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Trofozoítos, Giardia, Toxoplasma, Trichomonas e Amebas

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Parasitologia Clínica
Prova I
Introdução
Os seres vivos na natureza apresentam grande inter-relacionamento e varia desde a colaboração mútua (simbiose) até o predatismo e o canibalismo. Como consequência dessa associação e com o decorrer de milhares de anos houve uma evolução para o melhor relacionamento com o hospedeiro. Essa evolução, feita à custa de adaptações, tornou o invasor (parasito) mais e mais dependente do outro ser vivo. Essas adaptações foram de tal forma acentuadas que podemos afirmar que “a adaptação é a marca do parasitismo”.
Muitas espécies passam a conviver num mesmo ambiente, gerando associações ou interações que podem não interferir entre si. Essas associações podem ser harmônicas ou positivas: quando não há benefício mútuo ou ausência de prejuízo mútuo; ou desarmônica ou negativa: quando há prejuízo para algum dos participantes. Assim, considera-se como harmônicas o comensalismo, mutualismo e a simbiose e, como desarmônicas, a competição, o canibalismo, o predatismo e o parasitismo. 
Competição: é uma associação desarmônica na qual parasitos competem entre si pelo mesmo abrigo ou alimento. Geralmente as menos preparadas perdem.
Canibalismo: é o ato de um animal se alimentar de outro da mesma espécie ou da mesma família.
Predatismo: é quando uma espécie animal se alimenta de outra espécie.
Parasitismo: é uma associação na qual existe unilateralidade de benefícios. De modo geral, essa associação tende para o equilíbrio, pois a morte do hospedeiro é prejudicial para o parasito. 
Comensalismo: é a associação harmônica entre duas espécies, na qual uma obtêm vantagens (o hóspede) sem prejuízos para o outro (o hospedeiro). 
Mutualismo: é quando duas espécies se associam para viver e ambas são beneficiadas.
Simbiose: é uma associação na qual há uma troca de vantagens a nível tal que esses seres são incapazes de viver isoladamente.
Ação dos parasitos sobre o hospedeiro
Espoliativa: quando o parasito absorve nutrientes ou mesmo sangue do hospedeiro. 
Tóxica: algumas espécies produzem enzimas ou metabólitos que podem lesar o hospedeiro. 
Mecânica: algumas espécies podem impedir o fluxo de alimento, bile ou absorção alimentar.
Traumática: migração cutânea e tecidual de larvas.
Irritativa: deve-se à presença constante do parasito que, sem produzir lesões traumáticas, irrita o local.
Enzimática: liberação de enzimas para penetração da pele ou lesar tecidos.
Anóxia: qualquer parasito que consuma o O2 da hemoglobina, ou produza anemia.
Epidemiologia
De acordo com dados de morbidade de base populacional, a situação das doenças transmissíveis no Brasil, no período compreendido entre o início da década de 1980 e da presente década, corresponde a um quadro complexo que pode ser resumido em três grandes tendências: doenças transmissíveis com tendência declinante, com quadro de persistência e emergentes e reemergentes.
Doenças transmissíveis com tendência declinante: alguns exemplos são: a varíola (desde 1973), a poliomielite (desde 1989), sarampo (desde 2000), a difteria, a coqueluche, o tétano acidental, a doença de Chagas, a febre tifoide, a oncocercose, a filariose e a peste.
Doenças transmissíveis com quadro de persistência: Nesse grupo de doenças, destacam-se a tuberculose e as hepatites virais, especialmente as hepatites B e C. Outras doenças: leptospirose, meningites (destacando-se as infecções causadas pelos meningococos B e C), leishmaniose, esquistossomose, malária e febre amarela.
Doenças transmissíveis emergentes e reemergentes: são as que surgiram, ou foram identificadas, em período recente ou aquelas que assumiram novas condições de transmissão, geralmente devido a modificações das características do agente infeccioso. Exemplos: AIDS, cólera, dengue, hantaviroses e criptosporidiose.
