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CRÍTICA E CRISE

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I'·n.l~,
1lJ:l<l . V
:""C C;.'~&1
\f~~~'~,~:1
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rou de rn.anc.irJ. re.:;cluia as iYl1enJ.S lntemas.religiDSas medlJ11 te a..•....~_ ".."., , _ ..•....-, = ..•..,.-,"",,,,,",,,.-...,.,,.•."~"""""~";;;";"~',n •• ~",·_,-"""""","",, ,...,..•...,_ ••••• .,_.,.,.. .••.,.••.." ••••• _ •.•.••••.•••••.•••••• _ ••••.~ •• ~.•• ,, "_«••••
~.Q£;;9~.iu..;J:Q.t~.w.a....ahiQ.JJJlisM./· 0 abuso de peder pG:i Luis )(1\/
i.H.:ele:r(.;u.u IT:~y\,imento iiu~rjnista,en} que f,) sudito se descobre
ciJ.z~(iJ.o,,~CiU~1dd()que, 113 Fral1(.ii) ira derrubaf C'5bastj6es da do~·
rn;'-""'-';IJ -,t;r~·]"ti··t·' A eotrllttlr" n~I;~ir", do A!:>,,,i1'1'i~mo J nr"in ..
.•..•.•.UA~'; .•..•.' a 'L. _·_W •.,-. .:..-,-~.~:_., ..~._._.~..•~,.t..:::,~:__,~.:.~r__., 7.•.',.:._:::..,~ ..:":;::,: •.:::: .•. ",2 _ ..J:'.:._ J.
~!p}_C2,.yDJ.~_.!_~~E~~!:~..~~ .~~~-?E~2:?-Ci"ViS i..~1.~g,!,Q~9_~:.,9~~~_S::ser en-
~0i_9,~.~~q:~r~l~~~..LoJ_pS9~~llUIlli~isII!9..
}i p:rilT.ci~3 raref:: GcSla iJ1Vestiga~ao e apreClar t.al cone~~~iJu.
/':. ::.iU..l2·~~aode p3rtida do Estado IT1odemo seTj :.:xpiicada n.:l medi-
aa CiD que i550 Eo::ffio::;trCTlECC5smr:. para explic1.t:2u ;) pon [D ~·J.e
inSel-~2.0 pa.liUcZL do lJu.Irri.J-:isn"lo neste E.stado~ /\SSi.iTI; irtlI=.'6e··s~
llmi.~delilllit.ac;aG ffi·::todo16gica a analise da estrutur(~ pCI!iticJ dc)
/\.bsoIlltisr!1o ._- p~!ra 3iem de questo-cs SGci31s 01.1 econoDl1cas ----
que traz ~rD si urnJ. justificativa factual. C~C:!IlQ~.iQ..Q! ~sg,~~~~-
~~ Inilit;;,res, Q £Stado .Qos P.!:in(;ip~!'._(?!.~~...l.1rn:Jes.f~I.:J.,4~_;i;ap
~.l:~~..Q=-__L~li~~iQ~.~."~._r~.~i.Q.uclque~ em ....Q.pD...s~-aQ.gs suas ~e!J?~i~ ins·
t_~I}c;iJ.S,~!~E£!.~rI}j.D.?,Q~..p.shl ..p..QJi~i.k1-_"~~ml:ill.l'.~0 plan 0 social, as
rnonarquias perrna.necnz.m totltmente Ligadas a tradicional clivi-
520 estanTentaL a tal ponto que'l ern geral) se emper:havam erT}
preserva -b. ~T(j.21'l.!!.2..Po1f!.ic0, p_or~'TI'-Q~mQJJ.aI~..a.S_ ..pIQ~g[iJ.'@.m
e.;~ti~~u ~ ..~~~~:.~.~~~~~.?J:J-Q.4~~..g.~jJl~li~.s;,~_<r.Q..~~~§-_~_t_¢~.9~!!~.~s(rIl e5111 0
{) rl1erczntjlis1110, ·~nquanto sisten18. economiC0, esta subrnetid.:y
r.:O pL1nejJ.1Il~Dto e a condu~20 est8.tal).I~robeE1 as qu~.)stfles rcb-
t~\-·as ~~l:~ilimZ;.o;; ;1 Lgr:c.1:~.f';)"j."am..J:rd1tad.tisf?rn f1JJL~.~Q.sJ~"'.§.g.~....~~J.iJi.~h:··
d_c.I20-fa 0 Est{~~g~qJfos:;~ no anlbito de un1~1igrcj2 d.e Estadc ou !j.i:
~rn~~toie:-;:31'lCi21opcrtun:'L j~.~!:?.r~t~.~e.!~~__~().J~?l.~i_a~_;~~~,.~·.t~rrlil~l~m?,~~
i~~.s~EeI22.~.{~.£!1\i~~qJ:r¢:p~.~?_~~~.~.~e~i_~.~_:!D~~.P.S~!j,.~i.~.~.q~~~..~.~_..~?tcl1Lj.iq ..',\..t,,!\~~:· '.. v.,/~~~
p"r tnr'!a 1 f·'Uf()n] .- ,1'..ii\;'>"N-'v . '\l.I)I:,•...':,..-·'
....:~:.:...:=.-;~..::....~~~...~_";t:· t J ' • , • 't :~ ~I ••• t.U y::.).~'. In
~;;e 51S~ma rec~_sua eAy~~.~~~~~_..t.:_~..~~.~a doutnna_d~'-:,~r.~J\9l\~~:_r;~;\ 1...(1- "-"
J:<10 cieF..stado",' CriQu-se unlespa\:s!J..]j.1:r~~-R.ITSCiK9CS.m.Q~,\I;Q \)~-"~oJ.'
I> ' • . j I· l' 1 \ . /"\,,1.-
e.TIL~LL!.~-.:~_pO.l!2.~.~J~~~~.~.('Se_.i-~2.~l)_~:.~,:y~rlnClepen9~f}~~!!l.~}).t~,,£_~",
1!lOPJ, "1'\1'1smonarquias, a politica pr~;;'ove-gr'a;des coisas com
() minima de moral possivel." 5 Quando, em 1748, tVlol1tcsquieu
caracterizou corn esta hast' a politica dJ epoc(1; empregou uma
UHl11l.tla que - independentemente de seu conte\iJo pol('ITiico
._- DaO ser~a rnai:; conlprecndid~ pelos i!urninist~~5, pois sua evi-
denQa h.istcrica rernonta.-va a epoca.. das gUe.J.-'-2s.relig1<)s.a5. l:.Jo se- ~..~'~,_
J./=-~,.I_-1_·.·.·.,::; ,....J>. ,., •••• '<v. __ , •••• e""\ -~: , ....._1: •...•.._;:;._ . ...,:" r.:~.('(-./r...r;,'~rJ .\.··.:t .•_:c.~n t.·~,~!_1i';"'•......~!._.>-::. cl.~.s~-:.:-;-,:,11..::..l:.;~1~; ...::.FlL:'.i.c...:.u,~·;,-.~~u!,..~"'" L._ •.• ~. ~- _. _. - - _.. ...~
ferl11e1J.to par;], a Jeprava<;:.ao de tl!do G que antes er~l coeso: farni-
lias-, est~;TIerrto5J Faises c PO\'{)s. A,.3si.nl~:J 'partj.r J.~~.seg~11dz me'!.'J.-
de cio seculo :0/1:0 UTIl problen1:.1 que nio podia ser rescbhdo pelo:-;
meios (la OrderT'l tradici.onal tOTTluva ...·se cada vez rnais \:iTulento:
::1epoca imp1.1.rJla a neccssicL:lde de f.:n(ontr~ir U.iTIZ 50h::'~in._.enl
IT'lcio 3. igrej1s intolerantes, q'..le traVc'V3rn duros cor7"i.b~\t.e-s c· ~.;e
pe1"~egL1lam cruelrncntt:\ e em n:~lO a fr3~.(H~St:staI:"lentais lig:]{Jas
nela reli2iao. LTrn~sol11(5.o (i1UecontDrnasse, 21'Jazig'uasse C'u ab;l-
.l t,.l' -
fJ.sse a lutJ.7 Como era passivel rest~lbelecer a paz? Na maier par-
te do contincnte1 0 Estado absoiutist3 encontrou a resposta e
constituiu··se a partir do que, de fato, e,a: urna respostJ eSpEClhC<i
a guerra civil religiosa~ Qual era esta res post;.,.? 0 que ela Sigrlificci-
va para 0 mOQarca e 0 sudi'~o?
"(1m a v~!~qye.92 ...2E_I1.Lq-9_~f~1i&i9.So~-,.~j.r.~Yil.fJlj~~a~,n~~gi3..g~_fQ.1)..
~~.g.~_~...~.c.v~.~.S_99,t~_~):~~!~~f~?d"q_~.~?~Dj~1~.q.d,~,.p~9.deld~s P.~~~~.ip.es;
~~.~~.s_~.£..P529_i.~,1}.~._qP.\!X_-~~.~..~ .~l~s ,rorflPcI1dq 0 .pr.irr}~t1q ~t~rel:gi.j~!:
S2..~~~~l!)Jqram f:~F:~:?'~.S ~ie~..~brra:ter .os 4iJ~r~ptes paf~idos 2._~'~-
Io!.~ct~~.('tt.;.:;.s.~ata.L() princlpic :iC:~jllS le~~tO,[jus Tciigio:1 ::"2 rrli~,~..~:)
.~.~~~~ re~ l} L~E_~_l) f;:~~dc. qu~ os Drinci.ges Sf:..
Sq19.£<1.vanl~acim.9--i~~~!~do__s L~~~giOdQ~)meSTI10 q llanao -er0.rn
seguidores de alguma rcligia0. 0 mom.rea absoluto naG rcconhe-
cia nenhuma instancia superior J. 5i mesmo, <1 nae seT Deus, cujos
atributos. ele proprio assumia no espa~o polltico e hist6rico:
".f,;fajcslm vero nee a majorc po/estate nee legibl/5 lI11is nee tempor~
dejinitur" ["Na verdadr a autoridade nao e definid<1 nem pelo
maior poder nern par quaisquer leis nem pdo tempo"]."
~!~!9.J!3.JJ.t:1~!2.!.~J-2~S.r:Jjf_lJl~lL~-l<jYJ:gE~E_eu-.p_<}x:g.
~l_.DJQl::...Q[.9.\jie.~9.ssi1.YJi~,-\J_m _s...j.lJ.E.~jf~_~~~\'??,~_~,:~}~t_~,.~~.!~~tJ?~i!t~:_f1~1
L·t:(~CJ c tf ]~i._,---
nl~ltJ c iUiI.SL;.1.(:
1-15 HIl~~uas curULit·:,las. r-ItJrna-
',_. _. ._,~::'. __ ., -' .J"', _
'.1 {) destiI10 de rnult.c)s de Sfur; ct.-~n-
de urn3. das igrcj.1s} dC}Jendentes de vasszdeJs} :."';()q uadru ele )jn~L'~
iJ1stituiy:l0 poUtica pr6pria Oil de urna dJS orden:;, esta1Tl::nt3.l:~.
~~f:~!~~~~~~~~:~~t~~r~1~~~:~it:~'.:~,~:;::~~;~!Fi~:'
SE tOJ05 os homens forarn reduzidos ao ITICSrn,) ponto: GU
d~:5acordo com a pr{~pria consc;2ncia GLl corn c,;s ;lcon~~':,':'
rnentos do secuJo.~' \{;li.q_~~y!eE!2d~?E.ers~buidor~-s c
i~;~:;J~~;~:~,~~~(~~::;~:e~~:~~~\~st~~{~~~~:~~l'~~t,~~ ~~l :~;~~1~i~~~2 s,:0
CO,'-:la .P~z pel.a paz. D'/\.u.big.Jle, f-ondc1.Lr par tOd3 a \!iC.~L crl1z~.~d;,~,
rigc:n.)~o C pinser-ito) ['unha est~s (OnstJ.Ll~C.i;':S nil t)OCJ de s:_
conlpanheiro dissidente, \.1politico de Sane;/,l!
