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Design Sustentável e Responsabilidade Social - Materiais Unidades

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Design Sustentável e 
Responsabilidade Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Elisa Jorge Quartim Barbosa
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Sustentabilidade e a Crise Ambiental 
• Introdução ao Design Sustentável;
• Histórico;
• Impactos Ambientais;
• Dimensões da Sustentabilidade ;
• Papel do Designer.
 · Contextualizar a crise ambiental provocada pelos processos de pro-
dução industrial e projetos sem preocupação com o seu impacto no 
meio ambiente.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Contextualização
Nesta Unidade veremos o contexto de onde surgiu o conceito de design sustentável 
e sua participação dentro do desenvolvimento humano e dos processos produtivos.
O que leva às indústrias a poluírem? Como será que o designer pode criar ciclos 
virtuosos de produção influenciando positivamente?
Será possível promover um design mais sustentável?
Nesta Unidade responderemos a algumas dessas perguntas, esclarecendo várias 
dúvidas a este respeito.
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Introdução ao Design Sustentável
A curta felicidade material proposta a sociedades ocidentais depois da Segunda 
Guerra Mundial teve consequências consideráveis no meio ambiente e na qualidade 
de vida dos seres vivos. Nos últimos anos, a sociedade tomou consciência de seus im-
pactos e do cenário de degradação do meio ambiente, alguns dos quais irreversíveis.
A sociedade atual tem a sua economia baseada na comercialização de bens de 
consumo, com rentabilidade imediata e exploração dos recursos naturais. Se o 
consumo permanecer no mesmo ritmo em que é atualmente, o planeta Terra não 
terá mais condições de manter as nossas necessidades materiais, de modo que a 
sobrevivência humana corre grande risco de se extinguir. Seremos, então, uma 
espécie em risco de extinção?
Rever o consumo humano faz parte de uma das alternativas; priorizar o uso 
em relação à matéria, criando novos bens e serviços mais integrados à realidade 
ambiental de hoje e visando um futuro próximo.
As propostas devem ser pensadas em escala humana e promovidas pelas 
empresas e seus projetistas, oferecendo alternativas e promovendo novos elos na 
cadeia produtiva.
A ambição desta Disciplina, portanto, é aprimorar os novos modos de vida e 
despertar o profissional a ser mais questionador, usando da própria criatividade 
para o bem comum.
Histórico
A relação entre as sociedades ocidentais e a natureza, como atualmente definida, 
baseia-se ainda em princípios modernistas enunciados no século XVII. A natureza é 
usada como base no progresso e aprendizado científico. Fonte de matéria-prima, e 
dentro desse pensamento, “imperfeita”. Ademais, o pensamento antropocentrista 
faz com que as pesquisas sejam levadas pelo ponto de vista do homem, ignorando 
outros tipos de interações menos perceptíveis aos nossos olhos.
No discurso do método de Descartes, a linguagem matemática é aperfeiçoada, 
tornando o seu racionalismo uma abordagem “mecanicista” dos fenômenos ou 
princípios naturais, visão baseada em uma observação cuja função é decompor e 
fragmentar o real para facilitar a sua manipulação e reproduzir esses fenômenos 
(DESCARTES, 2005).
Os antigos conhecimentos “especulativos” serão definitivamente superados pela 
Ciência. Com o projeto da modernidade, o produtor e detentor de conhecimento 
se afastará do objeto natural de seu saber, em uma tentativa de controle do mundo 
à sua volta. O futuro é definido em uma escala ascendente em relação ao presente 
e abre as portas ao progresso científico.
9
UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
1851, Revolução Industrial:
A criação do método para novas invenções trouxe um grande progresso material 
e científico para a humanidade, gerando grande necessidade de mão de obra e 
esvaziando o mundo rural. O progresso se apoiou na exploração dos recursos 
naturais e na mão de obra barata, sem distinção de idade ou sexo, onde as leis 
trabalhistas ainda nem existiam.
Cidades foram criadas ao redor dos centros industriais; surgiu o homem 
urbanizado, disputando recursos fabricados pelo próximo e ignorando os recursos 
naturais presentes.
No design gráfico e de produtos, ironicamente, a exploração de imagens que 
remetiam à natureza mostra bem esse distanciamento do homem às suas origens, 
em uma tentativa de aproximação artificial. O progresso se tornou o principal 
objetivo, de modo que sacrifícios foram aceitos para se ter acesso às novas riquezas 
criadas pelo próprio homem.
William Morris (1834-1896), contra a Revolução Industrial e o capitalismo que, do seu ponto 
de vista, priorizavam mais a produtividade que a qualidade e estética, criou, em seu ateliê, o 
movimento Arts & Crafts, cuja ambição era embelezar o meio ambiente cotidiano pela arte 
da decoração. Considerava que a indústria distanciava o criador de suas obras, desfigurando 
os objetos cotidianos. Assim, promovendo o projeto a métodos mais artesanais, propôs que 
esses objetos representassem uma flora exuberante, retornando às origens humanas. Tal 
movimento é considerado a origem do design.
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1929, “quebra” da Bolsa Estadunidense de Valores 
e a descoberta do consumidor:
Após o fim da Primeira Guerra Mundial, a produção teve o seu auge como nunca 
antes visto. Novos produtos foram criados, tais como o automóvel e os primeiros 
eletrodomésticos. Junto aos quais surgiu o crédito ao consumo, com o objetivo 
de estimular a aquisição desses novos bens, porém, o endividamento crescente da 
população e a incerteza das bolsas de valores repercutiram na “quebra” da Bolsa 
Estadunidense de Valores, em outubro de 1929, revelando o contraste entre a 
especulação e realidade da economia.
Tal crise levou a uma queda na produção industrial, permanecendo até a 
Segunda Guerra Mundial. O pós-Guerra e a necessidade da retomada da economia 
transformaram o marketing e design em ferramentas-chave dessa retomada 
econômica, agregando valor intangível aos produtos e serviços. 
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1945, o progresso perde a inocência:
O inacreditável poder de destruição da Segunda Guerra Mundial, marcado 
pelos efeitos das bombas atômicas lançadassobre Hiroshima e Nagasaki, cidades 
japonesas, iniciou o questionamento das benfeitorias do progresso, colocando o 
mundo diante da problemática da ética. Pela primeira vez na história da humani-
dade, o homem dominava a natureza a ponto de se tornar responsável pelo seu 
próprio destino.
Os soldados que retornavam aos seus lares traziam consigo um sonho, baseado 
no “american way of life”, estilo de vida generoso cuja felicidade era baseada no 
apego material.
As lojas de autosserviço, como os supermercados, ofereciam uma infinidade 
de ofertas de produtos embalados, facilitando o consumo de bens. Seus carrinhos 
levavam à compra além do planejado, gerando a aquisição por impulso. Seguia-se 
a lógica que se apoiava na exacerbação do desejo baseado no bem de consumo, 
rapidamente saciado. Dito de outra forma, o consumidor era levado a esquecer os 
benefícios do presente, sendo encaminhado a um futuro próximo, constituído de 
novos desejos irrisórios – ficava cada vez mais difícil resistir às propagandas bem 
elaboradas e que se espelhavam no estilo de vida vendido no cinema.
No final da década de 1960, o pensamento ecológico fora iniciado como alavanca 
política que se perdeu dentro de discursos apocalípticos. A ecologia surgiu como 
uma arma contra uma sociedade intolerante, materialista e centrada no homem 
branco ocidental. As primeiras reivindicações das populações sensibilizadas pelos 
perigos industriais fracassaram diante das cicatrizes dos anos de crise econômica, em 
meio a uma população que tinha como objetivo essencial o seu próprio consumo.
Ademais, o principal mérito dos movimentos ecológicos foi plantar a dúvida na 
consciência dos governantes e da população.
Victor Papanek (1927-1999) foi designer e educador, além de um grande defensor do 
design de produtos, ferramentas e infraestruturas comunitárias social e ecologicamente 
responsáveis. Foi o primeiro designer a questionar a relação do design com o meio ambiente, 
centralizando no homem, na ecologia e ética. No seu livro, Design for the real world (2005), 
originalmente publicado em 1971, destaca a responsabilidade moral do designer, que 
convida à sabedoria diante da sua produção. Propõe também a se inspirar na experiência de 
outros países e comunidades em desenvolvimento para melhor entender as necessidades 
básicas dos seres humanos e sua relação com o design.
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
1969, redescobrimento da Terra:
O ano de 1969 marcou a conclusão de 
uma época, o triunfo do conhecimento 
científico e de suas capacidades tecnológicas; 
a percepção era a de que o homem mudou 
o próprio status para o de um semideus. 
Porém, a Terra vista sob outro ponto, 
contemplada do espaço, tornou-se o ícone 
da vida resgatando a sua origem, mudando 
a maneira de ver a si.
Nesse mesmo período, catástrofes abala-
ram a dinâmica industrial e o homem per-
cebeu a influência de demandas industriais 
cada vez maiores e suas consequências no 
meio ambiente. Esse período foi marcado 
pela primeira crise do petróleo, em 1973. 
Depois da Guerra dos Seis Dias – ou do Yom Kippur –, a cotação do petróleo 
multiplicou-se por quatro em três meses, de modo que as economias dependentes 
dessa matéria-prima foram duramente atingidas.
