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1 1. O QUE É A ESPECTROMETRIA DE MASSAS? Técnica analítica que tem como objetivo identificar, quantificar e elucidar a estrutura molecular de compostos químicos. A IUPAC define a espectrometria de massas como o estudo de sistemas pela formação de íons em fase gasosa, com o sem fragmentação, que são caracterizados por suas relações massa/carga e abundâncias relativas. O principio básico da espectrometria de massas é gerar íons a partir de compostos orgânicos é inorgânicos em função da sua massa/carga (m/z) e detectar os mesmos quantitativa ou qualitativamente considerando a sua abundância relativa e respectiva m/z. O analito pode ser ionizado termicamente por campos elétricos ou por impacto energético com elétrons, prótons ou fótons. Os íons podem ser espécies atômicas individualmente carregadas, clusters, moléculas ou seus fragmentos. As aplicações da espectrometria de massas incluem identificação e quantificação de pesticidas em amostras de água e alimentos, identificação de esteroides em atletas, detecção de metais em ppq (partes por quadrilhão), datação pela técnica do Carbono 14 e identificação, quantificação e caracterização de compostos orgânicos e biomoléculas como carboidratos, lipídios e proteínas. 1.1 O ESPECTROMETRO DE MASSAS O espectrômetro de massas consiste de uma fonte de íons, um analisador de massas e um detector os quais operam em condições de vácuo (Fig.1). Figura 1. Esquema geral de um espectrômetro de massas. Usualmente diferentes mecanismos de inserção de amostra podem ser acoplados à fonte de ionização. A transferência dos íons da pressão atmosférica à região de alto vácuo é realizado por ação de um sistema de vácuo fechado O espectrômetro opera em condições de vácuo devido a que os íons formados na fonte de íons devem atingir o detector, a distancia livre media para que um íon sofra colisão em condições 2 de pressão atmosférica é de 10-8 m e, por conseguinte é improvável que os íons atinjam o detector. Uma vez que a distância livre média é inversamente proporcional à pressão, uma redução da pressão a 10-6 torr pode incrementar a distância livre média em até 10 m, permitindo que os íons atinjam o detector. Adicionalmente o vácuo minimiza reações íon-molécula, espalhamento e neutralização de íons. Inserção da amostra A seleção para a inserção da amostra vai depender da matriz da amostra, tipo de ionização e tipo de amostra a ser inserida. Várias técnicas de ionização estão desenhadas para fazer a transferência de cargas em fase gasosa pelo que a amostra deve ser inserida em estado gasoso. Amostras líquidas ou solidas também podem ser inseridas e usualmente se utilizam sistemas de transferência de calor que incrementam a pressão de vapor para realizar a análise. Por outro lado se se trata de moléculas lábeis (que sofrem degradação a temperaturas elevadas) ou não tem suficiente pressão de vapor, a amostra pode ser ionizada na fase condensada. Alguns mecanismos de inserção da amostra incluem: -Inserção direta: com ajuda de um seringa e uma bomba de pressão que vai empurrando a amostra para dentro do espectrômetro ao mesmo tempo que retira o ar da amostra -Sondas de inserção direta: é o mecanismo mais amplamente utilizado para inserção de amostras líquidas ou sólidas. Neste caso a amostra é colocada em um tubo capilar em cuja extremidade há um sleeve aquecido. Uma vez posicionada a sonda, o sleeve é diretamente inserido na região de vácuo do espectrômetro e a temperatura do tubo capilar é aumentada a fim de favorecer a evaporação da amostra. -Cromatografia Gasosa (GC): é uma das técnicas de inserção de amostra mais amplamente utilizados em MS, na que misturas complexas de analitos são separados por cromatografia gasosa e posteriormente identificados e quantificados por MS. Resulta uma metodologia útil para análise de compostos voláteis, usualmente utilizada com ajuda de colunas capilares cujo fluxo de entrada e muito baixo e o final da coluna pode ser inserido diretamente na região de ionização do espectrômetro. -Cromatografia Liquida (LC): é uma metodologia utilizada para inserir amostras termicamente lábeis e nas quais a ionização acontece diretamente na fase condensada. -Ionização direta da amostra: algumas amostras são instáveis a altas temperaturas ou não possuem pressão de vapor significante, neste caso as amostras precisam são inseridas ao MS por ionização direta na fase condensada, estas técnicas são usadas para LC/MS e remoção por laser. Formação de ions Impacto eletrônico (Electron Ionization-EI). É a técnica de ionização mas comumente utilizada em espectrometria, especialmente utilizada para moléculas em fase gasosa, porém apresenta algumas limitações, embora os espectros que produça sejam altamente reprodutiveis, fáceis de interpretar e úteis para bibliotecas de espectros, este tipo de ionização pode causar fragmentação extensiva ocasionando a perda dos íons moleculares de vários compostos. O principio da EI consiste na inserção de uma espécie neutra à região de vácuo do espectrômetro, que é impactada por elétrons energéticos que possuem várias dezenas de electro-volts (eV) de 3 energia cinética (usualmente 70 eV), parte da energia do elétron é transferida para a espécie neutra. Se o eletron colide com a espécie netura, a quantidade de energia transferida pode causar a ejeção de um elétron de valencia da espécie neutra, tornando-o um radical catiônico chamado de íon molecular (M+• ) : M + e- ---M+• + 2 e- Por outro lado se o elétron passa proximo da molécula, a carga negativa do elétron repele e distorciona a nuvem de elétrons que rodeam a molécula. Esta distorção causa um aumento na energia cinética do elétron de rápido movimento à nuvem eletrônica, se suficiente energia é transferida a molécula expulsa um életron de valencia e forma um radical catiônico (M+•) (Fig.6): Figura 6. Processo de impacto eletrônico (Electron Ionization- EI). A- elétron ionizante se aproximando da molécula. B, C Deformação causada na nuvem eletrônica da molécula pela aproximação do elétron ionizante. D- Elétron ionizante passando através da molécula. E- nuvem eletrônica da molécula expulsando um elétron de valência e F- formação do radical catiônico. Dependendo do analito e da energia do elétron primário, íons dupla o triplamente carregados podem ser observados, em geral estes são menos abundantes: M + e- ---M2+ + 3 e- M + e- ---M3+• + 4 e- A energia de ionização pode ser definida como a quantidade mínima de energia que deve ser absorvida por um átomo ou uma molécula em seu estado eletrônico e vibracional, necessária para formar um íon por ejeção de um elétron. Usualmente a energia de ionização é denominada 4 potencial de ionização (PI) e é expressa em unidades de eV (1 eV = 96,4152206 KJ/mol). Na maioria das moléculas a energia de ionização está entre 7-15 eV. Devido a que os espectros de massas são gerados partir de várias moléculas ionizadas, o espectro é uma distribuição de produtos iônicos. Íons moleculares intactos são observados a partir de íons produzidos com pouco excesso de energia, por outro lado íons moleculares com maior energia sofrem fragmentação. A abundância de fragmentos resultantes (produtos iônicos) é determinada pela cinética das vias de fragmentação e a energia de ionização. Mudanças na energia de ionização podem causar mudanças na distribuição dos fragmentos de íons. Ionização Química (Chemical Ionization-CI). Técnica de ionização suave que produz íons com pouco excesso de energia e como resultado menos picos de fragmentação são observados no espectrode massas. Uma vez que esta técnica permite um aumento na detecção do íon molecular, resulta complementária à técnica de impacto eletrônico de 70 eV, assim esta técnica resulta útil na verificação da massa molecular de uma substância desconhecida. Na ionização química a fonte se encontra localizada em uma câmara de colisão com aberturas para a o feixe de elétrons, o gás reagente e a amostra. O gás é introduzido na câmara a uma pressão de aprox. 