após a Guerra Guaranítica, onde jesuítas e indígenas guaranis confrontaram tropas portuguesas pelo 
controle da missão Sete Povos das Missões, no atual Rio Grande do Sul. Além disso, o grande poder econômico, 
social, educacional desses religiosos despertou a cobiça da Coroa portuguesa e, assim, em 1759, os jesuítas foram 
expulsos de Portugal e de todas as suas colônias. 
 
JOHANN FRIEDRICH HERBART (1776-1841) 
 
Na sequência, encontramos Johann Friedrich Herbart, pedagogo alemão que também exerceu grande influência na 
didática e na prática docente. Hebart (apud Haydt, 2006) atribuía grande importância à educação, considerando-a 
como fator determinante no desenvolvimentodo intelecto e do caráter. Destacou a educação como responsável pela 
formação das representações e pela forma como essas representações são combinadas nos mais elaborados 
processos mentais. 
 
Para Herbart (apud LIBÂNEO, 1994), a atividade educativa deve orientar o homem para querer bem, possibilitando 
que aprenda a comandar a si próprio. O método de ensino do professor tem a função de introduzir ideias corretas na 
mente dos alunos e de provocar-lhes a acumulação de ideias. Tentou formular um método único de ensino, com 
base nos parâmetros das leis psicológicas do conhecimento. Assim, determinou quatro passos didáticos que 
deveriam ser rigorosamente seguidos pelo professor: 
 A preparação e a apresentação da matéria de forma clara e completa, às quais denominou clareza. 
 A associação entre as ideias antigas e as novas. 
 A sistematização dos conhecimentos, tendo em vista a generalização. 
 A aplicação do uso dos conhecimentos adquiridos por meio de exercícios, denominado de método. 
 
Podemos dizer que o sistema pedagógico de Herbart auxiliou na organização da prática docente, trazendo 
alguns esclarecimentos importantes, tais como: a necessidade de estruturação e ordenação do processo de 
ensino, a exigência de entendimento dos assuntos estudados e não apenas a memorização. Mesmo assim, 
o ensino não deixava de ser entendido como repasse de ideias do professor para a cabeça do aluno, que 
deveria entender o que o professor transmitia, mas apenas com a finalidade de reproduzir a matéria 
transmitida. Com isso, a aprendizagem torna-se mecânica, automática, desprovida de mobilização da 
atividade mental, ou seja, da reflexão e do pensamento independente e criativo dos alunos (LIBÂNEO, 1994). 
 
As ideias pedagógicas dos pensadores Comênio, Rousseau, Pestalozzi e Herbart, bem como de outros pensadores 
que não mencionamos, formam as bases do pensamento pedagógico europeu, disseminando-se posteriormente por 
todo o mundo e definindo as concepções pedagógicas, que na atualidade são conhecidas como Pedagogia 
Tradicional e Pedagogia Renovada. 
 
2. TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA 
Nesta linha pedagógica, a finalidade da escola é retratar a vida do aluno e adequá-lo ao meio 
social, tendo como base a ideia de “aprender fazendo”. Ao contrário da tendência anterior, o 
professor não possui lugar privilegiado, e auxilia o desenvolvimento livre e espontâneo da 
criança. 
6 
 
 
 
JOHN DEWEY (1859-1952) 
 
Após Hebart, entre o século XIX e a primeira metade do século XX, traze-
mos John Dewey (1859-1952), que se opôs à concepção defendida por 
Hebart – a educação para a instrução –, defendendo a educação pela 
ação. Para ele, ―o homem é um ser eminentemente social. Assim 
sendo, são as necessidades sociais que norteiam sua concepção de 
vida e educação‖ (HAYDT, 2006, p. 21-22). 
 
O conceito central de seus pressupostos é a experiência, a qual, para 
ele, é o que impulsiona e dirige o conhecimento. Então, a escola não é a preparação para a vida, é a própria 
vida. Por isso, deve direcionar o ensino para o crescimento da criança, possibilitando o significado do que é 
aprendido, bem como o desenvolvimento de habilidades para suprir as necessidades atuais da vida 
individual e social do aluno. 
 
O professor deverá criar situações estimuladoras para instigar, nos alunos, reações e respostas que 
garantam a formação de atitudes intelectuais e sentimentais adequadas. Para isso, o ensino deve ser 
desenvolvido pelo professor, a partir de centros de interesses diretos e práticas com significação para a 
vida do aluno (DEWEY apud DAMIS, 2007). Nessa perspectiva, é um grande defensor dos métodos de ensino 
ativos. 
 
ATENÇÃO 
Métodos de ensino ativos são aqueles que permitem a participação efetiva dos alunos no processo ensino-
aprendizagem, propiciando-lhes a construção de novos significados. 
 
A pedagogia de Dewey trouxe aspectos inovadores, diferenciando-se especialmente pela oposição à escola 
tradicional. Difundiu, em sua proposta, a necessidade de a escola criar condições e meios para estimular o 
pensamento e a reflexão dos alunos, suscitando críticas sobre a função específica da escola na educação 
formal do aluno para a vida social, mas não questiona a sociedade e seus valores como estão propostos no 
seu tempo; sua teoria representa plenamente os ideais liberais, sem se contrapor aos valores burgueses, 
acabando por reforçar a adaptação do aluno à sociedade. 
 
É possível observar que a evolução dos pensamentos sobre a Didática se fundamenta em pressupostos teóricos, 
bem como em ideias pedagógicas que caminharam em direção à necessidade de se reverem os processos de 
ensino e de aprendizagem. Tais pressupostos teóricos muito contribuíram para a organização do espaço 
escolar, bem como para a reforma dos métodos de ensino e de sua aplicação, ao longo do desenvolvimento 
do ensino formal. Também merece destaque o fato de que as ideias pedagógicas expostas pelos teóricos aqui 
citados são fundamentadas por concepções diferentes, porém é possível visualizar um aspecto comum mencionado 
por todos esses teóricos: a tentativa de ampliar o ensino a uma parcela significativa da população, pois 
acreditavam na educação popular. 
 
Verificamos, ainda, que os estudos sobre Didática foram se fundamentando em novos pressupostos, os quais 
deixaram de considerar apenas aspectos filosóficos, passando a incorporar fundamentos da Psicologia, 
ciência que começou a vigorar no final do século XIX, contribuindo, assim, com novos pensamentos 
pedagógicos, os quais influenciaram o surgimento de tendências pedagógicas sobre o processo de ensino 
e aprendizagem. 
 
7 
 
As principais influências sobre Dewey foram William James e o naturalista Charles Darwin — que publicou sua 
teoria da evolução no ano em que Dewey nasceu. O trabalho de Darwin fez Dewey ver a consciência como parte da 
natureza, em vez de uma faculdade à parte. 
 
Dewey via a mente como uma ferramenta para resolver problemas, que se adapta continuamente ao meio 
ambiente da mesma forma que os seres desenvolvem diferentes características. 
 
Dewey acreditava que à medida que os organismos se tornam mais complexos, o mesmo acontece com sua 
capacidade de lidar com o meio. Em primeiro lugar há o comportamento instintivo. Depois, os hábitos se 
desenvolvem. Quando estes deixam de lidar propriamente com as situações, o organismo desenvolve a 
habilidade de raciocinar, ou pensar no que fazer. Dewey sustentou que todos os pensamentos são apenas 
ideias para a ação. Dessa forma um organismo adquire conhecimento sobre o mundo. 
 