Esse pico da crise do petróleo já havia sido previsto pelos pesquisadores do 
Massachusetts Institute of Technology (MIT), junto ao Clube de Roma, no 
livro chamado Limites do crescimento (2007), obra que tenta determinar as 
consequências do modo de vida dos países do Norte e da explosão demográfica 
das nações do Sul nas décadas seguintes. Conclui que se todo o Planeta consumisse 
como os norte-americanos, haveria multiplicação por sete do, então, consumo 
mundial, levando a crises de recursos básicos, tais como as faltas de alimento, água 
e energia, delegando à humanidade um trágico destino.
Essas previsões, embora equivocadas em alguns pontos, conseguiram chamar 
a atenção de políticos e cientistas. Um ano depois, em Estocolmo, Suécia, 
representantes de vários países se reuniram pela primeira vez para discutir sobre 
o tema meio ambiente. Nessa conferência nasceu o Programa das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente (Pnuma).
Estabelecido em 1972, o Pnuma possui, entre os seus principais objetivos, manter o estado 
do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações acerca de 
problemas e ameaças ao meio ambiente; recomendar medidas para melhorar a qualidade 
de vida da população, sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações 
futuras. Conheça outros aspectos desse programa em: https://goo.gl/Tzgg7j.
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Figura 1 – Buzz Aldrin pisa na Lua 
no dia 20 de julho de 1969
Fonte: Wikimedia Commons
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Foi durante a década de 1970 que o consumo humano de recursos naturais 
começou a ultrapassar as capacidades biológicas da Terra, provocando o declínio 
da abundância das espécies que vivem no Planeta. Aos poucos, o desenvolvimento 
industrial se globalizou e feriu duramente os princípios que regem a biosfera, de 
modo que as condições de sobrevivência no mundo se tornaram precárias.
1980, desastres e iniciativas:
De consequências locais e pontuais, os impactos no meio ambiente se tornaram 
globais, acometidos por vários desastres ecológicos, porém, com poucas mudanças 
nos sistemas produtivos e econômicos humanos. A superabundância de resíduos, 
o declínio da biodiversidade, o aquecimento do Planeta pelo aumento do efeito 
estufa, o aumento do buraco da camada de ozônio causado pela emissão de 
Clorofluorocarbonetos (CFC) e a rápida degradação das florestas nativas são 
sintomas desse processo.
Com a ampliação do interesse da imprensa, desastres como o ocorrido em 
Chernobil, então na República Socialista Soviética da Ucrânia, em 1986, evidenciam 
a fragilidade de nosso planeta conter as suas possíveis falhas.
O desastre de Chernobil foi um acidente nuclear catastrófi co que ocorreu em 26 de abril de 
1986, na central elétrica da Usina Nuclear de Chernobil, que estava sob a jurisdição direta 
das autoridades centrais da União Soviética. Uma explosão e um incêndio lançaram grandes 
quantidades de partículas radioativas na atmosfera, que se espalhou por boa parte da União 
Soviética e da Europa Ocidental. O desastre é o pior acidente nuclear da história em termos 
de custo e de mortes resultantes, além de ser um dos dois únicos elencados como eventos 
de nível 7 – classifi cação máxima – na escala internacional de acidentes nucleares – sendo 
o outro o acidente nuclear de Fukushima I, no Japão, ocorrido em 2011. Durante o acidente 
em si, 31 pessoas morreram, além de longos efeitos em inúmeros indivíduos a longo prazo, 
tais como câncer e deformidades diversas, casos estes que ainda estão em contabilização.
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Em 1987, o Protocolo de Montreal estabeleceu a redução e suspensão de CFC e 
outros gases destruidores da camada de ozônio, marcando o primeiro acordo para 
uma questão ambiental de extrema importância. No mesmo ano foi formalizado o 
relatório intitulado Nosso futuro comum, trazendo o conceito de desenvolvimento 
sustentável para o discurso público.
Sustentabilidade é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades 
(Gro Harlen Brundtland, Nosso futuro comum, 1987).
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
As amplas recomendações feitas pela Comissão levaram à realização da Confe-
rência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que colo-
cou o assunto diretamente na agenda pública de uma maneira nunca antes vista. 
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a Cúpula da Terra, como ficou conhecida, 
adotou a Agenda 21, um diagrama para a proteção do nosso planeta e de seu de-
senvolvimento sustentável, a culminação de duas décadas de trabalho que se iniciou 
em Estocolmo, em 1972. A definição de desenvolvimento sustentável não fixa um 
objetivo preciso a ser atingido, masdetermina equilíbrios a serem alcançados.
Concluídas as décadas de 1980 e 1990, surgiram produtos para suprir a 
demanda concernente ao meio ambiente, porém, levados apenas pelo marketing e 
desenvolvidos por profissionais ainda despreparados do ponto de vista de projeto. 
Apresentando uma qualidade duvidosa, com nomes e cores que remetiam a uma 
apreensão ambiental, tais produtos se apoiavam na preocupação global e de que 
algo deveria ser feito para mudar.
Impactos Ambientais
O aumento no consumo de recursos naturais vem causando sérios impactos 
ambientais. Segundo o Living planet report 2012, da World Wide Fund for 
Nature (WWF), a demanda cada vez maior de recursos por uma população 
crescente está causando uma enorme pressão sobre a biodiversidade do Planeta, a 
ponto de ameaçar o nosso futuro em termos de segurança, saúde e bem-estar. Por 
exemplo, se continuarmos em tal ritmo, em 2050 seriam necessários 2,9 planetas 
para suportar o crescimento da “pegada ecológica” da humanidade.
Ademais, os impactos ambientais podem ser divididos em três categorias 
principais: danos ecológicos, danos à saúde humana e esgotamento de 
recursos; sendo relevantes para as indústrias nas economias desenvolvidas e em 
desenvolvimento.
Quanto menos recursos naturais gastos para fazer um produto, mais barato se 
torna para as empresas e melhor figura ao meio ambiente, uma vez que gastou 
menos matéria-prima e energia. Mesmo na escala de uma única organização, as 
atividades industriais têm consequências ao meio ambiente, afinal, na maioria dos 
casos, seus impactos são imputáveis aos resíduos que perturbam os equilíbrios 
naturais (KAZAZIAN, 2005).
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Dimensões da Sustentabilidade 
A busca de parte da sociedade para clarear o conceito de sustentabilidade, de 
se propor um significado de preferência tangível e prático, tem suscitado reflexões 
desde as mais filosóficas, como o questionamento de ordem ética e moral; até as 
mais palpáveis, como a escolha do material no desenvolvimento de um produto. 
Há a necessidade de se traduzir em palavras o que representa o desenvolvimento 
sustentável, assim como os seus produtos resultantes, sendo um passo fundamental 
para que mudanças sejam efetivadas, transformando e desenvolvendo o sistema 
vigente para que se torne mais efetivo e de fácil assimilação.
Cientistas sociais e políticos, filósofos, antropólogos, economistas e pensa-
dores das mais diversas disciplinas passaram a propor pilares que embasariam 
o novo conceito de sustentabilidade. O mais difundido foi o famoso tripé da 
sustentabilidade, social-econômico-ambiental, proposto pelo inglês John Elking-
ton (2001), onde argumenta que o desenvolvimento sustentável é resultado de 
processos produtivos que consideram as três dimensões – ambiental, social e 
econômica – de maneira integrada. 
Esse conceito representou uma ruptura fundamental na forma que até então era 
feita, que sempre considerou o crescimento econômico como o único objetivo de 
um empreendimento. 
Social
JustoPossível
Sustentável
ViávelViável Econômico
Figura 2 – Tripé da sustentabilidade e esquema representativo
dos vários componentes do desenvolvimento sustentável.
15
UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Tão forte foi a influência do tripé da sustentabilidade que, cinco anos depois, 
foi incorporado no documento da Cúpula de Johanesburgo, convocada com a 
ambição de transformar a Declaração do Rio em uma espécie de projeto executivo. 
A Organização das Nações Unidas (ONU) se baseou nos seguintes princípios: da 
igualdade; do controle institucional efetivo do sistema internacional financeiro e de 
negócios; da precaução na gestão do meio ambiente; da prevenção das mudanças 
globais negativas; da proteção da diversidade biológica – e cultural –; da gestão 
do patrimônio global; do sistema efetivo de cooperação científica e tecnológica 
internacional e eliminação parcial do caráter de commodity da Ciência e tecnologia.
Independentemente das linhas e propostas sustentadas por estudiosos e militantes 
de diversos campos que interagem nesse debate, o mais importante é notar que se 
trata de um conceito em constante construção. 
Hoje:
Os avanços foram pontuais e pouco significativos, deixando perguntas abertas 
a serem respondidas pelas novas gerações de profissionais, por exemplo: quais 
meios devem ser usados para satisfazer as necessidades humanas? Como fazer 
a gestão de recursos naturais existentes? Como será o progresso tecnológico e 
humano com recursos tão limitados?
As preocupações com o meio ambiente contribuíram para a formação de uma 
nova consciência do papel do designer no mundo, possibilitando aumento das 
discussões na área sobre ecologia humana, estratégias tecnológicas alternativas e 
responsabilidade social desse profissional. 
No contexto ambiental e social, a atuação do designer Victor Papanek (1985), 
com o seu livro Design for a real world, colocou em discussão as preocupações 
das indústrias e designers interessados na ecologia, incentivando a enfrentar os 
problemas sociais ao seu redor ao invés de agir apenas por interesses comerciais. 
