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HISTÓRIA 2CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologiasEduardo Antônio Dimas História para Vestibular Medicina 2ª edição • São Paulo • 2016 hexag SISTEMA DE ENSINO hexag SISTEMA DE ENSINO © Hexag Editora, 2016 Direitos desta edição: Hexag Editora Ltda. São Paulo, 2016 Todos os direitos reservados. Autor Eduardo Antônio Dimas Diretor geral Herlan Fellini Coordenador geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial Hexag Editora Diretor editorial Pedro Tadeu Batista Editores Alexandre Rocha Jabur Maluf Guilherme Henrique Fanchioni Felgueiras Luiz Fernando Marietto Revisora Ana Paula Chican de Oliveira Pesquisa iconográfica Camila Dalafina Coelho Programação visual Hexag Editora Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Bruno Alves Oliveira Cruz Camila Dalafina Coelho Eder Carlos Bastos de Lima Raphael de Souza Motta Capa Hexag Editora Fotos da capa (de cima para baixo) http://www.fcm.unicamp.br Acervo digital da USP (versão beta) http://www.baia-turismo.com Impressão e acabamento Imagem Digital ISBN: 978-85-68999-11-0 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra está sendo usado apenas para fins didáticos, não represen- tando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2016 Todos os direitos reservados por Hexag Editora Ltda. Rua da Consolação, 954 – Higienópolis – São Paulo – SP CEP: 01302-000 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br CARO ALUNO, O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo e em todo Brasil. Ao atualizar sua coleção de livros para 2016, o Hexag considerou o principal diferencial em relação aos concorrentes: a sua exclusiva metodologia fundamentada em três pontos – período integral, estudo orientado (E.O.) e salas reduzidas. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enriquecido, inclusive com questões recentes dos principais vestibulares 2016. Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens e também na utilização de cores. No total, são 61 livros, distribuídos da seguinte forma: § 21 livros de Ciências da Natureza e suas tecnologias (Biologia, Física e Química); § 14 livros de Ciências Humanas e suas tecnologias (História e Geografia); § 07 livros de Linguagens, Códigos e suas tecnologias (Gramática, Literatura e Inglês); § 07 livros de Matemática e suas tecnologias; § 04 livros de Sociologia e Filosofia; § 04 livros “Entre Aspas” (Obras Literárias da Fuvest e Unicamp); § 02 livros “Entre Frases” (Estudo da Escrita – Redação); § 02 livros “Entre Textos” (Interpretação de Texto). O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva o que o aluno realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Os capítulos foram finalizados com cinco categorias de exercícios, trabalhadas nas sessões de Estudo Orien- tado (E.O.), como segue: § E.O. Teste I: exercícios introdutórios de múltipla escolha, para iniciar o processo de fixação da matéria estudada em aula; § E.O. Teste II: exercícios de múltipla escolha, que apresentam grau médio de dificuldade, buscando a con- solidação do aprendizado; § E.O. Teste III: exercícios de múltipla escolha com alto grau de dificuldade; § E.O. Dissertativo: exercícios dissertativos nos moldes da segunda fase da Fuvest, Unifesp, Unicamp e outros importantes vestibulares; § E.O. Enem: exercícios que abordam a aplicação de conhecimentos em situações do cotidiano, preparando o aluno para esse tipo de exame. A edição 2016 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina. Herlan Fellini Aulas 9 e 10: Império Bizantino e civilização muçulmana 6 Aulas 11 e 12: Reino Franco e Igreja Católica 26 Aulas 13 e 14: O sistema feudal 42 Aulas 15 e 16: Baixa Idade Média 58 HISTÓRIA GERAL © C ris tin aM ur ac a/ Sh ut te rs to ck Império Bizantino e civilização muçulmana Aulas 9 e 10 7 © C ris tin aM ur ac a/ Sh ut te rs to ck IImpérIo BIzantIno Origens O Império Romano no ano 395 d.C. Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987. p. 34. Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987, p. 34. A morte do imperador Teodósio, em 395 d.C., determinou o fim da unidade do Império Romano que foi dividido entre os seus filhos em duas partes: o Império Romano do Ocidente, com capital em Milão e depois em Ravena, e o Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla. Essa cidade chamava-se anteriormente Bizâncio, uma antiga colônia grega que apresentava grande desenvolvimento econômico e comercial, especialmente em virtude de sua privilegiada e estratégica localização, entre os mares Egeu e Negro. Após a separação, os orientais continuaram chamando-a de Bizâncio – o antigo nome grego –, assim, o Império Romano do Oriente passou a ser chamado Império Bizantino. Economia e sociedade A crise que abalou o Império Romano, a partir do século III, não atingiu igualmente o Ocidente e o Oriente. A queda da produção agrícola, o declínio do comércio e a intensa pressão inflacionária foram fatores caracterís- ticos da parte ocidental do império. O poder imperial, enfraquecido pela sistemática intervenção do exército, tendeu à fragmentação e à descentralização. Por ou- tro lado, a região oriental, dotada de estrutura econô- mica, política e administrativa mais sólida, recebeu o impacto da crise com mais capacidade de absorvê-la. Sua agricultura sofreu um pequeno declínio, mas a ma- nufatura e o comércio mantiveram-se articulados. Não sofreu o êxodo urbano e não passou pela ruralização, que marcavam o Ocidente. As levas bárbaras do Oriente, especialmente os hunos e eslavos, chegaram a ocupar algumas províncias do Império Bizantino, apesar disso, Constantinopla conseguiu manter sua autoridade sobre um conjunto unificado de territórios e povos capazes de sustentar sua riqueza. O imperialismo e sua localização privilegiada como ponto de cruzamento entre dois continentes pos- sibilitaram a Constantinopla usufruir das vantagens da sua posição de vital importância comercial, cultural e diplomática, permitindo-lhe o controle das rotas que li- 8 gavam a Ásia à Europa assim como a passagem do mar Mediterrâneo para o mar Negro. O comércio proporcionou o crescimento da im- portância e o grande enriquecimento de Bizâncio, que se tornou a maior metrópole do Oriente. Centro de im- portantes rotas comerciais, a cidade passou a controlar o intercâmbio de produtos entre o Mar Mediterrâneo e o mar Negro e, especialmente, entre o mar Negro e o estreito de Bósforo. No setor agrícola, predominavam os latifúndios. Raros eram os pequenos lavradores independentes. Rendeiros e servos formavam ogrosso da população agrícola. A Igreja concentrava em suas mãos ampla por- centagem da riqueza agrária, tornando os mosteiros as entidades mais ricas no império. A sociedade era urbanizada. Constantinopla, por exemplo, abrigava um milhão de habitantes. Banquei- ros, mercadores, manufatureiros e grandes proprietários de terras constituíam uma elite extremamente enrique- cida. Vestimentas de lã e seda, entrelaçadas com fios de ouro e prata, dão a medida do grau de ostentação exibido pela opulenta elite bizantina. Nas camadas in- termediárias estavam os trabalhadores urbanos do co- mércio e das manufaturas. No campo, predominavam os servos, proibidos de saírem das terras onde nasceram. Os escravos realizavam trabalhos domésticos. A sociedade bizantina preservou parte das ins- tituições ocidentais, como o uso eventual do latim, estruturas administrativas e alguns costumes sociais. Todavia, houve ali predominância de aspectos culturais gregos e orientais, como a oficialização da língua grega no século VII. Política O Estado beneficiou-se do enriquecimento proporcio- nado pelo comércio, possibilitando seu fortalecimento como uma monarquia centralizada, despótica, teocrá- tica e hereditária. O imperador possuía grandes pode- res políticos, além de ser o chefe do Exército e da Igre- ja, com direito de intervir nos assuntos eclesiásticos (cesaropapismo). A organização estatal era burocrática, possuindo os imperadores bizantinos um grande número de minis- tros, funcionários e auxiliares. O auge do império: Justiniano (527-565 d.C.) Império Bizantino em 565 d.C. Mediolano Império Sassânida Cesareia Germanícia Ancara Amório Icônico Adália Prusa Pérgamo Esmirna Antioquia Mileto Selêucia Antioquia Laodiceia Trípoli Damasco Berito Chipre Edessa Alepo Amida Coloneia Trebizonda Nicomédia Heracleia Sínope Constantinopla Sozópolis Odessos Quérson Silistra Mar NegroNicópolis Adrianópolis Tessalônica Naísso Cízico Abidos Lárissa Tebas AtenasPatras Escupi Viminácio Sírmio Creta Nazaré Jafa Jerusalém Alexandria Mênfis Mar Mediterrâneo Qift Árabes Ávaros Dirráquio Bari Tarento Crotona Messina Nápoles Panormo Sicília Siracusa Sardenha Cartago Sufetula Trípoli Córsega Roma Ancona Salona Ravena Pisa Baleares Visigodos Córdoba Cartagena Tingi Império Bizantino em 565 Império antes do reinado de Justiniano Conquistas de Justiniano 0 200 400 600 800 1000 km Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Bizantino#/media/File:The_ Byzantine_State_under_Justinian_l-pt.svg Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Bizantino#/media/File:The_Byzantine_State_under_Justinian_l-pt.svg>. O principal imperador bizantino foi Justiniano (527-565). Durante seu governo, o poder imperial atingiu seu auge, sen- do conferidos