:~~~~~..j._f~.~5Ui;~r~~L.~Q.nsci2'0SJ ,~,~~,.~~'...~;~~"g~I1..~i~-~,,~~F.:-~._._,.
t\~~~·}9~;~,:~,~;;:;~i~i~;~::~~~?~:~::~~;i;E~i&~~~~t~;i;~
1,j " .. '- ~
; ,"\'i~."! )UIZ, ao passo que as fatos ext.e.rnos_devc;m sf-r submetidos dO '
r;,~~ccJo"l~~'$~~~;t~I~~~~;~f;;b~i:e~;:~;~.~:;~;~~;~
i'j'):;::~,'}I~'S~~l~~~~:t~'u';~:~~~SJe:::r~'j::~t:~~C~~:~i~~cc~~:r;~~:S::i~~l~S~:;'~c
;t~~j\;, cia q.LU:os iT1?itO'Ll.~'i8 Por Uilla i.nv-er~ao ironic2.,. ,] ,~~o~~3ci'~D.Cl3.tc'~--
,,~ j
,;; ..- nou-·se :.:~u~padaQa sua pr6prl.a (L::St.ii.J..i~y8.o. <:;'5 lil-:-,~: ~'~~L:-:'':1-c;~·rJW$ , - ' , '"
j ,.~i~:;~~;,~,:,w\a0,a~;::~;~:;~:~:~:2l0G' t,~t":'.·;t..v,
I~~' i~~i:~m~~~~~;~i~~~i~~~:!:c~~~~;J!:~C~~~'
sobreviverl 0 sudito de"'/e escoride:i sua conscien-ci3~' -
ternpor:lnf(1:~; er2 fdhc: de U111d f.JrndiJ d·~ refu£jidJosl e sua:; irn-
prCss(~)es de iuventud<~ (O(Jfll dctern1intidJs pclas lUL.-:S dJ Liga c
:,:::t:UiDt~: illtfrn2iiy~: c ~,. '"'. 1~}""C1>·~,-lr,,1i' ..,r· ""~l~'~rl'" ~ •• p...,~
~~C~f;i;:~~~~~~~f;:;~~~~~j~~;j;~~~
:;era<";3o de r:!cht:li~E _._-cu;':1;'j CIS ligucurs; jrondcuTs e rnOr1tlf-
c-6n'1~1!=O:;-- dc:clJrJ\'~l ~;f(:[1jn·:t:rltt:j'.1stific~1d~.I~ S~~::(~}1,~~J:~.~.,2_i.r!-
~~~~~;E;l~;~;~l~~~:'C:~;::~~tr.lcy! deg ie','; ':;':ir~;'J~J{~~·l~~~~~e~'~~;L:~~~~;i;~:~~_E?~.~J·e~~~J_t.):...:---.~., jur:t:) (!JIT1 toda. ~ re.spGf1s:lbilida.l~t '.~_:.unj-
,~;3.r:!.e.l!~~_e.aE:.,?ubtr~Tl:)~ () .A.rscllIs t~S~3v-aentre ;lS leituras regulaTes
de F<:ichelicu: seus pens3.rne~tDs~ totO! eta epocd) reencontram-se
ern seu test:.1rnentiJ, . Scr tOlerante seria mais perigoso que SETse-
',,:ern CLl cn..icL pois as cdnsc-qijenclas de qualquer cOIT1placencia
Jcrrarn,:Jr1JITl I11.Jis san;uc CSerlaiTi mais devastauoras que a scve-
rl,;.!ade ri10rnCnL~:12a. S';? (J lT1C~lJ.rC::Iadmitisse opo~i<;8.o} sern d(l-
vidZl Se libt,(t:~:r~](J..~j'!.:-':[.'U.C'lS3.bilid:tdcs! lTlJ.S carregaria a culpa por
~~;~::~,a~~1~;~~~;~2'~~;:~;,~2~~.5:'.~~~:~'~t~~\;~:~~~~l~~\j~~~;~~~;·~;:?~;
iti~..R6::~10~.Ghc~;U'J()- tE:l~~resp(Jl1~cibi.n:daqeapsolt;.LZi.. !'I J f:PO~=2: ela
~,ee?~p;-es::.uu d;~ fC~rjr2 (Tlstllina r~:lJ.llrr~a·~2u Qd re~pon~abili:la-
de exclu~i\rL1 DCT;:l:'lte I)c-us.
Em seu roriJance. Bafcl::l\' tambeI11 indica a dire~ao que 0 rel
deveri~ tornar r<Lra pJcific.ar 0 F'a1.3. ()u fazia conI que todos Sf.:
~llrvassem ou ningui~m .sesubrTlc·Leria. is .A~~Q!1.~Q.ili~!Jt~~.h~9,:_
tu!.P. Qo/,-s..ob~Jan.() exi~e ~ Dr~SSUD{)e a dominacao ab.s,ol.uta de to-....., '..-" : _ '..~...- _.,---'-...-..,;;-..-' ~ ~,-1__... ~..·, ~,~---__ ,."'-,~~__.r""''''.,-''----,, ' '."'•.j'~"-' "'~,=. •.•
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~~U!~Jto1. 0 I:G\:..em;:\D!e s~e assumir a responsabilidade
~f;t~;~~E;;~cl::~~0;'~~~i:~~f~;;t;~~~i:;f2"
I.•Lro:.., qll::, ,:;.:c cn~JO~tinharn .seu lug~r no interior de Ulll s1.::itema
.' ~ , , • - 1
rTIU;Up~c:, cITii.Jor:.l i·:-ou.~(.O, u.t:' rcsponszJ;ilid.ades: como mernbro5
Desfez-se a rela~ao entre culpabilidadc e responsabilid3.d;.::
constitutiva cia consciencia . .J-\.mbas el1contr2rarn urna nova cor-
rela~5.o nJ peSS08. do sooer3.I1o e na do sudiro. Oi(~ltc do forun:
/ .....•.•.• ----... _ ...•.. - .....~,.-'-.., " ""~
S~Qi t9.~~()-39~eI§E_o_t:?J.~j![1i1?.Q~. qgalguer.cu I82bil1d2d<:.
, 1;l , '1' -l_...l. C " . ,., ~. ,
IJl....~£Q~g~~~~..e.L~~._tQ~~.~~~.~.~.?JJ,~~9,l.~.1_~_~e.~) SUulto rOl ulspensacc
d~ qualguer responsabilidJ.de politica mas) em cOmp~IlS3.S:~~D,
""~> t;(jD~.N}'Y'-O ,"!'" \\!...\1J<>.tL \\.:X~C"- ,;~\~ c ..Jt",.:"" w',o·- ':0
-\Z}c\:: r"~~' C'-'_"i~\~l;~~;_;}.L·,~·c~:(:~;~(~>~..;,~;.
de! contT<U2:i...im:5Je~5!i'.s dn ...)oiwu.QQ, em ~..:;sumoscuja de~jsjG gO--C'-'mu.m: 05 teO]ogo5. SomcDte OStc61030S 2.CT",O-;:aY2-:1, gUTilll'
cabia 3.penas ao soberano; internamente, pcb cupa :E" assa1tJ tia Spinoza, que as es:;:;;.dist.;;.$talnbem devia..-TI obServ<lf as regras
guem se re~olile no <ID1mimato. Esta cisao abriu DO horizonte da de pied.ade presaitas para as indiyiduos particulares.:;: ji ;:xdu·
.guerra civil reh!o-1osaurn dominio em que a "inocer:.cia do poder" ."::\(;P..•.•y-. ,.V .. 52.0 .," T""., a ·6litica iliG se 0 unha a moral secular, n:2S J
tamou seu lugar. Urn dom.inio que competia apenas ao 50bera- -,~v.w:.. •.. '~c· moral religiosa com pretensao politi..£a.
I..- .1).~ ~ .. !/" ~...., ~
no. ~~I;J~oce;!!.~asi~Qili::\ W~ .';-, A do.ut.~a ~~ razao de. E,s:ad.o .est3vil ~e tal modo ccndicic·
~~~Y~~~4~~~a..d-L.qlJ.~Ij;_ill1rJl~YE. So ).,y..,r~ nad2.FelaS nv~aad~s co~esslOn~ que ~a~ se reSLnIigID ao .A~-
assnn podena preserv"ar urna autorldade que g:1r~ntlssC sell po- '.;J-.....)-o' .. - 50!utlsmo mOn2J.-q.uICOyl'lO 'contlnente, InfJtrou-se n2 tT2dlf~:lO
der. 0 principe estava, portanto, constrangido a agir, obrigado ~ !.J}f:.. ql1~ ~efendiao fonalecimento cia realeza, mas tamtem gar"b'Jt1
conS!.;L,jtemente a tomLlr novas d!:~cis6es, inclusive a.s que recor- v!'~V~ te.ITeno· ern paises que tin.ham rrn13.constitul!2.o. corpor2.!iv.? O!J
ressem J ',iolencia. Abster-se delas poderia trazer consequeneias· . republicana. Nessa epoca; todo poder que qu:.sesse ,::::crc:e,auto-
tao gr::n'es qU2:n~o agir de modo inverso, extrapobndo 0 pacer. rid.'l.de e ter validade g~ral precisava negar a consci~ncia pr1Y2.da,
Os dais periiCos desatiavam·se mutuamente. 0 aue sustentava a aue era ° esteio dos vinculos rdigioso5 ou dos beGS estam~Dtais•.... ....,.--">.-.----.'.~ ---- ---,~ .•. '-'
d.E.cis)o ~g s9EeJ.~IlQ.~La'!?I.es.i?_~?:tc_D_te, ?_perigs~..de_p~?.r..4e U!.1:l. de leald2.de. Ate 0 Parla.'11ento ingles, quando quis !i'J~pr:T'derem
extrerrio ao outro:-;:' '."'..;....v'~~., -..;...;::::u.a:......-.;~ .~_.-.- 1640 as orerrocrativas de Carlos 1. il,VOCOU rapidarnente 0 an!.u-
'-'p~-;-;;:;;:;;ri;'~omsua re'sp;r;~bJidadf~~;;~L~principe mento d'e que ;oda cnmciencia, mesmo a do rei, deven2 sub~r-
era obrigado 2 procurar a rnedida de seus atos nos efeitos previ- -. dinar-se ao interesse est~tal. Na medida ern que obrigou () rei ;)
slve.is qu~ suas a~6es ~rouxessem para ~ comun~dade ..Assi.m, a .t':o:~J;,;J . ~ag~r co~tra sua pr6p~ia cons~~encia, ~ Parla:-nento fo:mulou a
obngatonedade de aglr unpunha tambem a obngatonedaae de . ,~v.}J;}l.\~ eXlgenaa d.a soberama plena. "-'Iambero SplTlmC1, Di' Holan.d;l,
s~r 0 mais pre~dente possive!. Qg~~-\9qv~'~ Q9:.r Of longe de falar ~m nome do Absolu~ismo monar~uico, ach:Jv.a t~-
~~e tie 1:1 to u-se 0 r elro man \. e, .illLpo.li- II' , ,yv"" talmente razoavel ver como pecado a,s bo~ attoes 9.ue preJudJ-
,!.,...iC~<a~jQ,_.~.a. ra ID~l~~,~'.!l-tmJe pellu:nai.p0w-¥0 ~~ (VI of#~ t;;aSscmQ·Estadoe como pjed?~.Bf_c~do..ill!.~~~~~ ao beJn
12o~~~I.~~S;:..Q.I2~_e~.E).9~_9~_a.:'._~~6_~S - quc',uma vez. mlCla- (Jff1'~'\l.P "ii-..fom,um.1". . .. .. , .
das, escapavam a mter:ven~ao humana - ~JFI.!::'2.92~.l2!..~-i(jJJJ'fl~riJJl~:J.;~,\Y',' .~obbes, ~ quem Spmoza reco~eu, e urn. exempl~ ~arad,g-
i~~.~9_r~9.~La1]}p!.:.a.: ...s~~.p~?9~:..peste modo'.~~~Q!.9~.j ¥1Jv. r·-dJ- . 60 \(J maOW da g~.nese da modema team do Estacto a part1f o.as;tu3-
P~~~QJ!l~.!:J·12..9 .Q.~.Q.~.~9~.~.a1"..90p09.~ra.c-,~m.4.I!lci.o,ou) l/-,"NeJ, '£ tP--u- yao ~ guerras civis re1igiosas.
seja, de renunciar a inocencia do poder. 1\ logica da respQl15abili- ~ :N'dY ~e prest;; de modo excelente para a e::...rposi\=Jodcssa
clade absoluta, a qual Luis xrv' sucumbiria, e respeitar as suas leis, O--;J genese, pais renunciou a todos as argumentos tramciomis. co-
que se transforrnariain na arte da politica. 0 espa<;o de manobra mo 0 cia analogi a Dens-rei. Queria, ao centrino, por em eviden-
cia inocencia do poder permaneceu estreitamente limitado pelas cia os fe.56menos emsua crua realidade, seguindo, como afirm;).
prescri~6es de uma moral de a~ac mais severa. Estes preceitos Dilthey,25 0 fio condutor de urn metoda cientifico. AJem dislo,
formavam as regras d;J politica, que deviam permanecer essen- a teoria Hobbesiana do Estado absolutista ~ contem in nuce·a
cialmente estranhas aosudito, destituido de poder. ~~d;"~;-r-;;:m~e ~~~fh';:-~;;h:;;, ~ __~ ............-......,.....•.........'-./~-r--..-.....-~~ ..-.