MARIA MONTESSORI 
Idealizadora do Método, Maria Montessori (1870 - 1952) nasceu em 31 de agosto de 1870 na cidade de Chieravale, 
na Itália. Primeira mulher a se formar em Medicina em seu país, logo se interessou pelos mecanismos de 
desenvolvimento do aprendizado infantil. Também se interessou pelos estudos de Ittard sobre o Menino 
Selvagem (Selvagem de Aveyron) assim como pelos trabalhos de Édouard Séguin sobre a educação dos anormais. 
Convidada a acompanhar uma turma de crianças com deficiências mentais, utilizou-se do material de Séguin e 
obteve ótimos resultados. 
 
Ao testar a eficácia deste material em crianças normais ela estabeleceu o ponto de partida para a criação de 
seu próprio método. Em uma época em que a educação era marcada por rigidez e até mesmo castigos 
físicos, Montessori mudou os rumos da educação tradicional ao incentivar o desenvolvimento do potencial 
criativo desde a primeira infância, elaborando e aperfeiçoando técnicas de aprendizagem que procuravam 
inter-relacionar e harmonizar atividade, liberdade e individualidade. Em 1907 criou a primeira ―Casa dei 
Bambini‖ (Casa das crianças) e nos anos 1940 seu método se difundiu pelo mundo. 
 
Os princípios do Método Maria Montessori de educação são aplicáveis a todos, mesmo em casa e não havendoà 
disposição os materiais didáticos que fazem parte do método escolar. 
 
De acordo com ela, o centro da aprendizagem é a própria criança que, com sua curiosidade natural, explora e 
dá ainda mais vazão à sua necessidade de aprender, se tiver à sua disposição um ambiente adequado, 
variado e estimulante. As crianças devem ser livres para escolherem os materiais, os brinquedos e as 
ferramentas que preferirem usar em cada etapa de seu crescimento, pois, cada experiência é uma 
oportunidade de aprendizagem. 
 
Aqui estão algumas reflexões sobre o Método Montessori para inspirar pais, educadores e professores. 
 
1. Ambiente e ordem 
Maria Montessori acreditava que as crianças aprendem melhor em um ambiente arrumado. O conselho é criar 
seções diferentes em uma prateleira para armazenar livros, quebra-cabeças, jogos, bonecas, carrinhos, etc, tudo 
separadamente. 
 
É aconselhável escolher recipientes como cestas e caixas que devem ser colocadas a uma altura facilmente 
alcançável pelas crianças. Também é importante ensinar a criança a arrumar cada brinquedo em seu lugar 
depois de tê-lo usado. Os pais devem apenas deixar à disposição os brinquedos adequados para cada idade e 
deixar que a criança seja livre para escolher o que quiser, mas manter a ordem e brincar com uma coisa de cada 
vez é muito importante. 
 
2. Movimento e Aprendizagem 
De acordo com Maria Montessori, as crianças precisam se concentrar em algumas atividades que exigem o uso e o 
movimento das mãos. Pense na cena clássica em que uma criança aprende a empilhar cubos um em cima dos 
8 
 
outros. Nesta atividade, que parece um jogo, a criança não está apenas se divertindo, mas está aprendendo 
a importância da concentração e da coordenação. 
 
3. Livre escolha 
Maria Montessori acreditava que a liberdade de escolha foi o mais importante processo mental do ser humano. As 
crianças aprendem muito mais e absorvem mais informações quando elas são deixadas livres para fazerem suas 
próprias escolhas. 
 
A liberdade de escolha não significa liberdade para fazer o que quiser, sem regras. Trata-se de uma liberdade 
que leva a criança à capacidade de escolher a coisa certa a fazer. E para a criança a coisa certa é decidir o que 
fazer para atender as suas próprias necessidades e dar um novo passo no seu processo de crescimento. 
 
4. Estimular o interesse 
A criança aprende melhor se viver em um ambiente estimulante e cheio de objetos interessantes que atraiam a 
sua atenção. Mas isso não significa comprar a loja inteira de brinquedos. Crianças amam os nossos objetos do dia a 
dia como peneiras, panelas, colheres de pau. 
 
Fique atento a não dar objetos muito pequenos que possam ser perigosos para os ―menorzinhos‖. Se puder, ofereça 
vários livros diferentes, materiais para fazer novos pequenos objetos artesanais (como por exemplo o rolo do papel 
higiênico, potinhos de iogurte etc.), deixe ferramentas para desenhar e colorir à disposição da criança e tudo o que 
possa estimular a sua criatividade. Até mesmo uma música clássica ou relaxante pode ser útil durante o jogo e a 
aprendizagem. 
 
5. Recompensas 
Maria Montessori não gostava de sistemas de ensino baseados em prêmios e punições porque ela acreditava que 
a melhor recompensa para a criança é ter conseguido aprender a fazer sozinha uma coisa nova, graças a sua 
curiosidade e a sua força de vontade. 
 
De acordo com o Método Montessori, o verdadeiro prêmio é ser capaz de atingir a meta: completar um quebra-
cabeça, regar a planta sem deixar a água cair. 
 
Nisso, um alerta: deixe a criança errar e acertar sozinha. O problema atual dos pais é não conseguir manter a 
ansiedade e querer ajudar a criança a completar sua tarefa. Deixa a criança fazer sozinha, ela é muito mais capaz 
do que você supõe. 
 
6. Atividades práticas 
A aprendizagem das crianças de acordo com o Método Montessori, se dá especialmente através de atividades 
práticas durante os anos pré-escolares. As atividades práticas ajudam o seu filho a estimular os sentidos do tato, 
visão e audição, essenciais para aprender a ordem, a concentração e a independência. 
Deixe teus filhos ajudarem a limpar a casa, a cozinharem, cuidar da horta, até mesmo a costurar, pregar um botão 
com uma agulha não pontiaguda. 
 
7. Grupos com crianças de diferentes idades 
Na escola montessoriana as crianças estão distribuídas em diferentes classes com base na idade, mas Maria 
Montessori acreditava muito na formação de grupos mistos com crianças de diferentes idades porque sentia 
que isso era um estímulo para a aprendizagem. 
 
Por exemplo, as crianças mais jovens ficam intrigadas com o que as mais velhas fazem e pedem ajuda a estas. Por 
sua vez a criança mais velha fica feliz em ensinar o que ela faz e já aprendeu. Este conselho é muito importante 
para os pais que têm crianças de diferentes idades. 
 
As atividades que podem ser feitas dentro de um grupo misto podem incluir: desenho, jardinagem, esportes, 
brincadeiras de rua etc. Um dos princípios subjacentes ao método Montessori é deixar as crianças interagirem com 
as próprias crianças de diferentes idades, para que elas aprendam umas com as outras. 
9 
 
 
8. Importância do contexto 
É importante, de acordo com o Método Montessori, que os temas e os conceitos a serem aprendidos sejam 
colocados no contexto certo. Desta forma, as crianças vão entender e lembrar melhor deles. Exemplos concretos 
são mais fáceis de entender do que conceitos abstratos. 
 
Este princípio prega além do mais que é essencial que as crianças aprendam fazendo em vez de (tentarem) 
aprender simplesmente escutando a lição. 
 
9. O papel do professor 
Para Maria Montessori o papel do professor é o de gerir e facilitar as atividades dos alunos. Não é uma pessoa que 
dá uma palestra falando sobre os tópicos que ensina, é um auxiliar no processo de aprendizagem que a criança 
pode alcançar sozinha. 
 