poderes ilimitados ao imperador, que, por sua vez, ampliou os privilégios do clero e da nobreza. Ampliou 9 © M eis te r v on S an Vi ta le i/W iki me dia C om mo nsas conquistas territoriais, estendendo as fronteiras às Penínsulas Itálica e Ibérica, além da conquista e dominação de territórios no norte da África. Os gastos militares forçaram a elevação dos impostos a níveis insuportáveis. A cobrança dos impostos dependia da eficiência dos funcionários, odiados pela população de Constantinopla. As pressões da arrecadação desencadearam, em 532, um violento levante conhe- cido por Revolta Nika. Os membros dos dois principais partidos políticos, o Verde e o Azul, costumavam frequentar o hipódromo da cidade. Aristocratas legitimistas, que negavam o direito de Justinia- no ao trono, instigaram os partidos à rebelião fazendo numerosas exigências. A princípio, o imperador os atendeu. Mas, esgotados os meios pacíficos para o atendimento das partes, o conflito se tornou violento. Orientado por sua esposa Teodora e respaldado pelos exér- citos comandados pelo general Belisário, Justiniano cercou o hipó- dromo, centro de reunião dos rebelados, massacrando 30 mil pesso- as e pondo fim ao movimento contestador. No governo de Justiniano foi construída a Igreja de Santa Sofia, considerada a mais importante obra da arquitetura bizantina, cuja suntuosidade exprimia a força do poder do Estado personifica- do pelo Imperador. Com o objetivo de expressar as tendências in- trospectivas e espirituais da religião cristã e o poder de Deus como iluminador das almas e dos espíritos, seus arquitetos projetaram um aspecto sóbrio na face externa e, de forma contrastante, decoraram o interior com mosaicos ricamente coloridos, detalhes folheados a ouro, colunas de mármore de cores variadas e pedaços de vidro colo- rido que refletiam os raios solares cintilando como pedras preciosas. A igreja passou a ser o palco da maioria das cerimônias de coroação dos imperadores bizantinos. A publicação do Corpus Juris Civilis ou Código de Jus- tiniano, que serviu de referência a códigos civis de diversas na- ções, foi a grande realização de Justiniano no campo jurídico. O código resultou de uma compilação do Direito Romano e tinha a seguinte subdivisão: § Código – conjunto de leis romanas (síntese de quase dois mil anos de jurisprudência romana); § Digesto – comentários dos grandes juristas sobre essas leis; § Institutas – princípios fundamentais do Direito Romano (ma- nual para uso dos estudantes); e § Novelas – novas leis do período de Justiniano. A Igreja Bizantina Em 380 d.C., antes mesmo da divisão do Império em Ocidente e Oriente, o imperador Teodósio havia decretado o Edito de Tessalônica, que estabelecia a oficialização do cristianismo como religião de Estado do Império Romano. No Oriente, o cristianismo foi integrado à cultura local, incorporando aspectos da realidade bizantina, in- © Ar tu r B og ac ki/ Sh ut te rs to ck © M eh me t C et in/ Sh ut te rs to ck Mosaico com imagem de Justiniano, na basílica de São Vital, em Ravena. Vista parcial do interior da basílica de Santa Sofia. Basílica de Santa Sofia, em Stambul. 10 teiramente diversos da realidade ocidental. Assim, o cristianismo oriental passou a ter características próprias, diferenciando-se cada vez mais do ocidental, com grande ênfase na valorização da espiritualidade. O efeito dessas diferenças foi o surgimento, no Oriente, das divergências doutrinárias: as heresias, o monofisismo e a iconoclastia. Os monofisistas defendiam a natureza unicamente divina de Cristo, negando sua natureza humana, enquanto os iconoclastas pregavam a destruição das imagens e a sua proibição nos templos. Os cristãos orientais denominavam de ícones quaisquer imagens tridimensionais de Cristo ou santos incor- poradas às cerimônias religiosas. Dentre os principais produtores de ícones encontravam-se os monges, que aufe- riam grandes lucros nesse ramo comercial. Isentos de tributação, proprietários de grandes propriedades, exercendo grande influência na sociedade, representavam uma ameaça ao poder central. A corriqueira utilização de ícones nos templos e mesmo nas casas era vista por muitos como uma prática idólatra, ou seja, de adoração de ídolos. Visando enfraquecer o poder dos monges, o imperador Leão III, em 725, proibiu o uso de imagens tridimen- sionais nos templos, determinando sua destruição ou iconoclastia. O papa manifestou-se declarando herética a proibição de imagens, aprofundando os desentendimentos com o imperador e igreja bizantinos. O Cisma do Oriente (1054) O patriarca de Constantinopla era a figura eclesiásti-ca de maior poder no Oriente. Com a conversão dos eslavos ao cristianismo e a prosperidade do império, fortalecia-se sua autoridade. Ele recusava a supremacia do papa sobre sua Igreja, considerando-se o supremo mandatário do povo cristão. Foram várias as características diferenciadoras desenvolvidas pelo patriarca no Oriente. O ritual era ce- lebrado em grego e não em latim. O Estado bizantino controlava a Igreja (cesaropapismo) e algumas crenças e costumes eram rejeitados pela Igreja oriental, como, por exemplo, a existência do purgatório ou a decoração dos templos com imagens tridimensionais de Cristo e de santos. As inúmeras divergências levaram à separação entre as igrejas orientais e ocidentais, em 1054. O cha- mado Cisma do Oriente levou à formação de duas igre- jas distintas: a Igreja Católica Apostólica Romana, dirigida pelo Papa, e a Igreja Cristã Ortodoxa, lidera- da pelo Patriarca de Constantinopla. Decadência do Império Bizantino Além do fortalecimento do poder dos grandes proprietários rurais, do enfraquecimento do poder do imperador e das disputas religiosas, contribuíram para o declínio do Império Bizantino os constantes ataques que Bizâncio passou a sofrer, especialmente das cidades italianas, a partir do século XIII, e das investidas de bárbaros e árabes. Sua posição e riqueza despertavam a cobiça de impérios que surgiram e se fortaleciam. A entrada de Maomé II em Constantinopla, de Jean-Joseph-Benjamin Constant. 11 Pouco depois da morte de Justiniano (565), os lombardos, povo germânico que até então havia sido manti- do no solo onde hoje é a Hungria, tomaram dos bizantinos o ducado de Ravena e marcharam sobre Roma. Ainda nos séculos VII e VIII, os árabes muçulmanos tomaram do Império Bizantino as regiões do norte da África e sul da Península Ibérica. Anexaram, também, o Egito, a Palestina, a Síria e a Mesopotâmia, reduzindo a civilização bizantina a um território sensivelmente menor ao período anterior a Justiniano. Depois de um longo cerco, em 1453, os turcos otomanos, comandados pelo sultão Maomé II, conquistaram a cidade de Constantinopla ou Bizâncio, destruindo o Império Bizantino. Constantinopla tornou-se a capital de outro Estado poderoso, o Império Otomano, passando a se chamar Istambul e permanecendo, até os dias atuais, como a maior e mais importante cidade da República da Turquia. A tomada de Constantinopla foi utilizada como marco da transição da Idade Média para a Idade Moderna. CIvIlIzação muçulmana A Arábia pré-islâmica Fonte: <www.img.mat.br/homepage/ joao_afonso/J.A/Aula18.html>. A Arábia é uma península árida localizada no Oriente Mé- dio. Ao sul, é banhada pelo oceano Índico, a oeste, pelo mar Vermelho e a leste, pelas águas do golfo Pérsico. Ao norte, a Arábia pré-islâmica limitava-se com a Palestina. Até o século VII, os árabes estavam divididos: de um lado, as tribos beduínas, habitando a “Arábia Desértica”, nômades que se dedicavam ao pastoreio e frequentavam os oásis – poços de água em meio aos desertos; de outro, os habitantes da “Arábia Feliz” ou Hedjaz – faixa costeira e fértil ao longo do mar Verme- lho. Viviam da agricultura e do comércio. Existia ali uma localidade importante, Áden, que funcionava como en- treposto de produtos orientais: especiarias, sedas e joias. Bagdá Pérsia Egito PENÍNSULA ARÁBICA Meca Medina Gaza Alexandria Antióquia Mar Mediterrâneo Oceâno Índico M ar Verm elho Golfo Pérsico Fustal (Cairo) Jerusalém Damasco Basra www.img.mat.br/homepage/joao_afonso/J.A/Aula18.html Os diversos povos da Arábia estavam divididos em várias tribos; portanto, não formavam um Estado com unidade política. Mas tinham elementos culturais comuns, como o idioma árabe e certas crenças religiosas. A principal cidade árabe era Meca, onde havia um santuário religioso, Caaba (casa de Deus), que reu- nia as principais divindades de toda a Arábia (mais de 300 ídolos pertencentes às tribos do deserto). Ali estava a Pedra Negra, provavelmente um pedaço de meteori- to protegido por uma tenda de seda preta, na forma de um cubo, que era bastante venerada, pois se acreditava ter sido trazida do céu pelo anjo Gabriel. O santuário ajudou a transformar Meca no cen- tro religioso e comercial dos árabes, já que a cidade era o ponto de encontro de pessoas e de mercadorias de diversas regiões. Origens do islamismo O responsável pela unidade política e religiosa da Pe- nínsula Arábica foi Maomé, criador e divulgador da religião muçulmana. Maomé (Muhammad) nasceu em 570 na cidade de Meca. Seus pais pertenciam a um dos mais pobres clãs da tribo dos coraixitas, os haxemitas. O pai morreu cedo e o menino ficou aos cuidados do avô, que o levou para viver 12 no meio de uma tribo no deserto. Lá, Maomé assimilou