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ESTUDO DIRIGIDO Direitos Humanos

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1 
 
 
 
 
Direitos Humanos – estudo dirigido 
 
 
Material de disciplina 
FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteção dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. 
Curitiba: InterSaberes, 2019. 
Videoaulas 1 a 6 
Rotas de Aprendizagem 1 a 6 
Neste breve resumo, destacamos a importa ncia para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao 
contexto trabalhado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteu do programa tico da sua disciplina 
nesta fase e lhe proporcionara o maior fixaça o de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema 
avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse e apenas um material complementar, que juntamente com a Rota de 
Aprendizagem completa (livro-base, videoaulas e material vinculado) das aulas compo em o referencial teo rico que 
ira embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possí vel. 
 
Bons estudos! 
 
 
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Sumário 
 
 
Tema: Sistema Universal de proteça o dos direitos humanos. ........................................................................................ 3 
Tema: Sistema Europeu de Direitos Humanos .............................................................................................................. 11 
Tema: Sistema Interamericano de Direitos Humanos .................................................................................................. 14 
Tema: O Sistema Africano de proteça o dos direitos humanos ..................................................................................... 19 
Tema: Sistema Constitucional Brasileiro de proteça o dos direitos humanos ............................................................. 23 
 
 
 
 
 
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Tema: Sistema Universal de proteção dos direitos humanos. 
“A afirmaça o de que a "sociedade internacional" tem responsabilidade pela vida e pela proteça o 
dos direitos humanos do indiví duo, independentemente de seu pro prio Estado, ganha força 
apo s a II Guerra Mundial, especialmente diante da proliferaça o dos refugiados e apa tridas – o 
que Celso Lafer chama de "os expulsos da trindade povo-Estado-territo rio". A percepça o do 
abandono em que se encontrava o indiví duo quando na o estava vinculado a nenhum Estado 
motivou a criaça o de um regime internacional que representa um ponto de inflexa o no direito 
internacional, pois pela primeira vez e reconhecida a existe ncia do indiví duo no cena rio 
internacional”. Fonte: REIS, Rossana Rocha. Os direitos humanos e a polí tica internacional. Rev. 
Sociol. Polí t., Curitiba, n. 27, p. 33-42, nov. 2006. Available from 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010444782006000200004&lng=en
&nrm=iso). Os sistemas internacionais impactam de modo direto nos ordenamentos jurí dicos 
internos dos Estados. De acordo com o livro base da disciplina, “Descortinada a paisagem 
contempora nea da proteça o dos direitos, resta evidente que esta somente se fara presente com 
a articulaça o dos mais variados ní veis protetivos (multiní vel). E imprescindí vel que os a ngulos 
interno e externo dialoguem em prol da consolidaça o do constitucionalismo democra tico e da 
expansa o da dignidade humana. Tomamos, assim, como ponto de chegada comum, a contí nua 
(e necessa ria) constitucionalizaça o do direito internacional e a internacionalizaça o do direito 
constitucional como forma de expandir, de modo plural e aberto, o projeto constitucional da 
contemporaneidade, o qual e fundado, sobretudo, na defesa dos direitos humanos (Piovesan, 
2015). Eis a marca do chamado ius constitutionale commune (Bogdandy, 2015) fundamental 
que avança na interaça o entre as esferas global, regional e local. A existe ncia dos sistemas 
internacionais - bem como sua progressiva consolidaça o - impacta de modo direto nos 
ordenamentos jurí dicos internos dos Estados, com a adoça o da primazia dos direitos humanos 
como guia para a expansa o do bloco de constitucionalidade. Com isso, a dista ncia entre interno 
e internacional passa a ser relativizada na tentativa de melhor proteger os direitos e dar uma 
resposta satisfato ria a s ví timas ou a s potenciais ví timas de ataques a direitos. Isso, todavia, na o 
retira a importa ncia dos ordenamentos jurí dicos nacionais, que continuam responsa veis, de 
modo primeiro, pela proteça o dos direitos humanos - inclusive como manifestaça o de sua 
pro pria soberania. Estando os Estados mais pro ximos das realidades concretas, possuem, 
inclusive, melhores mecanismos de contornar a situaça o agravadora dos direitos - ou, ao menos, 
assim se espera. A prefere ncia pelo a mbito local na o e , todavia, absoluta e e temperada pelo 
princí pio da subsidiariedade - ou complementariedade - da ordem internacional. Quando o 
Estado for falho ou omisso na tarefa de proteger os direitos, incidira o aparato de proteça o 
internacional. Emerge, dessa forma, um novo paradigma dos direitos humanos — lastreado na 
coexiste ncia e no dia logo dos sistemas de direitos humanos em torno das pessoas. Os direitos 
internos e o direito internacional acabam por se impactar mutuamente, surgindo dessa catarse 
uma nova ordem pu blica internacional, pautada pelos mu ltiplos dia logos entre os sistemas”. 
 
--- 
 
“Foi necessa ria a cata strofe da Segunda Guerra Mundial para que os direitos humanos 
passassem a receber, no sistema internacional, no direito novo criado pela Carta da ONU, uma 
abordagem distinta daquela com a qual vinham sendo habitualmente tratados. Os desmandos 
dos totalitarismos que terrorizavam va rios paí ses da Europa e que levaram ao megaconflito 
haviam consolidado a percepça o kantiana de que os regimes democra ticos apoiados nos 
 
 
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direitos humanos eram os mais propí cios a manutença o da paz e da segurança internacionais. 
Daí a necessidade de apoiar em normas internacionais o ideal dos direitos humanos. Sobretudo, 
insinua-se, entre os lí deres democra ticos, a percepça o de que os direitos humanos na o podem 
mais constituir mate ria do domí nio exclusivo dos Estados e que algum tipo de controle 
internacional se faz necessa rio para conter o mal ativo e passivo prevalecentes no mundo. Trata-
se, a luz do que tinha sido o horror da guerra e o horror do holocausto, da incorporaça o da ideia 
kantiana do direito a hospitalidade universal, sem o qual nenhum ser humano pode, diante da 
soberania estatal, sentir-se a vontade e em casa no mundo” (Fonte: LAFER, Celso. A ONU e os 
direitos humanos. Estud. av., Sa o Paulo, v. 9, n. 25, p. 169-185, Dec. 1995. Disponí vel em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141995000300014&lng=en&nrm=iso>). O sistema universal de proteça o dos direitos 
humanos e entendido como: “o conjunto de instrumentos legais, o rga os, compete ncias e 
procedimentos que, por ser institucionalmente vinculado a Organizaça o das Naço es Unidas 
(ONU) — e, portanto, na o ser restrito a uma regia o geogra fica do planeta -, tem aplicabilidade 
global”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas 
internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 24). 
 
--- 
 
“Com a criaça o das Naço es Unidas e a adoça o dos princí pios da Carta da ONU, ale m da 
Declaraça o Universal dos Direitos do Homem, entre outros instrumentos internacionais, 
finalmente foi abandonada, ao menos teoricamente, a ideia da exclusividade dos direitos 
humanos. Vivemos, desde 1945, um perí odo de reconhecimento da sua universalidade einclusividade, sendo, tambe m, um perí odo de reivindicaço es dos povos no sentido de exercerem 
o direito a autodeterminaça o como um direito dos povos e do homem. E o momento da 
democratizaça o, da descolonizaça o, da emancipaça o, da luta contra o racismo e todas as formas 
de discriminaça o racial. O direito a existe ncia, a vida, a integridade fí sica e moral da pessoa e a 
na o-discriminaça o, em particular a racial, sa o normas imperativas da comunidade internacional 
ou da natureza do ius cogens” (Fonte: MBAYA, Etienne-Richard. Ge nese, evoluça o e 
universalidade dos direitos humanos frente a diversidade de culturas. Estud. av., Sa o Paulo, v. 
11, n. 30, p. 17-41, Aug. 1997. Disponí vel em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340141997000200003&lng=en
&nrm=iso). “Foi com a Declaraça o Universal dos Direitos Humanos, em 1948, que se inaugurou, 
de modo pioneiro, um discurso uní voco internacional sobre a proteça o dos direitos humanos - 
e que vem sendo chamado de concepça o contempora nea de direitos humanos. A partir de enta o 
se desenvolveu, no plano internacional, com reflexos nos planos constitucionais, uma nova 
etapa na compreensa o dos direitos e na proteça o das pessoas” (p. 15). “Essa concepça o 
contempora nea de direitos humanos tem como marca, de um lado, a humanizaça o dos 
constitucionalismos internos (com reforço da tutela dos direitos e das cla usulas abertas de 
proteça o a dignidade) e, de outro, a internacionalizaça o da proteça o da pessoa humana. Ambos 
sa o feno menos recentes que remetem ao po s-Segunda Guerra Mundial” (p. 16) Fonte: FACHIN, 
M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema 
constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (p. 15 e 16). 
 
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“O Pacto Internacional sobre Direitos Econo micos, Sociais e Culturais (PIDESC, ou, em ingle s, 
ICESCR), de 1966, foi elaborado pela antiga Comissa o de Direitos Humanos. Junto ao Pacto 
Internacional sobre Direitos Civis e Polí ticos e com a Declaraça o Universal de Direitos Humanos, 
compo e a chamada Carta Internacional de Direitos (International Bill of Rights) ”. De acordo com 
o livro base da disciplina, “os principais direitos econo micos, sociais e culturais sa o i) Direito a 
na o discriminaça o; ii) Direito ao trabalho; iii) Direito de associaça o; iv) Direito a seguridade 
social; v) Proteça o da famí lia; vi) Direito a condiço es dignas de vida; vii) Direito a sau de; viii) 
Direito a educaça o; ix) Direito a participaça o na vida cultural”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia 
de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: 
InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 59). 
 
