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CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA - IBMR Curso de Arquitetura e Urbanismo Abner de Brito Itaboraí Giulliany Mendes Lívia Nery de Carvalho Newton Luiz da Silva Novena Resenha Edifício Ambiental Seleção de materiais e edifícios de alto desempenho ambiental Por Joana Carla Soares, Klaus Bode e Leonardo Marques Monteiro. Rio de Janeiro 2017 Abner de Brito Itaboraí Giulliany Mendes Lívia Nery de Carvalho Newton Luiz da Silva Novena Resenha Edifício Ambiental Seleção de materiais e edifícios de alto desempenho ambiental Rio de Janeiro 2017 Trabalho apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo, noite, do IBMR Centro Universitário, campus Barra da Tijuca, a matéria de Conforto Ambiental. Resenha do capitulo 5: Seleção de materiais e edifícios de alto desempenho ambiental, do livro Edifício Ambiental de Joana Carla Soares, Klaus Bode e Leonardo Marques Monteiro. Professora: Alessandra Tarcsay Introdução O capítulo que estamos apresentando destaca conceitos sobre a sustentabilidade para aplicação em meio aos projetos, levando em conta os materiais usados para fabricação e consumo de certos serviços. Através de estratégias, normas, estimativas e avaliações, os autores mostra que é possível ter uma margem mais precisa, por meio de valores/limites, que informam aos projetistas como fazer de uma construção de baixo desempenho ambiental, ou seja, de baixo impacto ambiental na prática cotidiana de projeto. Resenha da obra: Edifício Ambiental Com o grande crescimento populacional os recursos não renováveis acabam tendo uma demanda maior. Sendo alvo deste crescimento, os países em desenvolvimento que estão tentando alcançar os industrializados são conhecidos como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). O setor da construção desempenha um papel cada vez maior pela sua importância na economia global e regional, a geração de novos empregos e de novas tecnologias. Essa relevância social vem com um alto preço ambiental, pois são extraídos da natureza do plante de 14 a 15 %, fora a produção e o transporte de matérias que consomem uma grande quantidade de energia, assim causando o desencadeamento do efeito estufa com uma proporcionalidade maior. Em 78 anos a população cresceu de 40 kg (pessoas) para 422 kg (pessoas), com um consumo de 390 milhões de toneladas de agregados, 35 milhões de toneladas de cimento Portland e 36 milhões de toneladas de água. O aumento do consumo residencial também gerou aumento na oferta, na renda e facilidade de credito, que tende a continuar a crescer no meio econômico. A emissão de gás carbono que o Brasil produz, é menos da metade do consumo das emissões dos americanos, um terço que a europeia e dois terços a menos que a chinesa. Com o conceito de sustentabilidade na construção, na dec. 1990, veio à busca por edificações com longa vida útil, aumentando o peso no desempenho global no ciclo da vida. Isso causou pressão internacional para elevar a deficiência energética das edificações. A relação custo-efetividade esta subindo rapidamente e já esta se aproximando do limite de retornos crescentes. Hurbeman e Pearlmultir concluíram que para uma edificação com baixo custo de energia é 60% da energia total no ciclo da vida. Quando a renda individual de um país alcança US$5.000 anuais, em um primeiro estagio a industrialização ganha impulso. A fração CO2 incorporada nos EUA e nos países Europeus é, portanto relativamente pequena em comparação aos países Asiáticos por causa da intensa construção em andamento. A iniciativa para clima e edificação sustentável já desenvolveu um protocolo para medição de uso de energia. Porém ainda não existe um modelo, norma ou protocolo para construção de inventários de energia incorporada pouco claras e com resultados variados. O livro cita a lei de conservação de matéria, de Antoine Lavoisier. “Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.” Esse conceito da química, aplicado à construção, utilização de materiais e a mentalidade de sustentabilidade refere-se ao fato de que precisamos levar em consideração tudo aquilo que já existe e nos foi deixado como legado, a maneira como vamos lidar com essa herança e o que vamos deixar para as próximas gerações. Devemos pensar, projetar e criar já visando à maneira como nossas construções, nossos hábitos e a nossa forma de utilização vão causar o menor impacto possível no ambiente. No momento em que vivemos temos que fazer projeções para o futuro. Prevendo possíveis formas de reutilização e economia da maior quantidade de recursos. Tendo em vista que em algum momento tudo aquilo que é produzido e tudo o que vem de fontes finitas não será suficiente para suprir as necessidades da população. Isso