as necessidades materiais e espirituais da população do de- serto. Regressou a Meca aos 15 anos de idade e logo en- trou para o comércio de caravanas, orientado pelo tio Abu Taleb. As expedições com caravanas eram muito perigosas, pois podiam ser atacadas a qualquer momento. Por isso, exigiam de seus condutores habilidade militar. Maomé destacou-se como grande caravaneiro. Aos 20 anos em- pregou-se como caravaneiro de Khadidja, rica viúva, pelo menos 10 anos mais velha que ele e com quem se casou. Nas suas viagens, Maomé entrou em contato com povos e religiões diferentes. Esteve várias vezes no Egito, Palestina, Pérsia, regiões onde fervilhava o espírito religio- so. Conheceu principalmente o cristianismo e o judaísmo, sofrendo profunda influência dessas crenças religiosas. Por volta de 610, já com quase 40 anos, Maomé teve sua primeira visão do anjo Gabriel, que lhe teria ordenado “recitar o nome do Senhor” e que “havia um só deus, Alá, e um só profeta, Maomé”. Transformado por essa visão, Maomé convenceu-se de que fora es- colhido para servir como profeta. Depois de converter os parentes, Maomé começou a falar aos coraixitas. No início, todos ficaram impressionados com sua pregação. Mas depois passaram a desprezá-lo e, finalmente, a per- seguir Maomé e seus seguidores. No entanto, as pregações de Maomé foram bem recebidas pelos beduínos, pois prometia-lhes o paraíso com muita água, alimentos em abundância, mulheres e a presença de Alá. Assim, os beduínos começaram a seguir Maomé, enquanto os coraixitas o proibiram de pregar a fé em Alá e o monoteísmo na cidade de Meca. © W iki me dia C om mo ns Caaba No ano de 622, Maomé teria realizado um mi- lagre para provar que era profeta de Alá: “quebrou” a Lua. Provavelmente tratava-se de um eclipse e talvez Maomé conhecesse informações sobre o fato, até por- que manteve muitos contatos com o Oriente onde a as- tronomia era altamente desenvolvida. Perseguido pelos coraixitas, que mandaram as- sassiná-lo, Maomé fugiu para Iatreb (Yathrib), cidade rival de Meca onde já possuía seguidores. Esse evento ficou conhecido como Hégira e é utilizado como mar- co inicial do calendário muçulmano. Em latreb, Maomé conquistou rapidamente prestígio e poder, controlan- do a cidade que passou a ser chamada de Medina al Nabi – a Cidade do Profeta. A jihad ocupa um lugar importante no islamismo e era pregada por Maomé como o “esforço” ou a “luta” que cada pessoa tem de empreender internamente na busca de conseguir a fé perfeita. O Ocidente traduziu erradamente a palavra jihad como “guerra santa”, ou seja, como caminho para a conversão, estabelecendo que o paraíso seria o prêmio para aqueles que morres- sem em nome de Alá, enquanto os sobreviventes pode- riam se deleitar das riquezas materiais obtidasatravés dos saques e pilhagens; no entanto, tal interpretação não está no Alcorão. Após a conquista de Iatreb, o alvo principal pas- sou a ser a cidade de Meca. O crescente número de se- guidores possibilitou a formação de um exército nume- roso que cercou a cidade, preservando apenas a Caaba. Em seguida, Maomé fez um acordo com os coraixitas, estabelecendo a peregrinação a Meca como uma das obrigações da religião muçulmana. A dominação de Meca representou a implantação da unidade política e religiosa da região sustentada pelo islamismo. Meca transformou-se no centro religioso da crença monoteís- ta islâmica. Em 632, Maomé morreu, deixando difundida sua doutrina religiosa. Ao mesmo tempo, a Península Arábi- ca, que era um aglomerado de tribos e clãs dispersos, teve sua unificação política realizada através da unifica- ção religiosa. 13 Expansão islâmica REINO DOS FRANCOS ITÁLIA Politiers Roma IMPÉRIO BIZANTINO Mar Negro ARMÊNIA Mar Cáspio SÍRIA PALESTINA PÉRCIA ÍNDIA Golfo Pérsico ARÁBIA Medina Meca M ar Verm elho EGITO LÍBIATRIPOLITÂNIAMAGREB ESPANHA Mar Mediterrâneo Oceano Índico Oceano Atlântico Expansão até à morte de Maomé, 622-632 Expansão durante o Califado Rashidun, 632-661 Expansão durante o Califado Omíada, 661-750 Limite máximo de penetração árabe na França, 732 Expansão até à morte de Maomé, 622-632 https://almanaque.abril.com.br/mapas/história%20Geral A partir do século VII, em virtude da religião muçulmana e da jihad, enquanto busca da difusão da fé islâmica, os árabes muçulmanos expandiram-se, dominando vasta extensão territorial, que se estendia da Ásia à Europa, passan- do pelo Norte da África. Essa expansão teve origem na unidade política e religiosa implantada por Maomé, no início do século VII, quando foi criado um estado teocrático islâmico. Os fatores que explicam a expansão islâmica são: § o crescimento demográfico, graças à poligamia, e a escassez de terras férteis na Arábia; § a atração que os saques e pilhagens exerciam sobre os árabes; § a decadência do Império Bizantino e do Império Persa; e § o fracionamento da Europa em Reinos Bárbaros frágeis que sucederam o Império Romano. Fases da expansão A morte de Maomé deixou um grande vazio de liderança que, por um curto período, chegou a ameaçar a sobrevi- vência do Islão. Para fazer frente a essa situação, os membros mais influentes dos conselhos municipais das cidades de Meca e Medina decidiram apontar um califa, isto é, um sucessor de Maomé, que deveria concentrar em suas mãos o poder político, militar e religioso. O primeiro califa foi Abu Bekr, sogro de Maomé, e os outros três que o sucede- ram foram também apontados entre seus familiares. As conquistas tiveram início com esses califas de Meca. Sucessivamente, a partir de 634, a Síria, a Palestina, a Ásia Menor, a Mesopotâmia, a Pérsia, o Egito e a Tunísia caíram sob o domínio muçulmano. Alguns anos após estas conquistas, o novo império foi abalado por lutas internas, e o controle do califado passou para as mãos de outra família, os Omíadas, que transferiram a capital para Damasco, na Síria. Sob a lideran- ça dos Omíadas (660-750), os árabes retomaram o processo de expansão conquistando territórios na Ásia central (Índia), Norte da África e Península Ibérica. Os muçulmanos só foram contidos na Europa pelos francos, liderados por Carlos Martel, da dinastia carolíngia, em 732, na Batalha de Poitiers. O domínio árabe sobre a costa do Medi- terrâneo contribuiu para a crise do comércio e a feudalização europeia. Em 750, a dinastia Omíada chegou ao fim, sendo derrotada por uma conspiração interna que inaugurou a di- nastia Abássida (750-1258). A capital passou de Damasco para Bagdá, mudança essa que provocou a primeira divisão do mundo islâmico. Abder Rhaman, pertencente à dinastia Omíada, refugiou-se na Espanha, onde fundou o Emirado 14 de Córdova, no ano 756. Surgia, assim, o primeiro Estado independente dentro do Império Muçulmano. No Marrocos, os idríssidas tomaram o poder e separaram-se do Islã, em 788. Os fatímidas1 fizeram o mesmo no Egito, em 909. Em 1055, Togul Beg, chefe dos turcos seldjúcidas, foi coroado califa em Bagdá. Fi- nalmente, em 1258, os mongóis, vindos de regiões dis- tantes da Ásia, destruíram a cidade de Bagdá. A divisão do Império Islâmico foi uma consequência de sua enorme expansão, obtida em um período muito curto de tempo. As seitas religiosas sunita e xiita contri- buíram para esse fenômeno. A religião muçulmana A doutrina islâmica, muçulmana ou maometana é mar- cada pelo sincretismo religioso. Possui elementos do cristianismo e do judaísmo, de onde provêm suas bases fundamentais. O principal fundamento da religião é o monoteísmo, a crença no Deus único Alá e em seu profeta Maomé. Os fundamentos da religião estão no livro sagra- do – Alcorão ou Corão –, que determina a total sub- missão do homem à vontade de Alá (Islão) e estabelece cinco obrigações para os fiéis: § crer em Alá, único Deus, e no profeta Maomé; § ajudar os pobres e necessitados (zakat); 1. Fatímidas ou fatimitas são uma das designações dadas aos xiitas is- maelitas. Esse nome advém do fato de atribuírem a sucessão legítima de Maomé a Ali, primo de Maomé, casado com Fátima, sua filha; portanto, genro dele também. § praticar o jejum durante o Ramadã; § realizar cinco orações por dia, com a face volta- da para Meca (salat); e § peregrinar a Meca no mínimo uma vez na vida – dispensados os pobres, doentes e viúvas. Um aspecto importante da religião islâmica são as interpretações e os significados que foram sendo agregados à Jihad, que passou cada vez mais a ser in- terpretada como Guerra Santa e vinculada ao expansio- nismo. Foi graças à concepção do jihadismo como “es- forço” de difusão da fé no islamismo que a expansão territorial foi estimulada e as conquistas de vários ter- ritórios pelos árabes mulçumanos foram consumadas. Outra característica importante do islamismo é o sectarismo, com a formação de seitas rivais desde a morte de Maomé, quando ocorreram sérias divergências em relação à liderança religiosa e política dos mulçuma- nos. As principais seitas são xiitas e sunitas. Os pri- meiros aceitam somente o Corão como fonte de verda- de, bem como um chefe político religioso descendente de Maomé. Os sunitas admitem, além do Alcorão, os ensinamentos contidos no Suna, livro de relatos de se- guidores próximos de Maomé, bem como admitem que o chefe possa ser escolhido entre os fiéis que reúnam as virtudes necessárias, segundo a antiga tradição beduína de escolha dos chefes tribais. Os povos que aceitavam a dominação dos mul- çumanos e realizavam comércio com eles poderiam preservar suas crenças religiosas e culturais, desde que pagassem impostos, menores, aliás, do que os cobrados por outros povos, como os persas. Ar go oy a/ W iki me dia C om mo ns A mesquita dos omíadas, mesquita de Umayyadou, Grande Mesquita de Damasco, capital da Síria, considerada o quarto lugar mais sagrado para os muçulmanos, faz parte do Patrimônio Mundial da Unesco. 