10 Pa o que garante pouca distância entre as moléculas do analito e as do gás (10-4 m) (Fig.7). Figura 7. Esquema da disposição da fonte de íons por ionização química O gás reagente é ionizado na câmara de colisão por um feixe de elétrons a fim de produzir uma nuvem de íons. Estes íons reagem dentro da nuvem e produzem adutos iônicos como o CH5 +, que resultam ser excelentes doadores de prótons (Fig. 8) 5 Figura 8. Ìon CH5 + Quando as moléculas do analito são introduzidas à região da fonte, os íons do gas reagente doam prótons à molécula do analito produzindo íons MH+. A energética da transferência de íons é controlada com o uso de diferentes gases reagentes. Os gases reagentes mais comuns são metano, isobutano e amônia, sendo o metano o doador de prótons mais forte com uma afinidade de prótons (PA) de 5,7 eV e para ionizações mais suaves isobutano (8,5 eV) e amônia (9,0 eV) são frequentemente usados. A tendência de uma molécula básica (B) a aceitar prótons é quantitativamente descrita pela sua PA. A fragmentação é minimizada na ionização química devido a um reduzido excesso de energia produzido na reação, isto porque os adutos iônicos possuem menos energia e são relativamente mais estáveis. Algumas reações típicas da ionização química são apresentadas a continuação: 1) Impacto eletrônico do gas reagente para formação de íons: CH4 + e - CH4 +• + 2 e- 2) Reação dos íons do gás reagente para formar adutos iônicos: CH4 +• + CH4 CH5 + + CH3 • ou CH4 +• + CH4 C2H5 + + H2 3) Reação dos íons do gás reagente com as moléculas do analito CH5 + + M CH4 + MH + C2H5 + + M C2H4 + MH + 6 Figura 9. Comparação EI e CI Métodos de ionização a pressão atmosférica (API) Métodos de ionização convencionais empregam fontes que funcionam em alto-vácuo (EI, CI, MALDI,FAB), porém existem métodos de ionização em que a fonte opera à pressão atmosférica (ESI, APCI e APPI). Estas técnicas têm sido acopladas a MS para facilitar o estudo de compostos de alto peso molecular, termo lábeis e polares. Nas técnicas API a região de alto vácuo deve ser mantida no analisador de massas e no detector. Electrospray Ionization (ESI). Técnica que transfere e ioniza analitos da fase líquida para a gasosa, permitindo analises por espectrometria de massas. Inicialmente o analito é misturado com solução, contendo eletrólito em baixa concentração (aprox. 0,5%), a solução analito-solvente segue por um capilar até o interior da câmara de ionização. Uma voltagem de 3-5 kV é aplicada entre a extremidade do capilar contida dentro da câmara de ionização e o orifício de entrada do espectrômetro. Esta diferença de potencial faz a extremidade do capilar se tornar um dos dipolos do campo elétrico gerado. Este campo geralmente de 106 V/m desestabiliza a gota formada na extremidade do capilar concentrando íons positivos. Como a solução analito-solvente esta sendo constantemente bombeada a extremidade do menisco torna-se um spray eletrolítico. Com auxilio de um gás ocorre evaporação acelerada do solvente das micro gotas oriundas do spray, diminuindo seu diâmetro e resultando em um aumento das forças eletrostáticas repulsivas, até que é atingido o limite de Rayleigh, momento em que a força da atração eletrostática se iguala à força da tensão superficial da micro gota. Quando este limite é superado acontece uma explosão de Coulomb, uma fissão da gota parental em gotículas altamente ionizadas. A repetição do evento evaporação /fissão acontecerá várias vezes em processo simultâneo durante o trajeto das micro gotas no transcurso compreendido entre a ponta do capilar e o orifício de entrada do espectrômetro (aprox. 2cm) ( Fig. 10) 7 Figura 10. Esquema do ESI Posteriormente o analito percorre o túnel de íons, sofrendo uma acelaração secundária por um campo elétrico pulsante que geralmente varia entre 4-5 kV. Estes ¨pulsos¨são responsáveis pelo percurso de pacotes iônicos do analito no espectrômetro. A necessidade de criação destes pacotes ou discretização do sinal de entrada é uma necessidade para que o detector possa interpretar o sinal. Devido a que o ESI produz íons de carga múltipla, compostos de alto peso molecular são observáveis a em regiões de baixo m/z, o que incrementa a faixa de massa que pode ser analisada, por exemplo um íon de 5000 u e carga de +10 é observado a m/z de 500 e pode ser analisado facilmente num analisador quadrupolar. Para esta técnica de ionização podem ser utilizadas duas formas de inserção de amostra: a primeira, via sistema cromatográfico de micro o nanofluxo, e o segundo, por injeção direta utilizando uma seringa acoplada a uma bomba de micro ou nanofluxo (Fig. 11). Figura 11. Formação de íons mediante a técnica de ESI. 1) formação do spray eletricamente carregado, 2) redução do tamanho da gota e 3) liberação dos íons desolvatados 8 Aplicações do ESI ESI é uma ferramenta versátil para a caracterização e sequenciamento de peptídeos e proteínas, porém pode resultar útil em outros campos como: -ESI de moléculas pequenas: analitos polares entre m/z 100-1500 são frequentemente envolvidos em análise farmacêuticos e inclusive estúdios metabólicos. Exemplo, detecção do composto funcional da droga BM 50,0341 inibidor do HIV-1 -ESI de complexos metálicos -ESI de surfactantes -Oigonucleotideos, DNAe RNA: são melhor estudados no modo negativo -Oligossacarídeos e otros compostos relacionados como glicoproteínas, gangliosideos, lipossacarideos e oligonucleotideos, requerem solventes polares e ionização suave, especialmente quando a estrutura é ramificada. ESI permite determinar massa molecular, e elucidação da estrutura. Atmospheric pressure chemical ionization (APCI). A ionização química a pressão atmosférica (APCI) é uma técnica que utiliza reações íon-molécula em fase gasosa, sob pressão atmosférica com a finalidade de ionizar o analito. É um método semelhante a CI onde os íons primários são produzidos por descarga corona em um spray do solvente. APCI é aplicado tanto para compostos polares como para compostos de baixa polaridade com peso molecular de até 1500 Da e produz íons geralmente monocarregados (APCI não é útil para compostos termolábeis). A mistura analito-solvente é inserida em um nebulizador pneumático onde é convertida em uma névoa fina por um jato de nitrogênio em alta velocidade. As gotículas são deslocadas pelo fluxo de gás para um tubo de quartzo aquecido, denominado câmara de dessolvatação/vaporização. O calor transferido para as gotas pulverizadas (entre 350oC - 450oC a fluxos entre 0,1-2mL/min ) permite a vaporização da fase móvel e do analito. As moléculas da fase móvel e do analito vaporizadas deixam esta câmara e são direcionadas para a região de descarga corona. Um potencial (3-5kV) é aplicado na extremidade da agulha de descarga corona para produzir uma corrente de descarga corona. A descarga corona forma íons-reagente mediante uma série de reações químicas entre as moléculas da fase móvel e o gas de Nitrogênio. A descarga coronasubstitui o filamento de elétrons do CI e produz N2+ e O2+ por ionização de elétrons, que são denominados de íons primários. Esses íons primários colidem com moléculas de solvente vaporizadas para formar íons secundários reativos na fase gasosa como H3O + e [(H2O)n] H + (Fig. 12 a e 12 b): 1. Formação de íons primários: e- + N2 N2 + + 2e- 2. Formação de íon secundários: N2 + + H2ON2+H2O + H20 + + H20H3O + +HO- 3. Transferência de prótons H3O + +M (M+ +H)+ + H2O 9 Descarga corona: descarga elétrica produzida pela ionização de um fluido nas redondezas de um condutor. A descarga corona é formada pela emissão de elétrons por eletrodos de alta tensão. Figura 12. A-esquema APCI e B- visão detalhada da descarga de corona e formação de íons primários e secundários 10 Atmospheric Pressure Photoionization (APPI): Experimentalmente pode se descrever a APPI como uma fonte APCI na qual a agulha de descarga corona tem sido substituída por uma lâmpada de Criptônio. Nesta técnica os íons são gerados a partir de moléculas quando estas interagem com fótons provenientes de uma fonte luminosa como a lâmpada de Kr. APPI gera íons moleculares a partir de moléculas que possuem um potencial de ionização menor que a energia do fóton da luz emitida pela fonte luminosa (aprox.10eV). Na APPI os íons são produzidos e analisados assim: 1. O capilar produz um spray da mistura analito-solvente 2. As gotas são vaporizadas por aumento de temperatura na região de vaporização 3. As moléculas do analito interagem com a luz proveniente de lâmpada de Kr e a molécula do analito M é ionizada em íon molecular se o potencial de ionização do analito é menor do que a energia do fóton hv : M + hv M++ e- 4. Na presença de solventes próticos o íon do analito pode extrair um hidrogênio para formar (M+H)+: M++S(M+H)++(S-H) 5. Os íons do analito passam através do capilar de transferência e entram ao espectrômetro para serem analisados Moléculas como esteroides, drogas e pesticidas tem potencial de ionização menor que a energia dos fótons e moléculas protonadas podem ser geradas. APPI reduz a fragmentação dos íons moleculares devido a que pouca quantidade de energia é depositada na molécula. Por outro lado moléculas de nitrogênio provenientes do sheath gas e auxiliary gas e solventes usados na LC/MS não são ionizados devido a que seu potencial de ionização é superior à energia dos fotons. O resultado é uma ionização seletiva do analito. 