10. Independência e autodisciplina 
O Método Montessori encoraja as crianças a desenvolverem a independência e autodisciplina. Com o tempo, as 
crianças vão aprender a reconhecer quais são as suas paixões e suas inclinações e te farão entender o estilo de 
aprendizagem que elas preferem. 
 
Algumas crianças gostam de leitura, enquanto outras são mais propensas a atividades práticas. Maria Montessori 
buscou unir, de uma forma equilibrada, todos os aspectos da aprendizagem, de modos que os princípios básicos do 
seu método, possam ser aplicados por todos. No entanto, na Itália, país de origem de Maria Montessori, para ser 
um professor montessoriano, é necessário passar por uma formação montessoriana, mas isso não impede que 
muitos docentes misturem ou usem o método nos aspectos em que acreditam. Muitos destes aspectos também 
podem aplicados em casa. O Método Montessori é genial e vai além da aprendizagem escolar, pois, viver é 
aprender, certo? 
 
TEORIA DE OVIDE DECROLY
5
 
Ovide Decroly nasceu na Bélgica em 1871 e faleceu em 1932. Era médico, mas muito ligado à educação. 
Consagrou seus estudos ás crianças que necessitavam de atenções educativas especiais, ou seja, crianças 
retardadas e anormais. 
 
O teórico propôs uma educação voltada para os interesses destas crianças, que pudesse satisfazer suas 
curiosidades naturais, que fossem estimuladas a pensar, colocando-as em contato com a realidade física e 
social. Achava que estas necessidades geram interesse, e este interesse vai a busca do conhecimento. Este 
método era mais dedicado às crianças do ensino fundamental. 
 
Baseado nesta teoria, Decroly propôs em 1907 um método globalizado de Centro de Interesse. Este método 
deve lidar com o conhecimento, a partir dos interesses das crianças em suas várias faixas etárias, de forma 
globalizante, possibilitando que as crianças tenham uma visão geral do objeto de conhecimento para depois 
chegar às particularidades e abstrações. Deve lidar também com a organizaçãodos conhecimentos 
selecionados nas matérias escolares, como ainda propor atividades que vão do empirismo ao abstrato. 
 
A escola deve se assemelhar a uma oficina ou laboratório onde a prática estava presente. Os alunos 
ativamente observavam, analisavam, manipulavam, experimentavam, confeccionavam e colecionavam 
materiais mais do que recebiam informações sobre eles. O teórico acreditava que a sala de aula deveria estar 
em toda à parte, na cozinha, no jardim, no campo, no pátio, na praça, etc. Seria uma escola com portas abertas, tipo 
uma oficina, onde existisse liberdade, iniciativa, responsabilidade pessoal e social, onde os alunos aprendessem e 
gostassem de aprender. Ele quis transformar a maneira de aprender e ensinar, e que esta transformação 
tivesse como principio a psicologia infantil. 
 
 
5
 http://questoesconcursopedagogia.com.br/mais1200questoes/ 
 
10 
 
O método globalizado de Centro de Interesse de Decroly foi baseado em cinco princípios psicopedagógicos: 
1) Princípio da Liberdade: a criança tem o máximo de autonomia para realizar seus gostos e necessidades, assim 
como a busca da motivação para o conhecimento. 
 
2) Princípio da Individualidade: a criança realiza atividades pessoais diferenciadas, mas, sem perder o seu 
referencial, o contato com a comunidade. 
 
3) Princípio da Atividade: ―trabalha a tendência dominante na criança da inquietude e do movimento‖. 
 
4) Princípio da Intuição: implica na observação e exploração das coisas, empregando os sentidos. 
 
5) Princípio da Globalização: a criança pode apresentar dificuldades de perceber partes separadas e depois 
reconstruir. O principio da globalização permite o desenvolvimento da inteligência através desse modo. 
 
É importante ressaltar que as bases teóricas do método de Decroly, ainda estão muito presentes na 
educação de hoje, embora se encontre na escola alguns professores que apresentam dificuldades em 
trabalhar na sala de aula com uma visão mais globalizadora, e multidisciplinar. O que acontece muitas vezes 
é o professor trabalhando o conhecimento de maneira fragmentada, e o que é pior, seguindo os livros 
didáticos. 
 
Destaques na Teoria de Decroly: 
* A criança deve ser educada não para o futuro, para a vida adulta, e sim para o presente; 
 
* O método de Centro de Interesse atendia as necessidades e interesses dos alunos; 
 
* Defendia que a sala de aula está em toda parte; 
 
* Sua vida foi dedicada ao trabalho com crianças retardadas e anormais; 
 
* Acreditava na liberdade, iniciativa e responsabilidade; 
 
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE JEAN PIAGET 
Por Hélio Teixeira 
Seria difícil superestimar a importância do psicólogo suíço Jean Piaget (1896 – 1980) para a pesquisa do 
desenvolvimento. A teoria do desenvolvimento cognitivo geralmente considerada como a mais compreensiva 
é a dele. Embora certos aspectos da teoria de Piaget tenham sido questionados e, em alguns casos, 
refutados, sua influência é imensa. Na verdade, a contribuição de sua teoria, como a de outros, é mostrada 
mais pela sua influência em teorias e em pesquisas posteriores do que por sua exatidão máxima. 
 
Jean Piaget aprendeu muito sobre como as crianças pensam, observando várias delas e prestando muita 
atenção ao que parecia ser erro no raciocínio das mesmas. 
 
Piaget ingressou, pela primeira vez, no campo do desenvolvimento cognitivo quando, enquanto trabalhava como 
estudante já graduado no laboratório psicométrico de Alfred Binet, ficou intrigado com as respostas erradas das 
crianças aos itens do teste de inteligência. Para entender a inteligência, raciocinava Piaget, a investigação 
deve ser dupla: (1) observar o desempenho de uma pessoa e (2) considerar também por que esta pessoa assim 
desempenhava, incluindo os tipos de pensamento subjacentes às ações da mesma. 
 
O raciocínio de Piaget seguia o de seu mentor Binet na primeira cláusula, mas não na segunda. Particularmente, 
Piaget raciocinava que os pesquisadores podiam aprender tanto sobre o desenvolvimento intelectual das 
crianças, a partir do exame de suas respostas incorretas aos itens dos testes, quanto sobre o exame de 
suas respostas corretas. 
 
11 
 
Pelas suas reiteradas observações de crianças, inclusive de seus próprios filhos, e especialmente mediante 
investigação de seus erros de raciocínio, ele concluiu que sistemas lógicos coerentes fundamentam o 
pensamento das crianças. Tais sistemas, acreditava ele, diferem em espécie dos sistemas lógicos que os adultos 
usam. 
 
Se vamos entender o desenvolvimento, devemos identificar esses sistemas e suas características diferenciais. Nas 
seções a seguir, primeiro consideramos alguns dos princípios gerais de Piaget sobre o desenvolvimento e, depois, 
observamos os estágios de desenvolvimento que ele propôs. 
Princípios gerais da Teoria do Desenvolvimento de Piaget 
Piaget acreditava que a função da inteligência é auxiliar a adaptação ao ambiente. Em sua concepção, os 
meios de adaptação formam um continuum que varia de meios relativamente inteligentes, tais como hábitos 
e reflexos, a meios, relativamente inteligentes, tais como os que exigem insight, representação mental 
complexa e a manipulação mental de símbolos. De acordo com seu foco na adaptação, acreditava que o 
desenvolvimento cognitivo acompanhava-se de respostas cada vez mais complexas ao ambiente. A seguir, Piaget 
propôs que, com a crescente aprendizagem e maturação, tanto a inteligência quanto suas manifestações tornam-
se diferenciadas – mais altamente especializadas em vários domínios. 
 
3. TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO DIRETIVA 
Esta prática baseia-se mais nos aspectos psicológicos do que nos pedagógicos ou sociais. 
Esta forma de ensino leva em conta a busca dos estudantes ao conhecimento, com a 
mediação do professor. 
 
CARL ROGERS 
As ideias do norte-americano Carl Rogers (1902-1987) para a educação são uma 
extensão da teoria que desenvolveu como psicólogo. Nos dois campos sua 
contribuição foi muito original, opondo-se às concepções e práticas dominantes nos 
consultórios e nas escolas. 
 
A terapia rogeriana se define como não-diretiva centrada no cliente (palavra que 
Rogers preferia ao invés de paciente), porque cabe a ele a responsabilidade pela 
condução e pelo sucesso do tratamento. Para Rogers, o terapeuta apenas facilita o 
processo. Em seu ideal de ensino, o papel do professor se assemelha ao do 
terapeuta e o do aluno ao do cliente. Isso quer dizer que a tarefa do professor é 
facilitar o aprendizado, que o aluno conduz a seu modo. 
A psicologia de Carl Rogers6 é uma teoria que aborda o homem como pessoa. A tendência comum em 
nossa época, tanto nas atividades em geral como nas várias correntes das ciências humanas, é reificar7, 
objetificar8 o homem. Seja nos vários aspectos da cultura de massa e industrializada da nossa sociedade, 
seja nas explicações causais dos fenômenos humanos, seja, ainda, mais especificamente, nas teorias 
psicológicas mais diversas - como a psicanálise, que descreve o homem a partir de impulsos inconscientes, 
ou o behaviorismo, que aborda o homem em seu caráter animal, a partir do esquema "estímulo-resposta" -, 
impera a tentativa de tomar o homem de um ponto de vista externo a ele mesmo. Carecemos, portanto, de 
um discurso que tematize o homem a partir de si mesmo. A abordagem rogeriana do homem como pessoa 
pretende realizar essa função. Mas em que consiste essa abordagem? 
Trata-se, antes de mais nada, de assumir a liberdade humana - a possibilidade de tomar decisões e ser responsável 
por elas. Rogers não nega a existência de toda a sorte de forças exteriores que constringem o homem, mas 
vê que, em todas as situações nas quais ele se encontra, sempre há, por menor que seja, um âmbito de 
decisão. Na decisão, é dada a oportunidade ao homem, desdesi mesmo, a partir de uma força interior 
 
6 http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0046a.html 
7 Encarar (algo abstrato) como uma coisa material ou concreta; coisificar. 
8 Atribuir ao ser humano a natureza de um objeto, tratando-o como objeto, como coisa; coisificar. 
12 
 
inerente a cada um de nós, de tornar-se, para além dessa liberdade de decidir, o que se é. Desse modo, é 
tomada como pressuposto fundamental a liberdade de escolher, enraizada nessa força interior que nos permite 
tomar decisões para crescermos e termos uma vida realizada. Por outro lado, à proporção que nos realizamos, 
tornamo-nos mais aptos a escolher e tomar decisões livres de coerções exteriores. 
Assim, a psicoterapia elaborada por Carl Rogers seguirá a tendência de olhar o homem como pessoa e, por isso, 
centrará seus esforços no cliente. Assim, tal tipo de terapia dependerá menos da aquisição de conhecimentos do 
terapeuta e mais da relação do terapeuta com o cliente e, sobretudo, do cliente consigo mesmo. 
Por isso, é de fundamental importância uma posição de Rogers. Ele não vê o ser humano como um ser 
autodestrutivo, selvagem, ou dono de pura energia sexual (libido), características que, só graças a coerções 
externas - da moralidade, do controle por estímulos e respostas -, poderiam ser controladas e, assim, trazer 
o homem à civilidade. Rogers também discorda da opinião, importada da biologia, de muitos psicólogos, que 
afirmam que o homem, como muitos outros seres vivos, tenderia a stasis, isto é, a um estado de equilíbrio, de 
satisfação de suas necessidades básicas a todo custo. Ao contrário, o que define o homem, tanto em termos 
gerais como individualmente, é, muito mais, o enriquecimento de suas experiências, buscando cada vez 
mais se complexificar, de modo a satisfazer a sua necessidade fundamental de autorrealização. Essa 
necessidade é a sua motivação principal, e é isso que o terapeuta fará que seja revelado para o cliente. 
Por meio das várias experiências, o homem vai se transformando em pessoa e adquirindo estímulos. Por isso, a 
cognição não é entendida atomisticamente, mas como um todo. Em outras palavras, o sujeito conhece a 
realidade por intermédio de seu estímulo, da sua resposta, do seu sentimento diante da coisa. Em última 
análise, o conhecimento em geral se articulará em torno do eu, que ganha esse caráter de totalidade uma 
vez que visa a uma autorrealização. 
Por isso, Rogers afirma também que toda percepção é dotada de significado. Por mais que seja uma percepção 
singular, ela se articula na percepção total do eu que a pessoa tem de si mesma. 
Rogers reformula a distinção freudiana entre consciente e inconsciente em termos de percepção. A 
percepção que o homem tem da realidade apresenta gradações segundo um continuum. Há coisas que 
estão no foco da nossa atenção, e notamos a figura delas. Há coisas que estão em segundo plano, no fundo 
da coisa principal. E há, ainda, aquelas que estão o mais longe possível da nossa atenção por acharmos que 
a percepção delas desestabilizaria nossa vida. 
É de extrema importância, portanto, a percepção que temos de nós mesmos, a percepção do nosso eu. 
Diferentemente de uma mera psicologia introspectiva, a referência fundamental ao eu é a referência a todas as 
percepções: percepções de seu organismo, de suas experiências, do modo como suas percepções se 
interrelacionam e se relacionam com objetos e com o seu mundo exterior. 
Assim, todas as experiências por que anseia o homem para sua autorrealização têm como centro o eu. Toda 
motivação de autorrealização é motivação para que o eu se realize. Contudo, nesse afã de autorrealização, a 
imagem que a pessoa tem do seu eu é distinta do eu real. A pessoa tem um eu ideal que não é o mesmo que 
o eu real. As discrepâncias podem assumir as mais variadas formas, mas, em geral, para tomar um exemplo 
da psicanálise, podemos pensar na pessoa que, em sua autoimagem, não seja possuidora de desejos 
sexuais de alguns tipos, mas, na realidade, os tenha. O eu ligado à autoimagem é chamado de ego ideal, ao 
passo que o ego real é aquele que a pessoa realmente é e o experiencia. Quando há uma concordância entre 
ego ideal e ego real, há um estado de congruência, mas, quando há uma discrepância entre ego ideal e ego real, há 
um estado de incongruência. 
A discrepância entre ego ideal e ego real pode gerar os mais diversos comportamentos nocivos à própria pessoa. 
Para dar cabo dela, é preciso que se mostre o verdadeiro e real ego àquele que é dono de um ego ideal. Só assim 
13 
 
pode a pessoa lidar com seus erros ou problemas, ou, se for caso, suas meras circunstâncias de modo a resolvê-las 
e dar um passo em direção a sua autorrealização. 
Não esclarecemos até aqui o conceito de autorrealização. Dissemos, por ora, que o homem tende à 
autorrealização e que o faz acrescentando sempre novas vivências e experiências. É preciso acrescentar 
também que a autorrealização não é nenhum estado - não há um momento autorrealizado, mas apenas um 
processo, uma dinâmica de autorrealização. Esse processo é também um processo de tornar-se livre, isto é, 
à medida que a pessoa usufrui de sua liberdade de escolha no sentido de decidir por uma vida plena, mais 
plenamente também ela pode tomar rumo de sua vida, de modo a escolher as novas decisões que 
aparecerão de modo ainda mais livre. De modo geral, no desenrolar desse desenvolvimento, há a concretização 
de uma universalidade por trás de cada decisão tomada, isto é, as escolhas deixam de se fragmentar e passam a 
concorrer para um mesmo fim de uma vida plena. 
 