PolitICOS e doutrinadores de uma moral secular estavam de parta do cont~uelTas r~~E.qr..~
acardo neste ponto.11 No seculo XVIII des ja estariam separados ~ ~
'--""~
Hobbes desenvolveu sua teoria do Estado a partir da situa~ao his-
torica provocada pelas guerras civis religiosa,;. Para de, que teste-
munhau 3 forma<;:ao do Estado absolutista na Fran<;:a - estava lei
nao apenas quando Henrique IV foi assassinado, mas tambem
quando La Rochelle se entregou as tropas de Richelieu -, llaO
havia outro objetivo a nao ser evitar a guerra civil (que lhe pare-
cia iminente na Inglaterra) au, se ela fosse deflagrada, cocontrar
meios de termina-la.26 Em SlJa obra da maturidade, ohservava
quenao havia nada mais instrutivo em materia de le;J.1dade e jus-
tiea do aue a recordacao da guerra civiF7 Em meio as auitacoes... ~~
~~~~Cl§..,Y.J,Q~3~_~~~--!~.!Lq~'!'~2}l-
~~--s-~~~.En-
quanta Descartes, que se achava em urn Estado ja constituido,
evitava levantar essas questoes fundamentais, Hobbes atribuia a
elas urn significado central.23 Todos as te61ogos, fil6sofosda mo-
ral e juristas constitucionais teriam falliado, pois suas doutrinas
apoiavam os direitos de determinados pa..-tid.os e, ponantD,inci-
tavam a guerra civil, em vez de ensinar urn direito queestivesse
acima dos partidos ("non partium, sed paCi.s studio" ["n;io para
aplicar;ao pelas partes, mas para a paz"]).29 I,J~
~-ida .a-se sobre<Lc.ausada ~E.1Ta:c.iitil, im-
~~Q.~~~~J~~~!.qlv.g¥~~e~~~
~~~es dos ho..rnens.do~artidos e daslgrejas.~ ----------------- ~ '""--'-
Pais os homens,ofuscados 'por seus desejos e es-peraJ"l.~as - com-
preensivelmente - seriam incapazes de rcconh.ecer a causa de
tooo 0 mal: "Causa igitur belli civilis est, quod bellomm at:pads
causae ignorantur''.[''Existe 0 motivo da guerra civJ, pais as cau-
sas.da guerrae cia paz sao ignoradas"].30 Tendo por fic coridntor
a rousn be1licivilis [omotivoda guerra civil], ~~
~~ natural racional, que e uivale ~~.3--~.
~".
Para compreender 0 fundamento cia guerra ci,·ril, Hobbesda-
bora lli!1a antrapologia. individualista, correspondente a uma hu-
maludade m,los vinculos sociaLs, poHticos e religiosos tomara...-n-
c~';\v :~;,;__'''~
-. v''-' ~
~&O~'-O-
f . I l' " 0 . b'" , . ,
\ )" se prOOlematlcos." s ~eltos ~.2!LQ~"[).9.!Q~";EL~l:J
\"'< appclitu5 et fuga [~£j~ fu~l ou desire and fear [d~iQ. e [Tlf:-
\ .Q9J~qllh....@~~e, i.£nn~,~~o5~ de
i ~~~,r,liLj~_.g)J.nra Sl..:.::jl. Mas, visto como urn todo, 0 sistem3
de Hobbes se constr6i de tal forma que 0 resultado - ista e, Q.
Estado- j~esti.contmo...nas premissa.:; cia guerracivil. Os Indi\1-
~'~, - --- .••.•..............=- .• ,..•••.•.•. ~~=c .. ",...,."""-"-...,..~--=-
duos sac descritos de antem:\o em funt;:ao de suas ~'Cistencias
como sujeitos, is to e, como sumtos do soberano. Sem uma JnS-
tlncia estament<ll intermediaria, SaD integrados a ordem pLibliu
de modo a poderem desenvolver-se livremcnte como individuos.
o indiviciualismo de Hobbes e0 pressuposto de urn Estado oreie-
nado e, ao mesmo tempo, a condi~ao de um livre desoenvohi-
~.
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1 n1ento do Lndi\'iduo.52
~ \.- dO ~ A principia, 'Lh.~Jl~.~J1.j~~.~~.siQ~Y+<.l.d.?_R2~,i"l_~2.'lr,-ab?i9L'p'~ji-'
~"~V?;\(JJ r ~j2,.J~~s~~~~e ES~~Llli~~9"~~J~9D1-!=~tl:..~E:.~r::t..t:_.P2.~tlT-E.:;··
1V c)i.A ~~KU~[La.s.JW~31~YiL bellum omnIum contra omnC5~",#,Ij . . [guerra de todos contra todosJ~~,£~~~i":.Q-.medo .
~ \con tante 'e urn morte violenta im ede a hum3.l1.idade de resDi-:') - ._.--.-J-
1 ..!]I.J4 Par isso, D desejo de paz e taD fun~ental quanta 0 deseio
it depoder.35 0 horn ern vegeta, oscJando penna,'1entemente entrE:
J a ansia de poder e a nostalgia de paz. Nao e capaz de escapar destE:
.~ . . . I· "H'.~ valvem; Enquanto perslSte ne~e, re1na a guerra.. .!Ui1.C statutnI fiacile omnes, dum in eo (bciW) sun!, {]'!i1Dscunt esse m.a.1,.;m ct ocr
~ ~ L
oiE- - I) [" • ..J -lJ conse.qu--"715 pac..."111 esse bonum" EYlueDtemente, enqmmto estao
~ . . -' ";1 em guerra, todos reconhea:.1Jl que a sltua>;".ao e ill;!., e pDT come·i qii.enciaa paz e boa"j.36~~
~ 1~~~9~"1y~ti9,- FmboraseI deseje a paz como bem supremo, tal desejo nao basta, em si, para
I asse:gurar uma paz duradou.ra. Nisto reside, para Hobbes., 0 ver-
~ dadciro problema da filosofiamoralPi Ao fannular assim a problema; Hobb-es supera a ma."1erra pela
lJ qual ele era, em geral, tratado na epoca. Nega a primazia das
~ quest6es que inquietava...'ll os animos dos ingleses, fos.se a relac;.ao
i das seitas com a igrqa do Estado, do Parlamento com 0 rei ou dm
.~ direitos D1nrlamentais. com {)PWte'""DL "~~c~~sLa:POII ~~ob rloj~ as~-f!g_~_£'}JIj2ri.u..-u:.ir.iLL~ill'-2E.!Js-
~ ----
:_~
I
~~~;i~ -- e 0 pap~! que e~ e~ce n~s confl.i:osreligio- (' }'J'~Ij'vr,~:-:li~'\j\JJ.'"?an: comb mesmo tC..'1omeno aqne_ aindl." ~na.~"pca!"e ao cm:er:
~os - ~omo llin~ coil.Stru~ao IdeologIca..Assu'TI, dest1~U10_pro- ,\ ~ )..}j0J~~1: ,,"POlS esta mes~ palavra, Revolw;:<icr"/separon-thes da alma··as
D!ema-~e se,i1efelto expl~Sl~O, ~~~ l) J M ...-~,.. ayjes~docoryo., ~'., .
moral a ohtlCa. cararte st " da do tnna c1nrazaQ...Q,e fu~ Ii Cl.)....\.N"fJ#.~ .ilI. ~s .13. se tomadara quaneo se percebe
~e. ~~ 1)'.,\LV'JuJ.¥-IJMG( que;'desde'o inicio,ele e em enhaem renlli"1ciarao em r~
. entre as ~dens.38 A necessidade de m..,ciar a Estado trans- ,._:::.:'~..: ,,,,···h" al·daDala -·."co .sci· ci" ..,Ele a destitui de valor.,..:por
fonnaa altemativa moral entre 0 bem eo m.J em uma altemati-'" causa::.dcr:uSl:ri:ncerto,.substituindo.;a: ..o\}
va politica entre a guerra e a paz." ~W&.'3fl..~~y A conscie.ncianao
~ ern segundo lugar. a distin ermanece relevant~ ~ 'seria'nada alemde:mn.a cDnvic~aosubj.eu'-,.va, ou seja.,de urn pon-
isso, e nr''' iso indiear como t dir.· (~o - quase contra a van- . tn.de.-vista.privado. l' .'-"'..:..=.....--. ' iJJL,' ...v
tade de Hobbes.- ~~m-E1~~~~~ito .., . ':, Quando ospresbitcri:a.'"1ose:ind end~_~._~.' '\.v tJ
Dolinco absolutrsta. Ai se revela a logica inerente a esse processo . rp1icriosapara'encontrar iTTTT; -' s:tifi.e<r"Jvate !'£lea trafZ-sc. para {
~~ \,...<. ~; -------
hist6rico: 0 problema, tratado ate entao pela filosotla moral cns- H@~~.£i<n~~~g~5.@.A.ssim •.ele dabOIa
ta, reaparece sob autros tra<;:osdistintivos, fora do ambito da teo- uma:terminoloia extra-religiosa e conquista uma pasi<;:aosu-
logia_Todo 0 sceula XV1I sera dominado por essa problematicl. prapartidaria que U1e -permite a...T1aiisartodosas partidos em seu
Extemamente, Hobbes concorda com as t116sofosmorais de conjuI'.tD,..comoparte de uma unidade de eventos.44
seu tempo no que diz respeito a concep~ao de que 0 homem e Hobbes reconh.ece, semilusoes, a.di.stancia entre.as inten-
regido por leis etemas e imutaveis. HA5leis marais tern urn rara- ~oesdos particlos, gy-iadaspela teologia moral, e as priticas pebs
ter obrigat6rio universal e constrangem os homens a julgar suas quais proCllia::vaTIl re.alizar seus objetivos.Ainda que nao houves-
a~6es em sua consciencia (in foro irlterno), nao pdo efeito mas 5e nenhuma dllvida quanta a boa iJltenyao de sua vontacle de
pela inren~ao.'IOContudo, acrescenta Hobbes, as leis que so en- p~ obviamente nao.havi.a consenso quanta aos meios e. cami-
v~lvem 0 querer, ~,guerer =m :ua. sinceridade e co~sta.ncia, sao n~os apiopriados para estabele~r,~sa paz. 4.5 Alem .dissa, .~\ ~~ I
facelSde ob:ervar. (Bas) sao faCCISde obse~ar. POlSmss~ nada ~:c?o.de..~ urn, aue produzl.a efeltos e ~ v~dos, garan-~ /}.,
e:x:Jgemsenao a empenho; aquele que se eS,ton;:aem se_udesem- tla a s.. artIdos a" .r•.tcnsao de e ressar: ODOSlCOeS'com urn \ »Qt.~~
penho as cum~r:; .e2.q~ele que cumpre a lei e justa." Com urna UTa rob' ~ru:~ :miv.ersaL:'6,Dis.tose 5eg'.leque ran so:uente (
vO,ntade pura e facti seT Justo, 0 sarcasrno cantldo - com 0 qual.as..at;:6es,mas tamoem.as comllo;:oes, .opunham-se uroas. as..ou- I
Hobbes, duplamente refugiado, no interior e no exterior, reagiu tras::E.as COTIvio;:oes kiravam a ac6esca.davez mais ra4icais~ I
a cada uma das justi<;:asdas particlos cia guerra civil - e carac- 6 ohi,.tiyo de amouue1r 0 ini11llQOnaO&rH::rtern<imente,masta.m~ I...~'--~------.:.=::-~-~
teristico de urn pensador que experirnentou na pr6pria camebern internarurnte.4! Reinavaentao 0 conflito das convle<;:5es,
a dialetic.a fatal entre a consciencia e a aliao. ~- .... ~~berbl para os envolvirlos, foievi.denciadapor \
tre ti e intema e cae externa aumentou de tal forma Clue -" Hobbes: fNz::ve:rdade;edesagrndavelhrtaT; mas tambe.m nao de- I~~/~ "
.0 ve adeiramente 'usto tornou-se totalmente intercambiave1.41 cidir. .. _.GueITa5'sem·importanciaserao travadas, eserao'mais
A com;cc;:ao au a ac;:ao,os dais ao mesrna tempo. au somente urn violentas entre.a5 seita5 da mesma religiao e as facc;:oesda mesma
dos dois? ~~~~.~ republica" (De cive, I, 5).
a diale~.ca vigente entre as duas esferas, Hobbes investi9a suas Cern anos depois, Rousseau fez da guerra' civil seu tema e a_________~ ~ .---~T---.::..::..:
relacoes reel rocas de uma forma fundamentalmente nova. De- descreveu seguindoo fLO condutor do pensarnento deHobbes:~-.