--- 
 
 “A Comissa o de Direitos Humanos (CDH), criada em 1946, tendo como pano de fundo o 
segundo po s-guerra, concebeu uma estrate gia de atuaça o da ONU na a rea de direitos humanos 
sob o conceito de Carta Internacional dos Direitos Humanos, que compreendia a elaboraça o de 
uma Declaraça o Universal, de uma Convença o de Direitos Humanos e o estabelecimento de 
medidas de implementaça o. Na o houve dificuldades intransponí veis para se dar o primeiro 
passo, ou seja, para a elaboraça o da Declaraça o Universal, adotada em 1948 na Assembleia-
Geral, por 48 votos a favor e 8 abstenço es. A Declaraça o, na o sendo mandato ria, representou 
uma nova vis directiva. Ale m dos direitos civis e polí ticos, incorporou os direitos econo micos, 
sociais e culturais, e constituiu uma manifestaça o clara do repu dio aos regimes totalita rios” 
(Fonte: LAFER, Celso. A ONU e os direitos humanos. Estud. av., Sa o Paulo, v. 9, n. 25, p. 169-185, 
Dec. 1995. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141995000300014&lng=en&nrm=iso>. Access on 19 Feb. 2019. 
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40141995000300014). “A DUDH e marcada por duas 
caracterí sticas principais: a amplitude e a universalidade. Mostra-se ampla ao compreender um 
conjunto de direitos e faculdades necessa rios para que um indiví duo possa desenvolver sua 
capacidade fí sica, moral e intelectual e e universal ao ser aplica vel a todas as pessoas, sem 
restriço es de nacionalidade, raça, religia o ou sexo, independentemente do regime polí tico do 
territo rio no qual incide” (p. 26). Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos 
humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro 
eletro nico), (p. 26). 
 
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“Embora a Declaraça o Universal dos Direitos Humanos (DUDH) tenha fixado um elenco dos 
direitos humanos ba sicos, em seu momento inicial na o apresentava força jurí dica obrigato ria e 
vinculante, uma vez que foi adotada pela Assembleia Geral das Naço es Unidas sob a forma de 
resoluça o, e na o pelos Estados partes em forma de tratado. Ao longo do tempo, pore m, a 
Declaraça o assumiu a natureza jurí dica de norma de jus cogens. Ainda que seja um documento 
de soft law, e na o um tratado, por sua autoridade histo rica assumiu o papel de uma cartilha de 
valores elementares compartilhados pela comunidade internacional, tornando-se um co digo de 
atuaça o e de conduta para todos os Estados”. “O sistema universal ou global de proteça o dos 
direitos humanos e formado por instrumentos e o rga os pertencentes a duas grandes a reas: a 
convencional, originada de tratados internacionais dos quais os Estados sa o signata rios, e a 
 
 
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extraconvencional, derivada da Carta da ONU e da atuaça o de seus o rga os (Ramos, 2016, p. 83). 
O mecanismo (ou sistema) convencional tem como fundamento o consentimento prestado 
pelos Estados signata rios ao assumirem as obrigaço es constantes em um instrumento 
internacional. Os o rga os criados por essas convenço es, chamados de comite s, entre outras 
funço es, monitoram o cumprimento das obrigaço es estatais, desenvolvem a interpretaça o das 
disposiço es normativas e recebem e apuram as petiço es ou comunicaço es de indiví duos ví timas 
de violaço es de direitos humanos” (p. 29 e 30). “O sistema extraconvencional - ou na o 
convencional - tendo como base as disposiço es da Carta da ONU e os poderes dos o rga os por 
ela criados, possui mecanismos aplica veis a todos os Estados, e na o apenas a queles signata rios 
de uma convença o internacional especí fica, sendo esses mecanismos embasados no dever geral 
de cooperaça o internacional dos Estados em mate ria de direitos humanos. E representado, 
principalmente, pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU. Entre os mecanismos 
extraconvencionais, existem os mecanismos tema ticos e aqueles que tratam de situaço es 
especí ficas, estabelecidas pelo Conselho de Direitos Humanos. A abordagem tema tica permite 
o tratamento de casos especí ficos de ameaça ou efetiva violaça o de direitos humanos, contando 
ainda com a participaça o de grupos que na o te m vinculaça o polí tica, o que promove a 
imparcialidade e a especialidade das medidas a serem tomadas em cada caso” (p. 30). 
Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e 
sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 29 e 30). 
 
--- 
 
“O Conselho de Direitos Humanos e o principal fo rum intergovernamental no a mbito das 
Naço es Unidas para tratar de questo es relativas aos direitos humanos. Foi criado em 2006 para 
substituir a Comissa o de Direitos Humanos, figurando, portanto, como fruto de um processo 
reformador dos mecanismos para proteça o e promoça o dos direitos humanos no seio da ONU. 
A antiga Comissa o de Direitos Humanos foi criada pelo Conselho Econo mico e Social (ECOSOC) 
em 1946. Tinha a funçao primordial de formular propostas, recomendaço es e relato rios sobre 
qualquer mate ria relativa a direitos humanos e era composta por representantes de Estados 
eleitos pelo ECOSOC para mandatos renova veis com duraça o de tre s anos. A composiça o do 
o rga o foi alargada sucessivas vezes ate contar com 53 membros na data de sua extinça o. A 
Comissa o elaborou a DUDH em 1948 e, em 1966, o PIDCP e o PIDESC, ale m de outras sete das 
nove grandes convenço es tema ticas para a proteça o de direitos humanos no a mbito da ONU. 
Ademais, desenvolveu a prerrogativa de receber comunicaço es individuais e de estabelecer 
procedimentos especiais". Entretanto, passou a ser constante alvo de crí tica: a percepça o que 
se difundiu e a de que teria se tornado excessivamente politizada”. Em substituiça o a Comissa o, 
o Conselho foi mantido como o principal o rga o formador de standards de proteça o de direitos 
humanos da ONU e foi encarregado de promover o respeito universal aos direitos humanos e a s 
liberdades fundamentais para todos - art. 20 da Resoluça o n. 60/251 da Assembleia Geral. Para 
tal, deve se guiar pelos princí pios de universalidade, imparcialidade, objetividade, na o 
seletividade, bem como pelo dia logo e pela cooperaça o internacional - conforme art. 40 da 
Resoluça o n. 60/251 da Assembleia Geral. O Conselho e composto por representantes de 47 
Estados eleitos pela maioria absoluta dos membros da Assembleia Geral, por meio de voto 
direto e secreto, para um mandato de tre s anos. Na o se permite reeleiça o imediata depois de 
cumpridos dois mandatos subsequentes. Os assentos do Conselho sa o distribuí dos entre grupos 
regionais, para garantia de divisa o geogra fica equitativa: cabem 13 assentos ao Grupo dos 
Estados Africanos; outros 13 ao Grupo dos Estados Asia ticos; seis para o Grupo dos Estados da 
 
 
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Europa Oriental; oito ao Grupo dos Estados da Ame rica Latina e do Caribe; e sete ao Grupo dos 
Estados da Europa Ocidental e Outros (art. 70 da Resoluça o n. 60/251 da Assembleia Geral. A 
candidatura para o Conselho e aberta a todos os Estados-membros da ONU. Os Estados votantes 
na Assembleia Geral devem considerar a contribuiça o dos candidatos para a promoça o e a 
proteça o dos direitos humanos, bem como os compromissos assumidos pelos candidatos 
durante a campanha para a eleiça o. Exige-se, ainda, que os membros do Conselho respeitem os 
mais altos padro es de proteça o e promoça o de direitos humanos e que cooperem com o o rga o 
- conforme arts. 80 e 90 da Resoluça o n. 60/251 da Assembleia Geral (UN ,2006). Essas 
exige ncias sa o vistas como acertos do processo reformador, visto que buscam garantir 
mandatos coerentes, comprometidos e na o seletivos” (p. 31, 32 e 33). Fonte: FACHIN, M. G. 
(org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. 
Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 31, 32 e 33). 
 
--- 
 
“A Resoluça o n. 60/251 da Assembleia Geral criou o Conselho de Direitos Humanos e atribuiu 
a esse o rga o a funça o de empreender uma Revisa o Perio dica Universal (RPU) do cumprimento, 
por parte de cada Estado, de suas obrigaço es e de seus compromissos de direitos humanos, de 
modo que garanta universalidade de cobertura e tratamento igualita rio em relaça o a todos os 
Estados. Tambe m dispo s, em seu art. 50, que essa revisa o deve ser “um mecanismo cooperativo, 
baseado em um dia logo interativo, com o envolvimento integral do paí s em questa o” (UN, 2006). 
Por meio da RPU, os Estados componentes do Conselho analisam o histo rico e a situaça o de 
direitos humanos de todos Estados-membros da ONU, com o objetivo de verificar o 
cumprimento das obrigaço es internacionais por eles assumidas em mate ria de direitos 
humanos. Trata-se de um mecanismo de revisa o por pares {peer review), de cara ter volunta rio 
e cooperativo, criado para eliminar a politizaça o e a seletividade identificadas no 
funcionamento da Comissa o” (p. 34). “...busca-se alcançar esse objetivo em duas principais 
frentes. Em primeiro lugar, a revisa o e “universal”: todos os Estados-membros da ONU esta o 
sujeitos ao escrutí nio de seus pares no Conselho, sem que haja arbitrariedade para a escolha 
dos sujeitos da revisa o. A universalidade tambe m diz respeito a ana lise da situaça o geral dos 
direitos humanos no Estado revisado, diferentemente do trabalho dos comite s, limitados ao 
tema das convenço es especí ficas. Em segundo lugar, a revisa o e “perio dica”, ou seja, segue um 
cronograma fixo e previsí vel, com o objetivo de que tenha cara ter sistema tico e na o reflita 
preocupaço es momenta neas de Estados ou grupos de Estados...”. “A revisa o tem como 
para metros a Carta das Naço es Unidas, a DUDH, os instrumentos de direitos humanos dos quais 
o Estado e parte e, ainda, as promessas e os compromissos volunta rios assumidos pelo Estado 
(inclusive durante a candidatura para a eleiça o ao Conselho) ” (p. 35). Fonte: FACHIN, M. G. 
(org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. 
Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 34 e 35). 
 