inclui os recursos e materiais utilizados na construção. O livro também nos trás as questões de “toxicidade” e “gestão de recursos”. Toxicidade refere-se a aquilo que está sendo utilizado pelo homem e gestão de recursos trata-se da maneira como nós usamos esses materiais. Isso significa que nossas escolhas refletem diretamente no impacto ambiental causado ao ambiente. Devemos levar em consideração diversos aspectos antes de fazer nossas escolhas. Deve haver uma relação harmoniosa entre o que utilizamos e como utilizamos. Isto é, a funcionalidade atrelada à necessidade. No trecho “O modelo de gestão de recursos adotado caracterizará o impacto do ser humano na qualidade e no ciclo desse modelo...”, fica claro que nossas escolhas e nossos hábitos podem ser responsáveis por uma maior longevidade da quantidade de recursos naturais e na maneira como a herança deixada por nós pode causar menor impacto no futuro. Funcionalidade, desempenho, utilização de recursos, sistemas construtivos, eficiência energética, geração de resíduos, reutilização e reciclagem são pontos extremamente importantes a serem analisados cuidadosamente quando se levanta a questão da gestão de recursos e se tem em mente a construção de uma moradia sustentável. Escolhas conscientes agregam um maior valor ecológico à edificação e possibilitam que ela tenha uma vida útil maior. Escolhas construtivas embasadas nos preceitos de sustentabilidade diminuem as chances de impactos ambientais futuros para reparar problemas que poderiam ter sido evitados com uma análise mais consciente e minuciosa. Um edifício de alto desempenho ambiental é aquele que melhor alinha eficiência, utilização adequada de materiais adequados e a toxicidade. Esse conceito está ligado à “ecologia da construção”. Que se trata da relação harmoniosa do ambiente e as áreas construídas de maneira que ambas se beneficiem. O que os autores querem dizer com isso é que deve ser levada em consideração a utilização consciente dos materiais para que seu tempo de utilização seja prolongado o máximo possível causando o menor impacto ao ambiente. E também deve haver uma relação de troca com o ambiente. Analisar a melhor maneira de devolver a ele um pouco de dos recursos dali retirados no sentido de prolongar a sua utilização tornando a necessidade de nova utilização cada vez menor. Isso se refere as características dos conceitos de “desmaterialização” e “desconstrutibilidade”. A “avaliação de ciclo de vida” são protocolos padronizados que visam analisar o desempenho das estratégias de implantação de projetos no ambiente. Ou seja, é a análise de eficiência dasmetas previamente estabelecidas. No entanto, o livro diz que os sistemas de análise ambiental de um empreendimento não são em sua maioria eficientes o suficiente por levar em consideração determinados pontos de maneira isolada. Isso quer dizer que analisando cada ponto separadamente não é possível perceber a maneira como eles se comportam juntos e mensurar o tamanho do impacto geral. Nessa avaliação são analisados, o teor de reciclagem, procedência local, parcela de renováveis e origem. Esses atributos interferem diretamente um no outro, como diz o livro. Portanto para que o ACV seja cem por cento eficiente os atributos devem ser analisados individualmente e em conjunto. Realizar ajustes nas escolhas de maneira a adequar os materiais para que juntos seja alcançada a melhor relação entre toxicidade e gestão de recursos. Os sistemas de avaliação de materiais e componentes de construção citados no livro são: BREEAM do Reino Unido. Este se orienta através de alguns dos atributos dos produtos e pela avaliação do ciclo de vida, ACV. Mas usa como base principal para a avaliação dos principais elementos do edifício o Green Guide to Specification ou os Benchmarks de ecopontos. Ambos têm seus dados fornecidos através de um software chamado Envest; Green Globes do Canadá. Sugere de forma educativa o uso de materiais com o menor impacto ambiental. Esse sistema está passando por uma transição para ACV que utilizará como base para avaliação básica dos principais sistemas de construção a “Athena Environmental Impact” e atribuição de pontos para cada medida de impacto ambiental de acordo com os benchmarks de ecopontos; Green Star da Austrália. Orientação feita através de atributos dos materiais. Levando em consideração o potencial de dano à camada de ozônio e potencial de aquecimento global. Além de alguns pontos específicos como compartimento específico para coleta de material reciclável, uso de madeira sustentável, menor uso de PVC e a limitação de avaliação de teor de reciclado apenas aos componentes estruturais; LEED dos Estados Unidos. Orientação feita através dos atributos dos produtos; SB TOOL. Baseia-se na ACV