;e
~I,
~
"Todos se tornam inimigos; alternadamente perseguidos e perse· ~ Na guerra civil, nao se pode mais dizer de rnaneira unlvoca 0 que
guidores, urn contra todos e todos contra urn; 0 intolerante e a I e bom ou mau, e 0 desejo de paz nio basta para esrnore-cer avon-
horn em de Hobbes, a intolerancia e a guerra da humanidade."4\ ~I tade de pader. Em uma situa~ao de guerra civil, em que 0 direito
o homem nao pode escapar a essa guerra civil mesmo quando,;:;; de todos prevaJcce sabre todos, como e possivel desenv"Dlver uma
em sua nostalgia de paz, reconhece urn principia moral de valida- . !.r-.•~..,' iegalidade que permita realizar este desejo? Ak!,!1_~.lf~all.}ntesge
de univ('rsa1.4~ Pais justamente a pureza subjetiva cia s'ua vontade ."'~ ~~_.~?~_.ki>....p~~ie_JJ!11a_~~~.t:-Yiab~<;_ll cUffim::i:::
de paz, na medida em.-Gue representasse 0 unico preceito legj- I ~f,l~~2ma.n.damento de est~er aL~.'_~:tid~l~i n~-
timador das a~6es, levaria a uma pretensao de totalidade por par- -I tural, precisa seT transformado em wna lei cuja execu¢1o concre-
te daqueles gill: invocavam sua conscien.ci2; uma vez que hi, de .;~ t3 possa ser cumprida. A verdadeira tarefa da filosofia moral e
fato, diversos partidos, isso nao conduziria a paz, mas ao seu' 'i elaborar tal legalidade, e 0 tema apropriado a materia em questao
oposto, ao bellum omnium contra omncs. Quem invoca a cons- ~ e a pol1tica. ~~~a~~ do.91~do_a~Qlutis_taej.~
ciencia, afirma Hobbes, qUfr .alguma coisa. ~~ ~~ 'Ii ~~-~§~E..R~·
I~~e.~~~,-o~~~~o~ ~~E!~~~o ~. \",~~. @.b.Qss-4Dtr?duz.~l::§~~?_~IE~.~~.~.o.:::W:IS~?_P.QU!i~_L~
~~~,C11!~¥iJ!ad~E~~R¥tid<?s ini!P)~o~.e_~~~iY.i.l na;i££.4.e..s-::_ i~~ Jo- <~ '~~~?~~,:~.?_~s fl~~cg2~.?9-.9~S~~1~Cl.2 ..9e.~1daLepeEc;.tJ05_~?PJ~~-
~~~_ds.<:.~~.Ela advem do venena de doutrinas rebeldes; ~~I..i~~_~~!E~_No due!to constltuclOnal.d~ H~bb:s, a~ COfi\TlCr;:.6.es ?rJv.a-
uma delas afirma que cada urn e juiz das'a~oes boas e mas, a outia. \J~ k das nao encontram nenhuma aphca~ao as lels;s4 as~~
que e pecado 0 que se iaz cootta a pr6pria conscie.ncia.5'J ~~ ~~ i ) ~~.s5~~_~~br~_ a
o movimento reformatorio e a conseqtiente divisaodas ins- ~~Jl.rf.I \ S~~~W~~!~.Q~beE.aE.~_~~!£.~,gv..e.~~9 ..~ d,e.:~dir'})~-?,S9gH~~te
tancias ~:lig~os~s reme~erarn 0 homem de volta a sua conscie~cia. tf.' . t-!~ . ir t m.~~~siencia. . consciencia ~ ua;.aEstido .§.~$P~~~
J~o«A~~~~~Q..~@c;pl~~ \cr~~ \~ .na.tr "sf~rma- e e~ moral _nvadal Autonetas, ~nonver:~'
~~~ ~~Si1...~rp~~1!~}:.Q.£9l. Nao surpreende que preasa- rW ~ ',facz! legem [ E a autondade, e nao a verdade, quem taz as leIS J.
- ~ (}'J .,L'¥ mente esta coosci~cia desse coragem e ~oergia aos p~:tid.os beli- "f I ? monar~a. esta a~rna do direito e e sua fonte; ele ~e~~e 0 que e
• ~\ - .,py) I gemtes para contmuarem a lutar . .c..~~£~..~!?,~~ .~ Justo au mJusto; e, ao mesmo tempo, leglslador e jUlZ..,b 9~'};;..
~~.~, \~~~r~ I ~.~~~~~u~~~a
I(},li'~' I" IY'#" ) ~~~t...~9-2,§~~~p:roPJl4foJ.l~gJ2..E?;al:~~ it ~!~~,,:"~$sp.$J.a.Jl~as~glJ.g!Q~~~ ~;u~~~'?--~~r6I·~~'
IAt) ~ t:", vontaue de Roder.aue ~~:1.'a'a ..gucrra"o'nl. ~ e'msto'reslde"o . :.~.- estam~nt()s ~arhdos, ele m¥ca:um. dOTTl_mlu.fu~ c.t:G~~Qe5\/iii'''', , \J O-.:V ~",--~~----...-.'''''-.''' ~----- ,;~------ l~ ~~~ ----.......----.P~ ~~-....... '-. \'\ cCJ passo .~efi~tivo.dadO por Ho --~~~~~ I J2S.lJ~ Este dominio pode ser o~ado por ~s~e Oil aiJude po-~t0~ t\ ~9~1~~3e~ ..Em '!lEZ de ser uma CQU5f2 pam, .~ der, contanto que possua a autondade necessa.na pa..ra proteg~r~. / a instfu1cia daconsciencia e., em.sua plmalidadesub.iet:iva, uma i as hornens, independentemente de seus interesses e esperan'ras.,7
,~ / "causa bellic:ivilis. .. . .': ~. I A deci;ao politica.do principe tern for«;-ade lei-58
/' " L;~ Ao tecer reflexoes de'filosofiamoral-:para examinar.QS_P:ressu- ./1 Na medida em queuma ardem'estatal e assegurada de cima
, . l}-\...\,; past os necessarios auma paz cluradoura, ~ ultrapassa a .~ para baixo, sua estabilidade 56 se toma passivel quando a plma-
_ &~. 0- problerruitica tradicional Re oma a se a~o e tre c a.encia e J iidade de partidos e individuos se Teconbece em uma moral que
()"\hJ\~.J.>' •...~~sa~'3~~:~'!§..~!!!~~5.2 A~ con- ~ a~eita a sobera~ia poli~ica abso~uta d~ ~ri.rjcipe ~on:oum~ neces-
~ \fi'- ..;» ~ trano de seus contemporaneos, ~~~rE- I sldade moral A$ teonas mOralS tradiQon.a~!?.Q::~-P~..@..
I)lvrA~ \-- re!~JJf;!i~asno'sentido o~...o; ..dQ.:!1l.Erior~ 0 interior. .~ moral cu~ ~ desta moral se realizam~ - -...----....-._--~.-- ...---..._, ~ ..~- '~ ~ ~'-''''-,,-,--~-'''''''-'~'''-'' •.../-'''''''~'''' ..'~-''''''-'''-'''....-'--'-------
~~~~~. i
"'"."".",.
·), . 'Y'
~ \3 ~ CUlrrJnosum expmentia [experiencia perniciosa 1.:'9 No bellum
~
;:)~ omnium contra omnes cada urn busca a destrwyao do outro: POl'
'\i isto nil"lguem teve medo disso au daquila, desse ou d<1quele mo-
",'~ merlta, mas temeu pOI' to do 0 seu seT, pais sentiu 0 pavor cia
1'>J""
'" .", marte, do senhor absoluto.60 Mas 0 rnedo da marte imve1e a ho-l~.·~~~~~
'~:s ) sU2rema obrigacao moral doEstado. Cantu do, 0 Estado s6 pode
f ~~J;f?c~~;ra-"-0~¢o~7Wdos as homens transferirem
~ ~'. I
~.t::?; \ seus direitos ao soberano, que os representa em seu con.iuntoY; ~ I ~o!.~~821- e nisto reside a garantia potitiea
~"~ 1 desta trona moral- ~~~~~~~§l-
~ \ r~~~~~~~ei<?E.~~-
....j ~ letlvo de paz naD basta em SI mesmol pOlS dependc da sancao es-
:::::.,?- tata! para ser investido de urn carater "mQLa!". razao exi e 0.---, ,. . .... ~.----~.~.~~~~.'-~ _.' ~
Btado, mas s6 se tOffia politica e moral quando 9 ~t . q.~'assa a
"~I\.I\ r·:/;-J'..r-./ J' .•...~'-- J."-J'>.j: FV·,_f' fV·,Iy· f - --...... ("'.,.r-......
,eXlS1i'r: Hobbes, que a phnClpIO pensou em rundar 0 Esta 0 em
~trato temporal e, pOI' assim dizer, anterior a de, terminou
par instituiro Estado justamente para tamar passivel e5te eon-
trato.63 0 paradoxa 16gico reside no fa to de que, embora cleva sua
existencia aum centrato, 0 Est do existe, dai em cliante, como
.~~~~~E?!?-temcca~~
i0~~~kE~o. Assim, Hobbes acaba com a pre-
tensa prioridade das resoluyoes intern as dos individuos e tenta
,do-nonstrar 0 condicionamento congenito de qualquer moral
'que se realize pela ordem estatal. ~~g~~-
~~4?~~~~~~JUQ.!BU:-,*,Jen-
u:~_J2Q:yQJ~.~~~.,_~.Lqlli~.~~I_9Qta~,.~entido,.J~
i~~~~~ ..a1~W~.~_~_.PJ?!i1i-'.?.,..6.
A guerra civil, que e vivida como amearra mortal, alcan~a a paz no
Estado. Este Estado, como Estado terreno, e mn deus morta1.65
-- -------
Como deus mortal, assegura e prolonga a vida dos homens, mas,
ao mesmo tempo. perm<L.'1ecemortal, pois e uma obra humana e
pode sempre sucumbir ao estado de natureza que marcou sua
origem, a guerra civil.. . _ . _ .'L-. ~
~~ ~Cf}='~l.
~ c.....~ ~.; .~ ~v--es::. ~~\\.~ "'-
~O~ ~ ,'L~~ Q::N~§t.~\,iv ...••·
S~;'-u'-'~-ur~-'Cri"""e-llto U Estado construInG s.c~1.i.DUU i.i ~ciLLl" ii",'-i 'C "-<,U-.......• b.u~... 4 ~~,--"""' "" ._ •••••
DUro "Estatio da razao" J como 0 seculo seuuime eSDCr..1Iia.t-l?~~,~----- .'
~~q~_~5ii-::!IF.r-~~-fSl~~
razaoquantoa razaQ:.~.~.sm6~._pks.ooNao-e a rme em si,queaa\-~---------..- ...~ ~ '"'-' . .
. urn fim a g1l2ITC1civil-----·Hobbes 0110 eI"a"ID utop:rco-' -.-ma5;eia
mo~tra as "sGc.etatis sive pacis_hurtU!rUle.conditiunes" ["con.di<;6-e:;.
hlLmanas cia sociedade ·ou cia p3Z")67 -rJas quais Q_E:;udo· pode ,~r)./
tomar-se o "juiz" racional dos homens.lrruionais. ~ ~~;)Y-9-'c<'\)'
segurad2.se,.no a~~~rnoTa]..p~ltisa - ~0~-J
~ensa transferiT seU5direitos ao sobcrano que as 'J .0'
rePr.esenta-transform.ar:-5e emde.verde ob-edieiraa.. 0 que edi': .
'fi~ 0 Estado'1ao e somente- epoder.absoluto d~ prblcipe~ma.s
a rela~o entre a prote~o e a obediencia.68 So n.a associa{,:ao que
surge entre protec;ao e obediencia se pode fonnar um status neu-
tro, ern que as leis - ernbora Mere-ntes em seu conte-udo - ga-
rante-m, em virtudeapenas de sua Jegalidade, a paz, a seguranya e .
o "coTltentment".69 Destemodo, ~ra.tiio &I.,iauIn,e~a\(o neuu-s \ .~ ."'-.C.JJp.
para a tecnica DoltV,?-. em gy~aJWntade do Rrin~~ a ~j Uv~!1) ~ /
Nesse Estado, [adona! e apenas a legalidade forma! das leis, naD: \ \'Xi--i\£'-..o, --~~c:,c~:t:~:~~;:;c~7~eL~d~:::;e~:::e:~~~:~~~-J;~~I\"o.Q.(t-{ .
