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CS 1 CIVIL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA (...) DA 
COMARCA DE FORTALEZA/CEARÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
JÚNIA SANTOS, brasileira, maior, casada, 
administradora, portadora do documento de identidade RG. ... e inscrito no CPF 
sob o ..., residente e domiciliada em Fortaleza/CE por meio de seu procurador 
que este subscreve, com endereço profissional ..., onde recebe intimações, vem 
respeitosamente perante Vossa Excelência, propor, com fulcro com princípios 
nos artigos 2°, 3 e 30 da Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990 e nos artigos 251 
e 1331 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 
 
 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE 
FAZER CUMULADA COM PEDIDO DE CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO 
DE FAZER E NÃO FAZER 
 
em face da construtora e incorporadora ÁPICE ENGENHARIA LTDA, pessoa 
jurídica inscrita no CNPJ sob o n. ..., com sede em Fortaleza/CE, endereço 
eletrônico ..., pelos motivos de fato de direito a seguir expostos. 
 
DOS FATOS 
Na aquisição apartamento 201 e uma vaga 
de garagem no Edifício Belo Lar, situado na capital do Ceará. A vendedora é 
parte ré, que também foi a construtora e incorporadora do empreendimento. As 
partes assinaram uma escritura publica de compra e venda em 20 de dezembro 
de 2013, mas as obras do edifício foram concluídas em maio de 2014. Deste 
modo, o apartamento foi entregue à Júnia de julho de 2014, mesma data a 
ajustada na escritura pública assinada pelas partes. 
Igualmente, ao receber o apartamento, a 
autora notou que o acabamento interno estava diferente do que constou no 
panfleto de propaganda divulgado pela construtora, na época em que adquiriu o 
imóvel teve uma no acabamento do imóvel que chegou a gastar R$ 50.000,00 
(cinquenta mil reais). Além disso, a vaga da garagem ao lado da adquirida por 
Júnia foi vendida pela construtora a uma pessoa que não tinha nenhuma outra 
unidade no prédio, embora a Convenção do condômino entregue a Júnia não 
contenha nenhuma previsão expressa autorizando a pratica deste ato. 
 
DO DIREITO 
A APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
 As características de relação de 
consumo das partes se estabelecem em um dos pontos de vista da empresa, 
incorporadora e prestadora de serviços, e por tanto fornecedora de produtos e 
serviços nos termos do art. 3 do C.D.C., e a autora a consumidora, de acordo 
com o art. 2 do C.D.C. 
 Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica 
que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final. 
 Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a 
coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações 
de consumo. 
 Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou 
jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou 
prestação de serviços. 
 § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, 
material ou imaterial. 
 
Portanto, os artigos demostram do 
fornecimento de produtos e serviços. 
 
DO DIREITO 
 Primeiramente, oportuno destacar que o 
réu deve ser tratado na relação jurídica como uma incorporadora, visto que 
efeituo a construção do apartamento, veja o que dispõem no artigo da lei 
4591/64. 
 Art. 29. Considera-se incorporador a pessoa física 
ou jurídica, comerciante ou não, que embora não 
efetuando a construção, compromisse ou efetive a 
venda de frações ideais de terreno objetivando a 
vinculação de tais frações a unidades 
autônomas, (VETADO) em edificações a serem 
construídas ou em construção sob regime 
condominial, ou que meramente aceite propostas 
para efetivação de tais transações, coordenando e 
levando a têrmo a incorporação e 
responsabilizando-se, conforme o caso, pela 
entrega, a certo prazo, preço e determinadas 
condições, das obras concluídas. 
Parágrafo único. Presume-se a vinculação entre a 
alienação das frações do terreno e o negócio de 
construção, se, ao ser contratada a venda, ou 
promessa de venda ou de cessão das frações de 
terreno, já houver sido aprovado e estiver em vigor, 
ou pender de aprovação de autoridade 
administrativa, o respectivo projeto de construção, 
respondendo o alienante como incorporador. 
Paralelamente fica claro a relação de 
consumo constante neste negócio jurídico tendo fulcro no artigo 30 do Código 
de Defesa do Consumidor. 
Art. 30. Toda informação ou publicidade, 
suficientemente precisa, veiculada por qualquer 
forma ou meio de comunicação com relação a 
produtos e serviços oferecidos ou apresentados, 
obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se 
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. 
Do mesmo forma, devemos destacar que a 
construtora e incorporadora Àpice Engenharia LTDA, realizou uma de 
publicidade enganosa no dispositivo no artigo art. 37 da Lei Código de Defesa 
do Consumidor. 
“Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou 
abusiva. 
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de 
informação ou comunicação de caráter publicitário, 
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro 
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em 
erro o consumidor a respeito da natureza, 
características, qualidade, quantidade, 
propriedades, origem, preço e quaisquer outros 
dados sobre produtos e serviços.” 
No mesmo sentido, podemos salientar que 
a autora tem o direito de exigir a indenização ao acabamento interno de seu 
apartamento tendo no artigo 247 Código Civil da Lei 10.406/02. 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas 
e danos o devedor que recusar a prestação a ele só 
imposta, ou só por ele exequível. 
 Em razão bem clara da obrigação não 
fazer pela parte ré, que sendo ilegal a venda de garagem para terceiros 
estranhos aos condôminos, com a fundamentação nos termos do art. 1331 
Código Civil brasileiro de 2002 
 Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que 
são propriedade exclusiva, e partes que são 
propriedade comum dos condôminos. 
§ 1o As partes suscetíveis de utilização 
independente, tais como apartamentos, 
escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com 
as respectivas frações ideais no solo e nas 
outras partes comuns, sujeitam-se a 
propriedade exclusiva, podendo ser 
alienadas e gravadas livremente por seus 
proprietários, exceto os abrigos para 
veículos, que não poderão ser alienados 
ou alugados a pessoas estranhas ao 
condomínio, salvo autorização expressa 
na convenção de condomínio. 
Ainda sobre a obrigação de não fazer, 
podemos mencionar o artigo 251 do Código Civil. 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja 
abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele 
que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua 
custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o 
credor desfazer ou mandar desfazer, 
independentemente de autorização judicial, sem 
prejuízo do ressarcimento devido. 
Nesse contexto, conclui-se que a autora 
tem direto fundamento legal para exigir da Construtora e Incorporadora Àpice 
Engenharia LTDA, indenização quanto o acabamento interno do apartamento ou 
a troca do acabamento atual por aquele divulgado no panfleto de publicidade, 
visto que a propaganda vincula o produto como já mencionado anteriormente e 
impor a revogação da venda da garagem a terceiros estranhos aos condôminos. 
 
