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PSICOLOGIA HOSPITALAR DE 1 À 5

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PSICOLOGIA HOSPITALAR AULAS DE 1 À 5
AULA 1 – A HISTÓRIA DA PSI HOSPITALAR NO BR
A Psicologia Hospitalar foi criada na década de 80. No início, ela recebeu o respaldo teórico da Psicologia da Saúde e da Psicologia Clínica, com o olhar voltado para o consultório, pois não havia materiais científicos que pudessem lhe dar suporte.
A partir do momento em que estudos foram publicados, e debates foram lançados, foi possível falar numa evolução desta área, ressaltando a importância do psicólogo diante do indivíduo hospitalizado e suas contribuições para a sua melhora.
Hoje, é possível encontrar uma gama de universidades que oferecem uma formação de qualidade para aqueles que querem se dedicar a esta área.
O aumento das produções científicas tem contribuído para o aprofundamento da prática e para a distribuição do conhecimento aos alunos que desenvolvem uma afinidade pela Psicologia Hospitalar ao longo da sua graduação.
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA HOSPITALAR - A Psi Hospitalar é uma área da Psicologia recente no Brasil e com grandes carências sobre as atuações do psicólogo no contexto do hospital, está em atividade há aproximadamente 36 anos. 
Esta demora se deu pelo fato de a regulamentação da profissão do psicólogo ter sido tardia também (50 anos atrás), assim como a criação do Código de Ética do psicólogo (37 anos atrás).
No início da inserção do psicólogo hospitalar, as dificuldades eram imensas quanto ao saber sobre este espaço. Mas onde pesquisar, se não existiam livros ou qualquer material que falasse sobre o assunto?
COLETÂNEA DE ANGERAMI-CAMON - Na década de 90, o psicólogo Angerami-Camon, lançou uma coletânea de materiais falando sobre esta área que é utilizada até hoje.
Nestas obras, é feita uma diferenciação entre a Psicologia Hospitalar e a Psicologia da Saúde. Esta última serve de base conceitual e teórica para a compreensão da outra.
PSICOLOGIA NO HOSPITAL - A atuação da Psicologia Hospitalar não possui uma prática clínica única a ser seguida. Alguns materiais tratam esta área aos olhos da Psicanálise, da Existencial Humanista, da Psicoterapia Breve, da Cognitivo-Comportamental, entre outros.
Mas os textos deixam bem claro que o objetivo da Psicologia no hospital não é buscar uma prática clínica direta, mas usar ferramentas que possam proporcionar o bem-estar daquele que se encontra internado.
CONCEITO DE PSI HOSPITALAR - “Conjunto de contribuições científicas, educativas e profissionais que as diferentes disciplinas psicológicas fornecem para dar melhor assistência aos pacientes no hospital”.
 “O psicólogo hospitalar reúne esses conhecimentos e técnicas para aplicá-los de maneira coordenada e sistemática, visando à melhora da assistência integral do paciente hospitalizado, sem se limitar, por isso, ao tempo específico da hospitalização”.
O INÍCIO DA PSICOLOGIA HOSPITALAR NO BRASIL - qualquer instituição deste campo precisa contar com as funções do hospital, sejam eles públicos ou privados, tais como: as funções do médico, a organização deste trabalho, o uso da tecnologia, a interpretação que é oferecida aos clientes.
A INSERÇÃO DO PSICÓLOGO NO HOSPITAL GERAL - Pensar na inserção do psicólogo no hospital geral, especificamente numa instituição pública, deve-se refletir sobre a situação do sistema público, sua organização, as possibilidades de acesso da população aos serviços, as condições em que se dão os trabalhos dos profissionais, as características sociais da população atendida. Enfim, o conhecimento e a articulação de todos os fatores envolvidos no processo saúde-doença.
Era preciso que o paciente tivesse um maior contato com a mente e com seu corpo, para assim alcançar o tratamento da queixa com maior eficiência.
Portanto, os médicos foram notando que muitas doenças não estavam localizadas no corpo. Para serem diagnosticadas, era preciso solicitar a avaliação daquele que tivesse entendimento sobre os conteúdos subjetivos, ou seja, conteúdos da mente psicológica.
NOVO OLHAR - O psicólogo, então, entrou nos hospitais no final do século XX e início do XXI com a intenção de trazer um novo olhar para a doença. Esse novo olhar percebe o paciente como um todo, e não como uma queixa específica.
Num primeiro momento, ainda sem muito conhecimento sobre o que é Psicologia Hospitalar, os psicólogos foram utilizando seus saberes clínicos e aplicando-os ao contexto do hospital. Mas nessa oportunidade, eram avaliadas as solicitações deste espaço, assim como as especificidades médicas e as diferentes abordagens em que a Psicologia precisava atuar para cada área de atuação da Medicina.
ATUAÇÃO AMPLA - Hoje, isto é muito claro de ser notado, quando se percebe que o psicólogo preparado para atuar em UTI Neonatal não terá tanto preparo se for deslocado, por exemplo, para um espaço de pós-cirúrgico adulto. 
OBS.: Apesar de este debate ser muito recente e falar-se de Psicologia Hospitalar na década de 80, os relatos de inserção do psicólogo em hospitais começam na década de 50, com Matilde Neder instalando um Serviço de Psicologia Hospitalar no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
BELLKISS WILMA ROMANO LAMOSA – Psicóloga responsável por implantar, na década de 70, o Serviço de Psicologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Isto contribuiu para marcar sua atuação e torná-la conhecida por todos os profissionais e estudantes que tenham interesse nessa área.
Ela também foi responsável pela implantação do primeiro curso de Psicologia Hospitalar na PUC de São Paulo, em 1976, o que possibilitou que muitos psicólogos compreendessem o significado dos hospitais e fossem a campo, diferenciando a Psicologia da Saúde da Psicologia Hospitalar.
ANGERAMI-CAMON & MELETI - Responsáveis por normatizar, na década de 80, o setor de Psicologia do Serviço de Oncologia Ginecológica da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência.
Isto possibilitou um olhar mais humano para os pacientes com câncer e para as mulheres em tratamento das mais diferentes doenças ginecológicas, assim como no momento do nascimento do filho.
De lá para cá, a área foi crescendo de uma maneira muito rápida e tomando espaço dos hospitais, visto que a necessidade era enorme.
DÉCADA DE 80 - Implantação do Setor de Psicologia do Serviço de Pediatria do Hospital Brigadeiro em São Paulo.
As crianças que ali estavam, careciam de uma assistência que fosse diferente dos medicamentos e fisioterapias oferecidos. Era preciso escutá-las e ajudá-las a enfrentar a doença, conforme sua capacidade cognitiva referente à idade.
Chegou um momento em que as atuações dos psicólogos hospitalares estavam dispersas. Cada um atuava em um estado do país e com as mais diferentes perspectivas e experiências. Essas poderiam ser consideradas peças-chave para a maior teorização da Psi Hospitalar.
I ENCONTRO NACIONAL DE PSICÓLOGOS DA ÁREA HOSPITALAR – Promovido por Belkiss, em 1983, no Hospital das Clínicas da USP, como forma de unir todos os psicólogos que atuavam na área hospitalar e cada um ter um espaço para expor suas experiências e assim aprimorar a atuação neste contexto da saúde.
Desde o ano 2000, a Psi Hospitalar foi reconhecida como uma especialidade pelo Conselho Federal de Psicologia.
Além disso, a fundação da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH), em 1997, vem fortalecendo a área no cenário brasileiro. A sociedade tem por objetivo ampliar o campo de conhecimento científico e promover cada vez mais o profissional que se dedica a este campo.
FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO HOSPITALAR - a Psi Hospitalar esteve relacionada por muito tempo à Psi da Saúde, à Psi Clínica e principalmente à Psicanálise, como se essas fossem as únicas maneiras de compreender o contato do psicólogo com o indivíduo hospitalizado.
A carência de debates e materiais que abordassem o assunto contribuiu para a formação de muitos profissionais em Psicologia Hospitalar com um enfoque maisclínico que, com os estudos posteriores, vieram transformar essa percepção.
“A Universidade teria que unir o máximo possível de informação em termos de mercado, da realidade, do ponto de vista social, e também ser um espaço de criação, abrindo caminhos, e não ficar à deriva dos fatos”.
MUDANÇAS NOS CURRÍCULOS - As mudanças que já podem ser vistas atualmente, são nos currículos da faculdade, que tratam da psicologia hospitalar, num viés mais específico dos setores do hospital, tais como UTIs, obstetrícia, oncologia, cirurgia bariátrica, internação infantil, emergência, entre outras, o que contribui para que os alunos saiam da graduação com um olhar amplo sobre a atuação do psicólogo hospitalar.
Hoje há diversos espaços que oferecem uma boa formação nesta área, tais como a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro; o curso de especialização da UERJ e a Pós-Graduação do Albert Einstein em São Paulo, dentre outros.
CONCLUINDO - A função da Psi Hospitalar é ensinar aos profissionais da saúde a melhor maneira de atender os mais variados perfis de pacientes que chegam ao espaço da internação.
Ela coordena as atitudes dos profissionais da saúde e administra as melhores intervenções diante dos momentos de dor e sofrimento.
O psicólogo hospitalar também visita os leitos, atende os pacientes da emergência, dão suporte às mães de recém-nascidos, ajudam a fornecer notícias de perdas familiares e ajudam os pacientes a enfrentar a doença com vigor e fé na recuperação.
Com isto, os psicólogos sobrecarregam menos os outros profissionais e conseguem acelerar o processo da alta. A escuta é considerada o caminho mais simples para a recuperação e tratamento.
CRONOLOGIA
1 1950 - Matlda Neder instala o serviço de Psicologia Hospitalar no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1954).
2 1970 - Bellkiss implanta o serviço de Psicologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Bellkiss implanta o primeiro curso de Psicologia Hospitalar na PUC de São Paulo.
3 1980 - Angermani-Camon e Marli Rosani meleti normatizam o setor de Psicologia do serviço de Oncologia Ginecológica da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência.
Implantação do setor de Psicologia do serviço de pediatria do Hospital Brigadeiro, em São Paulo. 
4 1983 - Belkiss organizar o primeiro Encontro Nacional de Psicólogos na área Hospitalar pelo Hospital das Clínicas da USP.
5 Década de 90 - Angermani-Camon lança uma coletânea de materiais falando sobre Psicologia Hospitalar.
6 1997 - Criação da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar.
7 Final do séc. XX, início do XXI - Psicólogos nos hospitais.
8 2000 - O Conselho Federal de Psicologia reconhece a Psicologia Hospitalar como especialidade.
AULA 2 - SERVIÇO DE PSICOLOGIA AMBULATORIAL EM HOSPITAL GERAL
INTRODUÇÃO - A Psi Hospitalar ainda é muito confundida como a Psi da Saúde. Ainda que a hospitalar seja uma ramificação da área da saúde, ela tem olhares e enfoques diferentes. Sua perspectiva é abordar o paciente já com uma queixa pronta, pois estar no espaço do hospital já tem um significado neste corpo e nesta mente para estar ali inserido.
A Psi da Saúde é muito ampla: ela visa trazer ao paciente uma atenção primária, secundária e terciária. Por meio da clínica, é possível prever os problemas que poderão acontecer no futuro e criar medidas para que eles não existam ou não cresçam. É possível interromper seu sofrimento antes de chegar ao estado de descontrole.
Já no ambiente hospitalar, esta queixa vem pronta, já instalada, e as únicas medidas cabíveis são a secundária e a terciária. Pode-se pensar em acabar com o problema existente ou, se este já estiver num grau muito alto de proliferação, pode-se pensar em medidas que visem combatê-lo.
Já o psicólogo hospitalar, além de atender aos pacientes, dá suporte aos familiares, à equipe de saúde e ao corpo de funcionários do hospital.
PSICOLOGIA DA SAÚDE X PSICOLOGIA HOSPITALAR - Castro e Bornholdt (2004) retratam que a Psi Hospitalar é uma nomenclatura apenas utilizada no Brasil. Nas suas experiências com o Doutorado no exterior, em nenhum dos outros países visitados percebeu-se o psicólogo nos hospitais fazendo uso desta denominação.
Apesar de, em muitos hospitais, os nomes Psi Hospitalar e Psi da Saúde serem interpretados como únicos, isto não é verdade.
PSICOLOGIA DA SAÚDE
Existe um sentido mais amplo de abordar o ser humano, nas suas mais diferentes necessidades relacionadas ao corpo e à mente. Para que haja esta atenção, utilizam-se as seguintes intervenções:
 PRIMÁRIA - Implica uma série de medidas e instrumentos que evitam a incidência da doença. Os objetivos são a promoção da saúde e a atenção específica ao problema.
Ex.: Vacinas contra a febre amarela no Brasil.
 SECUNDÁRIA - Cria uma série de medidas, no estágio inicial, que evitam a proliferação da doença.
Ex.: Em épocas chuvosas, os agentes da saúde visitam as casas para saber onde se encontram os focos do mosquito da dengue.
 TERCIÁRIA - A doença já está instalada, mas cria-se uma série de medidas para o tratamento e a recuperação daqueles que a adquiriram.
Ex.: Vírus HIV. As prefeituras distribuem os medicamentos, sem nenhum custo, para que os infectados tenham uma vida mais prolongada e com qualidade.
OBJETIVO DA PSI DA SAÚDE - “Compreender como os fatores biológicos, comportamentais e sociais influenciam na saúde e na doença”.
Outra definição mais clara e ampla para entender a Psi da Saúde foi exposta pelo Colégio Oficial de Psicólogos da Espanha:
“Disciplina ou campo de especialização da Psicologia que aplica seus princípios, técnicas e conhecimentos científicos para avaliar, diagnosticar, tratar, modificar e prevenir os problemas físicos, mentais ou qualquer outro relevante para os processos de saúde e doença”.
A Psi da Saúde é uma área muito ampla, que busca promover saúde e bem-estar a todos aqueles que têm algum problema que atormenta a mente e o corpo. Para isto, utiliza-se das ciências biomédicas, da Psicologia Clínica e da Psicologia Social Comunitária.
ÁREAS DA PSI DA SAÚDE - Conclui-se o entendimento da Psicologia da Saúde em três áreas:
1ª - Clínica: Saber receber um paciente, avaliar os sintomas, comparar os sintomas com o histórico de vida e propor a intervenção mais adequada;
 
2ª - Pesquisa: Saber produzir conhecimento e investigar mais sobre os assuntos da saúde;
3ª - Programação: Saber avaliar o caso e prever de que maneira ele poderá evoluir, de forma que medidas preventivas sejam aplicadas.
