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1 Introdução aos Processos de Fabricação Unidade 3: Fundição Cursos de Graduação em Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica Introdução � Definição: processo de fabricação no qual o metal fundido é levado a fluir por gravidade ou por outra força dentro de um molde, onde este solidifica-se, assumindo a forma da cavidade desse molde. � Fundição de lingotes: o lingote é um fundido de grande porte que possui forma simples e que é subsequentemente conformado de maneira mecânica. � Fundição de peças: produz geometrias mais complexas, que são muito mais próximas da forma desejada final da peça ou do produto. 2 Introdução � Vantagens do processo: - Obtenção de peças com geometrias complexas (internas e externas); - Produz formas impossíveis de serem obtidas por meio de outros processos. - Alguns processos são capazes de produzir peças com o formato final (net shape); - Possibilidade de produção de peças com pequenas (poucos gramas) e grandes dimensões (mais do que 100 toneladas); - Pode ser usada para produção de uma grande quantidade de metais e ligas; - Permite alto grau de automatização; - Alguns processos são adequados para produção em larga escala; - Faz uso de grande quantidade de sucata metálica: otimiza recursos naturais. Introdução � Desvantagens do processo: - Porosidade; - Limitada precisão dimensional e acabamento superficial de alguns processos; - Periculosidade por trabalhar com metal fundido. 3 Introdução � Modelo: cópia aproximada da peça que será fundida. É usado para formar a cavidade do molde (dá origem à superfície externa da peça fundida). Pode ser de madeira (fácil de trabalhar, mas tendem a empenar), metal (dura mais, porém é mais caro), plástico (compromisso entre madeira e metal) ou outro material. � Macho: componente colocado dentro do molde (antes do vazamento) para definir a geometria do interior da peça. O metal fundido flui e se solidifica no espaço entre a cavidade do molde e o macho, formando as superfícies externa e interna da peça. O tamanho real do modelo e do macho devem incluir tolerâncias para contração e usinagem (sobremetal). Introdução � A decisão sobre o material que se deve utilizar no modelo depende de vários fatores, como: � Quantidade de peças a serem fundidas � Precisão dimensional necessária e acabamento superficial desejado � Tamanho e formato do fundido 4 Introdução � Todo metal ou liga fundido ao solidificar-se sofre contração: � Aquela observada quando o material resfria-se ainda no estado líquido (contração líquida). � Aquela observada durante o resfriamento do material já no estado sólido (contração sólida). � Para compensar a líquida devem ser previstos massalotes e para compensar a contração sólida o modelo deverá ter suas dimensões aumentadas, em relação às da peça que se quer obter. Damos a seguir o índice percentual de contração sólida de alguns metais, que deve ser compensado com o aumento nas dimensões do modelo: Introdução Percentual de contração sólida de alguns metais 5 Introdução Representação esquemática de vazios de partes volumosas da peça que puderam ser eliminados pelo uso de massalotes. � Massalotes: cavidades adicionais incorporadas ao molde e que funcionam como reservatórios de metal líquido para suprir de metal as regiões da peça que se contraem durante a solidificação, especialmente as mais volumosas. Introdução � Molde: contém a cavidade cuja geometria determina a forma da peça fundida. A cavidade deve ser projetada para um dado metal a ser fundido, caso a precisão dimensional seja crítica. MOLDE FECHADO Canal de alimentação Molde Canal de distribuição Funil de vazamento Caixa de moldagem Metal líquido na cavidade Parte inferior do molde Parte superior do molde MOLDE ABERTO Molde Caixa de moldagem Metal líquido na cavidade 6 Introdução � Etapas do processo de fundição 1 - Aquecimento do metal 2 - Vazamento 3 - Solidificação 4 - Remoção da peça (não é necessário o resfriamento até a temperatura ambiente) 5 - Etapas adicionais: rebarbação, limpeza, tratamentos térmicos, usinagem e operações de controle da qualidade. 