Doenças negligenciadas: são aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas e são consideradas endêmicas em populações de baixa renda. Essas enfermidades também apresentam indicadores inaceitáveis e investimentos reduzidos em pesquisas, produção de medicamentos e em seu controle. Exemplos: tuberculose, doença de Chagas, cisticercose, dengue, leishmaniose, lepra, filaríase, oncocercose, raiva, esquistossomose, helmintíases transmitidas por solo e tracoma.
Tríade epidemiológica de doenças
O agente é o fator cuja presença é essencial para a ocorrência da doença, o hospedeiro é o organismo capaz de ser infectado por um agente e o meio ambiente é o conjunto de fatores que interagem com o agente e o meio ambiente. 
As interações observadas para doenças infecciosas também são observadas em doenças não-infecciosas. Embora algumas doenças sejam de origem genética, o aparecimento destas doenças é também resultante da interação genética e dos fatores ambientais. 
Fatores de influência
Predisponentes: como idade, sexo e doenças prévias criam um estado de susceptibilidade do indivíduo.
Facilitadores: como desnutrição, moradia inadequada, falta de saneamento e falta de atenção médica.
Precipitantes: são os agentes específicos associados ao início da doença. São os agentes biológicos.
Agravantes: são os fatores que, quando a exposição é repetida, podem agravar o estado da doença.
Desnutrição e infecção
A desnutrição muitas vezes é causada pela interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo, privação alimentar, problemas socioeconômicos, má absorção gastrointestinal e perdas excessivas por doenças infecciosas ou por hemorragias. Pode ter efeitos sobre os mecanismos gerais de defesa. O organismo desnutrido se torna mais suscetível a enfermidade, ocorrendo uma relação entre desnutrição, sistema imune e doenças infecciosas. 
Sistema imune
A imunidade inata e a adquirida são reguladas por uma grande rede de comunicação química, que inclui síntese de células apresentadoras de antígenos, imunoglobulinas e citocinas. 
O sistema imunológico é dependente de uma adequada oferta de aminoácidos para a síntese de proteínas e polipeptídeos e outras moléculas com grande importância biológica. Uma desnutrição pode levar a redução da imunidade celular, causando redução dos linfócitos T, alterações no metabolismo das citocinas, alterações funcionais das imunoglobulinas, redução da capacidade de opsonização (redução da fagocitose) e rompimento na integridade das barreiras epitelial e mucosa.
Os nutrientes necessários para um sistema imune eficiente são: proteínas e aminoácidos, necessários para a síntese de citocinas e anticorpos; ácidos graxos, como ômega 3; vitamina A para secreção de IgA; ácido fólico e cobalamina, que são essenciais para a replicação celular; minerais como ferro, magnésio, zinco, selênio e cobre (o ferro é importante para a divisão celular, transporte de elétrons e reações de oxi-redução); ácidos nucleicos; e micronutrientes como flavonoides.
Protozoários
Os protozoários englobam todos os organismos protistas, eucariotas, constituídos por uma única célula. Apresentam as mais variadas formas, processos de alimentação, locomoção e reprodução. É uma única célula que, para sobreviver, realiza todas as funções mantenedoras da vida: alimentação, respiração, reprodução, excreção e locomoção. Os protozoários são divididos em 7 filos: Sarcomastigophora, Apicomplexa, Ciliophora, Microspora, Labyrinthomorpha, Ascetospora e Myxospora. Destes, apenas os quatro primeiros têm interesse em parasitologia humana. Quanto à morfologia, os protozoários apresentam grandes variações, conforme fase evolutiva e meio em que estejam adaptados. 
Trofozoítos: é a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz por diferentes processos.
Cisto e oocisto: são formas de resistência. O protozoário secreta uma parede resistente (parede cística) que o protegerá quando estiver em meio impróprio ou em fase de latência.
Gameta: é a forma sexuada, que aparece em espécies do filo Apicomplexa. O gameta masculino é microgameta e o feminino é macrogameta.
Nutrição
Autotróficos: são os que, a partir de grãos ou pigmentos citoplasmáticos (cromatóforos), conseguemsintetizar energia a partir de luz solar.
Heterotróficos: ingerem partículas orgânicas de origem animal, digerem-nas, e posteriormente, expulsam metabólitos. Essa ingestão se dá por fagocitose. 