PSICOLOGIA HOSPITALAR
Definição do Conselho Federal de Psicologia: O psicólogo especialista em Psi Hospitalar tem sua função centrada nos âmbitos secundário e terciário de atenção à saúde, atuando em instituições de saúde e realizando atividades como:
Atendimento psicoterapêutico;
Grupos psicoterapêuticos;
Grupos de psicoprofilaxia;
Atendimentos em ambulatório e UTI; pronto atendimento; enfermarias em geral;
Psicomotricidade no contexto hospitalar;
Avaliação diagnóstica;
Psicodiagnóstico;
Consultoria e interconsultoria.
A literatura internacional é escassa nos materiais que retratem a realidade da Psicologia Hospitalar, pois, como já foi dito, na maioria dos outros países esta é entendida como Psicologia da Saúde.
Os autores criticam que a Psicologia, quando tratada apenas no hospital e separando-a da saúde, fica muito restrita em seus conceitos e parece separá-la das outras necessidades.
O indivíduo, quando chega a um hospital, encontra-se com a doença instalada, e não tem mais como prevenir. Portanto, entende-se que a Psi Hospitalar utiliza-se da intervenção secundária e terciária, diferentemente da Psi da Saúde, que acrescenta a este a primária.
Estar internado envolve uma demanda de rotina, de hotelaria, de relação direta como toda a equipe daquele espaço. Então, não se pode pensar em um trabalho individualizado. Os outros componentes da equipe de saúde,juntamente com o psicólogo, devem construir um diálogo único, visando à alta e à recuperação do paciente, num trabalho multidisciplinar.
Assim, o objetivo do Psicólogo Hospitalar é: melhorar a assistência integral do paciente que se encontra hospitalizado, com o controle dos sintomas que causam o mal-estar.
SEIS TAREFAS BÁSICAS DO PSICÓLOGO HOSPITALAR SEGUNDO RODRIGUEZ-MARÍN
COORDENAÇÃO - Relativa às atividades com os funcionários do hospital;
AJUDA À ADAPTAÇÃO - O psicólogo intervém na qualidade do processo de adaptação e recuperação do paciente internado;
INTERCONSULTA - Atua como consultor, ajudando outros profissionais a lidarem com o paciente;
ENLACE - Intervenção, através do delineamento e execução de programas junto com outros profissionais, para modificar ou instalar comportamentos adequados dos pacientes;
FUNÇÃO ASSISTENCIAL DIRETA - Atua diretamente com o paciente;
GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS - Para aprimorar os serviços dos profissionais da organização.
O AMBULATÓRIO E A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR - O ambulatório é o espaço dentro do hospital que atende as mais diferentes queixas ali instaladas, tais como crise renal, problemas de pele, enxaquecas, dor no estômago, entre outras.
Por muito tempo, os hospitais públicos e particulares não contratavam médicos das mais diferentes especialidades para atenderem no ambulatório. Apenas um médico, geralmente clínico geral, desempenhava o papel de todos os outros médicos.
O AMBULATÓRIO E A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR - Com o passar do tempo, as queixas dos ambulatórios foram aumentando e a demanda também. Para atender a essas solicitações foi preciso especificar mais o atendimento.
Com este propósito é que hospitais começaram a oferecer concursos e vagas para as especialidades médicas. Se isto tem funcionado ou não em alguns espaços, isto cai em outro tipo de reflexão. A nossa, aqui, é saber o objetivo dessas contratações mais específicas e o trabalho da equipe multidisciplinar.
Contratar médicos especialistas ainda não foi suficiente para atender as demandas das queixas desses pacientes. Muitos chegavam com dores aparentes, mas sem um diagnóstico preciso pela Medicina. Outros apresentavam problemas psiquiátricos, ou queixas psíquicas, entre outros problemas.
Viu-se então a necessidade de implantar o psicólogo nos plantões dos laboratórios que seriam responsáveis por fazer as avaliações psicológicas e encaminhar esses pacientes aos serviços adequados, tais como: psicodiagnóstico, clínica psiquiátrica, psicoterapia, ente outros.
INTERDISCIPLINARIDADE - A proposta da inserção do psicólogo nos ambulatórios teve o enfoque na multidisciplinaridade pela necessidade de haver mais profissionais atendendo um mesmo caso, e não necessariamente o compartilhamento das ideias entre eles.
A interdisciplinaridade também é muito comum entre os hospitais, pois um paciente que foi acidentado e atendido por um ortopedista e que precisa de fisioterapia no leito precisa de um trabalho que esteja em comum acordo entre as profissões.
Existem também aqueles casos em que os livros apontam várias condutas diante um caso de saúde. Para que o profissional tenha certeza sobre o melhor trabalho a ser realizado, é preciso debater com seus colegas.
Por exemplo, em um caso de autismo, num primeiro momento, é necessário o uso da Psicoterapia ou apenas da Terapia Ocupacional? Isto deve ser resolvido entre os profissionais que entendem do caso.
Apesar de se saber sobre a importância da equipe multidisciplinar no tratamento dos pacientes em Hospital e Ambulatório, muitos preconceitos ainda são debatidos. Vários profissionais da saúde veem o psicólogo sem muita contribuição e sem muito valor, sendo ainda depositado todo e qualquer tipo de confiança ao tratamento nas mãos dos médicos.
Segundo Bucher, a interação na saúde:
É interdisciplinar - Quando alguns especialistas discutem entre si a situação de um paciente sobre aspectos comuns a mais de uma especialidade.
É multidisciplinar - Quando existem vários profissionais atendendo o mesmo paciente de maneira independente.
É transdisciplinar - Quando as ações são definidas e planejadas em conjunto.
BARREIRAS A SEREM VENCIDAS PELO PSICÓLOGO HOSPITALAR
- Sua diferenciação da Psicologia da Saúde;
- Seu papel no espaço hospitalar como de grande importância;
- Sua inserção na equipe multidisciplinar.
Atuação da Psicologia da Saúde - Cabe ao psicólogo clínico lidar com as defesas que o paciente está criando diante da noticia de uma doença, para não entrar em contato com a realidade que lhe causa sofrimento. É preciso fazer com ele perceba o problema, e assim, ajudá-lo no tratamento.
Atuação da Psicologia Hospitalar - Na atenção pré-cirurgia, é preciso aplicar o acolhimento e esclarecimentos sobre o espaço hospitalar, assim como as funções de cada profissional e os procedimentos que serão realizados.
AULA 3 - AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO ESPAÇO HOSPITALAR
A avaliação no hospital não é uma tarefa tão simples como no consultório. Naquele espaço, a privacidade e a individualidade são comprometidas pelos acompanhantes da enfermaria, pelos familiares e por outros profissionais da saúde, o que dificulta a escuta e a obtenção de informações sobre o caso.
No hospital, o psicólogo deve proporcionar um local de acolhimento, sem invadir ainda mais o espaço do doente que se encontra no leito, aproximando a cadeira dele e doando-se para a escuta. (Esta escuta deve ser ativa – deve ter uma conduta nas perguntas,pois o tempo é curto, devido à grande demanda do hospital para o atendimento diário).
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PISCICÓLOGO (Agosto, 2005)
Procedimento do psicólogo no hospital - Em um primeiro momento, deve-se criar medidas para a quebra de gelo.
Depois, é o momento de permitir que o paciente fale e de observar seus comportamentos.
Por fim, explicar quais foram os pontos mais importantes expostos por ele.
No preenchimento do prontuário devem conter apenas as informações importantes para a compreensão sobre a doença, não se atenuando a detalhes muito pessoais e que venham a romper com o sigilo.
O hospital, por sua vez, deve guardar esses prontuários em lugares altamente seguros e sigilosos.  Mesmo após a alta do paciente, estes documentos devem permanecer ali por 20 anos.
