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Compreender a fisiopatologia das diversas formas de hepatite. Conceito: As hepatites virais agudas e crônicas são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo primário pelo tecido hepático, apresentando características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais semelhantes, porém com importantes particularidades. Os tipos de vírus que já foram caracterizados: A, B, C, D, E, G e TT, que têm em comum o hepatotropismo. Uma das principais características que diferenciam esses vírus é a sua capacidade (ou incapacidade) de determinar infecções crônicas; outra é a possibilidade de ocasionar comprometimento sistêmico relevante (como a glomérulo-nefrite do VHB e a crioglobulinemia do VHC). Também existem outras formas de hepatite sem ser viral. Essas infecções têm um amplo espectro clínico, que varia desde formas assintomáticas, anictéricas e ictéricas típicas, até a insuficiência hepática aguda grave (fulminante). A maioria das hepatites virais agudas é assintomática, independentemente do tipo de vírus. Quando apresentam sintomatologia, são caracterizadas por fadiga, mal-estar, náuseas, dor abdominal, anorexia e icterícia. A hepatite crônica, em geral, cursa de forma assintomática. As manifestações clínicas aparecem quando a doença está em estágio avançado, com relato de fadiga, ou, ainda, cirrose. O diagnóstico inclui a realização de exames em ambiente laboratorial e testes rápidos, a fim de caracterizar o agente infeccioso e sua gravidade. Epidemiologia: O vírus A é a causa mais frequente de hepatite viral aguda no mundo. Conforme estimativa da Organização Panamericana de Saúde, anualmente ocorrem no Brasil cerca de 130 novos casos por 100.000 habitantes, e o país é considerado área de risco para a doença. As hepatites virais são doenças de notificação obrigatória, conforme Portaria vigente. Para a vigilância epidemiológica, devem-se seguir as orientações de definição de casos do “Guia de Vigilância em Saúde” e suas atualizações. Icterícia costuma estar presente em < 10% das crianças com idade inferior a seis anos, em 40- 50% daquelas com mais idade e em 70-80% dos adultos. HBV- Cerca de 90% das hepatites virais ocorridas em menores de cinco anos tem boa evolução e a progressão para infecção crônica. A mortalidade que pode ocorrer quando há infecção aguda pelo HBV é em torno de 1%, sendo que 85% a 90% dos doentes têm resolução plena.9,11 Somente 10% a 15% podem evoluir para hepatite crônica e cirrose no correr dos anos seguintes, sendo que o obituário, devido à ocorrência de hepatocarcinoma, situa-se em torno de 4.000 a 5.000 pacientes por ano. Fatores de Risco: Hepatite B: homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas, pessoas privadas de liberdade, indivíduos em situação de rua, indígenas, quilombolas, indivíduos nascidos em áreas endêmicas; Hepatite C: indivíduos com 40 anos de idade ou mais, indivíduos que realizaram transfusão, transplante, indivíduos em situação de compartilhamento de material de injeção. ››ComunicantesG de pessoas vivendo com hepatites virais; ››Acidentes biológicos ocupacionais; ››Gestantes durante o pré-natal, parturientes e puérperas; ››Situação de abortamento espontâneo, independentemente da idade gestacional; ››Laboratórios que realizam pequenas rotinas (rotinas com até cinco amostras diárias para diagnóstico da infecção pela hepatite B ou C); ››Pessoas em situação de violência sexual; a) Investigar uso de drogas e compartilhamento de materiais utilizados para o uso de drogas; b) Investigar histórico de: • transfusão de sangue e/ou derivados; • hemodiálise, tratamento cirúrgico; • tratamento dentário; • acupuntura, tatuagem, piercings; • doenças sexualmente transmissíveis; • contato com paciente/portador de hepatite B ou C; • exposição ocupacional; • vacinação