15 A cultura árabe Os árabes foram os responsáveis pela difusão, no Ocidente, dos conhecimentos adquiridos dos impérios bizantino e persa, de grande florescimento intelectual e artístico e do contato com os chineses, que facilitaram a difusão cultural ensinando técnicas da utilização do papel. Na Astronomia, os muçulmanos traduziram a obra de Ptolomeu, que passou a ser conhecida pelo nome de Almagesto. Na Matemática, desenvolveram a álgebra e a trigonometria, além dos conhecimentos deixados pelos gregos. Propagaram o sistema numérico arábico, cujainvenção provém dos hindus. Na Química, descobriram substâncias como o álcool, o ácido sulfúrico e o salitre. Foram os primeiros a des- crever os processos químicos de destilação, filtração e sublimação. Na Medicina, fizeram importantes descobertas, como o contágio proveniente da água e do solo e o diag- nóstico de doenças como a varíola e o sarampo. O mais famoso médico muçulmano foi Avicena, cuja obra Canon foi o manual médico na Europa até o século XVII. Na Literatura, destacam-se os poemas épicos e de amor e contos de aventura, tais como a coletânea As mil e uma noites e Rubaiat, de Omar Khayan. Nome célebre é o de Averróis, filósofo de Córdova, que traduziu as obras de Aristóteles para a língua árabe e introduziu-as no Ocidente. A arte muçulmana não tinha muita originalidade. Merece destaque, entretanto, a arquitetura de palácios e mesquitas. Graças à dominação da Península Ibérica, ó árabe influenciou a formação da língua portuguesa: arma- zém, sorvete, alcaçuz, azeite etc. 16 E.o. tEstE I 1. (UPF) O islamismo é a religião que mais cresce no mundo contemporâneo. Suas ori- gens remontam ao século VII d.C. e sua ex- pansão foi baseada na Jihad, guerra santa contra outros povos, especialmente os cris- tãos. Entre os séculos VII e VIII, foi constitu- ído o Império Árabe-Muçulmano – que domi- nou a Península Arábica –, os territórios dos atuais Irã e Iraque, todo o norte da África e a Península Ibérica (atuais Portugal e Espa- nha). Nesse processo de expansão, os árabes assimilaram muitos legados culturais de ou- tros povos com os quais conviveram, como as tradições da cultura clássica e oriental. Além disso, fizeram com que valores culturais da Antiguidade Clássica chegassem ao mundo moderno. Isso foi possível porque os árabes: a) conseguiram profetizar os destinos da hu- manidade por meio dos signos do zodíaco. b) difundiram, por intermédio da literatura, a obra mais conhecida dos chineses, que é Mil e uma Noites, reunião de histórias registra- das entre os Séculos VIII e IX, e lidas ainda hoje no mundo ocidental. c) levaram para a Europa, por meio da ocupa- ção da Península Ibérica, antigas técnicas romanas de cultivo, habilidades de arte na representação humana e a perspectiva linear na pintura. d) traduziram e difundiram muitos textos, con- cretizando importantes realizações, a partir do pensamento grego. e) inventaram o papel, a pólvora, a bússola, o astrolábio, os algarismos árabes e a álgebra. 2. (UPE) Maomé pertenceu a um ramo menor do clã dos Quraysh (coraixitas), um dos mais po- derosos de Meca. Foi criado como mercador e casou-se aos 25 anos com uma rica viúva bem mais velha que ele, chamada Khadija. Supõe- se que, nas suas viagens de negócios, Maomé teria entrado em contato com árabes judaicos e cristãos e sido influenciado por eles. (DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2011. p. 25. Adaptado.) Sobre a realidade apresentada no texto, assi- nale a alternativa CORRETA. a) A principal influência que Maomé sofreu do judaís- mo e do cristianismo foi a crença no monoteísmo. b) Maomé não obteve sucesso na tentativa de unificar a península arábica em nome do Islã. c) O profeta Maomé não obteve resistência para empreender a conquista de Meca. d) O comércio, atividade desenvolvida por Mao- mé, não era comum entre os povos árabes do século VII. e) Os árabes, no século VII, não tinham contato com cristãos, só com judeus. 3. (UPE) A civilização bizantina foi muito mais original e criativa que, em geral, lhe credi- tam. Suas igrejas abobadadas desafiam em originalidade e ousadia os templos clássicos e as catedrais góticas, enquanto os mosai- cos competem, como supremas obras de arte, com a escultura clássica e a pintura renas- centista. (ANGOLD, Michael. Bizâncio: A ponte da antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002. p. 9. Adaptado.) Sobre o legado cultural bizantino, assinale a alternativa CORRETA. a) Herdando elementos da cultura grega, os bizantinos desenvolveram estudos sobre a aritmética e a álgebra. b) Negando a tradição jurídica romana, o impé- rio bizantino pautou sua jurisdição no direi- to consuetudinário. c) A filosofia estoica influenciou o movimento iconoclasta, provocando o cisma cristão do Oriente no século XI. d) O catolicismo ortodoxo tornou-se a religião oficial do império após a denominada quere- la das investiduras. e) A catedral de Santa Sofia sintetiza a tradição artística bizantina com seus ícones e mosaicos. 4. (ESPM) Observe a imagem, leia o texto e res- ponda: históriaon.files.wordpress.com Depois da queda do Império Romano do Ocidente (476) Roma caiu num período de obscuridade enquanto Constantinopla per- manecia o farol da civilização e da cultura, sendo constantemente embelezada por mo- numentos magníficos. Um deles, Santa So- fia, obra-prima da arquitetura, erguida no século VI e considerada pelos historiadores de arte como a oitava maravilha do mundo. Em 1453, Constantinopla foi submetida ao domínio de outro povo e o monumento pas- sou por modificações exteriores e interiores. Assinale a alternativa que apresente, respec- tivamente, os responsáveis pela construção e pelas posteriores alterações em Santa Sofia: a) gregos – persas; b) gregos – turcos seljúcidas; c) bizantinos – árabes muçulmanos; d) bizantinos – turcos otomanos; e) francos – hindus. 17 5. (UFTM) Observe a fotografia de 31 de outu- bro de 2010 que registrou peregrinos no cír- culo da Caaba na Grande Mesquita, em Meca, Arábia Saudita. historiaon.files.wordpress.com No islamismo, que conta com milhões de adeptos no mundo contemporâneo, a pere- grinação: a) é sinônimo de guerra santa e deve ser reali- zada por convocação de um aiatolá. b) foi instituída depois da morte de Maomé, para homenagear o fundador do Islã. c) deve ser realizada pelo menos uma vez na vida, pelos fiéis com condições físicas e fi- nanceiras. d) exige grande sacrifício, pois o fiel deve con- servar-se em jejum durante todo o período. e) dificultou a expansão do Islã para além do Oriente Médio, pelas obrigações que impunha. 6. (UESPI) As pregações de Maomé não agrada- ram a grupos importantes, politicamente, da sociedade árabe. Suas concepções e crenças: a) adotavam o monoteísmo e tinham relações com o cristianismo e judaísmo conseguindo adesão de muitos que visitavam Meca. b) eram elitistas, sem preocupação com a situ- ação de miséria da época e a violência das guerras entre as tribos. c) desconsideravam as questões sociais e visa- vam firmar um império poderoso para com- bater os cristãos no Ocidente. d) defendiam a liberdade para todos os povos e prescindiam da adoção de um livro sagrado para orientar as orações. e) tinham relações com a filosofia grega, des- prezando o espiritualismo exagerado e orga- nizando o poder dos sacerdotes. 7. (Unicamp) A longa presença de povos árabes no norte da África, mesmo antes de Maomé, possibilitou uma interação cultural, um co- nhecimento das línguas e costumes, o que facilitou posteriormente a expansão do is- lamismo. Por outro lado, deve-se considerar a superioridade bélica de alguns povos afri- canos, como os sudaneses, que efetivaram a conversão e a conquista de vários grupos na região da Núbia, promovendo uma expansão do Islã que não se apoia na presença árabe. (Adaptado de Luiz Arnaut e Ana Mônica Lopes, História da África: uma introdução. Belo Horizonte: Crisálida, 2005, p. 29-30.) Sobre a presença islâmica na África é correto afirmar que: a) O princípio religioso do esforço de conver- são, a Jihad, foi marcado pela violência no norte da África e pela aceitação do islamis- mo em todo o continente africano. b) Os processos de interação cultural entreára- bes e africanos, como os propiciados pelas relações comerciais, são anteriores ao surgi- mento do islamismo. c) A expansão do islamismo na África ocorreu pela ação dos árabes, suprimindo as crenças religiosas tradicionais do continente. d) O islamismo é a principal religião dos povos africanos e sua expansão ocorreu durante a corrida imperialista do século XIX. 8. (UPE) O Islamismo – religião pregada por Maomé e seus seguidores – tem hoje mais de 1 bilhão de fiéis espalhados pelo mundo, sendo ainda predominante no Oriente Mé- dio, região onde surgiu. Um dos principais fundamentos da expansão muçulmana é a Guerra Santa. A respeito dos muçulmanos, é correto afirmar que: a) a expansão árabe-muçulmana acabou por islami- zar uma série de povos, exclusivamente árabes. b) o povo árabe palestino, atuando na revolução armada palestina, rejeita qualquer solução que não a libertação total do Estado de Israel. c) em Medina, a religião criada por Maomé, embora tenha crescido rapidamente e tenha criado a Guerra Santa – Jihad – não teve ca- ráter expansionista. d) a história do Líbano contemporâneo esteve sempre ligada à busca de um certo equilíbrio entre várias comunidades que compõem o país, especialmente as duas mais importan- tes: muçulmanos e cristãos. e) dentre as muitas facções fundamentalistas islâmicas, em suas divergências internas, o que há em comum entre elas é o repúdio aos valores do mundo ocidental moderno. 