11 Comparação ESI, APCI e APPI ESI APCI APPI 1. Mecanismo de ionização Voltagem aplicada à ponta do capilar que conduz a mistura analito-solvente. Voltagem aplicada a uma agulha na saída do nebulizador pneumático. Interação com fótons provenientes de uma lâmpada de Kr 2. Formação de íons As moléculas são ionizadas na fase condensada por imposição de um campo elétrico externo. Íons formados por protonação Moléculas do solvente em fase gasosa são ionizadas pela descarga corona. Os íons reagentes do solvente ionizam as moléculas do analito por transferência de cargas. Íons formados por protonação Moléculas do analito em fase gasosa são ionizadas quando interagem com fótons da fonte luminosa. As moléculas só serão ionizadas se o seu potencial de ionização e inferior à energia do fóton emitido. Íons moleculares formados M+ 3. Formação do spray O spray eletrolítico é formado pela deformação da gota formada na extremidade do capilar devido à diferença de potencial e ao fluxo constante da mistura analito-solvente que é bombeado Spray formado por um nebulizador assistido pneumaticamente Spray formado por um nebulizador assistido pneumaticamente 4. Íons produzidos São produzidos íons de carga múltipla nas polaridades positiva e negativa segundo selecionado São produzidos principalmente íons monocarregados (M+H)+ ou (M-H)- dependendo da polaridade selecionada São produzidos íons do analito M+. Na presença de solvente próticos podem ser produzidos íons (M+H)+ 5. Fragmentação Alguns íons moleculares podem sofrer fragmentação devido ao excesso de energia Devido ao uso de aquecimento pode ser observada fragmentação de íons moleculares Fragmentação reduzida dos íons moleculares devido a que pouca quantidade de energia é depositada na molécula 6. Aplicações Útil no estudo de compostos polares e apolares de alto peso molecular, termolábeis. Ex. Útil no estudo de compostos de baixa polaridade , termoestáveis que no possuam elevado peso Útil no estudo de compostos apolares como esteroides, drogas e pesticidas que tem baixo 12 proteínas e peptídeos molecular potencial de ionização. 13 Matrix Assisted Laser Desorption/ Ionization (MALDI): Esta técnica se fundamenta na geração de íons em fase gasosa por desorção /ionização de uma matriz cristalina formada de pequenas moléculas voláteis. Na análise por MALDI o analito é solubilizado em uma solução de moléculas orgânicas conhecida como matriz, usualmente um ácido fraco que absorve na região de UV. Essa mistura matriz –analito é aplicada em uma placa metálica que conduz corrente elétrica. Com a evaporação do solvente ocorre a formação de um cristal (analito+matriz). A placa é introduzida na região de vácuo onde o cristal é irradiado por um laser que inicia o evento de desorção/ionização, gerando simultaneamente pacotes de íons de diferentes m/z. As moléculas são dessorvidas da placa por evaporação ocorrendo a formação de uma fase gasosa altamente energética atribuída a excitação eletrônica das moléculas da matriz ao absorver energia do laser. A formação dos íons ocorre mediante transferência de carga das moléculas da matriz para o composto. Os íons formados recebem uma alta energia cinética inicial que os impulsiona para o analisador de massas. A matriz tem um papel fundamental uma vez que absorve fortemente a energia do laser causando indiretamente a vaporização do analito. Adicionalmente a matriz serve como um doador e receptor de prótons, ionizando o analito no modo positivo ou negativo respectivamente. Algumas caraterísticas do MALDI: - Essencialmente são observados apenas íons monocarregados -Íons positivos ou negativos podem ser observados dependendo da polaridade selecionada, porém espectros de íons positivos ou negativos não são complementares. Sinais obtidos no modo negativo são usualmente menos intensos -Todas as matrizes usadas contém grupos funcionais (SH, OH ou NH) -Baixas concentrações de sais e detergentes podem ser toleradas, porém a qualidade e sensibilidade da análise pode ser ver comprometida. -É uma técnica de baixa resolução se comparada a outros métodos de ionização -A matriz pode gerar um ruído que pode interferir com a observação de picos de íons de baixo peso molecular -Existe a possibilidade de fotodegradação da amostra durante o evento de desorção/ionização Analisadores de massa Quadrupolos lineares. O quadrupolo é o analisador de massas mais utilizado em espectrometria de massas. Em um espectrômetro de massas quadrupolar o quadrupolo é responsável por filtrar os íons com base em sua relação m/z. Os íons são separados com base na estabilidade das suas trajetórias em um campo elétrico sendo este criado por oscilações elétricas criadas nos cilindros metálicos. Um analisador de massas quadrupolar consiste em quatro cilindros metálicos paralelos nos quais se aplicam uma corrente elétrica DC e um potencial RF alternante. Os íons produzidos na fonte de ionização são focalizadosao centro da região entre os quatro cilindros e atravessam o quadrupolo axialmente. Suas trajetórias serão dependentes ao campo elétrico produzido, onde apenas ions de uma particular m/z terão uma trajetória estável e chegarão ao detector, gerando 14 assim um espectro de massas. Todos os outros valores de m/z terão trajetórias instáveis e irão colidir com os cilindros ou escapar não atingindo o detector (Fig. 13) Figura 13. Esquema do analisador quadrupolar Armadilha de íons. O ion trap pode ser representado como um quadrupolo curvado sobre se mesmo de modo a formar um circuito fechado. A heste interna é reduzida para um ponto no centro da armadilha, a heste mais externa é um eletrodo circular e as hestes do topo e do fundo perfazem as tampas. Estas tampas estão eletricamente conectadas e os potenciais de AC e RF entre elas e o eletrodo em anel. O principio do funcionamento de um Ion trap esta baseado na criação de trajetórias estáveis para os íons de certa m/z enquanto que os íons indesejáveis são removidos por colisão com a parede ou por ejeção axial do trap devido à instabilidade. O ion trap difere de todos os outros espectrômetros pois opera a a altas pressões, aprox. 10-1 Pa quando para outros quadrupolos é de 10-4 Pa. A pressão de operação adequada é mantida por um fluxo contínuo de gás hélio ou gas argônio para o espectrômetro de massa. O uso deste gás tamponante esfria os íons por colisão, reduzindo as energias de rotação e vibração, de modo a que sua amplitude de deslocação aleatória sobre o eixo z é diminuída, o amortecimento dos movimentos dos íons estende a sua m/z permitindo um armazenamento e resolução eficientes (Fig. 14) 15 Figura 14. Esquema do Ion trap Tempo de voo. O analisador TOF possui uma região livre de campo elétrico e baixa pressão onde o tempo de voo dos íons pode ser utilizado para determinação da sua m/z. Os íons adentram o analisador de forma intermitente (MALDI) ou contínuo (ESI ou APCI) mas são acelerados por um pulso de energia ou extração com potencia (V) antes de voar no vácuo por uma distância definida (d). o cálculo da sua m/z é efetuado medindo o tempo de deslocamento (t) dos íons até o detector. O tempo de deslocamento é proporcional à massa dos íons (Fig. 15) Figura 15. Esquema TOF e melhora da resolução com o Reflectron Os problemas de resolução no TOF são causados principalmente por variações na energia cinética de íons de m/z igual, levando a uma dispersão no seu tempo de chegada ao detector, quando compostos são vaporizados e ionizados, os íons recebem energias cinéticas diferentes decorrentes do processo de ionização. A utilização do reflectron ou espelho de íons é um dos artifícios mais comuns na melhora da resolução das análises por TOF, a função do reflectron é melhorar a resolução do aparelho e intensificar picos, mediante duas abordagens: a primeira, extensão do curso do voo do íon, e a segunda, uma ação focalizadora do feixe de íons no detector. O reflectron possui uma série de eletrodos anelados com diâmetros internos suficientes para 16 acomodar a trajetória dos íons. Ao trafegar pelo reflectron os íons invertem sua trajetória de voo, esta inversão de percurso é realizada por um campo elétrico resultante de vários eletrodos. Em teoria os os analisadores TOF não tem imite de massa, portanto são adequados para acoplar com técnicas suaves de ionização com ESI e MALDI, que podem ionizar moléculas sem causar fragmentação. Como o TOF extrai os íons de maneira pulsada, o seu acoplamento com fontes de ionização contínua requer algumas adaptações. Uma forma de fazer isto é estocando os íons provenientes da fonte em um ion trap e liberá-los para dentro do TOF em intervalos de tempo 1.2 Espectrometria de massa em sequencia (Tandem MS-MSn) A MS/MS pode ser considerada um método envolvendo no mínimo duas etapas de análises de massas, em conjunto com um processo de dissociação ou reação química que causa uma mudança na massa ou carga do íon. Na MS/MS um ou mais estágios da análise de massas são combinados em um único experimento, cada estágio adiciona uma dimensão em temos de isolamento, seletividade ou informação estrutural. No experimento mais comum de espectrometria em tandem o primeiro analisador é usado para isolar o íon precursor, o qual sofre fragmentação para render íons fragmento e fragmentos neutros que são analisados em um segundo analisador. A fragmentação do íon precursor é realizada mediante técnicas de ativação como