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO ESPAÇO HOSPITALAR – Esta tem sido uma área de grande curiosidade por outros especialistas. O encantamento está frente aos instrumentos utilizados para se chegar a uma conclusão sobre a mente e o comportamento humano.
Mas, para que esta seja diferenciada do senso comum, o Conselho Federal de Psicologia, frequentemente, avalia as ferramentas e as autoriza como fidedignas ou não. As técnicas são:
 Testes psicológicos		 Entrevista aberta, fechada ou semidirigida
 Questionários		 Inventários
No espaço hospitalar, estas técnicas ficam mais restritas, pois o lugar do quarto ou da enfermaria muitas das vezes não tem privacidade, limitando alguns tipos de avaliação.
A avaliação psicológica no espaço do hospital é bem diferente do psicodiagnóstico na clínica. Este utiliza-se de testes psicológicos para se chegar à interpretação da queixa do paciente.
ENTREVISTA PSICOLÓGICA NO HOSPITAL - As ferramentas são o olhar clínico e a entrevista, pois o tempo de internação muitas das vezes é muito curto ou longo demais, e o espaço físico não proporciona atendimento clínico.
A atuação do psicólogo hospitalar muitas vezes é multidisciplinar, e outras vezes, transdisciplinar (o paciente é atendido por vários profissionais que se comunicam entre si).
No hospital, a entrevista psicológica não tem a mesma privacidade de um consultório, pois na sua maioria ela é realizada ao lado do leito onde o paciente se encontra:
 Em um quarto particular, há limitações, como invasão de outros profissionais da saúde, dos familiares, de visitantes, ente outros;
 Em uma enfermaria, esta entrevista se torna ainda mais invasiva, pois o espaço é compartilhado por outraspessoas e a privacidade também é invadida.
ESTRATÉGIAS USADAS PELO PSICÓLOGO
PASSAR CONFIANÇA AO PACIENTE - Para minimizar esta falta de privacidade, é preciso usar estratégias que passem confiança ao paciente.
Algumas medidas que facilitam o processo de avaliação:
Aproximar a cadeira do leito,
Falar em um tom baixo,
Começar com perguntas descontraídas e menos invasivas 
A proposta da escuta é trazer um trabalho mais humanizado, onde haja um espaço para as queixas que vão além da doença, mas que envolvam questões intrigantes ao internado. Este momento não deve ser forçado: os conteúdos devem ser abordados conforme o ritmo do paciente, pois falar da doença pode potencializar o sofrimento em alguns casos e em outros pode minimizar.
Então, é preciso deixar que o outro construa uma confiança, e mediante este andamento, o psicólogo vai percebendo onde pode intervir.
ESCUTA ATIVA - Tem o valor terapêutico da escuta, valorizando a expressão e o vínculo com o paciente, percebendo se neste momento ele precisa falar e desabafar, ou se necessita de uma atitude mais ativa, com perguntas e intervenções que facilitem as colocações do paciente de suas dificuldades e de sua compreensão sobre a doença.
A habilidade do psicólogo hospitalar está em avaliar quais perguntas serão cabíveis àquela situação, e decidir qual é o momento de olhar, de escutar e de falar.
Para isso, é preciso conversar com a equipe de saúde, antes de se colocar nos leitos. Faz-se necessário escutar os conteúdos e experiências da enfermagem, dos médicos, fisioterapeutas e nutricionistas sobre aquele paciente, para facilitar a condução da avaliação.
ENTENDENDO OS SINAIS DO PACIENTE - Deve-se respeitar o momento do paciente de não querer falar ou expor alguma inquietação para o psicólogo. Para isso, é muito importante esclarecer com precisão sobre a doença e explicar os termos técnicos.
Se alguma dúvida surgir, é muito importante afirmar para o paciente que esta será esclarecida num encontro posterior. Neste momento, a linguagem verbal e não verbal devem ser analisadas, a fim se obter uma medida sobre o sofrimento do paciente.
O silêncio, o choro, a risada, os gestos, a inquietação, o olhar, todos esses comportamentos e sentimentos têm significados no momento da escuta. Estes sinais servem de pistas para as próximas entrevistas ou encontros que serão realizados.
Serão informações valiosas para o diagnóstico clínico, para a intervenção do médico e de toda a equipe de saúde, pois é a partir desses dados que as intervenções serão feitas com precisão. Caso contrário, servirão apenas os resultados dos exames clínicos.
CASO SOBRE A DIFERENÇA DO DIAGNÓSTICO MÉDICO PARA O PSICOLÓGICO - “O médico, quando se debruça sobre o paciente, posicionando o estetoscópio sobre o seu peito em busca de informações sobre o funcionamento do coração, já está passando ao paciente a sensação de que é cuidado, tratado mesmo, e isso faz com que ele se sinta melhor. Há mesmo quem veja neste gesto a recriação simbólica de um cordão umbilical ligando médico e paciente, com tudo de nutritivo que isso possa ter.
Quando um psicólogo entrevista um paciente pela primeira vez, procurando diagnosticar sua forma de reação à doença, ao mesmo tempo já está oferecendo ao paciente uma escuta que permite ao paciente elaborar sua doença por meio da fala, o que por si só produz efeitos terapêuticos. Não existe um ato que seja exclusivamente diagnóstico, e todo encontro comporta possibilidades terapêuticas”.
Num primeiro momento, é preciso apresentar-se ao paciente, esclarecer seu papel dentro do hospital e dizer em quais momentos ele poderá solicitar sua ajuda.
Depois, vem a hora de deixar o paciente falar, e então, estimulá-lo com uma pergunta prazerosa, como por exemplo: “Você é casado ou solteiro?”; "Tem filhos?”, ou elogiar a roupa ou o cabelo. Isto é muito importante para “quebrar o gelo” frente a uma “figura estranha” e que carrega o estigma de que “cuida de loucos”.
Na hora em que o paciente estiver falando, é imprescindível estar atento à comunicação não verbal, como: negação, enganação, falta de percepção, reconhecimento, risadas, perguntas inadequadas, críticas, evitação para falar de si, entre outros sinais.
ESTABELECENDO A CONFIANÇA - Para que o paciente se sinta seguro sobre os conteúdos que ali são expostos, é importante esclarecer sobre o sigilo e afirmar que os conteúdos importantes serão transmitidos ao médico se isto implicar na sua melhora. Caso contrário, as informações ficarão entre ele e o psicólogo.
Todas estas informações não são possíveis em um único contato, até porque o tempo é curto. Neste primeiro momento, é muito difícil que o paciente estabeleça uma relação de confiança com o psicólogo. Por isso, é importante, caso o tempo de internação permita, voltar a este espaço mais duas vezes.
Ao final de toda e qualquer entrevista, faz-se necessário que o psicólogo forneça um resumo ao paciente sobre o que foi relatado e o que ele entendeu sobre os conteúdos expostos. Assim, o paciente terá maior confiança no psicólogo, pois foi escutado perfeitamente e saberá que os conteúdos ficaram registrados.
TIPOS DE CONTRATO QUE O PSICÓLOGO PODE ESTABELECER COM OS HOSPITAIS QUANTO AO ATENDIMENTO PRESTADO 
ATENDIMENTO INTEGRAL DA CLIENTELA - Viável em internação de menor porte ou junto a especialidades médicas que atendem um número limitado de indivíduos.
Possibilita fazer uma triagem de todos os pacientes, tendo em vista a seleção, pelo psicólogo, dos casos que apresentam demanda de assistência psicológica durante o período de hospitalização.
ATENDIMENTO PARCIAL DA CLIENTELA - Útil em unidades de internação de médio ou grande porte.
