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Hepatites Virais: Fisiopatologia e Epidemiologia

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Compreender a fisiopatologia das diversas formas de hepatite. 
Conceito: 
As hepatites virais agudas e crônicas são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos, com 
tropismo primário pelo tecido hepático, apresentando características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais 
semelhantes, porém com importantes particularidades. Os tipos de vírus que já foram caracterizados: A, B, C, D, E, G 
e TT, que têm em comum o hepatotropismo. Uma das principais características que diferenciam esses vírus é a sua 
capacidade (ou incapacidade) de determinar infecções crônicas; outra é a possibilidade de ocasionar comprometimento 
sistêmico relevante (como a glomérulo-nefrite do VHB e a crioglobulinemia do VHC). Também existem outras 
formas de hepatite sem ser viral. 
Essas infecções têm um amplo espectro clínico, que varia desde formas assintomáticas, anictéricas e 
ictéricas típicas, até a insuficiência hepática aguda grave (fulminante). A maioria das hepatites virais agudas é 
assintomática, independentemente do tipo de vírus. Quando apresentam sintomatologia, são caracterizadas por fadiga, 
mal-estar, náuseas, dor abdominal, anorexia e icterícia. 
A hepatite crônica, em geral, cursa de forma assintomática. As manifestações clínicas aparecem quando a 
doença está em estágio avançado, com relato de fadiga, ou, ainda, cirrose. O diagnóstico inclui a realização de exames 
em ambiente laboratorial e testes rápidos, a fim de caracterizar o agente infeccioso e sua gravidade. 
 
Epidemiologia: 
 O vírus A é a causa mais frequente de hepatite viral aguda no mundo. Conforme estimativa da Organização 
Panamericana de Saúde, anualmente ocorrem no Brasil cerca de 130 novos casos por 100.000 habitantes, e o 
país é considerado área de risco para a doença. 
 As hepatites virais são doenças de notificação obrigatória, conforme Portaria vigente. Para a vigilância 
epidemiológica, devem-se seguir as orientações de definição de casos do “Guia de Vigilância em Saúde” e 
suas atualizações. 
 Icterícia costuma estar presente em < 10% das crianças com idade inferior a seis anos, em 40- 50% daquelas 
com mais idade e em 70-80% dos adultos. 
 HBV- Cerca de 90% das hepatites virais ocorridas em menores de cinco anos tem boa evolução e a progressão para 
infecção crônica. 
 A mortalidade que pode ocorrer quando há infecção aguda pelo HBV é em torno de 1%, sendo que 85% a 90% dos 
doentes têm resolução plena.9,11 Somente 10% a 15% podem evoluir para hepatite crônica e cirrose no correr dos anos 
seguintes, sendo que o obituário, devido à ocorrência de hepatocarcinoma, situa-se em torno de 4.000 a 5.000 pacientes 
por ano. 
Fatores de Risco: 
Hepatite B: homens que fazem sexo com homens, 
profissionais do sexo, pessoas que usam drogas, 
pessoas privadas de liberdade, indivíduos em 
situação de rua, indígenas, quilombolas, indivíduos 
nascidos em áreas endêmicas; 
 Hepatite C: indivíduos com 40 anos de 
idade ou mais, indivíduos que realizaram 
transfusão, transplante, indivíduos em situação de 
compartilhamento de material de injeção. 
 
 ››ComunicantesG de pessoas vivendo com 
hepatites virais; 
 ››Acidentes biológicos ocupacionais; 
 ››Gestantes durante o pré-natal, parturientes 
e puérperas; 
 ››Situação de abortamento espontâneo, 
independentemente da idade gestacional; 
 ››Laboratórios que realizam pequenas 
rotinas (rotinas com até cinco amostras diárias para 
diagnóstico da infecção pela hepatite B ou C); 
 ››Pessoas em situação de violência sexual; 
a) Investigar uso de drogas e compartilhamento de 
materiais utilizados para o uso de drogas; 
b) Investigar histórico de: 
• transfusão de sangue e/ou derivados; 
• hemodiálise, tratamento cirúrgico; 
• tratamento dentário; 
• acupuntura, tatuagem, piercings; 
• doenças sexualmente transmissíveis; 
• contato com paciente/portador de hepatite B 
ou C; 
• exposição ocupacional; 
• vacinação contra hepatite B; 
• icterícia, hemofilia, alcoolismo, 
imunodepressão e transplante; 
• uso de preservativos. 
 c) Investigar também a presença atual de DST. 
 