 
4. TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA 
Esta tendência de ensino busca modelar o comportamento do aluno através de técnicas específicas, com o objetivo 
de produzir indivíduos para o mercado de trabalho, através de informações precisas, informativas e rápidas, através 
principalmente da pesquisa cientifica e tecnologia educacional. 
B.F.SKINNER 
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) é o psicólogo norte-americano mais destacado do século XX e, talvez, o mais 
importante do mundo desde – ou ao lado de – Freud. Seu primeiro livro, The behavior of organisms (O 
comportamento dos organismos, 1938), constituiu-se no marco de uma nova afluência de 
comportamentalismo. Durante os cinquenta anos que se seguiram à publicação, suas teorias foram 
desenvolvidas, elaboradas, submetidas a críticas e reelaboradas. Para sua visão atenta e sua compreensão 
analítica, nenhum problema era demasiado amplo ou excessivamente limitado. A descoberta de uma 
vocação 
 
Nas graduações e pós-graduações de Educação, são comuns a existência de disciplinas que abordam as Teorias 
de Aprendizagem segundo Skinner. 
 A palavra chave da teoria de Skinner é O comportamento. Para ele, a aprendizagem concentra-se na 
capacidade de estimular ou reprimir comportamentos, desejáveis ou indesejáveis. 
 Na sala de aula, a repetição mecânica deve ser incentivada, pois esta leva à memorização e assim ao 
aprendizado. 
 O ensino é obtido quando o que precisa ser ensinado pode ser colocado sob condições de controle e sob 
comportamentos observáveis. 
 Os comportamentos são obtidos punindo o comportamento não desejado e reforçado ou 
incentivado o comportamento desejado com um estímulo, repetido até que ele se torne automático. 
 Dessa forma, segundo Skinner, a aprendizagem concentra-se na aquisição de novos comportamentos. 
 A aprendizagem ocorre através de estímulos e reforços, de modo que se torna mecanizada. 
 De acordo com a teoria de Skinner, os alunos recebem passivamente o conhecimento do professor. 
 Em sua visão, conhecida como Behaviorismo, os comportamentos são obtidos pelo reforço - estímulo do 
comportamento desejado. 
 O papel do professor é criar ou modificarcomportamentos para que o aluno faça aquilo que o professor 
deseja. 
 É Adequada para cursos técnicos, especialistas e treinamentos ou em atividades que visam ensinar 
conteúdo e tarefas que se apoiam na memorização e fixação dos conhecimentos, ainda hoje muito 
frequentes na educação. 
 A compreensão do comportamento humano apoia-se em seu comportamento operante. 
 De acordo com Skinner, o seu interesse está em compreender o comportamento humano, não e manipulá-
lo. Em seus últimos anos, Skinner atacou a psicologia cognitivista, afirmando que a educação é um modelo 
que se dá do meio para o indivíduo, e não o contrário. 
14 
 
 O modelo Behaviorista de Skinner, em sua unidade conhecida como Behaviorismo Radical, é ainda muito 
popular, crescendo anualmente em relação ao número de estudiosos. 
 Segundo ele, os fenômenos mentais devem ser discutidos como padrões de comportamento. 
 Todo comportamento é fruto de um condicionamento, e assim não existem habilidades inatas nos 
organismos. 
Referências: 
1. http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/Monografia-Jenifer-Satie-Vaz-Ogasawara.pdf. MOREIRA, Marco 
Antônio; Teorias de Aprendizagens, EPU, São Paulo, 1995. 
 
I. TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS: 
Na Pedagogia Progressista, a escola atua como mediadora entre o aluno e o meio social, entendendo as finalidades 
sociopolíticas da educação. Da mais ênfase ao processo de aprendizagem grupal do que aos conteúdos de 
ensino. 
1. TENDÊNCIA LIBERTADORA 
Caracteriza-se pela atuação não formal. Busca contribuir para desvelar a realidade social de opressão, 
questionando as relações homem-natureza e homem-homem. Ao invés de conteúdos tradicionais, trabalha com 
―temas-geradores‖ extraídos das realidades dos educandos. A relação entre aluno e professor horizontal, os dois se 
posicionando como sujeitos do ato de conhecimento. 
 
 
 
PAULO REGLUS NEVES FREIRE 
 
Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e 
reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de alfabetização 
de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico 
assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o 
aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-
las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O 
principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos 
nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra. 
 
Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o 
ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação 
bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, 
dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, 
para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a 
consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito 
investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura 
acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los. 
 
 Aprendizado conjunto 
Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber, porque para ele a missão do professor era possibilitar a 
criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa 
15 
 
apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto aprendizado. Freire previa para o professor 
um papel diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador 
pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como 
verdade absoluta. 
 
Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os 
homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para 
Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem 
pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é 
necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se 
expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação 
cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São 
Paulo. 
 
A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo 
Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. 
Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos 
- as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os 
integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil. 
 
Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela 
designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras 
geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir 
o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita. "Isso faz com que a pessoa 
incorpore as estruturas linguísticas do idioma materno", diz Romão. Embora a técnica de silabação seja hoje 
vista como ultrapassada, o uso de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de 
alfabetização em diversos países do mundo. 
 
 Seres inacabados 
O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o 
aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador. "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-
la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. A alfabetização é, para o 
educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de "cultura do silêncio" e transformar a 
realidade, "como sujeitos da própria história". 
 
No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a ideia de que tudo está em permanente 
transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como 
crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como 
uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e 
inacabado" e consequentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete 
na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo 
está sendo". 
 
 Três etapas rumo à conscientização 
Embora o trabalho de alfabetização de adultos desenvolvido por Paulo Freire tenha passado para a história 
como um "método", a palavra não é a mais adequada para definir o trabalho do educador, cuja obra se 
caracteriza mais por uma reflexão sobre o significado da educação. "Toda a obra de Paulo Freire é uma 
concepção de educação embutida numa concepção de mundo", diz José Eustáquio Romão. Mesmo assim, 
distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele 
em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de 
conteúdos, mas, principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. O segundo 
momento é o de exploração das questões relativas aostemas em discussão - o que permite que o aluno construa o 
caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. No terceiro, finalmente, volta-se do abstrato para o 
concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve 
16 
 
sugerir ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, 
que é a conscientização do aluno. 
 
 Biografia 
Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife, numa família de classe média. Com o agravamento da crise econômica 
mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades 
econômicas. Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional para o magistério. 
Suas ideias pedagógicas se formaram da observação da cultura dos alunos - em particular o uso da linguagem - e 
do papel elitista da escola. Em 1963, em Angicos (RN), chefiou um programa que alfabetizou 300 pessoas em um 
mês. 
 
No ano seguinte, o golpe militar o surpreendeu em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do 
presidente João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro 
mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de 
alfabetização em países africanos. 
 
Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores 
e, entre 1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São Paulo. Freire foi casado duas vezes e teve cinco 
filhos. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 
20 idiomas. Morreu em 1997, de enfarte. 
 
 
 Para pensar 
Um conceito a que Paulo Freire deu a máxima importância, e que nem sempre é abordado pelos teóricos, é 
o de coerência. Para ele, não é possível adotar diretrizes pedagógicas de modo consequente sem que elas 
orientem a prática, até em seus aspectos mais corriqueiros. "As qualidades e virtudes são construídas por 
nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e fazemos", escreveu o 
educador. "Como, na verdade, posso eu continuar falando no respeito à dignidade do educando se o 
ironizo, se o discrimino, se o inibo com minha arrogância?" Você, professor, tem a preocupação de agir na 
escola de acordo com os princípios em que acredita? E costuma analisar as próprias atitudes sob esse 
ponto de vista? 
 
MOACIR GADOTTI 
 
Moacir Gadotti nasceu em Rodeio, Santa Catarina, em 1 de outubro de 1941, é 
um dos mais respeitados educadores brasileiros. É licenciado em Pedagogia 
(1967) e em Filosofia (1971). Fez Mestrado em Filosofia da Educação na 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP, 1973), Doutorado em 
Ciências da Educação na Universidade de Genebra (Suíça, 1977) e Livre 
Docência na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 1986). 
 
Em 1991 prestou concurso para Professor Titular na Universidade de São Paulo. 
Foi professor de História e Filosofia da Educação em cursos de graduação e 
pós-graduação em Educação e Filosofia de diversas instituições, entre elas a Pontifícia Universidade Católica de 
São Paulo, a Universidade Estadual de Campinas e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 
 
Desde 1988 é professor na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, atualmente está aposentado por 
esta Universidade, após 46 anos de magistério, mas continua dando aula e orientação na pós-graduação. 
 
Foi assessor técnico da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (1983-1984) e Chefe de gabinete da 
Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo (1989-1990), na gestão de Paulo Freire. 
 
Atualmente é diretor do Instituto Paulo Freire que ele ajudou a fundar em 1992, esse Instituto desenvolve inúmeros 
projetos de educação popular. Trabalhou na redação da Carta da Terra – tratado internacional que contém 
17 
 
princípios éticos para a vida no século XXI, e defende o uso dessa Carta nas escolas e universidades, para 
Moacir a Carta da Terra Internacional é um documento é uma ferramenta essencial para a transformação do 
mundo em um lugar justo e pacífico. 
 
 Autor de muitos livros, inclusive em parceria com Paulo Freire, com quem estudou nos anos 70, na Suíça. 
 
OBRAS 
Entre os livros publicados destacam-se: A educação contra a educação (1981), Pensamento pedagógico brasileiro 
(1987), Convite à leitura de Paulo Freire (1988), Escola cidadã (1992), História das ideias pedagógicas (1993), 
Pedagogia da Práxis (1995), Paulo Freire: uma biobibliografia (1996), Perspectivas Atuais da Educação (2000) e 
Pedagogia da Terra (2000). Um legado de esperança (2001). 
 
 
Em suas obras desenvolve uma proposta educacional cujos eixos são a formação crítica do educador e a 
construção da Escola Cidadã, numa perspectiva dialética integradora da educação e orientada pelo 
paradigma da planetariedade. 
 
Entre temas tratados por Gadotti estão: 
 
EDUCAÇÃO TRADICIONAL 
Para ele ―A educação tradicional e a nova têm em comum a concepção da educação como processo de 
desenvolvimento individual.‖ E ainda mais: ―Todavia, o traço mais original da educação desse século é o 
deslocamento de enfoque do individual para o social, para o político e para o ideológico‖. Destaca: ―não há 
idade para se educar, de que a educação se estende pela vida e que ela não é neutra‖. 
 
EDUCAÇÃO INTERNACIONALIZADA 
Gadotti apresenta a Educação Internacionalizada sobre a chancelaria da Unesco, que não é nova, data de 1899 e 
foi fundada em Bruxelas. "No final do século XX, o fenômeno da globalização deu novo impulso à ideia de 
uma educação igual para todos, agora não como princípio de justiça social, mas apenas como parâmetro 
curricular comum." 
 
NOVAS TECNOLOGIAS 
Gadotti crê ser possível a utilização ostensiva da Internet para a Educação a Distância para atingir este 
objetivo, percebe ainda que um grande problema para a difusão desta nova cultura de formação se deve a 
uma outra cultura: a da utilização do papel, a interferência burocrática do estado e também as ideologias 
mercadológicas. 
 
Moacir destaca a importância da escola, das metodologias e das mídias não apenas para processos 
mnemônicos (memorização), mas para a formação do pensamento crítico. 
 
PARADIGMAS HOLONÔMICOS 
Apresentam-se os paradigmas Holonômicos9. Caracterizam-se em especial pela proposta de uma nova relação 
entre produção e ser humano, principalmente representado pelo pensamento de Edgar Morin. Aqui o foco do 
saber não está institucionalizado, mas voltado para dentro do próprio ser humano valorizando seus 
aspectos subjetivos, cotidianos e ocasionais. Destacam-se categorias como: ―decisão, projeto, ruído, 
ambiguidade, finitude, escolha, síntese, vínculo e totalidade‖. 
 
Aqui Gadotti apresenta novamente a filologia da palavra holonômico, detenhamo-nos: 
 
 
9
 Relativo à holonomia, característica de um sistema cujos vínculos são expressos por um número finito de 
equações. Princípio holonôomico é um termo que representa um princípio segundo o qual cada elemento psíquico 
reproduz a totalidade de todo o psiquismo. 
18 
 
Etimologicamente, holos, em grego, significa todo e os novos paradigmas procuram centrar-se na totalidade. 
Mais do que a ideologia, seria a utopia que teria essa força para resgatar a totalidade do real, totalidade 
perdida. Para os defensores desses novos paradigmas, os paradigmas clássicos - identificados no 
positivismo e no marxismo - seriam marcados pela ideologia e lidariam com categorias redutoras da 
totalidade. 
 
Ao contrário, os paradigmas holonômicos pretendem restaurar a totalidade do sujeito, valorizando a sua iniciativa e 
a sua criatividade, valorizando o micro, a complementaridade,a convergência e a complexidade. Para eles, os 
paradigmas clássicos sustentam o sonho milenarista de uma sociedade plena, sem arestas, em que nada 
perturbaria um consenso sem fricções. 
 
Ao aceitar como fundamento da educação uma antropologia que concebe o homem como um ser 
essencialmente contraditorial, os paradigmas holonômicos pretendem manter, sem pretender superar, 
todos os elementos da complexidade da vida. 
2. TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA 
Focada na margem de liberdade do sistema, visa gerar nos alunos princípios educativos libertários e 
autogestionários. O conhecimento advém das experiências vividas pelo grupo, principalmente as de participação 
crítica. Não há relação de poder entre aluno e professor, e este se coloca como orientador e catalisador do grupo 
para uma reflexão comum. 
CELESTIN FREINET 
 
Célestin Freinet (1896-1966), crítico da escola tradicional e das escolas novas, 
foi criador, na França, do movimento da escola moderna. Seu objetivo básico 
era desenvolver uma escola popular. Na sua concepção, a sociedade é plena 
de contradições que refletem os interesses antagônicos das classes sociais 
que nela existem, sendo que tais contradições penetram em todos os 
aspectos da vida social, inclusive na escola. 
 