dissociação induzida por colisão CID, dissociação por transferência de elétrons ETD, entre outras. Existem quatro modos de varredura possíveis na MS/MS: product ion scan, precursor ion scan, neutral loss scan e Selected Reaction Monitoring (SRM) (Fig. 16) Product ion scan: um íon de determinada m/z é selecionado em MS1, fragmentado na câmara de colisão em MS2, tendo o MS3 funcionando em modo scan para obter o espectro de m/z dos íos fragmento produzidos na câmara de colisão Precursor ion scan: o espectro de m/z obtido fornece informações estruturais complementares para um determinado íon fragmento. Neste modo o MS1 funciona em modo scan numa determinada faixa do íon precursor, acontece a fragmentação em MS2 e em MS3 é selecionado somente o íon fragmento de interesse. Este modo identifica se o produto de fragmentação encontrado provém de um único ou mais precursores, confirmando estrutura, classes e/ou função química da molécula ou da mistura analisada. Os ion trap e TOF devido ao modo que operam são incapazes de realizar este tipo de análise Neutral loss: consiste na seleção de um fragmento neutro ou perda neutra e detecção de todos os fragmentos que estão relacionados com seus respectivos precursores, proporcionando a perda neutra específica. MS1 e MS3 funcionam em modo scan, onde a diferença da varredura de faixa de massa entre MS1 e MS3 é igual à perda neutra SRM: neste modo o sistema de MS/MS é otimizado para obter o máximo de sensibilidade na seleção do íon precursor em MS1, fragmentação em MS2 para que o íon fragmento de maior intensidade ou especificidade seja selecionado em MS3. No experimento SRM os dois analisadores 17 de massa são utilizados como filtros estáticos para monitorar um determinado íon fragmento de um íon precursor selecionado. O par de valores de m/z associados aos íons precursor e fragmento são denominados ¨transições¨ e podem ser escritos como (635,5>534,3). Ao contrario que em várias abordagens proteômicas, o experimento SRM não registra nenhum espectro, ao contrario o detector funciona como um dispositivo de contagem para os íons que coincidem com a transição e retornando assim valores de intensidade ao longo do tempo. No modo MRM múltiplas transições SRM podem ser medidas dentro de um mesmo experimento numa escala de tempo cromatográfica mediante rápidas alternâncias entre os pares precursor/fragmento. Figura. 16 Espectrometria de massas em tandem e seus principais modos de varredura Métodos de Fragmentação (Ativação) Collision Induced Dissociation (CID): É o método de ativação mais comumente usado nos equipamentos atuais. Consiste na colisão de um íon precursor com as moléculas de um gás inerte. Esta reação causa um aumento na energia interna do íon que induz a uma decomposição com alta probabilidade de fragmentação. A colisão do íon (com alta energia cinética) com uma espécie neutra resulta na conversão de parte da energia cinética em energia interna causando a decomposição do íon. Higher-energy induced Dissociation (HCD): é uma técnica de CID especificapara espectrometros Orbitrap na qual o processo de fragmentação acontece no C-trap Electron Transfer Dissociantion (ETD): técnica de ionização química na qual cátions são fragmentados por transferência de elétrons a estes. Proteínas ou peptídeos isolados reagem com o radical aniônico fluroanteno o que causa uma neutralização da carga levando à formação de um radical o que por sua vez induz à quebra da ligação N-Cα. ETD fragmenta randomicamente ao longo da cadeia peptídica (entanto que cadeias laterais e modificações ficam intatas) produzindo 18 principalmente fragmentos tipo z e c que complementam os ions b e y produzidos por CID constituindo assim uma técnica complementar a fim de incrementar a cobertura da sequencia. Para abordagens top-down esta técnica pode ser combinada com Proton Transfer Reaction (PTR) a fim de simplificar o espectro de proteínas intactas. 1.3 O ESPECTRO DE MASSAS O espectro de massas é uma representação bidimensional do sinal da intensidade (no eixo das ordenadas) versus m/z (no eixo das abcissas). A intensidade do pico, usualmente chamada de sinal, reflete a abundância da espécie iônica cuja respectiva razão m/z foi originada a partir da ionização do analito. A razão m/z é uma unidade adimensional , calculada a partir de m=massa do íon e z= o número de cargas. Usualmente o número de cargas elementares é 1 (z=1) e em cujo caso a escala de m/z reflete diretamente a escala de m. o valor de m foi calculado a partir da definição de unified atomic mass [u] definida como 1/12 da massa de um átomo de 12C. Usualmente o pico com a maior m/z resulta da detecção de uma molécula intacta ionizada. Esse íon molecular é frequentemente acompanhado de íons de menor m/z (íons fragmentos) que resultam da fragmentação do íon molecular. O pico mais intenso no espectro de massas é chamado de pico base (base peak) e na maioria dos casos a intensidade do pico base é normalizada a 100% (intensidade relativa) (Fig.2). Figura2. Espectro de ionização do hidrocarboneto metano (CH4). 19 O espectro de massas pode ser representado na forma de grafico de barras ou histograma em que a posição da razão m/z se define pelo seu centroide. Esta forma de apresentação do espectro significa uma redução dos dados gerados e é para picos bem resolvidos. Por outro lado se a forma e comprimento do pico (área) resultam importantes o espectro de massas é representado no modo data profile como é normalmente adquirido no espectrometro. Listas tabulares são também utilizadas para apresentar os dados de m/z e intensidade de forma mais precisa (Fig.3). Figura 3. Representação do espectro de um íon molecular. A. profile spectrum. B. Centroide e C. Tabular 1.4 Alguns conceitos importantes Massa nominal: é definida como a massa total dos isótopos estáveis de um elemento que ocorrem naturalmente. A massa nominal de um elemento é usualmente igual a massa total da massa do menor isótopo de tal elemento. A massa nominal de um íon resulta da soma das massas nominais dos elementos na sua formula empírica. Ex: a massa nominal do composto CO2 é calculada de 12u + 2x 16u=44u Massa isotópica ou massa exata: é a massa exata de um isótopo. É próxima mas não igual à massa nominal. A única exceção é o isótopo do 12C cuja massa isotópica é 12,0000 u. A massa atômica unificada [u] é definida como 1/12 da massa de um átomo de 12C a qual tem sido assignada a 12u exatamente, por convecção 1u=1,66055 x10-27 kg Massa atômica relativa (Mr): é calculada a partir da abundância e respectiva massa isotópica dos isotopos que naturalmente ocorrem de um elemento. A massa molecular relativa é calculada a partir da somatória das Mr dos elementos que contribuem na sua fórmula empírica: 20 Massa monoisotopica: massa exata do mais abundante isótopo de um elemento. A massa monoisotopica de uma molécula resulta da somatória das massas monoisotopicas dos elementos da sua fórmula empírica Íons isobáricos: íons que tem a mesma massa nominal porém diferente massa isotópica. Exemplo: os íons moleculares N2, CO e C2H4 tem a mesma massa nominal 28u, ou seja são íons isobáricos. A massa isotópica dos isótopos mais abundantes de hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio é 1,007825u, 12,0000u,14,003070u e 15,994915u, respectivamente. Usando estes valores para calcular a massa iônica o resultado é 28,00559u para N2, 27, 99437u para CO e 28, 03075u para C2H4. Precisão (Mass accuracy): é definida como a diferença entre a massa precisa medida e a massa calculada exata, pode estar dada em unidades absolutas [u] ou realtivas [ppm] Resolução: uma boa acurácia somente pode ser obtida a partir de sinais fortes, e fortes o suficiente para ficarem separadas uma da outra. A habilidade de um instrumento de realizar esta separação é conhecida como poder de resolução, e obtida da medição da largura do pico expressada em função da sua massa. O termo resolução (R) descreve essencialmente o mesmo, a razão massa de interesse m a diferença de massa delta m (largura do pico a uma fração específica da altura do pico: Figura 4. Ilustração das definições de resolução R10% e FWHM Dois picos se consideram distintos quando o vale que os separa não supera o 10% da altura da sua intensidade. Com a chegada de analisadores quadrupolares e TOF foi introduzido um outro termo full width at a half maximum (FWHM) (Fig.5): 21 Figura 5. Pico de m/z 92 em diferentes resoluções 2. High Performance (Pressure) Liquid Cromatography (HPLC) A cromatografia líquida é uma técnica analítica que se fundamenta na separação dos componentes de uma amostra em função à sua afinidade por um material ativo ou adsorvente. A separação da amostra dá-se pela migração da mesma através da fase estacionaria (FE) com ajuda de um fluído ou fase móvel (FM). Os componentes da amostra se distribuem entre as duas fases e viajam mais lentamente que a FM devido ao efeito retardante da FE. A fase móvel