Manifestações Clínicas: 
Os quadros clínicos agudos das hepatites virais são muito diversificados, variando desde formas 
assintomáticas até formas de insuficiência hepática aguda grave. 
 A maioria dos casos subclínicos cursam com predominância de fadiga, anorexia, náuseas e 
mal-estar geral. 
 Nos pacientes sintomáticos, o período de doença aguda pode se caracterizar pela presença de 
urina escura (colúria), fezes esbranquiçadas e icterícia. 
 A hepatite crônica é assintomática na maioria dos casos. De modo geral, as manifestações clínicas 
aparecem apenas em fases adiantadas de acometimento hepático, e podem incluir fibrose, cirrose 
hepática, carcinoma hepatocelular e comprometimento de outros órgãos. 
 A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo já tiveram contato 
com o vírus da hepatite B (VHB), e que 325 milhões tornaram-se portadores crônicos. 
 
Explicar os diversos métodos de transmissão das hepatites, bem como seus diferentes tipos de vírus. 
Transmissão: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tipos: 
Hepatite A (HAV) 
É a mais frequente das hepatites, causada por um picornavírus 
(enterovírus 72), que pode cursar com ou sem sintomas, com 
um período de incubação variável de 28 dias (média de 15 a 
50 dias é transmitido basicamente pela via fecal-oral. A 
água e os alimentos contaminados com fezes com vírus 
A são os grandes veículos de propagação da doença. O 
vírus A pode sobreviver longos períodos (de 12 semanas 
até 10 meses) em água e que moluscos e crustáceos 
podem reter e acumular o vírus até 15 vezes mais do que 
o nível original da água. A transmissão é mais comum 
quando há contato pessoal íntimo e prolongado dos 
doentes com indivíduos suscetíveis à infecção. 
Observa-se a presença do vírus A no 
sangue e nas fezes dos indivíduos infectados duas a três 
semanas antes do início dos sintomas e, nas fezes, por 
cerca de duas semanas após a infecção. 
Consequentemente, os maiores fatores de risco são o 
convívio familiar, especialmente com crianças menores 
de seis anos, a alimentação preparada por ambulantes e 
os agrupamentos institucionais (pública. Crianças, 
adolescentes e adultos jovens soronegativos têm um 
risco similar ao de viajantes para regiões de alta 
endemicidade, pois estão sob risco permanente de 
exposição. evidenciou variações regionais de 
endemicidade relacionadas à idade, grau de educação, 
condições de higiene e de saneamento básico paciente. 
 A doença é autolimitada e considerada 
benigna. Deve ser ressaltada, porém, a existência de 
―formas atípicas‖ da hepatite e que, dada a sua alta 
incidência, é a principal causa de insuficiência hepática 
aguda (hepatite fulminante) em nosso meio. Chamadas 
―formas atípicas‖ da hepatite A, as mais importantes 
são: a) colestática – quando há predominância das 
manifestações obstrutivas, com icterícia e prurido 
intenso de longa duração; b) polifásica, bifásica ou 
recorrente – nos casos de retorno das manifestações 
clínicas e/ou laboratoriais após a aparente cura do 
processo; e c) a associada a alterações extra-hepáticas 
graves, como pancreatite e aplasia de medula, por 
exemplo. 
Após a infecção, este vírus sofre uma grande 
replicação dentro dos hepatócitos, é excretado pela bile para 
os intestinos e então passa a ser infectante. Nas crianças a 
infecção poderá ser assintomática ou mesmo não detectada e, 
dependendo das condições climáticas, o vírus poderá 
permanecer estável por muitos meses no meio ambiente. As 
complicações sérias pelo HAV são raras e ocorrem em menos 
de 1% dos casos, sendo que a cronicidade desta infecção 
inexiste. 
O VHA é relativamente resistente ao calor, 
éter ou ácido e raios ultravioleta. Para prevenir a 
disseminação do vírus há necessidade de rigorosa 
higiene pessoal dos doentes e adequada desinfecção dos 
banheiros
utilizados pelos pacientes e de brinquedos 
(nas creches, por exemplo), lembrando que o VHA pode 
permanecer na superfíciedos objetos por semanas. Os 
indivíduos com hepatite não devem preparar alimentos 
para outras pessoas, e durante a fase aguda da infecção 
devem ficar afastados das comunidades. sanitárias, 
A vacinação contra o VHA deve ser 
estimulada como um meio efetivo para o controle da 
doença inóculo. A inoculação deve ser feita na pré 
exposição viral, em pessoas com risco aumentado: 
viajantes para zonas de média e alta prevalência, 
crianças de áreas endêmicas, homens que fazem sexo 
com homens, receptores de fatores concentrados de 
coagulação, pacientes hepatopatas crônicos e usuários 
de drogas injetáveis. 
 A vacinação ocorre no primeiro 
ano de vida. 
 
