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Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I Prof. Daniel Roulim Stainki 63 24) PREPARO DE RUFIÕES # IMPORTÂNCIA: O preparo de rufiões é de grande importância, especialmente onde se pratica Inseminação Artificial para evidenciar fêmeas em cio. # TÉCNICAS: 1. desvio lateral do pênis; 2. vasectomia ou deferentectomia; 3. epididimectomia; 4. remoção do ligamento apical do pênis; 5. fixação da flexura sigmóide do pênis; 6. fixação da túnica Albugínea do pênis. 24.1) DESVIO LATERAL DO PÊNIS # INDICAÇÃO: Técnica que prepara o touro excitador e deve acompanhar junto, por precaução, uma técnica de esterilização (vasectomia ou epididimectomia). # ANESTESIA E PRÉ-OPERATÓRIO: Esse procedimento poderá ser realizado com o animal submetido à anestesia geral ou através de sedação e analgesia local. O touro é posicionado em decúbito dorsal inclinado, com tricotomia de toda a região pré-retroumbilical e região ventral do flanco. # TÉCNICA CIRÚRGICA: O primeiro tempo do ato cirúrgico consta de incisão da pele sobre a linha média, na porção retroumbilical. O limite cranial desta incisão é de 3 cm da inserção do óstio prepucial, estendendo-se caudalmente até 5 cm da base do escroto. Após rebater a pele e a tela subcutânea é realizada a hemostasia dos pequenos vasos hemorrágicos, através de ligadura (categute 0 ou 2.0), devendo manter intactos os vasos abdominais superficiais (artéria e veia epigástrica caudal superficial). Outra incisão deve ser realizada de forma circular em torno da inserção do óstio prepucial (cerca de 3 cm), cuidando para não lesar as lâminas do prepúcio. A seguir é feita uma incisão circular da pele na região ventral do flanco (esquerdo ou direito), cerca de 45º da linha média ventral do abdome (cranialmente a prega do Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I Prof. Daniel Roulim Stainki 64 flanco), com um diâmetro equivalente ao da incisão circular do óstio prepucial. Através da dissecação romba é feito um túnel subcutâneo (haste de metal ou tesoura longa) em direção lateral, até a incisão circular de pele no flanco. O óstio prepucial é protegido com gaze estéril (ou luva estéril) e tracionado através do túnel subcutâneo para o local de implante, onde é fixado por pontos isolados tipo Wolff ou Donatti (nylon 0,50 ou 0,60). A síntese do subcutâneo e pele da incisão mediana é feita com pontos isolados simples (nylon 0,60). # OBSERVAÇÕES: Deve-se evitar a contaminação e a torção do pênis e do prepúcio, durante o processo de deslocamento para a região do implante. # PÓS-OPERÁTORIO: • antibioticoterapia; • retirada dos pontos da pele aos 15 dias; • descanso sexual de 4 a 6 semanas; • a idade apropriada para ser feito esse procedimento é até 8 meses (no máximo 12 meses). 24.2) VASECTOMIA OU DEFERENTECTOMIA # INDICAÇÃO: A vasectomia é uma técnica de esterilização do animal, está indicada para a obtenção de touro ou carneiro detector de cio. # ANESTESIA: Esta técnica pode ser realizada sob analgesia local com ou sem tranqüilização, com o animal em estação ou em decúbito. # TÉCNICA CIRÚRGICA: Incisão de pele na parte superior da rafe mediana do escroto (cranial ou caudal). Exteriorizar o cordão espermático, o ducto deferente, que pode ser palpado como uma estrutura firme e não pulsante, semelhante a um cordão. Incide-se a túnica vaginal diretamente sobre o ducto que será facilmente isolado e exteriorizado. Procede-se a remoção de um segmento com cerca de 2 cm e as extremidades seccionadas podem ser ligadas para maior segurança da técnica (categute 2.0). Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I Prof. Daniel Roulim Stainki 65 Não é essencial suturar a túnica vaginal, mas a pele deverá ser fechada com pontos isolados (nylon 0,40 – 0,50). # PÓS-OPERATÓRIO: • retirada dos pontos da pele aos 10 dias; • curativo tópico. 