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Análise dos filmes Kramer vs. Kramer e A Guerra dos Roses

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Introdução 
Este trabalho trata da análise dos filmes “Kramer vs. Kramer” e “A Guerra dos 
Roses”, sob o aspecto psicológico, de acordo com os temas já trabalhados 
anteriormente. São eles: “O advogado no contexto interpessoal”; “As funções mentais 
superiores (Síndrome de Pirandello) ”; “Perspectivas teóricas”; “Burnout: o processo 
de adoecer pelo trabalho”; “O modelo psiconeuroendocrinológico do estresse”; 
“Julgadores, vítimas e instituições de exclusão”; “Estudo da violência”; 
“Vulnerabilidade à violência intrafamiliar”; “ A importância da intervenção 
multidisciplinar face a complexidade da violência doméstica”. 
 
Análise dos filmes “A Guerra dos Roses” e “Kramer vs. Kramer” 
 
Este trabalho se inicia discorrendo sobre o primeiro ponto que chamou a 
atenção nos dois filmes: a diferença de conduta do advogado de um filme e o outro. 
Em “A Guerra dos Roses”, vemos o advogado Gavin D’Amato com um total 
desenvolvimento empático pelos seus clientes e colegas. O filme é narrado por ele, e 
o filme começa com ele contando a história dos Roses a um cliente. O próprio ato de 
contar a história ao cliente à sua frente já é um ato de aconselhamento. Porém, na 
história que relata, vemos o seu envolvimento no caso de seu colega de trabalho. Ele 
aconselha Oliver Rose no âmbito jurídico e também no pessoal. Há um momento em 
que ele vê que as coisas estão saindo do controle das partes, então sugere ao Oliver 
que abra mão da sua parte na casa e vire a página. 
Já em “Kramer vs. Kramer”, encontramos um advogado sisudo, com um 
atendimento ao cliente superficial e truncado, sem se importar com os reais motivos 
de seu cliente, assim como os seus sentimentos. 
Sabemos que o advogado não deve tomar para si “as dores” de seus clientes, 
mas é inevitável e imprescindível que haja um certo envolvimento entre cliente e 
advogado. Assim, a comunicação entre eles melhora e o aproveitamento de todos os 
dados que o cliente possui podem ser aproveitados na causa. 
Sobre o aspecto das funções mentais superiores, podemos identificar algumas 
caraterísticas em personagens de ambos os filmes. 
Em “Kramer vs. Kramer”, o personagem principal Ted simplesmente não ouve 
a esposa. Está tão envolvido consigo mesmo que não consegue enxergar os 
problemas familiares advindos da sua desatenção. Também pode-se identificar isso 
como uma atenção seletiva, onde ele detecta apenas aquilo que angaria valor aos 
seus preceitos. Em “A Guerra dos Roses” Oliver também possui este mesmo padrão, 
chamado detector de padrão. 
 
Em contrapartida, sua esposa Joanna, também tem uma percepção incompleta 
da realidade de seu marido. Ao retornar, após o abandono de lar, para requerer a 
guarda do filho, ela acredita ter o total direito de guarda do filho por ser a mãe, e além 
disso, pelo modo como lembrava do relacionamento entre ela e seu esposo e ele e 
seu filho. Sabemos que a emoção é fator relevante que afeta a sensação e, por 
conseguinte, a percepção do mundo ao seu redor. 
Avistamos também nesse filme componentes culturais (pormenorização da 
mulher, desigualdade entre os gêneros na relação familiar) que pioram a situação de 
Joanna com seu esposo. 
Há um ponto relevante que ficou claro nos dois filmes. As esposas, 
descontentes com seus esposos, não falaram de seus anseios quando foram 
indagadas por seus respectivos companheiros (cena onde Barbara pede o divórcio a 
Oliver e a cena que Joanna diz a seu esposo Ted que vai embora). Há uma falta de 
comunicação entre eles, não relatam seus problemas, deixam “passar em branco” e 
vão compensando com “retribuições na mesma moeda”, mais visível em “A Guerra 
dos Roses”. Citado por Fiorelli & Mangini, Gogo & Lane dizem que através da 
comunicação o homem transforma o mundo à sua volta (GODO; LANE,1999. p.32).1 
Na impossibilidade de lidar um com o outro, ou ainda, com as mudanças que 
vão chegando à vida conjugal, os conflitos começam e se intensificam, viram rotina. 
Essas são limitações impostas pelo pensamento e pela percepção (FIORELLI& 
MANGINI, 2015. p.29).2 
Um aspecto que dá o tom no filme “A Guerra dos Roses” é a violência que vai 
crescendo cena a cena, e que torna o filme uma situação engraçada de certa forma. 
A raiva é um sentimento que cega as pessoas e produzem comportamento 
indesejado, que pode culminar em atos violentos. Tão violentos, que os personagens 
principais chegam a morrer no final do filme. A defesa irrestrita de seus princípios – 
na verdade, estão mais para princípios desvirtuados – os leva a se tornarem cada vez 
mais violentos e vingativos, levando-os a destruir o objeto que os leva à briga: a casa. 
 