--- 
 
“Em 27 de maio de 1970, a Resoluça o n. 1503 (XLVI11) do Conselho Econo mico e Social das 
Naço es Unidas (ECOSOC) autorizou que a Comissa o de Direitos Humanos instituí sse um 
procedimento para analisar comunicaço es individuais relativas a um padra o consistente de 
graves violaço es de direitos humanos. Esse mecanismo confidencial, cujo tra mite era restrito ao 
 
 
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conhecimento dos membros da Comissa o, ficou conhecido como Procedimento 1503. A 
sobrevive ncia desse instrumento quando da criaça o do Conselho foi garantida pela mesma 
disposiça o que impo s a continuidade dos procedimentos especiais, visto que a revisa o dos 
mandatos, dos mecanismos, das funço es e das responsabilidades herdados da Comissa o teria 
tambe m o fim de manter o procedimento de queixas (complaints procedure). O Conselho, 
portanto, em seu art. 85, dispo e de um procedimento de queixas iniciado por comunicaço es 
individuais para tratar, com base em informaço es verossí meis, de padro es consistentes de 
graves violaço es de “todos os direitos humanos e todas as liberdades fundamentais que 
ocorram em qualquer lugar do mundo e em qualquer circunsta ncia" (UN, 2007a). O tratamento 
das comunicaço es deve ser imparcial, objetivo, eficiente, orientado a s ví timas, conduzido 
tempestivamente e, para que se maximize a cooperaça o dos Estados, confidencial - art. 86 da 
Resoluça o n. 5/1 do Conselho (UN, 2007a) ”. “Segundo o art. 87 da Resoluça o n. 5/1 (UN, 2007a) 
do Conselho de Direitos Humanos, uma comunicaça o sera admissí vel para o procedimento de 
queixas se: a. Na o tiver motivaça o manifestamente polí tica e tiver objeto compatí vel com a Carta 
da ONU, com a DUDH e com outros instrumentos de direitos humanos; b. Contiver uma 
descriça o fa tica das violaço es alegadas, incluindo a discriminaça o dos direitos supostamente 
violados; c. Na o utilizar linguagem abusiva; d. For submetida por uma pessoa ou por um grupo 
de pessoas que aleguem ser ví timas, ou por qualquer pessoa ou grupo de pessoas, incluindo 
ONGs, que estejam agindo de boa-fe e de acordo com os princí pios dos direitos humanos; e. Na o 
for baseada exclusivamente em informaço es disseminadas por meios de comunicaça o de 
massa.; f. Na o se referir a um caso que aparente revelar, por meio de informaço es verossí meis, 
um padra o consistente de graves violaço es de direitos ja sendo tratado por um procedimento 
especial, por um Comite tema tico vinculado a uma Convença o especí fica ou por qualquer outro 
procedimento de queixas similar em mate ria de direitos humanos nasNaço es Unidas ou cm 
o rga os regionais; g. Os recursos internos forem previamente esgotados, exceto se esses recursos 
aparentam ser inefetivos ou injustificadamente demorados”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia 
de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: 
InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 44). 
 
--- 
 
“Cada um desses tratados instituiu um comite tema tico (ou treaty body) responsa vel pelo 
monitoramento do instrumento legal ao qual esta vinculado. Ale m dos nove comite s ligados a 
cada convença o especí fica, o Protocolo Facultativo da Convença o contra a Tortura e toda forma 
de Tratamento Cruel, Desumano e Degradante criou o Subcomite para a Prevença o da Tortura. 
“Nas Naço es Unidas, surgiram nove principais tratados de direitos humanos, os quais da o base 
aos mecanismos convencionais na o contenciosos (Ramos, 2016, p. 84) e conformam o sistema 
convencional de direitos humanos das Naço es Unidas. Quais sejam: 1. A Convença o 
Internacional sobre a Eliminaça o de Todas as Formas de Discriminaça o Racial (1965). 2. O Pacto 
Internacional sobre Direitos Civis e Polí ticos (1966) e seus primeiro (1966) e segundo (1989) 
protocolos facultativos. 3. O Pacto Internacional sobre Direitos Econo micos, Sociais e Culturais 
(1966) e seu protocolo facultativo (2008). 4. A Convença o sobre a Eliminaça o de todas as 
Formas de Discriminaça o contra a Mulher (1979) e seu protocolo facultativo (1999). 5. A 
Convença o Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Crucis, Desumanos ou Degradantes 
(1984) e seu protocolo facultativo (2002). 6. A Convença o sobre os Direitos da Criança (1989) 
e seus primeiro, segundo (ambos de 2000) e terceiro protocolos facultativos (2011). 7. A 
Convença o Internacional para a Proteça o dos Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e 
 
 
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suas famí lias (1990). 8. A Convença o sobre os Direitos das Pessoas com Deficie ncia (2006) e 
seu protocolo facultativo (2006). 9. A Convença o para a Proteça o de Todas as Pessoas contra 
Desaparecimentos Forçados (2006) ” (Adaptado) (p. 48). Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de 
proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: 
InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 48). 
 
--- 
 
“A atividade prima ria de todos os comite s, exceto do Subcomite para a Prevença o da Tortura, e 
o recebimento de relato rios produzidos pelos Estados-partes, nos quais sa o demostrados os 
avanços e os desafios no cumprimento das previso es de cada convença o. Assim, o envio de 
relato rios perio dicos opera como uma forma de supervisa o dos Estados que ratificaram os 
instrumentos de direitos humanos do sistema universal (Ramos, 2016, p. 84). Os relato rios 
devem ser enviados pela primeira vez em um ou dois anos apo s a entrada em vigor da 
convença o ou da adesa o do Estado ao instrumento e, depois disso, periodicamente a cada 
quatro ou cinco anos, a depender da previsa o constante em cada convença o. Apesar da 
periodicidade prevista, alguns comite s aceitam “informes conjugados”, ou seja, a unia o de va rios 
relato rios em um, quando determinado Estado esta em atraso. O envio de relato rios na o deve 
ser encarado apenas como o cumprimento de uma obrigaça o internacional. Sua releva ncia esta 
essencialmente na elaboraça o, pois permite aos paí ses revisar seu ordenamento jurí dico 
interno e harmoniza -lo com os tratados internacionais de direitos humanos, monitorar a 
implementaça o de polí ticas pu blicas, identificar problemas, propor soluço es e planejar sua 
efetivaça o. A obrigaça o de relatar, portanto, incentiva uma postura revisional e autocrí tica. “O 
procedimento do sistema de relato rios adotado pelos comite s apresenta, como regra, as 
seguintes etapas: (1). Submissa o do relato rio nacional pelo Estado ao Secreta rio-Geral das 
Naço es Unidas, representado pelo Alto Comissariado das Naço es Unidas para Direitos 
Humanos. O Secretariado processa o relato rio e agenda uma data no perí odo de sesso es para 
que o comite o analise. Reside, aqui, um dos principais problemas do sistema convencional, ja 
que alguns comite s demoram ate dois anos para avaliar o documento. (2). Lista de questo es e 
lista de temas. Antes da sessa o em que analisara o relato rio, o comite elabora uma lista de temas 
(list of themes) ou uma lista de questo es (list of issues) e a envia ao Estado. Isso confere a 
oportunidade de requerer informaço es adicionais e permite ao o rga o de monitoramento 
inquirir o paí s sobre assuntos especí ficos. Alguns comite s designam relatores para a produça o 
da lista. Esse relator a enviara ao Estado, procurando construir um dia logo construtivo entre a 
delegaça o estatal e o comite . (3). Resposta escrita a lista de questo es ou a lista de temas. O 
Estado elabora as respostas por escrito, as quais sa o consideradas no momento de avaliaça o do 
relato rio. As respostas escritas sa o relevantes especialmente quando o relato rio foi apresentado 
ha muito tempo. (4). Outras fontes de informaça o. Ale m dos relato rios enviados pelos Estados, 
os comite s podem receber os chamados relato rios sombra (shadow reports), elaborados por 
outras fontes, incluindo age ncias especializadas da ONU, outras organizaço es internacionais, 
ONGs, grupos profissionais e acade micos, entre outros (Ramos, 2016. p. 87). Considerando os 
desafios da produça o de um documento completo, as fontes alternativas, principalmente 
instituiço es nacionais de direitos humanos, podem, alternativamente, sugerir temas para 
constarem na lista de questo es (APF, 2012, p. 74). (5). Apreciaça o formal do relato rio. Nesse 
momento, ocorrem sesso es orais na sede do comite , nas quais, usualmente, concede-se um 
momento pre vio para que representantes das fontes adicionais de informaça o se manifestem 
(APF, 2012, p. 74). Os Estados respondem a s questo es elaboradas e fornecem mais informaço es 
 
