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MODULO 6

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Módulo 6 
 DA PRESCRIÇÃO 
Considerações introdutórias 
Com a ocorrência de fato delituoso nasce para o Estado o ius puniendi. Esse direito, que 
se denomina pretensão punitiva, não pode eternizar-se como uma espada de Dámocles 
pairando sobre a cabeça do indivíduo. Por isso, o Estado estabelece critérios limitadores 
para o exercício do direito de punir, e, levando em consideração a gravidade da conduta 
delituosa e da sanção correspondente, fixa lapso temporal dentro do qual o Estado 
estará legitimado a aplicar a sanção penal adequada. 
Escoado o prazo que a própria lei estabelece, observada suas causas modificadoras, 
prescreve o direito estatal à punição do infrator. Assim, pode-se definir prescrição como 
“a perda do direito de punir do Estado, pelo decurso do tempo, em razão do seu não 
exercício, dentro do prazo previamente fixado”. A prescrição constitui causa extintiva 
da punibilidade (art. 107, IV, 1ª figura, do CP). 
No entanto, contrariando a orientação contemporânea do moderno Direito Penal liberal, 
que prega a prescritibilidade de todos os ilícitos penais, a Constituição brasileira de 
1988 declara que são imprescritíveis “a prática do racismo” e “a ação de grupos 
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático”. 
(art. 5º, XLII e XLIV). 
Para alguns autores, a prescrição é instituto de direito material; para outros, é direito 
processual. Para o ordenamento jurídico brasileiro, contudo, é instituto de direito 
material, regulado pelo Código penal, e, nessas circunstâncias, conta-se o dia do seu 
início. A prescrição é de ordem pública, devendo ser decretada de ofício, a requerimento 
do Ministério Público ou do interessado. Constitui preliminar de mérito: ocorrida a 
prescrição, o juiz não poderá enfrentar o mérito; deverá, de plano, declarar a prescrição, 
em qualquer fase do processo. 
O não-exercício do jus puniendi estatal conduz à perda do mesmo em face do lapso 
temporal transcorrido. A prescrição corresponde, portanto, à perda do direito de punir 
pela inércia do Estado, que não o exercitou dentro o lapso temporal previamente fixado. 
Trata-se de instituto de direito material, embora algumas de suas consequências influam 
sobre a ação penal e a condenação. De conseguinte, a contagem do prazo prescricional 
obedece à regra insculpida no art. 10, CP, computando-se naquele o dia do começo. 
Inicialmente, duas são as espécies de prescrição: a prescrição da pretensão punitiva e a 
prescrição da pretensão executória. A primeira – também denominada prescrição da 
ação penal – verifica-se antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória; já 
a segunda – prescrição da condenação – ocorre após o trânsito em julgado da decisão. 
A regra geral de prescritibilidade de todas as infrações penais não é absoluta. Conforma 
a Constituição Federal, são imprescritíveis a prática do racismo e a ação de grupos 
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 
5º, XLII e XLIV). 
 Espécies de Prescrição 
Com a prática do crime, o delito abstrato de punir do Estado concretiza-se, dando 
origem a um conflito entre o direito estatal de punir e o direito a liberdade do indivíduo. 
O Ministério Público deduz em juízo a pretensão punitiva estatal através da denúncia, 
que, segundo Damásio de Jesus, é “a exigência de subordinação do direito de liberdade 
do cidadão ao direito de punir concreto do Estado. Assim, praticado o crime e antes da 
sentença penal transitar em julgado, o Estado é titular da pretensão punitiva, exigindo 
do Poder Judiciário a prestação jurisdicional pedida na acusação”. 
Com o trânsito em julgado da decisão condenatória, o ius puniendi concreto transforma-
se em ius punitionis, isto é, a pretensão punitiva converte-se em pretensão executória. 
Da distinção entre ius puniendi e ius punitionis decorre da classificação da prescrição 
em prescrição da pretensão punitiva, impropriamente denominada prescrição da ação 
penal, e prescrição da pretensão executória, também chamada de prescrição da pena. 
Cumpre-nos também registrar que, em 05 de maio de 2010 entrou em vigor a lei 12.234 
que inseriu algumas alterações no instituto. Para melhor clareza na análise do tema aqui 
tratado, reproduzo a referida lei abaixo, como forma de dar início à aula PRESCRIÇÃO. 
 LEI Nº 12.234, DE 5 DE MAIO DE 2010. 
 