<;;tEstado n30 !> "pen as urn dem mo.rtaLtorna-se tambem 0 auto-
maton, a grande maguina, e as leis saa.as alavaru:as acionadas pcla
vontad; absoluta do soberano para manter amaquina do fstado
em funcionamento.. 0 Estado 56 se reau1'l atraves das vias.in-Jica--
das pela razao na medida ern que p-oe urn fima guerra o-vil e,
a 6s encemi-la, cuida constautemen e par qU~~p-2
d~~~~~~~~~.?!,~~po~~~._~~~
individuos~'corresnonde a ratio. .. .... '.~._:.r~:scant!]: "moral" e "politica" coincidem quando a faUO est:a
diante da altemativa his-t6rica entre guerra civil e ordem estatal.
o sistema d~Hobbes s6 ganha coesao 16gica quando se tern em
vista a guerra civil e ° supremo mandamento racional que deja
resultou: a moral impoe a submissao ao monarca; ao .6r fim a
L .\--'~ .(\-.. :0...,\
'<Y\O)-,o--$} ~ ~"I\~ {.CJ-~""
~t\c.c...-,> {, ~b.9'(.c..o (de ~;;:"c":r0-~
~ ~~.r.e-.(Q!Il.2.JP~~Jll1O
.!:!1~al.~oral do soberano reside em suas fl1n<;:6es
oliticas, isto e, em instaurar e an er a ordem.
Ao deduzir a soberania inviolavel do principe a partir do. muJ·
tiplicidade de partidos presentes na guerra civil, que se legitima-
vam pela teologia moral e pela religiao, Hobbes d,furna resposta
a situa~o hist6rica em que viveu. Assim como, no continente, 0
£Stado superou as guerras religiosas e, deste modo, adquiriu sua
forma absolutista, no frmbito do direito publico e do. filosofia
moral a mesma larefa foi executada peJa rarao; razao que, em
Hobbes, sabia-se tao superior ilque1e conflito desardenado de
homens iITdcionais, supersticios05 e impulsivos quanto 0 monar-
co. absoluto era em rela<;ao aos suditos.71 P~o e 0
f~~Qy.il~-SU~i~.!listfu~trn
~~~':~~...9-fun~~~!.t~~V"0~Ygio~~?.Jazao" .
Aqui se manifesto. a convergencia, inerente ~ situo.<;:3.o,entre 0
Absolutismo e a filo$ofia racionalista. A TaZaO que se eleva das
agit3<;oes da guerra civil religiosa permanece, a principia, na
senda desta guerra e funda 0 Estado. Pode-se entender por q:;e
Hobbes naG viti gue a ra.z.2.0 poderia emancipar-se pelo. mo.:-j-
mentQ il]1minista. Ele naD (onhecia a vertente propria da ra:;;p..SJ.
- A~~~~? cl2..~o~~!~.~.~,~~~SIT.;4E~jp3s:A<?'-p'~.a,~.Q,
Mas, para Hobbes,'esta nao pode seT a deterrnina~o cia hist6ria,
pois ele vivenciona hi..<:t6riacomo .h.ist6ri2. ·d.asguerras ~vis~ Nao
eo progresso que pede 0 Estado, mas a necessidade de p6rfirD a
guerra civil: ~Q~_~~v;'1i TF-
sen'ado, quando os J;.nt:9.£:.Q!1ismos religiosos sao neutralizados e..r~_~_" ...-__ ~.....--- ...-...---....-.-.......
®-~.~l? A.h:st6ria e; para Hobbes, uma CO~
~~~de guerra civil e Esta~;·E.~e ..l£:~!-a.:-ci-vi1.Homo
homini li.!p~iiiinllJ51o nOIDeIIle 0 lobO do homern, 0
hornem e 0 Deus do hornem].n Asdificu1d.ades 16gico-fonnw
do sistema de Hobbes, tantas vezes tratadas,. s6 pod.em serapre-
ciadas quando se deL-r.:ade lado esta arnbivalfficia, 0.0 mesmo
tempo ameayad.orne auspiciosa, quandose ignora a qUb;tao his-
t6rica de que de parte e sesepara 0 seu sistema'(kummntexto
hist6rico determiI1ado.i3 . .
i~~\t~""'~ ~:~.7-'CR~T!C"" E CRISE/11 <:r..0 Y~\rJ'uY"
(~' ~~.ab..e. ~.:~_. to-.9.~. (1.4."~. 'L~!...ant.i~.l)elo
\ s~ano.-1--~l~~~~..9~.Q~e.Q1!'<:>. _e-.t..~J1h~QLu...TI,l_IT1a,l1dJ-
~~?~1!:.~9J·P~~~~p.d4"~rra.si\.iJJ njp
I hLd.iigJ~.~Sj!,,~~br..~.;..~.op~.!=-ie.p'.~ia,..e,f!9li!JQ, Mas, 0 que acontece
quando a paz esci assegurado., a arneaita de morte esta banida e {J
cidacao se d.esenvolve livrernente? ~e~~..t!!d.<,p'.9-§..Q.,
toda decis.aQ ou ..ru:dern ,gO monarca e uma iei [aC10naJ ou urn~ -.' '-. .~. - -..."-.. ....,._- .~ ._, _ .
Esta pergunta, que em breve iria i.,.quietar a ordem estabele-
cida, nos leva a Cipreciar de maneira mais acurada a rebyao entre
moral e politico., caraeteristica do Estado absoJutista. 1~.•.5.{(!!Jh:.e.9
~P~P~~~~~~3E~e::-~~n.se.i~9i~.fs.~A~..~~tem
em si 0 mesrno con£1ito qy,e ele..l>rocurou v.arrer.,Oo rnundo rr-:e-----..---------~_._--- •..•....•~ --........,-, ---- ..~"'""",,,----' -...... .. , .... -.......... ..... -' ..._--_ .......• ' "'.
,~:~ ..~. Hobbes, que conscientemente dei..xo·ude
iado a conteudo politico au religioso dos programas de partido,
naa se indagava sabre a estrutura de urn Estado detenninado,
mas sobre aquilo que faz com que urn Estado seja Estado, isto e, 0
carater estatal do Estado. Naa se interrogava sabre a especifi·
cidade des ieis, mas sabre por que as leis existem.7-\ Nao lhe in-
teressava a couteudo das leis, mas sua fu.ilyaO de garantir a paz.
AJ.~~~~_~~~.~~~~~~~.E.,:..~~~_.~e ..~~.t.~-
~o,~~~. ~S)'::~Y.~~~~"<l.~,~n~ITI:l~?}~a., E_? f~!?Qe_~eF..~m..
~e:rpressa~~~y'~n~.9~ do..£gp~_cg..l?-8ll9-:..M.~:YE~~~~~i.l~~~
~u~4!-~~~.· ..~~R~:!!:4~~:-r:~~ifer~
~&~l-{o.bb..~~~E_~.~~EQl£l_tE~~j,'£'i°
~a~~j.~uEda~ti"!.E.~~g!~h.~_t_9!ica; de mcu
esta discrepancia, que rnotiva sua analise apes a guerra avJ, para
coioci-la a sen"i~oda ordem estatal.
A~·.d.o~-itQ.:.{1~_l~~Qn~I£i,!, alcan<;:ada pOT
Hobbes, ~ .:..:..:...·aindaqueniediante' Ul1la av-.Jia¢a:nova e
constmtiva - ~~~p.s£L~.irt!gi~~o
eJ>1;erior.Pais somenteesta diferenci.acao perrnite separar 0 con----~ , .•..
tCl.idode llm.aa~ao e a pr6pria ayao,pressuposto necessario para
urn conceito de lei formaL.~~~~j.rQ~~-
~.J~5Q!!!eY~13!~Q!!.-:reH@~..>._Q_~:t~rJ..~s1
~.lei. ~9,2?"~o~~E.E0:,~'p'~.~I.~ ~gwnto_t4l- A obe-
, q~encia as leis "sobemas" s6 era possivel se 0 s-&llto continuasse
a distinguir entre conviCl;:ao e a~o, que ja se a:mtradiziaiTI na
.-li'Jerra civil. ' , para Doderviver em h~oni3. colliigo meSilla seill__ ,L .~
considerar 0 conteudo das leis que deve cumprir. Deste modo, 0
oressuposto bjst6rico da g,1lerra civil tomou-se 0 pressuposto ne-
cessaria aa pensa.lnento de Hobbes, pois lhe pe:rm.itiu deduzir 0
S£U conceito ~l~.sQbt:.ranjaabsoillta
~~o pensamento de HShQ~ desloca-
~~-~.:~E~~_~~~E..~~~~~!:~
~ d.e onentac;:ao religlOsa - Isto e, lrTaOO"21S -, para um
dom~ lruiquina est;>t;:;!Esta ruptura 2pa-
rece em dois lugares: no soberano, que esti arma do Estado, e
no individuo, pda cisao do homem ern "homem" e "cidadao".75
"E verda de que 0 soberano pode cometer UllIE. iniqiiidade, mas
nao uma injustic;:a."76 Urn senhor absoluto poderia co meter uma
injustic;:a, mas nunca juridicamente: s6 em urn s.entido IDoral ou
violando 0 principio cia utilidade. Se quisessern impedi-lo de co-
meter uma injustie;:a, estariarn suprimindo 0 pressuposto da paz,
a soberaniaabsoluta, e abrindo espac;:opara novas ac;:6esainda
mais injustas. Nao se tratava, portanto, de urn mal que disti..T1-
guisse a monarquia, mas de urn mal inerente a natureza hurna-
na.77 A moral outiea liberta 0 principe de todos os vinculos;
~rar, nao obstante, u ele 0 serve uma aeT.':.~'
" por assirn dizer, nao e indispensavel, mas aces:...o.Oria" pais nao e
~ " ~ dr. . d h
~
necessana para que 0 ..t.sta 0 runclOne como regulator as. 0-
., mens irracionais.76,
~\' ..
,~j" p~}~~~~da£~~-
'\ ~ pouco eo nreciso que o..sudito deva identificar-se, como hornem e
J-.... a- ~~------...- --- ~,/--- .-......._~ ~....-- ,,-"~.,,,,- .
(~ s~if~'" A~ contraria: 0
~ f2 homern, como cldadao, nao deve mms buscar a vnma causa das
~ ~ ~ leis em Deus, mas em uma construcao tempontl,'isto e; no poder",J ._
~~~rtque pee firn a guerra ,civil. ~~r-
~ ~ ;;Ires ondum a urna 1 alidade eterna ~a.rn ra1 - ernbora este
<f'~ ossa ser 0 caso - ~~~_~lllE:~a-
~.~ ~.~~~~a. E~tas sao as le~sd~ moral po-f ~ h'Ka, sob" ., quaLS 0 soberano dectde, por .-.wes merentes a
esta mesma moral. Uma virtude i:. um.a ,virtude nao porcam<l cia
, l ' -l: -1_ ' fu -1 _. ~ lib.' &0conYlcyao ou aa Justa me~ mas no seu nua,:TIeUlO po ' 'co,
Contudo, DaTa 0 homem como home.rn, a convicc;:ao, au a pro-
L
priaconsciencia, pennanece 0 illtiL-no criteria da moral Resta
apenas esper-ar que a convicyao ta.1nbem se ori.-ente pela nec£ssi--
dade politica. 81
Assim, 0 hOT>l~ ~~rti2£'tr~ doisrHobbes o_~"~"e.::?Y..ill,a
meude privacla e outra publi~ os~':!'?s e as as:oe~~_~~,.t?,q}~--
dos, S~fu90! a l~Lcte.E:;j~dEl-_m~l;~p'"~ ~ "in
secret free".82 Daf em db..nte sera possivel ao in~ividuo re:f:2giar-se
em sua convio;ao sem'serresponsaveLNa medida em que 0 in,-
divlduo tomava parte no mundo dz politica,.a consciencia torna-
va-se apenas uma Instancia deccntroledo clever de obediena;:L
A ordem soberan,a dispensava 0 iIldividuo de qualquer respon-
sabilidade. "A Lei e a Consciencia publica; Consciencias priva-
das ... sac apenas opini6es privad.as." BJ Mas, se 0 individuo se
atribui competencia em urn dominio reservado ao Estado, de
clevemistificar-se para DaO ser obrigado a prestar contas.84!~ di-
vjsao do homem em uma esfera rivada e uma esfera ~
constitutiva cia enese do se re .Q..lliJmjQisJJlQ~Y,~-
~!!~~,g..f2!£~~,~~~~.q~,~.!g~.pmeJl2aO
9.~~~E!!JAgmit:lliuj.9 ~4QJ2~.f~~-
~:lf;~~~~~Eio. A dialetica entre segredo e
movirriento iJumit""lista, desmasca:ramento e mistifica~ao, surge
'~ ...
desde 0 inkio do £Stado absolutista.