1 – Aquecimento do metal � Necessário para: (1) aumentar a temperatura até a temperatura de fusão, (2) converter o metal do estado sólido para o líquido e (3) fazer com que o metal líquido atinja a temperatura adequada ao vazamento. � Itens que devem ser rigorosamente controlados: - Composição química (principalmente quando se utiliza a sucata): define a microestrutura e as propriedades. A garantia da composição especificada para o metal fundido exige o conhecimento das exatas composições e purezas dos materiais utilizados (metais e ligas). - Gases dissolvidos: dão origem à porosidade na peça fundida, que, por sua vez, compromete as propriedades mecânicas do material. - Escória: resulta da reação entre o metal e o ambiente. Pode comprometer a peça fundida caso esta contenha óxidos provenientes da escória. 7 1 – Aquecimento do metal: Gases dissolvidos � Gases dissolvidos estão geralmente presentes em grande quantidade no metal fundido. � Caso a quantidade de gases dissolvidos no metal líquido seja grande, durante a solidificação átomos dos gases rejeitados formam porosidade dentro da peça fundida, criando um defeito. Solubilidade máxima de hidrogênio em alumínio em função da temperatura. 660ºC 1 – Aquecimento do metal: Gases dissolvidos � Como evitar a formação de porosidade na peça fundida? - Fusão à vácuo; - Utilização de fluxo protetor: minimiza o contato com o ar; - Manipulação e vazamento cuidadoso do metal: minimiza a turbulência do fluxo de metal fundido, diminuindo seu contato com o ar; - Projeto adequado do molde: permite o fluxo sem turbulência do metal fundido durante o preenchimento do molde; - Desgaseificação a vácuo: remove os gases dissolvidos no metal antes do vazamento; - Passagem de bolhas de gases inertes ou gases reativos (N, Cl) pelo metal fundido: arrastam consigo os gases dissolvidos; - Formação de escória: reação dos gases dissolvidos com algum elemento para formar compostos de baixa densidade, que podem ser retirados junto com a escória. 8 1 – Aquecimento do metal: Escória � Como evitar a incorporação de óxidos nas peças fundidas? - Formação e remoção da escória antes do vazamento: a retirada da escória pode ser auxiliada pela utilização de cadinhos especiais (onde o metal é vazado pelo fundo) ou pela utilização de filtros cerâmicos colocados nos canais de vazamento para reter a escória. - Projeto da cavidade do molde: permite que a escória formada fique retida em cavidades que não pertencem à parte útil da peça. 2 – Vazamento � Fluidez: capacidade do metal de fluir e preencher o molde. Depende da composição química, da temperatura de fusão, do intervalo de solidificação e do superaquecimento. � Temperatura de vazamento: é determinada pelo superaquecimento (quanto o metal líquido está acima da sua temperatura de fusão) a ser utilizado no processo. - Temperatura excessivamente baixa: pode causar solidificação antes do preenchimento total da cavidade. - Temperatura excessivamente alta: pode causar problemas como gasto excessivo de energia, aumento da intensidade da reação entre o metal e o molde, aumento da possibilidade de fluxo turbulento do metal durante o preenchimento do molde e aumento da solubilidade de gases (bolhas e porosidades). 9 2 – Vazamento: Sistema de alimentação � Partes do sistema de alimentação: - Bacia de vazamento - Canal de descida - Canal de distribuição - Canais de ataque - Armadilha para escória. � Objetivo: garantir que o metal preencha completamente a cavidade do molde sem turbulência, diminuindo a possibilidade deerosão da parede do molde, solubilidade dos gases e oxidação do metal. Deve ser projetado de maneira que a solidificação do metal se processe do ponto mais distante da alimentação para o ponto mais próximo. 2 – Vazamento: Sistema de alimentação � Bacia de vazamento: Tem a função de permitir o vazamento do metal líquido da panela sem que haja derramamento. Fica sempre cheia, permitindo que ocorra uma separação entre a escória e o metal, por diferença da densidade. � Canal de descida: garante um fluxo constante e diminui a turbulência através da geometria cônica. � Canal de distribuição: Tem a função de distribuir o metal pelos vários canais de ataque. � Canais de ataque: entrada do metal fundido na parte da cavidade que constituirá a peça. Em número suficiente para garantir velocidade e pressão suficientes para preencher toda a cavidade. � Armadilha para escória. 