contra hepatite B; • icterícia, hemofilia, alcoolismo, imunodepressão e transplante; • uso de preservativos. c) Investigar também a presença atual de DST. Manifestações Clínicas: Os quadros clínicos agudos das hepatites virais são muito diversificados, variando desde formas assintomáticas até formas de insuficiência hepática aguda grave. A maioria dos casos subclínicos cursam com predominância de fadiga, anorexia, náuseas e mal-estar geral. Nos pacientes sintomáticos, o período de doença aguda pode se caracterizar pela presença de urina escura (colúria), fezes esbranquiçadas e icterícia. A hepatite crônica é assintomática na maioria dos casos. De modo geral, as manifestações clínicas aparecem apenas em fases adiantadas de acometimento hepático, e podem incluir fibrose, cirrose hepática, carcinoma hepatocelular e comprometimento de outros órgãos. A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo já tiveram contato com o vírus da hepatite B (VHB), e que 325 milhões tornaram-se portadores crônicos. Explicar os diversos métodos de transmissão das hepatites, bem como seus diferentes tipos de vírus. Transmissão: Tipos: Hepatite A (HAV) É a mais frequente das hepatites, causada por um picornavírus (enterovírus 72), que pode cursar com ou sem sintomas, com um período de incubação variável de 28 dias (média de 15 a 50 dias é transmitido basicamente pela via fecal-oral. A água e os alimentos contaminados com fezes com vírus A são os grandes veículos de propagação da doença. O vírus A pode sobreviver longos períodos (de 12 semanas até 10 meses) em água e que moluscos e crustáceos podem reter e acumular o vírus até 15 vezes mais do que o nível original da água. A transmissão é mais comum quando há contato pessoal íntimo e prolongado dos doentes com indivíduos suscetíveis à infecção. Observa-se a presença do vírus A no sangue e nas fezes dos indivíduos infectados duas a três semanas antes do início dos sintomas e, nas fezes, por cerca de duas semanas após a infecção. Consequentemente, os maiores fatores de risco são o convívio familiar, especialmente com crianças menores de seis anos, a alimentação preparada por ambulantes e os agrupamentos institucionais (pública. Crianças, adolescentes e adultos jovens soronegativos têm um risco similar ao de viajantes para regiões de alta endemicidade, pois estão sob risco permanente de exposição. evidenciou variações regionais de endemicidade relacionadas à idade, grau de educação, condições de higiene e de saneamento básico paciente. A doença é autolimitada e considerada benigna. Deve ser ressaltada, porém, a existência de ―formas atípicas‖ da hepatite e que, dada a sua alta incidência, é a principal causa de insuficiência hepática aguda (hepatite fulminante) em nosso meio. Chamadas ―formas atípicas‖ da hepatite A, as mais importantes são: a) colestática – quando há predominância das manifestações obstrutivas, com icterícia e prurido intenso de longa duração; b) polifásica, bifásica ou recorrente – nos casos de retorno das manifestações clínicas e/ou laboratoriais após a aparente cura do processo; e c) a associada a alterações extra-hepáticas graves, como pancreatite e aplasia de medula, por exemplo. Após a infecção, este vírus sofre uma grande replicação dentro dos hepatócitos, é excretado pela bile para os intestinos e então passa a ser infectante. Nas crianças a infecção poderá ser assintomática ou mesmo não detectada e, dependendo das condições climáticas, o vírus poderá permanecer estável por muitos meses no meio ambiente. As complicações sérias pelo HAV são raras e ocorrem em menos de 1% dos casos, sendo que a cronicidade desta infecção inexiste. O VHA é relativamente resistente ao calor, éter ou ácido e raios ultravioleta. Para prevenir a disseminação do vírus há necessidade de rigorosa higiene pessoal dos doentes e adequada