 
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sobre a implementaça o dos dispositivos do tratado. Ocorre, de fato, um dia logo construtivo 
entre os membros do comite , os representantes de outras instituiço es e a delegaça o do Estado. 
(6). Observaço es conclusivas e recomendaço es. A apreciaça o do relato rio culmina com a 
elaboraça o, por parte do Comite , de observaço es e recomendaço es que reconhecem os avanços 
na implementaça o dos direitos humanos e apontam a reas deficita rias, resultando em instruço es 
concretas e pra ticas para a soluça o de problemas (OHCH R, 2012, p. 28). Os Estados sa o 
encorajados a publicizar as recomendaço es, a fim de estimular o debate a ní vel nacional. 
(7). Implementaça o das observaço es e submissa o do pro ximo relato rio perio dico. Uma das 
maiores dificuldades do sistema de relato rios e garantir o cumprimento de suas recomendaço es 
(Ramos, 2016, p. 89). Dada a fra gil vinculatividade das observaço es conclusivas, os comite s 
instituí ram mecanismos para garantir a elas maior efetividade. Assim, em alguns casos (como 
no Comite de Direitos Humanos), requer-se ao Estado que informe sobre medidas adotadas 
para a incorporaça o das recomendaço es. Ademais, e comum que, nos procedimentos de 
relatoria subsequentes, o comite requeira informaço es acerca da aplicaça o das concluso es do 
relato rio anterior” Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas 
internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 51 e 
52). 
 
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Tema: Sistema Europeu de Direitos Humanos 
“O sistema europeu sofreu profunda modificaça o. Funcionando, anteriormente,com uma 
Comissa o e uma Corte, com a emenda adotada pelo protocolo de 11 de maio de 1994, que entrou 
em vigor em 1º de novembro de 1998, passou a contar com apenas uma Corte, reestruturando-
se os mecanismos origina rios. O protocolo 11 jurisdicionaliza o sistema de proteça o, permitindo 
o ingresso direto das ví timas a Corte. Essa jurisdicionalizaça o total do processo de proteça o - 
necessariamente acompanhada pelo direito de qualquer indiví duo, que se encontre em um dos 
Estados-parte, a demandar diretamente contra os Estados ante um Tribunal internacional - 
entrou em vigor na Europa ao mesmo tempo em que ocorriam avanços substanciais no processo 
de unificaça o de alguns paí ses, tais como a eliminaça o total de barreiras impositivas e a adoça o 
de uma moeda u nica” (Fonte: BICUDO, He lio. Defesa dos direitos humanos: sistemas regionais. 
Estud. av., Sa o Paulo, v. 17, n. 47, p. 225-236, Apr. 2003. Available from 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142003000100014&lng=en
&nrm=iso). “A Convença o Europeia de Direitos Humanos e o principal documento do SEDH e 
carrega importa ncia histo rica significativa. Tem como inspiraça o a Declaraça o Universal dos 
Direitos Humanos, expressamente referenciada em seu texto, sendo o primeiro documento legal 
a exigir dos Estados signata rios obrigaço es jurí dicas vinculantes nela baseadas, dando formato 
jurí dico a superaça o da ideia de que a proteça o de direitos e questa o a ser resolvida ta o so em 
jurisdiça o dome stica”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos 
humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro 
eletro nico), (p. 90). 
 
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“A versa o atual da Corte Europeia de Direitos Humanos (EDH) e resultado de um processo de 
longa duraça o que passou por diversos perí odos: o de criaça o (1950-1959), que culminou com 
a constituiça o do Tribunal de Estrasburgo; o perí odo de desenvolvimento, que vai desde 1959 
ate a entrada em vigor do Protocolo n° 11 de 1998, e o surgimento de um “novo tribunal”; o 
perí odo de funcionamento desse novo Tribunal, ate a reforma levada a cabo pelo Protocolo n° 
14, de 2010, e, finalmente, o u ltimo perí odo, com a entrada em vigor do referido protocolo e as 
novidades por ele introduzidas (Guerra, 2013)”. “Apo s ser recebida a queixa redigida pela 
ví tima, uma ana lise de admissibilidade e previamente realizada. Nela, verifica-se a compete ncia 
material, pessoal, temporal e territorial. A admissibilidade de demanda individual e realizada 
pelos magistrados da Corte EDH, que na o podera ser um dos indicados pelo Estado contra quem 
esta for apresentada. Caso a petiça o na o cumpra com as condiço es necessa rias conforme a 
Convença o EDH, sera rejeitada. Na ana lise, o juiz levara em conta tambe m o prejuí zo 
significativo sofrido pelo peticiona rio em decorre ncia da violaça o de direitos previstos na 
Convença o, como ja decidido em alguns casos, considerando-se uma nova condiça o de 
admissibilidade a partir do Protocolo n. 14. E possí vel que haja rejeiça o parcial ou total. A 
decisa o que declara inadmissí vel a queixa e definitiva e irrevoga vel e, enta o, o caso e concluí do”. 
Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e 
sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 110). 
 
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“O procedimento da Corte EDH e regido pela Convença o, em menor parte, mas principalmente 
seu Regulamento (Rules of Court). Este e composto por 111 artigos e e de autoria da pro pria 
Corte, conforme previsto no art. 25, “d”, da Convença o. A legitimidade ativa se refere a 
indiví duos, a grupos de indiví duos, a ONGs ou mesmo Estado que alegue ter sido ví tima de 
violaça o, caso no qual um Estado apresentara queixa em face de outro. Ale m disso, a 
jurisprude ncia da Corte EDH reconheceu a possibilidade de pessoas jurí dicas no polo ativo das 
demandas, como no Caso Autronic AG vs. Suí ça (Council of Europe, 1990). E um elemento 
marcante do SEDH a possibilidade de que indiví duos acionem diretamente o sistema de 
proteça o por meio da Corte, sendo que qualquer pessoa, grupo ou ONG podera acessar o 
organismo responsa vel pela supervisa o no caso de queixas individuais”. “Ale m desse 
instrumento, em junho de 2009 a Corte EDH adotou uma polí tica de prioridade no 
processamento das petiço es, visando agilizar o procedimento de casos mais urgentes, 
estabelecendo sete categorias. Essa polí tica foi revista em maio de 2017, sendo atualmente as 
categorias que te m prioridade na tramitaça o (Council of Europe, 2017): (i) Queixas urgentes: 
em que ha risco particular a vida ou a integridade fí sica do peticiona rio; quando o peticiona rio 
estiver preso como conseque ncia direta da violaça o da Convença o alegada; quando se trate de 
circunsta ncias relacionadas a esfera pessoal ou familiar do peticiona rio, especialmente quando 
o bem-estar de uma criança e envolvido; (ii) Impacto na efetividade do Sistema Convencional 
ou Questo es de Interesse Geral: sa o as primeiras queixas que possam ter efeitos na efetividade 
do sistema, seja uma situaça o estrutural que na o tenha sido analisada pela Corte EDH ate o 
momento, como os julgamentos piloto, sejam aquelas situaço es que se referem a questo es 
capazes de trazer implicaço es a legislaça o dome stica do Estado ou ao SEDH; (iii) Artigos 2 ,3 ,4 
ou 5, para grafo 1°, da Convença o Europeia: as queixas que se relacionem a esses artigos, 
definidos como “core rights"; (iv) Queixas potencialmente bem fundamentadas nos artigos 
alegados; (v) Queixas que tragam questo es ja julgadas por meio de um caso paradigma tico de 
ou julgamento piloto {“well established case-law cases"); (vi) Queixas identificadas como tendo 
problemas de admissibilidade; (vii) Queixas que sejam manifestamente inadmissí veis”. 
Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e 
sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 107 e 108). 
 
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“E certo que o mecanismo europeu de controle sofria, desde sua origem, de duas deficie ncias: 
sua complexidade tornava o procedimento de controle pouco visí vel para os peticiona rios; seu 
cara ter hí brido, meio jurisdicional, meio polí tico, afetava sua credibilidade. A verdade, 
entretanto, e que o sistema inicial adotado (Comissa o, Corte, Comite de Ministros do Conselho 
da Europa) na o se adaptou ao volume de denu ncias individuais apresentadas” (Fonte: BICUDO, 
He lio. Defesa dos direitos humanos: sistemas regionais. Estud. av., Sa o Paulo, v. 17, n. 47, p. 225-
236, Apr. 2003. Disponí vel em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142003000100014&lng=e
n&nrm=iso>.) “O Comite de Ministros e formado pelos Ministros de Relaço es Exteriores de cada 
Estado-membro do Conselho da Europa. Trata-se do o rga o responsa vel pela execuça o das 
sentenças. Apo s ser proferida uma sentença pela Corte EDH, esta e encaminhada ao Comite de 
Ministros, que deve supervisionar sua aplicaça o, visando, por exemplo, assegurar pagamentos 
de compensaço es financeiras. O Comite e regido pelo seu pro prio Regulamento — o 
Regulamento para Supervisa o e Execuça o das Sentenças e Acordos Amistosos. Portanto, tanto 
as sentenças quanto os acordos, bem como casos envolvendo margem de apreciaça o, sera o 
 
 
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supervisionados pelo o rga o. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos 
humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro 
eletro nico), (p. 115). 
 