básica, tomando como base a base de dados canadense pré-inserida. Ecopontos são uma maneira de compreender os resultados de ACV. Eles analisam a importância das diferentes categorias de impacto de forma cruzada. O que determina a relevância de cada categoria em relação às outras. No livro são listadas algumas soluções para que ocorra integração da avaliação do ciclo de vida e de sistemas de certificação ambiental de edifícios. São elas: Optar por produtos e sistema previamente bem classificados; Tomar as decisões tendo como embasamento ACVs e ferramentas para avaliação de produtos e sistemas construtivos que forneçam resultados mais precisos; Analisar a relação dos níveis de desempenho global do edifício e os indicadores de impacto no ciclo de vida; Analisar dados já catalogados, de impacto ambiental produzido por sistemas construtivos e se embasar em “declarações ambientais de produto”, os EPDs. O EPD é a uma compilação de dados ambientais quantitativos e bem estruturado que tem como função avaliar o desempenho ambiental de produtos e serviços. Toda essa metodologia e diferentes sistemas de avaliação e análise visam compreender previamente a dimensão do impacto ambiental que pode ser causado por uma má escolha de materiais e sistemas construtivos. Por tanto, fica claro que existem ferramentas que podem nos dizer quais pontos da implantação e da execução de um edifício podem ser melhorados e repensados previamente para que esse empreendimento cause o menor impacto ambiental e que seu tempo de “vida” seja o mais logo possível. Existem dois métodos de avaliação sobre os impactos ambientais: análise de entradas e saídas, e análise de processos. A impossibilidade de aplicar as duas análises levou a aplicação das duas em conjunto. Utilizam-se ferramentas como a I-O para as análises econômicas entre os setores de energia, e são conhecidas como abordagens top-down. Apesar dos problemas, tem sido cada vez mais utilizada em estimativas de energia e análises monetárias, pois se considera os impactos diretos e indiretos. As tabelas I-O nos países de primeiro mundo contemplam mais de 400 setores abrangendo uma riqueza de detalhes, o que ainda é inviável no Brasil. Por outro lado, o método de análise de processos, utiliza um sistema de entradas diretas e indiretas de energia em um processo. Quase no final do processo faz-se a análise e retrocede para encontrar cada entrada de energia de acordo com cada material. Este tipo de análise é chamado de abordagem bottom-up, e caracterizam os fluxos individuais dos processos ou produtos que podem ser adicionados com para que se tenham novos processos, produtos e setores mais amplos. Apesar de o outro método estar crescendo, este é o mais utilizado, pois obtém resultados específicos e também proporciona certa facilidade de obter os dados necessários. Para analisar um campo maior sobre os produtos e processos, utiliza-se a avaliação de ciclo de vida (ACV). Funciona como um suporte técnico de método, ajudando na investigação dos impactos causados por um produto desde o a sua extração até o fim do seu ciclo, podendo assim analisar impactos esquecidos em outras análises. Seus maiores objetivos são: descrever a relação entre processo e ambiente, ajudar na compreensão da natureza e retratar informações para uma melhor sustentabilidade. A avaliação primeiramente estabelece o estudo e o seu limite. Depois disso, no inventário do consumo de vida (ICV), estudam-se os fluxos de energia e materiais para inputs e outputs de um produto durante todo o seu ciclo de vida. Na avaliação dos impactos ambientais causados, esses fluxos são associados a problemas de diferentes graus. Apesar dos benefícios, a ACV também tem os seus defeitos, como: O alto custo, a dependência dos dados de fabricação, nem sempre ao alcance. Se não houver a quantidade necessária de dados, pode desestruturar o conteúdo científico. Tendo todos os dados necessários para os materiais-base, através dos sistemas de construção, pode-se escolher a melhor alternativa que se adequa ao projeto visando o menor impacto ambiental. As ferramentas existentes não alcançam a tecnologia necessária, são limitadas a alguns sistemas e não possuem a flexibilidade necessária para os projetistas. No Brasil, a ACV ainda não é utilizada, apesar de estar em estudo, é incentivada pela Associação Brasileira de Ciclo de Vida (ABCV). Alguns dos temas abordados nos estudos são: planejamento energético, redução de embalagens e busca de produtos agrícolas alternativos, além de estudarem também o ICV. Por conta da matriz energética diferente dos países europeus, estamos impossibilitados de utilizar os dados, necessitando assim, a criação de novos dados coerentes às condições do nosso país. O tópico 5.5 do livro aborda um assunto