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
No contexto presente pela da demanda há 
possibilidade claras da inversão do ônus da prova ante a verossimilhança das 
alegações conforme no artigo 6 no inciso VIII do CDC. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a 
facilitação da defesade seus direitos, inclusive com 
a inversão do ônus da prova, a seu favor, no 
processo civil, quando, a critério do juiz, for 
verossímil a alegação ou quando for ele 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
De modo cabe o requerido demostrar 
provas em contrario ao que foi exposto pelo autor. 
Sobre esse assunto da jurisprudência 
TJDF em julgado similar em vinculação de propaganda vincula o fornecedor ao 
seu cumprimento. 
CONSUMIDOR. PROPAGANDA - VINCULAÇÃO 
DO FORNECEDOR - COMPRA DE IMÓVEL - 
PAGAMENTO DO ITBI - PERÍODO DA OFERTA - 
INEXISTÊNCIA DE FALHA NA PRESTAÇÃO DOS 
SERVIÇOS. RECURSO CONHECIDO E 
IMPROVIDO. 1. A veiculação de propaganda 
vincula o fornecedor ao seu cumprimento, nos 
termos do art. 30 do CDC. 2. No presente caso a 
oferta de pagamento de ITBI pela construtora 
vigorou para o mês de maio de 2012 (fl. 117) e a 
compra do imóvel ocorreu no dia 17 de julho de 
2014. Portanto, o pagamento do ITBI é devido pelos 
autores/compradores, como estipulado 
contratualmente (fl. 17, cláusula 7ª). 3. RECURSO 
CONHECIDO E IMPROVIDO. 4. Decisão proferida 
na forma do art. 46, da Lei nº 9.099/95, servindo a 
ementa como acórdão. 5.Condeno os recorrentes 
ao pagamento das custas processuais e honorários 
advocatícios, estes fixados em 15% (quinze por 
cento) do valor da causa. Diante do pedido de 
gratuidade de justiça formulado, suspendo a 
exigibilidade da cobrança, nos termos do art. 98, § 
3º, do NCPC. 
(TJ-DF 20150410031302 0003130-
92.2015.8.07.0004, Relator: ASIEL HENRIQUE DE 
SOUSA, Data de Julgamento: 14/02/2017, 3ª 
Turma Recursal, Data de Publicação: Publicado no 
DJE : 23/02/2017 . Pág.: 813-831 
Portanto deverá o réu ser condenado ao 
todo contido nesta peça em virtude nos artigos mencionas acima. 
 
DOS PEDIDOS 
Ante ao exposto e tudo que dos autos 
contam, requer o Autor/Requerente que se digne-se a Vossa Excelência 
a) Que seja p determinada a citação do Réu, no endereço contido 
nesta exordial, para que compareça a audiência de conciliação ou mediação a 
ser designada por esse r. juízo e após esta, querendo, ofereça resposta 
oportunamente, no prazo legal, sob pena de ser considerado verdadeiros os 
fatos alegados, sob pena de sofrer os efeitos da revelia. 
b) Que no final, os pedidos sejam julgado totalmente procedentes, 
com a consequentemente condenação da Ré ao pagamento da importância de 
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) pelo não cumprimento da obrigação de fazer, 
conforme veiculada na publicidade divulgada, bem como a consequente a 
condenação da mesma na obrigação de não fazer no sentido de desfazer a 
venda da garagem a terceiro estranho ao condomínio, sob pena de pagamento 
de perdas e danos 
c) Bem como a condenação da ré no pagamento das custas 
processuais e honorários advocatício no patamar de 20% (vente por cento) sobre 
o valor dado a causa, nos termos do art. 85 inciso II do Código Processo Civil. 
d) Seja aplicada a correção monetária de juros de mora até a data do 
efetivo pagamento. 
 
Dá-se a causa o valor de R$ 50.000,00 
(cinquenta mil reais) para fins de alçada. 
 
 
 
Termos em que, 
Pede o deferimento 
Fortaleza – Ceara, 18 de fevereiro de 2019 
 
______________________________ 
Advogado 
OAB/UF ...

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