Altera os arts. 109 e 110 do 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código 
Penal. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional 
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o Esta Lei altera os arts. 109 e 110 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal, para excluir a prescrição retroativa. 
Art. 2o Os arts. 109 e 110 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 - Código Penal, passam a vigorar com as seguintes alterações: 
“Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, 
salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da 
pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
............................................................................................. 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
...................................................................................” (NR) 
“Art. 110. ...................................................................... 
§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em 
julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se 
pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo 
inicial data anterior à da denúncia ou queixa. 
§ 2o (Revogado).” (NR) 
Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 4o Revoga-se o § 2o do art. 110 do Código Penal. 
Brasília, 5 de maio de 2010; 189o da Independência e 122o da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto 
 
 Atualmente, a legislação brasileira prevê quatro modalidades de prescrição, sendo três 
delas relacionadas à prescrição da pretensão punitiva (PPP) – quais sejam: prescrição 
em abstrato (ou propriamente dita), prescrição intercorrente (ou interveniente) e 
prescrição retroativa – e uma de prescrição da pretensão executória (PPE), que ocorre 
quando o Estado não providencia, em certo tempo, a execução de uma pena já aplicada. 
A doutrina e parte da jurisprudência dos tribunais de primeiro grau se encarregam de 
afirmar a existência de mais um tipo de prescrição da pretensão punitiva: a prescrição 
virtual (ou antecipada), que no decorrer deste estudo serão isoladamente estudas. 
Prescrição da Pretensão Punitiva 
A prescrição da pretensão punitiva só poderá ocorrer antes da sentença penal transitar 
em julgado e tem como consequência a eliminação de todos os efeitos do crime: como 
se este nunca tivesse existido. 
O lapso prescricional começa a correr a partir da data da consumação do crime ou do 
dia em que cessou a atividade criminosa (art. 111, CP), apresentando, contudo, causas 
que o suspendem (art. 116, CP) ou o interrompem (art. 117, CP). 
A prescrição da pretensão punitiva, por sua vez, divide-se em: prescrição abstrata, 
prescrição retroativa e prescrição intercorrente. 
Prescrição da pretensão punitiva abstrata 
Denomina-se prescrição abstrata porque ainda não existe pena concretizada na 
sentença para ser adotada como parâmetro aferidor do lapso prescricional. 
O prazo da prescrição abstrata regula-se pela pena cominada ao delito, isto é, pelo 
máximo da pena privativa de liberdade abstratamente prevista para o crime, segundo a 
tabela do art. 109 do CP. 
Assim, para sermos mais explícitos, A prescrição da pretensão punitiva(PPP) é 
calculada pela pena em abstrato, de acordo com a regra do artigo 109 do Código Penal. 
De acordo com o mesmo artigo: 
 se a pena em abstrato for superior a 12 anos, a prescrição ocorrerá em 20 anos; 
 se a pena for superior a 8 anos e inferior a 12, a prescrição ocorrerá em 16 anos; 
 se a pena for superior a 4 anos e inferior a 8, a prescrição se dará em 12 anos; 
 se a pena for superior a 2 anos e inferior a 4, a prescrição se dará em 8 anos; 
 se a pena for de 1 a 2 anos, a prescrição ocorrerá em 4 anos; 
 e por fim, se a pena for inferior a 1 ano, a prescrição ocorrerá em 3 anos. 
 Assim, por exemplo, a pretensão estatal prescreve em vinte anos, se o máximo da pena 
é superior a doze (art. 109, I, CP), ou em três anos, se o máximo da pena é inferior a um 
(art. 109,VI, CP - alterado pela lei 12.234/2010). 
Para se encontrar o prazo prescricional, deve-se tomar as seguintes providências: 
Observar o máximo de pena privativa de liberdade cominado à infração penal. 
Considera-se o limite máximo cominado ao delito, porque será o limite que poderá 
atingir a pena que for concretizada na sentença. 
Verificar, no art. 109 do CP, o prazo prescricional correspondente àquele limite de 
pena cominada (prazo preliminar). Esse prazo é básico ou preliminar, porque poderá 
sofrer a incidência de majorantes ou minorantes de aplicação obrigatória, bem como 
menoridade ou velhice, que, naturalmente, alterarão seu limite. 
Verificar se há alguma das causas modificadoras desse prazo: 
Majorantes ou minorantes obrigatórias, exceto as referentes ao concurso formal próprio 
e ao crime continuado. 
Deve-se considerar a eventual existência de causas modificadoras da pena, quais sejam, 
as majorantes ou minorantes, excluindo-se, evidentemente, as agravantes e atenuantes. 
Como matéria de prescrição deve-se priorizar o interesse público, em se tratando de 
majorante deve-se considerar o fator que mais aumente, e em se tratando de minorante, 
o fator que menos diminua a pena. 
Menoridade ou velhice (art. 115, CP). 
Se o agente era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos, ou, na data da sentença, 
maior de setenta, o prazo prescricional reduzir-se-á pela metade. Fazendo incidir essas 
causas modificadoras – majorantes ou minorantes, e idade do agente – sobre o máximo 
de pena, que fundamenta o prazo preliminar, encontrar-se-á o prazo prescricional 
definitivo. 
 