1 GODO, W.; LANE, S.T. M. apud FIORELLI, José Osmir & MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni. Psicologia 
Jurídica. 6ª Edição. São Paulo: Atlas, 2015. 
2 FIORELLI, José Osmir & MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni. Psicologia Jurídica. 6ª Edição. São Paulo: 
Atlas, 2015. 
Oliver (A Guerra dos Roses) tem seu senso de realidade prejudicado pelo 
superego extremamente idealista. Se preocupa com sua imagem e sua posição na 
sociedade. Já sua esposa, Barbara, possui como mecanismo de defesa as obras e 
benfeitorias da casa. Cada detalhe passa por sua análise; há um momento em que 
não há mais o que fazer, está tudo arrumado, tudo decorado conforme o seu gosto e 
conforme aquilo que acredita ser do gosto do alto padrão de Oliver. Quando seus 
filhos vão para a faculdade, ela resolve contratar uma empregada para não se sentir 
tão sozinha (mesmo com a convivência do marido) e também abre uma empresa de 
buffet para eventos. São alguns de seus mecanismos de defesa: deslocamento 
(desvia seus problemas conjugais para a casa, carro e trabalho); racionalização 
(criação de escusas para justificar sua conduta como esposa e como pessoa, assim 
como o comportamento do marido); projeção (depois de os filhos saírem de casa, 
projeta sua atenção e carinho ao gato, a despeito do cão do marido). 
O esposo de Barbara também possui ao menos um mecanismo de defesa, a 
idealização, pois não tem real noção da situação com sua esposa, vê nela apenas 
aquilo que quer ver, enquanto emprega todos os seus esforços em sua carreira para 
torná-la ideal. 
Ted experimenta a incompletude de desenvolvimento da sua integridade do 
ego, da generatividade. Razão pela qual ele não possui uma relação próxima com a 
esposa e o filho, até que ela os abandone. São meramente parte de uma arquitetura 
idealizada de vida perfeita que traçou para si (mulher, filhos, carreira promissora). 
Assim que ele se vê sozinho com o filho, não sabendo nem onde fica os utensílios de 
cozinha, como lidar com o filho, etc., ele começa a aprender a noção de cuidado. 
Vemos em “Kramer vs. Kramer” a importância dos modelos para as crianças. 
Billy, filho de Ted e Joanna, perde a referência ao se dar conta que a mãe o 
abandonou. Se torna irritadiço, faz “pirraça” ao pai; esta é a única maneira que tem de 
externar a confusão de seus pensamentos e tristeza sobre a partida de sua mãe. 
Porém, após pai e filho fazerem as pazes e ver que também pode confiar no seu pai 
como tutor, faz dele seu exemplo e passa a colaborar com a rotina. As crianças são 
incrivelmente sensíveis a mudanças de rotinas e de “estados” dentro do contexto 
familiar, havendo conflito ou caos, por exemplo, ele aprende por reforço e passa a agir 
de acordo com o que a situação pede. Segundo Fiorelli & Mangini: 
“O papel do modelo estende-se aos conteúdos emocionais das respostas. 
O observador percebe que o modelo reage com raiva a uma provocação; 
a partir daí, assim reagirá quando provocado; reproduz o comportamento 
e a emoção subjacente a ele” (FIORELLI & MANGINI. p.83).3 
Na viradada situação “estável” entre os Roses, que se dá com a ida de Oliver 
para o hospital, vemos uma possível doença ou problema de saúde dele por conta da 
vida que leva. A vida de um advogado não é exatamente tranquila, somada à forma 
como o indivíduo encara a realidade, pode culminar numa doença ou problema 
médico advindo do trabalho. Ted também tem situações de estresse e agressividade 
por conta de seu trabalho. Ao unir à sua rotina os cuidados com o filho, os 
compromissos com o seu trabalho ficam difíceis de cumprir. Além disso, seu chefe o 
pressiona claramente para dar cabo do menino (mandar para parentes criarem), pois 
ele não se importa com a situação da vida pessoal de Ted, muito menos se preocupa 
com Billy. 
Em “Kramer vs. Kramer” há a figura do juiz, nas ocasiões das audiências para 
decidir a guarda de Billy. O juiz que se apresenta é um tanto afetado por algumas 
coisas que já foram apontadas. Uma delas é a pormenorização da mulher, 
desigualdade entre os gêneros, Joanna perante os demais presentes no tribunal, que 
eram homens. Isto é verificado quando, na primeira cena do tribunal, o advogado de 
Ted grita com Joanna e não é advertido pelo juiz; também é visível na ocasião em que 
Margaret (amiga de Joanna e que depois se torna amiga de Ted) vai depor e o 
advogado de Joanna faz perguntas tendenciosas a ela, as quais não consegue 
responder corretamente sem a interrupção do dito advogado. Também aqui não 
vemos a intervenção do juiz ao decoro em tribunal. 
Novamente falando dos advogados, o operador do Direito que faz a defesa de 
Ted se utiliza dos preceitos morais, que podem levar ao entrevistado à comoção e seu 
estado de tensão como forma de angariar pontos para a causa contra Joanna. Porém, 
no filme não é demonstrada a utilização de outros mecanismos, como o ajuste de 
linguagem, a identificação de esquemas de pensamento. Já Gavin, advogado de 
Oliver Rose, tem o esclarecimento e o cuidado de interpretar cada fala e cada atitude 
 