Para a razao que s6 se:ilnportava em dar um fim a guerra civil,
era iITe~~lOTareaesr;r-;;O-irtica~
__ ~ __ ? -"",,---,,""~----......---.~ r....----..--.......
Esta [azae, POT assim duet, tinlu se tornado ra.cional 0 suficiente
~orihecer diferentes conviqoes-;;;Wr;;iid;d~shl'st6-
~i'Cas.Podia permitir-se ista, pois ~ecnicidade form~conce~-
to de lei 'absolutista ofere cia uma eiasticidade .Que evi~~-
. uer diferen a entJe consciencia e ac;:ao que ameac;:asse a ordem.~--.....----"'~--' .
A tranquiHdade e a seguranc;:a estavam, pois, assegur<:ldas. 0 Es-
tado nao se tornou sornente 0 espac;:o de uma imoralidade poli-
tica, mas tambem 0 espac;:o de uma neutralidade moral. Como
urn espac;:o moral neutra, e urn autentico espa~o de exonera~Jo.
I
~;:&w
"t born que a autoridade seja nota vel, porgue e lJtiJ a defesa; a ·tJ seu ponto de partida - a guerra civil rciigiosa, ;}qual a f,.:;tado
seguran<;a existepara a defesa." 65 Mas 0 pTei;:O deste espa<;:ode '~! clevesua existencia e sua forma - e esquecido, ~~ d.~.Ej!~do
exonera~ao e a divisao do hornern. 9 homem s6 e Ijvre em segre- .". .~~~~'pjmQJJ!lida~I?_Q.!:..fgcl.~ncia, ..
do, 56 e homern em segredo. Como cidadao, 0 hornem estasu- i ~?~~i_n.:~~~.~riiJ..u:nQra~~_oIit:T1-
'60rdln-a-do ao sober-ano, e s6 como sudito e cid~d~;, - "~- ! ,tavam-se conscientemente para 0 lado de d; contudo, no ambito
- o-~riIT;do homem transforrna-se em urn onus para 0 Estado.1 do Istano absolutista, ~'E..'!:~~~:m.u1rrlar~_a..9_f~!:,§,9_9·() no-
S~E9.~~~:_.~,~_~~J~E-~~9-A~S!~.~J12,,--~~~9.~_e-l_~Q.I?~()~1:lJ.,JC?E<&.s~:~. /' ij rnem como hornem foi intencionalmente excluido do Estado;
~;:~~e~s.c.ap~.~oso~er~no, ~~~~.skYcr ~ ur pois 56 possula qualidade politica na c()ndi~ao de suaito.
de obediencia, 0 soberano nao se int~.r~sa por sua vida privada. ."llY~¥ Com 0 Ilumt~_~~<?.9l~~~~~~_~",~;i,~--;; -~~t;~d~-~~~~-~o po~t'; d~-p~rtld~--~~p{;~ifi~of)U\"'.y- J d..s~nslvej. Entende-se que 0 hornem cleve real~r-:e
do Ilurninismo. 0 Iluminismo propagou-se numa brecha que 0 ,tf~.if pohtlc;a~ente como hornem, 0 que provoca a desagrega",:ao do
Estado absolutista abriu para por firll a guerra civil. A necessida- ~ \~ J~' ,Estado ab~olutista·I!.9E~~2._~~~?j~~._s':l~~i~~Egu~~~es-i.§.~.'_ie.[lte
de de estabelecer uma 'paz duradoura incita 0 Estad~r ";~\' ~ ~~i:!.@5~P-~~~·,~D:l~~J~_.E.qh1.~cagesen~~~eaIJa_=-.-depms,;3.ce-
~-SU~~~Ln f?['~!;t~ii9.i::mi~~BiJ?~~c:g·il~~?J~!i'!::~ . ~!g~_~._e~R!:.o:~es_~?,.A intel~;tu~li~;)d,e~tmr~~~a ac~L~e~'a
~rna indis~aveL Que este foro interior seja 'i., r\"" her<ln~3 do clero leologlco, e a rrase ~O l"OVO 1estamento -
politicamente indi[;;;;;;-; um~cessidade con:>.-titutivado Es- ~,!.I,-'.l~_\J. \J ,",7piritualis hom~ !lldicat omnia, ,ipse o.lIter~ a nem~ne jU~ic{]t7.lr"
tado se ele quiser conservar sua forma politica. ~o ent~o, na . \.~ , ~.;~ 0 hornern espm~~~ ao contrano, Julga ludo, nao se luna ao
did d tr I'dad I di +;~ "-\,,,,,~'~.' \,.~ Julgamento de nada] - ganhana em breve uma nova e mespe-~e .~~~.£~E.~,:,~~e~,~~~ \)UJT rada atualidade. . -
GeClSaOsoberana, 0 Estaclo absoJuusta perde seu carater eVldente, ~' " I _ • , • ,
~l . ~O ~--..,.--------------~ .~ Em'suma, pode-se dlzer que Hoobes nao fO! urn mstonadcn
que estava 112:acloa sltua<;ao tustonca. t.staao cnou uma nova ~ . .. _
~h' . '-~~-........-----'7-~ " d 1 J'..1_' ""'.": que tlvesse reumdo ou descnto fatos pas5ados e lJresentes.s, Co-
orucm; .lstoncamente-, se tornana mna vltnna eu, a uesc1e 0 'i! - .1 d . " _ . .
. . . .. . d' al ' . . ..l_ I r ' '. ~ mo pensauor a hlstona, volta do para a superU(:dOcia guerra C]-micro 0 foro IDtenor a .IT1..Qraeliplltllu.u ~ 0 .c.stad0 e rese.;,-va- ~. : - .' - .'.~ ----;;.--",~,~_~~~._:_o_--:-,.,~= '1it VII, encontrou uma resposta que ultrapassa a sltua;;:aode paItIda.
do.an homemcomo <homem slgmfictlva urn lOCOde ag:ttayao ~ - , ,. . 'd..1 ' . .~c;.-~_:-_~~ .~ A comprov<lij:aoGa nlStanCl' :i..:etie seu penSall1ento esta prees;}-
~era,oruclIl3..L-.amente,peC1.iliar, ..aoE5!:adQaDSOhl1l$ta.AIT'..s-·~ n h'", - :~1 __ ~ ~,.j~ _. r ~r ~"_r • ~
. ",_ ~.~ __~__tt'""'- -:- ---'--;--.-'.'-~-"':':-'--"._-'-'- _.- ; . , 1 I' mente nn 0 .....J .•..c;aO,;a H:VaTIlau..apar :;eilS .....ontcmpvrGnc~_'s:; d.e ~ue;
tailca cia '--opsaanCIa era o· re~C11llClOnao 5uperaao do es"..ao.oae ."'" d . 1 T hh - rl ' - r - ,'" ••. "---, ... - -';"'1 .' .__•. . - ,- - .~ ..,. q"o e nO as do uz 00'10 "".."r[;e cp,· 1-':17 n':3,=,rof.O ~ ....t·:'.lG:[) C'" ",~~ \J Lo1••.• )_.1. L •....•'"- ~'-ol. ~ •••..~'-'¥ •.•~",~.\"L." '-. ••...o...L.!ll
natureza, que permaneceria meSillO quando 0 Estado ho'lt--vesse ~ ~atureza,88 em q~e os homenssao lOGOS uDS~u;'~
alcan<;a~os~fo~a_perfe:t~:._ ", J_:I ~~~:~~da~~~pe~J2~~';
. A ~eu.tralizaerao cia c~~~.1en:m pela poli~ favoreee ~ ~e~a- 'I em Hobbes. Na hlst6na, sem~re se produz alga a IDalS o~ a me-
nzal?o ciamoral. A meU!at1Z.a~ao dos antagumsmos eclesmstlCos, '~ nos - em tooo caso, algo diferente do que estava cantlclo Has
que acornpalwoua formaij:ao do Estado, possibilitaa expansao :I prernissas. Ai estc1sua atualidade;o Hobbes, alias, pensava de ma-
gradual da concepyaode mundo fundada na naturezae na razao,i neira emii1entemente hist6ricaqrumdo deu a salto 16gico e para-
o ~morecim~nto da ~e!igiosida.de calcaria na revela<;:io,85aEi doxal do estado de natureza da guerra civil para 0 Estado perfei-
condiciona 0 Estado, torna-se fatal na medida em que antigos te-! to. Disse em palavras ague caraeterizou 0 seculo XVII. A fQn;:ado
~c:.m s~b uma'torm;:'~Cl~~~~~~A~~ gue'ilWra I seu pensamentorevela-se nesteelemento de progn6stico que lhe
~po~ti~ ..~~~o. ~n9:~ ..temado seculo Xvl1L Na medida em que 1 e ine1'eIlte.
I
.~
ji
)/
Y
",
A ordcrn .iuridica supra-religiosa resUltou nao apenas na pacifica-
\..30 de cada UID das Estad.os nacionais; marcou, a.ii1da mais, as
rela<;:oes intemacionais.O direito internacional europeu tomou-
se eficiente porque criouum novo tipo de obrigatoried;:;de que se
colocava aCJ1Ila cia pluralidade de religioes. Esta obrigatoriedade
era potitica. Ao instituir 0 ambito das rela<;:6es intemacionais, era
analogaao raciocinio peb qual Hobbes deduziu a Estado. 50-
mente a distiny2.o clara entre interior e exterior perrniriu dest3car
do dominio de compelencias religiosas urn espa<;:o de a~.ao e.'et.ra-
politico, 0 que, sabre a pano de ~J.do hist6rico das paix6es con-
fes.sionais., equivalia necessariamente a uma racionalizayao.
No decorrer do seculo XVIII, a politica secreta praticada nos
gabinetes e 0 cilculo raGonal transformado em fotina deveriam
comar-se, ta..n.to quanta 0 proprio sistema absoiutista}9 <,lvos de
Ulna aitica que exigia pubiicidade. A universalidade das tearias
morais ilumiIli5tas ultrapassoutadas as fronteiras que a politica
havia trayado cautelosamente. Na medida em que a moral ilu-
ITliJlista pretendia ter a mesma validade da China a America, de
Paris a Beijing,'IO ela desfez qualquer diferelll;a entre interior e ex-
terior: entre as Estados/1 entre Europa e alem-mar,92 2S5im como
entre btado ejndividuo,93 homem e cid.adao. A polltica abscJu-
tista, que repousava nestas separa<;:6es, foi questionada em tocia
parte_~i>.ePar is50, e necessaria investigar tambem a significado
hist6rico que a ordero juridica intemacional europeia teve para 0
auro-entendimento da burguesia ernergente.
o fim das guerras religiosas - quer dizer, a format;:ao das ins-
tincias soberanas que, na epoc:a, solucionaram, cada uma a seu
modo- os problemas religiosos - conduziu ao est.abe!ecimento
de Estados territoriais unificados. Por forya cia soberania absolu-
ta, 0 interior de urn Estado foi delimitado rigorosamente em fela-
ltao ao espa~o interior dos outros Estados" A consciencia do sobe-
rano ern absolutamente livre e competente para moldar 0 grande
foro inrerior do Estado que representava. Assim, 0 pr6prio Esta-·
do tomou-se uma persona mora lis - independentemente de sua
constituit;:ao in terna, fosse" c:at6UcaoIT1'ro.:tesrrnt;>:,: :monirquic~
oU.Lepubli.cana - pe:rante os outros Estaclos, qlle ..ta..TTIbem se
compreendiam como personae mora1.es.94 A delirnitayao de um
foro interior estatal independente de outros Estados-cuja inte-
gridade moral, como Hobbes havia mostrado, fund.ava-se apenas
em seu carMer cstatal - fez com que se desenvolvesst: no e.,\:-
terior, obrigatoria...-rnente~ u .•.-n· sistema intemarional e coletivo.