Para ele, a relação direta do homem com o mundo físico e social é feita 
através do trabalho (atividade coletiva) e liberdade é aquilo que decidimos 
em conjunto. 
 
Em suas concepções educacionais dirige pesadas críticas à escola tradicional, que considera inimiga do 
―tatear experimental‖, fechada, contrária à descoberta, ao interesse e ao prazer da criança. Analisou de 
forma crítica o autoritarismo da escola tradicional, expresso nas regras rígidas da organização do trabalho, 
no conteúdo determinado de forma arbitrária, compartimentados e defasados em relação à realidade social 
e ao progresso das ciências. 
 
Mas, critica também as propostas da Escola Nova, particularmente Decroly e Montessori, questionando 
seus métodos, pela definição de materiais, locais e condições especiais para a realização do trabalho 
pedagógico. Para Freinet as mudanças necessárias e profundas na educação deveriam ser feitas pela base, 
ou seja, pelos próprios professores. O movimento pedagógico fundado por ele caracteriza-se por sua 
dimensão social, evidenciada pela defesa de uma escola centrada na criança, que é vista não como um 
indivíduo isolado, mas, fazendo parte de uma comunidade. 
 
Atribui grande ênfase ao trabalho: as atividades manuais têm tanta importância quanto as intelectuais, a 
disciplina e a autoridade resultam do trabalho organizado. Questiona as tarefas escolares (repetitivas e 
enfadonhas) opostas aos jogos (atividades lúdicas, recreio), apontando como essa dualidade presente na 
escola, reproduz a dicotomia trabalho/prazer, gerada pela sociedade capitalista industrial. A escola por ele 
concebida é vista como elemento ativo de mudança social e é também popular por não marginalizar as 
crianças das classes menos favorecidas. 
 
19 
 
Propõe o trabalho/jogo como atividade fundamental. Freinet elabora toda uma pedagogia, com técnicas 
construídas com base na experimentação e documentação, que dão à criança instrumentos para aprofundar 
seu conhecimento e desenvolver sua ação. ―O desejo de conhecer mais e melhor nasceria de uma situação 
de trabalho concreta e problematizadora.‖ 
 
O trabalho de que trata aí não se limita ao manual, pois o trabalho é um todo, como o homem é um todo. 
Embora adaptado à criança, o trabalho deve ser uma atividade verdadeira e não um trabalho para brincar, 
assim como a organização escolar não deve ser uma caricatura da sociedade.‖ O trabalho de que trata aí não 
se limita ao manual, pois o trabalho é um todo, como o homem é um todo. 
 
Embora adaptado à criança, o trabalho deve ser uma atividade verdadeira e não um trabalho para brincar, 
assim como a organização escolar não deve ser uma caricatura da sociedade‖. Dá grande importância à 
participação e integração entre famílias/comunidade e escola, defendendo o ponto de vista de que ―se se 
respeita a palavra da criança, necessariamente há mudanças‖. 
Técnicas empregadas na Pedagogia de Freinet 
Freinet construiu com seus alunos diversas práticas pedagógicas que tinham como objetivo aproximar a escola da 
vida. 
 
As aulas-passeio atendiam a esta finalidade. Em vez de discutir temas desvinculados da vida da 
comunidade, Freinet saía com seus alunos passeando pelas proximidades, fazendo observações e 
descobertas sobre aspectos da natureza, da vida social, econômica e cultural da região. 
 
Debates eram realizados e registrados no Livro da Vida. Não só os alunos tinham a oportunidade de realizar 
observações sobre fatos relevantes, como conceitos e conteúdos se organizavam. Isto requeria uma série 
de habilidades que iam sendo desenvolvidas: atenção, observação, análise, síntese, capacidade de 
organização de ideias, poder de argumentação, habilidades de expressão oral e escrita. 
 
Gradativamente Freinet criou a imprensa escolar. Esta criação possibilitou a construção de textos mais próximos 
dos interesses dos alunos. 
 
Através da imprensa escolar, os alunos elaboravam jornais cuja leitura era compartilhada por amigos e familiares. 
A correspondência interescolar abriu ainda mais estas fronteiras. Os alunos enviavam fotos, desenhos, cartas, 
jornais para colegas distantes. Foi assim que as crianças da montanha passaram a conhecer o mar, a pesca e os 
costumes de comunidades que viviam em aldeias marítimas. E estes, ficavam sabendo das colheitas, da vida dos 
pastores, dos tecelões, das histórias das comunidades do interior. 
 
Freinet desenvolveu a educação pelo trabalho. Seus alunos lidavam com impressoras, tipos de impressão, com 
teares, ateliers de artes, com a horta e até com a organização de encanamentos que levavam água da aldeia até a 
escola. 
 
A livre expressão é muito valorizada na Pedagogia Freinet. Nos ateliers de arte os alunos tinham oportunidade 
de exercitar a criatividade exprimindo seus sentimentos, suas emoções, suas impressões, suas reflexões. 
 
Os suportes para a livre expressão eram variados: a palavra oral e escrita, a música, a pintura, o teatro. Freinet 
se utilizava de diferentes recursos: máquinas fotográficas, projetor de diapositivos, câmeras, toca-discos. 
 
Outra técnica criada por Freinet foram às fichas autocorretivas para trabalho individual. Seus alunos, 
também, faziam trabalhos agrícolas, de marcenaria, de jardinagem e horta. 
 
No centro da Pedagogia Freinet estavam os princípios da cooperação, solidariedade e autonomia. São criações de 
Freinet: Aula-Passeio; Biblioteca; Cantos de Atividades; Complexos de Interesse; Correspondência Interescolar; 
Estudo do Meio; Fichário Autocorretivo; Fichário Escolar Cooperativo; Imprensa na Escola; Jornal Escolar; Jornal 
Mural; Livro da Vida; Planos de Trabalho e Texto Livre. 
 
20 
 
A Escola centralizada na criança 
A escola tradicional estava baseada na matéria a ensinar e nos programas que definiam esta matéria 
hierarquizando-a. A escola do futuro girará à volta da criança, membro da comunidade. 
 
―A própria criança constrói a sua personalidade com a nossa ajuda‖. Trata-se de uma verdadeira correção 
pedagógica racional, eficiente e humana, que deve permitir à criança enfrentar com o máximo de realização, o seu 
destino de homem. 
 
A criança deve ter a possibilidade de escolher o seu caminho consoante as suas aptidões, gostos e necessidades. 
 
A escola do futuro deverá preparar os jovens para uma vida profissional, enfim para a realidade que as espera ―lá 
fora‖. 
 
A Educação pelo trabalho 
A educação pelo trabalho é mais do que uma vulgar educação pelo trabalho manual, mais do que uma pré-
aprendizagem prematura. Ela é assente na tradição, mas prudentemente impregnada pela ciência e a mecânica 
contemporânea, o ponto de partida de uma culturacujo centro será o trabalho. Essa ideia de educação pelo trabalho 
não significa que tenhamos que andar na escola, a tratar de plantas, animais, a trabalhar de pedreiro e ferreiro. 
 
Para muitos essa concepção de trabalho é menos prezante, pois reservamos para os outros as tarefas de 
pensamento. O trabalho é um todo, pode haver um bom senso, inteligência. O homem através da especulação 
filosófica constrói um muro. O objetivo da educação pelo trabalho é essencialmente a integração do mesmo, evitar o 
mecanismo que é embustecedor, tentar restabelecer uma interdependência entre as diversas funções. 
 
Por um lado a atividade física, por outro a afetividade e o pensamento. 
 