é descrita como um fluido que passa através da fase estacionaria em uma direção definida, pode tratar-se de um líquido, um gás, enquanto a fase estacionaria pode tratar-se de um sólido, um gel ou um líquido, se se trata de um líquido o mesmo deverá estar distribuído sobre um material sólido, o qual pode ou não contribuir ao processo de separação. As principais etapas da HPLC incluem: 1- A amostra é dissolvida em um solvente e introduzida na coluna cromatográfica preenchida com a FE 2- A FM contida no reservatório é bombeada com vazão constante e desloca os componentes da amostra através da coluna. Esses componentes se distribuem entre as duas fases de acordo com a sua afinidade. Assim substâncias com mais afinidade pela FE movem-se mais lentamente que aquelas com maior afinidade pela FM 3- Ao sair da coluna, os componentes passam por um detector que emite um sinal elétrico o qual é registrado constituindo um cromatograma Na HPLC a fase móvel é um líquido injetado a alta pressão (4 x 107 Pa) a fim de garantir um fluxo constante, e a fase estacionaria se encontra empacotada na coluna sendo capaz de suportar as altas pressões da injeção. São as forças físicas e químicas que atuam entre os solutos e as duas fases as responsáveis pela retenção dos solutos na coluna cromatográfica. A diferença na magnitude dessas forças determina a resolução e por tanto separação dos solutos individuais. As forças elementares que agem sobre as moléculas podem ser: interações de van der Waals, interações dipolo induzido, ligações de hidrogênio, interações dielétricas e interações 22 eletrostáticas. Duassituações extremas podem acontecer: na primeira todos os analitos apresentam total afinidade pela fase móvel e não interagem com a fase estacionaria, atingindo assim o detector de forma muito rápida sem que aconteça a separação. Na segunda situação todos os analitos tem total afinidade pela fase estacionaria e não interagem com a fase móvel, ficando retidos na coluna e não atingindo o detector. Na HPLC a fase móvel deve ser um solvente no qual os analitos são solúveis, na maioria das vezes a separação é feita em cromatografia de fase reversa na qual a fase móvel é mais polar do que a fase estacionaria, neste sistema os analitos mais polares eluem mais rapidamente que aqueles menos polares. Não sempre é possível realizar uma boa separação usando uma fase móvel contendo um único solvente, uma vez que uma amostra complexa pode ter componentes de diferentes polaridades, por isso misturas de solventes são usualmente utilizadas, variando a composição da fase móvel de forma controlada durante a análise. Uma separação envolvendo uma fase móvel de composição constante é denominada de eluição isocrática ou fluxo isocrático, enquanto que uma fase móvel de composição variável é chamada de eluição gradiente. Um sistema cromatográfico possui cinco componentes principais (Fig. 17): - Reservatório e sistema de bombeamento da FM -Sistema de introdução da amostra -Sistema analítico: coluna cromatográfica+termostato -Sistema de detecção: composto por um ou mais detectores -Sistema de registro e análise de dados Figura 17. Esquema de um típico sistema de HPLC 1- Reservatório e sistema de bombeamento da FM Filtro do reservatório: capta a A FM e evita que partículas obstruam a coluna cromatográfica ou danifiquem as bombas Fase móvel: deve ser de alta pureza, dissolver a amostra sem degradar seus componentes, não degradar ou decompor a FE, ter baixa viscosidade, compatível com o tipo de detector, polaridade adequada que permita a separação dos componentes Degasificador: a degasificação da FM garante vazão constante e estabilidade da linha de base. Existem vários métodos de degasificação. Ex: ultrassom, purga com hélio, vácuo, degasificador on-line 23 Bomba: tem como finalidade bombear a FM de forma constante através do sistema cromatográfico. Algumas características da bomba incluem reprodutibilidade e precisão, vazão continuada sem pulsos, vazão constate independente da pressão, operar em alta pressão e resistência à corrosão. As bombas podem ser pneumáticas, por deslocamento ou recíprocas. O bombeamento pode ser isocratico ou por gradiente. Quando isocratico a composição da fase móvel é mantida constante durante toda a análise, nesse caso utiliza-se apenas uma bomba. No caso de bombeamento por gradiente a fase móvel sofre alteração durante a análise, isso a fim de diminuir o tempo de análise e melhorar a separação dos componentes da amostra. O bombeamento por gradiente pode ocorrer a baixa pressão ou a alta pressão. No caso de bombeamento a baixa pressão utiliza-se uma única bomba e a seleção do solvente a ser utilizado é realizada mediante a válvula de múltiplas vias controladas pelo software do sistema. Já no caso do bombeamento a alta pressão cada solvente tem uma bomba específica 2- Sistema de injeção da amostra A injeção da amostra é realizada com auxílio de válvulas especiais que permitem a introdução com grande precisão de volumes pequenos. A amostra é introduzida na válvula com auxilio de uma microseringa, a injeção é efetuada pela rotação da válvula da posição ¨carga¨para a posição ¨injeção¨. A injeção da amostra pode ser feita manualmente ou mediante um amostrador automático, este último mede o volume exato a ser injetado, injeta a amostra e prepara o injetor para uma próxima amostra. Figura 18. Sistema de injeção de amostra nas posições ¨carga¨e ïnjeção¨ Para aproveitar todos os pratos da coluna o volume injetado não deverá ser superior a 1% do volume da coluna vazia, levando em consideração que: V= hπr2 V= volume em microlitros h= comprimento da coluna em mm (1mm=1000µm ; 1cm=10mm) r= radio interno da coluna em mm 3- Sistema analítico Colunas analíticas: as colunas capilares usualmente tem comprimento de 10-50 cm e i.d de 75-100 µm, sendo o tamanho da partícula da FE de aprox. 3µm. As colunas devem ser mantidas 24 termostatizadas em um forno, devido a que o tempo de retenção e a pressão dependem da temperatura. Colunas com menor diâmetro interno operam com fluxos menores e possuem mais sensibilidade. Pre-colunas (guard-columns): as colunas capilarares trap, usualmente tem um comprimento de 3-5cm e i.d de 100µm, sendo empacotadas com partículas de aprox. 5µm. Estas colunas protegem e aumentam a vida útil da coluna analítica, são do mesmo material de empacotamento da coluna analítica e são descartáveis. Fase estacionária: existem vários tipos de materiais que podem ser usados como fase estacionaria. Sólidos a base de sílica são os mais utilizados atualmente; sólidos semi-rígidos constituídos de partículas porosas de poliestireno e usados em troca iônica e exclusão molecular; sólidos não rígidos como dextrose ou agarose usados na cromatografia de exclusão. A fase estacionaria quimicamente ligada, são as FE mais importantes da cromatografia líquida, obtidas pela reação de grupos silanois da sílica com compostos contendo grupos polares ( fase norma) ou não polares (fase reversa). Na fase quimicamente ligada, a sílica gel, mediante grupamentos Si-OH, se liga fortemente a um grupo funcional que lhe confere grande estabilidade química. A cromatografia de fase ligada é subdividida em Fase Normal ou Fase Reversa de acordo com a polaridade dos grupos funcionais ligados à sílica gel. -Fase NormaL: grupos funcionais polares são ligados à matriz da sílica. A técnica em geral substitui com vantagens à cromatografia por adsorção. Os grupos funcionais comumente usados são DIOL, CYANO, AMINO. A FM utilizada para esta técnica é de baixa polaridade como hexano, clorofórmio ou acetato de etila. Algumas características da fase normal incluem: fase estacionaria polar, fase móvel apolar, solutos neutros, quanto maior a polaridade do soluto maior seu tempo de retenção e o mecanismo de retenção é por adsorção. Na cromatografia em fase normal o componente menos polar elui primeiro, devido a sua maior solubilidade na FM, aumentar a polaridade da FM tem o efeito de diminuir o tempo de retenção. -Fase Reversa: se fundamenta na separação de moléculas de acordo a sua hidrofobicidade. Os grupos funcionais ligados à base de sílica são apolares. Os analitos são atraídos para a superfície pelos seus grupos funcionais não polares. O analito mais polar elui primeiro, seguido dos outros em ordem decrescente de polaridade. Os grupos butil, octil, octadecil e fenila são os grupos funcionais mais utilizados. Algumas características da fase reversa incluem: fase estacionaria apolar, fase móvel polar como água, metanol, acetonitrila. Solutos apolares, não iônicos. Quanto menor a polaridade da FM menor o tempo de retenção. O mecanismo de retenção envolvido são interações hidrofóbicas. Esta fase estacionaria é utilizada em cromatografia também para desalinizar e concentrar moléculas de uma amostra, uma vez que sais iônicos passam através da coluna enquanto os componentes hidrofóbicos ficam retidos e concentrados na coluna até