Exercício 1: 
A prescrição é de ordem pública, isso significa dizer: 
 
A) deve ser decretada de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do 
interessado. 
 
B) deve ser decretada apenas a requerimento do Ministério Público, pois este é quem 
detém a titularidade da ação penal pública. 
 
C) constitui preliminar de mérito e assim o juiz deverá enfrentar o mérito antes de ser 
declarada 
 
D) deverá, de plano, declarar a prescrição, somente após a arguição da parte. 
 
E) o momento correto e preciso para arguição dela é no primeiro momento que tiver 
para falar nos autos, sendo válido isso apenas para as partes; ao juiz, somente por 
ocasião da sentença. 
 
ExercÃcio 2: 
Contrariando a orientação contemporânea do moderno Direito Penal liberal, que prega a 
prescritibilidade de todos os ilícitos penais, a Constituição brasileira de 1988 (art. 5º, 
XLII e XLIV) declara que são imprescritíveis: 
I - a prática do racismo 
II – crimes hediondos quando envolve menores 
III - a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático 
IV – tráfico ilícito de drogas, nacional ou internacional 
 
A) apenas I e II corretas 
B) apenas II e III corretas 
C) apenas I e III corretas 
D) apenas I, III e IV corretas 
E) apenas I, II, III corretas 
 
Exercício 3: 
Acerca da prescrição, é correto negar: 
 
A) pode-se definir prescrição como “a perda do direito de punir do Estado, pela 
ocorrência da inércia, em razão do seu não exercício, dentro do prazo previamente 
fixado”. 
 
B) Para alguns autores, a prescrição é instituto de direito material; para outros, é direito 
processual. 
 
C) Para o ordenamento jurídico brasileiro, contudo, é instituto de direito processual, 
pois envolve prazo, o que dá movimento ao processo e não ao direito penal. 
 
D) é regulado pelo Código penal e seu prazo, para fins de contagem, obedece as regras 
de direito material. 
 
E) diferentemente de outros prazos, computa-se o dia do começo e exclui-se o dia do 
vencimento. 
 
Exercício 4: 
São imprescritíveis: 
 
A) a prática do racismo e os crimes hediondos 
 
B) a prática do racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático 
 
C) o terrorismo e a tortura 
 
D) o terrorismo, tortura e o racismo 
 
E) a tortura, terrorismo contra a ordem constitucional e o Estado Democrático e o 
crimes hediondos 
 
Exercício 5: 
A regra geral de prescritibilidade de todas as infrações penais: 
I - não é absoluta. 
II - é absoluta 
III - é relativa e quem a relativisa é o ordenamento penal 
IV - Constituição Federal é a responsável por torná-la não absoluta 
 
A) I e III corretas 
B) apenas I correta 
C) apenas II correta 
D) II e IV corretas 
E) I e IV corretas 
 
Exercício 6: 
A prescrição em abstrato (ou propriamente dita) recebe este nome porque: 
 
A) leva em consideração a possibilidade ou não de vir a ser condenado o réu no 
processo crime, diante do princípio da presunção de inocência. 
 
B) leva em conta uma pena sem uma certeza do crime que praticou. 
 
C) leva em consideração a pena máxima em abstrato prevista no tipo, já que não se sabe 
a pena que será aplicada ao sujeito. 
 
D) há uma pena imposta em sentença, porém pendente de apreciação de recurso em 
instancia superior. 
 
E) porque sem uma sentença penal condenatória com trânsito em julgado nada há de 
concreto no caso sob “judice”.

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