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“Trata-se deprincí pio de grande importa ncia para o Sistema Europeu, como se nota pelo 
Protocolo n° 15 a Convença o Europeia de Direitos Humanos (doravante CEDH), que visa a 
alterar o prea mbulo do tratado, para incluir em sua redaça o uma mença o ao princí pio da 
subsidiariedade e a margem de apreciaça o nacional. Observa-se que o Protocolo n° 15 so 
entrara em vigor quando todos os Estados partes da CEDH o assinarem e ratificarem, o que 
ainda na o aconteceu. O seu artigo 1° preve : Artigo 1° No fim do prea mbulo da Convença o, e 
aditado um novo considerando, cuja redaça o e a seguinte: «Afirmando que, em conformidade 
com o princí pio da subsidiariedade, incumbe em primeiro lugar a s Altas Partes Contratantes 
assegurar os direitos e liberdades definidos nesta Convença o e nos respetivos Protocolos, e que 
ao faze -lo elas gozam de uma margem de apreciaça o, sob a supervisa o do Tribunal Europeu dos 
Direitos Humanos criado por esta Convença o» (Fonte: CERQUEIRA BASTOS NETTO, Cla udio. O 
PRINCI PIO DA MARGEM DE APRECIAÇA O NACIONAL: EM BUSCA DO TERRENO COMUM. Rev. 
secr. Trib. perm. revis., Asuncio n , v. 6, n. 11, p. 66-87, Apr. 2018. Available from 
http://scielo.iics.una.py/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S230478872018001100066&lng=
en&nrm=iso). “Uma das caracterí sticas mais significativas da jurisdiça o da Corte EDH e a 
doutrina da “margem de apreciaça o" (margin of appreciation). A funça o jurisdicional de 
qualquer tribunal e marcada pelo cara ter definitivo de seus pronunciamentos finais, que na o 
podem ser revogados nem alterados por nenhuma outra insta ncia. Tal força se materializa nas 
sentenças do Tribunal, as quais, no a mbito do SEDH, sa o expressadas a partir do art. 46.1 da 
Convença o EDH, estabelecendo que os Estados-membros se comprometem a acatar as deciso es 
da Corte (Council of Europe, 2013). A margem de apreciaça o na o esta prevista no texto da 
Convença o EDH, mas foi construí da pela Corte em sua jurisprude ncia, sendo o primeiro dos 
Tribunais a trazer esse conceito. Desde a primeira apariça o, foi fundamento de centenas de 
deciso es, passando a ser aplicada em outras Cortes ale m da Corte EDH - contudo, em menor 
freque ncia. Sua releva ncia para o direito internacional dos direitos humanos e indiscutí vel, 
permanecendo ate hoje como grande objeto de discussa o internacionalmente. Ao mesmo 
tempo, sua definiça o e vista de forma problema tica por muitos autores (Legg, 2012, p. 39), 
havendo sido amplamente comentada e, na o raro, criticada. De toda forma, e a margem de 
apreciaça o uma doutrina criada jurisprudencialmente, consolidada ao longo do tempo por meio 
dos julgamentos de casos. Ela encontra seu fundamento na subsidiariedade da jurisdiça o 
internacional e dispo e que determinadas questo es pole micas relacionadas com as restriço es 
estatais a direitos protegidos devem ser discutidas e dirimidas pelas comunidades nacionais, 
na o podendo o juiz internacional aprecia -las. Assim, reflete a concepça o de que a 
responsabilidade pela proteça o dos direitos humanos esta atrelada primariamente aos Estados 
contratantes da Convença o. A ideia de defere ncia no exercí cio judicial aparece no sentido de 
que o Estado tem espaço para definir e processar determinado caso”. Fonte: FACHIN, M. G. 
(org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. 
Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 88 e 89). 
 
 
 
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Tema: Sistema Interamericano de Direitos Humanos 
“Ao longo de sua existe ncia, a Corte IDH tem se debruçado sobre os mais diversos temas 
concernentes aos direitos humanos nas Ame ricas, estabelecendo para metros mí nimos de 
proteça o. Sua jurisprude ncia reveste-se de imensa importa ncia na medida em que traduz a 
interpretaça o da Corte IDH acerca da Convença o Americana sobre Direitos Humanos (CADH), 
afirmando o seu cara ter de instrumento vivo, que se renova e se ressignifica ao longo do tempo. 
Ao ratificar a CADH, os Estados se comprometem a realiza -la, o que inclui sua interpretaça o”. 
Para que se possa compreender a jurisprude ncia da Corte IDH em uma perspectiva mais ampla, 
adota-se a classificaça o de Fla via Piovesan (2017), a qual agrupa as deciso es da Corte em seis 
grandes temas: violaço es que refletem o legado do regime ditatorial; violaço es que refletem 
questo es da justiça de transiça o; violaço es que refletem desafios acerca do fortalecimento de 
instituiço es e da consolidaça o do Estado de Direito (rule of law), violaço es de direitos de grupos 
vulnera veis; violaço es de direitos sociais; violaço es de novos direitos da agenda 
contempora nea”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas 
internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 
160). 
 
--- 
 
“O continente americano nos da o segundo exemplo de regionalizaça o dos Direitos Humanos, 
no a mbito da OEA e da cooperaça o interamericana, ao instituir um mecanismo de proteça o 
sofisticado, fortemente inspirado no modelo europeu. A qualidade do discurso de proclamaça o 
contrasta - deve-se afirmar - singularmente, com a situaça o real dos Direitos Humanos na 
Ame rica Central ou na Ame rica do Sul”. (Fonte: BICUDO, He lio. Defesa dos direitos humanos: 
sistemas regionais. Estud. av., Sa o Paulo, v. 17, n. 47, p. 225-236, Apr. 2003. Available from 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142003000100014&lng=en
&nrm=iso). O SIDH e composto por dois regimes: um baseado na Carta da OEA, cujo o rga o de 
salvaguarda e a Comissa o IDH, e outro fundamentado na CADH, conhecida como Pacto de Sa o 
Jose da Costa Rica, o qual compreende a mesma Comissa o e a Corte IDH. Os antecedentes do 
SIDH sa o marcados pela Declaraça o Americana dos Direitos e Deveres do Homem, de 1948, bem 
como por outros instrumentos jurí dicos que o precederam. E o caso de convenço es sobre 
direitos de estrangeiros e de cidada os naturalizados, sobre asilo, sobre direitos da mulher, bem 
como de resoluço es e declaraço es das confere ncias interamericanas sobre direitos humanos. O 
perí odo de formaça o do sistema propriamente dito surgiu com a criaça o da Comissa o CIDH e 
com o gradual aumento de suas compete ncias. O sistema foi, enta o, consolidado a partir da 
entrada em vigor da CADH e vive sua fase de aperfeiçoamento por meio do surgimento de novos 
tratados, ale m da importante jurisprude ncia desenvolvida pela Corte IDH (Trindade, 2000, p. 
107-108). Apesar de a Comissa o IDH fazer parte de ambos os regimes (tanto da OEA quanto da 
CADH), estes na o se confundem. Enquanto no a mbito da OEA todos os Estados-membros da 
organizaça o compo em essa estrutura, no a mbito da CADH apenas aqueles que a ratificaram se 
comprometem com o seu texto. O regime baseado na CADH conta, ainda, com a Corte IDH, cuja 
jurisdiça o precisa ser aceita de forma expressa pelos Estados”. Em sí ntese, o surgimento do 
SIDH se deu no contexto do po s-Segunda Guerra Mundial. Primeiramente, os Estados 
americanos aprovaram dois importantes instrumentos jurí dicos em mate ria de direitos 
humanos: a Carta da OEA e a Declaraça o Americana dos Direitos e Deveres do Homem. Em 
seguida, elaborou-se um projeto de Convença o sobre Direitos Humanos e se criou a Comissa o 
 
 
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Interamericana de Direitos Humanos. Apo s a formalizaça o de projeto pro prio da Comissa o IDH, 
foi aprovado o texto da CADH, em Sa o Jose da Costa Rica. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de 
proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: 
InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 132 e 133). 
 
--- 
 
“A Convença o Americana de DireitosHumanos (CADH) se insere em um contexto de proteça o 
integral e progressivo desenvolvimento de direitos humanos, sendo complementada 
normativamente por outras convenço es e protocolos, que visam expandir seu horizonte de 
proteça o. Esses instrumentos compo em o corpus iuris interamericano cujo objetivo e a garantia 
de maior proteça o a pessoa humana”. “Os instrumentos que compo em o corpus 
iuris interamericano sa o: “ O Protocolo de Sa o Salvador, ou Protocolo em Mate ria de Direitos 
Econo micos Sociais e Culturais, de 1988, e o Protocolo relativo a Aboliça o da Pena de Morte, de 
1990, constituem os protocolos adicionais a CADH. Ha , ainda, outras convenço es especí ficas que 
compo em o SIDH. Sa o elas: a Convença o Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura; a 
Convença o Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Viole ncia contra a Mulher 
(Convença o de Bele m do Para ); a Convença o Interamericana para a Eliminaça o de Todas as 
Formas de Discriminaça o contra as Pessoas Portadoras de Deficie ncia; e a Convença o 
Interamericana sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia 
de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: 
InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 134). 
 
--- 
 
“A Convença o Americana de Direitos Humanos (CADH) direciona, precipuamente, suas 
preocupaço es aos direitos civis e polí ticos, de sorte que o direito a liberdade (art. 7º da CADH) 
e extremamente relevante. Ale m de vedar a privaça o de liberdade de maneira geral, proí be-se a 
detença o e o encarceramento arbitra rios, definindo que toda pessoa tem o direito a ser 
informada das razo es que levaram a privaça o de sua liberdade”. “Princí pio pro persona 
- tambe m conhecido como princí pio da norma mais favora vel. Ou seja, quando houver duas 
normas disciplinando a mate ria, cabera ao inte rprete adotar a posiça o mais protetiva (art. 29 
da CADH). Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas 
internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 
138). 
 
