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1 Processos Orgânicos II Indústria do Petróleo - parte 2 – Noções de Geologia do Petróleo e Aquisição de Dados Geofísicos Prof. Jacques Fernandes Dias jacques@fat.uerj.br dias@usc.edu Processos Orgânicos II Origem do Petróleo • Matéria Orgânica – Microorganismos + algas = fitoplancton • Decomposição aeróbia (bactérias e fungos) + anaeróbia (sedimentos + bactérias e fungos) • Sedimentação: condição não-oxidante, baixa permeabilidade, inibidor de água circulante em seu interior 2 Processos Orgânicos II Origem do Petróleo Processos Orgânicos IIOrigem do Petróleo Condições Térmicas 1. Diagênese: - Temperaturas de até 65˚C - Atividade bacteriana - Formação de querogênio = matéria orgânica fóssil (metano biogênico ou bioquímico) - querogêneo seco, quando proveniente de matéria vegetal e querogêneo gorduroso, quando proveniente de algas e matéria animal 2. Catagênese - temperatura de até 165˚C - quebra do querogêneo (perda de (H2O, CH4, CO2, etc...) - no caso do petróleo, formação de HC líquidos e gás 3. Metagênese - temperatura de até 210˚C - quebra de HC líquidos em gás leve 4. Metamorfismo - transformação do material (grafite, CH4 e CO2) Etapas 2 - 4 Cozimento: efeito da temperatura (quebra) + efeito da pressão (junção) Querogêneo seco gerou, via cozimento, linhito, carvão negro, antracito, xisto carbonífero e metano 3 Processos Orgânicos IIOrigem do Petróleo Condições Térmicas Processos Orgânicos II Tipos de Rocha - Geologia Geologia -história da Terra e a origem do seu relevo complexo Geologia histórica: cronologia dos eventos físicos e biológicos Geologia física: -processos que atuam sobre ou logo abaixo da superfície da terra, - materiais sobreos quais tais processos se desenvolvem 4 Processos Orgânicos II Processos Orgânicos II • Uma vez formado (rocha geradora inicia-se o processo de migração até uma armadilha geológica): fase em que se tem menos informação – Migração Primária: Expulsão da rocha geradora • Por causa da água • Microfaturamento das rochas geradoras (fluxo através de meio com baixa permeabilidade – argilas/folhelhoss) – Migração Secundária: Percurso até reservatório • Ao longo de uma rocha porosa e permeável • Caso não houvesse contenção a migração seguiria o rumo da menor pressão perdendo-se em exsudações, oxidação e degradação bacteriana na superfície. Origem do Petróleo Migração 5 Processos Orgânicos II • Rocha reservatório – Qualquer natureza contanto que seja POROSA e PERMEÁVEL (espaços vazios interconectados) • arenitos e calcarenitos e todas as rochas sedimentares • Carbonatos e outros folhelhos porosos, apesar de serem impermeáveis podem se tornar reservatórios quando naturalmente fragmentados • Porosidade: Φ = Volume poro / Volume total V(total) = V(poro) + V (sólidos = grão, matriz (material fino entre os grãos) e cimento (material de liga entre os grãos)) • Normalmente existe comunicação entre os poros, mas estes podem encontrar-se isolados (por causa da cimentação) • Porosidade abosoluta = V (total dos poros) / V (total da rocha) • Porosidade efetiva = V (poros interconectados) / V (total da rocha) … importante para a engenharia de reservatórios (relacionados ao volume de fluido que pode ser extraído) • Porosidade Primária: desenvolvida quando da conversão do material sedimentar • Porosidade secundária: desenvolvidas no material já formado devido a esforços mecânicos (aparecimento de fraturas) – Rochas Calcáreas: dissolução de sólidos devido ao ataque da água • Medição da Porosidade: perfis elétricos executados nos poços ou ensaios de laboratório em amostras da rocha • Caso brasileiro: reservatórios são geralmente arenitos e calcarenitos, existindo também situações não –convencionais (igneas e metamórficas) como os folhelhoss fraturados na Bacia do Reconcavo (BA), os basaltos na Bacia de Campos (RJ) e metamórficas fraturadas na Bacia Sergipe-Alagoas Origem do Petróleo - Acúmulo Processos Orgânicos II 6 Processos Orgânicos II Processos Orgânicos II 7 Processos Orgânicos II Origem do Petróleo Rocha Selante • Rocha selante: barreira que gera o acúmulo – Baixa permeabilidade (impermeabilidade) – Plasticidade: manutenção da condição selante mesmo submetida a esforços determinantes de deformações – Extensão • Classes de Rochas: – folhelhos e evaporitos (sal) Processos Orgânicos II • Também conhecidas como TRAPAS. Sua estruturação irá determinar a quantidade de óleo que acumulará. • As condições são desenvolvidas principalmente por esforços físicos diretos, podendo ser também por causas hidrodinâmicas. • Classificadas como: – Estruturais. Quando a trapa é predominantemente deste tipo acham-se os maiores volumes de petróleo. – Estratigráficas – Mistas ou combinadas Origem do Petróleo Armadilhas Geológicas 8 Processos Orgânicos II • Estruturais – Respostas das rochas aos esforços e deformações – Dobras e falhas (colocam em contato rochas reservatórios com rochas selantes) • Em 1860, Rogers mostrou ser fundamentalmente estrutural a descoberta de Drake. • Campos Gigantes em anticlinais afetadas por falhamentos no Oriente Médio (Ghawar, 2275 km2, Hassi R’Mel, 2600 km2) e na Rússia (Samotlor, 2000 km2) • Bacias brasileiras do Recôncavo e costeiras. Origem do Petróleo Armadilhas Geológicas Processos Orgânicos II • Estratigráficas – Interação e fenômenos de caráter paleogeográfico (paleorrelevo) e sedimentológicos com variações laterais de permeabilidade. Sequências superpostas de camadas rochosas. • Aprisionamentos brasileiros: Candeias, Recôncavo e Bacia do Ceará (arenitos intercalados com folhelhoss), Bacia Potiguar • Combinadas ou Mistas: Bacias Potiguar e do Espírito Santo Origem do Petróleo Armadilhas Geológicas 9 Processos Orgânicos II Prospecção de Petróleo • Longo e dispendioso estudo e análise de dados geológicos e geofísicos, para depois se perfurar um poço. • Objetivos: – Localizar dentro de uma bacia sedimentar os locais (situações geológicas) que tenham condição para acumular petróleo – verificar quais são aquelas que possuem maior chance de ocorrência • Métodos Geológicos – Aerofotometria e fotogeologia (geologia de superfície) – Geologia de subsuperfície • Métodos Geofísicos – Gravimetria – Magnetometria – Sísmicos Processos Orgânicos II • Programa exploratório visando reconstruir as condições de formação e acúmulo em determinada região • Mapas de geologia de superfície – Rochas que afloram permitem identificação de bacias e estruturas capazes de reter hidrocarbonetos – Rochas igneas e metamórficas praticamente eliminadas e bacias pequenas com espessura reduzida – Locação de poços pioneiros (índice de sucesso da Petrobrás é de 47%) • Inferição (via mapas e poços) sobre a subsuperfície – Poços exploratórios (ver o que não aflora, calibrando os processos indiretos) • Análise de informações de carater paleontológico e geoquímico Prospecção de Petróleo Métodos Geológicos 10 Processos Orgânicos II • Aerofotometria – Meio para construção de mapas base ou topográficos – Avião devidamente equipado fotografando a uma altitude, direção e velocidade constante. – Imagens de radas e satélite com cores processadas para ressaltar características úteis • Fotogeologia – Determinação de feições geológicas a partir de fotos aéreas – Dobras, falhas e mergulho de camadas visíveis – Observa-se a variação de cor no solo – Configuração dos rios e drenagem – Regiões áridas são de fácil identificação (sem cobertura vegetal) Prospecção de Petróleo Aerofotometria e Fotogeologia Processos Orgânicos II Prospecção de Petróleo Aerofotometria e Fotogeologia Região árida Foto de satélite com linhas fruto de dobramentos11 Processos Orgânicos II • Poço Exploratório – Descrição das amostras de rochas