Saprozóicos: absorvem substâncias orgânicas de origem vegetal, já decompostas em meio líquido.
Mixotróficos: quando são capazes de se alimentar por mais de um dos métodos.
Excreção
Pode ser feita por meio de difusão dos metabólitos através da membrana e expulsão dos metabólitos através de vacúolos contráteis.
Reprodução
Assexuada: por meio de divisão binária, brotamento, endogenia (formação de duas ou mais células-filhas por brotamento interno) e esquizogonia (divisão nuclear seguida de divisão do citoplasma).
Sexuada: por meio de conjugação, no filo Ciliophora ocorre a união temporária de dois indivíduos, com troca mútua de materiais celulares; e singamia ou fecundação, no filo Apicomplexa ocorre a união de microgameta e macro formando o zigoto, o qual pode se dividir formando um certo número de esporozoítos.
Locomoção
A movimentação dos protozoários é feita com o auxílio de flagelos, pseudópodos, cílios e microtúbulos subpeliculares que permitem a locomoção por flexão, deslizamento ou ondulação.
Habitat
As diferentes espécies têm habitats específicos, mas sempre úmidos. Exemplos, água doce, salobra ou salgada; solo; matéria orgânica em decomposição; e interior do corpo de animais e plantas.
Subfilo Mastigophora - Classe Flagellata
É um dos filos de Sarcomastigophora, juntamente com Sarcodina e Opalinata. Engloba os protozoários com um ou mais flagelos, que auxiliam na captura de alimentos e na recepção de estímulos ambientais. São recobertos por uma película, um envelope composto por uma ou mais membranas celulares, frequentemente revestidas nas suas superfícies internas por microtúbulos. A reprodução assexuada é por meio de divisão binária, podendo ser sexuada também. 
Subfilo Sarcondina - Superclasse Rhizopoda
Rhizopoda é um amplo grupo de organismos ameboides protozoários colocados no reino Protista. Eles incluem as amebas nuas e testadas, alguns membros dos fungos e foraminíferos. Estes últimos são quase exclusivamente organismos marinhos, bentônicos ou planctónicos. A locomoção é por extensão de pseudópodes de morfologia variada que são específicos para o grupo taxonômico. A morfologia pseudopodial inclui extensões anteriores largas e em formato de leque, extensões tubulares semelhantes a dedos ou uma rede semelhante a uma teia, as quais são chamadas de rizópodos. A forma dos pseudópodes e a morfologia da concha ou teste envolvente, quando presentes, são as principais características taxonômicas definidoras. Os Rhizopoda são importantes protozoários aquáticos e terrestres na base de cadeias alimentares e, portanto, fornecem um importante elo na transferência de energia para consumidores de maior ordem. Alguns são capazes de predar fungos (por exemplo, grandes amebas micófagas) ou outros protistas e, em alguns casos, pequenos invertebrados (por exemplo, foraminíferos).
Exames
O material mais utilizado para análise são as fezes, porém pode ser utilizado sangue e tecidos também. A amostra de fezes devem preferencialmente ser analisada a fresco, devendo ficar refrigerados à 4 C° ou, se não for possível, preservada no formol 10%. Deve-se orientar o paciente a suspender o uso de antibióticos, antiácidos e óleos minerais. Descartar amostras colhidas no vaso sanitário e solo. 
No exame macroscópico observa-se a cor, odor, consistência, a presença de sangue, muco, proglotes (parte madura do verme, que se destaca e sai nas fezes) e vermes adultos. Todos os métodos de identificação são para concentração das formas parasitárias todas em um lugar, assim pode-se observar todas as possíveis espécies. Deve-se utilizar substâncias para não agredir os parasitos e assim torna-los irreconhecíveis.
Métodos de concentração
Todos os métodos inicia da mesma forma. O que muda é a parte final. Inicia-se com o pote de coleta vindo do paciente, retira-se uma alíquota de 10g e diluir com água purificada. O material diluído é filtrado em gaze (3 cruzadas para formar uma malha fechada para retém a maioria do que é macro) e coloca na peneira. O material filtrado vai para análise. 