Seleciona a parcela dos hospitalizados para os quais o psicólogo julga ser prioritário o atendimento.
Ex.: O médico e os enfermeiros definem se os pacientes da enfermaria com problemas ortopédicos devem passar pelo atendimento psicológico.
ATENDIMENTO PARCIAL DA CLIENTELA, SEGUNDO CRITÉRIOS DE SELEÇÃO ESTABELECIDOS PELA EQUIPE - Em grandes enfermarias e com um número heterogêneo de pacientes, este tipo de hospital prevê que a assistência psicológica seja prestada apenas para aqueles considerados mais necessitados.
REGISTRANDO OS ATENDIMENTOS PSICOLÓGICOS - Todos os atendimentos psicológicos devem ser registrados no prontuário hospitalar do paciente até a sua conclusão naquele espaço.
Algumas condições para avaliar o estado do paciente na enfermaria:
Condição psíquica atual do paciente;
Correlação entre o estado psíquico atual e sua situação médica condição emocional prévia (estrutura e dinâmica de personalidade);
Situação psicossocial e ambiental.
Após todo e qualquer fechamento de atendimento na enfermaria, é preciso que alguns questionamentos sejam respondidos:
Existe uma real demanda de atendimento pela equipe de Psicologia voltada para o paciente e seus familiares? 
A demanda detectada é compatível com o que foi especificado no pedido de consulta formal? 
Há demanda da equipe implicada na problemática emocional do paciente? 
Qual o estado emocional do paciente e seus familiares, considerando a situação da doença e tratamento? Qual o grau de comprometimento emocional observado? 
De que maneira antecedentes psicossociais, pessoais ou familiares podem interferir no atual estado emocional do paciente? 
Qual a influência das condições ambientais relativas à hospitalização no desencadeamento ou maximização de reações emocionais desadaptativas? 
Há necessidade – como conduta primária ou subsidiária ao acompanhamento psicológico – de avaliação psiquiátrica (adoção de medicação com ação psicoativa)? 
Quais os focos e objetivos a ser contemplados na proposição de condutas, considerando o fato de o paciente encontrar-se hospitalizado? 
Obs.: A avaliação psicológica no espaço hospitalar tem todo um protocolo a ser seguido, para que se obtenha êxito nos resultados. Caso contrário, torna-se apenas um diálogo.
ÉTICA NO PREENCHIMENTODOS PRONTUÁRIOS
Quanto ao Sigilo - Artigo 9º - "É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional."
Os prontuários no hospital se colocam como um meio de comunicação entre os profissionais da saúde para que todos entendam o estado físico e emocional do paciente e deem continuidade ao tratamento dentro de uma lógica de raciocínio. 
O Hospital, por exemplo, apenas tem a guarda desses documentos, ou seja, é seu fiel depositário, com a finalidade de preservar o histórico de atendimento de cada paciente
INFORMAÇÕES QUE DEVEM SER REGISTRADAS NO PRONTUÁRIO PELO PSICÓLOGO:
Identificação do usuário/instituição; 
Avaliação de demanda e definição dos objetivos do trabalho; 
Registro da evolução dos atendimentos, de modo a permitir o conhecimento do caso e seu acompanhamento, bem como os procedimentos técnico-científicos adotados;
Registro de Encaminhamento ou Encerramento; 
Cópia de outros documentos produzidos pelo psicólogo para o usuário/instituição do serviço de psicologia prestado, que deverá ser arquivada;
Registro da data de emissão, finalidade e destinatário.
PREENCHIMENTO DOS PRONTUÁRIOS NOS HOSPITAIS - Em hospitais, a situação não é muito diferente: deve-se seguir o mesmo protocolo, para que os prontuários sejam preenchidos com rigor e ética. As informações contidas neste espaço devem ser apenas as relevantes, resguardando a confidencialidade dos detalhes e reforçar o sigilo das informações.
Estes prontuários devem ficar arquivados por um período de cinco anos, sob a responsabilidade do hospital. Mas como é área de saúde, este deve permanecer guardado durante 20 anos.
CASO
Primeiro contato - Uma paciente chamada Mariana, de 27 anos, está em sua 4ª tentativa de ser mãe. Sua gravidez é de risco, devido à pressão arterial descontrolada e anemia profunda.
A paciente relata que não conheceu o pai biológico na infância e fora criada pelo padrasto, por quem tem um enorme carinho e afinidade. 
Nega-se a entrar em contato com qualquer diagnóstico de doenças, com medo da morte. Prova disso é o relato de possuir nódulos nas mamas há quatro anos e não querer investigar, por medo de ser câncer.
Segundo contato - Quando cheguei, Mariana estava chorando. Disse: Daqui a pouco vou matar um aqui. Vou fazer uma loucura. Quando meu marido vier, vou assinar a minha alta. Ninguém diz o que está acontecendo com meu filho. Uns dizem que estou com 34 semanas.
Hoje me disseram que estou com 33. Amanhã vou estar com 32. Daqui a pouco estou com 10 meses de gravidez e não sei.
Disseram que eu estou com infecção, mas não explicaram por quê. Não sei se eu perdi líquido. Falei pra médica uma vez que a minha calcinha estava molhada, mas eu não sabia o motivo. Só o exame podia saber se eu perdi líquido.
E o meu filho? Estou com infecção e eles não fazem nada! Eles só dizem isso, que estou clinicamente normal, sem perda de líquido. Mas e esses leucócitos, o que são? Tem que saber!. Estou morrendo de medo. Eu já perdi três bebês, e todos os meus partos foram induzidos porque a dilatação não completa. Meu marido está uma pilha, pois quer muito esse filho. Neste momento, Mariana começa a chorar e demonstrar sua raiva, enquanto arruma a cama.
Terceiro contato - Mariana diz estar conformada, mas está um pouco zangada. A médica entrou no quarto e disse que está tudo bem. Deixa só acontecer alguma coisa pra eles verem – diz Mariana. 
Não vou perder mais um bebê. Eles estão esperando eu ‘empacotar’, aí vai ser tarde (risos). Infelizmente, e Deus me livre, eles esperam acontecer alguma coisa.
Pouco depois, Mariana estava rindo e brincando com a paciente ao lado (uma jovem de 16 anos, na primeira gravidez) e perguntando se tinha sentido saudades dela. Comentou uma brincadeira que fez com a médica, que fez seu exame de toque, e disse que ia “esperar para ver.
Quarto contato - Descobriu-se a razão dos leucócitos e das dores nos quadris que Mariana sentia (ela queixava-se de frequentes dores na coluna lombar, e achava que era por causa do colchão): ela tem cálculo renal.
Naquele dia, a obstetra deslocou a bolsa para induzir o parto. Rapidamente, a paciente chegou a três centímetros de dilatação. Estava andando pelo corredor quando cheguei, e disse que ficou aliviada pelo parto ter sido logo.
Depois desse dia, não vi mais Mariana, por conta de outros casos que precisei atender. Soube pelas médicas que o bebê havia nascido três dias depois da quarta consulta e Mariana o havia levado para casa dois dias depois do parto (cesariana).
Análise do caso e avaliação psi - Por meio da escuta e esclarecimentos da real situação da paciente no prontuário. No processo da entrevista hospitalar o psicólogo deve estar atento à todas as informações que o paciente traz, tanto as que dizem respeito ao estado presente, quanto as do passado. Para fazer o encaminhamento ou diagnóstico devido é preciso um olhar além da fala, dessa forma paciente e psicólogo sentem-se seguros sobre o prognóstico de quem está sendo avaliado.