Esse autor acreditava que os designers poderiam proporcionar soluções para 
sistemas e produtos com a finalidade de uso coletivo, ou em comunidades, utilizando 
tecnologias apropriadas. Papanek defendeu um design centrado no homem, na 
ecologia e ética, destacando a responsabilidade moral do design, que convida à 
sabedoria diante de sua produção e propõe a inspiração na experiência de outros 
países – notadamente aqueles em desenvolvimento – para melhor atender às 
necessidades básicas dos seres humanos e sua relação com o design.
A inserção das questões ambientais na atividade do design como uma necessidade 
surge ao longo do debate sobre desenvolvimento sustentável. A partir de tal 
momento, definições como design de produtos sustentáveis foram adotadas pela 
necessidade de os designers reconhecerem não apenas os impactos ambientais de 
sua atividade, mas também as consequências éticas e sociais, não se limitando aos 
três pilares propostos por Elkington (2001).
16
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Pensando mais na dimensão ambiental, Manzini (1993) diz que as tendências 
ambientais levam ao lema “menos matéria, menos energia e mais informação”, 
mostrando a necessidade de elaborar uma cultura ecológica capaz de resolver não 
apenas os problemas mais evidentes da quantidade, como também os dilemas mais 
sutis da qualidade, afinal, torna-se necessário orientar a evolução dos materiais em 
direção a equilíbrios aceitáveis entre o ambiente artificial e as leis da natureza a que 
estamos vinculados. 
A sustentabilidade ambiental se refere, conforme Manzini e Vezzoli (2002, p. 
28), “[...] às condições sistêmicas segundo as quais [...] as atividades humanas não 
devem intervir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do Planeta 
permite [...], não devem empobrecer seu capital natural, que será transmitido às 
gerações futuras”.
Já o engenheiro William McDonough e o designer e arquiteto Michael Braungart, 
no livro Cradle to cradle (2008), destacam a tendência de empresas e designers 
projetarem produtos com mais controle. No entanto, “menos mau” não é o mesmo 
que ser bom, figurando como uma meta limitada. 
Uma vez que os seres humanos são considerados como “maus”, o zero é uma 
meta boa. Mas sermos “menos maus” significa aceitarmos as coisas como são, 
acreditando que os sistemas deficientemente planejados, indignos e destrutivos são 
o melhor que os seres humanos conseguem fazer. Esta é a falha derradeira da abor-
dagem de “ser menos mau”: uma falha da imaginação (MCDONOUGH; BRAUN-
GART, 2008, p. 67).
McDonough e Braungart (2008) 
também exploram a necessidade 
da elaboração de produtos dentro 
do conceito de ciclo fechado, ou 
do “berço ao berço”, onde não há 
a geração de resíduos. O ciclo de 
vida do produto não deve terminar 
quando seus materiais são simples-
mente despejados nos sistemas 
naturais, fornecendo abordagens 
alternativas, como transformá-losem “nutrientes técnicos”, criando 
um metabolismo semelhante ao 
biológico da Terra.
Manufatura
Reciclagem
Recursos
Desperdício
Consumo e Uso
Economia
Circular
Figura 3
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
A sustentabilidade social, segundo Crul e Diehl (2006), em seu trabalho 
desenvolvido para a United Nations Environment Programme (Unep) junto à Delft 
University of Technology, está associada também a questões como as seguintes: 
respeito à identidade e diversidade cultural; inclusão das minorias, marginalizados e 
deficientes; bem-estar social; trabalho em condições adequadas e sem a necessidade 
de grandes deslocamentos; geração e equilíbrio na distribuição de renda; acesso à 
alimentação, água potável e serviços de saúde; escolarização e abolição do trabalho 
infantil, entre outros temas.
A sustentabilidade econômica apresenta uma ligação bastante forte com a social 
pela geração de trabalho e renda (CRUL; DIEHL, 2006). Além da lucratividade, 
é fundamental para as empresas a geração de valor tanto para cada organização, 
quanto para os stakeholders e consumidores; trata-se do valor que permite às 
empresas posicionarem-se de forma competitiva no mercado. Ao longo das últimas 
décadas, as organizações têm se preocupado mais com a própria responsabilidade 
nos impactos do ambiente e têm demonstrado que as iniciativas ambientais e 
melhorias podem trazer benefícios econômicos. É um objetivo a ser atingido, e 
não, como atualmente muitas vezes é entendido, uma direção a ser seguida. Em 
outras palavras, nem tudo que mostrar algumas melhorias em temas ambientais 
pode ser considerado realmente sustentável (MANZINI, 2005, p. 28).
Papel do Designer
Existem vários empecilhos no sistema econômico atual, porém, a melhor 
alternativa é promover ações em escala humana, e microeconômica, permitindo-
nos intervir de forma mais eficiente. Segundo Kazazian (2009), o papel do designer 
se distingue de outras profissões, podendo ser transversal, integrador e dinâmico 
entre ecologia e concepção de produtos, inovações econômicas e tecnológicas, 
necessidades e novos hábitos.
Segundo Papanek (1995), a função do designer é apresentar opções reais e 
significativas às pessoas, permitindo que as mesmas participem mais plenamente 
nas decisões que lhes dizem respeito. Ainda conforme esse autor, a ética é a base 
filosófica para fazer escolhas morais e seus valores. As decisões morais processam-
se reconhecendo a existência de um dilema e sopesando conscienciosamente as 
alternativas, conferindo sentido ao se tomar decisões a respeito das alternativas 
existentes. 
O design ético deve também ser salutar e benéfico em termos ambientais e 
ecológicos – na escala humana e com responsabilidade social. Todos os objetos, 
grafismos e embalagens devem funcionar no sentido de suprir as necessidades do 
consumidor em um nível mais básico do que a mera aparência de “sustentável” 
(PAPANEK, 1995).
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Dougherty (2011) faz uma analogia do papel do design, usando três formas 
de pensar: como manipulador de materiais, criador de mensagens e agente de 
mudanças, onde cada forma é incorporada às outras. 
Os designers podem ajudar empresas preocupadas com valores ambientais a 
construir marcas fortes e ter sucesso no mercado. Pode amparar as organizações a 
se posicionarem como líderes em questões ambientais, influenciando as operações 
de negócios nos anos seguintes (DOUGHERTY, 2011).
Mesmo que a comunidade de design não seja a que resolverá os problemas 
de desigualdade social ou prevenirá o marketing de alimentos não saudáveis, é 
capaz de influenciar na escolha dos consumidores. Nesse sentido, designers devem 
considerar formas de utilizar as suas habilidades para o benefício da sociedade.
Finalmente, as empresas representam a escala mais eficiente para as mudanças 
na forma de consumo, reforçando as suas estratégias de marketing e design em 
benefício do desenvolvimento sustentável.
19
UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Design for sustainability: a step-by-step approach
CRUL, M. R. M.; DIEHL, J. C. Design for sustainability: a step-by-step approach. 
United Nations Environment Programme (UNEP) e Delft University of Technology, 2010
https://goo.gl/ZTE5Lc
Ecological design: inventing the future
Ecological design: inventing the future. Dir. Brian Danitz; Christopher Zelov. [20--].
https://goo.gl/r5tGcu
 Livros
Discurso do Método
DESCARTES, René. Discurso do método. Trad. Paulo Neves. São Paulo: L&PM, 2005.
 Vídeos
The Story of Stuff
https://youtu.be/9GorqroigqM
20
21
Referências
BORGES, Adélia (curadoria). III Bienal Brasileira de Design. Curitiba, PR : Centro 
de Design Paraná, 2010. Disponível em: <https://www.cbd.org.br/wp-content/
uploads/2013/02/Catalogo_Bienal_2010_1.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2018.
BRAUNGART, Michael; MCDONOUGH, William. Cradle to cradle: criar e 
reciclar ilimitadamente. São Paulo: Gustavo Gili, 2013
CMMAD – COMISSÃO MUNCIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E 
DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação 
Getúlio Vargas, 1991.
CRUL, M. R. M.; DIEHL, J. C. Design for sustainability: a step-by-step 
approach. United Nations Environment Programme (UNEP) e Delft University 
of Technology, 2010. Disponível em: < http://www.unep.fr/scp/publications/
details.asp?id=WEB/0155/PA >. Acesso em: 08 mar. 2018.
DOUGHERTY, Brian. Design gráfico sustentável. São Paulo: Edições Rosari, 2011. 
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: Editora Makron 
Books, 2001
KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento 
sustentavel. 2. ed. Sao Paulo: Senac, 2009. 194 p
MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: 
os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Edusp, 2002. 
reimpressão: 2011
MEADOWS, D. L., MEADOWS, D. H., RANDERS, J.; BEHRENS, W. W. Limites 
do crescimento: um relatório para o projeto do Clube de Roma sobre o dilema da 
humanidade. São Paulo: Perspectiva, 1972.
ONU. Nações Unidas no Brasil. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/
agencia/onumeioambiente> Acesso em: 06 abr. 2018.
PAPANEK, V. Arquitetura e design: ecologia e ética. Lisboa: Edições 70, 1995.
WWF – WORLD WIDE FUND FOR NATURE. Living planet report 2012: biodiversity, 
biocapacity and better choices. Switzerland: 2012. Disponível em: <http://wwf.panda.
org/about_our_earth/all_publications/>. Acesso em: 06 abr. 2018.