Hepatite B 
O vírus da hepatite B está classificado na família 
HepaDNA. Devido à sua alta especificidade, o VHB 
infecta o homem, que constitui o reservatório natural. 
(HBV) vírus possui três antígenos: o antígeno HBsAg está 
localizado na superfície, o HBcAg no interior e o terceiro 
antígeno, conhecido como HBeAg, também está localizado no 
―interior‖ do vírus, e pela sua determinação indica uma 
intensa replicação viral, sendo assim caracterizada a infecção 
aguda. 
 O risco de desenvolver doença aguda ictérica aumenta 
com a idade do paciente, inversamente à possibilidade 
de cronificação. A transmissão do vírus B se faz através 
de solução de continuidade (pele e mucosas); relações 
sexuais; exposição percutânea (parenteral) a agulhas ou 
outros instrumentos contaminados; transfusão de sangue 
e hemoderivados; uso de drogas intravenosas; 
procedimentos odonto-médico- cirúrgicos, quando não 
respeitadas as regras de biossegurança; transmissão 
vertical e contatos domiciliares. O sangue e os outros 
líquidos orgânicos de uma pessoa portadora do VHB já 
podem ser infectantes duas a três semanas antes de 
aparecerem os primeiros sinais da doença, e mantêm 
assim durante a fase aguda. 
As crianças do sexo masculino têm maior risco de 
desenvolver doença hepática crônica. Ao analisar a 
história natural da infecção que ocorre por transmissão 
vertical, alguns elementos chamam a atenção: a) 
geralmente os pacientes são assintomáticos; b) o 
clareamento do AgHBs é raro (< 2%) nos primeiros 
anos de vida; c) a negativação do AgHBs é de apenas 
cerca de 0,6% ao ano; e d) na maioria dos casos de 
hepatocarcinoma, o VHB foi adquirido por transmissão 
vertical. Mas as crianças também se contaminam na 
infância através de transmissão horizontal, por contato 
interpessoal, ou através da contaminação com líquidos 
corporais que contenham o agente, tais como: lágrima, 
suor, sêmen, urina, secreções de feridas e, ainda, o 
próprio leite materno. 
Constituem grupos de risco e, ainda, aqueles que 
apresentam diferentes condições patológicas tais como: 
infecção perinatal, hepatites agudas e crônicas, 
portadores assintomáticos do vírus B, cirróticos e 
pacientes com carcinoma hepatocelular. Todas as 
gestantes devem ser avaliadas no exame pré-natal (3º 
trimestre) em relação aos marcadores do vírus B. 
Há situações que estão relacionadas à amamentação, 
como as fissuras nos mamilos, sangramentos e exsudato 
de lesões nas mamas que podem facilmente expor o 
recém nascido ao VHB. 
O vírus da B se inseri no genoma das células, mas se o 
paciente for curado e foi exposto ao estado de 
imunossupressão – pode ocorrer a reativação. 
 o tratamento antiviral diminui o risco de 
evolução preocupante. 
A vacina contra a hepatite B é extremamente eficaz (90 
a 95% de resposta vacinal em adultos 
imunocompetentes), não apresenta toxicidade e produz 
raros e pouco significativos efeitos colaterais. As doses 
recomendadas variam conforme o fabricante do produto. 
É feita IM (não pode ser feita nos glúteos) e, seguindo o 
esquema clássico, com intervalo entre as doses de zero, 
1 e 6 meses. diferentes. Maior eficácia na profilaxia é 
obtida com o uso precoce (dentro de 24 horas após o 
nascimento ou após o eventual acidente). 
 
