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PROGRAMAÇÃO PARA CLIENTELAS ESPECÍFICAS
Em uma comunidade, que grupos devem ser atendidos em odontologia?
É preciso conhecer a comunidade, identificar os principais grupos que a compõe, estimar necessidades do ponto de vista epidemiológico, para então saber quem deve merecer prioridade para atendimento, quais as atividades mais necessárias e como distribuir melhor o tempo e os recursos disponíveis. Nos programas de âmbito municipal, estadual ou mesmo nacional, o conhecimento das divisões internas da sociedade é essencial até mesmo para determinar a localização dos serviços e decidir se todas as pessoas devem ser atendidas em todas as unidades ou se pelo menos algumas devem dedicar-se a clientelas específicas.1
Atenção a crianças de baixa idade
A odontologia, tem se preocupado de maneira preponderante com o atendimento a crianças a partir do nascimento dos primeiros dentes permanentes. Dentre os muitos reflexos dessa reduzida prioridade conferida a dentição decídua estão relacionados a crianças de baixa idade refere-se ao medo de ir ao consultório, criação de hábitos ligados ao consumo intenso de açúcares, que leva a prevalência de cáries dentais na infância.2
O grupo de 0 a 5 anos possui dados epidemiológicos escassos, devido a maior prioridade a dentição permanente. Recentemente os estudos de base coletiva referentes a este grupo indicaram uma prevalência de cárie muito alta, num período em que já se fazia notar uma tendência de queda nos índices de ataque para a dentição permanente. Numa clara consequência da limitada procura de serviços clínicos, os dentes “ceo” ( atacados pela cárie) apresentavam-se em sua larga maioria cariados.
Com base no exame de 5600 escolares de 3 a 6 anos, observou-se que programas preventivos regulares, se mostraram efetivos, mas produziam resultados inferiores nos dentes temporários, quando comparados aos ganhos obtidos nos permanentes.
Em Piracicaba 65% dos examinados estavam livres de cáries mas nenhuma das lesões diagnosticadas estavam restauradas, observando-se ainda que 46% dos dentes cariados estavam concentrados em apenas 19% das crianças no grupo de 31 a 36 meses.
A partir de estudos realizados por Luiz Walter, desenvolveu-se no Brasil de maneira gradativa uma promissora linha de prestação de cuidados preventivos e de educação em saúde bucal implementada desde o nascimento. Hoje, clínicas do bebê ganham mais espaço num número crescente de serviços públicos odontológicos nos municípios brasileiros, numa tentativa de enfrentar os problemas bucais de maneira precoce e, assim, corrigir algumas deficiências inerentes aos modelos de intervenção tardia como no “sistema incremental” clássico. Nos países desenvolvidos economicamente, à medida em que se alcançou o controle da cárie em crianças maiores (7 a 14 anos), ganharam ênfase crescente as estratégias de base populacional aplicadas aos infantes, consideradas essenciais para a construção de estilos de vida efetivamente favoráveis à manutenção de bons padrões de saúde bucal.
As ações de proteção à saúde bucal de infante se fundamentam num ativo envolvimento dos pais e responsáveis, estando muito ligadas aos programas da área materno-infantil e ao trabalho em pediatria de maneira geral. Ao discutir a relevância da família para a saúde da criança, Inglehart e Tedesco, destacam o papel desempenhado no campo cognitivo com destaque para as crenças relacionadas à saúde da boca e, por ultimo, no campo do comportamento que regula a formação de hábitos saudáveis e corretos.