desinfecção dos banheiros utilizados pelos pacientes e de brinquedos (nas creches, por exemplo), lembrando que o VHA pode permanecer na superfíciedos objetos por semanas. Os indivíduos com hepatite não devem preparar alimentos para outras pessoas, e durante a fase aguda da infecção devem ficar afastados das comunidades. sanitárias, A vacinação contra o VHA deve ser estimulada como um meio efetivo para o controle da doença inóculo. A inoculação deve ser feita na pré exposição viral, em pessoas com risco aumentado: viajantes para zonas de média e alta prevalência, crianças de áreas endêmicas, homens que fazem sexo com homens, receptores de fatores concentrados de coagulação, pacientes hepatopatas crônicos e usuários de drogas injetáveis. A vacinação ocorre no primeiro ano de vida. Hepatite B O vírus da hepatite B está classificado na família HepaDNA. Devido à sua alta especificidade, o VHB infecta o homem, que constitui o reservatório natural. (HBV) vírus possui três antígenos: o antígeno HBsAg está localizado na superfície, o HBcAg no interior e o terceiro antígeno, conhecido como HBeAg, também está localizado no ―interior‖ do vírus, e pela sua determinação indica uma intensa replicação viral, sendo assim caracterizada a infecção aguda. O risco de desenvolver doença aguda ictérica aumenta com a idade do paciente, inversamente à possibilidade de cronificação. A transmissão do vírus B se faz através de solução de continuidade (pele e mucosas); relações sexuais; exposição percutânea (parenteral) a agulhas ou outros instrumentos contaminados; transfusão de sangue e hemoderivados; uso de drogas intravenosas; procedimentos odonto-médico- cirúrgicos, quando não respeitadas as regras de biossegurança; transmissão vertical e contatos domiciliares. O sangue e os outros líquidos orgânicos de uma pessoa portadora do VHB já podem ser infectantes duas a três semanas antes de aparecerem os primeiros sinais da doença, e mantêm assim durante a fase aguda. As crianças do sexo masculino têm maior risco de desenvolver doença hepática crônica. Ao analisar a história natural da infecção que ocorre por transmissão vertical, alguns elementos chamam a atenção: a) geralmente os pacientes são assintomáticos; b) o clareamento do AgHBs é raro (< 2%) nos primeiros anos de vida; c) a negativação do AgHBs é de apenas cerca de 0,6% ao ano; e d) na maioria dos casos de hepatocarcinoma, o VHB foi adquirido por transmissão vertical. Mas as crianças também se contaminam na infância através de transmissão horizontal, por contato interpessoal, ou através da contaminação com líquidos corporais que contenham o agente, tais como: lágrima, suor, sêmen, urina, secreções de feridas e, ainda, o próprio leite materno. Constituem grupos de risco e, ainda, aqueles que apresentam diferentes condições patológicas tais como: infecção perinatal, hepatites agudas e crônicas, portadores assintomáticos do vírus B, cirróticos e pacientes com carcinoma hepatocelular. Todas as gestantes devem ser avaliadas no exame pré-natal (3º trimestre) em relação aos marcadores do vírus B. Há situações que estão relacionadas à amamentação, como as fissuras nos mamilos, sangramentos e exsudato de lesões nas mamas que podem facilmente expor o recém nascido ao VHB. O vírus da B se inseri no genoma das células, mas se o paciente for curado e foi exposto ao estado de imunossupressão – pode ocorrer a reativação. o tratamento antiviral diminui o risco de evolução preocupante. A vacina contra a hepatite B é extremamente eficaz (90 a 95% de resposta vacinal em adultos imunocompetentes), não apresenta toxicidade e produz raros e pouco significativos efeitos colaterais. As doses recomendadas variam conforme o fabricante do produto. É feita IM (não pode ser feita nos glúteos) e, seguindo o esquema clássico, com intervalo entre as doses de zero, 1 e 6 