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Conceito de Cultura e Sertão

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Organização Sete de Setembro De Cultura e Ensino – LTDA
Faculdade Sete de Setembro – FASETE
Curso de Bacharelado em Direito
Ana Quézia dos Santos
Bárbara Victória Camilo Alcântara
Elvis Mendes da Silva
Guilherme Vicente Almeida Bonfim
Iara Lenise Menezes Lima
João Paulo de Almeida Fonseca
Manoel Messias Matias Dantas
Viviane Matos
Yulla Gilka da Silva
CULTURA SERTANEJA, DIREITO E ESTADO
Paulo Afonso-BA
Novembro/2015
2
Ana Quézia dos Santos
Bárbara Victória
Elvis Mendes da Silva
Guilherme Vicente Almeida Bonfim
Iara Lenise
João Paulo de Almeida Fonseca
Manoel Messias Matias Dantas
Viviane Matos
Yulla Gilka da Silva
CULTURA SERTANEJA, DIREITO E ESTADO
Trabalho apresentado à disciplina Antropologia Jurídica, no curso de Bacharelado em Direito, da FASETE, na turma do 2° Período, turno Noturno, como requisito para avaliação da Segunda Etapa do Semestre 2015.2.
Orientador: Prof. Dorival
Paulo Afonso-BA
6
Novembro/2015
INTRODUÇÃO: 
Este trabalho consiste numa abordagem antropológica acerca dos saberes expressados através das manifestações e tradições culturais e os modos de vida dos sertanejos. Tem por objetivo investigar e conhecer os símbolos que traduzem o “eu” dessa gente, os quais representam os repertórios dos seus valores e crenças, sentires e saberes, que dão intensidade às suas vidas, e como esta simbologia está relacionada com o Estado no uso do Direito. Enfatizando assim, uma maior valorização da cultura sertaneja por parte do Estado e toda sociedade civil que ainda trazem consigo uma visão preconceituoso para com os sertanejos, na qual somos vistos como um povo sem civilização, sem cultura e sem conhecimento. 
Desta maneira, a relevância deste trabalho encontra-se, na identidade e cultura popular dos sertanejos, nas qual se percebe que as culturas se misturam, e nessas misturas são atribuídas novas características, pois o diálogo entre as várias maneiras de expressão cultural resulta na produção de novos símbolos, os quais permanecem em constante mobilidade, nos remetendo a uma hibridização, que fortalece a linguagem informal, as tradições locais. Assim as trocas simbólicas, presentes na dinâmica social/cultural contribuem para formação social e os processos de ressignificação que acontecem em comunidade que se apropriam de práticas culturais. 
1-Conceito de Cultura e Sertão:
Para se falar de cultura sertaneja, é preciso entender os conceitos de Cultura e de sertão.
 A conceituação de Cultura é algo que ainda hoje atrai a atenção e os olhares de muitos estudiosos. O sentido é polissêmico dessa palavra, onde pode provocar má interpretação, levando muitas vezes ao sentimento de superioridade, buscando suplantar os povos de culturas diferentes provocando com isso diversos conflitos. Entendemos cultura, portanto, como um conjunto de hábitos e costumes construídos socialmente, que fornecem traços identitários, promovendo a diferenciação dos mais diversos grupos sociais, queno decorrer dos anos podem sofrer modificações em uma dinâmica constante, promovida por elementos internos ou externos. 
A conceituação de sertão apesar de usualmente a palavra sertão aparecer geralmente relacionada à região nordeste do Brasil, seu significado original refere-se a uma região afastada dos centros urbanos, distante ou com pouca "civilização" (o nome é derivado da expressão "desertão", utilizada na época colonial para referir-se ao interior do país. Ou, simplesmente, o interior de um país ou região).