serem removidos por uma única eluição em step. 25 4- Detectores O detector é um dispositivo conectado na saída da coluna que percebe a presença de componentes e emite um sinal elétrico a ser registrado na formade pico, cuja área é proporcional à quantidade do componente analisado. Um detector ideal deve possuir as seguintes características: -Estabilidade frente a mudanças de pressão e vazão -Sensibilidade -Resposta lineal em relação à concentração do analito -Não contribuir com o alargamento do pico -Resposta rápida ao analito -Facilidade de manuseio -Não destrutivo, deve permitir coletar o eluato e ainda utilizar um segundo detector -Seletividade, habilidade de medir um composto e outro não -Reprodutibilidade Existem diversos tipos de detectores: Índice de Refração (IR): Quando um feixe de luz passa de um meio a outro, este muda de velocidade. Se o feixe atinge o segundo meio em um ângulo (ângulo de incidência) que não é perpendicular à superfície do meio a luz é refratada. Os detectores de IR usam uma luz monocromática de comprimento de onda fixo e detectam a posição do feixe de luz refratada (ângulo de refração), criando um sinal que difere do sinal da linha de base. A medição em que um meio refrata a luz é o índice de refração (IR). Uma vez o analito passa pelo detector pode acontecer uma alteração no índice de refração em relação ao valor detectado da fase móvel livre do analito, só sendo possível quando o valor do IR do analito é diferente do IR da FM. Este detector é usado quando o analito não absorve na região UV-VIS, é utilizado na análise de lipídeos, carboidratos e açúcares em geral. As desvantagens deste detector incluem, baixa sensibilidade, não permite análises por gradiente pois a mudança na concentração da FM causa mudanças no IR, a temperatura e pressão devem ser constantes, pois causam variações do IR. UV-VIS: baseiam-se na absorbância da luz pelo analito ao passar pelo detector. É um tipo de detector seletivo uma vez que só detecta analitos que absorvem no comprimento de onda em que o detector foi ajustado. É importante que a FM utilizada seja de alta pureza pois impurezas podem absorver no comprimento de onda selecionado. Os detectores UV-VIS estão compostos por uma fonte de luz (lamapadas de deutério-D2 ou tugstenio-W), um monocromador que permite selecionar o comprimento de onda, um célula de fluxo por onde passará a amostra, o detector e um processador de sinias. 26 Existem três tipos de detectores UV-VIS, os fotométricos (detectam em λ fixo), os espectrofotométricos (detectam em λ variável) e a rede de diodos ou Photodiode array PDA. Nos espectrofotométricos o comprimento de onde pode variar entre 190-800nm. Com ajuda do monocromador é selecionado o comprimento de onda desejado do feixe de luz emitido pelas lâmpadas (UV 210-380nm=lâmpada de deutério e VIS 380-800nm=lâmpada de tungstênio). O feixe de luz emitido pela lâmpada de deutério ou tungstênio incide na cela por ondem passam os componentes da amostra que absorve parte da luz dependendo de sua absortividade e concentração. A luz não absorvida é detectada pela fotomultiplicadora que amplia o sinal e o envia para um sistema de registro de dados. No caso dos PDA é possível realizar análises em diferentes comprimentos de onda simultaneamente devido ao arranjo de grande número de fotodiodos que permitem determinar o espectro de absorbância de uma amostra durante sua eluição. Eletroquímicos (DEC): medem a corrente elétrica gerada por eletrólitos eletroativos presentes na amostra. Em um processo eletroquímico um par de eletrodos é colocado na cela e um potencial é aplicado provocando uma reação de redução ou oxidação gerando uma corrente que é medida em um detector eletroquímico. A corrente gerada é proporcional à concentração do composto. Os DEC podem ser amperométricos ou coulométricos. Detector de condutividade (DC): soluções contendo componentes iônicos conduzem eletricidade. O DC mede a resistência elétrica e o valor obtido é diretamente proporcional à concentração de íon na solução. Este tipo de detector se usa especialmente em cromatografia iônica. Detector de fluorescência (DFL): Em um λ específico os átomos de uma amostra são excitados emitindo um sinal luminoso (fluorescência). A intensidade dessa luz emitida é monitorada para quantificar a concentração do analito. A maioria dos fármacos, produtos naturais, amostras clínicas e derivados do petróleo apresentam absorção fluorescente, aqueles que não apresentam ou tem baixa absorbância podem ser tratados com cloreto de dansila (DNSC), um reagente fluorogênico que reage com aminas primárias e secundárias, formando derivados fluorescentes relativamente estáveis. A reação é alcançada normalmente em pH alcalino e o reagente deve ser aplicado em excesso para garantir uma reação com todos os grupamentos amina, o coeficiente de exintação molar é de 3300. Detector de quimiluminescência (DQ):semelhante ao detector de fluorescência, mas ao invés de utilizar uma fonte de luz para excitar os átomos do analito a excitação é iniciada por uma reação química. Detector Principio Sensibilidade Aplicações Seletividade Quant. Min. detectável Inidice de Refração Mudança no IR da FM -sensível a mudanças de temperatura, mudanças na concentração da FM -Não é útil em eluição por gradiente Detecção de carboidratos e açúcares Não seletivo Micrograma UV-VIS Absorbância da luz na -Não é sensível à detecta de Média: compostos Nanograma 27 região UV-VIS temperatura nem a mudanças da concentração da FM -Útil para uso de gradientes -sensível a presença de impurezas na FM compostos que absorvem no λ selecionado. Ex: peptídeos e alguns aminoácidos, compostos aromáticos policíclicos e dupla ligação que não absorvem na UV-VIS não serão detectados Eletroquímico Oxidação ou redução por aplicação de um potencial fixo -sensibilidade media à temperatura e a mudanças da FM -Não é útil com gradientes Espécies que oxidam ou reduzem Seletivo: depende das propriedades do composto Fentograma Condutividade Condutividade elétrica devida à presença de íons -sensibilidade media à temperatura e mudanças da FM -Não é útil com gradientes Cromatografia por troca iônica Seletividade media: amostra deve conter espécies iônicas Fluorescência Excitação com luz e emissão de fluorescência -não apresenta sensibilidade à temperatura nem mudanças da FM. -Útil com gradientes Derivados de petróleos, amostras clínicas e produtos farmacêuticos Altamente seletivo: apenas compostos que emitem fluorescência poderão ser detectados <Picograma Quimiluminescên cia Excitação gerada por uma reação química e consequente emissão de fluorescência -mudanças de temperatura podem impedir a reação química de excitação Altamente seletivo <Picograma 2.1 Processos de interação em análise cromatográficos Adsorção: também chamada de cromatografia líquido-sólido se baseia na competição que existe entre as moléculas da amostra e as da FM pelos sítios ativos na superfície da FE. Para que a molécula do soluto possa ser adsorvida na FE, primeiro uma molécula da FM precisa ser deslocada da superfície. É importante que as partículas da FE apresentem grande área superficial, ou seja, grande número de sítios ativos. Supondo um adsorvente que possui uma superfície polar, os grupos não polares terão pouca afinidade pela coluna e não irão deslocar as moléculas da fase móvel, por isso não serão retidos. Porém grupos polares capazes de formar pontes de hidrogênio terão forte afinidade pela superfície e serão retidos, assim o grau de retenção depende da polarização ou grupo funcional. Muitas vezes devido a uma forte adsorção de alguns componentes da amostrana superfície ativa, é necessário aumentar a polaridade da FM de maneira constante e uniforme, com o qual se consegue o deslocamento do analito devido à competição da FM com o mesmo pelos sítios ativos da FE, ao mesmo tempo que ocorre um incremento da solubilidade dos componentes da amostra na FM. Na adsorção se tem seguinte equilíbrio Kads=[adsorvido na FE]/[desorvido da FM] 28 Partição: conhecida como cromatografia líquido-líquido, o mecanismo de partição ou distribuição deste tipo de cromatografia baseia-se nas diferentes solubilidades que apresentam os componentes da amostra na FM e na FE. Assim os componentes mais solúveis na FE serão seletivamente retidos por ela, enquanto os menos solúveis serão transportados mais rapidamente pela FM. Assim compostos com diferentes constantes de partição são separados. O maior inconveniente desta técnica é a solubilidade da FM na FE. Isto pode ser resolvido saturando a FM com a FE ou utilizando materiais que contenham a FE quimicamente ligada a um soporte sólido. Kpart= [dissolvido na FE]/[dissolvido na FM] Troca iônica: baseia-se a interação eletrostática dos componentes da amostra com os grupos funcionais da FE,e permite separar moléculas em função à sua diferença de carga neta superficial. As moléculas da amostra podem apresentar