Hepatite C 
Embora o vírus C (VHC) seja transmitido por contato 
direto, percutâneo ou através de sangue contaminado, 
em percentual significativo de casos não se identifica a 
via de infecção. Pertence ao gênero Hepacivirus da 
família Flaviridae, e seu genoma é constituído por uma 
fita simples de RNA. Há uma grande variedade na 
sequência genômica do VHC. 
Seu período de incubação varia de 30 a 60 dias. As infecções 
assintomáticas ocorrem em 75% dos pacientes e podem se 
cronificar em 50% desse total. Por sua vez, a cronificação da 
doença pode acarretar maior incidência de linfomas de células 
beta e ou crioglobulinemia. Os diferentes genótipos foram 
reunidos em seis grupos principais e vários subtipos. Há 
uma distribuição geográfica diferenciada em relação aos 
genótipos do VHC. No Brasil, os mais freqüentes são: 1, 
2 e 3 . Não se conhece, com precisão, a prevalência do 
VHC no nosso país; há relatos feitos em diversas áreas 
que sugerem que, em média, ela esteja entre 1% a 2% da 
população em geral. Os indivíduos considerados de 
risco são aqueles que receberam transfusões de sangue 
e/ou hemoderivados antes de 1992, usuários de drogas 
intravenosas, pessoas com tatuagens e piercings, 
alcoólatras, portadores de HIV, transplantados, 
hemodialisados, hemofílicos, presidiários e sexualmente 
promíscuos. 
A manutenção do RNA-VHCA por mais de seis meses 
após a infecção caracteriza a infecção crônica. Como a 
hepatite aguda pelo vírus C é em geral assintomática. 
A co-infecção pelos vírus VHC e HIV é relativamente 
frequente entre os viciados em drogas ilícitas e entre os 
hemofílicos, ocorrendo entre 50% e 75% dos casos. 
Profilaxia pós-exposição: Após um acidente com 
exposição percutânea ou de mucosa, o indivíduo-fonte 
deve ser testado para o anti-VHC. Se for positivo, a 
pessoa exposta deve ser testada para anti-VHC e ser 
submetida à determinação da ALT, no momento da 
exposição e quatro e seis meses depois. Para um 
diagnóstico mais precoce, a determinação do RNA do 
VHC pode ser realizada quatro a seis semanas após a 
exposição. Imunoglobulinas e agentes antivirais não são 
recomendados após exposição ao vírus da hepatite. 
A infecção aguda pelo vírus da hepatite C é usualmente 
(80%) assintomática. De qualquer maneira, a hepatite C 
faz parte do diagnóstico diferencial das hepatites agudas 
virais. A confirmação de hepatite C aguda inclui exames 
negativos para IgM anti-VHA, IgM anti-HBc e teste 
positivo para anti-VHC, com confirmação. Alguns 
pacientes podem apresentar anti-VHC negativo no início 
dos sintomas e somente exames seriados vão evidenciar 
o diagnóstico. 
 
A coexistência (vírus HBV, HCV e HIV) é situação 
conhecida que poderá acelerar ou reduzir a progressão e a 
gravidade dos danos hepáticos. Esta situação dependerá da 
estrutura metabólica do hospedeiro e da produção de 
citocinas antivirais. O vírus da hepatite B poderá igualmente 
afetar a replicação viral do HIV, principalmente pela 
produção do fator de necrose tumoral, a partir de monócitos 
cronicamente infectados. Por sua vez, parece evidente que a 
co-infecção pelos vírus HCV e HIV pode propiciar uma 
progressão mais rápida da hepatite crônica para formas de 
cirrose e de insuficiência hepática. Contudo, ainda não existe 
conclusão definitiva de que a infecção pelo HCV possa 
acelerar a progressão pelo HIV. 
13 
Hepatite D (HDV) 
O fator causal é uma partícula viral incompleta e que sempre 
coexiste com a HBV, sendo uma co-infecção. A infecção é 
veiculada pelo sangue e frequentemente evolui para formas 
graves, podendo, em 70% a 80% dos pacientes, desenvolver 
cirrose e hipertensão portal. A taxa de mortalidade poderá 
atingir 25% em até dois anos, desde o seu quadro agudo. 
A sua ocorrência é maior em áreas endêmicas tropicais e 
subtropicais e existem indícios de maior prevalência
em 
diversos países da África, Oriente Médio, Grécia, Itália e no 
Brasil, na região amazônica. 
 