Objetivos Gerais 
Impõe-se, portanto uma readaptação da nossa escola pública a fim de oferecer às crianças do séc. XX uma 
educação que responda às necessidades individuais, sociais, intelectuais, técnicas e morais da vida do povo no 
tempo da eletricidade, da aviação, do cinema, da rádio… 
 
A escola do povo não poderá existir sem a sociedade popular. 
A escola nunca está na vanguarda do progresso social. Pode estar em teoria, o que nunca é suficiente, mas na 
prática o seu desenvolvimento está demasiadamente condicionado pelo meio familiar, social e político para que se 
possa conceber para ela uma hipotética libertação autônoma. 
 
A escola, pelo contrário, acompanha sempre com um atraso mais ou menos lamentável as conquistas sociais. 
 
Primeira Etapa Educativa 
Trabalhar eficazmente graças a utensílios e a uma técnica apropriada para se instruir, se enriquecer, se aperfeiçoar, 
subir e crescer. 
 
Grandes Etapas Educativas 
Consideramos: 
1º O período de Pré-ensino, do nascimento até por volta dos dois anos. 
2º As reservas de infância e os jardins de infância, dos dois aos quatro anos. 
3º A escola maternal e infantil, dos quatro aos sete anos. 
4º A escola primária, dos sete aos catorze anos. 
 
Seus Prós e Contras 
Vemos que Freinet considera a aquisição do conhecimento como fundamental, mas, essa aquisição deve ser 
garantida de forma significativa. 
 
21 
 
Podemos afirmar que Freinet é um dos pedagogos contemporâneos que mais contribuições oferece àqueles 
que atualmente estão preocupados com a construção de uma escola ativa, dinâmica, historicamente 
inserida em um contexto social e cultural. 
 
Logicamente em termos de nossa realidade atual, podemos levantar questionamentos a algumas de suas 
concepções, tais como: uma visão otimista demais do poder de transformação exercido pela escola, a identificação 
da dimensão social aos fatores de classe, deixando de fora os aspectos discriminativos relativos a questões de cor e 
sexo, da proposta do professor ser o ―escriba‖ dos alunos, quando as investigações mais atuais da psicolinguística 
nos levam para outra direção. 
 
Turmas numerosas 
Embora seja desejável que o número de alunos das turmas não ultrapasse a média de 30 ou 35, não é impossível 
trabalhar a Pedagogia Freinet em turmas com número mais elevado de alunos. 
 
No seu tempo, Freinet também lidava com turmas numerosas e heterogêneas. Havia na mesma classe alunos que 
sabiam ler, outros que ainda não sabiam, enfim, o tom daquela época eram turmas multisseriadas, nas escolas 
rurais. Isto não impediu o bom trabalho desenvolvido por Freinet. 
 
O pedagogo francês sabia como organizar seus alunos em grupos de acordo com seus interesses. Havia 
momentos em que todos participavam das mesmas atividades e, em outros momentos, Freinet dedicava 
atenção especial a pequenos grupos atendendo-os em suas especificidades. 
 
O trabalho diversificado, o apoio dos colegas mais experientes aos outros com menos experiência, é a tônica da 
Pedagogia Freinet. 
 
A Avaliação 
―Professores e pais, no entanto, apoiam essa prática porque nas atuais condições da escola, com crianças 
que não tem desejo de trabalhar, as notas e as classificações são ainda o meio mais eficaz de sancionar e 
estimular. Se bem que este meio tenha uma contrapartida sumamente perigosa: como se trata de dar notas com 
um mínimo de erro, recorre-se, em Pedagogia, a tudo o que é mensurável. Um exercício, um cálculo, um 
problema, a repetição de um curso, tudo isso pode supor, efetivamente, uma nota aceitável. Mas a 
compreensão, as funções da inteligência, a criação, a invenção, o sentido artístico, científico, histórico, não 
se podem mensurar. Ficam então reduzidos ao mínimo, na escola, e são abolidos da competição‖. (Célestin 
Freinet) 
 
Célestin Freinet acreditava que a avaliação deveria ser contínua e significativa, ou seja, não deveria existir 
apenas aquela semana de provas, como é a realidade (infelizmente) de muitas escolas. Os alunos que 
frequentavam a escola de Freinet, assim como outros alunos da França, eram avaliados de tempos em tempos por 
inspetores escolares. Na época, essa inspeção era muito rígida, porém, o resultado dos seus alunos não poderia ser 
diferente. Como eram avaliados o tempo todo, eles não apresentavam dificuldade alguma nos resultados que 
obtiam. 
 
Para Célestin Freinet facilitar essa avaliação contínua e significativa, ele desenvolveu as fichas de auto-correção. 
Cada aluno usando dessas fichas tem a chance de fazer sua própria correção, percebendo exatamente onde errou 
e porque errou, no final desse processo o aluno estará se auto-avaliando. Essa auto-correção deve ser 
complementada e concluída nos encontros semanais dirigidos pelo educador da sala, é aberto espaço para 
discussão sobre as dificuldades e os avanços de cada um sobre cada tema abordado durante as aulas. 
 
Esse tipo de avaliação contínua e significativa deve ser participativa e transparente, não sendo apenas de 
responsabilidade do educador, mas de cada aluno, tornando-se assim responsável pelo se próprio progresso. 
 
Livros Didáticos 
Freinet escreveu um artigo intitulado ―Abaixo os manuais escolares‖ que, à época, revolucionou as ideias sobre os 
pesados compêndios escolares que serviam de apoio à educação de crianças e adolescentes. 
22 
 
 
Para Freinet, manuais daquele tipo, enciclopédicos, não tinham nenhuma relação com a vida e lidavam com os 
conteúdos de forma fragmentada. 
 
Freinet sugeria que professores e alunos construíssem seus próprios textos e fichas de estudos. 
 
Ser Humanista Segundo Freinet 
Ser humanista na visão de Célestin Freinet, é a capacidade que todo educador tem de desenvolver plenamente 
todas as capacidades da criança. Ele procurou aprimorar todas as suas atividades, tento como concepção o bem-
estar e a dignidade da criança como ser humano. Ele, foi muito além do que se refere a valores ideológicos e até 
mesmo religiosos, levou em conta a ―ética humana‖. Muitas das palavras ditas por Célestin Freinet ao longo da sua 
vida vêm de encontro com a Declaração Universal dos Direitos das Crianças da ONU. 
 
Quem estuda a Pedagogia Freinet e trabalha com ela diariamente, percebe que se trata muito mais do que 
uma simples ―Proposta Pedagógica‖, diria que é uma ―Filosofia de Vida‖. A criança é vista como um ser 
autônomo para qual é capacitada a escolher sobre orientação, quais as atividades a ser desenvolvida segundo o 
seu próprio interesse. É vista também, como um ser racional, capaz de desde muito cedo a opinar e criticar 
diante de fatos ou assuntos que lhe são expostos, é dado o direito e a oportunidade de raciocinar sobre 
tudo aquilo que lhe é proposto, tudo passa a ser mais significativo. O livre arbítrio também é respeitado entre 
as crianças, sendo respeitada nas suas escolhas e recusas, sempre analisando o motivo de tal decisão. 
 
Assim como no adulto, toda criança já possui dentro de si mesma uma consciência moral, cabe ao 
educador ajudar a desenvolver e a aprimorar essa moral primitiva. Quem conhece o trabalho da Pedagogia 
Freinet na prática, pode presenciar um dos direitos do ser humano ser respeitado e valorizado, que nada 
mais é, do que o direito de desenvolver a capacidade

Continue navegando