10 3 – Solidificação � Intervalos de solidificação: - Grande: >110ºC - Intermediário: 20-110ºC - Pequeno: <20ºC Ilustração do diagrama de equilíbrio de uma liga Al-Si, indicando as composições eutética (Al- 11,7%pSi), hipoeutética (Al-6%pSi) e hipereutética (Al-18%pSi) e suas respectivas curvas de resfriamento 3 – Solidificação Ilustração esquemática do modo de solidificação entre duas paredes do metal molde, de metal puro ou liga com composição eutética (a), liga com intervalo de solidificação pequeno (b), grande (c) e intermediário (d). As ligas eutéticas ou aquelas perto das composições eutéticas são as mais usadas na fundição. 11 Processos de fundição Tipos de molde Molde perecível Deve ser destruído para que se remova a peça fundida Exemplos: areia e gesso. Molde permanente Pode ser utilizado diversas vezes para produzir muitos fundidos Exemplos: metais (aço, ferros fundidos ou bronze) ou cerâmicas refratárias Fundição em molde de areia Fundição em casca Fundição de precisão Fundição sob pressão Fundição por gravidade Fundição centrífuga Processos de fundição Critérios que ajudam a escolher o tipo de processo de fabricação: � formato e complexidade da peça; � tamanho da peça; � quantidade de peças a serem produzidas; � matéria-prima metálica que será usada. 12 Fundição em moldes perecíveis 1 – Fundição em moldes de areia � Definição: consiste no vazamento do metal fundido em um molde de areia, dentro do qual o metal se solidifica e a peça fundida é retirada com a quebra do molde. A peça é limpa, inspecionada e, algumas vezes, submetida a tratamentos térmicos para melhorar suas propriedades metalúrgicas. � Processo mais usado na fundição mundialmente. � Aplicações típicas: blocos de motores, cabeçotes de motores, bases de equipamentos pesados, cilindros para laminadores, carcaças de motores e bombas, entre outros. � Ligas comumente utilizadas: ferro fundido, aços, ligas de alumínio, ligas de cobre e ligas de magnésio. 13 1 – Fundição em moldes de areia Representação da sequência de operações na fundição em areia compactada em caixa. A cavidade do molde é formada pelo empacotamento de areia em torno de um modelo. 1 – Fundição em moldes de areia: Métodos de moldagem � Manual: método mais lento e mais antigo usado para produzir-se um molde, porém ele é ainda usado para moldagem em bancada ou no chão, quando se têm modelos soltos, ou ainda quando se está produzindo peças experimentais ou muito grandes. � Máquinas de moldar: utilizadas para a produção seriada em larga escala. 14 1 – Fundição em moldes de areia � Areias de fundição: Geralmente é usada areia silicosa (SiO2), por ser abundante e barata. Deve atender aos seguintes requisitos: - Estabilidade térmica e dimensional a altas temperaturas; - Partículas com forma e granulometria adequadas (afeta a resistência mecânica do molde e a sua permeabilidade): grãos uniformes e não muito finos. - Inércia química com o metal fundido; - Baixa molhabilidade com o metal fundido; - Ausência de materiais voláteis que produzem gases durante o aquecimento; - Viabilidade econômica; - Pureza adequada. 1 – Fundição em moldes de areia � A areia empregada na fabricação do molde contém um aglomerante para manter sua forma. Os aglomerantes usados com areias de fundição são: - Argila: composição típica: 90% de areia, 7% de argila e 3% de água. - Bentonita (1-5%): mineral que se encontra sob a forma de pó fino, formando uma massa muito compacta quando umedecido. - Resinas orgânicas (ex: resinas fenólicas) - Ligantes inorgânicos (ex: silicato e fosfato de sódio) - Cimento: composição típica: 90% areia, 10% de cimento portland e 8% de água. 15 1 – Fundição em moldes de areia � Propriedades desejáveis nos moldes de areia: - Resistência mecânica: para manter sua forma e suportar o peso do metal líquido. - Resistência à erosão: para resistir quando o metal escoa rapidamente no molde durante o vazamento. - Permeabilidade: para permitir que o ar quente e os gases passem pelos espaços vazios da areia durante o vazamento. - Refratariedade: para resistir às altas temperaturas e não fundir ao ser preenchido pelo metal. - Estabilidade térmica: para não sofrer transformações estruturais que alterem as propriedades mecânicas do molde ou suas dimensões, quando o molde entrar em contato com o metal fundido. - Colapsibilidade: para permitir a sua quebra mantendo a integridade da peça fundida. - Reutilização: capacidade de usar novamente a areia oriunda de um molde destruído. 