meses. diferentes. Maior eficácia na profilaxia é obtida com o uso precoce (dentro de 24 horas após o nascimento ou após o eventual acidente). Hepatite C Embora o vírus C (VHC) seja transmitido por contato direto, percutâneo ou através de sangue contaminado, em percentual significativo de casos não se identifica a via de infecção. Pertence ao gênero Hepacivirus da família Flaviridae, e seu genoma é constituído por uma fita simples de RNA. Há uma grande variedade na sequência genômica do VHC. Seu período de incubação varia de 30 a 60 dias. As infecções assintomáticas ocorrem em 75% dos pacientes e podem se cronificar em 50% desse total. Por sua vez, a cronificação da doença pode acarretar maior incidência de linfomas de células beta e ou crioglobulinemia. Os diferentes genótipos foram reunidos em seis grupos principais e vários subtipos. Há uma distribuição geográfica diferenciada em relação aos genótipos do VHC. No Brasil, os mais freqüentes são: 1, 2 e 3 . Não se conhece, com precisão, a prevalência do VHC no nosso país; há relatos feitos em diversas áreas que sugerem que, em média, ela esteja entre 1% a 2% da população em geral. Os indivíduos considerados de risco são aqueles que receberam transfusões de sangue e/ou hemoderivados antes de 1992, usuários de drogas intravenosas, pessoas com tatuagens e piercings, alcoólatras, portadores de HIV, transplantados, hemodialisados, hemofílicos, presidiários e sexualmente promíscuos. A manutenção do RNA-VHCA por mais de seis meses após a infecção caracteriza a infecção crônica. Como a hepatite aguda pelo vírus C é em geral assintomática. A co-infecção pelos vírus VHC e HIV é relativamente frequente entre os viciados em drogas ilícitas e entre os hemofílicos, ocorrendo entre 50% e 75% dos casos. Profilaxia pós-exposição: Após um acidente com exposição percutânea ou de mucosa, o indivíduo-fonte deve ser testado para o anti-VHC. Se for positivo, a pessoa exposta deve ser testada para anti-VHC e ser submetida à determinação da ALT, no momento da exposição e quatro e seis meses depois. Para um diagnóstico mais precoce, a determinação do RNA do VHC pode ser realizada quatro a seis semanas após a exposição. Imunoglobulinas e agentes antivirais não são recomendados após exposição ao vírus da hepatite. A infecção aguda pelo vírus da hepatite C é usualmente (80%) assintomática. De qualquer maneira, a hepatite C faz parte do diagnóstico diferencial das hepatites agudas virais. A confirmação de hepatite C aguda inclui exames negativos para IgM anti-VHA, IgM anti-HBc e teste positivo para anti-VHC, com confirmação. Alguns pacientes podem apresentar anti-VHC negativo no início dos sintomas e somente exames seriados vão evidenciar o diagnóstico. A coexistência (vírus HBV, HCV e HIV) é situação conhecida que poderá acelerar ou reduzir a progressão e a gravidade dos danos hepáticos. Esta situação dependerá da estrutura metabólica do hospedeiro e da produção de citocinas antivirais. O vírus da hepatite B poderá igualmente afetar a replicação viral do HIV, principalmente pela produção do fator de necrose tumoral, a partir de monócitos cronicamente infectados. Por sua vez, parece evidente que a co-infecção pelos vírus HCV e HIV pode propiciar uma progressão mais rápida da hepatite crônica para formas de cirrose e de insuficiência hepática. Contudo, ainda não existe conclusão definitiva de que a infecção pelo HCV possa acelerar a progressão pelo HIV. 13 Hepatite D (HDV) O fator causal é uma partícula viral incompleta e que sempre coexiste com a HBV, sendo uma co-infecção. A infecção é veiculada pelo sangue e frequentemente evolui para formas graves, podendo, em 70% a 80% dos pacientes, desenvolver cirrose e hipertensão portal. A taxa de mortalidade poderá atingir 25% em até dois anos, desde o seu quadro agudo. A sua ocorrência é maior em áreas endêmicas