Para prevenir o medo do dentista necessariamente deve ser feita junto aos pais, informando-os do tipo de comportamento mais conveniente já antes da primeira visita do filho ao consultório e quais as reações mais adequadas para apoia-lo tanto nesse momento quanto nos que seguirem.4
Programas coletivos voltados para cuidados da saúde dos tecidos bucais e da dentição decídua são estruturados segundo Pereira:5
Orientar a população a fim de que possa procurar assistência odontológica para crianças antes dos três anos;
Educar os pais e a família, motivando-os em relação à adoção de medidas preventivas tanto para o bebê quanto para eles próprios, no sentido de promoverem uma boa saúde bucal;
Realizar tratamento preventivo clínico e caseiro – o primeiro envolvendo remoção de placa, uso de selante e aplicação de flúor tópico de acordo com o risco de cárie; o segundo feito pelos pais ou por parte de quem cuida da criança, incluindo controle da dieta, remoção da placa, limpeza da cavidade oral; aplicação tópica de flúor.
Prover tratamento curativo sempre que necessário, realizando restaurações com resina composta, ionômero de vidro ou adequação do meio com material provisório (óxido de zinco e eugenol)
Disponibilizar atenção complexa (endodontia, cirurgia, periodontia) e emergencial para casos inevitáveis e com indicação precisa.
De preferência o ingresso no programa se dá nos primeiros seis meses de vida, com permanência regular até os 36 meses. A partir dessa idade a criança deve passar a frequentar um programa de atenção a pré-escolares e em seguida de escolares. A aplicação tópica de flúor é feita com soluções a 0,2% na clínica. 
São de alto risco, em termos do trabalho em saúde pública os infantes que não escovam os dentes, inferem açúcar com frequência, fazem uso de mamadeira noturna e não utilizam flúor; de médio risco os que higienizam sem regularidade, ingerem açúcar com frequência mas não dormem mamando e utilizam flúor de modo eventual; de baixo risco os que escovam os dentes todos os dias, tem baixo consumo de açúcar, não dormem mamando e são adequadamente expostos ao flúor, seja via água de abastecimento, aplicações tópicas ou por métodos alternativos.
Transmissibilidade da cárie: a cárie não é transmitida, apenas o microbiota. 
A escovação deve ser realizada com escova de cerdas macias e tamanho adequado à arcada dentária, pode ser feita pela mãe ou responsável na posição Starkey, na qual a criança permanece em pé, em frente e de costas para ela, que apoia a mandíbula da criança com a mão esquerda e escova os dentes com a direita.
Atenção a escolares e adolescentes
Esse título inclui indivíduos de 6 a 19 anos que frequentam ou não escolas de 1º,2º e3º graus. O grupo constituído por crianças e jovens com idade entre 6 e 14 anos tem sido uma clássica prioridade em odontologia em função da presença coincidente de pelo menos cinco fatores relevantes:
Aparecimento gradativo da dentição permanente
Menor capacidade de resistência do esmalte – em fase final de consolidação – ao ataque dos agentes causadores da cárie 
Resultados com a aplicação de medidas preventivas de caráter coletivo
Presença da maioria das crianças e adolescentes nas escolas de 1º e 2º graus, as quais proporcionam facilidades de atendimento e um ambiente considerado propício à absorção de novos conhecimentos, entre os quais os conteúdos de educação em saúde
Possibilidade de utilização das instalações, espaços, equipamentos e recursos humanos (disponíveis para os escolares) para o atendimento de não escolares.
No Brasil desde o final da década de 50 e início dos anos 60, houve uma forte concentração das atividades odontológicas desenvolvidas pelas instituições do setor público exatamente junto a essa faixa e de maneira mais específica em torno do alunado das escolas primarias oficiais.
Trazido pelos Estados Unidos pela fundação SESP do Ministério da Saúde, o Sistema Incremental* logo se firmou como a metodologia de atendimento de escolares, com sua estrutura clássica fundamentada em um programa preventivo destinado a controlar a incidência dos problemas e uma ação vertical por meio de um programa curativo, solucionando os problemas prevalentes. Em paralelo, um programa educativo deveria fornecer apoio às demais ações e proporcionar mudança de hábitos de saúde na clientela.
*Sistema incremental: é um método de trabalho que visa o completo atendimento dental de uma população dada, eliminando suas necessidades acumuladas e posteriormente mantendo-a sob controle,segundo critérios de prioridades quanto a idades e problemas.