1 – Fundição em moldes de areia: Tipos de areias de fundição � Moldagem em areia verde: o molde não é seco antes de ser usado, ou seja, contém umidade durante o vazamento. - Aglomerante: argila; - Processo mais utilizado (simples e barato); - 98% da areia usada é reaproveitada; - Boa colapsibilidade e permeabilidade; - Maior erosão em peças maiores; - Peças maiores apresentam menor acabamento superficial e precisão dimensional. � Moldagem em areia seca: o molde é seco em estufas (150-300ºC). - Aglomerante: orgânico; - Maior custo; - Maior controle dimensional das peças; - Melhor acabamento das peças fundidas; - Maior resistência à pressão do metal líquido; - Produtividade reduzida devido ao tempo gasto com a secagem; - Limitado a moldes pequenos, devido à dificuldade de secagem. 16 1 – Fundição em moldes de areia Cerca de 20-50% do material é perdido em canais de alimentação e massalotes. Praticamente não tem limites no tamanho, forma, peso ou complexidade das peças. Acabamento superficial é inferior e tolerâncias estreitas são difíceis Quase todas as ligas podem ser fundidas em areia, incluindo metais com temperaturas de fusão elevadas (aço, Ni, Ti) Maior deformação do molde (erosão) com peças de maior tamanho. Equipamentos mais simples e facilidade de reparo dos moldes. A taxa de produção é determinada principalmente pela etapa de confecção do molde, que é perdido após o vazamento Menor custo dentre todos os métodos. DesvantagensVantagens 2 – Fundição em casca (shell molding) � Definição: o molde é uma casca fina (9 mm) confeccionada a partir de uma mistura de areia e uma resina endurecível pelo calor (termofixa), a qual atua como aglomerante. � Aplicações típicas: peças mecânicas pequenas de alta precisão, caixa de engrenagem, componentes de transmissão, conexões de cabos e barras, machos para fundição, etc. � Ligas comumente utilizadas: ferro fundido, ligas de alumínio e ligas de cobre. 17 2 – Fundição em casca (shell molding) 350-400ºC 200ºC 2 – Fundição em casca (shell molding) Restrição de manuseio de cascas de grandes dimensões por sua baixa resistência mecânicaPossibilidade de estocagem dos moldes Custo do processo de cura a quente, pela necessidade de fornos de aquecimentodo modelo e cura do molde Alta precisão dimensional (+/-0,25 mm) e acabamento superficial das peças muito bom, devido à menor rugosidade da superfície da cavidade do molde Custo da resinaTaxa de produção superior à fundição em molde de areia (adequado para processo automatizado) Alto custo do modelo metálico, o que dificulta o seu uso para pequenos lotes Pode ser utilizado para produzir peças com geometrias simples ou complexas, com tamanhos de pequeno a médio (até 200 kg) DesvantagensVantagens 18 3 – Fundição de precisão (fundição por cera perdida) � Definição: utiliza um molde cerâmico obtido pelo revestimento de um modelo consumível de cera com uma argamassa cerâmica refratária que endurece com o aquecimento. O modelo de cera é fundido e a cera escorre, deixando assim uma cavidade no molde cerâmico. � Aplicações típicas: peças usadas na indústria aeronáutica, aeroespacial, têxtil, de comunicação, armamentos de pequeno porte, máquinas operatrizes, máquinas e equipamentos de escritório, equipamentos médicos e odontológicos, equipamentos óticos e em jóias. � Ligas comumente utilizadas: ligas de alumínio, cobre, níquel, cobalto, titânio e aços. 3 – Fundição de precisão (fundição por cera perdida) Molde metálico: Pb-Zn-Sn, ligas de Zn, latão, bronze, aço, borracha Após 6-9 camadas 24h de intervalo/camada 