24.3) EPIDIDIMECTOMIA # CONCEITO: Remoção cirúrgica da cauda dos epidídimos. # INDICAÇÃO: Técnica de esterilização para touros rufiões, usada com freqüência como uma técnica cirúrgica de segurança para as técnicas que tornam o touro incapaz de copular. # ANESTESIA E PRÉ-OPERATÓRIO: • tranqüilização e analgesia local; • posição: estação ou decúbito; • tricotomia: região distal do escroto. # TÉCNICA CIRÚRGICA: O testículo é forçado manualmente até a base ventral do escroto, onde é feita uma incisão de pele de aproximadamente 3 cm, sobre a cauda do epidídimo. A túnica vaginal é seccionada, a cauda do epidídimo é exteriorizada e liberada de sua inserção com o testículo, com o auxílio de uma tesoura. O ducto deferente e o corpo do epidídimo são identificados, ligados e seccionados (categute 2.0), permitindo que a cauda do epidídimo seja removida. A túnica vaginal é suturada com pontos isolados simples (categute zero) e a pele com fio não absorvível (nylon 0,40 ou 0,50). O mesmo procedimento é repetido no outro testículo. # PÓS-OPERATÓRIO: • retirada dos pontos da pele aos 10 dias de pós-operatório; • descanso sexual durante 15 dias; • antibioticoterapia, se necessário. Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I Prof. Daniel Roulim Stainki 66 24.4) REMOÇÃO DO LIGAMENTO APICAL DO PÊNIS: # INDICAÇÃO: Esta técnica está indicada para o preparo de rufiões bovinos, devendo ser empregada em animais com idade variando entre 16 e 20 meses. # ANESTESIA E PRÉ-OPERATÓRIO: Este procedimento pode ser realizado com tranqüilização e analgesia peridural intercoccígea. Como pré-operatório, o animal deverá estar em jejum (24 horas) e proceder- se a anti-sepsia da glande e mucosa prepucial. Deve-se aplicar um garrote a aproximadamente 2 cm caudal a inserção da lâmina interna do prepúcio. # TÉCNICA CIRÚRGICA: O pênis é exposto e realiza-se uma incisão longitudinal de aproximadamente 15 cm de comprimento, na mucosa da superfície dorsal da glande, iniciando cerca de 1,0 cm da extremidade caudal da glande e terminando próxima a inserção da lâmina interna do prepúcio. O ligamento apical na túnica albugínea deve ser identificado e dissecado com tesoura, até atingir o ponto abaixo da sua inserção com a lâmina interna do prepúcio, onde deverá ser seccionado. A mucosa é aproximada com pontos isolados simples, utilizando categute cromado 2-0. Esta técnica promoverá, no momento da ereção durante a cópula, um desvio da glande no sentido ventral e lateral direito. # PÓS-OPERATÓRIO: • descaso sexual durante 20 dias; • lavagem prepucial com anti-séptico durante 5 dias. 24.5) FIXAÇÃO DA FLEXURA SIGMÓIDE DO PÊNIS: # INDICAÇÃO: Esta técnica está indicada para a preparação de rufiões bovinos, com a idade ideal variando entre 15 a 18 meses. Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I Prof. Daniel Roulim Stainki 67 # ANESTESIA E PRÉ-OPERATÓRIO: Este procedimento pode ser realizado com tranqüilização e analgesia local. O animal deve estar em jejum (24 horas) e ser realizada tricotomia de toda a região perineal até a base do escroto. # TÉCNICA CIRÚRGICA: É feita uma incisão de pele na linha média perineal, acima da base do escroto, com aproximadamente 10 cm de comprimento. Por dissecação romba, são separados o tecido subcutâneo e os músculos semimembranosos,até a localização da curvatura caudal da flexura sigmóide do pênis, próximo à base do escroto. Esta deverá ser tracionada, até o local da incisão. A túnica albugínea da face lateral do corpo do pênis, antes da flexura sigmóide da curvatura caudal, é escarificada com o bisturi e deverão ser aplicados três pontos isolados simples, com