9. (Unesp) As caravanas do Sudão ou do Niger trazem regularmente a Marrocos, a Tunes, sobretudo aos Montes da Barca ou ao Cairo, milhares de escravos negros arrancados aos países da África tropical (...) os mercado- res mouros organizam terríveis razias, que 18 despovoaram regiões inteiras do interior. Este tráfico muçulmano dos negros de Áfri- ca, prosseguindo durante séculos e em cer- tos casos até os mais recentes, desempenhou sem dúvida um papel primordial no despo- voamento antigo da África. (Jacques Heers, O trabalho na Idade Média.) O texto descreve um episódio da história dos muçulmanos na Idade Média, quando: a) Maomé começou a pregar a Guerra Santa no Cairo como condição para a expansão da reli- gião de Alá, que garantia aos guerreiros uma vida celestial de pura espiritualidade. b) atuaram no tráfico de escravos negros, do- minaram a África do Norte, atravessaram o estreito de Gibraltar e invadiram a Península Ibérica. c) a expansão árabe foi propiciada pelos lucros do comércio de escravos, que visava abas- tecer com mão de obra negra as regiões da Europa Ocidental. d) os reinos árabes floresceram no sul do conti- nente africano, nas regiões de florestas tro- picais, berço do monoteísmo islâmico. e) os árabes ultrapassaram os Pirineus e manti- veram o domínio sobre o reino Franco, até o final da Idade Média ocidental. 10. (Unesp) Num momento em que o Império Romano do Ocidente havia desmoronado e os Impérios Bizantino e Persa se esfacelavam, os árabes expandiram consideravelmente seus domínios. Em menos de 100 anos o Islã era a religião de toda a costa sul e leste do Mediterrâneo, além de ter se espalhado para a Pérsia, até o vale do Indo, e para a Penín- sula Ibérica. (Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, História para o Ensino Médio) No contexto de tantas conquistas, a civiliza- ção árabe: a) sintetizou criativamente as tradições cultu- rais árabe, bizantina, persa, indiana e grega. b) rejeitou as contribuições culturais originadas de povos que professassem outras crenças. c) submeteu pelas armas os povos conquista- dos e impôs o deslocamento forçado das po- pulações escravizadas. d) perseguiu implacavelmente os judeus, levan- do à sua dispersão pelos territórios da Euro- pa do leste. e) desprezou os ofícios ligados às artes, às ci- ências e à filosofia relegados aos povos con- quistados. E.o. tEstE II 1. (Fuvest) “A Idade Média europeia é insepa- rável da civilização islâmica já que consis- te precisamente na convivência, ao mesmo tempo positiva e negativa, do cristianismo e do islamismo, sobre uma área comum im- pregnada pela cultura greco-romana.” José Ortega y Gasset (1883-1955). O texto acima permite afirmar que, na Euro- pa ocidental medieval: a) formou-se uma civilização complementar à islâmica, pois ambas tiveram um mesmo ponto de partida. b) originou-se uma civilização menos complexa que a islâmica devido à predominância da cultura germânica. c) desenvolveu-se uma civilização que se bene- ficiou tanto da herança ideia-romana quanto da islâmica. d) cristalizou-se uma civilização marcada pela flexibilidade religiosa e tolerância cultural. e) criou-se uma civilização sem dinamismo, em virtude de sua dependência de Bizâncio e do Islão. 2. (UECE) Sobre os fundamentos do Islã ou Is- lame, assinale o correto. a) É uma religião politeísta que surgiu no final do século IV d.C. e tem em Maomé seu prin- cipal mártir. Seu livro sagrado é o Talmude. b) É uma religião monoteísta que surgiu no sé- culo X d.C.. Sua sede religiosa é a cidade de Medina e seu livro sagrado é a Kaaba. c) É uma religião politeísta que surgiu no sécu- lo I d.C.. Sua sede é Jerusalém, Maomé seu fundador e não tem um livro sagrado. d) É uma religião monoteísta que surgiu no sé- culo VII d.C. Seu profeta é Maomé e seu livro sagrado é o Alcorão. 3. (UFRGS) Assinale a alternativa que apresen- ta um dos resultados do entrecruzamento de culturas no Império Bizantino. a) As artes visuais diversificaram-se a ponto de serem eliminadas as características estéticas de inspiração greco-cristã. b) A adoração popular a ícones religiosos gerou crises na Igreja de Bizâncio. c) Elementos clássicos, como a retórica e a lín- gua grega, foram superados em função da interação cultural cosmopolita. d) A arquitetura passou a primar pela simplici- dade, a fim de se adequar à doutrina religio- sa ortodoxa. e) A estrutura jurídica do Império Bizantino não sofreu a influência do direito romano. 19 4. (Unesp) O culto de imagens de pessoas como Santas foi motivo de seguidas controvérsias na história do cristianismo. Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento movimento de destruição de ima- gens, denominado “querela dos iconoclas- tas”. A questão iconoclasta: a) derivou da oposição do cristianismo primi- tivo ao culto que as religiões pagãs greco- -romanas devotavam às representações plás- ticas de seus deuses. b) foi pouco importante para a história do cris- tianismo na Europa ocidental, considerando a crença dos fiéis nos poderes das estátuas. c) produziu um movimento de renovação do cristianismo empreendido pelas ordens men- dicantes dominicanas e franciscanas. d) deixou as igrejas católicas renascentistas e barrocas desprovidas de decoração e de os- tentação de riquezas. e) inviabilizou a conversão para o cristianismo das multidões supersticiosas e incultas da Idade Média europeia. 5. (UFPB) O Império Islâmico, um dos maiores da História, formado a partir da unificação dos árabes (630), orientados pelos princí- pios da religião monoteísta do Profeta Mao- mé (falecido em 632), constituiu-se em três fases políticas, durante as quais se funda- ram as bases da Civilização Muçulmana. Sobre a caracterização dessas três fases, ob- serve o mapa a seguir. Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir. I. O período dos Califas Piedosos (632-661) foi liderado pela aristocracia árabe, ten- do Meca como capital do Império. Nesse período, iniciou-se a expansão para além das fronteiras da Arábia, com a adoção de um modelo de Estado em que, apesar de certa distribuição de terras entre os conquistadores, o principal objetivo era o controle militar e a cobrançade impostos dos povos conquistados. II. O período dos Omíadas (661- 750), li- derado pela aristocracia da Síria, tinha por capital Damasco. Nesse período, as conquistas ampliaram-se até a Penín- sula Ibérica e a Índia, com a conversão das populações locais ao Islã. A época também foi marcada pelo surgimento do xiismo, que, com o sunismo, constituem, até hoje, as duas principais correntes de pensamento da civilização muçulmana. III. O período dos Abássidas (750-1258) foi o último do Império Islâmico unificado, quando, então, se processou, a partir do século X, a descentralização do poder. Essa fase caracterizou-se pelo domínio da aristocracia Persa e por um grande refinamento nos mais diversos aspectos civilizacionais, a exemplo da construção, no Iraque, de uma nova capital, Bagdá. Está(ão) correta(s): a) apenas I b) apenas III c) apenas I e II d) apenas II e III e) I, II e III 6. (PUC-PR) “É bizantino esperar de uma polí- tica bancária que aumenta os depósitos com- pulsórios e que eleva a alíquota do PIS/Cofins uma redução expressiva das taxas de crédi- to. Também o é culpar a Selic e o lucro dos bancos pelos empréstimos caros no Brasil, ignorando as demais causas. A superação da barreira do crédito demanda um diagnóstico realista e a eliminação das bizantinices.” (Roberto Luis Troster, “Folha de S.Paulo”, 03. Ago.2006, p. A3). O autor nos compara, com muita proprieda- de, com o Império Bizantino, onde: a) o povo não era atingido por tributações exa- geradas, causa da paz e equilíbrio sempre presentes naquela sociedade. b) seus habitantes deleitavam-se com discus- sões filosóficas, sutis e que não levavam a nenhuma conclusão. c) as decisões econômicas eram tomadas demo- craticamente. d) havia programas de previdência e aposenta dorias bastante complexos. e) as decisões políticas eram tomadas com grande objetividade e rapidez. 7. (ESPM) A obra pode ser considerada autên- tica tradição muçulmana formada pelo con- junto das tradições ou narrativas orais frag- mentadas chamadas “hadiths”. Apresenta os comportamentos do profeta, as maneiras que tinha de comer, de beber, de se vestir, de cumprir os seus deveres religiosos, de lidar com os crentes e os infiéis. (Anne-Marie Delcambre. “Maomé: a palavra de Alá”.) 