que vem ganhando espaço nas discursões sobre sustentabilidade. Estamos falando sobre os Indicadores de Ecoeficiência, que são instrumentos de avaliação e monitoramento, levando em consideração o contexto ambiental e socioeconômico, da sustentabilidade empresarial. O conceito de ecoeficiência separa as necessidades humanas do uso da natureza para satisfazê-las, e faz relação entre produto/serviço e as consequências ambientais para produção e consumo dos mesmos. Os indicadores poderiam ser calculados em relação à unidade de área construída, pois assim facilitaria para as novas construções saber os seus limites. Os projetistas já saberiam as normas e responsabilidadesde acordo com os valores pré-dispostos pelos indicadores. Para tudo funcionar perfeitamente é necessário estudos de comparação entre edifícios e tipologias, levando em consideração as normas condicionadas pelas avaliações de ciclo de vida (ACV). Inicialmente, é preciso a identificação de materiais e componentes, a melhor compreensão do significado dos indicadores, e principalmente, a geração de valores/limites para as construções, facilitando os estudos preliminares de um projeto e diminuindo os impactos ambientais. O carbono e energia incorporados dos indicadores apontam para medição de gases de efeito estufa (GEE) e energia liberada na extração de matérias-primas. Através do indicador de conteúdo abiótico é possível ir à raiz do problema de forma mais completa e precisa, facilitando a comunicação e resolução. Propõem-se também os dados, ainda que pouco restritos, da quantidade de compostos orgânicos voláteis (COVs), na etapa operacional. O calculo de uso das águas tanto verdes quanto as azuis, e principalmente as de caráter cinza, sendo as mais prejudicadas. A conceituação de alguns indicadores vária de país para país, o que impossibilita um resultado preciso dos efeitos na produção, na contabilização e no compartilhamento de tais informações. Apesar de inúmeros dados fornecidos pelo Centro para Desempenho e Pesquisa de Edificações, e a primeira versão dos Inventários de Carbonos e Energia (ICE) e pela Hastoe Housing Association, ainda assim a intensidade energética por unidade de área construída é muito variável. Portanto, Saade, Silva e Gomes, em 2013, começaram um estudo para melhorar e organizar as variações. Nos materiais e seus componentes, descritos na tabela 5.2 do livro, chegaram à conclusão que 85% da energia incorporada esta relacionada ao cimento, blocos cerâmicos, aço, madeira serrada e compensada e tubos de PVC. Já ao CO2 incorporado repetem-se os mesmos da energia, porém a madeira é substituída pela cal hidratada. No caso do cimento Portland CP III-32, se aplicou uma regra nova: 5% da massa total de materiais ou 5% de energia incorporada total. Segundo Silva na tabela 5.2 do livro, o concreto é um dos quatro contribuintes que necessita de reforçada atenção e monitoramento durante o projeto, pois de acordo com pesquisas internacionais, agregados aos seus, apontaram que o sistema estrutural de edifícios brasileiros contém uma alta carga ambiental. Na análise de médias nacionais e internacionais de tipologias construtivas sem energia e CO2 incorporados são inferiores aos dados da literatura, que por sua vez tem alta variação. Isso ocorre devido às variações cronológicas, funcionais e de contabilização. E também variações de contexto, como desastres naturais, condições geográficas, códigos de obra e outros. Considerações finais No decorrer do capítulo os autores apresentam dados e estratégias com base em pesquisas e estudos feitos por ele e outros estudiosos, na intenção de alertar, ensinar e conscientizar os profissionais da área da construção, sobre os edifícios com alta carga ambiental no Brasil, focando na escolha dos materiais e métodos construtivos que proporcionem um ciclo de vida maior, com o menor impacto possível a natureza. É possível sentir a preocupação em destacar materiais e composições que tem uma quantidade significativa de energia e CO2 incorporados que auxiliam no aumento da carga ambiental, e o conselho para novos estudos que possibilitem um método construtivo com o mínimo desses materiais. São apresentadas ferramentas e abordagens que fornecem ajuda para o monitoramento dos impactos ambientais causados por cada material e sistemas construtivos. Os autores também encorajam os profissionais a trabalharem melhor com os ciclos de vida não só dos materiais, mas de toda a construção, preocupando-se em construir edificações que irão perpetuar sem prejudicar o ambiente e as próximas gerações. Bibliografia GONÇALVES, Joana Carla Soares; BODE, Klaus; MONTEIRO, Leonardo Marques. Edifício Ambiental. São Paulo, SP: Oficina de Textos, 2015.
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