 
Hepatite E (HEV) 
Suas características epidemiológicas são semelhantes às da 
hepatite A. A transmissão deste vírus também ocorre por 
inadequadas condições sanitárias, como a contaminação das 
águas pelos dejetos fecais. Seu período de incubação é de três 
a oito semanas, com média de 40 dias, sendo conhecida como 
não A-não B. Sua ocorrência na gestação pode induzir maior 
risco de hepatite fulminante, sendo referido que, em pequeno 
grupo de pacientes grávidas no terceiro trimestre, a taxa de mortalidade condicionada pelo HEV pode atingir 20%.
 
HEPATITE AUTOIMUNE 
Doença inflamatória crônica a qual afeta o 
parênquima hepático devido aos autoanticorpos, 
acometendo um grupo de pessoas principalmente 
mulheres jovens, que parecem ter perdido a 
tolerância imunológica a antígenos do próprio 
fígado. A lesão pode acometer os hepatócitos ou o 
epitélio dos ductos biliares intra/extra-hepáticos, ou 
ambas as estruturas (simultaneamente ou de forma 
sequencial) Para que se estabeleça o diagnóstico, é 
 
 
indispensável a exclusão de outras causas de 
doença hepática crônica. No sexo feminino se 
mostram mais frequente, devido a serem 
diagnosticadas em maiores idade pelo aumento da 
expectativa de vida e metodologias diagnósticas 
capazes de serem mais sensíveis e especificas. Já 
que há uma forte associação com a 
hipergamaglobulinemia, antígenos de 
histocompatibilidade, outras condições autoimunes 
e com auto anticorpos. 
 
HEPATITES E GESTAÇÃO: 
Algumas questões pertinentes às hepatites (e/ou infecções 
virais) e gestação:1. Hepatite aguda versus gravidez — os 
quadros de hepatite aguda na gestação necessitam internação 
hospitalar se existir algum sinal de encefalopatia aguda, 
coagulopatia ou grave debilidade devido à má-nutrição. 
Nessas eventualidades pode haver necessidade de reposição 
de sangue e fatores da coagulação sanguínea, tais como 
plasma fresco e crioprecipitados. 
2. Gestantes que presumivelmente são portadoras dos vírus 
HBV e HCV devem ser acompanhadas por médicos 
experientes nessa área e orientadas a notificar aos seus 
parceiros sexuais, e também empregar métodos de prevenção 
da transmissão para outras pessoas. 
3. Transmissão vertical para o feto — aproximadamente 10% 
a 20% das mulheres que são soropositivas para o HBsAg 
podem transmitir aos seus fetos o HBV e, entre as pacientes 
que são positivas para o HBsAg e HBeAg, a possibilidade de 
transmissão atinge os 90%. 
O CDC (Centers for Disease Control, Atlanta, EUA) 
recomenda a vacinação dos RN cujas mães são soronegativas, 
e esta deve ser efetuada quando houver alta hospitalar pós-
parto ou no máximo até o final do primeiro mês. Essa 
vacinação pode ser postergada somente se o peso do RN for 
inferior a 2.000 g e se a mãe for HBsAg negativa. 
Outra recomendação importante é que o RN cuja mãe é 
HBsAg-positiva ou cuja imunologia for desconhecida na 
ocasião do parto deve receber a primeira dose da vacina e uma 
dose de imunoglobulina contra o vírus da hepatite B (HBIG) 
dentro das primeiras 12 horas do pós-parto. A administração 
deve ser feita por via intramuscular em dois locais separados. 
Na sequência dos próximos seis meses as duas outras doses da 
vacina devem ser administradas. A combinação da 
imunização ativa e passiva é bastante eficaz na redução da 
transmissão do vírus da hepatite B em 85% a 95% dos casos. 
4. Transmissão intraparto — essa passagem do vírus para o 
RN ocorre em 85% a 95% das vezes durante o trabalho de 
parto devido à exposição do feto ao sangue e secreções 
maternas. A via de parto não tem influenciado na maior 
transmissão do HCV; devido a isso, a indicação do parto 
cesáreo deve ocorrer somente por razões obstétricas.Um 
maior risco para essa disseminação do HVB foi evidenciado 
em gestantes HBsAg-soropositivas, história de tratamento de 
trabalho de parto prematuro e altos títulos de HBsAg e HBV-
DNA no soro materno. 
5. Gestantes com hepatite crônica e métodos invasivos pré-
natais têm um baixo percentual de risco de sofrerem infecções 
nos fetos. Em diversos estudos anteriores a ocorrência dessa 
situação foi bastante infrequente, principalmente quando 
houve realização de amniocentese. 
6. Amamentação e hepatite: nas mulheres infectadas por HAV 
a amamentação pode ser indicada desde que sejam feitos 
importantes cuidados de higiene. O uso da imunoglobulina 
deve ser recomendado ao RN ao início da amamentação. 
A amamentação não é contraindicada para mulheres 
HBsAgpositivas e, na ocasião do parto, se a gestante for 
cronicamente infectada pelo HBV, o RN deve receber uma 
dose de imunoglobulina e simultaneamente deverá ser 
administrada a primeira dose da vacina. 
A amamentação não é contraindicada para gestantes 
cronicamente infectadas pelo HCV e não há maior risco de 
transmissão viral ao RN nessa eventualidade. 
 