20 O enunciado deve ser relacionado com: a) Alcorão. b) Rubbayat. c) Suna. d) Zend Avesta. e) Torá. 8. (UFRGS) Após ter sido relegada, em grande parte, ao esquecimento, a obra do pensador grego Aristóteles voltou a ter uma significati- va difusão na Europa Ocidental, em especial a partir do século XII, o que pode ser atribuído: a) à preservação da cultura greco-romna nos mosteiros Medievais e à expansão comercial e urbana na Europa Ocidental, provocando na Igreja Católica o interesse em fundamentar seus ensinamentos e práticas com uma lógica mais concreta e cotidiana. b) à preservação e ao profundo estudo da cul- tura greco-romana realizados pelos muçul- manos em seus centros de cultura, como os da Península Ibérica, onde foram traduzidos para o latim inúmeros manuscritos. c) ao desejo dos povos de cultura germânica de compreender e assimilar a cultura dos anti- gos territórios imperiais. d) à ruralização generalizada que atingiu a Eu- ropa Ocidental, com o fim do urbanismo e das relações comerciais, o que motivou a eli- te cultural a dedicar-se aos estudos teóricos. e) à ruptura religiosa entre os católicos do Oci- dente e os ortodoxos bizantinos, que levou à migração de obras gregas ao Oeste do conti- nente europeu. 9. (UFPB) O Império Bizantino dominou vastas regiões de diferentes etnias, em três conti- nentes (Europa, Ásia e África), sob a égide de um modelo teocrático centralizado, conheci- do como cesaropapismo, no qual o Basileus concentrava, em suas mãos, a chefia suprema do exército, da administração do Estado (Po- der de César) e da religião cristã (Poder de Papa). Por conseguinte, os conflitos de natu- reza política, econômica, social e cultural se manifestavam como questões de religião: as famosas “querelas religiosas” bizantinas. Sobre essas querelas, é correto afirmar: a) O Monofisismo, uma corrente religiosa euro- peia, concebia o caráter unicamente huma- no de Cristo, contrapondo-se ao poder cen- tral e à influência das províncias asiáticas, que defendiam a dupla natureza de Cristo (divina e humana). b) A Questão iconoclasta dividiu o catolicismo entre Católicos, Ocidentais - defensores do culto às imagens tridimensionais e os católi- cos Orientais - contrário à esse culto. c) O Cisma do Oriente (1054) dividiu o Cristia- nismo em duas Igrejas, a Católica Romana e a Cristã Ortodoxa, significando um dos passos decisivos para a afirmação do poder papal na Europa Ocidental e da influência bizantina no leste europeu. d) O Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição) servia para garantir a ortodoxia da Igreja e foi criado pelo Basileus como instrumento de controle do poder central sobre as heresias, que explodi- ram primeiramente no Império Bizantino. e) O Arianismo, uma heresia religiosa, foi res- ponsável pela conversão dos povos germâ- nicos (os “Bárbaros”) ao cristianismo, de- fendendo a superioridade dos povos arianos sobre asiáticos e semitas. 10. (UFRGS) O assim denominado Grande Cisma do Oriente foi uma consequência: a) da Reforma Calvinista, que, ao pregar a pre- destinação e o livre-arbítrio, acabou com a unidade da Igreja Católica. b) da Querela das Investiduras, travada entre o Papa e o Imperador, a qual versava sobre a proibição de leigos concederem a posse de cargos na Igreja. c) da emergência do islamismo, que propiciou aos árabes um ponto de união e identidade, mas os separou dos ocidentais. d) do confronto iconoclasta entre a Igreja de Roma e a de Constantinopla, que resultou na cisão entre os ramos grego e romano do catolicismo. e) do conflito religioso que instalou um papa em Avignon e outro em Roma, perturbando por décadas a concórdia interna da Igreja. E.o. tEstE III 1. (UFRGS) Maomé, nascido em Meca, na Ará- bia, insatisfeito com o paganismo geralmente praticado na região, declarou ter visto o anjo Gabriel que lhe apresentara um texto com a ordem de recitá-lo. Considerando-se então o último e maior de todos os profetas, Maomé promoveu a conversão das tribos da Arábia. A era muçulmana caracterizou-se pela: a) divisão das esferas de poder político e de poder religioso, constituindo um Estado lai- co, onde, porém, a Igreja assumia um lugar privilegiado. b) expansão territorial do Islã, que se fez inclusive às custas do Império Persa e do Império Bizan- tino, enfraquecidos por graves crises internas. c) conversão forçada dos povos conquistados à nova religião do Islã, com a proibição dos cul- tos judeus e cristãos e o confisco de terras. d) rejeição total à assimilação da cultura dos povos conquistados e das culturas antigas, em nome da verdadeira compreensão da pa- lavra de Deus. e) proibição das concentrações urbanas, do 21 comércio e do desenvolvimento de novas técnicas de trabalho, considerados contrá- rios aos preceitos do Corão. 2. (UFV) O Império Bizantino se originou do Império Romano do Oriente, reunindo dife- rentes povos: gregos, egípcios, eslavos, semi- tas e asiáticos. Em razão disso, foi preciso criar um eficiente sistema político e admi- nistrativo para dar força e coesão àquele mo- saico de povos e culturas. Sobre o Império Bizantino é INCORRETO afir- mar que: a) a religião fornecia a fundamentação do po- der imperial, mas absorvia grande parte dos recursos econômicos, originando várias cri- ses. b) a intolerância religiosa não deixava espaço de autonomia para que os indivíduos esco- lhessem seus próprios caminhos para asal- vação. c) a estrutura eclesiástica era extensa e muito influente, provocando intensa espiritualida- de popular e várias controvérsias teológicas. d) a fusão entre poder temporal e poder espi- ritual permitia que o Imperador indicasse laicos para postos na hierarquia eclesiástica. e) a importância política do Imperador impediu que o Patriarcado se desenvolvesse indepen- dentemente, tal como o Papado do Ocidente. 3. (PUC-PR) O Império Bizantino ou Romano do Oriente existiu durante a Idade Média, sendo-lhe cronologicamente coincidente. Sobre o tema, assinale a alternativa correta: a) Seu período de maior esplendor e expansão ocorreu sob o governo de Justiniano, que mandou fazer a codificação das leis romanas. b) Sua posição geográfica correspondia às ter- ras da parte ocidental do Império Romano. c) Apresentava excessiva descentralização políti- ca, o que enfraquecia os imperadores (baliseus). d) Reprimiu violentamente a heresia dos cáta- ros, que ameaçava a sua unidade religiosa. e) A força da cultura romana fez com que o latim fosse língua de emprego geral. 4. (PUC-PR) A História do Império Bizantino abrangeu um período equivalente ao da Ida- de Média, apesar da instabilidade social, de- corrente, entre outros fatores: a) dos frequentes conflitos internos originados por controvérsias políticas e religiosas. b) da excessiva descentralização política que enfraquecia os imperadores. c) da posição geográfica de sua capital, Cons- tantinopla, vulnerável aos bárbaros que com facilidade a invadiam frequentemente. d) da constante intromissão dos imperadores de Roma em sua política. e) da falta de um ordenamento jurídico para controle da vida social. 5. (Unesp) Assinale a alternativa correta sobre a civilização muçulmana durante o período medieval. a) Os constantes ataques de invasores árabes, provenientes das áreas do Saara, criaram instabilidade na Europa e contribuíram deci- sivamente para a queda do Império Romano. b) A civilização muçulmana não desempenhou papel significativo no período, em função da inexistência de um líder capaz de reunir, sob um mesmo estado, sunitas e xiitas. c) Os pensadores árabes desempenharam papel importante na renovação do pensamento da Europa Ocidental, uma vez que foram res- ponsáveis pela difusão, via Espanha muçul- mana, do legado greco-romano. d) O distanciamento entre muçulmanos e cris- tãos aprofundou-se com a pregação de Mao- mé, que postulou a superioridade da religião islâmica e negou se a aceitar os tratados de paz propostos pelo Papa. e) A partir do século VIII, a civilização muçulmana passou a ser regida pelo Alcorão, cujas reco- mendações aplicavam-se à vida cotidiana, con- tribuindo para o declínio do Império Otomano. E.o. DIssErtatIvo 1. (UFPR) Considere a seguinte afirmação so bre o termo bizantino: “É essencial lembrar que bizantino não tem conotação étnica, mas civilizacional (...). O termo bizantino foi vulgarizado apenas a partir do século XVI, depois do desmembra- mento do império, que, em vida, se via como herdeiro e continuador do império Romano.” (FRANCO JR., Hilário; ANDRADE FILHO, Ruy de Oliveira. O Império Bizantino. SP: Brasiliense, 1987, p. 7-8) Em que medida o Império Bizantino pode ser considerado herdeiro e continuador do Impé- rio Romano? Estabeleça as diferenças entre esses dois impérios entre os séculos V e VII. 2. (UFJF) Leia o trecho abaixo a responda ao que se pede. Quando Maomé fixou residência em Yatrib, teve início uma fase decisiva na vida do profeta, em seu empenho de fazer triunfar a nova religião. A cidade de Yatrib, que do- ravante seria chamada Medina (cidade do profeta), tornou-se sede ativa de uma comu- nidade da qual Maomé era o chefe espiritual e temporal. a) Que tipo de Estado (forma de governo) foi criado por Maomé na Arábia por volta de 615 22 e, posteriormente, adotado em várias regi- ões conquistadas pelo Islã? b) Cite e analise UMA SEMELHANÇA e UMA DI- FERENÇA entre a religião muçulmana e a re- ligião cristã durante a Idade Média. 