tropicais e subtropicais e existem indícios de maior prevalência em diversos países da África, Oriente Médio, Grécia, Itália e no Brasil, na região amazônica. Hepatite E (HEV) Suas características epidemiológicas são semelhantes às da hepatite A. A transmissão deste vírus também ocorre por inadequadas condições sanitárias, como a contaminação das águas pelos dejetos fecais. Seu período de incubação é de três a oito semanas, com média de 40 dias, sendo conhecida como não A-não B. Sua ocorrência na gestação pode induzir maior risco de hepatite fulminante, sendo referido que, em pequeno grupo de pacientes grávidas no terceiro trimestre, a taxa de mortalidade condicionada pelo HEV pode atingir 20%. HEPATITE AUTOIMUNE Doença inflamatória crônica a qual afeta o parênquima hepático devido aos autoanticorpos, acometendo um grupo de pessoas principalmente mulheres jovens, que parecem ter perdido a tolerância imunológica a antígenos do próprio fígado. A lesão pode acometer os hepatócitos ou o epitélio dos ductos biliares intra/extra-hepáticos, ou ambas as estruturas (simultaneamente ou de forma sequencial) Para que se estabeleça o diagnóstico, é indispensável a exclusão de outras causas de doença hepática crônica. No sexo feminino se mostram mais frequente, devido a serem diagnosticadas em maiores idade pelo aumento da expectativa de vida e metodologias diagnósticas capazes de serem mais sensíveis e especificas. Já que há uma forte associação com a hipergamaglobulinemia, antígenos de histocompatibilidade, outras condições autoimunes e com auto anticorpos. HEPATITES E GESTAÇÃO: Algumas questões pertinentes às hepatites (e/ou infecções virais) e gestação:1. Hepatite aguda versus gravidez — os quadros de hepatite aguda na gestação necessitam internação hospitalar se existir algum sinal de encefalopatia aguda, coagulopatia ou grave debilidade devido à má-nutrição. Nessas eventualidades pode haver necessidade de reposição de sangue e fatores da coagulação sanguínea, tais como plasma fresco e crioprecipitados. 2. Gestantes que presumivelmente são portadoras dos vírus HBV e HCV devem ser acompanhadas por médicos experientes nessa área e orientadas a notificar aos seus parceiros sexuais, e também empregar métodos de prevenção da transmissão para outras pessoas. 3. Transmissão vertical para o feto — aproximadamente 10% a 20% das mulheres que são soropositivas para o HBsAg podem transmitir aos seus fetos o HBV e, entre as pacientes que são positivas para o HBsAg e HBeAg, a possibilidade de transmissão atinge os 90%. O CDC (Centers for Disease Control, Atlanta, EUA) recomenda a vacinação dos RN cujas mães são soronegativas, e esta deve ser efetuada quando houver alta hospitalar pós- parto ou no máximo até o final do primeiro mês. Essa vacinação pode ser postergada somente se o peso do RN for inferior a 2.000 g e se a mãe for HBsAg negativa. Outra recomendação importante é que o RN cuja mãe é HBsAg-positiva ou cuja imunologia for desconhecida na ocasião do parto deve receber a primeira dose da vacina e uma dose de imunoglobulina contra o vírus da hepatite B (HBIG) dentro das primeiras 12 horas do pós-parto. A administração deve ser feita por via intramuscular em dois locais separados. Na sequência dos próximos seis meses as duas outras doses da vacina devem ser administradas. A combinação da imunização ativa e passiva é bastante eficaz na redução da transmissão do vírus da hepatite B em 85% a 95% dos casos. 4. Transmissão intraparto — essa passagem do vírus para o RN ocorre em 85% a 95% das vezes durante o trabalho de parto devido à exposição do feto ao sangue e secreções maternas. A via de parto não tem influenciado na maior transmissão do HCV; devido a isso, a indicação do parto cesáreo deve ocorrer somente por razões obstétricas.Um maior risco para essa disseminação do HVB foi evidenciado em gestantes HBsAg-soropositivas, história de tratamento de trabalho de parto prematuro e altos títulos de HBsAg e HBV- DNA no soro materno. 