diferentes graus de interação com a coluna devido à densidade de cargas, carga total e distribuição de cargas na superfície. Os grupos carregados que contribuem com a carga superficial neta possuem diferentes valores de pKa dependendo da sua estrutura e ambiente químico. Nesta técnica a FE possui grupos iônicos quimicamente ligados que podem funcionar com trocadores de cátions ou ânions. Esses grupamentos apresentam contra-íons que são deslocados pelos íons da amostra, ex: M+ + R-SO3 -Na+ Na+ + RSO3 -M+ M+= amostra SO3 -=trocador catiônico Na+=contra-íon Uma proteína que não tem carga neta a um determinado pH é equivalente ao seu ponto isoelétrico, não irá interagir com a coluna, porém a um pH acima do seu pI, a proteína irá interagir com uma coluna de troca aniônica e a um pH abaixo do seu pI a coluna irá interagir com uma coluna de troca catiônica. O pH e força iônica do tampão de equilíbrio são selecionados de modo a garantir que quando a amostra seja aplicada a proteína de interesse se ligue à coluna e a maioria das impurezas não se ligue. Uma vez que toda a amostra termina de ser aplicada a coluna é novamente lavada para retirar todas aquelas moléculas que não se ligaram. As condições então são mudadas a fim de eluir a amostra que ficou retida na coluna. Frequentemente as proteínas são eluidas por um incremento na força iônica (concentração de sal) ou por mudança do pH. Como a força iônica se incrementa, os íons (Na+ e Cl-) compitem com as moléculas ligadas pelas cargas da superfície da coluna e uma ou mas espécies ligadas começam a ser eluidas. As proteínas com menos cargas em um determinado pH eluirão primeiro conforme aumenta a foça iônica. Da mesma forma proteínas com mais numero de cargas serão mais fortemente retidas e eluirão por último. Assim quanto maior a carga da proteína maior a força iônica necessária para sua eluição. Os materiais de recheio usados para a TI apresentam grupos iônicos quimicamente ligados a partículas porosas de resinas poliméricas ou não porosas, com partículas de 3-200µm. 29 Algumas das mais utilizadas são a MiniBeads e Sepharose. Os grupos funcionais ligados à matriz da coluna são os que determinam a carga da coluna, alguns trocadores aniônicos são: amônio quaternário (Q), DEAE e ANX, e alguns torcadores catiônicos são sulfopropil (SP), metilsulfonato (S) e carboximetil (CM). Os termos ¨forte¨e ¨fraco¨ se referem a variação que os grupos funcionais podem sofrem em diferentes pHs, assim trocadores iônicos fortes não apresentam variação na troca de ions quando muda o pH, estes trocadores não doam nem recebem protons. Por outro lado trocadores fracos podem ganhar ou perder prótons com mudanças de pH e sua capacidade de troca iônica varia, porém uma vantagem é que eles oferecem diferente seletividade se comparados aos trocadores fortes. A capacidade da IEX é uma medida quantitativa da sua habilidade de reter contra-íons, e a capacidade iônica total corresponde ao número de grupos funcionais carregados por mL do material de empacotamento. A capacidade de ligação, ou seja a quantidade de proteína que pode ser retida pela coluna depende do tamanho molecular da proteína (que afeta a sua habilidade de penetrar nos poros da matriz) e sua relação carga/pH. A separação por IEX inclui as seguintes etapas: 1-Equilibrar a coluna com 5-100 volumes da coluna (VC=1mL) do tampão até estabilizar a linha de base 2-Ajustar a amostra ao pH do tampão de equilíbrio e aplicar a amostra 3-Lavar a coluna com 5-10 VC até estabilizar a linha de base, isto a fim de retirar todo o material que não ficou ligado na coluna 4-Começar a eluição usando um gradiente de 10-20 VC incrementando a força iônica até 0,5 M de NaCl (50% de B) 5-Lavar a coluna com 5CV de 1M de NaCl (100% B) para eluir o material remanescente 6-Reequilibrar a coluna com o tampão inicial Os processos de IEX dependem muito da temperatura, uma vez que o valor de pKa dos tampões utilizados pode ser ver afetado pelas mudanças de temperatura portanto é necessário ter algum sistema de controle térmico quando for empregada este tipo de FE. 30 A eluição dos analitos da coluna cromatográfica pode ser feita por gradiente ou por step. A eluição por gradiente linear é útil para realizar separações com alta resolução de amostras desconhecidas ou seja quando a maior quantidade de analitos deve ser retida na coluna e eluidos diferencialmente para ver o perfil total da amostra. Eluição por gradiente e usando tamanhos de partícula menores são também úteis em etapas finais de purificação de um composto. Por outro lado a eluição por step é feita para fazer separação por grupos (analitos alvo e contaminantes) uma vez que as condições tem sido previamente padronizadas em eluições por gradiente, a separação é feita em menos tempo e há menor consumo de tampões. Exclusão: tem sua resolução baseada no tamanho efetivo das moléculas dos componentes da amostra em solução, e existem limites que determinam o intervalo de tamanhos em que o material é útil. O primeiro é o limite inferior ou de permeação, abaixo do qual todas as moléculas de menor tamanho são igualmente difundidas dentro dos poros do material. O segundo é o limite superior ou de exclusão, acima do qual as moléculas serão muito grandes para penetrar os poros. Moléculas de tamanho intermediário serão separadas com resolução, e serão eluidas sem resolução moléculas menores ao limite de permeação e maiores que o limite de exclusão. A filtração em gel é uma técnica cromatográfica que usa o principio de exclusão para separar moléculas de diversos tamanhos. As colunas de Sephadex G-10, G-25 e G-50 são usadas frequentemente para separação por grupos usando uma eluição isocrática pois não há necessidade de eluição por gradiente uma vez que as moléculas de interesse não interagem com a matriz. Moléculas maiores não entram na matriz e eluem no volume vazio (Vo) uma vez que passam pela coluna na mesma velocidade do fluxo do tampão. Este Vo para uma coluna bem empacotada é normalmente 30% do seu volume total. Moléculas com acesso parcial à matriz eluirão em ordem descrescente do tamanho, por último moléculas menores como sais que tem total acesso aos poros da matriz eluirão sem se separar um pouco antes do volume total da coluna (Vt). Bioafinidade:isolamento seletivo de macromoléculas biológicas devido à sua propriedade de se ligar reversivelmente a um ligante específico unido covalentemente à matriz cromatográfica. A interação biológica entre a substância de interesse e o ligante pode resultar de interações eletrostáticas, hidrofóbicas, forças de van der Waals ou pontes de hidrogênio. Para eluir o analito a interação deve ser revertida de forma específica (usando um ligante competitivo) ou não específica (mudanças de pH, força iônica ou polaridade). Substância a ser isolada Ligante Enzimas Substrato, co-fatores, inibidores competitivos Ac. Nucléicos Sequencias complementares, histonas, enzimas específicas Hormônios e vitaminas Proteínas transportadoras e receptores Anticorpos Antígenos, células Glicoproteínas, polissacarídeos Lectinas Células Lectinas e proteínas da superfície celular Proteínas Corantes, íons metálicos 31 As etapas na cromatografia de afinidade, incluem: 1- Matriz de afinidade é equilibrada 2- Amostra aplicada em condições que favorecem a ligação da molécula de interesse ao ligante 3- A molécula de interesse é recuperada mudando as condições para favorecer a sua eluição 4- O meio de afinidade é reequilibrado 2.2 Quantificação usando HPLC Envolve a comparação da intensidade da resposta de um analito (altura e área do pico) na amostra investigada com a intensidade de resposta de quantidades conhecidas de um composto padrão medido nas mesmas condições experimentais. Na quantificação podem ser usados três métodos de emprego do composto padrão: padrões externos, adição de padrões e padrões internos. Padrão externo: nesta metodologia uma solução de diferentes concentrações conhecidas do analito padrão é preparado e analisado. A intensidade do sinal analítico destes padrões é plotado contra a concentração conhecida do analito utilizado, e um gráfico de calibração é obtido. É importante que a faixa das concentrações da solução padrão inclua a concentração encontrada na amostra a fim de fazer uma interpolação dos dados e não uma extrapolação. Mesmo sendo a técnica mais usada o uso de uma solução padrão não leva em consideração a interação da matriz com o analito nem o efeito da mesma sobre o sinal analítico, também não considera possíveis perdas do analito durante o processo de amostragem, armazenamento e/ou manuseio. Adição de padrões: é usada para determinar a influencia da matriz da amostra no analito de interesse. Nesta caso o padrão é também uma solução de concentração conhecida do próprio analito. Uma primeira medição analítica da amostra é realizada e posteriormente uma quantidade conhecida do analito é adicionada na amostra e é realizada uma segunda medição, a fim de determinar o incremento no sinal analítico ou fator de resposta (sinal por unidade de concentração). A concentração do analito na amostra estudada é determinada pela divisão do sinal inicial pelo fator de resposta, ou pode ser obtido por extrapolação a partir de um gráfico 32 de calibração. É importante notar que este método assume que a matriz tem o mesmo efeito na solução padrão do que no analito presente na amostra original. Padrão interno: o padrão interno é um composto apropriado adicionado à amostra numa etapa inicial do procedimento analítico, idealmente na etapa de amostragem, isto a fim de garantir que possíveis perdas do analito que acontecem durante o processamento da amostra também aconteçam com o padrão interno. O PI deve ter as seguintes características: não estar presente na amostra original, ser estável e não reativo, não volátil, eluir próximo do analito estudado, pureza elevada e concentração conhecida. Determina-se a curva de calibração da solução padrão do analito adicionadas com o PI. Nessa curva utiliza-se a relação entre a área do padrão e a área do PI em função das suas concentrações. Posteriormente é analisada a amostra contendo o PI e obtém-se a concentração do analito mediante a curva de calibração. 