21
Design Sustentável e 
Responsabilidade Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Elisa Jorge Quartim Barbosa
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Design e Desenvolvimento Sustentável 
• Interdependência;
• Ciclos de Vida de um Produto;
• Integração de Requisitos Ambientais ao Design;
• Metodologia de Design Orientada por Critérios Ecológicos;
• Os R da Sustentabilidade;
• Consumo Sustentável;
• Comunicação dos Aspectos Ambientais.
 · Apresentar conceitos de design e sustentabilidade, seu papel de pro-
jetista consciente e sua possível influência nos processos produtivos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Design e Desenvolvimento Sustentável
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões deconteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
Interdependência
Conforme foi visto na Unidade anterior, economia e ecologia podem e devem 
caminhar juntas. As raízes etimológicas da economia evocam uma gestão do patri-
mônio sem despesa inútil; enquanto a ecologia designa o estudo das relações que 
se produzem no espaço vivo.
A pergunta que fica é como gerir o patrimônio comum evitando perdas irrever-
síveis? Como promover ações em ambientes com relações tão complexas?
Combinações, associações e ações são apenas transações de energia e de matéria, 
viva ou inerte, do infinitamente pequeno ao infinitamente grande. Na cooperação, 
autonomia e na participação de cada indivíduo se encontra no sucesso do conjunto.
Essa interdependência é uma poderosa bússola que nos mostra a direção a ser toma-
da, seja dos ciclos biológicos ou técnicos. Qualquer fenômeno repercute no conjunto. O 
caos é uma ordem natural cuja complexidade ainda ultrapassa a nossa compreensão.
Efeito borboleta é um termo que se refere à dependência sensível às condições iniciais 
dentro da teoria do caos. Esse efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward 
Lorenz. Segundo a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples 
borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do 
outro lado do Planeta. Assim, a teoria do caos nos leva a um convite para a criação conjunta.
Ex
pl
or
Ciclos de Vida de um Produto
Em geral, produtos de um sistema são projetados para um padrão linear e 
unidirecional. Esse tipo de sistema é chamado de modelo do berço ao túmulo. Os 
recursos são extraídos, moldados em produtos, vendidos e, eventualmente, jogados 
“fora”, em algum tipo de “túmulo” como um aterro sanitário ou incinerador, mas 
a realidade é que não há o “fora” (BRAUNGART; MCDONOUGH, 2013). São os 
ciclos de vida de um produto.
8
9
Matérias-primas
ESGOTAMENTO 
DOS RECURSOS
AUMENTO DOS 
RESÍDUOS
Fabricação Distribuição Utilização Resíduos
Figura 1 – Esquema linear unidirecional da economia baseado na roda estratégica de design para a 
sustentabilidade do livro Design for sustainability: a step-by-step approach
Fonte: Adaptado de Kazazian, 2009 e Crul e Diehl, 2010
O conceito de ciclo fechado, ou do “berço ao berço”, foi explorado no livro 
Cradle to cradle: remaking the way we make things, do designer e arquiteto 
Michael Braungart e do engenheiro William McDonough (2013). Nessa publicação, 
exploram o conceito de forma mais tangível, de modo que a visão da obra Cradle 
to cradle olha para dois ciclos: biológico e técnico – que inclui a cadeia produtiva.
Figura 2 – Os ciclos biológico e técnico
Fonte: Braungart e McDonough, 2013
9
UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
Um ponto de vista fundamental no conceito de Cradle to cradle é que o ciclo 
de vida do produto não deve terminar quando seus materiais são simplesmente 
despejados nos sistemas naturais. Dentro do ciclo técnico, os produtos finais são 
utilizados como entradas para um novo ciclo de produção como “nutriente técnico”, 
como a embalagem, criando um metabolismo técnico semelhante ao metabolismo 
biológico da terra, podendo ser continuamente reciclado e transformado em novos 
produtos de valor igual e sem contaminar a biosfera. Tais operações de fabricação 
devem ser alimentadas integralmente por energias renováveis e maximizar a 
qualidade e eficiência da água, respeitando as pessoas e os ecossistemas. 
Além disso, os produtos podem ser projetados de modo que os materiais possam 
ser devolvidos com segurança ao ecossistema como “nutrientes biológicos”, biode-
gradando-se e construindo um solo saudável – o resíduo vira alimento para o sistema.
Com a integração da noção de circularidade e a variedade dos ritmos naturais, 
os projetistas podem perceber outra relação com o tempo e, a partir disso, elaborar 
uma estratégia que lhe permita reduzir custos em matéria, pagar menos impos-
tos, preparar-se para novas obrigações regulamentares. Assim, pode-se inovar por 
meio de inéditas estratégias de gestão e conseguir se aproximar de verdadeiros 
ecossistemas industriais sistêmicos em um modelo autônomo de produção.
Um método desenvolvido para se quantificar e futuramente reduzir o uso de 
recursos é a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Trata-se de um procedimento inte-
grado que quantifica o impacto de um produto ao longo do seu ciclo de vida, ava-
liando os aspectos ambientais e os impactos potenciais associados a um produto 
ou a uma atividade, compreendendo etapas que vão desde a retirada, da natureza, 
das matérias-primas elementares que entram no sistema produtivo – berço – à dis-
posição do produto final – túmulo.
Essa metodologia permite a todos os envolvidos na cadeia industrial de um pro-
duto a realização de mudanças pontuais, a fim de reduzir os seus impactos no meio 
ambiente. No contexto da sustentabilidade, todos os setores têm grande impor-
tância para atingir as metas desejadas. Dessa forma, o design tem também a sua 
responsabilidade e uma capacidade transformadora. 
A história das coisas – The story of stuff – é um documentário que aborda o consumo exagerado 
de bens materiais, e o consequente impacto negativo causado no meio ambiente. Apresentan-
do Annie Leonard, The story of stuff mostra de uma maneira didática e clara todo o processo 
que vai desde a extração da matéria-prima, confecção do produto, venda, compra e falsa ideia 
de necessidade, até o momento de descarte e poluição. Colocando em debate o mal que esses 
resíduos tóxicos causam não apenas ao meio ambiente, mas também à saúde da população 
em geral. Com uma boa dose de humor, o documentário questiona os nossos valores, os pa-
drões sociais de consumo impostos pela mídia e grandes empresas, levando-nos a questionar 
sobre os nossos costumes e a maneira como consumimos e encaramos a preservação do nosso 
planeta. Qual é o nosso papel na Terra, o que estamos fazendo para melhorar? Assista ao docu-
mentário em: https://youtu.be/9GorqroigqM e repense os seus valores!
Ex
pl
or
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Integração de Requisitos 
Ambientais ao Design
O ecodesign, cuja primeira definição foi dada pelo designer Victor Papanek, 
participa de um processo que tem por consequência tornar a economia mais “leve”. 
Chamado também de ecoconcepção, trata-se de uma abordagem que consiste em 
reduzir os impactos de um produto, ao mesmo tempo que conserva a sua qualidade 
de uso – funcionalidade e desempenho –, melhorando a qualidade de vida dos 
usuários. Nessa abordagem, o meio ambiente é tão importante quanto a execução 
técnica, o controle de custos ou a demanda do mercado.
Na busca da melhor solução, o criador seleciona e articula ações sobre todo o 
ciclo de vida do produto, integrando o conjunto dos impactos ambientais. O ecode-
sign é uma abordagem global que exige uma nova maneira de conceber, prevendo 
o futuro do produto para reduzir o impacto ambiental portodo o ciclo de vida.
O produto em si, vendido como elemento independente é uma ilusão. Levar 
um produto para o mercado exige, além de tudo, infraestrutura e uma quantidade 
imensa de outros produtos para a sua fabricação, transporte e utilização.
Metodologia de Design Orientada
por Critérios Ecológicos
Por sua própria natureza holística, o design apenas pode existir em projetos 
integrados, uma vez que considera todos os aspectos do ciclo de vida do produto. 
Deve estar presente em todas as etapas do projeto, desde o seu início – e não 
apenas como um elemento acessório –, primeiramente, prevendo-se o futuro do 
produto para reduzir o impacto ambiental por todo o ciclo de vida: fabricação, uso, 
fim de vida. 
Ademais, existem três níveis gerais e possíveis de interferência dentro dos ciclos 
técnicos de produto:
1. Otimização para diminuir os impactos ambientais;
2. Modifi car o produto, mantendo a forma de uso semelhante;
3. Substituir o produto por serviço, com os mesmos benefícios.
11
UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
Figura 3 – Baseada na roda estratégica de design para a sustentabilidade 
do livro Design for sustainability: a step-by-step approach
Fonte: Adaptado de Kazazian, 2009 e Crul e Diehl, 2010
Em cada etapa do ciclo de vida é possível usar várias estratégias que resultarão 
em produtos mais sustentáveis. Vejamos algumas sugestões conforme cada etapa:
• Pré-produção:
 » Reduzir a utilização de recursos naturais e de energia;
 » Usar materiais não exauríveis – esgotáveis;
 » Usar materiais não prejudiciais – danosos e perigosos;
 » Usar materiais reciclados;
 » Usar materiais recicláveis;
 » Usar materiais renováveis.
• Produção:
 » Escolha de técnicas alternativas de produção;
 » Menos processos produtivos;
 » Pouca geração de resíduo;
 » Redução da variabilidade dos produtos;
 » Reduzir o consumo de energia;
 » Utilizar tecnologias apropriadas e limpas.