Vattel, reprc.sent2.i"lte cJ.assico do direito intem.acion.a1 elli"Vpeu
no secuJo XVlll,95 d.isse ..que Hobbes foi 0 primeiro a. d.ar uuma
ideia distinta, ID3.Sa.i....1.daimperfeita, do direiw intemacioml".96
, Para Hobbes; uma vez·qu.e;o belLum omnium CImtra'omnes
estejasuperado nointeriordo Estad.o:,.o e$T~"liia cknatmezanao
rema mais entre os.homensin.diyidualmente, mas somente entre
05 E'itados, entendidos como magni homines [grandes hOITIms].97
o weite nat"l.lraldos individuos pre-est2.tais p6de ser tr2..i"1Sfor-
mado em urn weite publico internacion:l1 media.!1te apersonifi-
"'a';30 dos Estados surgidos na realidade hist6rica. 0 jus publuunl
europaeum [illreito pUblico europeu] fundava-se na rigida sepa-
ra;;:ao entre 0 foro interior do Estado, moralmente L'1violavel, e as
rela~6es exteriores e politicas dos Estados entre 5i. Os Estados
eram abso!utamente bYTes, e as soberanos (como, em Hobbes, 0
hornem na condic;:ao de hornem) eram submetidos somente a sua
propria consciencia"sem (como as homens na conciic;:a.ode cida-
daos) subordinar-se a uma autorid.a.d.e ins!ituo.onal superior co-
mum. Mas, nessa liberdade do direito natural, os Estados reco-
nheciam-se uns aos outrcs, e de uma maneira totalmente politica
- a diferen\-a dos partidos cia guerra civil --, como personae
morales. Mediante esta fOfma de reconhecimento reciproco, a si-
tua.<;:ao de bellum omnium contra omnes nao foi, como a guerra
civil, de todo encerrada, mas circunscrita aD illibi to d.as relalfoes
intemacmnais.96 Cada soberano tinha 0 meSillO jus ad bellum [di-
reito a guerra]. e a guerra tornou-se urn instmmento da politica
dos principes, que se deixava conduzir pela razao de Estado, en-
contrando sua formula<;:ao comum no "equilibrio europeu".99
Com 0 tlm da guerra civil e a consolida<;:ao interior dos Estados, a
guerra foi, par assim dizer, deslocada para 0 exterior. Muitos te6-
ricas Jbsoiutistas viam neb uma institui~o permanente, voltada
para evitar a guerra civil. Aceitavam a guerra, em virtude das
mesmas ret1exoes radonais e psicol6gica5 (situadas fora de uma
moral de comiq:ao) que permitiram cODtrolar as agitat;6es reli-
giosas. 0 fun das guerras civis religiosas e a restric;:ao da guerra a
guerra entre Estados sao dais fenome.nos correlates que rernon-
tam a separac;:ao entre moral e poUtica,o pri.meiro de maneira
implicita e 0 segundo de II1..aneira explicita.IOO No direito intern a-
cianai, esta separac;:ao se express a no fato de que os Estados em
guerra- como os homens noestada de natureza - confronta-
vam-seempe de igual.dade~ sem qualquer considerayao pcb justa
causa mora!: compreendiam-se como justus hostis [inimigos legi-
timosl, em virtude-apenas de sua qq;j]ji'.w.de de Estado e.indepen-
dentemente da rarao moral da guerra.lOJ
Mas a compreensao e 0 estabelecimento juridicos de urn am-
bito politico enema que nao recorria a argumenta¢es marais
nan significava a concessao de uma carta branca para agir levia-
namente em tempo de guerra au de paz.; baseava-se, como a de-
du·:;:ao Hobbesiana do Estado,. na ideia de que a invocat;:ao da
consciencia; ligada a leis marais etemas, rilla e urn mao sufi-
aente para estabelecer uma ordem intemacional, mas, pdo con-
hario, uma am~ra.a esta ordem. As nac;:6es soberanas - diz
Vattelem 1758, quando pJ.Iiicipava; cmno funcionario do Estado
da.Sax6nia,.c.a.lutaa.aspera..T1te cuntra:aPruss...a.de. Frederico 0
Gr.ande-[Frenerico. nJ- saolivTese.independentes, submetidas
apenaslLsl1a:pr6prncoIl5oencia; -GJIIlU".nshOillensiloestado_de.
natureza.IOl A consciencia daS.difUClltes ~6es permanece liga-
dz a lei na.t:lli~,etema e scmpre idenrica a si:mesmae, nesteSe!l-
tido.·esta sempr.e submetida..ao jus..iuternu..~ [dir.eita.illtcrnol •.ao
droit des gens necessarre}03 Vattel.se p-ergunta-COffiOe. passive! .
cumprircomesta.pura+.:rmoral:~Mas.-.cnmo .fazer"lla1cr ..essa·Re-
granos desentenclimentos entre os Povos e os Soberanos que vi---
vem juntos em estado natural?"I04 Trata-se deuma questao an.a-
loga aque se le--vant;r'ia paraJ--iobhes_Cjll.ando. na gucrracivil;ele
perguntaYa como sepode..."ia realizaromandamento'moral unl-'
,'um·.dapaz. As..,<i:mcomo H abbes r;:.;Qpbmo estata1, Vattd.,uoplaco
no das relac;:6es internacionais, chega i'i. concIu.sao de que esta 0[-
clem s6 poderia ser preservada se a consciencia dos SODe,a110S naG
se limitasse apenas as leis morais, mas considerasse, sobretudo, 05
clados cia politica. Isto implicava Edar sempre com v.,irias foryas
que se confrantam, 0 que na epoca. signiilcava uma multipli-
cidade de Estados. Em c.aso de conilito, ai..'1da que no s.entido de
uma moral eterna apenas urn lado pos-sa teT razao, tooos os en-
volvidos agem de boa-fe, "dans fa bonne foi".105 Pan. dar coDta
deste estado de coiEas esboc;:ou-se, ao lado do droit des gens ruiCfS-
saire,o droit des gensvolontaire. Este di.reito, urn jus manum [d;-
reite n"terno], £Uncia as regras de uma moral de 3.o;:ao internaf:io-
nat, essencialmente politica.106
A.Tnba> as formas de direito fundarnentam-se na wzzo, ITlJ.S
Duma razao orientada peb realidade pol1tica gue, eve:utualInen-
te, suspende 0 jus intenwm moral ern favor do jus CuCTTIum poli-
tico. S6 entae, diz Vattel, pode-se instaurar lliila orde...li de paz.
Esta subordinayao de leis morais a necessidades politicas salta
aos allios quando se Ie que a invoca~ao da cOIlSciencia :moral nZiQ
apenas nao ajuda a terminar urn conflito, mas, como todos os
envclvidos agern "dans Labonne foi", antes 0 acirra e perpetua.
"A decisao do direito,.da controv.ersia, nao sera par isso mais fJ-
vOTecid:;, e a luta se tomara mais cruel, mais rwnesT.a em sellS
efeitos, mais dificil de terminar."107 Alem disso, de acresceDw
que a moraliza~ao cia guerra leva...-iaa u...-rna ex:tensao cia guerra,
. ", 1··pOlSos nE\ltros, SOD0 rnanuamento.GC uma rnorili estrlta ..SEI1.aIil
for~adDs.a intervir no conllitO,.::rambe.1T1 esta submisS-3o da illa:-
ral a petitica ainda pertence ao horizonte de expe<-iencias dzs
guerras civis religiosas.
Vattel polemiza violentameTIte contra Grotius,que, seg-undo
. d . l~r;; fl d dir' 1 1de, a partrr e.uma VlO~o_ agrante 0 c110 natural. mo-.tia;.,
dednz umdireito de:inte..."Venyao.de.outros Estados. No decolTe
de sua argumenta~ao, esqueceria totaL.--nenteas conseqiienD...asprevisiveis. "Seu sentimento abre.a5 portas a todos os furores do
S"1!llsiasmo e do Fanatisrno, e fornece acs lunbiciosos rnumeros
pretextos."I08 Os horrores da Guerra dos TrL."1ta Anos 2indaes'"La-
vam-nJtidos diantedos ollJDS de Vattel. COufL'l.u1e es'"8Dd.ecem us
tratados de paz deWe:ttiliapa:ra a Europa Central, todes os Esta-
dos sao,em Sell conjunto, as fi.adores deuma ordem que reprime
a guerra civil. Pm:'"isso,numa passagarTI significariva, 0 proprio
Vattel tr;LTJ.sgride 0 principia cia nao-interven<;:ao,IO'J que no ~ais
defundia rigorosa.'Dente e que devera garantir a ordem interior:
ele pode ser violado quando urn povo pede ajuda extema para
escapar de uma tinmia religiosa exercida com meios politicos.
Com esta t:ran.sgressao do pri,'lc1pia cia nao-intcrvcw;:ao, Vanel
esta no limite entre uma arglli11enta<;:ao moral-burguesa e Ulna ar-
gumenta<;:ao politico-estatal. Cidadao protestante, procurava jus-
tificar 0 desembarque de Guilhenne d'Orange na Inglaterra, ;15-
5il"11 como ja havia questionado 0 interior do sistema absolutist2.,
alegando a situa<;:ao do povo e a tolerancia.11fJ 1\11as, ao meSilla
tempo, este trecho prova daramente que 0 pressuposto hist6rico
do £Stada moderno - au seja, 0 Bm cia guerra civil religiosa -
tiIilia sido retomado como pressuposto interno dos Estacos na
ordem internacional.ll! Se urn Estado Doe em risco sua n.mcao de, .
neutralizador de contradi<;:6es religiosas, admite-5e, em caso de
necessidade; a viola¢o de sua soberania pela interven<?iode ou-
tras Estados. Esta forma de interven~ao (rara no seculo XV1Il) nao
ocorreria, enta~, por motivos marais. Serviria , sobretudo, para
gar;L'1tir uma ordem politica encarregada de impedir que as rdi-
gioes fallaticas interviessern na politica.
Na luta contra 0 despotismo religioso, os principios de uma
mora! laic a civil e de uma politica. nacional supra-religiosa ainda
coincidem.112 QuaIldo deixam de coincidir, a consciencia das
consequencias crueis de urn utopismo religioso motiva Vattel a
submeter inclusive a "mora! natural" a politica, a tilT! de manter a
ordem estataL Para de, a verdadeira justi~a moral 56 se ~ncontra
no alem: mas uma moral voltada para 0 lado de ca e para as exi-
gencias poHticas reca1ca for<;:osamente a consciencia e a convicc;:ao
individuais, pais estas se referem a "leis naturais eternas" ou a
fe.113 Deste modo, a despeito de reconhecer os deveres morais
da consciencia - aos quais, como cidadao esclarecido do secu-
10 XVIII, rendia homenagem -, Vatte! chegou 11 conclusJo de
que 0 direito internacional, para ser urn direito, deveria, por sua
naru...-ez.a, necessariamente sere pennan.B:er .i:mpmeito em sen-
tidn moral. J 14
Da moral de uma rmo politiGl nasce a droir des ge:rsvo!011tai-
re, Que, ~ldifere1ll.;:ado direito natural intcrnacior;al, represwta a
verdadeir1.l conquista do pensamento absolutista: e5te illieito "to- .
kra {) que e impassive! evitar semintroduzir males maiores".li5
_ Cons.ciente cia imperld<;:ao humana e, assim, traruiforrnand.o
racionalmente a henmya da consciencia crista do pe:::'lJio, 0 direi-
to i..rlt~cional rcimncia Yc1unt<rriamente a apresentar·se diantc
de qualqUeT tribu..'12l prC5ldido pela moral de convic¢0. 56 assi.t-n
as me!nt:i1'os cia corrn:midack do direito intcmacional podinn 85-
segurar reciproc<U-nente sua liberdad.e. Este reronheci..'TIEIlto pu-
ramente formal e sem contc:ldo moral podia contes injusti~as;
mas Vattel via justarnente no pri.lnado da politica a chm.ce de sa-
tisfazer tamoem as exigencias morais - pelo des-.nc, par assirn
dizer, de uma racionaliza~.ao do Estado e 'cia guerra. A condiyao
da melhor ordem passivcl era a separa~ao do direito intE:w2cio-
nal em "droit des gens n£.cessai.re", ao qual se submetia apenas a
consciencia do soberano, sem coa<?io externa, e em "droit df.5 gITl5
voiontaire", que comportava as regras de urn ambito politico iscn-
to de argurnentos marais.
A.ssim, a partir cia experiencia cruel das guerras 6'115 religiosas,
desenvolveu-se a·ordem estatal europeia, A lei, sob a qual foi cria-
da, signi:fic~va mbordibu;:ao da moral a politica emarCOll a epoca
das guerras entre os Estarlos e dos grmdes tratados de paz: os tra-
tad os de Westfalia, que represeJ.itan1 na Emopa a primeira so-
lu<;:ao de qu'Cst6es suscitadas por conflitos religiosos etn a..-nbito
internacional, e 0 tratado de Utrecht, em que se formulou 0 prin-
cipia do equilibrio europeu, Gy.e repousava, entre outras coisas,
no recoru'1ednento previa peIo qual as parte5,fossem cat6ticos
ou protestantes, monarquis""l2S ou republicanos, a5seguravam a
integridade estatal umas das outras. "0 guardiao cia paz e, agora,
uma guerra eternamente encoura~acia, e 0 arnor-proprio ~e u~
Estado faz dele 0 guardiao da prosperidade do outra. A sooedadc
de Estados europeus parece ter se transformado em uma grande
famllia."'!6 Com estas palavras, proferidas em sua aula inaugural
em lena, Schiller resumiu 0 resultado desse desenvoivimento e
expressou de maneira clara a consciencia dessa ordem politica.