5. Gestantes com hepatite crônica e métodos invasivos pré- natais têm um baixo percentual de risco de sofrerem infecções nos fetos. Em diversos estudos anteriores a ocorrência dessa situação foi bastante infrequente, principalmente quando houve realização de amniocentese. 6. Amamentação e hepatite: nas mulheres infectadas por HAV a amamentação pode ser indicada desde que sejam feitos importantes cuidados de higiene. O uso da imunoglobulina deve ser recomendado ao RN ao início da amamentação. A amamentação não é contraindicada para mulheres HBsAgpositivas e, na ocasião do parto, se a gestante for cronicamente infectada pelo HBV, o RN deve receber uma dose de imunoglobulina e simultaneamente deverá ser administrada a primeira dose da vacina. A amamentação não é contraindicada para gestantes cronicamente infectadas pelo HCV e não há maior risco de transmissão viral ao RN nessa eventualidade. Entender os métodos diagnósticos, diagnósticos diferenciais e tratamentos para as hepatites. Diagnóstico: Muitas vezes, o diagnóstico é feito ao acaso, a partir de alterações esporádicas de exames de avaliação de rotina ou da triagem em bancos de sangue. O diagnóstico das hepatites virais, principalmente os tipos B e C, ocorre na maioria das vezes durante a fase crônica dessas doenças. É importante que o clínico esteja atento a esse fato para então definir o melhor seguimento do paciente, conforme os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas das hepatites B e C. Os testes rápidos agora podem ser utilizados como testes para investigação inicial nos fluxogramas de diagnóstico das hepatites B e C; As aminotransferasesG – alanina aminotransferase ou transaminase glutâmico- pirúvica (ALT ou TGP) e aspartato aminotransferase ou transaminase glutâmico-oxa- lacética (AST ou TGO) – são marcadores sensíveis para detecção de lesão do parênquimaG hepático, porém não são específicas para nenhum tipo de hepatite. Níveis mais elevados de ALT/TGP, quando presentes, não guardam correlação direta com a gravidade da doença. As aminotransferases, na fase mais aguda da hepatite, podem elevar-se dez vezes acima do limite superior da normalidade. Também são encontradas outras alterações inespecíficas, como elevação de bilirrubinasG, fosfatase alcalina e discreta linfocitose. Embora não sejam marcadores específicos para os casos de hepatites virais, as alterações nos testes de função hepática indicam a necessidade de investigar a origem dessas alterações, que, entre outras possibilidades, podem ser causadas pelos vírus das hepatites A, B, C, D ou E. Vale ressaltar que, nas hepatites B e C, a definição de suas formas crônicas se dá pela presença de replicação viral persistente por mais de seis meses. Não existem manifestações clínicas ou padrões de evolução dos diferentes agentes. O diagnóstico etiológico só é possível por meio de exames sorológicos e/ou de biologia molecular. O diagnóstico das hepatites virais é baseado na detecção dos marcadores presentes no sangue, soro, plasma ou fluido oral da pessoa infectada, por meio de imunoensaios e/ou na detecção do ácido nucleico viral, empregando técnicas de biologia molecular. O constante avanço tecnológico na área de diagnóstico permitiu o desenvolvimento de técnicas avançadas de imunoensaios, incluindo o de fluxo lateral, que são atualmente empregadas na fabricação de testes rápidos (TR). A seguir, são descritas as principais metodologias utilizadas no diagnóstico das he- patites virais. Imunoensaios- As técnicas de imunoensaio são baseadas na detecção do antígeno viral e/ou anticorpos específicos, como as imunoglobulinas da classe M (IgM), que são as primeiras a aparecer e caracterizam, portanto, uma