• Distribuição:
 » Escolha dos meios mais eficientes de transporte;
 » Logística eficiente;
12
13
 » Redução de peso;
 » Redução de volume.
• Uso:
 » Assegurar a estrutura do produto;
 » Aumentar a confiabilidade e durabilidade;
 » Design clássico;
 » Incentivar o uso compartilhado;
 » Escolher uma fonte de energia limpa;
 » Intensificar uso e cuidado do produto;
 » Reduzir a quantidade ou volume de materiais de consumo requeridos;
 » Tornar a manutenção e reparos mais fáceis.
• Descarte:
 » Agrupar materiais nocivos em submontagens;
 » Aumentar o ciclo de vida e as possibilidades de manutenção e reparação;
 » Concentrar materiais poluentes ou recicláveis em um mesmo módulo;
 » Converter os componentes em reposições;
 » Definir os componentes que são consumidos mais rapidamente;
 » Desenvolver o produto para a desmontagem simples e pessoal não treinado;
 » Dividir os componentes que são consumidos mais rapidamente;
 » Eliminar superfícies possíveis de desgaste;
 » Estimular a remanufatura e reforma;
 » Estimular a reutilização do produto inteiro;
 » Evitar a combinação com materiais corrosivos e perecíveis;
 » Evitar acabamentos secundários – pintura, revestimentos etc.;
 » Evitar partes e materiais que possam estragar os equipamentos;
 » Fácil acesso a partes nocivas, valiosas e reutilizáveis;
 » Facilitar a desmontagem;
 » Facilitar a reciclagem – de qualidade (“berço ao berço”);
 » Favorecer o uso do monomaterial;
 » Identificar os componentes para facilitar a desmontagem e reciclagem;
 » Minimizar elementos de fixação;
 » Prover fácil acesso aos pontos de separação, quebra ou corte, incluindo sinal 
no ponto de quebra;
13
UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
 » Remoção de partes por meios manuais e/ou automáticos;
 » Reutilizar o produto e/ou seus componentes;
 » Rotulagem para facilitar a percepção das montagens;
 » Substituir os componentes tóxicos;
 » Usar componentes padronizados;
 » Usar elementos de fixação fáceis de remover ou destruir;
 » Usar materiais compatíveis.
Os R da Sustentabilidade
Conhecidos também como os 3 R da sustentabilidade – Reduzir, Reutilizar e 
Reciclar –, tratam-se de ações práticas que visam estabelecer uma relação mais 
harmônica entre a pessoa e meio ambiente. Adotando tais práticas, é o início para 
favorecer o desenvolvimento sustentável, vejamos alguns de seus aspectos: 
• Reduzir – significa usar o mínimo necessário de materiais, sem danificar a 
qualidade técnica e de uso de um produto, economizando recursos essenciais 
como água, energia e matérias-primas na sua produção;
• Reutilizar – no início de um projeto é possível prever potenciais reutilizações de 
um produto, tornando-o multifuncional e escolhendo materiais mais duráveis. 
Reutilizando, economizamos na fabricação, assim como na energia usada, no 
combustível empregado no transporte e na matéria-prima escolhida. O ciclo 
de vida é prolongado, evitando o seu descarte imediato após o uso;
• Reciclar – é quase uma obrigação nos dias atuais e não deve ser a primeira op-
ção, afinal, o projeto deve priorizar a redução e reutilização. O primeiro passo 
é desenvolver produtos monomateriais ou com materiais de fácil separação por 
tipo e qualidade. Ademais, os produtos recicláveis devem ser encaminhados 
para empresas ou cooperativas de trabalhadores de reciclagem, a fim de serem 
transformados novamente em matéria-prima para voltar ao ciclo produtivo; 
• Considerar o produto como um sistema – constituído tanto por componentes 
consumíveis, quanto por peças de troca, suportes publicitários, embalagens 
utilizadas em todo o sistema;
• Priorizar a finalidade de utilização – acima de tudo, privilegiar o uso do 
produto e sua finalidade com o objetivo de sintetizar em um objeto material, 
podendo ser transformado em um serviço, iniciando uma cadeia de atores que 
colaboram em uma abordagem transversal e multidisciplinar.
14
15
A ecoconcepção, pensando em cada etapa do ciclo de vida, integra-se em uma 
abordagem responsável. Os consumidores estão cada vez mais sensíveis a iniciativas 
com o principal objetivo de redução dos seus impactos ambientais, como também 
a gestão dos resíduos em fim de vida.
Vejamos, então, alguns exemplos:
1. Embalagem Track & Field:
• Design: Dezign com Z – projeto da cápsula e display da loja;
• Produção: Track & Field, loja de Nova Iorque, Estados Unidos;
• Prêmio: III Bienal Brasileira de Design. Curitiba, PR (2010);
• Descrição: mais de mil cápsulas transparentes 
cobrem uma parede inteira da Flagship da Track 
& Field, em Manhattan. Servem simultaneamen-
te como local de estoque dos produtos da gri-
fe esportiva, display e embalagem unitária. Os 
itens são organizados por estilo, cor e tamanho 
e podem ser acessados diretamente tanto pelo 
vendedor quanto pelo cliente. A “parede” multi-
colorida integra-se ao ambiente da loja, que tem 
projeto arquitetônico de Arthur Casas. A marca 
incentiva o cliente a reutilizar a embalagem para 
guardar coisas em casa. As cápsulas, produzidas 
a partir do bioplástico Ingeo TM, foram desen-
volvidas pela Vedat (BORGES, 2010).
2. Embalagem do Matte Leão Orgânico: 
• Design: Santa Clara, São Paulo, SP;
• Produção: Coca-Cola Brasil;
• Descrição: a tinta de impressão na embalagem do chá teve a sua quantidade 
reduzida em 90% em relação à anterior – uma especificação (ou, ao menos, 
sugestão) que está no âmbito do trabalho do designer gráfico e que tem alto 
impacto ambiental. A maioria das tintas de impressão contém metais pesados 
que contaminam o solo ou inviabilizam a reciclagem; por isso, quanto menos 
tinta, melhor – desde que não atrapalhe a comunicação e identificação do 
produto. O papel é totalmente reciclado na embalagem do produto, sendo 
30% reciclado pós-consumo. As caixas de transporte são feitas com papelão 
certificado pelo Forest Stewardship Council (FSC) – Conselho de Manejo 
Florestal (BORGES, 2010).
Figura 4
Fonte: Divulgação
15
UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
Figura 5
Fonte: Divulgação3. Embalagem de ovo orgânico:
• Design: OKA Bioembalagens; 
• Produção: Fazenda da Toca;
• Descrição: a OKA Bioembalagens desenvolve projetos de embalagens feitas 
a partir de mandioca mais outras fibras naturais, deixando-as mais resistentes. 
Tudo isso permite que sirvam não apenas para seu propósito de transporte 
com segurança, mas também deem sequência ao ciclo rápido de retorno ao 
solo, servindo de alimento para os animais. Na embalagem dos ovos da Fazen-
da da Toca, a cinta com informações sobre o produto que cobre a caixa é de 
papel com sementes e que, ao serem umedecidas e plantadas, dão origem a 
um pé de manjericão.
Figura 6
Fonte: Divulgação
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4. Lemnis Lighting:
• Design: Celery Design;
• Produção: Taedda, Sengés, PR;
• Descrição: as lâmpadas consomem 90% a menos de energia se compara-
das às incandescentes, e quase a metade de energia quando confrontadas 
às Fluorescentes (CFL). Além disso, duram 35 anos – oito vezes mais que as 
fluorescentes – e não contêm mercúrio tóxico. Trata-se de um produto mais 
caro – 25 dólares –, mas a longo prazo, cada lâmpada representa a economia 
de cerca de 250 dólares para o usuário. O formato escolhido foi uma pirâmide 
truncada, que se destaca nas prateleiras e acomoda firmemente a lâmpada em 
seu interior. Tal formato é uma referência ao nome da lâmpada – Pharoz –, 
em homenagem ao farl, que foi uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. 
Encaixa-se confortavelmente nos contêineres de embarque, tornando-a uma 
boa solução de “design para a distribuição”. O papel é totalmente reciclado 
pós-consumo e o formato foi estudado para caber seis caixas em uma folha de 
impressão, a qual é dobrada e fechada sem o uso de adesivo, o que facilita a 
reciclagem (DOUGHERTY, 2011).
Figura 7
Fonte: Divulgação
17
UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
5. Árvore Generosa: 
• Design: Pedro Useche, São Paulo, SP;
• Produção: Taedda, Sengés, PR;
• Descrição: uma placa de pinus de reflorestamento 
com certificação FSC gera um mancebo-estante. O 
desafio do designer foi chegar a um projeto em que 
não houvesse sobra de material, o que conseguiu 
graças ao corte feito em usinagem em Controle Nu-
mérico Computadorizado (CNC). Por se tratar de 
um móvel de madeira maciça, pode ser utilizado por 
mais de trinta anos. Sua criação teve como inspira-
ção o livro A árvore generosa, de Shel Silverstein, 
de 1964, uma fábula sobre a relação entre um me-
nino e uma árvore. A peça chega desmontada ao 
consumidor, acompanhada do livro, de forma que 
compartilhe uma reflexão sobre sustentabilidade 
(BORGES, 2010).