19 3 – Fundição de precisão (fundição por cera perdida) Ciclo de fabricação longo: o processo inclui muitas etapas As peças podem ser produzidas praticamente acabadas (pouca ou nenhuma usinagem posterior) Exige controle rígido em todas as etapas para garantia da precisão desejada Controle dimensional rígido (+/- 0,075 mm) e excelente acabamento superficial Elevado investimento inicial (adequado para produção em série) Utilização de praticamente qualquer metal ou liga, devido a refratariedade do molde cerâmico Ocorre crescimento de grão excessivo em peças de grandes dimensões, diminuindo sua resistênciaPossibilidade de reprodução de detalhes precisos As dimensões e o peso são limitados, devido à resistência mecânica do modelo de cera que limita sua manipulação (geralmente não ultrapassa 5 kg) Possibilidade de produção em massa de peças de formas complexas, difíceis ou impossíveis de serem obtidas utilizando os processos convencionais DesvantagensVantagens Fundição em moldes permanentes 20 Fundição em moldes permanentes � Moldes (aço ou ferro fundido): são construídos em duas seções, projetadas para abertura e fechamento simples e preciso. Moldes utilizados para fundição de aço devem ser feitos de material refratário, devido à sua alta temperatura de fusão. � Machos (metal ou areia): sua forma deve permitir sua remoção do fundido ou eles devem ser mecanicamente colapsáveis para permitir sua remoção. � O molde é preaquecido para facilitar o fluxo do metal na cavidade e recoberto para ajudar na dissipação de calor e para facilitar a desmoldagem. Fundição em moldes permanentes � O que determina o número de vezes que o molde permanente pode ser utilizado? - Liga a ser vazada; - Tamanho e complexidade da peça que será fabricada; - Material utilizado na sua fabricação; - Revestimento aplicado: tanto os moldes quanto os machos são cobertos com uma pasta adesiva feita de material refratário cuja função é, além de proteger o molde, é impedir que as peças grudem neles, facilitando a desmoldagem. 21 Fundição em moldes permanentes � Vantagens: as peças apresentam maior uniformidade, melhor acabamento superficial, tolerâncias dimensionais mais estreitas e melhores propriedades mecânicas. � Desvantagens: emprego limitado a peças de tamanho pequeno e produção em grandes quantidades; os moldes nem sempre se adaptam a todas as ligas metálicas; são mais usados para peças de formatos mais simples (projeto do molde e extração da peça); alto custo do molde. 4 – Fundição em matriz por gravidade (fundição em coquilha) � Definição: usa molde permanente que é preenchido pelo metal fundido usando somente a força da gravidade. O processo pode ser manual ou automatizado. � Material do molde: ferro fundido, aço, bronze ou grafite, dependendo da liga a ser fundida (temperatura de fusão), da quantidade de peças a serem produzidas (durabilidade esperada) e da sua geometria. � Aplicações típicas: pistões, engrenagens e cabeçotes de cilindros. � Ligas comumente utilizadas: ligas de alumínio, de magnésio, de cobre, ferro fundido e aços, ligas de chumbo, estanho e zinco. 22 4 – Fundição em matriz por gravidade (fundição em coquilha) � Considerações sobre o molde a) Deve garantir que o procedimento de retirada da peça seja realizado o mais rápido possível; b) Deve conter respiradouros para evitar porosidade; c) O sistema de alimentação deve ser projetado adequadamente e a temperatura deve ser bem controlada; d) No caso de uso de machos, estes podem ser de metal ou areia endurecida por aglomerantes. e) Deve ser aquecido previamente, para evitar contrações térmicas resultantes de um resfriamento rápido. f) Utiliza-se um desmoldante interno, para facilitar a remoção da peça, melhorar o acabamento e controlar o resfriamento da mesma. 4 – Fundição em matriz por gravidade (fundição em coquilha) A temperatura do molde é mantida elevada para: - Minimizar sua fadiga térmica; - Facilitar o fluxo do metal líquido; - Controlar a taxa de resfriamento do metal. 