Seu principal atrativo está na capacidade de ordenação da cobertura populacional, centrada na lógica da detecção precoce das lesões e no tratamento oportuno, ou seja, o mais cedo possível para impedir que haja o agravamento transformando cavidades iniciais em complexas. O fluxo de crianças ao consultório, no programa curativo, se dá a partir das idades de ingresso no 1º grau, teoricamente permitindo que cáries surgidas logo após a erupção dos primeiros molares, por exemplo, possam ser tratadas de imediato. Ações preventivas e de educação sanitária deveriam fazer com que se reduzisse a incidência (aparecimento de novas cáries), permitindo a médio prazo um domínio do quadro epidemológico, uma redução do tempo total de trabalho exigido para tratar crianças e, em consequência, liberando tempo para abranger outros grupos como os adolescentes e os infantes, ou para dar maior profundidade ao trabalho odontológico por meio do tratamento de doenças periodontais, problemas endodônticos, ortodônticos, cirurgicos.
Há um Grupo Inicial (GI) composto pelos que participam pela primeira vez do programa, Compulsório no caso das menores idades (em geral 6,7 e 8 anos), ou Eletivo compreendendo alunos fora da faixa etária compulsória e na dependência de disponibilidade de tempo da equipe. O Grupo de Manutenção(GM) reune pacientes já antes tratados. Quando há necessidades de atendimento generalizadas, a prioridade cabe ao GI Compulsório seguido, seguido pelo GM e em terceiro lugar pelo GI Eletivo. O levantamento epidemológico feito pelo índice CPO-D determina o volume de necessidades a serem tratadas. A ênfase cabe aos dentes permanentes, embora os temporários sejam tratados para prevenir males ortodônticos, mesmo que por meio de materiais provisórios.
Na prática, a lógica do Sisteme Incremental não conseguiu proporcionar os resultados que o país esperava. A isso, somava-se o reduzido acesso a população de menor renda aos serviços odontológicos, insuficientes na área pública e demasiado caros na área privada.
Por mais que aumentassem os números de restaurações feitas, seus efeitos não se traduziam numa melhora do índice CPO, o qual seguia crescente ou na melhor das hipóteses estável em termos de população. As causas mais prováveis da recente redução do índice CPO constatada em várias cidades brasileiras, em particular na faixa de 6 a 14 anos- maior universalização do uso de dentifrícios fluoretados, consolidação da fluoretação da água na zona urbana, ampliação do uso de medidas preventivas em consultórios particulares e em serviços públicos.
Não obstante, diversos programas escolares conseguiram êxitos inegáveis exatamente por terem seguidos os preceitos fundamentais da Sistema Incremental, ou seja, intensificando as ações preventivas e educativas como um contraponto ao trabalho curativo. 
Na zona rural e em municipios de menor porte, nos casos em que o padrão de ataque pela cárie ainda não sofreu modificações substanciais, é preciso recorrer a enérgicos programas preventivos e ainda despender recursos significativos com intervenções curativas para atender à forte demanda da comunidade neste sentido.
Em serviços que funcionam por livre demanda, é comum que haja maior procura por parte de adolescentes, buscando solucionarproblemas que por não terem sido resolvidos antes se agravam ao ponto de requererem atendimento. Outras razões, ligadas à estética e a exigências do mercado de trabalho podem levar os jovens com mais assiduidade aos consultórios odontológicos.
Cartão de saúde bucal
A adoção de Cartões de Saúde Bucal possibilita uma organização mais democrática, fácil e ampla do fluxo de pacientes, ademais de facilitar a progressão ordenada da cobertura e permitir à unidade de atendimento um controle e um acompanhamento bastante eficazes das atividades em desenvolvimento.
São válidos para pessoas até os 19 anos , desde que não deixem de comparecer durante dois anos seguidos a uma das clínicas ou unidades de saúda bucal.
O objetivo primordial da implantação desses cartões é o de assegurar a manutenção da saúde a uma clientela crescente.