recolhidas durante a perfuração – Estudo das formações perfuradas e sua profundidade (referencial normal: nível do mar) – Construção de mapas e seções estruturais através da correlação entre informações de diferentes poços – Identificação dos fósseis presentes nas amostras de rocha da superfície e subsuperfície (paleontologia) permitindo a correlação entre tipos de rocha de um bacia ou entre bacias Prospecção de Petróleo Geologia de Subsuperfície Processos Orgânicos II Prospecção de Petróleo Geologia de Subsuperfície 12 Processos Orgânicos II • Geofísica – estudo da terra usando-se propriedades físicas (métodos indiretos) • Grande parte do conhecimento adquirido do interior da Terra (além dos limites dos poços) vem destes dados – Existência e propriedades da crosta, manto e núcleo da Terra inicialmente determinadas por observações das ondas sísmicas geradas por terremotos, atração gravitacional, amgnetismo e propriedades térmicas das rochas • Gravimetria e magnetometria Prospecção de Petróleo Métodos Potenciais Processos Orgânicos IIProspecção de Petróleo Gravimetria • Assunto de interesse histórico (250 anos) com a preocupação da forma da Terra • Campo Gravitacional depende de: – Latitude – Elevação – Topografia – Marés – Variações de densidade na subsuperfície (este é o único parâmetro que interessa a prospecção de petróleo) • Permite fazer: – estimativas da espessura dos sedimentos, – Presençsa de rochas com densidades anômalas (rochas igneas e domos de sal) – Prever a existência de altos e baixos estruturais pela distribuição lateral desigual de densidades • Unidade: 1gal = 1 cm/ s2 – Gravidade média da Terra: 980 gal – Anomalias de interesse: 10-3 gal – Precisão requerida: 1/ 1.000.000 13 Processos Orgânicos IIProspecção de Petróleo Gravimetria• Mapa Bouguer: corrigido para latitude, elevação, topografia e marés • Diferentes situação geológicas podem apresentar mapas semelhantes (confimação com outros métodos) • Recôncavo Bahiano teve a maioria de seus campos descobertos por interpretação de mapas gravimétricos Processos Orgânicos IIProspecção de Petróleo Magnetometria • Pequenas variações do campo magnético da Terra • Matemática mais complexa (vetor apontado horizontalmente no equador e verticalmente nos pólos que não são os polos geográficos) • Vôos aeromagnéticos dependem da latitude, direção e altitude do vôo • Variações diurnas fruto de tempestades magnéticas (atividades solares) e movimentação das camadas ionizadas da alta atmosfera • Unidade: 1gamma = 1 nTesta = 10-5 gauss – Campo magnético terrestre: 50000 gammas – Anomalias de interesse: 1 a 10 gammas – Precisão requerida: 1/ 50.000 • Detecta a presença de magnetita (Fe3O4) disseminada nas rochas (outros minerais apresentam susceptibilidade magnética inferior) – Rochas básicas: alta susc. mag. e ácidas (sedimentares): baixo 14 Processos Orgânicos IIProspecção de Petróleo Magnetometria • Mapas de embasamento magnético • Problema da ambiguidade • Estimativas da profundidade do embasamento ou espessura da camada sedimentar, altos estruturais e presença de rochas intrusivas baixas (alto teor de magnetita) Processos Orgânicos IIProspecção de Petróleo Métodos Sísmicos • Geração de ondas elásticas → processo de reflexão e refração (interfaces das camadas com diferentes constituições) → receptores na superfície • Sísmico de refração – Registro de ondas refratadas com ângulo crítico (head waves) – Aplicação maior em sismologia, com uso restrito para prospecção – Muito utilizada na década de 50 com refinamento por métodos potenciais • Sísmico de reflexão – Método de prospecção mais utilizado (90% dos investimentos em prospecção) – Alta definição das feições geológicas em subsuperfície – Custo relativamente baixo 15 Processos Orgânicos II Processos Orgânicos II Fontes (geradores das ondas mecânicas – ponto de tiro) • Dinamite e