6. Módulo Arco: 
• Design: Diogo Lage, Eduardo Cronemberger e Gil Guigon, Rio de Janeiro, RJ;
• Produção: Habto Design, Rio de Janeiro, RJ;
• Descrição: madeira teca com certificação FSC e revestimento de laminado de 
Politereftalato de Etileno (PET) reciclado nas cores branca ou preta – são as 
matérias-primas deste móvel que pode ser usado como mesa lateral, estante, 
mesa de centro, entre outras formas. O módulo pode ser transportado e ar-
mazenado, ocupando apenas um quinto do seu volume, o que gera economia 
de recursos e energia. A economia ocorre não apenas na entrega do produto 
da fábrica até a casa do consumidor, mas também nas mudanças de casas das 
pessoas ou no seu armazenamento quando fora de uso (BORGES, 2010).
Figura 9
Figura 8
18
19
Consumo Sustentável
Vários especialistas concordam em considerar a educação a principal ferramen-
ta para despertar a consciência ambiental. Essa proposta tende a ser mais lenta 
e ampla que as anteriores, pois além das inovações tecnológicas e das mudanças 
nas escolhas individuais de consumo, enfatiza ações coletivas e mudanças políticas, 
econômicas e institucionais para fazer com que os padrões e níveis de consumo se 
tornem mais sustentáveis.
Mais do que uma estratégia de ação a ser implementada pelos consumidores, 
consumo sustentável é uma meta a ser atingida. Poderíamos identificar seis ca-
racterísticas essenciais que devem fazer parte de qualquer estratégia de consumo 
sustentável, vejamos:
1. Faz parte de um estilo de vida sustentável em uma sociedade sustentável;
2. Contribui para a nossa capacidade de aprimoramento, enquanto indivíduos 
e sociedade;
3. Requer justiça no acesso ao capital natural, econômico e social para as 
gerações presentes e futuras;
4. O consumo material deve se tornar cada vez menos importante em relação 
a outros componentes da felicidade e da qualidade de vida;
5. É consistente com a conservação e melhoria do ambiente natural;
6. Acarreta um processo de aprendizagem, criatividade e adaptação.
Nesse cenário, preocupações mais recentes, como as mudanças climáticas e o 
esgotamento de recursos naturais, levarão mais consumidores a exigir operações 
mais responsáveis para com a sociedade e o Planeta. 
Os designers podem, em seus projetos, incluir a divulgação das ações promovidas, 
conscientizando os seus possíveis compradores, sendo uma das formas de educação 
para a sustentabilidade. 
É o design que transforma uma mercadoria formada por ingredientes e proces-
sos industriais em um produto cheio de significados, mais desejado pelo consumi-
dor. É função do designer analisar, interpretar e propor signos que solucionem as 
necessidades físicas e visuais, otimizando recursos para obter a embalagem ade-
quada, esperando, com isto, estabelecer um processo de comunicação e satisfazer 
as necessidades tanto do fabricante do produto, como do consumidor do mesmo.
19
UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
Comunicação dos Aspectos Ambientais
As declarações ambientais apresentam-se como importantes aliadas da comuni-
cação dos valores ambientais de um produto para o consumidor, pois, ao mesmo 
tempo em que valorizam o desenvolvimento do setor produtivo, convidam a socie-
dade a repensar seus hábitos de consumo; não bastasse isso, facilitam o trabalho 
do designer no momento de escolher entre um produto ou outro.
Rotulagem ambiental:
É uma ferramenta de comunicação que objetiva aumentar o interesse do consu-
midor por produtos de menor impacto, possibilitando a melhoria ambiental contí-
nua orientada pelo mercado. Esse tipo de rotulagem agrega um diferencial e, por 
isso mesmo, deve ser usado com ética e transparência para não confundir, iludir e 
tampouco distorcer conceitos de sustentabilidade.
A série de normas ISO 14001, estabelecidas pela International Organization for 
Standardization, são recomendações voltadas para a gestão ambiental nas empre-
sas. As ações de rotulagem ambiental (ISO 14020) visam criar a consciência para 
a importância dos aspectos ambientais de um produto ou serviço e uma mudança 
de comportamento do fabricante. Além de descrever os princípios gerais, a norma 
ISO regulamenta o uso dos rótulos, declarações ambientais e simbologia técnica de 
identificação de materiais, esta que integra a norma ISO 14021, criada para facilitar 
a identificação e separação dos materiais, fortalecendo a cadeia de reciclagem. Todos 
os produtos devem conter tal identificação técnica, mesmo que na prática nem todas 
as rotulações sejam enviadas para reciclagem, por não existirem processos técnicos 
ou economicamente viáveis na região em que foram descartadas.
Figura 10 – Alguns exemplos de simbologia de identificação de material
Fonte: ISO 14021
A simbologia técnica de identificação de materiais não é garantia de que tal 
material será reciclado. Assim, os símbolos devem ser empregados somente para 
a denominação do material, evitando-se a inclusão de adjetivos como reciclável, 
pois passaria a configurar rotulagem ambiental. A ausência de simbologia ou o seu 
uso incorreto pode prejudicar o processo de reciclagem de outros materiais e o 
desperdício de materiais recicláveis.
20
21
Autodeclaração ambiental com selos de certifi cação:
Os selos de certificação são quase sempre apontados como soluções para a 
divulgação de aspectos técnicos e complexos em um produto; em grande medida 
porque oferecem uma informação mais segurae confiável para o consumidor 
tomar uma decisão de consumo responsável, sem a necessidade de se tornar um 
expert em ecologia.
Conferida por uma organização certificadora idônea, após análise rigorosa dos 
seus aspectos específicos, a imagem de um selo, com destaque na embalagem de 
um produto, contribuiria para atender à tendência da mente humana de buscar 
o mínimo esforço na hora de juntar informações para uma tomada de decisão; 
funciona também como uma chancela de aprovação.
Os primeiros selos obrigatórios surgiram na Europa, na década de 1940, com 
caráter de advertência. Tinham a função de destacar a presença de substâncias 
químicas potencialmente danosas à saúde do consumidor. Atualmente, os selos 
também têm a função de enfatizar questões específicas, tais como a pegada de 
carbono, os alimentos orgânicos, a presença de transgênicos e o comércio justo. 
Figura 11 – Selos de pegadas de carbono, transgênicos e o comércio justo
Fonte: Carbon Trust (2012); Brasil (2011); Fairtrade International (2012)
Os selos podem ser divididos em atributos simples ou múltiplos. Os selos com 
atributos simples são aqueles que evidenciam uma característica ambiental do pro-
duto de forma individualizada. 
Selos com atributos múltiplos:
Diferente dos selos com atributos simples, os atributos múltiplos buscam es-
tabelecer uma visão mais integral do impacto gerado por produtos, tais como 
eficiência energética, conservação, emissão de gases de efeito estufa, otimização 
no uso de recursos, destinação final, entre outros aspectos. A gradação atribuída 
pela certificadora leva em conta uma média geral dos critérios para atribuir ou 
não o selo ao produto.
As críticas a esse tipo de selo normalmente fazem menção à baixa precisão do 
processo em virtude de trabalhar com médias ponderadas. 
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
Em comum, esses selos são independentes, dado que possuem critérios rígidos 
e avaliações contínuas. Todos desfrutam de alta credibilidade e representam um 
guia seguro para os consumidores, não sofrendo os efeitos da desconfiança que 
costuma recair sobre os selos autorreguladores, adotados sem verificação externa, 
por empresas ou segmentos empresariais.
Para assegurarem o direito de seus consumidores a produtos ambientalmente 
responsáveis, os países promotores desses selos passaram a exigir também o mes-
mo compromisso dos produtos importados como contrapartida em acordos de 
comércio internacional. Eis alguns exemplos de selos de atributos múltiplos:
Figura 12 – Selos de certificação ambiental
De forma geral, esses selos se apoiam na metodologia da ACV, contemplando 
os seguintes elementos: extração e processamento de matéria-prima; fabricação; 
transporte e distribuição; usos do produto; reutilização; manutenção; reciclagem; 
descarte final; ingredientes ou restrições a materiais utilizados e desempenho am-
biental do processo de produção.
Para comunicar, com legitimidade, ações ambientais das empresas, os selos de 
certificação fornecem pistas cognitivamente mais eficazes para os consumidores 
que dificilmente seriam capazes de identificar as informações por outros meios.
Confiabilidade dos selos:
A multiplicidade de selos pode gerar uma preocupação sobre a seriedade das 
certificadoras e a real impressão de que muitas querem apenas passar a imagem 
de sustentável, não por crença no processo de mudança, mas apenas como uma 
oportunidade de negócio.
Algumas empresas usam artifícios enganosos e declarações vagas para atrair 
consumidores. Uma forma comum de afirmação vaga é a autodeclaração ambien-
tal sem embasamento técnico ou científico que rotula a embalagem ou o produ-
to como ambientalmente benéfico ou benigno. Autodeclarações ambientais como 
“ambientalmente seguro”, “amigo do meio ambiente”, “amigo da Terra”, “não po-
luente”, “verde”, “amigo da natureza” ou “amigo da camada de ozônio” não devem 
ser utilizadas. Ademais, declarações vagas estão em todos os lugares e os atos de 
induzir o consumidor ao erro quanto às práticas ambientais de uma empresa ou os 
benefícios ambientais de um produto ou serviço são denominados greenwashing.