AULA 4 - HUMANIZAÇÃO EM AMBIENTES MÉDICOS
A humanização hospitalar pode ser considerada uma atividade que visa um atendimento de qualidade, sem o estigma da doença. Ela procura trazer ao internado melhores condições de tratamento, atenção e suporte ao longo da sua internação.
Para isto, não basta apenas escutar: é preciso atender a demanda e investigar as necessidades. É necessário que a comunicação entre toda a equipe de saúde seja padronizada com a devida atenção.
- Sorriso, empatia, escuta, acolhimento, contato com o paciente e familiares, cumprimento com os horários de atendimento.
DEBATES DENTRO DO HOSPITAL - Muitos são os debates que têm se criado dentro dos hospitais com a visão de humanização hospitalar, mas poucos abordam as reais propostas do SUS, tais como equidade, descentralização e participação da comunidade. Veem a humanização apenas como um sorriso e aperto de mão, o que está longe das reais propostas.
Enquanto ouvidor no SUS, o psicólogo necessita escutar este paciente de forma preparada e abordá-lo com as mais diferentes técnicas propostas pela ciência psicológica, diferentemente daquelas apresentadas por outros profissionais não qualificados.
Visa estabelecer o papel de interlocutor entre as demandas do hospital e do paciente e proporcionar para este uma melhor qualidade de vida.
PRINCIPAIS CONCEITOS SOBRE HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR
HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR - “Forma de assistência que valoriza a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico e o reconhecimento dos direitos dos pacientes”.
Nos últimos anos, foi possível observar um aumento de iniciativas específicas, principalmente no que diz respeito à humanização e suas ações, como por exemplo:
 Programas de acolhimento, 		 Parto humanizado,
 Hospital Amigo da Criança, 	 Doutores da Alegria.
OBJETIVOS COMUNS - As pessoas que trabalham no espaço hospitalar são muito exigidas em relação ao trabalho que desempenham, contra erros e negligências na sua atuação. Isto porque lidam com vidas, e diante delas não pode haver desatenção e esquecimentos.
Todos os funcionários têm aquele espaço como sua sobrevivência e meio para alcançar seus objetivos pessoais. O hospital deve fazer com que as metas organizacionais vão ao encontro desses objetivos.
Toda e qualquer empresa tem objetivos, em meio a tanta competitividade. Por outro lado, aparecem os objetivos pessoais.
Objetivos
Sobrevivência e crescimento;		Redução de custos;		Manter uma boa imagem no mercado.
Lucratividade;				Participação no mercado;
Produtividade;				Alcançar novos mercados;
Qualidade nos produtos;		Alcançar novos clientes;
Objetivos Pessoais
Melhores salários;			Consideração e respeito;
Estabilidade no emprego;		Oportunidade de crescimento;
Segurança no trabalho;		Liberdade para trabalhar;
Qualidade de vida no trabalho;	Liderança liberal;
Satisfação no trabalho;Orgulho da organização.
MOTIVANDO OS FUNCIONÁRIOS - A empresa que pensa primeiro nos seus funcionários, atendendo suas necessidades, terá uma mão de obra motivada para desempenhar suas tarefas, e assim, atender os desejos organizacionais.
Dentro do espaço organizacional, as pessoas devem ser tratadas como parceiros, e não mais como “material humano”. Devem ser vistas como colaboradores agrupados em equipes, que desenvolvem metas negociadas e compartilhadas.
Os colaboradores, desta forma, passam a ter também preocupação com os resultados, com a satisfação do cliente, com a missão e a visão da empresa. Assim, cria-se uma interdependência entre colegas e equipes.
PERFIS DOS CLIENTES DOS HOSPITAIS E POSSÍVEIS ESTRATÉGIAS DE HUMANIZAÇÃO - O paciente hoje não é mais o mesmo de ontem, que via o médico como um ser dotado de saber. Hoje esse paciente pesquisa na internet seus sintomas e chega ao espaço hospitalar com uma série de queixas.
Os psicólogos hospitalares, nos seus treinamentos prestados aos profissionais da saúde, e nas suas experiências com assistência aos clientes internados, puderam traçar alguns perfis comuns de pacientes que utilizam este tipo de serviço e que foram discutidas por Taraboulsi
PERFIS
CLIENTE NERVOSO - Aquele que chega querendo ser atendido da maneira mais rápida possível, não respeitando as regras no hospital e falando com imposição.
Podemos sentir certa revolta e uma vontade de excluir este paciente do nosso convívio
- Deve-se atender com a maior calma possível, com baixo tom de voz e esclarecer todas as dúvidas que forem surgindo.
Por meio da conduta diferenciada este cliente percebe que sua atitude não condiz com o ambiente. 
CLIENTE METICULOSO - Tipo que possui dificuldades para entender os procedimentos e os assuntos narrados. 
- Deve-se utilizar de uma linguagem mais simples possível, não se aprofundando muito nos assuntos e utilizar de exemplos para que ele possa entender na prática os procedimentos que serão realizados.
CLIENTE TÍMIDO E INSEGURO - Age com poucas palavras e sem muito contato visual com as pessoas. 
- Deve-se colocar no lugar do outro, ser o menos invasivo possível, respeitar seu ritmo e movimentos e assim ir ganhando segurança e quebra de gelo.
CLIENTE DESCONFIADO - Questiona tudo e que não sente firmeza nas informações. 
- Deve-se falar firme, com clareza e detalhadamente todos os serviços prestados, sempre com maior objetividade possível.
CLIENTE IRÔNICO - Tenta derrubar ou inibir o profissional por meio das descrenças ao tratamento. 
- Deve-se agir o mais objetivo possível e com simplicidade, respeitando sua maneira de ser.
CLIENTE AGRESSIVO - Mal educado, carrega consigo frustrações e culpas interiores. 
- Deve-se procurar falar pouco, ser direto e o mais preciso possível.
CLIENTE SATISFEITO E ENCANTADO - O mais fácil de lidar, pois já criou confiança no serviço e nas atividades desempenhadas naquele espaço. 
- Basta alimentar seus sentimentos positivos, fornecendo-lhe mais contentamento com o espaço, maior solidariedade e carinho.
O PSICÓLOGO HOSPITALAR COMO OUVIDOR - A humanização hospitalar é um assunto muito recente na discussão nos espaços da saúde, pois muitos desses profissionais consideram este ato simples e natural. Porém, devido às queixas e inquietações dos pacientes que fazem uso desse espaço, percebe-se que muitos ainda não têm a devida compreensão sobre um atendimento humanizado.
Para começar a discutir este assunto e estimular os profissionais para esta área, no ano 2000 foi realizada a XI Conferência Nacional de Saúde, intitulada Efetivando o SUS: acesso, qualidade e humanização na atenção à saúde com controle social. No ano seguinte, foi lançada a XII Conferência Nacional de Saúde, onde foram apresentadas reflexões sobre a Ouvidoria do SUS.
O objetivo dessa Ouvidoria é criar um espaço onde os pacientes e profissionais da saúde possam expor suas necessidades, desejos e inquietações em relação ao atendimento, e que este ouvidor possa mediar o diálogo com os cargos responsáveis, tais como a diretoria, supervisão etc., proporcionando assim um atendimento de qualidade.
ATRIBUIÇÕES DA OUVIDORIA - Muitos profissionais, entretanto, não entendiam esta área como necessária e viam pouca efetividade na sua proposta.