Método de tamização: É feito o peneiramento das fezes para verificar se há resíduos de vermes ou até vermes inteiros. Não é mais utilizado. 
Método de Willis: O fundamento da metodologia é de flutuação. Há uma solução de NaCl, coloca-se uma parte do filtrado e depois de 45 minutos, coloca-se uma lâmina sobre o líquido, de maneira que o líquido encoste na lâmina. Depois de 30 segundos, a densidade do material faz com que os parasitos flutuem e encostem na lâmina. Adiciona-se lugol e em seguida, microscopia.
Método de Faust: O princípio do método também é de flutuação. Centrifuga-se o filtrado, e em seguida o sobrenadante do filtrado é descartado. Lava-se o precipitado
Toxoplasma gondii
Possui tropismo por células do sistema fagócito mononuclear, leucócitos e células parenquimatosas. Na fase crônica infecta qualquer tecido. É um protozoário intracelular, de caráter oportunista. O hospedeiro definitivo é o gato (onde o parasito libera as formas infectantes). 
Infecta ampla gama de mamíferos e aves. É de distribuição mundial, porém o Brasil possui índices de 50 a 80% de positividade. As taxas são mais elevadas em zonas rurais e aumentam com a idade. 
Pode desenvolver forma de taquizoíto ou bradzoíto. O taquizoíto é comum na fase aguda da doença, infecta macrófagos, se multiplicando em seu interior causando o rompimento. Outro macrófago vem fazer a fagocitose e o ciclo inicia novamente. O bradzoíto é a forma crônica, encontrada no SNC, retina e tecidos musculares esqueléticos, liso ou cardíaco. Se desenvolvem em vacúolos citoplasmáticos, formando cistos. Os vacúolos podem aumentar de tamanho a ponto de empurrar as organelas para a periferia da célula. A transformação de taqui para brad ocorre após a penetração do taqui na célula. No meio intracelular o parasito adquire a forma de cisto como um meio de proteção. 
Os oocistos não estão presentes no hospedeiro humano, apenas no gato. São formados no epitélio intestinal e eliminados nas fezes dos felinos. São infectantes quando maduros, podendo permanecer infectantes por um ano no ambiente. Cada oocisto contém 2 esporocistos e 4 esporozoítos. 
A transmissão ocorre por meio de ingestão de carne crua contendo cistos, oocistos presentes em alimentos contaminados por fezes de gato ou por infecção transplacentária. 
A patogenia depende da cepa do parasito, da resistência do indivíduo e do modo de infecção. Durante a gravidez a toxoplasmose latente pode causar aborto, retardo físico e mental, lesões no SNC e na retina. Depois do nascimento geralmente é assintomática, porém pode haver retinocoriodite (90%), calcificações cerebrais (69%), perturbações neurológicas (60%) e macro ou microcefalia (50%). Apenas 10% das pessoas imunocompetentes apresentam sintomas: linfonodomegalia no pescoço, febre, dores musculares, comprometimento da visão, dor de cabeça e garganta e manchas pequenas e vermelhas pelo corpo.
Em imunodeficientes ocorre encefalite aguda
Em casos de toxoplasmose ocular, 30 a 60% dos pacientes apresentam retinocoriodite. É mais incidente no sul do Brasil. Ocorre retinite por ruptura do cisto, com inflamação e contenção pela imunidade e retinite com lesão crônica progressiva. 
Para o diagnóstico, é indiretamente detectado pela presença de anticorpos IgM e IgG. Reação de Sabin-Feldman, imunofluorescência indireta, hemaglutinação, fixação do complemento e ELISA também são utilizados. Pode ser utilizado amostras de sangue, escarro, medula óssea, líquor, biópsia de linfonodos e líquido ventricular. 
O tratamento é com pirimetamina + sulfadiazina, clindamicina, entre outros.
Giardia duodenalis
É um protozoário flagelado, que afeta vários mamíferos, aves e répteis. Pode ser considerada uma doença transmissível dos animais para os humanos, porque setratar de uma mesma espécie. Após estudos de biologia molecular, existem genótipos de A até F, porém apenas A e B causam infecções em humanos. 