A autoridade sanitária local, ou o responsável pela clínica ou pela proteção a uma determinada comunidade, distribui os cartões o que lhes permite saber a proporção de pessoas sadias em relação à populaçãototal da área.
Os serviços proporcionados não obrigatoriamentedevem comportar apenas a área básica, podendo considerar especialidades como endodontia e periodontia.
Saúde bucal para adultos
Adultos constituem a larga maioria da população, demandam fortemente por serviços odontológicos e influenciam de maneira decisiva o comportamento de seus dependentes. Possuem problemas específicos de saúde bucal e têm particularidades apidemológicas notáveis.
Ao lado da cárie e das doenças periodontais, a prática de extrações em série conduz ao edentulismo e ao uso de próteses (prática mutiladora).
Espera- se que a redução da ocorrência de cáries em crianças tenha repercussões positivas, a médio e a longo prazo, sobre as condições de saude bucal dos adultos, mas não é possível afirmar que isso necessariamente acontecerá. Na verdade, as causas para as extrações em série e para o edentulismo endêmico são múltiplas e não dependem apenas do que acontece com a dentição na infância e na juventude.
Em um estudo de opinião de residentes na Flórida/ EUA, com 65 anos e mais, Gilbert e cols. (1993) indicam o seguinte perfil para indivíduos que extraíram todos ou boa parte de seus dentes: baixa frequencia a consultórios de cirurgiões dentistas, menor disponibilidade financeira para pagar por serviços odontológicos, higiene oral deficiente, história de consumo de tabaco e de diabetes, atitudes negativas em relação à ciência e à prática da odontologia.
As gestantes não apresentam problemas odontológicos próprios, consequêntes ao seu estado. Mesmo o fenômeno conhecido como “gengivite gravídica” não é uma fatalidade e pode ser evitado com medidas profiláticas adequadas. “Grupos de gestantes”, enfatizando questões preventivas e de autocuidados em relação à saúde bucal da mulher e do bebê. Não há justificativa para que se confira prioridade especial as mulheres no periodo gestacional.
Dentro do possível, deve ser evitado o atendimento exclusivo por livre demanda, mesmo nas unidades de saúde menos organizadas e naquelas onde há um só ou poucos profissionais para cobrir uma população numerosa. 
Atenção a trabalhadores urbanos
Numerosas justificativas podem ser arroladas em favor da implantação de serviços odontológicos para a população economicamente ativa urbana e de modo especial para o segmento dos trabalhadores(Schou,1993). 
Prevalência muito alta de problemas relacionados à cáriedental e ao periodonto;
Possibilidades de detecção precoce de lesões relacionadas ao câncer bucal e a manifestações orais de AIDS e outras doenças de relevância vital; cerca de 60% do tempo de vida ativa édespendido no emprego ou local de trabalho; aumento das chances de desenvolver um programa participativo; redução potencial de absenteismo, do número de horas perdidas na produção e dos gastos empresariais e pessoais por questões de saúde; 
Aumento da produtividadee da satisfação da força de trabalho;
Posição favorável das representações sindicais e dos trabalhadores em geral, que consideram ser o ambiente de trabalho adequado para o desenvolvimentode ações de promoção da saúde.
As empresas governamentais ou privadas, possuem serviços de três tipos: própios, instalados em suas dependências e operados por pessoal em geral assalariado; contratados externos, com encaminhamento do empregado que necessitar de atendimento, quase sempre restrito a extrações e a problemas de urgência, a não ser quando apoiados em sistemas de pré pagamento; e os proporcionados por instituições de caráter socialcomo o SESI, SESC ou sindicatos de trabalhadores e patrões.
Os trabalhadores, na prática, não têm condições de acesso às unidades de saúde tradicionais e se não forematendidos no seu ambiente laboral o mais provavél é que os problemas existentes venham a agravar- se até se transformarem em casos de urgência e em motivos de falta.