Segundo Spink, as atribuições para a construção da Ouvidoria do SUS são:
Criar e implementar, nas três esferas de governo, um processo de escuta contínua e de interlocução entre os usuários do SUS, por intermédio de serviços telefônicos gratuitos, desenvolver ampla pesquisa para avaliar a satisfação dos usuários e dos profissionais do SUS e utilizar o instrumento da ouvidoria para fortalecer o controle social e a gestão participativa. Infelizmente, essas propostas não foram implementadas.
Segundo Spink e Matta, as medidas de humanização hospitalar devem estar respaldadas nas políticas do SUS. Elas não devem ser criadas aleatoriamente, como uma necessidade individual, mas como uma exigência coletiva dos espaços de saúde.
Os autores afirmam: “Humanizar, no sentido proposto pelo Ministério da Saúde, é mais que reorganizar os espaços sanitários, é reorganizar os processos de trabalho, formar e qualificar trabalhadores, garantir os direitos e a cidadania dos usuários por meio do controle e da participação popular, é instituir práticas fundadas na integralidade”.
AS OUVIDORIAS DEVEM RESPEITAR OS SEGUINTES PRINCÍPIOS DO SUS
Universalidade: As ouvidorias devem estar estruturadas de modo a atender, gratuitamente, as demandas de todo cidadão;
Integralidade: As demandas dos usuários devem receber atenção em todas as fases do processo, a saber: recebimento, encaminhamento, acompanhamento e resolutividade;
Equidade: As ouvidorias devem desenvolver estratégias de acolhimento que permitam o atendimento de todas as demandas recebidas;
Descentralização: Implantar as ouvidorias nas secretárias estaduais, municipais e nos serviços de saúde, com a definição das competências de cada uma;
Regionalização: Disponibilizar ouvidorias em cada região sanitária, seja em cidades polo, seja em distritos sanitários;
Hierarquização: As ouvidorias devem seguir a mesma lógica hierárquica do SUS, considerando as necessidades regionais.
Participação da comunidade: As ouvidorias devem garantir às comunidades o recebimento.
O PSICÓLOGO NO SUS - Vamos supor que um paciente marca uma consulta para as 9h com o oftalmologista, e o médico chega apenas às 11h. Se o atraso não for justificado, cabe ao ouvidor verificar o que aconteceu e registrar esse acontecimento no caderno de queixas.
Esta questão deve ser levada à direção, pois este paciente deve ser atendido, conforme a distribuição dos horários no local. Para que este atendimento seja de qualidade, a Ouvidoria deve:
Ter uma estrutura na qual a pessoa responsável tenha respaldo institucional, e não só da direção. Que a comunidade toda assuma a Ouvidoria como um projeto institucional e a reclamação como uma questão eminentemente social, e não apenas individual. Isto porque as reclamações apontam relações sociais muitas vezes imperceptíveis aos olhos de quem vive as experiências.
Agindo dessa forma, as Ouvidorias hospitalares amplificariam a voz dos usuários, propiciando uma melhoria da qualidade de atendimento nessas instituições.
IMPASSES PARA A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO - A atuação do psicólogo como profissional de peso e responsabilidade no SUS ainda é muito restrita e passa por dois impasses:
O primeiro seria a tradição da formação em Psicologia no Brasil, calcada em um modelo clássico de clínica, liberal, privada, curativa e individual, inspirado na clínica médica;
O segundo, a porta de entrada preferencial dos profissionais contratados na rede pública na saúde mental, na esteira do movimento da reforma psiquiátrica.
Percebe-se que, apesar de haver um movimento de inserção do psicólogo nas redes públicas, este ainda é chamado apenas para tratar dos problemas que são claramente de ordem mental.
Não se vê aindaa importância que este profissional tem para tornar o espaço da doença mais acolhedor e mais humano, no atendimento, no espaço físico e na comunicação e a relação interpessoal.
CASO - Minha mãe e eu passamos momentos difíceis no hospital. Encontramos muitas pessoas especiais, que nos ajudaram a superar estes momentos. Entretanto, algumas pessoas são mais especiais que outras.
Nunca vou me esquecer de um rapaz que não me conhece e, numa manhã fria, quando eu estava extremamente preocupada e cansada, sem mais nem menos, ofereceu-me um café e ele mesmo foi prepará-lo.
Isso não faz parte da sua função aqui no Hospital do Coração. Não é atitude inerente a sua função, mas é atitude inerente a quem se preocupa com os outros, como só as pessoas de coragem sabem fazer.
Vocês não fazem ideia do quanto aquele café me fez bem, do que quis dizer naquele momento! Como eu lhe disse: “Sua mãe deve ter muito orgulho de você”. Para mim, seu gesto tornou-se símbolo de atendimento e de pessoas que encontramos aqui.
Não foi fácil passar pelo que passamos – e ainda estamos passando –, mas foi uma verdadeira bênção ter encontrado um lugar como este e pessoas como o mensageiro Bruno para nos ajudar e superar esta fase e vencer esta batalha. Muito, muito obrigada!
Desenvolva apontamentos de humanização hospitalar e relacione-os com os conteúdos aprendidos nesta aula:
Acolhimento, escuta, ir além da queixa, oferecer simples gestos de ajuda e empatia.
AULA 5 - PSICOSSOMÁTICA NO CONTEXTO DA SAÚDE
A psicossomática é uma doença obscura e sem características aparentes. O paciente chega ao hospital queixando-se de dor, mal-estar e incômodo pelo corpo, mas os exames não comprovam nenhum problema orgânico. Quando isto acontece, é preciso estar atento aos problemas emocionais.
O médico, na atualidade, deve ter um pensamento interdisciplinar, ou seja, buscar ajuda quando seus conhecimentos não são suficientes para trazer um fechamento sobre a doença do paciente. Neste momento, é preciso pedir o apoio do psicólogo, para que o diagnóstico seja realizado de maneira precisa e para que o paciente se sinta seguro quanto ao tratamento.
Para uma boa anamnese, é preciso estar atento a todos os fatores trazidos pela queixa do paciente. É preciso investigar com cuidado o contexto social sobre o qual o paciente encontra-se inserido, assim como a estrutura familiar. Isto ajuda na alta do paciente e contribui para o encaminhamento ao profissional de saúde de maneira correta, de forma que ele continue em tratamento e encontre o equilíbrio mente/ corpo.
Hipócrates, no século V aC, já relacionava mente e corpo, por meio do estudo da psicofísica.
Apesar deste pensamento de Hipócrates, da doença vista de uma maneira totalizada, ainda havia filósofos que pensavam na doença como algo apenas biológico, como se a doença tivesse duas formas independentes de ser visualizada, chamada de dualista.
Características da Medicina segundo Hipócrates
Tem por objeto a pessoa doente em sua totalidade;
Leva em conta o temperamento da pessoa e sua história;
A doença é vista como uma reação global da pessoa a um distúrbio (interno ou externo), envolvendo corpo e espírito;
A terapêutica deve estabelecer a harmonia da pessoa com seu ambiente e consigo mesma;
Trata-se de uma Medicina integradora e dinâmica, que corresponde aos primórdios da moderna Medicina psicossomática.
PSICOSSOMÁTICA - Segundo Angerami-Camon é a ciência que estuda como o fato corporal está integrado no fato psíquico, que está integrado no fato relacional ambiental.
Seu objeto de estudo é considerado como os mecanismos de interação entre as dimensões mental e corporal da pessoa.
SOMATIZAÇÃO - Faz parte do processo da psicossomática e experimenta e comunica distúrbios e sintomas não explicados pelos achados patológicos, atribuindo-os a doenças físicas e procurando ajuda médica para eles.
Ela explica, geralmente, o estresse psicossocial, acarretado por situações de vida.