vibrador (terra) e canhão de ar comprimido (mar, localizados de 7 a 15 abaixo da superfície) • Emissão de pulso 3-D característico (assinatura) Receptores (transformam ondas mecânicas em oscilações elétricas que são passadas ao sismógrafo – tratamento dos dados) • Geofones (eletromagnéticos) – Bobina em um campo magnético (imã) acondicionado em um invólucro cravado à superfície da Terra – Ondas → trepidação →movimento relativo entre a bobina e o campo → corrente elétrica proporcional • Hidrofones (pressão) – Cristais piezoelétricos que geram corrente proporcional à variação de pressão, causadas pelas ondas acústicas 16 Processos Orgânicos II Aquisição de Dados Sísmicos • Canais de recepção (de 128 a 1024 canais) dispostos ao longo de uma reta de maneira equidistante (20 a 50 metros) • Sistema de posicionamento dinâmico por levantamento topográfico em terra e radioposicionamento e satélites no mar • Parâmetros (função do grau de detalhamento/qualidade dos resultados e custo): – resolução vertical e horizontal distorções – atenuação de ruídos –Profundidade de interesse (tempo de registro) – amostragem espacial (horizontal e lateral) importantes no processamento das imagens junto com a temporal (função das frequências dos sinais) Processos Orgânicos IIAquisição de Dados Sísmicos 17 Processos Orgânicos IIOndas Sísmicas Processos Orgânicos IIOndas Sísmicas • Outras ondas não usadas em prospecção de petróleo 18 Processos Orgânicos IIOndas Sísmicas • No choque parte se reflete e parte se refrata • A quantidade refletida depende da diferença das impedâncias acústicas (densidade x velocidade) Processos Orgânicos IIOndas Sísmicas 19 Processos Orgânicos II Métodos Sísmicos – Resultados • Pelo contraste das impedâncias: traço sísmico ou sismograma sintético que correlaciona dados dos poços (densidades das camadas) com os eventos da secção sísmica Processos Orgânicos II Métodos Sísmicos – Resultados • Para obteção das velocidades: técnica CDP (Common Depth Point) – aquisição de um mesmo ponto da subsuperfície (onda refletida) várias vezes (48 a 240) com diferentes posições de tiros e receptores … permite também: – Acelerar a aquisição – Cobertura contínua mesmo com obstáculos ou impossibilidade de acesso na superfície (plataformas de petróleo e redes elétricas) – Atenuar reverberações em mar; – Atenuar ruídos (vento, ondas, tráfego, entre outros) 20 Processos Orgânicos II Métodos Sísmicos • Análise de velocidades: caso a velocidade seja constante num meio a aquisição será uma função hiperbólica (aproximação) • Processamento de dados dos sinais: – Uso de computação de grande porte – Produção de imagens para busca de situações favoráveis ou caracterização de reservatórios (gerenciamento da produção) – Deconvolução, filtragens de sinais e correções: tratamento matemático – Geração de secções compostas por traços sísmicos • Interpretação dos dados sísmicos – Mapas estruturais – Identificação das feições geológicas (deposição sedimentar, variações laterais, presença de camadas e domos de sal, intrusivas, evolução estratigráfica e até detecção direta de HC através de anomalias de amplitude) Processos Orgânicos II Efeito da difração 3-D 21 Processos Orgânicos II Métodos Sísmicos aplicados durante a produção 4 - D Processos Orgânicos II Métodos Sísmicos aplicados no poço • Uso do(s) poço(s) para instalação de fontes e receptores • Cargas explosivas na superfície e receptores ao longo do poço: observa-se a ação das ondas descendentes (compressionais e reverberações) e ascedentes (reflexões), obtendo-se dados da litologia atravessadas pelo poço (é equivalenteao sismograma sintético de maneira ainda mais precisa) • Instalação de fontes em um poço e receptores em um poço adjacente, Tomografia Sísmica. A região entre os poços é dividida em áreas com velocidade constante. Importante, via técnica 4-D, para