 
 
Entender os métodos diagnósticos, diagnósticos diferenciais e tratamentos para as hepatites. 
Diagnóstico: 
Muitas vezes, o diagnóstico é feito ao acaso, a 
partir de alterações esporádicas de exames de 
avaliação de rotina ou da triagem em bancos de 
sangue. O diagnóstico das hepatites virais, 
principalmente os tipos B e C, ocorre na maioria 
das vezes durante a fase crônica dessas doenças. 
É importante que o clínico esteja atento a esse fato 
para então definir o melhor seguimento do 
paciente, conforme os protocolos clínicos e 
diretrizes terapêuticas das hepatites B e C. 
 Os testes rápidos agora podem ser 
utilizados como testes para investigação 
inicial nos fluxogramas de diagnóstico das 
hepatites B e C; 
As aminotransferasesG – alanina 
aminotransferase ou transaminase glutâmico-
pirúvica (ALT ou TGP) e aspartato 
aminotransferase ou transaminase glutâmico-oxa-
lacética (AST ou TGO) – são marcadores 
sensíveis para detecção de lesão do parênquimaG 
hepático, porém não são específicas para nenhum 
tipo de hepatite. Níveis mais elevados de 
ALT/TGP, quando presentes, não guardam 
correlação direta com a gravidade da doença. As 
aminotransferases, na fase mais aguda da 
hepatite, podem elevar-se dez vezes acima do 
limite superior da normalidade. Também são 
encontradas outras alterações inespecíficas, como 
elevação de bilirrubinasG, fosfatase alcalina e 
discreta linfocitose. Embora não sejam 
marcadores específicos para os casos de 
hepatites virais, as alterações nos testes de função 
hepática indicam a necessidade de investigar a 
origem dessas alterações, que, entre outras 
possibilidades, podem ser causadas pelos vírus 
das hepatites A, B, C, D ou E. 
 Vale ressaltar que, nas hepatites B e 
C, a definição de suas formas crônicas 
se dá pela presença de replicação viral 
persistente por mais de seis meses. 
Não existem manifestações clínicas ou padrões de 
evolução dos diferentes agentes. O diagnóstico 
etiológico só é possível por meio de exames 
sorológicos e/ou de biologia molecular. 
O diagnóstico das hepatites virais é baseado 
na detecção dos marcadores presentes no 
sangue, soro, plasma ou fluido oral da pessoa 
infectada, por meio de imunoensaios e/ou na 
detecção do ácido nucleico viral, empregando 
técnicas de biologia molecular. 
O constante avanço tecnológico na área de 
diagnóstico permitiu o desenvolvimento de 
técnicas avançadas de imunoensaios, incluindo o 
de fluxo lateral, que são atualmente empregadas 
na fabricação de testes rápidos (TR). 
A seguir, são descritas as principais 
metodologias utilizadas no diagnóstico das he-
patites virais. 
 Imunoensaios- As técnicas de 
imunoensaio são baseadas na detecção do 
antígeno viral e/ou anticorpos específicos, 
como as imunoglobulinas da classe M 
(IgM), que são as primeiras a aparecer e 
caracterizam, portanto, uma infecção 
aguda, e as imunoglobulinas da classe G 
(IgG), que surgem após as IgM e podem 
permanecer indefinidamente, servindo 
como marcador
de infecção passada – que 
caracteriza o contato prévio com o vírus – 
ou de resposta vacinal. 
 Incluem os ensaios do tipo ELISA (do 
inglês enzyme-linked immunosorbent 
assay) e ELFA (do inglês enzyme-
linked fluorescent assay), sendo 
utilizados no diagnóstico das infecções 
virais por meio da detecção de 
antígenos e/ou anticorpos específicos 
contra o patógeno, isoladamente ou de 
forma combinada. 
 A quimioluminescência e a 
eletroquimioluminescência 
Os testes rápidos (TR) constituem imunoensaios 
cromatográficos de execução simples, que podem 
ser realizados em até 30 minutos e que não 
necessitam de estrutura laboratorial. Os TR são 
fundamentais para a ampliação do acesso ao 
diagnóstico e aumentam a resolutividade do 
sistema 
 Os testes rápidos utilizados para o 
diagnóstico das hepatites B e C baseiam-
se na tecnologia de imunocromatografia de 
fluxo lateral. O teste para hepatite B 
permite a detecção do antígeno de 
superfície do HBV (HBsAg) no soro, 
plasma ou sangue total. Para a hepatite C, 
o teste detecta o anticorpo anti-HCV no 
soro, plasma, sangue total ou fluido oral. 
››A complementação diagnóstica após um resultado 
reagente para detecção do HBsAg ou para anti-HCV 
pode ser feita utilizando um teste molecular. 
 
