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08/05/2017 1 HEPATITES VIRAIS FARMÁCIA – Fisiopato III Prof. Msc. Fabricio M. Costa HEPATITE B • É um vírus DNA, envelopado, pertencente a família Hepadnaviridae, que infecta apenas os seres humanos. • ANTÍGENOS: • HBsAg: Ag de superfície; • HBcAg: Ag do core; • HBeAg: Ag central; • Material genético constituído por DNA circular de fita parcialmente dupla. HEPATITE B • Os Ag e os anticorpos correlatos, como o anti- HBs, anti-HBc (IgM e IgG) e anti-HBe são essenciais para o diagnóstico e o acompanhamento da infecção pelo VHB. EPIDEMIOLOGIA • A hepatite B e uma entidade nosológica de ocorrência mundial. • 2 bilhões de pessoas: VHB; • 360 milhões: doença crônica – cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC); • O VHB é o principal causador das formas fulminantes das hepatites virais: transplante. 08/05/2017 2 EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA • Existe uma grande variabilidade na prevalência da infecção entre as regiões brasileiras, com tendência crescente do VHB no sentido da região Sul/Norte. • SUL: 0,5 a 1,1% • CENTRO: 1,5% • NE: 3% • AM: 15% (endêmica) • N: 11% (crônicos) TRANSMISSÃO • Contato com sangue ou outras secreções corporais. • Relações sexuais; • Transfusão de sangue e/ou hemoderivados; • Uso de drogas injetáveis ilícitas (seringas e agulhas); • Transmissão mãe-filho (durante a gestação e/ou na passagem pelo canal do parto e amamentação); • Contato interpessoal prolongado; e • Acidentes com material pérfuro-cortante, cuja maior exposição é de profissionais da área de saúde. 08/05/2017 3 ASPECTOS CLÍNICOS • Incubação: 30 a 180 dias (~70 dias); • Quadro semelhante à gripe: • Astenia, mal estar, anorexia, náuseas e/ou vômitos e febre baixa, duração de 3 - 10 dias. • Posteriormente, pode instalar-se ICTERÍCIA, a qual ocorre em cerca de 10% dos casos em crianças menores de 5 anos e em 30% a 50% dos casos nos maiores de 5 anos. • Dor abdominal (hipocôndrio direito) e colúria. ASPECTOS CLÍNICOS • A forma mais grave da doença aguda consiste na hepatite fulminante, cuja letalidade pode atingir 80%. • 90% dos casos: exposição exclusiva ao VHB, nos indivíduos adultos – cura espontânea. • 5% a 10%: não eliminam o VHB, evoluindo para infecção crônica. ASPECTOS CLÍNICOS • Forma crônica: progressão depende da idade de aquisição do VHB e do estado imunológico dos pacientes, variando de 5% a 10% na transmissão horizontal em adultos; • De 25% a 50% em crianças com idade entre 1 e 5 anos, até 90% a 95% na transmissão mãe-filho. 08/05/2017 4 INFECÇÃO CRÔNICA PELO VHB • 1) IMUNOTOLERÂNCIA: • O sistema imune (SI) permite a ocorrência de replicação viral, sem que haja agressão hepatocelular; • 2) IMUNOCLEARENCE: • A tolerância do SI se esgota, estabelecendo-se tentativas de eliminação do VHB, implicando em agressão hepatocelular, com elevação das aminotranferases (ALT) séricas; INFECÇÃO CRÔNICA PELO VHB • 3) ESTADO DE PORTADOR INATIVO: • Caracterizada por supressão da replicação do VHB pela atuação do SI, com redução ou negativação do HBeAg, e normalização das aminotransferases; • 4) SITUAÇÕES DE REATIVAÇÃO: • Consequência de imunodepressão, ocorrendo a elevação dos níveis de HBeAg ou de mutações virais, neste caso o paciente permanece HBeAg negativo. INFECÇÃO CRÔNICA PELO VHB • A evolução para a infecção crônica é definida pela persistência do VHB: níveis detectáveis de HBsAg por mais de seis meses. • Risco aumentado: cirrose hepática e carcinoma hepatocelular (CHC). • Mesmo assintomáticos, podem transmitir a doença. • Fisiopatogênese do CHC: dependem de fatores tanto do hospedeiro quanto do vírus, incluindo alterações genéticas induzidas pela infecção, expressão de proteínas virais oncogênicas e a ocorrência de hepatite. DIAGNÓSTICO • Os achados sorológicos variam nas fases de evolução da doença: • HBsAg: marcador da existência do VHB; • Surge durante o período de incubação, cerca de 2 – 7 semanas antes do início dos sintomas e persiste durante o desenvolvimento da doença; • Desaparece com a convalescença, cerca de quatro a cinco meses após a exposição; • HBsAg > 6 meses: portador crônico do VHB. DIAGNÓSTICO • Anti-HBc, frações IgM e IgG, sendo o anti-HBc IgM o marcador da hepatite B aguda recente, mesmo se o HBsAg estiver negativo; • O anti-HBc IgG pode estar presente na hepatite B aguda, na hepatite B crônica ou na infecção antiga por vírus B já curada. • Anti-HBs: emerge com o desaparecimento do HBsAg e se mantém detectável no soro por toda a vida do paciente (marcador de CURA); DIAGNÓSTICO • Positividade para o anti-HBs e a negatividade de todos os outros marcadores corresponde a IMUNIZAÇÃO VACINAL; • HBeAg: indica replicação viral ativa e infectividade; • Anti-Hbe: indica baixa replicação e reduzida infectividade. • Na fase de replicação viral o DNA pode ser detectado pela PCR. 08/05/2017 5 TRATAMENTO • Antitérmicos e antieméticos quando necessários e hidratação preferencialmente por via oral. • Abstenção de fármacos de metabolização hepática. • Prurido intenso: colestiramina. • Hepatite aguda fulminante: suporte hídrico, circulatório e respiratório, controle das complicações hemorrágicas, metabólicas, infecciosas e neurológicas. TRATAMENTO • Encefalopatia hepática deve ser evitada com a diminuição da ingestão protéica e administração de lactulose ou neomicina oral. • O transplante de fígado deve ser considerado, pois é o tratamento de escolha para a maioria dos casos, tendo em vista a elevada letalidade. • Doença hepática crônica: negativação sustentada dos marcadores de replicação viral: TRATAMENTO • HBeAg e carga viral, os quais representam remissão clínica, bioquímica e histológica, com redução dos riscos de evolução para cirrose e CHC. • Interferon-alfa, interferon-alfa peguilhado, lamivudina, tenofovir, entecavir e adefovir, indicados conforme algumas situações clínicas e laboratoriais. PROFILAXIA • Vacina contra VHB: • Três doses: • Primeira, no momento da consulta, segunda e terceira um e seis meses após a primeira dose. • A vacina é altamente imunogênica e protetora. • Outras formas de prevenção: uso de preservativos, abstenção do uso de drogas injetáveis ilícitas, uso criterioso de transfusão de sangue e hemoderivados e as precauções básicas com sangue e secreções corporais. Interpretando os testes diagnósticos nas hepatites A, B e C 20/04/2009 Como são muitas as duvidas de quem recebe o resultado dos exames de detecção das hepatites, tentarei explicar com palavras simples (sem "mediques") a interpretação de cada exame, mas somente para servir de simples orientação, já que a interpretação definitiva deverá sempre ser realizada por um médico. Não utilize informações para auto-interpretação ou auto-diagnostico! - 08/05/2017 6 Hepatite A São dois os exames de sangue que devem ser utilizados para diagnosticar a hepatite A. O ANTI-HAV IgM quando positivo indica que a pessoa se contaminou recentemente, o que é chamado de infecção aguda. O ANTI-HAV IgG quando positivo indica que a pessoa teve contato com o vírus da hepatite A e que curou espontaneamente a doença. Quando positivo indica que a pessoa apresenta imunidade. Essa imunidade pode ser ocasionada pela vacina ou por uma infecção já curada. O resultado positivo irá permanecer por toda a vida. Para auxiliar na interpretação dos resultados na hepatite A observe o seguinte: - Se os resultados do ANTI-HAV IgG e o ANTI-HAV IgM apresentam resultados positivos o resultado indica uma infecção aguda (recente); - Se o resultado do ANTI-HAV IgG e positivo e o ANTI-HAV IgM apresenta umresultado negativo, o individuo curou de uma infecção passada ou recebeu a vacina, apresentando imunidade; - Se os resultados do ANTI-HAV IgG e o ANTI-HAV IgM apresentam resultados negativos o resultado indica que o individuo nunca teve contato com a hepatite A nem apresenta imunidade vacinal, sendo por tanto suscetível a ter a doença caso tenha contato com o vírus. Nestes casos e recomendável aplicar a vacina para prevenir a hepatite A. Hepatite B A interpretação dos exames para diagnosticar a hepatite B e altamente complicada e até médicos não especialistas na doença podem se confundir com os resultados. Vou explicar o que cada resultado de cada antígeno do vírus interpreta, mas para servir somente como conhecimento geral. Nunca tente chegar a qualquer conclusão por conta própria e, apresente sempre os resultados a um médico especialista. Os dois primeiros marcadores utilizados na triagem para o diagnostico da hepatite B são HBsAg e o ANTI-HBc TOTAL. O antigeno HBsAg surge logo após acontecer a infecção, entre 30 e 45 dias. Pode permanecer detectável por até 120 dias e se encontra presente nas infecções agudas e crônicas. O antícorpo Anti-HBc indica que o individuo teve contato com o vírus e o resultado positivo vai permanecer por toda a vida, estejam curados ou continuem infectados de forma crônica. Esses dois marcadores devem ser interpretados pelo médico para continuar com a estratégia diagnostica. Nunca devem ser solicitados todos os exames ao mesmo tempo, pois representa um desperdiço muito grande de