--- 
 
“A Convença o Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Viole ncia contra a Mulher foi 
concluí da em 1994, em Bele m do Para (Brasil), como uma resposta a viole ncia ende mica contra 
a mulher que ocorre nas Ame ricas, com entrada em vigor em 1995. O Brasil assinou a 
Convença o no momento de sua conclusa o e a ratificou em 1995”. “A Convença o define a 
viole ncia contra a mulher como “qualquer ato ou conduta baseada no ge nero, que cause 
morte, dano ou sofrimento fí sico, sexual ou psicolo gico a mulher, tanto na esfera pu blica como 
na esfera privada” (art. I° da Convença o de Bele m do Para ). Conforme o art. 2°, e abarcada pela 
 
 
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Convença o qualquer viole ncia (Comissa o IDH; OEA, 1994a): a. ocorrida no a mbito da famí lia ou 
unidade dome stica ou em qualquer relaça o interpessoal, quer o agressor compartilhe, tenha 
compartilhado ou na o a sua reside ncia, incluindo-se, entre outras formas, estupro, maus-tratos 
e abuso sexual; b. ocorrida na comunidade c cometida por qualquer pessoa, incluindo, entre 
outras formas, estupro, abuso sexual, tortura, tra fico de mulheres, prostituiça o forçada, 
sequestro e asse dio sexual no local de trabalho, bem como em instituiço es educacionais, 
serviços de sau de ou qualquer outro local; e c. perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus 
agentes, onde quer que ocorra”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos 
humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro 
eletro nico), (p. 141 e 142). 
 
--- 
 
“Mencionamos tambe m o Caso Atala Riffo vs. Chile, primeira vez em que a Corte IDH se 
manifestou sobre a questa o LGBTI, ressaltando o dever do Estado de adotar medidas para 
reverter ou mudar situaço es discriminato rias, o que inclui a atuaça o perante terceiros (Corte 
IDH, 2012b, para grafo 80). Referido posicionamento foi ressaltado no Caso Angel Alberto 
Duque vs. Colo mbia, em que a Corte IDH ressaltou a obrigaça o estatal de implementar todas as 
medidas para assegurar o acesso em igualdade de condiço es a serviços pu blicos (Corte IDH, 
2016a, para grafo 110). No mesmo sentido, evidenciamos o Caso Homero Flor Freire vs. 
Equador, que trata da impossibilidade de discriminaça o por orientaça o sexual nas forças 
armadas equatorianas (Corte IDH, 2016b)”. “Essa u ltima categoria enquadra casos que dizem 
respeito a novos direitos da agenda contempora nea; em especial, os direitos reprodutivos 
e referentes a questa o LGBTI. Nesse a mbito, ressaltamos o Caso Artavia Murillo e outros vs. 
Costa Rica, em que a Corre IDH se manifestou ante uma proibiça o absoluta da fecundaça o in 
vitro. Ressaltou as implicaço es da normativa em diferentes aspectos da vida privada, 
relacionados ao direito a fundar uma famí lia, direito a integridade fí sica e mental e, 
especificamente, os direitos reprodutivos (Corte IDH, 2012a, para grafo 144). Considerou ainda 
que a interrupça o de processos de fertilizaça o in vitro viola a integridade pessoal, liberdade 
pessoal, vida privada, intimidade e autonomia reprodutiva (para grafo 314). Exigiu-se que o 
Estado adequasse sua normativa a fim de que pudesse oferecer a populaça o me todos de 
reproduça o assistida, para dar resposta aos casais com problemas de fertilidade”. 
Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e 
sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 166). 
 
--- 
 
“Acionar a Comissa o Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), nesse sistema, tem como 
objetivo a produça o de recomendaço es aos Estados-membros para a observa ncia e a garantia 
dos direitos humanos, criando, ao longo dos anos, uma cultura de proteça o e promoça o de 
direitos. Ale m disso, apo s a admissibilidade da denu ncia e o iní cio da averiguaça o da violaça o 
por parte da Comissa o IDH, o Estado-re u e acionado para apresentar sua defesa, o que revela a 
importa ncia dada ao princí pio do contradito rio e da ampla defesa, conforme o art. 37.1 do 
Regulamento da Comissa o Interamericana de Direitos Humanos (OEA, 2009) ”. Os requisitos de 
admissibilidade perante a Comissa o IDH podem ser identificados na pa gina 148 do livro base 
da disciplina e compreendem: o esgotamento dos recursos internos, de acordo com os 
 
 
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princí pios de direito internacional; a apresentaça o da representaça o no prazo de seis meses, 
contados a partir da data da notificaça o da decisa o jurí dica interna; e a inexiste ncia de 
litispende ncia em outro processo internacional. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o 
dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 
2019, (livro eletro nico), (p. 148). 
 
--- 
 
“A obrigaça o de respeito aos direitos humanos corresponde a uma obrigaça o negativa, ou seja, 
impo e ao Estado o dever de na o violar direitos - Caso Velasquez Rodriguez vs. Honduras (Corte 
IDH, 1988). A obrigaça o de garantia, por outro lado, traduz-se em uma obrigaça o positiva, no 
sentido de que o Estado implemente toda uma estrutura de prevença o de violaço es de direitos 
humanos. Na o se trata de uma norma programa tica, mas de uma legí tima obrigaça o estatal, 
podendo o Estado ser demandado por falhas ao evitar que pessoas fí sicas ou jurí dicas, 
independentemente de ví nculo estatal, violem direitos humanos - Caso Ximenes Lopes vs. Brasil 
(Corte IDH, 2006) e Caso Blake vs. Guatemala (Corte IDH, 1998). Essas obrigaço es sa o 
complementadas ainda pelo dever imposto aos Estadosde incorporar, nos ordenamentos 
internos, as previso es convencionais (art. 2° da CADH) ”. A Convença o Americana de Direitos 
Humanos, ou Pacto de Sa o Jose da Costa Rica, e o instrumento central do SIDH. Na o obstante ter 
participado das deliberaço es acerca da CADH, o Brasil so a ratificou em 25 de setembro de 1992. 
Ao ratificar a CADH, o Brasil inicialmente na o reconheceu a jurisdiça o da Corte IDH (art. 62.1 
da CADH), tendo feito isso apenas em 1998...” (p. 134). “...CADH, para ale m de ser o instrumento 
de direitos humanos mais importante das Ame ricas, apresenta disposiço es de cara ter 
autoexecuto rio e auto nomo, operando por si mesma, sem demandar a complementaça o por 
atos legislativos internos, ainda que incentive o Estado a faze -lo a fim de expandir a proteça o 
conferida...” (p. 135). Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos 
humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro 
eletro nico), (p. 134 e 135). 
 
--- 
 
“A Corte Interamericana de Direitos Humanos e composta por sete juí zes eleitos pela 
Assembleia Geral da OEA, escolhidos de uma lista de pessoas com alta autoridade moral e 
conhecimento em direitos humanos, indicadas pelos Estados-membros, as quais podem 
apresentar ate tre s nomes, sendo um deles necessariamente cidada o de outro Estado-membro 
que na o o proponente. O mandato dos juí zes e de seis anos, com possibilidade de uma 
reconduça o (arts. 52, 53 e 54 da CADH)”. “Vale ressalvar a importa ncia de se atestar a 
compatibilidade do caso concreto a s compete ncias da Corte IDH, quais sejam: rationae 
personae, rationae materiae e rationae temporis. Essas compete ncias sa o tidas tambe m como 
requisitos de admissibilidade perante a Corte IDH. Rationae personae: Nada mais e do que a 
definiça o dos legitimados a postular casos perante a Corte IDH. Como ja foi mencionado, 
somente os Estados-membros e a Comissa o IDH apresentam essa compete ncia, ante a 
inexiste ncia do direito de petiça o individual. Rationae materiae: A Corte tem compete ncia para 
conhecer qualquer caso relativo a interpretaça o e a aplicaça o das disposiço es dessa Convença o 
que lhe seja submetido, atentando-se ao fato da necessidade de o Estado-membro ter 
reconhecida sua jurisdiça o. Rationae temporis: Conforme disposto no art. 62.2 da CADH, as 
 
 
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denu ncias devem ser apresentadas em prazo determinado, ou seja, o Estado-membro, quando 
aceitar a jurisdiça o da Corte IDH, pode delimitar se as violaço es ocorridas antes da data de 
ratificaça o podem ser objeto de lití gio, ou se somente as violaço es ocorridas apo s o aceite 
podem ser demandadas”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos 
humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro 
eletro nico), (p. 153). 
 