Um programa de atenção a trabalhadores urbanos que tenha como fundamento a promoção da saúde bucal é a solução mais apropriada. Deve priorizar os grupos sob maior risco e ser direcionado para combate aos danos de maior prevalência ou gravidade. 
Estão em grupos de risco os trabalhadores que: 
Ganham os salários mais baixos; 
Possuem dentes; 
Não realizam exames bucais e não visitam um cirurgião dentista há longo tempo;
Trabalham em empresas que não possuem plano de saúde ou qualquer linha de proteção à saúde bucal de seus empregados;
Submeteram- se a extrações precoces e/ou já realizaram várias extrações;
Consomem açúcares em demasia;
Mostram uma higiene oral deficiente; 
Trabalham em empresas que produzem ou vendem doces, chocolates ou guloseimas em geral;
Tem medo de dentista ou consideram desnecessário ir regularmente a um consultório odontológico.
Atenção à população rural
O isolamento geográfico que torna o acesso aos cuidados de saúde prestados em forma tradicional muito difícil.
O conteúdo das ações educativas e os métodos preventivos necessariamente têm de se adaptar ao meio, fazendo uso de materiais, referências e facilidadestípicas da vida no campo. O pessoal técnico e auxiliarquando provém da mesma região onde se realiza o trabalho é preferível ao de fora.
Mais comum tem sido a oferta de atenção primária, no Brasil ocorre com a rede básica coordenada pelo Ministério da Saúde, na área médica. Quanto menor for a capacidade resolutiva do Agente de Saúde, em maior número se darão os encaminhamentos para a unidade com atenção por cirurgião dentistamais próxima, sendo importante nesses casos que os serviços estejam disponoiveis no dia em que normalmente as pessoas se deslocam para a localidade de referência da área rural, de modo especial em regiões da baixa renda e economia de subsistência.
Em termos institucionais as duas opções principais são o setor público e as entidades sindicais ligadas aos trabalhadores do campo. Ambas são satisfatórias, mas esta última quando bem estruturada tem a vantagem de prestar o atendimento na sua sede que é considerada como a própria casa do camponês.
O atendimento deve ser feito no menor prazo que for exequível; no mesmo dia, de preferência. Dada a sazonalidade típica da produção agrícola, condensar a ação de saúde nos períodos de maior concentração local de camponeses, pois nos meses intermediários entre o plantio e a colheita por vezes há uma migração intensa em busca de trabalho em regiões distintas.
Atenção a idosos
Cresce cada vez mais a importância relativa do grupo constituído por pessoas idosas ou de terceira idade na área odontológica, justificando o surgimento de uma nova disciplina- a odontologia geriátrica ou gerontologia- que começou a ganhar corpo a partir da segunda metade da década de 80.
Até aqui, no entanto, cuidados para idosos têm sido quase que sistematicamenteexcluidos das programações de saúde bucal em nível coletivo, merecendo escassa ou eventualatenção também por parte dos currículos tanto do ciclo quanto de pós- graduação. O conceito de prioridade por grupo etário, pelo qual maior ênfase é dada às crianças e jovens, na prática geral é aplicado incorretamente de modo especial em relação às pessoas de maior idade que ou dependem da caridade pública prestada em asilos e lares de velhos, ou devem pagar com os próprios recursos os cuidados de que necessitam.
Os problemas da saúde bucal nessa faixa etária variam desde casos críticos de pessoas desdentadas, com xerostomia e severas deficiências mastigatórias, até alterações menores de tecidos moles, disfagia, etc. Ao contrário do que se pensavaa respeito, esses problemas não são naturais da velhice. Mudanças na capacidade de deglutição, fala, paladar, bem como disfunções das glândulas salivares não estão associadas ao envelhecimento normal, mas quando não tratadas oportunamente podem se constituir em fatores negativos cumulativos sérios para os seus portadores.
Base conceitual
Os idosos foram divididos em grupos , com 60 anos e mais, assim conceituados:
Funcionalmente independentes- individuos sadios, podendo apresentar uma ou duas doenças crônicas não graves e controladas por medicação e/ou com algum declínio sensorial associado com a idade.