Teste molecular - A reação em cadeia da polimerase-
PCR. 
 
O diagnóstico sorológico das doenças infecciosas 
pode ser realizado com, pelo menos, dois testes, 
um para triagem e um segundo confirmatório 
 
 
Diagnósticos Diferenciais: Fundamentais para saber o tipo de hepatite se é a aguda ou a crônica 
devemos acompanhar e tratar, para melhor prognostico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamentos: 
Hepatite aguda 
O seu grau de gravidade deverá ser determinado pelos níveis 
de albumina sérica e pelo tempo de protrombina. É 
considerada débil se o tempo de protrombina for superior a 
40% e se o nível de albumina for maior de 30 g/l. Existindo 
prurido, este poderá ser tratado com drogas anti-histamínicas 
ou colestiramina na dose de 4 g/dia. Outras substâncias que 
sofrem metabolização hepática devem ser evitadas, e aquelas 
com potencial hepatotóxico como o álcool deverão ser 
suspensas por seis meses. 
 
Hepatite fulminante (A, B ou C) 
Pode progredir com grave icterícia e confusão mental pelo 
maior dano hepático. Recomenda-se, nesta situação, a 
internação hospitalar em unidade de terapia intensiva (UTI) e 
mesmo o transplante hepático deverá ser considerado. 
 
Hepatite B 
O objetivo primário do tratamento das infecções crônicas 
condicionadas pelo HBV será eliminar o vírus e reduzir a sua 
replicação viral. Com este intuito será evitada a progressão 
para quadros de cirrose e maior risco do desenvolvimento de 
hepatocarcinomas. A maioria dos pacientes tem melhora 
completa na sequência da doença. No entanto, menos de 5% 
dos pacientes adultos podem permanecer portadores. A 
determinação do HBeAg é um auxiliar na investigação da 
infecciosidade, sendo um marcador da existência de 
replicação viral, enquanto o HBsAg deve ser determinado 
somente três meses após o início da doença. Esse mesmo teste 
(HBsAg), se persistir positivo aos seis meses do início da 
doença, indica que há grande probabilidade de se tratar de um 
portador, mas a situação só será confirmada pela positividade 
desse teste aos 12 meses. Os pacientes HBsAg-negativos com 
atividade inflamatória têm sua resposta virológica 
caracterizada pela negativação do HBV-DNA, que será 
acompanhada pela negativação tardia do HBsAG. 
O IFN (interferon) alfa constitui seguramente o tratamento 
padrão para a hepatite crônica B em pacientes sem doença 
hepática descompensada. A duração do tratamento deverá ser 
de 16 semanas e o esquema terapêutico poderá ser com 5 
milhões de unidades diariamente ou 10 milhões, três vezes 
por semana. Com o emprego do interferon poderão existir 
efeitos colaterais, mas habitualmente tem sido evidenciada 
uma resposta terapêutica conveniente em 30% a 40% dos 
pacientes. 
 