É de distribuição universal, e tem incidência maior em crianças até 12 anos, porque o sistema imune ainda não se desenvolveu totalmente. Em adultos, tem uma prevalência de 3%. É mais comum em regiões quentes e úmidas, em regiões mais pobres (saneamento básico deficiente, falta de cuidados médicos, desnutrição, falta de informação), no Brasil tem uma incidência de até 30%.
A morfologia de trofozoíto (forma ativa, infectante) possui quatro pares de flagelos, dois núcleos, dois axonemas (risco que corta a célula de um lado a outro), dois corpos parabasais (que atravessam o axonema, que formam a “boca”), possui na parte ventral um disco (ventosa, que faz o parasito se fixar na mucosa do intestino) e mede de 10 a 20μm. A morfologia de cisto possui a forma oval ou elipsoide, uma parede espessa, mede de 8 a 14μm. Possui de dois a quatro núcleos, quatro axonemas, corpos parabasais e fibrilas. 
O ciclo biológico é monóxeno (não tem hospedeiro intermediário). Se inicia com a ingestão do parasito por meio de comidas e bebidas contaminadas com solo, passa pelos ácidos estomacais, com o pH ácido do estômago (geralmente pH 2), o parasita se desencista e vai para a forma de trofozoíto. No duodenos se multiplica por bipartição, alguns vão se encistar novamente e acaba saindo pelas fezes. Pode ser que haja eliminação de cistos também, na presença de diarreia. 
A transmissão é por meio de cistos em águas e alimentos, cistos veiculados em moscas, por contato direto e contato com animais infectados. Um indivíduo contaminado pode excretar 108 cistos por dia.
A Giardia se fixa na mucosa duodenal e prejudica a junção das células. Estes protozoários liberam proteinases e lectinas, que tem efeito citopático. Isso gera atrofia e achatamento das vilosidades do intestino, que prejudica a absorção de nutrientes. 
As manifestações clínicas incluem irritação e inflamação da mucosa duodenal e jejunal, diarreia aguda ou crônica, síndrome da má absorção (de vitaminas B12, A, D, E e K, ferro e lipídios). Porém, cerca de 50% dos pacientes são assintomáticos. O que define a sintomatologia, é a carga parasitária e o sistema imunológico. 
O diagnóstico laboratorial se faz por concentração das formas císticas, pelo método de Faust, de flutuação ou de sedimentação, Richie e Hoffman. As soluções conservadoras são SAF, MIF e formalina 5 ou 10%. Pode ser feito através de métodos sorológicos, utilizando imunofluorescência direta e indireta e ELISA.
O tratamento é com metronidazol, tinidazol, ornidazol e secnidazol.
Trichomonas vaginalis
São flagelados do aparelho digestivo e geniturinários. É transmitido por via sexual e é mais frequente em mulheres (20 a 40%). Possui ampla distribuição geográfica, porém maior incidência em indivíduos com baixa renda. O pH ácido da região vaginal ajuda no controle da proliferação do parasito.
Sua morfologia é caracterizada por quatro flagelos anteriores, membrana ondulante, axóstilo, corpo e filamento parabasal e possui forma oval ou esférico. Mede 9,7 μm.
O ciclo é monóxeno, e a transmissão é direta. Pode ser feita por meio de fômites como água de banho, secreções, entre outros. É mais propício em ambientes de 40 a 46 °C na forma de trofozoíto, podendo ficar viável até 6 horas na secreção. 
Os sintomas incluem corrimento amarelo-esverdeado de odor fétido, prurido vaginal e ardência miccional e dor nas relações sexuais. 
Em casos de tricomoníase perinatal, pode causar nascimento prematuro e/ou abaixo do peso. A patogenia inclui predisposição a doença inflamatória pélvica, câncer cervical, infertilidade e aumenta a transmissibilidade de HIV. No homem, afeta uretra, próstata, bexiga, vesícula seminal e testículos, porém geralmente é assintomático. Se sintomático, há presença de prurido na uretra e ardência miccional, corrimento claro e viscoso e uretrite com corrimento leitoso ou purulento. 