O sertão, de uma maneira habitual, é compreendido de forma reducionista, como uma região geo-cultural que se caracteriza principalmente pela aridez de seu clima e pelas suas secas que o assolam. É importante concebê-lo também pela sua heterogeneidade que o constitui, tanto pela variação geográfica de solos áridos, pedregosos e arenosos, como também pela sua pluralidade histórico-cultural, herdada dos diferentes povos que o constituem e pelo vigor expressado na diversidade de suas manifestações.
Então, podemos dizer que a cultura sertaneja, é o conjunto de hábitos e costumes construídos socialmente por um grupo que vivia afastado dos centros urbanos, entretanto, um povo que foi de grande importância para a formação do Brasil. Povo esse, que até hoje perpetua sua cultura através das danças, músicas, artesanato e culinária.
2- O Ser Sertanejo:
“O sertanejo é antes de tudo um forte” como dizia Euclides da Cunha, que faz uma belíssima análise do nordestino sertanejo, que arrisca sua vida para construir seu mundo, sua vida e sua família. Um ser que se forma na luta, no cansaço diário, mas com um caráter firme e decidido, mas que possui uma alma doce, amorosa.
É bem verdade que nas relações estereotipadas do sertão e do sertanejo, de alguma maneira promovem um fortalecimento do “ser sertanejo”. Por isso, acreditamos que os estereótipos não possuem apenas a função depreciativa, mas que também servem como afirmação de pertencimento de alguém com algum lugar. Na atualidade é muito recorrente, vermos representações feitas dessa região de seus personagens, como na questão do cangaço, messianismo, até a paisagem seca torna algo de orgulho e referência para quem aqui reside, ou seja, o sertão torna-se referência de ligação entre o povo que vira personagem e o espaço que vira cenário. 
Entretanto, ainda queremos mais, queremos uma maior valorização por parte do Estado, em financiar essa cultura tão rica. Além de implantar nas escolas o ensino dessa cultura, visto que a escola é o lugar de proliferação do saber. E os alunos precisam se reconhecer enquanto frutos dessa cultura, tomando para si a ideia de pertencimento, de pertencer ao sertão e ser sertanejo com orgulho. Deixando de lado toda uma carga de preconceitos e estereótipos que nos foi colocado por pessoas que também desconhecem nossa cultura.
3– Algumas Manifestações Culturais do Povo sertanejo:
A figura do sertanejo se formou na orla ainda úmida do agreste e nas enormes extensões semiáridas da caatinga, consolidando dessa forma a sua cultura, sua culinária, seus costumes, sua religião. Essa população se fixou nessa região para se abastecer a produção açucareira do Nordeste com carnes, couros e bois de serviço, com a grande produção dos engenhos na época.
 Nos primeiros anos os próprios senhores de engenhos da costa eram os responsáveis diretamente pela criação de gado na região, só posteriormente começou a se especializar, dai surgir a figura do vaqueiro, que era o responsável por cuidar desse gado. Era uma atividade atrativa para brancos pobres e mestiços dos núcleos litorâneos e tornava dispensável o uso de escravos e passando ao vaqueiro a função de cuidar das sesmarias utilizadas para a criação de gado.
Com o tempo a população de família de vaqueiros foi aumentado, surgindo costumes, culturas, através de festas, como a festa do vaqueiro, a vaquejada, a da culinária que tem sua grande influência em nosso país também, a música. O vaqueiro muito apegado a religião, religião católica que costuma ter periodicamente a missa do vaqueiro.
Sobre a Missa do Vaqueiro não há um registro exato de sua origem, as informações partem de registros orais de histórias do interior do Nordeste, mas convergem para o sertão do Ceará. O ponto de partida do seu ritual é a homenagem a algum vaqueiro morto e querido na região, independente de como ocorreu sua morte, natural ou por acidente de trabalho, sendo a segunda muito valorizada pelos outros companheiros de profissão. A missa, início da manifestação, é realizada com o objetivo de abençoar os vaqueiros e velar pelos outros vaqueiros já mortos. À frente do altar, em praça pública, organizam-se os vaqueiros montados nos seus cavalos e rezam de acordo com o andamento da missa. Ao final, podem sair em cavalgada pela cidade, ou também participar de um concurso de aboiadores. Ao final do dia têm-se a parte profana da festa com bebidas, aboios, forrós, etc.
