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Caso concreto 04 Prática Simulada III Prática Penal

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Prática Simulada III Prática Penal – Beatriz Abraão 
Semana – 18/03/2019 - Caso Concreto 04 
 
Jorge, com 21 anos de idade, em um bar com outros amigos, conheceu Analisa, linda jovem, 
por quem se encantou. Após um bate-papo informal e trocarem beijos, decidiram ir para um 
local mais reservado. Nesse local trocaram carícias, e Analisa, de forma voluntária, praticou 
sexo oral e vaginal com Jorge. Depois da noite juntos, ambos foram para suas residências, 
tendo antes trocado telefones e contatos nas redes sociais. No dia seguinte, Jorge, ao 
acessar a página de Analisa na rede social, descobre que, apesar da aparência adulta, esta 
possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo Jorge ficado em choque com essa 
constatação. O seu medo foi corroborado com a chegada da notícia, em sua residência, da 
denúncia movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de Analisa, ao 
descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial, narrando o fato. Por Analisa ser 
inimputável e contar, à época dos fatos, com 13 (treze) anos de idade, o Ministério Público 
Estadual denunciou Jorge pela prática de dois crimes de estupro de vulnerável, previsto no 
artigo 217- A, na forma do artigo69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de 
cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o 
reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo61, II, alínea l, 
do CP.O processo teve início e prosseguimento na XX Vara Criminal da cidade de Curitiba, no 
Estado do Paraná, local de residência do réu. Jorge, por ser réu primário, ter bons 
antecedentes e residência fixa, respondeu ao processo em liberdade. Na audiência de 
instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua primeira noite, mas que tinha 
o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos. As testemunhas 
de acusação afirmaram que não viram os fatos e que não sabiam das fugas de Ana para sair 
com as amigas. As testemunhas de defesa, amigos de Jorge, disseram que o comportamento 
e a vestimenta da Analisa eram incompatíveis com uma menina de 13 (treze) anos e que 
qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14 (quatorze) anos, e que Jorge não 
estava embriagado quando conheceu Analisa. O réu, em seu interrogatório, disse que se 
interessou por Analisa, por ser muito bonita e por estar bem vestida. Disse que não 
perguntou a sua idade, pois acreditou que no local somente pudessem frequentar pessoas 
maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que praticaram o sexo oral e vaginal na mesma 
oportunidade, de forma espontânea e voluntária por ambos. A prova pericial atestou que a 
menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o primeiro da vítima, 
pois a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual. O Ministério Público pugnou pela 
condenação de Jorge nos termos da denúncia. 
A defesa de Jorge foi intimada no dia 24 de abril de 2014 (quinta-feira). Com base somente 
nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, 
redija a peça cabível, no último dia do prazo, excluindo a possibilidade de impetração de 
Habeas Corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. 
 
Resposta: 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .... VARA CRIMINAL DA COMARCA 
DE CURITIBA DA CIDADE DO PARANÁ – PR. 
 
 
 
 
Processo n° …. 
 
 
 
 Jorge, já qualificado nos autos em epigrafe, que lhe move a justiça Pública, por seu 
advogado infra assinado, com fulcro no Art. 403, § 3º (ou 404, p único) do CPP, vem perante 
a V. Exa. Apresentar suas. 
 
ALEGAÇÕES FINAIS EM FORMA DE MOMORIAL 
 
I - DOS FATOS 
Trata-se de ação penal promovida pelo Ministério Público em face do acusado, 
tendo-lhe sido imputada a prática do delito tipificado no Art. 217-A, na forma do Art. 69 
ambos do código penal, bem como o reconhecimento do agravante do estado de 
embriaguez, prevista no Art. 61, II, alínea L do CP, narra a exordial que o acusado Jorge, em 
dia não sabia, assim, também como o ano, estava localizado em um bar com seus amigos, 
onde conheceu Analisa, uma linda jovem, que logo em seguida, após realizarem diversas 
conversas trocaram beijos que posteriormente em local diverso daquele praticaram 
conjunção de forma voluntária por parte de Analisa, a suporta vitima no presente caso. 
 