23 4 – Fundição em matriz por gravidade (fundição em coquilha) Devido ao resfriamento rápido surgem tensões nas camadas superficiais das peças, tornando necessário, na maioria das vezes, submetê-las a um tratamento térmico de recozimento. Custo moderado da ferramenta, do equipamento e da mão de obra Limitação da vida útil do molde para fundição de metais de alta temperatura de fusão, como os aços Resfriamento rápido do metal, resultando em uma estrutura refinada Limitação da forma, do tamanho e da complexidade da peça Boa precisão dimensional e acabamento superficial das peças Alto custo do moldeO molde pode ser usado até 250 000 vezes DesvantagensVantagens 5 – Fundição sob pressão (die casting) � Definição: usa molde permanente que é preenchido pelo metal fundido vazado sob alta pressão (7-350 MPa), garantindo o pleno preenchimento do molde. A pressão só é retirada após a solidificação ter sido completada. � Material do molde: aço ferramenta refrigerado a água. O molde é formado por partes que permitem o fechamento e a abertura de modo automatizado. � Aplicações típicas: componentes de bombas, partes de motores, caixas de transmissão, artefatos domésticos e brinquedos. � Ligas comumente utilizadas: ligas de alumínio, zinco, magnésio, chumbo, cobre e estanho (ligas com temperatura de fusão inferior à do cobre ~1083ºC). 24 5 – Fundição sob pressão (die casting) � Máquinas para fundição sob pressão: projetadas para fixar e manter fechadas precisamente as duas metades enquanto o metal líquido é forçado na cavidade e os gases que estavam em seu interior são expulsos através dos respiradouros. Enquanto as matrizes estão abertas para a remoção da peça, elas são limpas e lubrificadas para a próxima operação. a) Máquina de câmara quente: ligas com temperatura de fusão de até 650ºC; b) Máquina de câmara fria: ligas de alta temperatura de fusão. 5 – Fundição sob pressão (die casting) Pressão: 14-140 MPa Pressão: 7-35 MPa Cu, Al, Mg, Zn Mg, Zn, Sn, Pb O êmbolo força o metal a fluir da câmara de fluxo para a matriz, mantendo a pressão durante o resfriamento e a solidificação. 25 5 – Fundição sob pressão (die casting) Dependendo dos contornos das cavidades e dos canais dos moldes, pode haver dificuldades na saída do ar retido no interiordo molde (porosidade) Alta taxa de resfriamento resulta em microestruturas refinadas (grãos pequenos) O volume de produção mínimo e economicamente viável é bastante elevado (> 10000 peças) Peças com geometrias complexas e com seções finas podem ser processadas, pois a pressão garante o preenchimento de pequenos detalhes da cavidade do molde Tamanho das peças limitado pelas máquinas de injeçãoEconomia para grandes lotes de produção Limitação às ligas não ferrosas de alta fluidezTaxa de produção alta (até 200 peças/hora) Alto custo do equipamento e do molde Bom acabamento superficial e precisão dimensional excelente (+/- 0,076 mm em peças pequenas) DesvantagensVantagens 5 – Fundição sob pressão (die casting) 26 6 – Fundição por centrifugação � Definição: neste processo, o metal fundido é vazado enquanto o molde está em movimento rotacional (em elevadas velocidades), de modo que a força centrífuga origina uma pressão além da gravidade, forçando o metal líquido de encontro às paredes do molde. � A alta velocidade de rotação resulta em forças centrifugas que fazem com que o metal tome a forma da cavidade do molde. Assim, a forma externa do fundido pode ser esférica, octogonal, hexagonal, etc. Entretanto, a forma interna do fundido é (teoricamente) perfeitamente esférica, sem a necessidade do emprego de machos. � Aplicações: tubos, vasos de pressão, cilindros de laminação. 6 – Fundição por centrifugação 27 6 – Fundição por centrifugação Ótimo rendimento do metal (90-100%), uma vez que não necessita de massalotes ou canais de vazamento Taxa de produção de até 50 peças/hora Heterogeneidade microestrutural ao longo da espessura da parede da peçaBoa precisão dimensional Alto custo do equipamentoPossibilidade de produção de peças de grandes dimensões Geometria da peça é limitadaProdução de uma grande variedade de peças cilíndricas DesvantagensVantagens Etapas após a solidificação � Rebarbação: envolve a remoção dos canais de descida e de distribuição, massalotes, rebarbas e qualquer outro excesso