2.3 Técnicas de preparo de amostras para análises cromatográficas Estas técnicas permitem que a análise dos componentes da amostra se torne possível, o objetivo é a obtenção de uma subfração da amostra original enriquecida com as substancias de interesse analítico. O preparo da amostra envolve procedimentos de extração e pode também incluir uma etapa de purificação. Esta etapa também objetiva trazer os analitos num nível de concentração adequado para a detecção. O preparo de amostras representa vários benefícios: -Tornar a matriz da amostra compatível com o sistema cromatográfico e o detector -Aumento da vida útil da coluna -Diminuição de gastos de manutenção e problemas operacionais -Remoção de interferentes: diminuição do tempo de análise, aumentando o limite de carga/sensibilidade -Concentração dos componentes de interesse Extração Líquido-Líquido (ELL): é um processo de separação de compostos que consiste em transferir uma substancia da fase na qual se encontra para outra fase líquida. Quando um soluto ¨a¨ contido em um solvente 1 é agitado com um segundo solvente 2 imiscivel no primeiro, o soluto se distribui entre as duas fases líquidas. Após a separação das duas fases, estabelece-se uma situação de equilíbrio em que a relação das concentrações do soluto nas duas fases é uma constante K (coeficiente de partição ou distribuição). O coeficiente de partição depende da natureza do solvente usado em cada caso e da temperatura. O soluto passa para o segundo solvente em uma quantidade determinada porque segue sendo solúvel no solvente 1 e porque pode saturar o solvente 2 dependendo da sua solubilidade no mesmo. Geralmente se escolhe como solvente extrator um que solubilize o soluto muito mais que o solvente original. A eficiência da extração esta diretamente relacionada à quantidade de solvente empregado e principalmente ao número de ciclos em que a extração é repetida. A ELL baseia-se na afinidade da forma lipofílica 33 do analito por um solvente orgânico. Neste tipo de extração ocorre a partição dos analitos da amostra em fase aquosa e o solvente extrator orgânico. A quantidade do analito extraído é dependente do volume da amostra, volume do solvente extrator, número de extrações, da afinidade do soluto pelo solvente e da constante de distribuição K. KD= C2/C1 concentração do analito na fase superior/fase inferior Importante! Aumento do volume extrator incrementa a fração extraída de um analito em um determinado volume de amostra, mas pode comprometer o efeito de pre-concentração do analito, assim quanto maior o volume do solvente extrator for utilizado, maior a eficiência da extração e menor a concentração do analito. η=β=Vol. Amostra/Vol. Extraído Para escolher o agente extrator deve se considerar a maior compatibilidade do solvente com o analito, baixo ponto de ebulição e baixa viscosidade. A ELL pode ser feita em condições ácidas ou básicas, assim em pHs ácidos as substâncias de caráter ácido prevalecem na forma não ionizada, lipofílica entanto que em pH básico as substâncias de caráter básico prevalecem na forma não ionizada, lipofílica. O ajuste do pH por tanto aumenta o valor da constante de distribuição (KD). Vantagens da ELL: -Configuração simples -Diversidade de solventes puros disponíveis comercialmente Desvantagens da ELL: -Adição de sais neutros diminui solubilidade de compostos orgânicos pela fase aquosa -Amostras com alta afinidade pela agua são parcialmente extraídas -É necessário o uso de solventes ultra puros -Formação de emulsões (sistemas dispersos constituídos de duas fases líquidas imiscíveis (oleosa eaquosa)) -Consumo de volumes grandes de amostra e solvente extrator -Alguns solventes utilizados na ELL são tóxicos -Decomposição de compostos termicamente instáveis Extração líquido-sólido (ELS): o objetivo da técnica consiste na extração de compostos orgânicos solúveis de uma matriz sólida como solo, alimentos, fibras. Ex: hidrocarbonetos de 34 carvão mineral, alcaloides de plantas, resíduos de pesticidas em alimentos. Na ELS acontecem três eventos: -Contato do solvente com o sólido -Separação do sólido insolúvel -Destilação e evaporação do solvente Neste tipo de extração a separação da fase líquida é realizada pela adição de um solvente conveniente. Para que essa extração seja satisfatória o sólido deve estar bastante triturado assim o solvente terá maior contato com seus constituintes. Alguns métodos utilizados na ELS incluem, sonicação, agitação mecânica e soxhlet. A ELS é uma técnica de extração rápida e exaustiva porém grandes volumes do solvente extrator são necessários e resulta pouco eficiente. Soxhlet: esta técnica baseia-se na vaporização do solvente que quando condensado cai sobre a substância sólida que se encontra dentro do aparelho de Soxhlet. Posteriormente quando o volume do líquido enche o corpo da fração do aparelho de Soxhlet, o líquido desce para o balão onde se encontra o solvente e o processo se repete. As vantagens desta técnica é que é eficiente e exaustiva, a extração permite a análise de compostos voláteis e termolábeis, pois o solvente usado geralmente possui baixo ponto do ebulição. As desvantagens é que utiliza um volume fixo de solvente e pode ser um processo demorado (ate 72 h). Extração em fase-sólida (EFS): permite a separação seletiva, purificação e concentração de compostos presentes em matrizes complexas. Esta técnica emprega materiais sorventes empacotados em cartuchos de polipropileno na forma de barril ou seringa. Normalmente um cartucho contém entre 50 a 500mg do sorvente fixado ao cartucho mediante dois filtros. A EFS envolve cinco etapas: 1- Ativação do sorvente para deixar os sítios ativos disponíveis 2- Condicionamento do sorvente com o solvente adequado para ajustar as forças do solvente de eluição com o solvente da amostra 3- Introdução da amostra, quando ocorre a retenção do analito 4- Limpeza da coluna para retirar interferentes=clean up 5- Eluição e coleção do analito Os grupos mais frequentemente usados como sorventes à base de sílica podem ser divididos em três categorias: fase reversa, fase normal e troca iônica. O segundo formato de EFS mais utilizado é a extração em disco (ou membrana carregada de partícula). Neste caso as partículas ativas são imobilizadas em uma matriz inerte e estável de microfibrilas de PTFE ou vidro. Os discos possuem uma série de vantagens devido ao seu formato, como leito homogêneo, pressões menores durante a aplicação da amostra e eluição, ausência de caminhos preferenciais, maior capacidade para o analito, menores volumes do eluente e maior repetitibilidade e reprodutibilidade. Algumas regras no uso da EFS: -Analito deve ser adsorvido no sorvente na EFS 35 -Tempo suficiente de contato entre o analito e o sorvente -Interferentes endógenos devem ser seletivamente separados -Analitos devem ser eficientemente removidos do sorvente Algumas desvantagens da EFS: -Maior dificuldade de otimização -Varias etapas e maior tempo requerido -Maior custo por amostra Vantagens da EFS: -Uso de pequenos volumes do solvente de eluição -Pouco manuseio da amostra -Ausência de emulsão -Facilidade de automação -Baixo consumo de vidrarias Extração contínua: visa facilitar o processo de extração tornando-o mais prático, mais econômico, mais seguro e com maior rendimento do material extraído. Geralmente são empregados quando o composto a ser extraído é pouco solúvel no solvente utilizado, quando o solvente tem um custo elevado ou quando o soluto de interesse encontra-se em baixa concentração na amostra. Os principais processos contínuos são líquido-líquido e líquido-sólido
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