Parcialmente dependentes- pessoas que têm problemas físicos debilitantes crônicos, de caráter médico ou emocional, com perda de sistema de suporte social, fazendo com que sejam incapazes de manter independência total sem assistência continuada.
Totalmente dependentes- inclui aqueles cujas capacidades estão afetadas por problemas físicos debilitantes crônicos, médicos e/ou emocinais, que os impossibilitam de manter autonomia. Recebem ajuda permanente.
Situação epidemológica
A situação epidemológica em termos de saúde bucal da população idosa no Brasil pode ser classificada como bastante severa e grave, refletindo o descaso geral com que este grupo é socialmente considerado e as dificuldades financeiras em que a grande maioria procura sobreviver.
Ademais da gravidade quase extrema dos vários indicadores, observa-se que os idosos funcionalmente independentes pouco se distanciam daqueles que dependem parcial ou totalmente da ajuda de terceiros. As extrações, a exemplo do constatado em estudo de Poletto, dominam de maneira ampla o CPO-D. 
Mesmo entre indigenas o quadro nãos e mostra favorável, como demostra estudo, pelo qual o índice de CPO-D em populações xavante de 45 anos e mais atingiu a elevada marca de 19,2 atacado em média. As extrações e sua pior consequência- o edentulismo- cosntituem sem dúvida o problema principal.
Em Ribeirão Preto/ São Paulo, foram analisadas pessoas dentadas de 35 a 44 anos e de 50 a 59 anos, encontrando uma média individual respectivamente de 3,5 e 5,0 su perfícies afetadas por cárie radicular. Chamando atenção para o fato de que para o total de pacientes examinados, em ambas as faixas etárias, 99% possuía superfícies radiculares expostas ao meio bucal (recessão gengival) e 78% apresentava pelo menos uma lesão.
Prevenção e cuidados em relação à saúde bucal de idosos
Não realizar extrações precoces, ao que tudo indica, é o melhor conselho que se pode dar a quem deseja manter-se saudável, do ponto de vista odontológico, na velhice. Uma vez que o edentulismo tenha sido evitado, a prevenção de cáries de raiz pode ser conseguida principalmente por meio do uso eficaz de fluoretos em bochechos, pastas profiláticas e gel. A aplicação de gel flúor-fosfato acidulado tem sido útil tam bém para prevenir a sensibilidade dentinária. Pacientes com contagens elevadas de S. Mutans podem beneficiar-se com a utilização de clorexidina na forma de gel ou em bochechos.
Aqueles que costumam ter mais cuidados com a aparência pessoal são os que têm maiores possibilidadesde igualmente valorizar a saúde bucal.
Trabalho dos cuidadores de idosos
Como parte do programa “Protegendo a Vida” da Secretaria de Saúde do estado do Paraná, foi implementado um projeto de ação com base manual sobre “o que os cuidadores de idosos precisam saber sobre saúde bucal”.
Uso de próteses totais e móveis, condições de escovar os dentes sozinho, existência de problemas de locomoção, dificuldades para comer, ingestão exclusiva ou habitual só de alimentos moles, alterações comportamentais regulares ou eventuais, alterações na mucosa bucal, sangramento gengival, acúmulo de placa, raízes dentárias expostas, feridas ou úlceras de longa duração, candidíase, escorrimento de saliva, boca seca. 
Os cuidadores são orientados no sentido de:
Observar mudanças de comportamento ao comer, falar, sorrir, verificando sua provável associação com problemas dentários ou bucais;
Prestar atenção a comentários de parentes ou amigos pois estes podem detectar mudanças não percebidas;
Lembrar que cuidados com a boca e os dentes constituem assunto muito pessoal, mas é possível ajudar aos quenão são capazes de fazer as coisas por si mesmos;
Procurar aconselhamento do cirurgião dentista frente a dificuldadesem manejar o paciente e comunicar-lhe ou a outros componentes da equipe odontológica suas observações.