de metal da peça fundida. É realizada quando a temperatura atinge temperaturas próximas à temperatura ambiente. - Para ligas fundidas frágeis e seções transversais finas: estes excessos podem ser quebrados. - Demais casos: emprega-se martelamento, corte por cisalhamento, com serra, com disco de corte abrasivo, com maçarico, etc. 28 Etapas após a solidificação � Remoção do macho: se forem usados machos, estes devem ser removidos. - Machos fabricados em areia quimicamente ligada ou aglomerada com óleo: em geral, são removidos por vibração (manual ou mecânica) da peça fundida. Em raras situações, os machos são removidos pela dissolução química do agente aglomerante empregado no macho. - Machos sólidos: devem ser martelados ou pressionados para sair. Etapas após a solidificação � Limpeza superficial: envolve a remoção da areia da superfície do fundido, melhorando a sua aparência. Métodos empregados: tamboreamento, jateamento com ar contendo partículas grosseiras de areia ou granalha de metal, escova de aço e decapagem química. � Inspeção: necessária para detectar a presença de possíveis defeitos nas peças. � Tratamentos térmicos: são realizados para ajustar as propriedades desejadas para aplicação da peça fundida ou para operações de processamento posterior, como usinagem. 29 Qualidade do fundido � Falha de preenchimento: aparece em fundidos que solidificam antes de a cavidade do molde estar totalmente preenchida. Pode ser causada por: (1) fluidez insuficiente do metal, (2) temperatura de vazamento muito baixa, (3) vazamento muito lento e/ou (4) seção transversal muito fina. � Delaminação: ocorre quando duas porções do metal fluem juntas, mas falta fusão das duas frentes devido à solidificação prematura. Causas similares às da falha de preenchimento. Qualidade do fundido � Gotas frias: resultam do respingo durante o vazamento, causando formação de grânulos de metal que ficam aprisionados no fundido. � Cavidade de contração: depressão na superfície ou vazio interno no fundido, causado pela contração de solidificação que restringe a quantidade de metal fundido disponível na última região a se solidificar. Geralmente forma-se próximo à superfície do fundido e, nesse caso, é denominado “rechupe”. Pode ser evitado utilizando-se um projeto adequado de massalote. 30 Qualidade do fundido � Microporosidade: rede de pequenos vazios distribuídos por todo o fundido, causada pela contração que ocorre no fim da solidificação do metal nos espaços entre a estrutura dendrítica. � Ruptura a quente (trinca a quente): ocorre quando, nos estágios finais da solidificação ou nos primeiros estágios do resfriamento, a contração do fundido é restringida devido ao molde ser pouco deformável. Como o metal fica impossibilitado de contrair, formam-se trincas. Automação na fundição � No projeto de uma peça a ser fundida já se utiliza o computador para analisar a capacidade dessa peça de suportar esforços sem se deformar ou romper, de suportar as variações de temperatura, de permitir o fluxo adequado de líquidos e gases, enfim, de cumprir sua futura função com eficiência. A fabricação só será aprovada quando estas análises concluírem que a peça funcionará adequadamente. � Ainda na fase de projeto, outros aspectos, como por exemplo, a geometria da peça, são consideradas a fim de facilitar sua extração do molde. Outro ponto a ser analisado é a localização adequada dos canais de vazamento e distribuição do metal de modo que se propicie um enchimento correto do molde. As sobremedidas também são consideradas na fabricação do modelo, para que a peça, ao contrair durante o resfriamento, chegue ao seu tamanho correto. Todas essas tarefas são agilizadas com o auxílio do computador. Uma vez obtidos os desenhos finais da peça e do seu modelo de fundição, a fase seguinte é a de construção deste modelo. 31 Referências Bibliográficas � Groover, M. P. Introdução aos processos de fabricação. Rio de Janeiro: LTC, 2014. � Kiminami, C. S.; Castro, W. B.; Oliveira, M. F. Introdução aos processos de fabricação de produtos metálicos. São Paulo: Blucher, 2013.
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