infecção aguda, e as imunoglobulinas da classe G (IgG), que surgem após as IgM e podem permanecer indefinidamente, servindo como marcador de infecção passada – que caracteriza o contato prévio com o vírus – ou de resposta vacinal. Incluem os ensaios do tipo ELISA (do inglês enzyme-linked immunosorbent assay) e ELFA (do inglês enzyme- linked fluorescent assay), sendo utilizados no diagnóstico das infecções virais por meio da detecção de antígenos e/ou anticorpos específicos contra o patógeno, isoladamente ou de forma combinada. A quimioluminescência e a eletroquimioluminescência Os testes rápidos (TR) constituem imunoensaios cromatográficos de execução simples, que podem ser realizados em até 30 minutos e que não necessitam de estrutura laboratorial. Os TR são fundamentais para a ampliação do acesso ao diagnóstico e aumentam a resolutividade do sistema Os testes rápidos utilizados para o diagnóstico das hepatites B e C baseiam- se na tecnologia de imunocromatografia de fluxo lateral. O teste para hepatite B permite a detecção do antígeno de superfície do HBV (HBsAg) no soro, plasma ou sangue total. Para a hepatite C, o teste detecta o anticorpo anti-HCV no soro, plasma, sangue total ou fluido oral. ››A complementação diagnóstica após um resultado reagente para detecção do HBsAg ou para anti-HCV pode ser feita utilizando um teste molecular. Teste molecular - A reação em cadeia da polimerase- PCR. O diagnóstico sorológico das doenças infecciosas pode ser realizado com, pelo menos, dois testes, um para triagem e um segundo confirmatório Diagnósticos Diferenciais: Fundamentais para saber o tipo de hepatite se é a aguda ou a crônica devemos acompanhar e tratar, para melhor prognostico. Tratamentos: Hepatite aguda O seu grau de gravidade deverá ser determinado pelos níveis de albumina sérica e pelo tempo de protrombina. É considerada débil se o tempo de protrombina for superior a 40% e se o nível de albumina for maior de 30 g/l. Existindo prurido, este poderá ser tratado com drogas anti-histamínicas ou colestiramina na dose de 4 g/dia. Outras substâncias que sofrem metabolização hepática devem ser evitadas, e aquelas com potencial hepatotóxico como o álcool deverão ser suspensas por seis meses. Hepatite fulminante (A, B ou C) Pode progredir com grave icterícia e confusão mental pelo maior dano hepático. Recomenda-se, nesta situação, a internação hospitalar em unidade de terapia intensiva (UTI) e mesmo o transplante hepático deverá ser considerado. Hepatite B O objetivo primário do tratamento das infecções crônicas condicionadas pelo HBV será eliminar o vírus e reduzir a sua replicação viral. Com este intuito será evitada a progressão para quadros de cirrose e maior risco do desenvolvimento de hepatocarcinomas. A maioria dos pacientes tem melhora completa na sequência da doença. No entanto, menos de 5% dos pacientes adultos podem permanecer portadores. A determinação do HBeAg é um auxiliar na investigação da infecciosidade, sendo um marcador da existência de replicação viral, enquanto o HBsAg deve ser determinado somente três meses após o início da doença. Esse mesmo teste (HBsAg), se persistir positivo aos seis meses do início da doença, indica que há grande probabilidade de se tratar de um portador, mas a situação só será confirmada pela positividade desse teste aos 12 meses. Os pacientes HBsAg-negativos com atividade inflamatória têm sua resposta virológica caracterizada pela negativação do HBV-DNA, que será acompanhada pela negativação tardia do HBsAG. O IFN (interferon) alfa constitui seguramente o tratamento padrão para a hepatite crônica B em pacientes sem doença hepática descompensada. A duração do tratamento deverá ser de 16 semanas e o esquema terapêutico poderá ser com 5 milhões de unidades diariamente ou 10 milhões, três vezes por semana. Com o emprego do interferon