3. (Unesp) A Arábia, durante anos, viveu à margem do mundo antigo. A rapidez vertigi- nosa das conquistas não impediu a fraqueza relativa dos espaços ocupados. Demasiada- mente extenso, o império árabe cedo se esfa- celou, mas deixou as marcas da fé. Esclareça o principal objetivo de Maomé ao pregar o islamismo. 4. (UFG) Analise a imagem a seguir. A imagem retrata um ritual religioso reali- zado periodicamente na cidade de Meca, na Arábia, pelos muçulmanos desde o século VII. Diante do exposto, a) identifique o evento retratado e explique o seu significado para a religião muçulmana. b) explique a importância de Meca no processo de unificação da Península Arábica no século VII. 5. (FGV) E, com efeito, concedemos a Moisés o Livro, e fizemos seguir depois dele, os Mensageiros. E concedemos a Jesus, Filho de Maria, as evidências e amparamo-lo com o Espírito Sagrado. E, será que cada vez que um Mensageiro vos chegava, com aquilo pelo que vossas almas não se apaixonavam, vós vos ensoberbecíeis? Então, a um grupo desmentíeis, e a um gru- po matáveis. [...] E, quando lhes chegou um Livro da par- te de AlIah, confirmando o que estava com eles – e eles, antes buscavam a vitória sobre os que renegavam a Fé – quando, pois, lhes chegou o que já conheciam, renegaram-no. Então, que a maldição de Allah seja sobre os renegados da Fé! Alcorão, 2:87 e 89 Tradução do sentido do Nobre Alcorão para a língua portuguesa. NASR, H. (trad.), Complexo do Rei Fahd para imprimir o Alcorão Nobre: Medina, s./d. a) Compare, do ponto de vista doutrinal, a religião muçulmana e as religiões judaica e cristã. b) A Península Arábica no século VI caracteri- zava-se pela dispersão política e religiosa. Como a religião muçulmana favoreceu o processo de constituição de uma unidade político-religiosa na região? c) Durante o século VII, além da expansão islâ- mica, surgiu a divisão entre sunitas e xiitas, que se mantém até os dias de hoje. Quais fo- ram os motivos de tal divisão no século VII? 6. (Unicamp) Tradicionalmente, a vitória dos cristãos sobre os muçulmanos na Batalha de Covadonga, na região da Península Ibérica, em 722, foi considerada o início da chamada Reconquista. Mais do que um decisivo con- fronto bélico, Covadonga foi uma luta dos habitantes locais por sua autonomia. A apro- ximação ideológica desta vitória, feita mais tarde por clérigos das Astúrias, conferiu à batalha a importância de um fato transcen- dente, associado ao que se considerava a mis- são da monarquia numa Hispânia que tomba- ra diante dos seus inimigos. (Adaptado de R. Ramos, B. V. Sousa e N. Monteiro (orgs.), História de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2009, p. 17-18.) a) Explique o que foi a Reconquista. b) De que maneiras a Batalha de Covadonga foi reutilizada no discurso histórico e político pelos clérigos das Astúrias? 7. (UFG) A história do Mediterrâneo é a histó- ria das migrações populacionais e da circula- ção de valores de culturas distintas. Discorra sobre a Expansão Árabe, a partir da unifica- ção islâmica na Idade Média. 8. (Fuvest) Ao longo da Idade Média, a Europa Ocidental conviveu com duas civilizações, às quais muito deve nos mais variados campos. Essas duas civilizações, bastante diferentes da Ocidental, contribuíram significativamen- te para o desenvolvimento experimentado pelo Ocidente, partir do século XI, e para o advento da Modernidade no século XV. a) Quais foram essas civilizações? b) Indique suas principais características. 9. (Unicamp) A partir do século IX, aumentou a circulação da ciência e da filosofia vindas de Bagdá, o centro da cultura islâmica, em dire- ção ao reino muçulmano instaladono Sul da Espanha. No século XII, apesar das divisões políticas e das guerras entre cristãos e mou- ros que marcavam a península ibérica, essa corrente de conhecimento virou um rio cau- daloso, criando uma base que, mais tarde, constituiria as fundações do Renascimento no mundo cristão. Foi dessa maneira que o Oci- dente adquiriu o conhecimento dos antigos. 23 No quadro pintado pelo italiano Rafael, A es- cola de Atenas (1509), o pintor daria a Aver- róis, sábio muçulmano da Andaluzia, um lugar de honra, logo atrás do grego Aristóteles, cuja obra Averróis havia comentado e divulgado. (Adaptado de David Levering Lewis, God’s Crucible: Islam and the Making of Europe, 570-1215. New York: W. W. Norton, 2008, p. 368-69, 376-77.) a) Identifique no texto dois aspectos da relação en- tre cristãos e muçulmanos na Europa medieval. b) Relacione as características do Renascimen- to cultural europeu à redescoberta dos valo- res da Antiguidade clássica. 10. (UFC) Leia o texto a seguir. Às margens de dois grandes impérios, surgiu um movimento religioso. Em pouco tempo, em nome dessa nova religião, exércitos fo- ram recrutados, países foram conquistados e foi fundado um novo império, que in- cluiu grande parte do território do Império Bizantino e todo o Sassânida, na Pérsia, e estendeu-se da Ásia Central até a Espanha. A partir do texto e dos seus conhecimentos, responda: a) A qual religião o texto se refere? Onde e quando ela surgiu? Quais são os dois grandes grupos em que ela está dividida? b) Indique quatro conflitos do século XX ou XXI nos quais estejam envolvidos países ou populações ligados a essa religião. Escolha um desses conflitos e apresente uma das ra- zões que o desencadeou. E.o. EnEm 1. O ano muçulmano é composto de 12 meses, dentre eles o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos que, em 2001, teve início no mês de novembro do Calendário Cristão, con- forme a figura que segue. Dom Considerando as características do Calen- dário Muçulmano, é possível afirmar que, em 2001, o mês Ramadã teve início, para o Ocidente, em: a) 01 de novembro. b) 08 de novembro. c) 16 de novembro. d) 20 de novembro. e) 28 de novembro. GaBarIto E.O. Teste I 1. D 2. A 3. E 4. D 5. C 6. A 7. B 8. D 9. B 10. A E.O. Teste II 1. C 2. D 3. B 4. A 5. B 6. B 7. C 8. A 9. C 10. D E.O. Teste III 1. B 2. B 3. A 4. A 5. C E.O. Dissertativo 1. O Império Romano foi construído ao longo de séculos, a partir de conquistas militares, com a subordinação de diversos povos. O Im- pério Bizantino nasceu da crise e subdivisão do Império Romano e representou, geografi- camente, sua porção oriental. O Império Bi- zantino sobreviveu à crise graças aos víncu- los econômicos que estabeleceu com diversos povos e regiões orientais. O Império Bizantino manteve a estrutura po- lítica centralizada, com extensa burocracia, e organizou sua estrutura jurídica com base no Direito Romano. 2. a) Estado teocrático/Estado muçulmano. b) Semelhança: O candidato poderá destacar entre outros aspectos: ambas as religiões são monote- ístas e fazem referência ao mesmo Deus; ambas têm um caráter expansionista e ideal de conversão; ambas pregam a des- truição de imagens de religiões pagãs em áreas convertidas; ambas apresentam dis- sensões político-religiosas no seu interior. Diferença: O candidato poderá destacar entre outros aspectos: os calendários (o cristianismo 24 inaugurou um novo calendário e o islamis- mo reformulou o cristão); as localizações geográficas (o centro do império cristão era Roma e o do islã na Arábia); os lugares sa- grados (Meca); Maomé era o último profeta de Jesus, mas não era um ser divino); os di- ferentes livros sagrados (Bíblia e Alcorão). 3. Combater o politeísmo, formar um estado (Islão) com bases teocráticas e conquistar o ocidente (guerras santas), com a conversão dos infiéis. 4. a) Trata-se da peregrinação dos muçulmanos à Meca visitando locais sagrados como a Mesquita Sagrada. A peregrinação é uma das cinco regras dos seguidores do Isla- mismo. Deve-se jejuar no mês do ramadã, ir pelo uma vez na vida a cidade sagrada Meca, entre outros. b) Antes de Maomé, na Arábia Pré-islâmica, não havia unidade política e religiosa. A Arábia estava fragmentada em várias tri- bos que cultuavam diversos deuses. Era o politeísmo religioso. A Caaba era um tem- plo sagrado porque abrigava diversos ído- los como a pedra negra. O templo ficava em Meca, uma cidade que se destacava como centro religioso e econômico. Maomé criou o Islamismo dando unidade política e reli- giosa aos árabes e Meca torna-se o centro político e religioso para esta nova religião. 5. a) Considera-se que a formulação da doutri- na muçulmana pelo profeta Mohamed foi marcada por forte influência do judaísmo e do cristianismo. Enquanto participou das caravanas mercantis, Mohamed co- nheceu outros povos e religiões e perce- bemos elementos que permitem estabele- cer uma ligação, tais como o monoteísmo, a existência de um livro sagrado, a pre- sença do anjo Gabriel como anunciador da vontade divina e a crença em um paraíso. b) Antes do islamismo, os povos árabes es- tavam divididos politicamente em tribos e possuíam vários deuses. Para os muçulmanos, Mohamed é o último profeta / mensageiro de Deus. Do ponto de vista histórico, sua grande realização foi promover a unificação dos povos árabes, do ponto de vista político e religioso. A crença num único Deus e a consequente luta pela imposição dessa ideia a todas as tribos de- ram origem a um processo de centraliza- ção, com a criação do Islã, sob comando do califa, autoridade política e religiosa. c) A divisão está associada às lutas internas pelo poder sobre o Islã, logo após a mor- te do profeta. Para os xiitas, seguidores de Ali, apenas os descendentes diretos de Muhammed poderiam liderar o Islã, en- quanto que, para os sunitas, a liderança caberia a qualquer mulçumano virtuoso. 