Para a coleta da amostra, a paciente deverá suspender o uso de medicação por 15 dias, evitando até a higiene local de 18 a 24h antes da realização do exame. A coleta à fresco é feita com swab em tubo com salina estéril. Em homens a coleta deverá ser feita pela manhã, antes da micção. Utiliza-se esperma, urina, material subprepucial e secreção prostática. 
O diagnóstico laboratorial é realizado através de exame microscópico, analisando protozoário móvel. Para preparações não coradas, necessita o material e uma solução de salina; para preparações coradas, safranina, verde de malaquita, azul de metileno e azul cresil brilhante; para preparações fixadas e coradas, giemsa, alaranjado de acridina, Fontana e gram. O diagnóstico também pode ser feito através de culturas (3 a 7 dias) e exames imunológicos como ELISA, imunofluorescência e imunocromatografia. 
O tratamento é feito com metronidazol, tinidazol, ornidazol, nimorazol, carnidazol ou secnidazol. É importante avisar ao paciente que o parceiro sexual deverá ser tradado para evitar uma possível re-infecção. Para gestantes, somente aplicação local de cremes ou óvulos. 
Amebas não patogênicas
Dentre todas as espécies de amebas, somente a Amoeba histolytica é patogênica. Porém, sempre deverá ser investigada para evitar o contato constante.
A Entamoeba coli na forma de cisto possui uma forma esférica, quando maduro apresenta oito núcleos (forma infectante), e uma membrana bem delimitante. Mede de 15 a 25 μm. Na forma de trofozoíto, apresenta núcleo visível, cariossomo excêntrico (É O QUE DIFERE DA HISTOLYTICA), anel de grânulos periféricos e vacúolos onde se encontra as bactérias fagocitadas. Mede de 20 a 50 μm. É de distribuição universal, com tropismo de células intestinais. São comensais, não patogênicos e nutrem-se de bactérias e detritos alimentares. Geralmente não sai nas fezes porque não sobrevive no meio ambiente. 
A Entamoeba hartmanni na forma de cisto mede de 5 a 10 μm, com quatro núcleos e corpos cromatoides pequenos, quadrados ou arredondados. Como trofozoíto, mede de 7 a 12 μm, com cariossomo pequeno, puntiforme, central ou excêntrico. Vive como um comensal na luz do intestino grosso.
A Entamoeba gengivalis é mais comum no tártaro dentário e em processos inflamatórios na gengiva. Não possui a forma de cistos, apenas trofozoítos, que medem de 5 a 35 μm, semelhante à histolytica. Se transmite por contato direto e perdigotos. 
A Endolimax nana é a menor ameba que vive no homem. O trofozoíto mede de 10 a 12 μm, com um citoplasma claro, com vacúolos digestivos com fungos e bactérias fagocitadas, cariossomo grande e irregular. O cisto mede 8 μm, é oval, contento quatro núcleos pequenos, as vezes podem ser vistos corpos cromatoides pequenos e ovoides. 
A Iodamoeba butschilii é uma ameba pequena, medindo de 10 a 15 μm, tanto o cisto quanto o trofozoíto. O núcleo tem membrana espessa e não apresenta cromatina periférica. O cariossomo é muito grande e central. O cisto apresenta apenas um núcleo e um grande vacúolo de glicogênio na cor castanho-escuro. É uma ameba comensal de ceco e colo do homem. 
A Dientamoeba fragilis apresenta dois núcleos com cromatina granulosa, na forma de trofozoítos e não possui forma de cistos. Mede de 8 a 22 μm. Habitam o intestino grosso e geralmente o hospedeiro apresenta-se assintomático, porém quando sintomático, apresenta diarreia, dor abdominal, fezes mucoides ou hemorrágicas, flatulência, fadiga e náuseas. A sintomatologia varia conforme o sistema imunológico do hospedeiro e a virulência do parasito. 