recursos. Para auxiliar na interpretação dos resultados na hepatite B observe o seguinte: - Se o resultado do HBsAg e positivo e o Anti-HBc apresenta um resultado negativo, o individuo foi recentemente infectado (fase aguda), assim, como pode se tratar de um resultado falso positivo, motivo pelo qual se recomenda repetir os dois exames após 15 dias. - Se os resultados do HBsAg e o Anti-HBc apresentam resultados positivos o resultado pode indicar uma infecção aguda (recente) ou já a doença estabelecida na forma crônica (doença existente por mais de seis meses). O médico vai solicitar um exame chamado ANTI-HBc IgM para diferenciar o estagio da infecção. - Se o resultado do HBsAg e negativo e o Anti-HBc apresenta um resultado positivo, pode indicar que o individuo foi infectado recentemente e se encontra na chamada janela imunológica (primeiros dias após o contagio quando ainda não se apresentam anticorpos detectáveis) ou, também, pode ser um resultado falso positivo, ou se tratar de um paciente que curou a doença espontaneamente. O médico vai solicitar um exame chamado ANTI-HBs para diferenciar o estado em que se encontra o paciente. - Se os resultados do HBsAg e o Anti-HBc apresentam resultados negativos o resultado indica que o individuo não está infectado. 08/05/2017 7 Breve descrição dos marcadores utilizados no diagnostico: - Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do HBV) - é um marcador utilizado para confirmar o diagnóstico de hepatite B aguda (recentemente acontecida), podendo persistir por até 6 meses após o início da infecção. - Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno de superfície do HBV) - indica imunidade, indicando que o individuo está protegido contra uma nova infecção. É detectado geralmente entre 1 a 10 semanas após o desaparecimento do HBsAg e indica bom prognóstico. Quando encontrado isoladamente com todos os outros marcadores negativos indica que o individuo foi vacinado. - HBeAg (antígeno "e" do HBV) - um resultado positivo indica que existe replicação viral e, portanto, um paciente que transmite a doença. Está presente na fase aguda, surge após o aparecimento do HBsAg e pode permanecer por até 10 semanas. Na hepatite B crônica, a presença do HBeAg indica replicação viral e atividade da doença (maior probabilidade de evolução para cirrose). - Anti-HBe (anticorpo contra o antígeno "e" do HBV) - marcador que indica um bom prognóstico na fase aguda da hepatite B. A soroconversão HBeAg para Anti- HBe indica alta probabilidade de cura nos casos agudos (ou seja, provavelmente o indivíduo não vai se tornar um portador crônico do vírus). Nos casos de pacientes com hepatite B crônica a presença do anti-HBe indica ausência de replicação do vírus, ou seja, menor atividade da doença, sendo um prognostico de menor possibilidade de desenvolvimento de cirrose. - HBV DNA e o que conhecemos como carga viral. Diagnostica a circulação do vírus no organismo, sendo considerado o melhor marcador existente para acompanhar pacientes infectados cronicamente com a hepatite B. É utilizado para recomendar o tratamento, para acompanhar a resistência viral aos medicamentos e para prognosticar a progressão da doença. Hepatite C O diagnóstico da hepatite C e muito fácil de ser interpretado. Todo individuo que teve contato com o vírus vai apresentar por toda sua vida um resultado positivo ao exame chamado ANTI-HCV. Este exame não deve ser realizado repetitivamente, pois sempre vai aparecer com um resultado positivo, mas o ANTI-HCV não indica se a hepatite C foi curada ou se ela permanece. A chamada janela imunológica para que possa ser detectado o anticorpo do vírus C demora até 120 dias, assim, em casos de infecção aguda este exame pode dar um resultado negativo. Na suspeita de casos agudos e sempre recomendável a realização do PCR/RNA/HCV, por apresentar uma janela imunológica menor, inferior a duas semanas Todos os casos positivos do ANTI-HCV devem ser confirmados mediante a realização do exame chamado PCR/RNA/HCV QUALITATIVO, por ser este o exame que detecta o próprio vírus circulando no sangue. Um resultado positivo indica que o individuo se encontra infectado com a hepatite C. Se a infecção aconteceu há mais de seis meses o paciente e considerado crônico. Um resultado negativo para o PCR/RNA/HCV junto a um resultado positivo para o ANTI-HCV indica que o individuo curou a hepatite C, seja espontaneamente (acontece em aproximadamente 15% dos casos) ou pelo tratamento com interferon e ribavirina.
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