Quando há presença por longo tempo (meses ou anos) de queixas frequentes de sintomatologia física, mas não conseguindo serem explicadas por nenhuma patologia orgânica [Ex.: Conversão na forma da histeria - tenta resolver o problema, mas não consegue, deixando dessa forma que ele tome lugar dos sistemas neuromusculares voluntários (paralisia) ou perceptivo (anestesia)], trata-se de somatização.
Geralmente, essas pessoas possuem uma dificuldade de manter vínculos com os médicos (Ex.: Na hipocondria, elas podem desenvolver transtorno somatoforme). 
O profissional que deseja estar atento aos transtornos somatoformes deve escutar tanto os fatores objetivos quanto os subjetivos no momento do discurso do paciente com a queixa.
Existem diversos tipos de somatização no espaço do hospital e da clínica. Eles podem ser divididos em:
HIPOCONDRIAS - Os indivíduos ficam atentos ao próprio corpo e vivenciam como doentes.
DNV – DISTÚRBIOS NEUROVEGETATIVOS - Engloba transtornos de ansiedade e ajustamento.
OBS.: Fatores psicológicos exercem papéis em determinadas doenças, mas não em todos.
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE - Para diagnosticar um paciente no espaço hospitalar ou de atendimento médico com doença psicossomática, é preciso ter conhecimento sobre os critérios de normalidade, expostos por Dalgalorrondo (2000), conforme apresentados a seguir.
Alguns desses critérios são aplicáveis ao contexto social, outros ao contexto do consultório e outros ao do hospital. Isto vai depender do atendimento que é prestado.
NORMALIDADE COMO AUSÊNCIA DE DOENÇA – Interpreta o indivíduo de acordo com o que ele não possui. Perguntas feitas em exames admissionais.
NORMALIDADE IDEAL – Utopia do indivíduo sadio e evoluído. Indivíduos adaptados às normas morais e políticas de determinada sociedade.
NORMALIDADE ESTATÍSTICA – Normal é aquilo que se observa com maior frequência. Ex.: peso, altura, tensão arterial etc.; família com transtorno alimentar tem interpretação diferente sobre comportamento alimentar, em comparação àquela que não tem esse tipo de transtorno.
Obs.: Nem todos os fenômenos que são frequentes são normais, como por exemplo, depressão, cárie, uso de álcool.
NORMALIDADE COMO BEM-ESTAR – Bem-estar físico, mental e social. É uma utopia, pois parte da subjetividade.
NORMALIDADE FUNCIONAL – Considerada até o momento que faz parte das funções do indivíduo e que não causa sofrimento.
NORMALIDADE COMO PROCESSO – Mudanças, conflitos e perturbações fazem parte do processo de amadurecimento.
NORMALIDADE SUBJETIVA – Interpretação própria sobre sua saúde. Ex.: pessoas maníacas sentem-se bem, mas possuem transtorno mental grave.
NORMALIDADE COMO LIBERDADE – Transitar no mundo com liberdade e senso de realidade.
NORMALIDADE OPERACIONAL – Trabalha a partir de critérios, com o que é normal e com o que é patológico, por meio de manuais.
PSICOSSOMÁTICA NO CONTEXTO SOCIAL - Para entender a queixa de um paciente, é preciso que o processo de anamnese seja realizado com completa compreensão dos fatores, como história de vida, cultura, religião, economia, politica, meios de comunicação etc.
O contexto no qual a pessoa está inserida influencia muito para que os transtornos somatoformes surjam.
Por exemplo: uma família onde os pais têm queixa frequente de doenças, sem causas aparentes, mas com enorme obsessão de idas ao médico. É bem provável que isto influencie a percepção dos filhos sobre o seu próprio corpo e estado de saúde.
ATENDIMENTO MÉDICO VOLTADO PARA A PSICOSSOMÁTICA - Quando o médico ou psicólogo trabalha na emergência do hospital ou no serviço ambulatorial, é preciso estar atento aos conteúdos que vão além da queixa direta.
Alguns desses fatores são definidos por Angerami-Camon como:
Encontro e vínculo.
Baixa tensão no atendimento, para que a escuta esteja focada na queixa do paciente.
Escutar profundamente todo o conteúdo trazido.
Estar atento aos dados objetivos e subjetivos.
Não desprezar detalhes.
Não julgar o paciente quantoaos conteúdos narrados.
Empenho em ajudar.
Compromisso ético com a profissão.
Pesquisa e compreensão dos limites pessoais e dos conflitos (intra e interpessoais) do paciente. Identificação dos focos intelectuais e afetivos desencadeadores de tensão emocional.
Ampliação dos limites intelectuais. Transmitir a comunicação com conteúdo adequado ao conhecimento do paciente sobre o diagnóstico.
Percepção e reflexão de sentimentos relativos à doença.
PENSANDO O PROBLEMA - Muitos pacientes questionam: Como este médico me diz que estou com problema emocional se meu estômago dói tanto?
Diante de uma situação assim, o psicólogo hospitalar deve conversar, conscientizar o paciente sobre o problema psicossomático e esclarecer as formas de tratamento.
Segundo Angerami-Camon, o atendimento psicossomático favorece maior eficiência de diagnóstico e um alívio mais consistente do sofrimento do paciente, revertendo a somatização.
Ele frequentemente começa a sentir-se satisfeito desde os primeiros atendimentos, quando suas demandas implícitas são detectadas e passam a receber a devida atenção.
A Psicologia da Saúde tem sido considerada como um campo de trabalho da Psicologia que nasce para dar resposta a uma demanda sociossanitária.
Os psicólogos da saúde, procedentes em sua maioria da Psicologia Clínica, da Medicina Comportamental e da Psicologia Social (no Brasil, da Psicologia Clínica e Social e na formação em Medicina psicossomática), estão adaptando seus enquadres e técnicas a um novo campo de aplicação, que integra os aportes provenientes de suas fontes.
No adoecimento somático, o corpo é a grande referência do sujeito que sofre. A enfermidade que se apresenta ao analista, muitas vezes previamente nomeada pelo saber médico, coloca-se como ponto de estofo, regulando a vida e os pensamentos do paciente, atormentando-o.
CASO - De acordo com os critérios de normalidade, leia as frases e identifique qual está presente em cada exemplo:
Subjetiva
Operacional 
Ideal e liberdade
Estatística
Subjetiva
Funcional
Operacional
Ausência de doença
Ausência de doença
Estatística
Maria se nomeia como uma pessoa depressiva e compulsiva.
Paulo foi diagnosticado como tendo transtorno bipolar, segundo o Manual DSMIV.
O diretor do Hospital X é totalmente honesto com seus funcionários.
A população de Santo Antônio de Pádua tem alto índice da doença chamada câncer.
Pessoas que nascem em famílias com histórico de pressão alta têm maior propensão para ter problemas cardíacos.
Joana é determinada como uma pessoa ansiosa e extremamente estressada.
O psiquiatra disse que Letícia tem síndrome do pânico e a encaminhou para tratamento.
João tem diabetes, mas consegue trabalhar e praticar suas atividades com tranquilidade.
De acordo com o exame clínico e o exame de sangue, não foi diagnosticada nenhuma anormalidade.
 No momento em que Flávio foi admitido para trabalhar como enfermeiro de um hospital, a partir da entrevista elaborada, percebeu-se que ele é uma pessoa saudável e não demonstra nenhum tipo de problema orgânico.
Operacional Ideal e liberdade Estatística Operacional Ausência de doença	
Subjetiva Ausência de doença Funcional Subjetiva Estatística

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