6. a) Foi uma guerra empreendida pelos cristãos ibéricos contra os muçulmanos na Penínsu- la Ibérica entre os séculos VIII e XV. b) Foi associada à ideologia católica, a partir de uma missão divina e, portanto trans- cendente do rei de defender o cristianis- mo ameaçado pelos infiéis. 7. A consistência e a simplicidade da doutrina islâmica, associada à decadência dos impé- rios persa e bizantino e aos interesses mate- riais dos árabes, foram fatores decisivos ao processo da expansão islâmica ao redor do Mediterrâneo. O contato com os europeus foi de grande va- lia no âmbito da cultura, apesar da presença árabe no Mediterrâneo ter contribuído para a cristalização do feudalismo. 8. a) Bizantina e Islâmica. b) Bizantina: Politicamente, o cesaropapis- mo submetia a igreja ao Estado; a econo- mia era baseada nas atividades mercantis e, em termos culturais, a preservação da cultura greco-romana, a organização do direito (O Corpus Juris Civilis do impera- dor Justiniano). Islâmica: O Estado organizado em bases religiosas após Maomé; a economia era agrária e mercantil; sociedade hierarqui- zada de acordo com a organização políti- co-religiosa; no campo cultural, a arte foi orientada pela religião e destacam-se as contribuições para o Ocidente com Aver- róis na Filosofia, e Avicena na medicina. 9. a) De acordo com o texto, pode-se consi- derar como aspectos da relação entre cristãos e muçulmanos na Idade Média, a transmissão de conhecimentos da An- tiguidade Clássica pelos muçulmanos ao ocidente cristão e presença islâmica na Península Ibérica deu origem à guerra da Reconquista. b) O Renascimento é assim chamado em vir- tude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clás-sica durante a passagem da Idade Média para a Idade Moderna, destacando-se o racionalismo, o antropocentrismo, o in- dividualismo e o naturalismo. 10. a) Na Península Arábica, às margens de dois grandes impérios, o Bizantino e o Sassâ- nida, surgiu, no século VII da era cristã, o Islamismo. Em nome da nova religião, 25 criou-se um Império, e muitos territórios foram conquistados na Ásia, na África e na Europa. O Islamismo dividiu-se em dois grandes grupos: sunitas e xiitas. b) No mundo contemporâneo, vários conflitos estão associados à religião islâmica: as duas guerras balcânicas (1912-1913); a participação do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial; a re- volta das populações árabes, com guerrilhas durante esse mesmo conflito; a guerra da Argélia; o conflito entre palestinos e israelenses, que envolveu frequentemente vários países árabes aliados contra Israel; o conflito entre Paquistão e Índia; a resistência à invasão soviética do Afeganistão; a invasão indonésia do Timor-Leste; a Guerra Irã-Iraque; a guerra civil na Somália; a Guerra do Golfo, em 1991; a guerra na Bósnia e a guerra no Kosovo. No século XXI, presencia- mos: a continuidade do conflito entre palestinos e israelenses e a nova guerra do Iraque. Além desses, vivenciam-se os ataques terroristas da rede Al-Qaeda; a guerrilha islâmica Abu Sayyaf, nas Filipinas; as ações do Grupo Islâmico Armado, na Argélia, e da Irmandade Muçulmana, no Egito; as disputas entre Paquistão e Índia pelo território da Caxemira; os conflitos internos do Afeganistão; os conflitos entre a Chechênia e a Rússia; Boko Haram contra os cristãos, na Nigé- ria; e o Estado Islâmico, na Síria e Iraque. E.O. Enem 1. C © Li sa S ./S hu tte rs to ck Reino Franco e Igreja Católica Aulas 11 e 12 27 © Li sa S ./S hu tte rs to ck Reino FRanco Os povos bárbaros A partir do século I da Era cristã, os bár- baros passaram a ultrapassar as fronteiras romanas, inicialmente por migrações pací- ficas e, posteriormente, por meio de inva- sões militares, ocupando vastas regiões do Império Romano do Ocidente, contribuindo significativamente para sua desintegração, uma vez que faltava a ela unidade política. Rômulo Augústulo, último impera- dor romano, foi deposto, em 476, por Odo- acro, líder hérulo, que decretou o fim do Im- pério Romano do Ocidente, marco utilizado pelos historiadores para determinar o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média. O encontro entre romanos e bárba- ros promoveu a fusão dos elementos carac- terísticos das duas culturas, bem como pos- sibilitou a constituição do sistema feudal. À medida que os bárbaros iam ocupando o Império Romano do Ocidente, formavam reinos, que, de maneira geral, não sobreviveram por muito tempo. Des- sa forma, saxões, visigodos, ostrogodos, alamanos, burgúndios e outros povos não resistiram às pressões externas e acabaram dominados ou destruídos. Entre todos, os francos foram os que conseguiram se es- truturar politicamente, ocupando a região da Gália e organizando um reino durante o período que se convencionou chamar de Alta Idade Média europeia. Esse reino for- mou-se e expandiu-se sob o governo das dinastias merovíngia, entre os séculos V a VIII, e carolíngia, nos séculos VIII a X. Dinastia merovíngia (481–751) Originárias do vale do rio Reno, as tribos francas estabeleceram-se na Gália (França). Os francos eram um dos povos bárbaros de origem germânica que invadiram o Império Romano do Ocidente ao longo dos séculos IV e V. Gogos Ostrogodos Constantinopla MACEDÔNIA 378 451 GÁLIA Roma Cartago HISPÂNIA BRITÂNIA Vândalos Visigodos Jun tos Ang los Sax ões Fra nco s Vândalos Hun os Os tro go do s Córsega Sardenha Sicília Anglos, Saxões Francos Godos Visigodos Ostrogodos Hunos Vândalos Fonte: https://wikipedia.org/wiki/Invasões_bárbaras_da_península_Ibérica Invasões bárbaras no século V Fonte: <https://wikipedia.org/wiki/Invasões_bárbaras_da_península_Ibérica>. 28navegadores.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html Os reinos bárbaros Fonte: <28navegadores.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html>. 28 Chefiados por Meroveu, venceram os hunos no fi- nal do século V, na batalha dos Campos Catalúnicos. Mas a dinastia Merovíngia iniciou-se, efetivamente, com seu neto, Clóvis, formada a partir da unificação das tribos francas. Clovis reinou durante os anos de 482 a 511. Nesse perío- do, aliou-se à Igreja católica, oferecendo-lhe proteção mili- tar; em troca, obteve o apoio do papado, o que contribuiu para o fortalecimento da sua autoridade real, tornando efetiva a unificação da Gália e a expansão territorial do reino. Com a morte de Clóvis, em 511, o reino franco foi dividido em quatro partes, entre seus filhos, de acordo com o costume germânico de divisão do poder. Mais tarde, uma nova divisão ocorreu entre os netos de Clóvis. Nesse período, um novo sistema econômico es- truturou-se – o sistema feudal –, com a ruralização da economia e o fortalecimento das relações pessoais que ligavam o rei a seus guerreiros. A fidelidade pessoal ao rei, denominado suserano, era estabelecida mediante ju- ramento de vassalagem, segundo o qual os guerreiros as- sumiam o compromisso de servir ao soberano, fornecen- do apoio militar e contribuições econômicas, pois eram seus vassalos. Em troca, o soberano oferecia proteção e terras ou outros bens, mediante doação de “beneficio”. As constantes doações de terra e o fato de os nobres disporem de um exército fortaleceram os pode- res locais dos senhores e acabaram por enfraquecer o poder dos monarcas merovíngios. Nesse período, ocorreu também o fortaleci- mento de funcionários reais que mantinham o contato direto com os nobres vassalos reais, os majordomus (mordomos do paço ou prefeitos do palácio). Oriundos de famílias nobres, os majordomus passaram a ter o poder de fato. Comandavam o exército real, adminis- travam a divisão de terras e a coleta de impostos, unin- do em torno de si a nobreza. Os reis tinham funções meramente cerimoniais. Pepino de Heristal, majordomus do Reino da Austrásia, conseguiu submeter os outros majordomus, promovendo a centralização do Reino Franco. Mas foi somente com seu sucessor, Carlos Martel, que os major- domus passaram a ser considerados reis. Carlos Martel conquistou prestígio e poder ao liderar os francos na vitória contra os muçulmanos na Batalha de Poitiers, na França, no ano de 732, con- tendo o avanço islâmico sobre a Europa Ocidental. Ao ser considerado pela Santa Sé como o “salva- dor do cristianismo ocidental”, Carlos Martel fortaleceu sua autoridade pessoal, fato aproveitado por seu filho Pepino, o Breve, que, com o apoio do papa Zacarias, destronou o último rei merovíngio Childerico III, no ano de 751, e proclamou-se rei dos francos, iniciando a Di- nastia Carolíngia que perdurou até 987. Dinastia carolíngia (751-987) Pepino, o Breve, destronou o rei merovíngio, sendo reconhecido como o novo Rei dos Francos e sagrado pelo papa Estevão II, em 754. O reconhecimento e a aprovação da Igreja possibilitaram a Pepino inaugurar uma nova dinastia conhecida como Dinastia Carolíngia (reinou de 751 a 768). Pepino iniciou a administração de seu reinado lutando contra os lombardos na Itália. Os territórios que tomou dos lombardos, no centro da Península Itálica, foram cedidos à Igreja, que formou pela primeira vez seu território, aumentando muito o poder do papa, e fortaleceu, ainda mais, a aliança entre a Igreja e o reino franco. Os territórios da Igreja ficaram conhecidos como o Patrimônio
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