Em se tratando da música do vaqueiro, se tem como
ponto forte a Toada e os Aboios. Aboio é o canto de trabalho utilizado pelo vaqueiro para tocar a boiada durante as migrações, durante as apartações, além de também ser um elemento voltado para a interação entre os próprios vaqueiros, quando estes abóiam juntos, em consonância. O aboio tem a característica de ser uma canção lenta e que compreende uma melodia simples e quase uníssona, contendo espaços entre estes fonemas simples que são preenchidos por pequenas expressões cantadas lentamente, como: Ô Boi; Ê boinho; Ê gado manso; Fasta pra lá Boi. Necessitam de uma voz encorpada e alta para atingir o mais longe possível em um espaço aberto.
Outra figura bastante influente na cultura sertaneja, é o cangaceiro. O cangaço é uma forma de banditismo típica do sertão pastoril, estruturando-se em bandos de jagunços vestidos de vaqueiros, bem-armados, que percorriam o sertão em cavalgadas, fazendo justiça com as próprias mãos, tendo como principal representante, Virgulino Ferreira da Silva, também conhecido como o Lampião, onde ficou conhecido também como Rei do Cangaço, por ser o mais bem sucedido líder cangaceiro da história.
4- Relação de Estado, Direito e Cultura:
Sabe-se que a Constituição é a lei fundamental e suprema de uma nação, ditando a sua forma de organização e seus princípios basilares.
Os Direitos Culturais, além de serem direitos humanos previstos expressamente na Declaração Universal de Direitos Humanos (1948), no Brasil encontram-se devidamente normatizados na Constituição Federal de 1988 devido à sua relevância como fator de singularizarão da pessoa humana. O Fato é que a cultura reflete o modo de vida de uma sociedade, além de interferir em seu modo de pensar e agir, sendo fator de fortalecimento da identidade de um povo e indubitavelmente de desenvolvimento humano. 
Nesse sentido, com o intuito de garantir o direito à cultura, a Constituição diz:
“Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1.º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2.º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.”
Dessa maneira, podemos perceber a preocupação da Constituição em garantir a todos os cidadãos brasileiros o efetivo exercício dos direitos culturais, o acesso às fontes da cultura nacional e a liberdade das manifestações culturais.Partindo desse ponto, vemos que é dever do Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais. Porém, os direitos culturais sofrem hoje diversas limitações em função de políticas públicas ineficazes ou inexistentes.
Partindo para outro ponto, vemos também uma grande preocupação do Estado também com relação ao povo sertanejo, que é a questão de sanar o problema das secas que muito assolam essa região, como medidas de criação de cisternas, distribuição de carros pipas.
Conclusão:
Contudo, é fato que o sertanejo sofre com as consequências das condições climáticas e o descaso dos governantes com relação a essa situação. Contudo, a vida e a cultura desse povo não se restringem a seca e ao sofrimento. A vida cotidiana, os saberes e as tradições culturais do Sertão englobam uma diversidade de significados que podem e devem contribuir para a construção de novos conhecimentos tornado as práticas educativas inovadoras, criativas e com maior envolvimento do Estado em garantir a valorização das manifestações culturais existentes nessa região. 
Dessa maneira, esperamos com esse trabalho estarmos contribuindo para a desmistificação de que no sertão só existe sofrimento, e mostrar que o povo sertanejo possui uma cultura muito bonita, que é manifestada tradição dos vaqueiros, do cangaço, do messianismo, além das suas danças, músicas e culinária.
Referências:
BRASIL. Constituição (1988). “Constituição da República Federativa do Brasil”: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. (Série Legislação Brasileira).
CUNHA, Euclides da. Os sertões.
Tânia Maria dos Santos, Direito à Cultura na Constituição Federal de 1988, Editora: Verbo Jurídico, 1ª edição, 2007, Porto Alegre.

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