3FIORELLI, José Osmir & MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni. Psicologia Jurídica. 6ª Edição. São Paulo: 
Atlas, 2015. 
 
do casal Rose, aconselha seu colega de trabalho a fazer o que for melhor para ele 
sem que isso custe sua paz. Há uma verdadeira sintonia emocional de Gavin para 
com seus clientes. 
Como já foi mencionado anteriormente, “A Guerra dos Roses” dá grandes 
demonstrações de violência, mais precisamente a violência conjugal. Barbara cai da 
escada, tem seus sapatos serrados ao meio, há xingamentos, jogo psicológicos, ela 
destrói o carro de Oliver, que chega a expô-la frente a seus clientes. Porém, é 
interessante que, nos dois filmes, não há utilização dos filhos para prejudicar a outra 
parte, não há alienação parental. É louvável a forma como Ted trata o assunto com 
Billy; mesmo tendo a certeza de que Joanna deu todos os motivos para não merecer 
a guarda do filho, ele explica de forma suave e mais fácil possível para Billy que terá 
que ir morar com a mãe. Os Roses também tentam preservar os filhos da briga 
absurda que travaram. 
Pode-se encontrar, em algum grau, a coisificação da vítima, que no caso 
coloca-se aqui nesta posição as esposas Joanna e Barbara. Elas tomam a culpa de o 
casamento não dar certo para si. Não desejam relatar o que pensam a seus esposos 
porque talvez julguem ser sem fundamento ou demasiado exagero a separação, 
mesmo precisando realizá-la. 
Comparando os dois filmes, é possível notar a diferença de personalidade dos 
personagens. Oliver e Barbara demonstram que, por uma causa muito valiosa, podem 
(e realmente se tornam) os piores inimigos um do outro. Tem comportamento 
agressivo como forma de defender seus interesses. Sabemos que a violência advinda 
do conflito desses dois personagens é produto da relutância das partes em ceder. 
Conforme evolui a história, verifica-se que as táticas de tentativas de sujeição vão 
progredindo no sentido da violência. Em “Kramer vs. Kramer”, Ted demonstra sua 
personalidade agressiva, porém de forma mais branda; todas as suas manifestações 
de agressividade (não entendendo como comportamento negativo, mas persuasivo, 
proativo) são positivas. Ele insiste com o entrevistador que QUER a vaga que está 
sendo oferecida, e vai além, chega a ser um tanto arrogante quando diz “se me 
quiserem para este trabalho, devem me dar uma resposta agora. Depois que sair 
daqui partirei para outra proposta de emprego”. Também é incisivo quando diz ao 
médico que vai estar presente no curativo do filho, que sofrera um pequeno acidente, 
quer o médico queira ou não. 
Oliver Rose demonstra claramente, ao se frustrar com o fim do casamento, o 
qual considerava estar bem e estável, sinais de agressividade, competitividade com a 
esposa em matéria da divisão da casa. Trata-se de um mecanismo de autodefesa em 
reação a essa frustração. Não se constata esta prática em Ted Kramer, pois ele fica 
tão envolvido com a vida profissional e com a matéria de cuidar (aprender a cuidar) 
do filho, que realmente não tem tempo para reagir da mesma maneira que o Sr. Rose; 
ademais, a frustração de ser abandonado pela esposa é canalizada e consumida 
pelos seus compromissos, que tomam toda a sua rotina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
FIORELLI, José Osmir & MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni. Psicologia 
Jurídica. 6ª Edição. São Paulo: Atlas, 2015. 
FIORELLI, José Osmir, FIORELLI, Maria Rosa e MALHADAS JUNIOR, Marcos Julio 
Olivé. Psicologia Aplicada ao Direito. São Paulo: Editora LTr. 
BENEVIDES-PEREIRA, A.M.T. (2002). O processo de adoecer pelo trabalho. In: 
BENEVIDES-PEREIRA, A.M.T. (org.). Burnout: quando o trabalho ameaça o 
bem-estar do trabalhador. São Paulo: Editora Casa do Psicólogo. 
VASCONCELLOS, E.G. O modelo psiconeuroendocrinológico de stress. In: 
SEGER, L. Psicologia e odontologia: uma abordagem integrada. 2.ed. São 
Paulo, Editora Santos, 1992.

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