fio não absorvível (algodão 2.0), pegando superficialmente o corpo do pênis, fixando a curvatura caudal da flexura sigmóide (Fig. 06). O tecido subcutâneo é aproximado com categute 1.0 com pontos simples, a síntese da pele com fio não absorvível (nylon 0.50). OBS: Deve-se ter o cuidado de não atingir a uretra no momento dos pontos para a fixação da flexura sigmóide do pênis. # PÓS-OPERATÓRIO: • descanso sexual por 20 dias no mínimo; • antibioticoterapia; • retirada dos pontos de pele com 10 a 15 dias. Fig. 06 – Fixação da flexura sigmóide do pênis no bovino. Os pontos não devem atingir a uretra peniana que se localiza na parte ventral do pênis. uretra Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I Prof. Daniel Roulim Stainki 68 24.6) FIXAÇÃO DA TÚNICA ALBUGÍNEA DO PÊNIS: # INDICAÇÃO: Técnica cirúrgica utilizada para o preparo de rufiões ovinos e bovinos, por meio da fixação do pênis na parede ventro-abdominal. # ANESTESIA E PRÉ-OPERATÓRIO: O procedimento pode ser feito com tranqüilização e analgesia local. Indica-se um jejum prévio de pelo menos 24 horas, deve-se realizar a tricotomia e a anti-sepsia da região compreendida entre o óstio prepucial e a base do escroto. # TÉCNICA CIRÚRGICA: A área para incisão está localizada a 8 cm da base do escroto, na direção do óstio prepucial e 2 cm lateral à linha média ventral. Realiza-se uma incisão de pele, com aproximadamente 6 cm, sobre a área anteriormente descrita. Deve-se dissecar o tecido conjuntivo subcutâneo, exteriorizar o pênis e tracioná-lo no sentido caudal (mais próximo do escroto). Logo após deve-se escarificar a túnica albugínea e a parede abdominal próxima à linha branca. Após a escarificação, fixa-se o pênis na parede abdominal por meio de 3 ou 4 pontos isolados simples, com fio não absorvível (seda, algodão, linho 0 ou 1.0), fazendo com que as partes escarificadas fiquem unidas. A síntese do subcutâneo é com pontos contínuos simples (categute cromado 1) e a pele com pontos isolados simples ou Wolff (nylon 0,50 ou 0,60). OBS: Os pontos devem ser feitos laterais no pênis, evitando obstruir a uretra ou atingir a veia e a artéria dorsais do pênis. # PÓS-OPERATÓRIO: • retirada dos pontos da pele aos 10 dias de pós-operatório; • curativo tópico. LEITURA COMPLEMENTAR: CASTRO, M. A. S. Preparo de rufiões ovinos por fixação da túnica albugínea do pênis na parede ventro-abdominal. Santa Maria, 1983, 24 p. Tese (Mestrado em Medicina Veterinária) – Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sana Maria, 1983. EURIDES, D. Preparação de rufiões bovinos por fixação da curvatura caudal da flexura sigmóide do pênis. Santa Maria, 1981. 31 p. Tese (Mestrado em Medicina Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I Prof. Daniel Roulim Stainki 69 Veterinária) – Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sana Maria, 1981. EURIDES, D., CONTESINI, E. A., VIANA, S. M. Preparação de rufiões bovinos por remoção do ligamento apical do pênis. Ciência Rural, v.22, n. 2, p. 185-189, 1992. KERJES, A. W. NÉMETH, F., RUTGERS, L. J. E. Atlas de cirurgia dos grandes animais. São Paulo: Manole, 1986. 143 p. ROYES, B. A. P. Desvio lateral de pênis, lâminas, ânulo e óstio prepucial em touros. Santa Maria, 1986. 32 p. Tese (Mestrado em Medicina Veterinária) – Curso de Pós- Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sana Maria, 1986. TURNER, A. S., McILWRAITH, C. W. Técnicas cirúrgicas em animais de grande porte. São Paulo: Roca, 1985. Preparação de touro excitador pela translocação peniana: p. 279-281. TURNER, A. S., McILWRAITH, C. W. Técnicas cirúrgicas em animais de grande porte. São Paulo: Roca, 1985. Epididimectomia para preparação de touro excitador: p. 282- 283.
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