poderão existir efeitos colaterais, mas habitualmente tem sido evidenciada uma resposta terapêutica conveniente em 30% a 40% dos pacientes. Hepatite C A persistência das transaminases elevadas poderá manter-se até os seis meses e os seus valores dentro da normalidade não excluem o risco da hepatite crônica. Nesse tipo de hepatite há importância na determinação do genótipo viral, sendo que o tratamento é mais eficaz para aquele vírus com genótipo 2 e 3 do que o vírus C com genótipo 1 e 4. Nessa situação, a biópsia hepática deverá ser feita nos pacientes com genótipo viral 1 e 4, mesmo com as transaminases normais e com HCV-RNA para observarmos, assim, a sua forma evolutiva. O tratamento consiste na combinação do interferon alfa e ribavirina por 12 meses naqueles com genótipos 1 e 4 e por 6 meses nos genótipos 2 e 3. Com essa associação terapêutica, há erradicação dos vírus do sangue em mais de 29% dos pacientes. Lembrar que são contraindicações para a terapêutica retroviral a existência de cirrose e disfunção hepática descompensada, estado de imunossupressão grave, doenças autoimunes e gravidez. A ribavirina tem efeitos fetais danosos, sendo teratogênica. Devido a isso, as gestações devem ser evitadas até seis meses depois do término do tratamento. Deve-se indicar transplante hepático se a expectativa de vida for inferior a seis meses. Por sua vez, com a adição do polietileno-glicol ao interferon alfa, houve a formação de substância com vida média mais longa a ser administrada uma vez por semana. Este é o interferon peguilado (Peg-INF). Desde que este esquema terapêutico seja mantido os seus resultados são superiores e chegam a 38% quando comparado a monoterapia.43,45 Assim é que, em estudo anterior, quando da sua associação com a ribavarina em esquemas terapêuticos prolongados por 24 meses, obteve-se a melhor resposta se comparada ao seu uso por 48 semanas. Vacinação Vacina para hepatite A Está disponível, constituída de um antígeno viral inativado ou em associação HAV e antígenos HBV. Duas vacinas existem comercialmente e ambas usam vírus HAV inativados e o componente HBV é um antígeno proteico não viral recombinante. Essas duas vacinas disponíveis podem ser empregadas aos 1-6 e 12 meses (três doses) e aos 6 e 18 meses de intervalo. A vacina HAV cria resposta imunitária em 94% após a primeira dose, sendo muito eficaz por reduzir a incidência da doença e a progressão das epidemias. A imunoglobulina permanece como uma disponibilidade na profilaxia para aqueles que sofreram exposição viral sem proteção. Vacinas para hepatite B Com dois antígenos para a vacinação da hepatite B, foram preparadas em culturas de fungos. São intensamente imunogênicas e desenvolvem a soroconversão em mais de 95% dos casos. Os esquemas de uso para as vacinas contra a hepatite B são variáveis, mas habitualmente são empregadas três doses, mendando-se aos 0-1 e 6 meses. A sua administração deve ser feita via intramuscular na região deltoide, pois o uso na região glútea e intradérmica tem propiciado baixas taxas de soroconversão. As gestantes, quando necessário, podem ser vacinadas, pois a gravidez não é uma contraindicação à vacinação. Referências: PIAZZA, Mauri José et al. Hepatites virais e gestação. Diagn Tratamento, v. 15, n. 1, p. 12-8, 2010. MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. DEPARTAMENTO DE IST, AIDS E HEPATITES VIRAIS. Manual técnico para o diagnóstico das hepatites virais. 2018. FERREIRA, Cristina Targa; SILVEIRA, Themis Reverbel da. Hepatites virais: aspectos da epidemiologia e da prevenção. Revista Brasileira de epidemiologia, v. 7, n. 4, p. 473-487, 2004. BRASIL-MINISTÉRIO DA SAÚDE. Hepatites Virais . Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais. 2005. Murray P. et al .Microbiologia Médica,6° edição.
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