 
 
 
 
 
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Tema: O Sistema Africano de proteção dos direitos humanos 
 
“A Carta constitui um aporte importante ao desenvolvimento do direito regional africano e 
cobre uma lacuna essencial em mate ria de direitos humanos. Ela entrou em vigor somente em 
21 de outubro de 1996 com o objetivo de priorizar os direitos dos povos. Tais direitos sa o 
concebidos como um direito a independe ncia e na o como um direito a secessa o, ao qual a 
pra tica da Unia o Africana e totalmente contra ria, em nome do princí pio da intangibilidade das 
fronteiras da integridade territorial. As disposiço es da Carta relativas ao direito dos povos sa o 
tambe m a expressa o, a mais clara, da tende ncia moderna a coletivizaça o dos direitos do homem. 
Sob esse aspecto, a Carta apresenta a singularidade de fazer coabitar conceitos aparentemente 
antago nicos: indiví duo e povo, direitos individuais e direitos coletivos, direitos da chamada 
"terceira geraça o" (direitos sociais, econo micos e culturais) e direitos cla ssicos (civis e 
polí ticos)” (Fonte: BICUDO, He lio. Defesa dos direitos humanos: sistemas regionais. Estud. av., 
Sa o Paulo, v. 17, n. 47, p. 225-236, Apr. 2003. Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142003000100014&lng=e
n&nrm=iso>). A Carta Africana, mais importante instrumento regional de direitos humanos, 
conta com 54 ratificaço es, quase a totalidade dos Estados-membros da Unia o Africana (55 
Estados). A exceça o e o Marrocos, paí s que, apesar do recente retorno a organizaça o, ainda na o 
assinou o tratado referente a proteça o de direitos humanos no continente. A Carta e dividida 
em tre s partes. A primeira delas congrega os direitos humanos e dos povos, bem como os 
deveres dos indiví duos; a segunda se refere a s medidas de proteça o, relativas ao 
estabelecimento, ao mandato e ao procedimento da Comissa o ADHP; a terceira conte m 
disposiço es gerais”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos 
humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro 
eletro nico), (p. 179). 
 
--- 
 
“O Protocolo de Maputo na o possui o rga o especí fico de supervisa o. A Corte Africana e o palco 
competente para analisar questo es de interpretaça o decorrentes da aplicaça o ou da 
implementaça o do Protocolo. Ale m disso, o art. 26 do documento dispo e que, nos relato rios do 
art. 62 da Carta Africana, os Estados-partes do Protocolo tambe m devera o indicar medidas 
adotadas para a plena realizaça o dos direitos estampados no Protocolo”. “Adotado em 2003 e 
em vigor desde 2005, o Protocolo sobre os Direitos das Mulheres na A frica, tambe m 
denominado Protocolo de Maputo, conta com 39 ratificaço es, 13 assinaturas e tre s Estados que 
na o o ratificaram, tampouco o assinaram (Botsuana, Egito e Marrocos). Suas disposiço es sa o 
bastante completas e abrangem diversos ní veis de proteça o dos direitos das mulheres. 
Ressaltamos o recorte interseccional, que revela preocupaça o em proteger as mulheres em 
diferentes conjunturas, sejam refugiadas, viu vas, casadas, idosas, com deficie ncia ou atingidas 
por conflitos armados. Busca consolidar a luta contra pra ticas discriminato rias de qualquer 
espe cie, incluindo a viole ncia dome stica e os abusos que decorrem de tradiço es culturais 
africanas, como a mutilaça o genital feminina e a realizaça o de casamentos sem o consentimento 
da mulher. Tambe m procura garantir o direito a educaça o e a participaça o das mulheres nos 
processos polí ticos deciso rios. Trata-se do primeiro tratado internacional que conte m 
previso es sobre direitos sexuais e reprodutivos, ale m de se referir expressamente a Sida/HIV 
neste contexto”. 
 
 
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Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e 
sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 187). 
 
--- 
 
“A Carta Africana criou, em seu artigo 30, uma Comissa o africana do homem e dos povos. Trata-
se de um o rga o te cnico independente, composto por catorze membros escolhidos por suas 
qualidades pessoais, encarregado da promoça o e da proteça o dos direitos do homem. Para esse 
efeito, a Comissa o pode ser solicitada pelas faltas de um Estado a s disposiço es convencionais, 
provocada por outro Estado ou por particulares” (Fonte: BICUDO, He lio. Defesa dos direitos 
humanos: sistemas regionais. Estud. av., Sa o Paulo, v. 17, n. 47, p. 225-236, Apr. 2003. Available 
from: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142003000100014&lng=en
&nrm=iso). “Compete ncias da Comissa o Africana de Direitos Humanos e dos Povos: 
(1). Organizar pesquisas, estudos e informaço es sobre questo es atinentesaos direitos humanos 
e dos povos no continente africano, encorajando organismos nacionais e locais, assim como 
elaborando pareceres e recomendaço es aos governos; (2). Elaborar princí pios e regras que 
possam ser tomados como base na adoça o de textos legislativos e que permitam resolver 
problemas jurí dicos relativos ao gozo dos direitos humanos e dos povos e das liberdades 
fundamentais; (3). Cooperar com outras instituiço es africanas ou internacionais que se 
dedicam a promoça o e a proteça o dos direitos humanos e dos povos; (4). Interpretar as 
disposiço es da Carta Africana; (5). Executar eventuais tarefas definidas pela Confere ncia dos 
Chefes de Estado e de Governo (art. 45 da Carta Africana) ”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de 
proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: 
InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 189). 
 
--- 
 
“Os Estados-partes devem apresentar relato rios perio dicos a cada dois anos, contados da 
entrada em vigor da Carta Africana para o Estado em questa o, nos quais devem constar as 
medidas tomadas, de ordem legislativa ou na o, para efetivar as previso es da Carta, uma 
descriça o do progresso feito ate enta o e os desafios ainda enfrentados na efetivaça o dos direitos 
(art. 62 da Carta Africana) ”. “No exercí cio de suas funço es na o contenciosas, a Comissa o ADHP 
(i) elabora relato rios tema ticos e de atividades; (ii) aprecia os relato rios perio dicos dos 
Estados-partes; (iii) interpreta os dispositivos da Carta Africana; (iv) realiza investigaço es; e (v) 
cria relatorias especiais, grupos de trabalho e comite s”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de 
proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: 
InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 190). 
 
--- 
 
“Tem destaque especial, contudo, a dimensa o coletivista dos direitos dos povos consagrados no 
instrumento (arts. 19 a 24), conseque ncia de um movimento que buscou construir um 
documento pro prio para a A frica, demonstrando que a visa o individualista dos direitos 
 
 
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humanos no Ocidente na o se mostrava adequada, de plano, a s sociedades africanas. O resultado 
foi uma carta de direitos humanos marcada pela empatia e que, ao tratar em pe de igualdade 
direitos individuais e direitos coletivos, foi revoluciona ria (Yusuf, 2014, p. 42) ”. O conceito de 
povo no Sistema Africano, importante para que se interpretem os direitos dos povos, 
desenvolveu-se progressivamente com as deciso es da Comissa o ADHP. Foi no Caso Kevin 
Mgwanga Gunme e outros vs. Camaro es (Comissa o ADHP, 2009b, para grafos 178-179) que se 
buscou delinear o que seria povo no contexto da Carta Africana, fixando-se premissas depois 
replicadas em outras deciso es e que valorizam o crite rio de autoidentificaça o, como no Caso 
Sudan Human Rights Organisation and Centre on Housing Rights and Evictions (COHRE) vs. 
Suda o (Comissa o ADHP, 2009c, para grafo 220). A qualificaça o de povo se refere a numerosas 
caracterí sticas e afinidades entre as pessoas que o constituem, muitas delas visualiza veis 
externamente - incluindo uma histo ria comum, tradiço es linguí sticas, conexa o territorial 
e perspectiva polí tica. Mais importante, entretanto, e o fato de o povo se autoidentificar como 
tal. Para a Comissa o, conforme o Caso Kevin Mgtvanga Gunme e outros vs. Camaro es (Comissa o 
ADHP, 2009b, para grafos 178-179), a identidade e uma caracterí stica inata em um povo, sendo 
inadmissí vel sua negaça o, cabendo apenas seu reconhecimento”. Fonte: FACHIN, M. G. 
(org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. 
Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 203). 
 
--- 
 
“Na o se pode olvidar que a Carta Africana, instrumento base do Sistema, reflete a identidade 
cultural africana e pauta-se na indivisibilidade dos direitos humanos na luta anticolonialista. 
Essas caracterí sticas se estendem ao funcionamento e a organizaça o da Comissa o e da Corte 
africanas, as quais te m dado os primeiros passos em direça o a efetivaça o dos direitos humanos 
e dos povos no continente, levando em consideraça o as particularidades que o tornam í mpar”. 
O Regimento Interno da Comissa o reconhece a s ONGs o status de observadoras e lhes permite 
e encoraja a apresentaça o de relato rios paralelos aos relato rios estatais. Trata-se dos chamados 
relato rios sombra, ou shadow reports. Nesse sentido, merece destaque a participaça o da 
sociedade civil no Sistema Africano, que, por vezes, se mostra como a força motriz do Sistema” 
(p. 190). E, ainda, “Organizaço es intergovernamentais podem submeter demandas a Corte 
Africana, bastando o reconhecimento de jurisdiça o pelo Estado em questa o. Aspecto 
interessante tambe m diz respeito a possibilidade de acesso direto de indiví duos e ONGs perante 
a Corre Africana, desde que o Estado tenha feito declaraça o expressa nesse sentido, nos termos 
do art. 34(6) do Protocolo a Carta Africana. Esses traços distintivos revelam que o Sistema 
Africano procurou ampliar as possibilidades de demandas a serem apresentadas” (p. 213). 
Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e 
sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 190 e 213). 
 
