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PARECER JURÍDICO

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PARECER JURÍDICO
A cliente CATARINA DI MEDICI, proprietária do estabelecimento comercial “Padaria Pão Fofinho”.
COMPENSAÇÃO DE HORAS EXTRAJORNADA – POSSIBILIDADE DA UTILIZAÇÃO DO BANCO DE HORAS – PAGAMENTO EXTRA-FOLHA – APLICABILIDADE DA LEI 13.467/2017.
 RELATÓRIO
Outrora, a Sra. CATARINA DI MEDICI, solicitou um parecer jurídico versando sobre a possibilidade da implementação da forma de compensação de horas extrajornada “Banco de Horas” em seu estabelecimento comercial, ao invés da utilização, do comum adimplemento das horas realizadas em sobrejornada.
Ainda no contexto da entrevista, a solicitante informou que o referido assunto foi tratado na “Reforma Trabalhista”, demonstrando interesse em alterar tal a forma de compensação de jornada em sua empresa, justificando tal vontade na onerosidade de sua folha de pagamento.
Devido a onerosidade apresentada pela solicitante, a empresária havia pensado em realizar o pagamento das horas referentes a período de sobrejornada de forma “extra-folha”, entretanto, ao saber da utilização do “Banco de Horas” optou pela adoção de tal sistema. 
Por fim, a solicitante apresenta outra importante dúvida, se tratando a respeito da aplicabilidade de tal regime em razão de seus antigos e novos funcionários.
É o relato. Passo a opinar.
 FUNDAMENTAÇÃO
- A instituição do Banco de Horas em uma empresa é plenamente possível, desde que, seja autorizado por acordo ou convenção coletiva de trabalho da classe (Art. 59, §2º da CLT). Não obstante ao exposto, ainda poderá ser estabelecida a compensação de jornada por Banco de Horas, quando for pactuada por empregado e empregador, em acordo individual escrito (Art. 59, §5º da CLT).
- A realização do pagamento extra-folha é tomada como ação ilegal, vez que é um método utilizado pelo empregador a fim de evitar onerosidades na folha de pagamento. Seguindo tal linha de raciocínio, o trabalhador, caso prove o recebimento extra-folha poderá requisitar judicialmente o valor recebido indevidamente na integração do cálculo de todas as outras verbas trabalhistas.
Assim, tem-se como entendimento dos Tribunais:
PAGAMENTO DE SALÁRIO SEM ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL ("POR FORA" OU EXTRAFOLHA) - NECESSIDADE DE INTEGRAÇÃO NO CÁLCULO DE OUTRAS VERBAS TRABALHISTAS I - O salário pago ao trabalhador empregado, caso não se cogite de parcelas variáveis, deve ser aquele registrado em sua carteira de trabalho e previdência social, admitidos os descontos tributários legalmente determinados. Se se cogita de parcelas salariais variáveis, como comissões, elas têm de estar registradas nos contracheques ou recibos de pagamento. Conduta ilegal é a da empresa que registra salário inferior ao que efetivamente paga a seu empregado, precisamente no intuito de reduzir os encargos acessórios - como FGTS e contribuições previdenciárias. [...]
(TRT-1 – RO: 00114570520155010243, Relator: EVANDRO PEREIRA VALADÃO LOPES, Data de Julgamento: 20/09/2016, Quinta Turma, Data de Publicação: 29/09/2019)
- Também em resposta ao apresentado pela solicitante, tem-se que todos os efeitos da reforma trabalhista possuem natureza “ex nunc”, ou seja, apenas os contratos de trabalho realizados posteriormente à data em que a Lei 13.467/17 (Reforma Trabalhista) entrou em vigor (13/11/2017), serão atingidos pelas normas regidas em tal ato normativo. 
CONCLUSÃO
Ante o exposto, concluo indicando à solicitante a mudança de método de compensação de horas extrajornadas, alterando o pagamento destas, pela cessão ao “Banco de Horas”.
 Ademais, não indico o pagamento das horas extrajornadas de maneira “extra-folha”, vez que caso o empregado ajuíze futura ação judicial, o passivo trabalhista será extremamente oneroso à empresa. 
Por fim, afirmo à solicitante que as alterações regidas pela Lei 13.467/17 são vigentes aos contratos de trabalho realizados em momento posterior à data em que o referido ato normativo entrou em vigor, no dia 13 de Novembro de 2017.
Belo Horizonte, 13 de Março de 2019.

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