Hepatite C 
A persistência das transaminases elevadas poderá manter-se 
até os seis meses e os seus valores dentro da normalidade não 
excluem o risco da hepatite crônica. Nesse tipo de hepatite há 
importância na determinação do genótipo viral, sendo que o 
tratamento é mais eficaz para aquele vírus com genótipo 2 e 3 
do que o vírus C com genótipo 1 e 4. Nessa situação, a biópsia 
hepática deverá ser feita nos pacientes com genótipo viral 1 e 
4, mesmo com as transaminases normais e com HCV-RNA 
para observarmos, assim, a sua forma evolutiva. 
O tratamento consiste na combinação do interferon alfa e 
ribavirina por 12 meses naqueles com genótipos 1 e 4 e por 6 
meses nos genótipos 2 e 3. Com essa associação terapêutica, 
há erradicação dos vírus do sangue em mais de 29% dos 
pacientes. Lembrar que são contraindicações para a 
terapêutica retroviral a existência de cirrose e disfunção 
hepática descompensada, estado de imunossupressão grave, 
doenças autoimunes e gravidez. 
A ribavirina tem efeitos fetais danosos, sendo teratogênica. 
Devido a isso, as gestações devem ser evitadas até seis meses 
depois do término do tratamento. Deve-se indicar transplante 
hepático se a expectativa de vida for inferior a seis meses. 
Por sua vez, com a adição do polietileno-glicol ao interferon 
alfa, houve a formação de substância com vida média mais 
longa a ser administrada uma vez por semana. Este é o 
interferon peguilado (Peg-INF). 
Desde que este esquema terapêutico seja mantido os seus 
resultados são superiores e chegam a 38% quando comparado 
a monoterapia.43,45 Assim é que, em estudo anterior, quando da 
sua associação com a ribavarina em esquemas terapêuticos 
prolongados por 24 meses, obteve-se a melhor resposta se 
comparada ao seu uso por 48 semanas. 
 
Vacinação 
Vacina para hepatite A 
Está disponível, constituída de um antígeno viral inativado ou 
em associação HAV e antígenos HBV. 
Duas vacinas existem comercialmente e ambas usam vírus 
HAV inativados e o componente HBV é um antígeno proteico 
não viral recombinante. Essas duas vacinas disponíveis 
podem ser empregadas aos 1-6 e 12 meses (três doses) e aos 
6 e 18 meses de intervalo. A vacina HAV cria resposta 
imunitária em 94% após a primeira dose, sendo muito eficaz 
por reduzir a incidência da doença e a progressão das 
epidemias. A imunoglobulina permanece como uma 
disponibilidade na profilaxia para aqueles que sofreram 
exposição viral sem proteção. 
 
Vacinas para hepatite B 
Com dois antígenos para a vacinação da hepatite B, foram 
preparadas em culturas de fungos. São intensamente 
imunogênicas e desenvolvem a soroconversão em mais de 
95% dos casos. 
Os esquemas de uso para as vacinas contra a hepatite B são 
variáveis, mas habitualmente são empregadas três doses, 
mendando-se aos 0-1 e 6 meses. A sua administração deve ser 
feita via intramuscular na região deltoide, pois o uso na região 
glútea e intradérmica tem propiciado baixas taxas de 
soroconversão. As gestantes, quando necessário, podem ser 
vacinadas, pois a gravidez não é uma contraindicação à 
vacinação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
PIAZZA, Mauri José et al. Hepatites virais e gestação. Diagn Tratamento, v. 15, n. 1, p. 12-8, 2010. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. DEPARTAMENTO DE IST, 
AIDS E HEPATITES VIRAIS. Manual técnico para o diagnóstico das hepatites virais. 2018. 
FERREIRA, Cristina Targa; SILVEIRA, Themis Reverbel da. Hepatites virais: aspectos da epidemiologia e da 
prevenção. Revista Brasileira de epidemiologia, v. 7, n. 4, p. 473-487, 2004. 
BRASIL-MINISTÉRIO DA SAÚDE. Hepatites Virais . Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das 
Hepatites Virais. 2005. 
Murray P. et al .Microbiologia Médica,6° edição.

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