Portanto, a constelat;ao basica do seculo XVllI consiste no des-
dobrarnento da moral, em virtude da estabilidade poJitica pre-
viarnenteassegurada. Somente com a neutraliza<;ao pohtica dos
conilitos religiosos e com a restri~odas guerras a meras guerras
entre Estados abriu~se urn espa<;o socialem'que a nova elite pode-
se desenvolver. Em comparac;:ao com 0 passado, 0 cidadao sentia-
se seguro e protegido. Havia passado a epoca da Liga e da Franda,
da Guerra dos Trinta Anas e <las agitac;:oes confessiona.is, as guer-
ras am haviam terrnin.ado e as guerras afetavam 0 mlD.h'l1o pos-
sivel-a esfera civil da burguesia. Monarcas esclarecidos promo-
viam pIanos para melhorar a serte de seus POyos. Ao equilibria
vigente associava-se a esperanc;:a otimista de que ate mesmo as
guerras pudessem ser gradativamente eliminadas. Nao importa
quao longe as esperanc;:as se al~Yam individualmente. Em todo
caso, nao eram apenas desejos ut6picos, mas conseqiiencias da
ordemde fato e, como tais, sintomas desta ordem. A crenc;:a his-
t6rico-filos6fica 'do hornern burgues -no progresso moral 56 ga-
nhou sua evidencia hist6rica sobre 0 pano de fundo da seguram;:a
vigente.117 Posta em seu contexte historico, 0 progresso moral e,
portanto, produto d.a estahilidade politica ..Mas a estabilidade,
por:seu lado,.repousava numaconstituir;:ao politic.a a qual a mo-
. fal deve.."'ianeces~amente::se suhor:dinar".N0 curso do seu. de-
senvohimento;o muncio moral, que se baseava na ordero politi-
ca, teve que se desvencilhar desta ordem ..
··Ocaminho que deveria,tomar tinha.sido.tr.a.;ado.ao separar:.
se; de urn lado, 0 direito natural e, de outro, urn dominio de de-
cisao livre, entregne ao principe . .Aosdefensores deum direito
natural unificado.e unificador, esta separa~opodia parecer uma
dupla moral quedeveria ser desmascarada. No decorrer do des-
mascaramento -,. isto e, do Iluminisrno - anulou-se tambem
o sentido hist6ricb original desta separa<;:ao: delimitar urn domi-
nioTacion'al em proveito cia responsabilidade politica:-Passou-se
a conside.tarca::pnlitica. :s.omente .soho .anguloda .consciencia
esdarecida.. .
"Pade-se duer", diz um critico esclarecido cia ordem juridica
internacional, "que. na medida em que os reis aumenta..-am seu
poder sobre os Sllditos e a arte de governar os uniu entre si me-
diante uma convivencia mais precisa, sua honra e consciencia fo-
ram a falencia."118 A rela<?o indireta com a politic a e determi-
nante para 0 homem burgues. Ele permanece uuma esp<§cie de
reserv3 privada, que toma 0 monarca culpa do da sua propria
inocencia. Em comparac;iio com a inocencia do principe, 0 sudito
era potencialmente culpado; agora, em comparac;:ao com a ino-
cencia dos cidadaos, 0 monarca e sempre culpado.
clade privada de suditos inimigos encontrados em territ6rio beliger'ante
quando do rompimenro das hostiJidades." Quando irrompeu a Guerracia Crimeia, permitiu-se aos comerciames inimigos abandonar 0 porto,
llma pratica a qual aderirarn Prussia, Fran~a, Russia, Turquia, Espanha,
Japao e os Estados Unidos durante os cinquenta anos seguintes. Desde
o infcio dessa guerra usou-se de grande indulgencia no comercio entre
os beligerantes. Assim, na Guerra Hispano-Americana, navios neutros
com carregamentos de propriedade americana, e que nao eram conrra-
bando de guerra, destinavam-se a portos espanh6is. A opiniao de que
as guerras do seculo XVIII foram menos destrutivas do que as do secu-
10 XIX em todos os aspectos e um simples precanceito. No que diz res-
peito ao status de estrangeiros inimigos, 0 servi<;o de emprestimos
mantidos por cidadaos inimigos, a propriedade inimiga OLl0 direito de
comerciantes inimigos deixarern os portos, 0 seculo XIX revelou uma
mudan<;a decisiva em favor de rnedidas para salvaguardar 0 sistema
econ6mico em tempo de guerra. Foi no seculo XX que se reverteu essa
tendencia.
Assim, a nova organiza~ao da vida econ6mica forneceu 0 pano de
fundo para a Paz dos Cern Anos. No primeiro perfodo, as classes
medias nascentes eram principalmente uma for~a revolucio11<lria que
amea~ava a paz, como testemunhamos no levante napoleonico. Foi jus-
tamente contra este novo fato de perturba<;ao nacional que a Santa
AJian<;a organizou a sua paz reacionaria. No segundo periodo, a nova
econQmia estava vitoriosa. As classes medias eram agora, elas mesmas,
o sustentaculo do interesse na paz, muito mais poderoso do que 0 de
seus predecessores reacio11<lrios, e alimentado pelo carater nacional-
internacionaJ da nova economia. Entretanto, em ambos os casos a inte-
resse pela paz s6 se tomou efetivo parque foi capaz de fazer 0 sistema
de equilibrio-de-poder servir a sua causa, fornecendo aquele sistema os
6rgaos sociais capazes de lidarem diretamente com as for~as intern as
ativas na area da paz. Sob a Santa Alian~a esses 6rgaos eram 0 feudalis-
mo e as casas reinantes, apoiados pelo poder espirituaJ e material da
Igreja; sob 0 Concerto da Europa, e1es foram a financ;:a internacional e
o sistema bancario nacional a ela aJiados. Nao ha necessidade de ex age-
rar esta distinc;:ao. Durante a Paz dos Trinra Anos, 1816-1846, a Gra-
Bretanha ja pressionava pela paz e pelos neg6cios, e mesmo a Santa
Alianc;:a nao desdenhava a ajuda dos Rothschilds. Sob 0 Concerto cia
Europa, par sua vez, a financ;:a inrernacional teve que recorrer, muitas
vezes, a seus associados dinasticos e aristocratic os. Todavia, tais fatos
32 apenas servem para fonalecer nosso argumento de que em cada urn .
~ , " " .
das cases a paz se mante"y'e nac ap~nas atra~....e5 c':a~ Ch~!.i-"C;~-~Zli:18_:. ;::.~-:.~
Grandes Potencias mas com a ajuda de agencias concrewmente org,,!!!:-
zadas, que agiam a servic;:o de interesses genemlizados. Em Gutra:.> paL-
vras, 0 sistema de equilfbrio-de-poder 56 p6de evit81 urn" cOiltlagr",;a:.::·
generalizada com 0 pano de fundo (Ie uma nova economia. l\'las " ta.;"-
nha do Concerto da Europa foi incompar~,velmeme maior do qUE Z, d;=-.
Sant3 Alianc;:a. Esra llitima s6 mameve a p~1Znuma regi50 iimitad~, nun:
continente imud.vel, enguamo a primeirZl rezdizou a mesma tarefa ern.
escala mundiaJ enguanto 0 progresso social e economico revolucionavs
o mapa do globo. Esse grande feito politico resultou da emergencia ds
uma entidade especifica, a haute fInance, que foi 0 elo entre Clorp.ni·-
zac;:aopolftica e a econ6mica da vida inrernacional.
Neste ponto, deve ficar claro que a org<1niza~8.o el" p,-,z repousaVd
sobre a organiza~3o economica. Todclvia, ~~sduas eram de c()nSisteIKi~:
muito diferenre. 56 se pode falar de uma organizac;:ao de pClZpolitic;::
mundial no sentido mais amplo do rermo, pois 0 Concerto da Emopa,
em sua essencia, nao era urn sistema de paz, mas apenas de soberanias
independentes protegidas pelo mecanismo da guerra. 0 opostO e verdCl-
deiro em rela~ao a organizac;:ao econ6mica domundo. A menos que nos
submetamos a pratica nao-critica de restringir 0 termo "organiz8I5ao"d
organismos dirigidos de forma centralizada, que atuam atraves de fun-
ciona-rios pr6prios, temos que concordar que nada poderia seT mais
defiriido do que as prindpios universalmente aceircs sobre os quais ess"
organiza~ao repousa, e nada mais concreto do que sens elementos fac-
tuais. Or~amentos e armamentos, comercio exterior e matericls-pnmas,
independencia nacional e soberania cram, agora, fun~6es cia moecla e
do credito. ]:'1 no ultimo quarto do secuJo XIX, os pre~os mundiais d8S
mercadorias constituiam a realidade principal das vielas de milh6es de
camponeses continentais; as flutual50es do mercado monetario de
Londres eram anotadas diariamente pelos negociantes de welo 0
mlmdo, e os governos discutiam os planos para 0 futuro a luz da sirua-
<;aodos mercados de capitais mundiais. 56 urn louco duvidaria de que 0
sistema econ6mico internacional era 0 eix:o da existencia material da
ra~a humana. Como 0 sistema precisava de paz para funcionar, 0 equili-
brio-de-poder era organizado para servi-Io. Se se retirasse esse sistema
econ6mico, 0 interesse pela paz desapareceria da politica. AJem disso,
nao havia causa suficieme para esse interesse nem a possibilidade de sal-
vaguarda-lo, mesmo que existisse. 0 sucesso do Concerto cia Europa
surgiu ela necessidade da nova organiza~ao internacional da ecollomia e
terminaria, inevitavelmente, com a sua dissolu~ao. :3:3
t~
"it, 0 advento da intdigencia bwgue>a tem como ponto de partida 0
:it~ ..;.:..
· ~~;~: foro-intcrior-privadoaaqual'o·-Estaoo haviaconfinado sellS su-
.3xr..__clitos. Cacla passo para fora eyma passo em direy3.o a luz, urn ato
!:f$::. do esC1arccirn.ento. 0 Iluminismo triunfa na meQiQgJ.P. q~s...;s.:-;i~~--~..£mde~~o in.teri9!" prjvado- ~Q,-<Lqminio. pUblico_Sem remm-
.if. cia! a sua natureza privad.a:.¥o dominie publico torna-sea f6rum
~a sociedade gue Jlenneiatodo 0 £Stacio.Por Ultimo, a sociedacie
batera a porta dos detentores do poder politico para, ai tambem,
exigir publicidade e permissao para e.!1trar.
- A carla passo do Uuminismo, desloca-se a limite cia competen-
cia, que 0 Esta.do absolutista havia tentado tra~ar euidadosamen-
te, entre 0 foro interior moral e a pol1tica.. A pr6xima tarefa desta
.investigalfao e mostrar como a sociedade burguesa, emergente e
autoconfiante, ja 0 havia deslocado. Para tal demonstrayao, vol-
taremos mais uma vez a Inglaterra, 0 pais em que a burguesia
modern a alcan.-;:ou pela primeira vez seus tra~os caractcnsticos e
que sernu de modele ao continente. Apreciaremoscomo se clava
a atividade exua-estatal de julgar, constitutiva da burguesia, as-
siro como sua eficacia espedfica.
Em 1670, sob 0 dominio absolutista dos Stuart, John Locke,
. -- --------~--pai es irital do II .. i '. obu.r ues,I~e~~ trabalhar ~:.:..u
Ensaio sobre0 en~~ozo. o Ensaio [oi conduido du-.••..~.....--- ..
rante 0 -exilio de sets mas. na Holanda e pade ser publicado na
Inglaterra depois d.a queda de Jaime II.- Nessa obra, que seria urn
des escritos sagrados da burguesia moderna,lQ~.~~'2~y~~
~~JE:~!:!~~<J,O~tiad@s. Deste modo,
segundo ele, entrou em urn territ6rio que requer especial cuida-
do para evitar a obscuridade e a confusao.1
•.. ,-,;,:.~.,.,;;.[ ·t·,~
·..1
·~ .'~~_ ...., ...~~ ...•...:".-
~ T:;:.~...
~ l.~.·"·
f .~.~
SFqyNDO CAPiTULO
..:::: ... ....

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