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23
Dito de outra forma, greenwashing é um termo utilizado para designar um 
procedimento de marketing empregado por uma organização com o objetivo de 
prover uma imagem ecologicamente responsável dos seus produtos ou serviços. Com 
o objetivo de descrever, entender e quantificar o crescimento do greenwashing no 
mercado, a consultora de marketing ambiental canadense TerraChoice desenvolveu 
uma metodologia de pesquisa em que, por meio dos padrões observados, classificou 
tais apelos falsos ou duvidosos em sete categorias, chamadas de The seven sins 
of greenwashing – Os sete pecados da rotulagem ambiental: custo ambiental 
camuflado; falta de prova; incerteza; culto a falsos rótulos; irrelevância; do “menos 
pior”; e mentira (TERRACHOICE; MARKET ANALYSIS, 2010).
Sem dúvida alguma, o fator mais importante no processo de escolha de uma 
certificação está no motivo que ampara a decisão: se o vetor é simplesmente con-
quistar o consumidor, em algum momento a falta de cuidado com os processos 
gerará ruído e colocará a reputação da marca em jogo; se, ao contrário, a intenção 
for a busca genuína pela sustentabilidade, com a devida atenção à complexidade, 
os elementos se combinarão naturalmente e levarão a empresa ao lugar ideal.
Segundo Dougherty (2011), o melhor “antídoto” contra o greenwashing é a 
transparência. A sustentabilidade não é uma noção vaga e maleável, mas específi-
ca e mensurável. A transparência ajuda os designers a elaborarem mensagens de 
significado verdadeiro e os coloca nos papéis de agentes de mudança. Os desig-
ners ajudam a simplificar, esclarecer questões complexas e educar o público sobre 
o caminho no qual as empresas estão. Assim, pode-se ajudar a construir histórias 
convincentes a partir dos planos e do verdadeiro desempenho das organizações.
Porém, se as ações de uma empresa contradizem os valores que promove, a mar-
ca é afetada. Portanto, o desenvolvimento da marca ecológica deixa as organizações 
sujeitas a acusações de greenwashing se promovem demais e atuam de menos. 
Ainda segundo Dougherty (2011), o desenvolvimento da marca pode ter três 
fatores, vejamos: 
1. A autenticidade é a medida de quanto os valores que uma empresa projeta 
se alinham bem com a realidade de suas ações;
2. A contenção é uma questão de prevenir exageros prejudiciais com preten-
sões ecológicas exageradas ou irrelevantes; 
3. O acompanhamento é uma questão de articular estratégias para cumprir 
a promessa de uma marca ecológica. O designer ajuda as empresas a fa-
zerem promessas, mas também pode colaborar na refl exão sobre formas 
de cumpri-las. 
Por fim, os designers podem ter um importante papel como mediadores na 
prevenção do greenwashing, agindo como gestores da marca e chamando a aten-
ção para as contradições antes que as críticas e notícias nocivas sejam publicadas 
(DOUGHERTY, 2011).
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Ecodesign
https://goo.gl/iW9j2i
CARBON TRUST. [Organização mundial de suporte à sustentabilidade]
http://www.carbontrust.com
ECO MARK PROGRAM. [Associação ambiental japonesa]
http://www.ecomark.jp/english
The EU Ecolabel
https://goo.gl/180hB
Der Blaue Engel
http://www.fairtrade.net
Ecologo
http://www.fairtrade.net
The international Fairtrade system
http://www.fairtrade.net
GREEN SEAL
http://www.greenseal.org
 Livros
Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos
TERRACHOICE; MARKET ANALYSIS. Greenwashing no Brasil: um estudo sobre 
os apelos ambientais nos rótulos dos produtos. Florianópolis, SC, 2010.
 Vídeos
The Story of Stuff
https://youtu.be/9GorqroigqM
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Referências
ASHBY, M.; JONHSON, K. Materiais e design: arte e Ciência da seleção de 
materiais no design de produto. Rio de Janeiro: Elsevier,2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Rótulo ambiental. 
2012. Disponível em: <http://www.abntonline.com.br/rotulo>. Acesso em: 31 
out. 2012.
______. NBR ISO 14040: gestão ambiental: avaliação do ciclo de vida: princípios 
e estrutura. Rio de Janeiro, 2009.
______. ISO/TR 14062: gestão ambiental: integração de aspectos ambientais no 
projeto e desenvolvimento do produto. Rio de Janeiro, 2004a.
______. NBR ISO 14024: rótulos e declarações ambientais: rotulagem ambiental 
do tipo l: princípios e procedimentos. Rio de Janeiro, 2004b.
______. NBR ISO 14021: rótulos e declarações ambientais: autodeclarações 
ambientais: rotulagem do tipo II. Rio de Janeiro, 2004c.
______. NBR ISO 14020: rótulos e declarações ambientais: princípios gerais. Rio 
de Janeiro, 2002.
BORGES, A. (Cur.). III Bienal Brasileira de Design. Curitiba, PR: Centro de 
Design Paraná, 2010. Disponível em: <https://www.cbd.org.br/wp-content/
uploads/2013/02/Catalogo_Bienal_2010_1.pdf>. Acesso em: 9 mar. 2018.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Ecodesign. 2011. Disponível em: <http://
www.mma.gov.br/informma/item/7654-ecodesign>. Acesso em: 31 out. 2012.
BRAUNGART, M.; MCDONOUGH, W. Cradle to cradle: criar e reciclar 
ilimitadamente. São Paulo: Gustavo Gili, 2013.
CARBON TRUST. [Organização mundial de suporte à sustentabilidade]. 2012. 
Disponível em: <http://www.carbontrust.com>. Acesso em: 31 out. 2012.
CRUL, M. R. M.; DIEHL, J. C. Design for sustainability: a step-by-step 
approach. [S.l.]: United Nations Environment Programme (Unep); Delft University 
of Technology, 2010. Disponível em: <http://www.unep.fr/scp/publications/
details.asp?id=WEB/0155/PA>. Acesso em: 8 mar. 2018.
DOUGHERTY, B. Design gráfico sustentável. São Paulo: Edições Rosari, 2011. 
ECO MARK PROGRAM. [Associação ambiental japonesa]. 2012. Disponível 
em: <http://www.ecomark.jp/english>. Acesso em: 31 out. 2012.
ECOLABEL. The EU Ecolabel. 2012. Disponível em: <http://ec.europa.eu/
environment/ecolabel>. Acesso em: 31 out. 2012.
FAIRTRADE INTERNATIONAL. Der Blaue Engel. 2012a. Disponível em: 
<http://www.fairtrade.net>. Acesso em: 31 out. 2012.
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável 
______. Ecologo. 2012b. Disponível em: <http://www.fairtrade.net>. Acesso 
em: 31 out. 2012.
GREEN SEAL. 2012. Disponível em: <http://www.greenseal.org>. Acesso em: 
31 out. 2012.
KAZAZIAN, T. Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento 
sustentável. 2. ed. São Paulo: Senac, 2009.
MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os 
requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Edusp, 2011.
TERRACHOICE; MARKET ANALYSIS. Greenwashing no Brasil: um estudo 
sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos. Florianópolis, SC, 2010.
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Design Sustentável e 
Responsabilidade Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Elisa Jorge Quartim Barbosa
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Alessandra Fabiana Cavalcanti 
Materiais
• Recursos Naturais;
• Os Rs;
• Os Resíduos Sólidos;
• Avaliação dos Impactos Ambientais;
• Comunicação;
• Desmaterialização.
 · Conhecer os principais materiais utilizados no design e seus impac-
tos na fabricação, uso e descarte.
 · Refletir sobre o consumo consciente de produtos e a interferência 
do projeto.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Materiais
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Materiais
Recursos Naturais
As etapas de produção de qualquer produto são muito diversificadas, exigindo um 
amplo leque de recursos naturais e industriais. A exploração das florestas em busca 
de madeira para transformar em papel; a extração de minerais para a produção 
de metais; a areia para a produção do vidro; e a química do petróleo para resinas 
sintéticas servem de base para boa parte dos produtos vendidos hoje.
É importante conhecer como os produtos são feitos e identificar as matérias pri-
mas utilizadas e seus possíveis impactos no meio ambiente. Na economia de hoje, 
a interdependência de vários processos torna essa identificação difícil, demandando 
uma pesquisa eficiente e profunda.
Ar e água
O ar e a água são recursos frágeis, que devem ser explorados com muita pre-
caução. A poluição dos rios, dos mares e a degradação da qualidade do ar são 
problemas graves e de grande complexidade de se encontrar soluções. Os proces-
sos industriais já incluem formas de minimizar, porém ainda estão longe de serem 
100% eficientes, pois ainda produzem produtos com projetos que não colocam 
esses recursos como prioridade.
Ar
A poluição do ar é sem dúvida um dos mais perniciosos dos problemas ligados 
à proteção ambiental. A fumaça das chaminés das fábricas e dos gases dos 
escapamentos dos carros são os problemas mais visíveis, porém dentro do processo 
industrial o uso de produtos químicos impacta o ar, podendo causar doenças 
em seus funcionários e na população ao redor. O uso massivo de solventes, por 
exemplo, serve para a limpeza de equipamentos, para a diminuição da viscosidade 
das tintas, chegando até a participar diretamente de usa produção. Os solventes 
químicos estão em todos os lugares e alguns são extremamente tóxicos, fazendo 
parte dos compostos orgânicos voláteis (COV) que quando inspirados causam 
grandes problemas à saúde. Na escolha de fornecedores, é importante identificar se 
em seu processo são usados filtros eficientes para minimizar esse tipo de impacto, 
ou que solventes à base de água.