--- 
 
“A compete ncia contenciosa da Comissa o ADHP e acionada por comunicaço es estatais ou 
individuais que denunciem a violaça o dos direitos humanos e dos povos por parte de Estados 
que tenham ratificado a Carta Africana. Apresentadas as comunicaço es, a Comissa o deve, apo s 
exame e deliberaça o sigilosos, emitir um relato rio descrevendo os fatos do caso, as concluso es 
a que chegou e, quando entender cabí vel, as recomendaço es que emite ao Estado demandado. 
Apenas apo s consideraça o e aprovaça o pela Confere ncia dos Chefes de Estado e de Governo da 
 
 
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Unia o Africana e que o relato rio pode ser publicado. As comunicaço es podem ser interestatais, 
quando um Estado alega a violaça o por outro Estado, ou individuais, quando indiví duos (na o 
necessariamente as ví timas do fato) ou organizaço es da sociedade civil alegam o cometimento 
de violaço es por um ou mais Estados. Por mais que apenas as comunicaço es interestatais 
estejam expressamente previstas na Carta, qualquer indiví duo ou ONG pode apresentar uma 
comunicaça o a Comissa o. Para faze -lo, os indiví duos na o precisam ser cidada os nem estar 
registrados no Estado contra o qual a comunicaça o e realizada, bem como as ONGs na o precisam 
deter o status de observadoras”. “As comunicaço es recebidas pela Comissa o que na o emanam 
dos Estados-partes, para serem examinadas, devem: (1) indicar a identidade de seu autor; 
(2) ser compatí veis com a Carta Africana; (3) na o conter termos ultrajantes ou insultuosos; 
(4) na o se limitar exclusivamente a reunir notí cias difundidas por meios de comunicaça o de 
massa; (5) ser posteriores ao esgotamento dos recursos internos, se existirem, a menos que o 
processo relativo a esses recursos se prolongue de modo anormal; (6) ser apresentadas a 
Comissa o num prazo razoa vel, apo s o esgotamento dos recursos internos ou apo s a data em que 
a Comissa o primeiro conheceu da mate ria; (7) na o dizer respeito a casos que ja tenham sido 
resolvidos em conformidade com certos princí pios de direito internacional (art. 56 da Carta 
Africana)”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas 
internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 
194). 
 
--- 
 
“Na o sem desafios e que o Sistema Africano tem se consolidado.Exemplo disso e a incipiente 
jurisprude ncia da Corte Africana, bastante focada em aspectos processuais. A Corte e alvo de 
diversas crí ticas, justamente porque alguns entendem que sua implementaça o teria sido fruto 
de pressa o exercida pela sociedade internacional, a qual teria exigido a instituiça o de o rga o 
jurisdicional para atribuir mais legitimidade ao Sistema Africano. Na o obstante, fato e que, aos 
poucos, a Corte tem demonstrado sua to nica protetiva dos direitos humanos e dos povos, tal 
qual no recente julgamento envolvendo direitos dos povos indí genas”. E necessa rio destacar 
que, mesmo com a criaça o da Corte ADHP, e a Comissa o o o rga o protagonista do Sistema 
Africano - diferentemente dos Sistemas Europeu e Interamericano. Isso se deve a tre s motivos 
principais: (i) a Comissa o foi o primeiro o rga o a ser estabelecido no a mbito africano de proteça o 
dos direitos humanos, raza o pela qual (ii) conta com maior nu mero de Estados-membros do 
que a Corte ADHP, uma vez que (iii) esta em consona ncia com a tradiça o histo rica na o litigiosa 
do continente africano”. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos 
humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro 
eletro nico), (p. 186). 
 
--- 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tema: Sistema Constitucional Brasileiro de proteção dos direitos humanos 
“Os direitos humanos se encontram em uma a rea do direito internacional que visa a igualdade, 
proteça o da dignidade humana, proteça o contra excesso de poder, polí ticas pu blicas que 
possam dar melhores condiço es de sau de e de vida para a populaça o, tendo sempre a frente o 
tratamento igualita rio sem distinça o de raça, cor, sexo e religia o e outros. Os Direitos Humanos, 
atualmente, esta o positivados na Constituiça o Federal, fato que garante que sejam respeitados 
e garante sua proteça o”. (Fonte: LENCI PACCOLA, Amanda Thereza. Proteça o internacional dos 
direitos humanos. Rev. secr. Trib. perm. revis., Asuncio n, v. 5, n. 10, p. 227-245, Oct. 2017. 
Available from 
http://scielo.iics.una.py/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S230478872017001000227&lng=
en&nrm=iso). “Desse modo, embora tais conceitos na o se confundam, ha uma conexa o 
intrí nseca entre o interesse juridicamente protegido (direito) pela ordem constitucional e o 
respectivo meio de defesa de tal interesse (garantia), tambe m previsto na mesma ordem. Assim, 
o habeas data visa a proteça o do direito a informaça o (art. 50, LXXII); o mandado de 
segurança protege direito lí quido e certo anteato abusivo imputa vel aos poderes pu blicos (art. 
50, LXIX); o habeas corpus protege - inclusive em cara ter preventivo - a injusta constriça o da 
liberdade individual e a coaça o ilegal (art. 50, LXVIII), entre outras conexo es possí veis”. 
Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e 
sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 224). 
 
--- 
 
“Mostra-se oportuna, nesse momento, a avaliaça o dos mecanismos de controle, exercidos 
internamente e internacionalmente, que impedem - ou retratam - a violaça o de direitos 
humanos por meio de atos normativos incompatí veis com os instrumentos ratificados pelo 
Brasil e incorporados em acordo com o disposto na seça o anterior. Trata-se do controle de 
convencionalidade, nacional ou internacional, da adequaça o dessas normas”. De acordo o livro 
base da disciplina, “podemos resumir os pontos essenciais tratados pela Corte IDH no contexto 
de controle de convencionalidade abaixo. Trata-se da verificaça o de compatibilidade dos atos 
normativos internos de um Estado com a Convença o Americana de Direitos Humanos e demais 
convenço es de direitos humanos, bem como com a jurisprude ncia contenciosa e consultiva da 
Corte. E uma obrigaça o imposta a toda autoridade pu blica no exercí cio de suas 
compete ncias. Impo s-se que o controle seja realizado ex officio”. Fonte: FACHIN, M. G. 
(org.). Guia de proteça o dos direitos humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. 
Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro eletro nico), (p. 237) – (Adaptado). 
 
--- 
 
“Os sentidos dos dia logos aqui tomados sa o mais amplos, marcados pelas trocas e pela 
integraça o argumentativa livre entre inte rpretes e aplicadores do direito, pautados nos 
compartilhamentos constitucionais, assumindo contornos mais abertos e, portanto, mais 
democra ticos, porque na o dependem apenas de um espaço estatal-institucional. Na o se 
restringem apenas ao campo normativo nem ao a mbito jurisprudencial, portanto, na o se trata 
apenas de um dia logo entre juí zes ou Cortes. Exemplo disso e o caso da Lei n. 11.340, de 7 de 
agosto de 2006 (Brasil, 2006) - a Lei Maria da Penha –, que e dia logo entre o rga os polí ticos 
 
 
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(Comissa o Interamericana de Direitos Humanos e Poder Executivo Brasileiro) no 
enfrentamento da ende mica viole ncia dome stica no Brasil”. De acordo o livro base da disciplina, 
“O dia logo horizontal e marcado pelas trocas pela integraça o argumentativa livre entre os 
agentes aplicadores e os inte rpretes do direito A partir desses dia logos, os diferentes 
ordenamentos jurí dicos podem: (i) aprender com a pra tica estrangeira, uma vez que realidades 
conexas podem apresentar problemas semelhantes e respostas correlatas; (ii) aprimora -la e 
complementa -la em prol do fortalecimento dos direitos na regia o. A ideia de dia logo aponta 
para a efetiva utilizaça o do precedente estrangeiro, explorando seus sentidos e suas 
possibilidades - na o apenas para sua utilizaça o ornamental, a fim de corroborar com as 
concluso es que ja de antema o esta o postas. Nesse caso, o que temos e apenas um reforço 
argumentativo da decisa o, na o uma postura dialo gica. Isso tudo sem, obviamente, perder de 
vista as particularidades do caso concreto que, em que pese ter semelhanças com o precedente 
que se quer referenciar, guarda peculiaridades pro prias que devem sempre ser consideradas. A 
utilizaça o dos dia logos - ainda mais nessa modalidade horizontalizada - auxilia a construça o de 
um sistema robusto de precedentes em mate ria de direitos humanos que, a um so 
tempo, fortalece a arena internacional e densifica no a mbito interno a proteça o e a 
concretizaça o de direitos. Fonte: FACHIN, M. G. (org.). Guia de proteça o dos direitos 
humanos: sistemas internacionais e sistema constitucional. Curitiba: InterSaberes, 2019, (livro 
eletro nico), (p. 254). 
 
--- 
 
“Outra caracterí stica advinda da influe ncia da proteça o internacional da pessoa humana na 
formulaça o do cata logo de direitos humanos previstos na Constituiça o de 1988 se extrai do 
processo de especificaça o da tutela prevista a depender dos grupos e das classes dos indiví duos 
protegidos (mulheres, crianças, idosos, indí genas, entre outros). Em busca do necessa rio 
processo de concretizaça o das normas definidoras de direitos humanos, pro prio da nova 
compreensa o advinda das reflexo es acerca da força normativa da Constituiça o e de sua natureza 
eminentemente dirigente, a Carta de 1988 impo e tarefas e deveres ao Estado para a fruiça o 
desses direitos. Tais metas englobam as atividades dos Poderes Executivo, Legislativo e 
Judicia rio”. “Com efeito, na Constituiça o de 1988, o Poder Judicia rio foi erigido como guardia o 
dos direitos, graças a consagraça o de um amplo acesso a Justiça, a previsa o de reme dios 
constitucionais direcionados a tutela dos direitos fundamentais e a existe ncia de um reforçado 
sistema de controle de constitucionalidade, de modo que todo ato estatal que embarace a 
fruiça o de tais direitos - por aça o