Amebíase
É uma disenteria amebiana causada pelo protozoário Entamoeba histolytica, caracterizada por diarreias alternada com evacuações normais ou constipações. É de distribuição cosmopolita, com maior prevalência em regiões tropicais e sub-tropicais (México, América do Sul, África e Índia), associadas com pobreza, falta de saneamento e desnutrição, sendo que ocorre 100 mil óbitos por ano, caracterizando a segunda maior causa de mortes por parasitos. É morfologicamenteidêntica à Entamoeba díspar, porém 90% dos casos são parasitados por díspar. A transmissão ocorre por meio de contato direto, ingestão de alimentos contaminados, água poluída e transporte por insetos. 
A Entamoeba histolytica é caracterizada na forma trofozoíta por um único núcleo com cariossomo central, podendo apresentar hemácias fagocitadas e vacúolos. Mede de 20 a 40 μm. Coloniza intestino grosso, lesões na mucosa intestinal, fígado, pulmão e cérebro. Emite pseudópodes e se movimenta através deles. 
A forma de pré-cisto é a fase intermediária entre trofozoíto e cisto. Torna-se esférico ou ovoide, reduz a motilidade, deixa de emitir pseudópodes e os vacúolos digestivos desaparecem.
Os cistos medem de 10 a 15 μm, são esféricos, possuem de 1 a 4 núcleos, cariossomo central, corpos cromatoides em forma de bastonetes e vacúolos de glicogênio.
Os trofozoítos normalmente vivem na luz do intestino grosso, podendo penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do organismo, como fígado, pulmão, rim e cérebro. No intestino se desencista e começa a reprodução assexuada por divisão binária. A locomoção se dá através de pseudópodes, e a ingestão de alimentos por fagocitose (partículas sólidas como hemácias, bactérias ou restos celulares) e por pinocitose (ingestão de partículas líquidas). 
Cerca de 90% dos pacientes são assintomáticos, virulência da cepa e a imunidade do hospedeiro é o que vai interferir na sintomatologia. O parasito vai causar uma citotoxicidade quando se aderir à célula epitelial intestinal, essa adesão é mediada por lectinas contidas na superfície da ameba. Uma vez que a célula for rompida, os movimentos ameboides e a liberação de enzimas proteolíticas (hialuronidase, protease e mucopolissacaridase) favorecem a progressão e destruição dos tecidos. 
As manifestações clínicas podem desenvolver-se de sete dias até quatro meses. O hospedeiro apresenta no intestino colite não-disentérica ou disentérica, colite fulminante, ameboma (massa granulomatosa), apendicite amebiana.
A colite não-disentérica se manifesta por duas ou quatro evacuações, diarreicas ou não, por dia, com fezes podendo conter muco ou sangue. Apresenta desconforto abdominal ou cólicas, geralmente localizadas na porção superior, fadiga e perda de peso. 
A colite disentérica aparece mais frequentemente de modo agudo, acompanhada de cólicas intestinais e diarreia, com evacuações mucossanguinolentas e febre moderada. Pode haver de 8 a 10 evacuações por dia. Afetam mulheres na gravidez e puerpério e pacientes imunodeprimidos.
A amebíase extra intestinal pode ser hepática, afetando a circulação portal; pulmonar, causando disseminação hematogênica ou extensão de lesões hepáticas; e cerebral, causando extensão de lesões hepáticas e pulmonares.
O diagnóstico laboratorial pode ser feito através de parasitológico e biópsias. O exame a fresco utiliza solução salina tamponada com o método de Faust por concentração e a coloração pode ser feita com hematoxilina ou lugol. Para a identificação do parasito também pode-se utilizar ELISA, radioimunoensaio e outros exames inespecíficos como hemograma para analisar leucocitose e neutrofilia com desvio para a esquerda; testes bioquímicos para detectar aumento de transaminases e bilirrubina; endoscopia; e Imagenologia com raio-x, ultrassom, tomografia e ressonância. 
O tratamento para amebíase intestinal é feito com furamida, etofamida, teclosan e clefamida, que são pouco absorvidos, sem contra-indicações e atóxicos. E para amebíase tecidual, metronidazol, tinidazol, ornidazol, que são absorvidos rapidamente, porém deve ser utilizado em conjunto com os para intestinal.

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