 
II – DA INSTRUÇÃO CRIMINAL 
 Finda a instrução criminal, onde foram colhidos os depoimentos da vitima e das 
testemunhas de acusação. A primeira testemunha a ser ouvida em sede judicial foi a suposta 
vítima que salientou que fugir de casa para sair com as amigas, seria uma prática costumeira 
e que inclusive aquela seria sua primeira noite. 
Já a segunda testemunha, testemunha de acusação, não presenciou os fatos e que inclusive 
não sabia que Analisa teria com prática costumeira fugir de casa para sair com as amigas. 
A terceira testemunha, as testemunhas de defesa, amigos de Jorge, salientaram que a 
vestimenta da vitima não conheciam com sua idade, aparentando ser maior e que inclusive o 
local era para maiores de 18 anos por este motivo a verificação em saber se a vitima era 
menor, seria de difícil entendimento. Ademais confirmaram que Jorge não estava sobre o 
efeito de bebida, não configurando assim estado de embriaguez por parte do suposto 
acusado. 
 
DA ABSOLVIÇÃO DO ACUSADO PELA ATIPICIDADE E DA ENEXISTENCIA DE MODALIDADE 
CULPOSA COM RELAÇÃO A PRESENTE IMPUTAÇÃO CRIMINAL. 
 
 No que tange ao erro de tipo, tipificado no Art. 20 do CP, resta configurada pelo fato 
de que o acusado teria conhecido a suposta vitima em um bar, local sabido ser perguntado 
por pessoa maior de 18 anos. O que foi configurado aparentemente por Analisa, que 
presente local aparenta ser maior de idade pela sua vestimenta. 
 Cabe salientar também que pelo fato de suposto acusado não teve conhecimento na 
menoridade da vitima, a saber, menor de 14 anos não há que se falar também em 
modalidade culposa, configurando assim uma conduta atípica, restando assim a absolvição 
do acusado pelas imputações em seu desfavor ante o exposto, merece ser absolvido nos 
termos do Art. 386, III do Código de Processo Penal. 
 
SUBSIDIARIMENTE: EM CASO DE NÃO ACOLHIDA A TESE ABSOLUTÓRIAACIMA CITADA, 
REQUER A DEFESA O QUE SE SEGUE ABAIXO. 
O RECONHECIMENTO DO CONCERSO FORMAL ENTRE OS CRIMES PREVISTOS NO ART. 217-
A, DO CP. 
Assim constata-se que não há que se falar em crime material entre o crime tipificado 
no Art. 217-A do CP e sim condesivo formal vez que o acusado com o fim único e sem 
consentimento da menoridade relativa da vitima praticou supostamente só um crime. 
III – DA DESISTÊNCIA DO ESTADO DE EMBRIAGUEZ DO ACUSADO 
 
Não há nos autos qualquer existência de provas que possa colaborar o estado de 
embriaguez do acusado, inexistindo assim circunstancias que possam agravar a pena de 
acordo com o Art. 61, II, L do Código Penal. 
 
IV – DA FICAÇÃO DA PENA BASE MÍNIMA LEGAL 
 
Segundo o que estabelece o Art. 59 do CP, de aferição indispensável para que possa 
ser encontrada a pena base. 
 
Art. 59 - Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos 
antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, 
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, 
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, 
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984). 
I – as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites 
previstos; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativade 
liberdade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, 
por outra espécie de pena, se cabível. (Incluído pela Lei 
7.209, de 11.7.1984). 
 
Nesse diapasão, após a realização de uma análise do presente feito fica-se inexistir 
qualquer razão apta a justificar a ficção da pena acima do mínimo legal... 
Trata-se de acusado primário, bons antecedentes e residência fica, além, disso não 
foram encontradas no autor elementos negativos acerca da personalidade e conduta social 
do denunciado, devendo a pena ser fixada no mínimo legal. 
V – DA FIXAÇÃO DO REGIMOE MAIS BENEFICO AO ACUSADO 
 
Assim como as circunstancias do Art. 59 do CP são favoráveis, e não há razão que 
justifiquem a imposição de regime mais severo. 
 
VI – DO PEDIDO 
 
 Diante do exposto, requer-se: 
a) Requer a absolvição do acusado, com fulcro no artigo 386, II, do código de 
processo penal, tendo em vista à tipicidade do feito em questão a inexistência de 
dolo no suposto caso. 
b) Subsidiariamente a inexistência do concurso material e reconhecimento do 
concurso formal entre o crime previsto no Art. 217-A do CP. 
c) Da inexistência do Estado de embriaguez tipificada no Art. 65, II, L do CP. 
d) Da fixação da pena mínima legal e do regime mais benéfico ao acusado. 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
 
Rio de janeiro, 29 de abril de 2014. 
 
 
ADVOGADO 
OAB

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