Programas de saúde pública
Unidades que prestam atendimento à população em geral, como ambulatórios, centros e postos de saúde, clínicas do setor privado com atuação em nível coletivo, podem e devem incluir entre suas atividades normais a proteção à saúde bucal de idosos. 
Dentro do conceito de que a idade por si só não é um fator de risco para a extração dentária, um bom programa de educação para saúde bucal ocupa uma posição de inegável importância em cada comunidade.
Os seguintes pontos principais devem fazer parte de um programa de saúde bucal coletiva direcionado para pessoas de idade avançada:
Detecção de problemas em pacientes que frequentam a unidade;
Extensão de cuidados em nível de comunidade, residências e instituições específicas para idosos ou instituições que os abrigam;
Desenvolvimento de iniciativas regulares no campo da educação em saúde bucal, proporcionando orientações específicas para esse grupo etário e enfatizando a adoção de comportamentos compatíveis com uma boa saúde bucal;
Prestação de atendimento clínico privilegiado de acordo com o funcionamento e a dinâmica de cada Unidade;
Prevenção primária voltada principalmente para evitar problemas ainda não vivenciados;
Prvenção secundária com o uso de fluoretos;
Prevenção terciária via manutenção da aparelhos protéticos;
Integração com outros programas e setores da sociedadeque prestam serviço à terceira idade;
Adoção de indicadores próprios a essa faixa etária como a estratificação segundo a condiçao funcional.
Atenção aos indigenas
O trabalho odontológico junto às comunidades indigenas fundamenta-se em quatro princípios: respeito as tradições e aso costumes tribais; não interferência na vida da aldeia, com implantação de serviços curativos e hábitos da odontologia ortodoxa só quando tiver justificativa epidemiológica; ênfase na educação do pessoal encarregadode contratar as populações indígenas; utilização, em nível técnico, mão-de-obra não indígena apenas em último caso, quando for inviável o aproveitamento de elementos da própria tribo.
Quando em vida isolada na mata e submetidos a uma alimentação natural sem contato com o açúcar, esses povos costumam apresentar baixa prevalência de cárie e de outras doenças típicas da área odontológica.
Pereira et al. (1977) relata não ter observado nenhum tratamento para combater ou remediar a dor de dente entre os Ianomami, embora Tricerri (1985) tenha referido o emprego a infusões de plantas como a catajuba e o ambém para aliviar as odontalgias nos Canamaris.
Um programa mínimo voltado para o atendimento de comunidades indigenas deveria atender às seguintes condições: 
Desenvolvimento de ações preventivas e educativas estritamente adaptadas aos costumes e à vida tribal, se a prevelência de cáries dentais e de doenças periodontais for baixa, o melhor método preventivo na certa será aquele já empregado pela comunidade. A introdução da escovação dental, por exemplo, não se justifica em grupos onde, mesmo na ausência de quaisquer práticas de higiene oral, constatar-se uma saúde periodontal boa ou aceitável;
Disponibilidade de serviços curativos básicos em localidades próximas às aldeias. Sempre que possível lançar mão das unidades da rede pública de saúde pertencente às Secretarias de Saúde municipais ou estaduais, após propiciar ao pessoal de nível operacional treinamento específico sobre a epidemologia bucal e os fatores que influenciam a problemática odontológica em indígenas;
Nas aldeias onde os danos odontológicos são significativos, um ou mais dos residentes deve possuir conhecimentos essenciais para sua resolução ou equacionamento. Este elemento pode ser um dos membros da tribo, ou um agente comunitário de saúde, variando a amplitude de suas ações de acordo com o tipo e quantidade de problemas em cada população;
Acesso pelo menos a serviços pontuais para agrupamentos isolados, prestados por equipes que se deslocam até eles de tempos em tempos utilizando meios de locomoção compatíveis;
Estudos epidemológicos sobre as condições da saúde bucal.