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Água
A água, essencial para a sobrevivência humana, tornou-se um recurso crítico, e 
pouco valorizado ao longo do desenvolvimento humano. A agricultura e as indús-
trias são seus principais consumidores.
 · Falta de saneamento;
 · Falta de coleta de esgoto;
 · Terrenos impermeáveis.
Petróleo
Após a era do carvão, a economia atual se baseia na energia fornecida pelo pe-
tróleo, porém a disponibilidade desse recurso fóssil é tema de debate. Sua renova-
ção não acontece no mesmo ritmo do consumo humano, sendo, por esse motivo, 
considerado um recurso finito, colocando o mundo em ameaça por sua escassez; 
onde guerras acontecem em seu nome.
Energia
A energia é um setor econômico e ecológico estreitamente ligado. Boa parte da 
energia produzida no mundo vem da queimae de matérias-primas como o carvão 
ou o petróleo. Após a Segunda Guerra Mundial, começaram a surgir outras fontes 
de energia com o objetivo de minimizar a dependência do petróleo, e buscar outras 
fontes de energia mais limpas.
Se analisarmos o ciclo de vida de qualquer produto, a energia é atuante em todas 
as suas etapas e um dos grandes causadores do impacto ambiental.
O Brasil, como país privilegiado de recursos hídricos, tem como matriz energética 
as hidrelétricas, considerada energia limpa, por não emitir gazes poluidores. O que 
demanda grandes áreas inundadas para a contenção e a produção dessa energia, 
provocando um grande impacto no seu entorno.
As fontes de energia alternativa são aquelas que se apresentam ao uso das fontes 
tradicionais de energia (petróleo, gás natural, hídrica e carvão mineral, principal-
mente). As fontes alternativas de energias são renováveis, pouco ou não poluentes, 
além de apresentar a vantagem de ter baixos índices de agressão ambiental.
Exemplos de fontes alternativas de energia;
 · Energia eólica – gerada a partir do vento;
 · Energia solar (fotovoltaica) – gerada a partir dos raios solares;
 · Energia geotérmica – obtida a partir do calor contida nas camadas mais 
profundas da terra;
 · Energia mare motriz (das marés) – gerada a partir da energia contida nas 
ondas do mar;
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UNIDADE Materiais
 · Biomassa – obtida a partir de matéria orgânica, principalmente de origem 
vegetal como, por exemplo, a cana-de-açúcar;
 · Nuclear – gerada através do processo de fissão do núcleo do átomo de 
urânio enriquecido;
 · Biogás – obtido dos gases provenientes da decomposição de resíduos orgânicos.
Importância do uso de fontes alternativas de energia
 · Grande parte destas fontes é renovável. Essa é uma grande vantagem, pois, 
como sabemos, o petróleo um dia vai acabar e o país que ficar dependente 
desta fonte de energia poderá enfrentar sérios problemas energéticos;
 · Apresentam baixo ou nenhum índice de geração de poluição ambiental;
 · Embora sejam mais caras para implantar, o sistema de geração de energia, 
em longo prazo, é capaz de gerar economia;
 · Unidades geradoras podem ser instaladas em áreas de difícil acesso para a 
chegada de fontes tradicionais de energia;
 · Diversificação de fontes de energia alternativa tira do país a dependência 
das fontes tradicionais, que muitas vezes podem ser controladas por 
empresas estrangeiras ou outros países.
Enquanto o homem pensar em fontes de energia única, nunca será sustentável. 
Uma matriz energética diversificada, decentralizada, utilizando os recursos locais, 
sem grandes demandas de obras arquitetônicas e de engenharia, com projetos 
inovadores e criativos é o ideal para a eficiência energética do mundo, e um respiro 
para a exploração dos recursos naturais.
Madeira
Para se produzir uma tonelada de papel são necessárias até 3 (três) toneladas 
de madeira (10 a 20 árvores), aproximadamente 10 mil litros de água (mais do que 
qualquer outra atividade industrial) e 5 mil kW/hora de energia, (o quinto lugar na 
lista das atividades industriais que mais consomem energia) (IDEC,2004).
Além desses fatores, o uso de produtos químicos potencialmente tóxicos para a 
separação e o branqueamento da celulose, também, representa um risco ambien-
tal. O consumo crescente do papel, sem posterior reciclagem, constitui uma das 
atividades humanas mais impactantes ao meio ambiente em escala global.
A utilização estrita de madeira de reflorestamento, a utilização racional da água 
e energia, a aplicação reduzida do uso de cloro nos processos de fabricação e a me-
lhoria da tecnologia de reciclagem são medidas que já vêm sendo tomadas por esse 
setor industrial e que em muito contribuem para a minimização dos efeitos danosos 
do ciclo do papel.
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Os Rs
Os “Rs” foram criados, originalmente, como sendo os 3 (Reduzir, Reutilizar e 
Reciclar). Eles surgiram como resultado da Segunda Guerra Mundial. Na época, 
devido à guerra, havia escassez de materiais e a implementação da política dos 
Rs era para ajudar as empresas a lidarem com a falta de recursos. Ao fim da 
Segunda Guerra Mundial, o conceito dos 3 Rs foi se popularizando à medida que 
crescia a preocupação pelo implemento de políticas ambientais.
Com o passar do tempo e com maiores estudos sobre as questões ambientais, 
o conceito dos 3 Rs foi repensado, acreditando-se haver mais ações necessárias e 
que, juntamente com as três iniciais, aprimorariam as ações de sustentabilidade. 
Como houve mais de uma iniciativa diferente de complementar os 3 Rs, surgiram 
opções com 4, 5 e mais Rs, que incluíram diferentes palavras de acordo com a 
visão de quem os criou. Assim, não existe uma quantidade correta nem específica, 
há apenas diversas possibilidades com pontos de vista distintos e que possibilitam 
que seja feita uma opção à qual se vai seguir.
Abaixo está uma lista que reúne 12 deles com uma breve descrição de seus sig-
nificados:
 · Reduzir: diminuir o consumo, especialmente de itens descartáveis e de 
bens como água, energia e combustíveis;
 · Reutilizar: utilizar novamente o mesmo produto, tanto para o mesmo 
fi m original quanto para fi ns alternativos ao original;
 · Reciclar: reutilizar as matérias-primas dos produtos para fabricação de 
novos produtos; dá-se pela separação dos resíduos nos diferentes tipos 
de lixeiras para coleta seletiva;
 · Repensar: refl etir como você pode mudar seus atos para torná-los mais 
sustentáveis, acrescentando no seu dia a dia ações como as propostas 
pelos Rs;
 · Recusar: não consumir aquilo que você realmente não precisa, não 
comprar ou aceitar só por ter ou por “estar na moda”, mas apenas se 
houver necessidade;
 · Reparar: deve-se tentar consertar aquilo que quebrar, e somente jogar 
fora e comprar outro novo se não for possível consertá-lo;
 · Reintegrar: promover a reciclagem da matéria orgânica, o que 
normalmente é feito através de composteiras;
 · Reeducar: promover uma conscientização de como são produzidos os 
materiais consumidos e qual destino recebem, e como fazer para otimizar 
esse processo, visando à sustentabilidade;
 · Recuperar: revitalizar áreas degradadas e poluídas, conservando os 
recursos naturais do planeta, assim como a fauna e a fl ora;
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UNIDADE Materiais
 · Respeitar: prezar a si e às pessoas ao seu entorno, assim como ao meio 
ambiente, respeitando-nos de todas as maneiras possíveis;
 · Responsabilizar-se: estar ciente de seus próprios atos, e das consequências 
deles no planeta e no seu próprio futuro;
 · Repassar: transmitir essas e outras informações para outras pessoas, de 
modo a ir conscientizando cada vez mais pessoas para agirem de modo o 
menos prejudicial possível ao ambiente.
Em sua essência, esses termos ajudam o pensamento de renovação e de trans-
formação dos processos que existem hoje, podendo ser utilizado em todo o ciclo 
de vida de um produto.
Os Resíduos Sólidos
Um dos marcos legais para a gestão de resíduos sólidos no Brasil foi a publicação 
da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal no. 12.305/10) e sua regula-
mentação pelo Decreto Federal no. 7.404/10.
A PNRS dispõe sobre princípios, objetivos e instrumentos, bem como as diretrizes 
relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os 
perigosos. Além disso, determina as responsabilidades dos geradores e do poder 
público e os instrumentos econômicos aplicáveis.
Tabela 1
Resíduo Sólido Rejeito
O resíduo sólido é gerado a partir da sobra de determinado 
produto (embalagem, casca) ou processo (uso do produto), 
mas pode ser consertado, servir para outra finalidade 
(reutilização) ou até ser reciclado.
×
O rejeito é o resíduo após todas as possibilidades de 
reaproveitamento ou de reciclagem já terem sido esgotadas 
e não houver solução final para o item ou parte dele.
As únicas destinações plausíveis são encaminhá-lo para um 
aterro sanitário licenciado ambientalmente ou incineração.
Fonte: Definição da Política Nacional de Resíduos

Outros materiais