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Aula 11 DIPu 2o2018 Individuo no Cenário Internacional

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Indivíduo no cenário internacional
A nacionalidade
2º semestre de 2018
Direito Internacional Público
Graduação em 
Relações Internacionais
A saída compulsória
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INDIVÍDUO
UNIDADE XI:
como o Direito Internacional Público protege o
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O conceito de nacionalidade possui grande relevância para o Direito Internacional Público, principalmente no contexto da imensa circulação de indivíduos entre países, um dos fenômenos evidentes do processo de globalização. 
No Brasil, a nacionalidade é matéria constitucional, ao passo que o chamado “regime jurídico do estrangeiro” foi disciplinado pela “Lei dos Estrangeiros” (Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980).
(Lei de Migração, LEI nº 13.445, de 24 de maio de 2017)
Conceito: 
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que 
une uma determinada pessoa a um Estado
Santiago Benadava (2004) complementa em seu conceito que em virtude do vínculo a pessoa assume perante o Estado obrigações de lealdade e fidelidade, comprometendo-se o Estado a protegê-la.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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O Brasil cumpre o compromisso firmado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, especificamente:
Artigo 1 Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. [...]
Artigo 6 Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. [...]
Artigo 15 I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos
1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.
2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades. [...]
Artigo 20 - Direito à nacionalidade
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra.
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do direito de mudá-la.
XI. O indivíduo no cenário internacional
O Brasil também cumpre as previsões da Convenção Americana de Direitos Humanos, especificamente:
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a) Nacionalidade Originária (1º Grau) 
É aquele que o indivíduo se vê atribuir ao nascer. 
Pode ser atraibuído de duas formas: jus solis, critério territorial, e jus sanguinis, critério da filiação. 
O conflito das duas regras pode gerar duas situações complexas no Direito
Apatria (conflito negativo de nacionalidade): pessoa que não tem nacionalidade. Ocorre quando o país onde o indivíduo nasce aplica o jus sanguinis e o país de origem o jus soli.
Polipatria (conflito positivo de nascionalidade): pessoa ao nascer tem conferido direito a mais de uma nacionalidade
b) Nacionalidade Adquirida (2º Grau)
Aquela que exige ato de vontade de indivíduo. No Brasil ocorre por meio da naturalização. 
XI. O indivíduo no cenário internacional
São dois os critérios para se atribuir a nacionalidade:
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Brasileiros Natos (art. 12, I)
“a” (critério jus soli) Aquele nascido na República Federativa do Brasil, seja no espaço físico ou ficto, mesmo que de pais estrangeiros [salvo se este(s) esteja a serviço oficial de seu país]
“b” (critério jus sanguinis) nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros a serviço da República Federativa do Brasil
“c” (critério jus sanguinis) nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros, desde que: 
venham a residir na República Federativa do Brasil
optem em qualquer tempo (após alcançada a capacidade civil) pela nacionalidade
ou registro provisório no Consulado brasileiro no exterior e posterior opção (após alcançada a capacidade civil) pela nacionalidade
Notas sobre o artigo 12 da CR/1988
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Brasileiros Naturalizados (art. 12, II, III e §§1º e 2º)
“II” (estrangeiro oriundo de país de língua portuguesa) residência por um ano ininterrupto no Brasil e comprovada idoneidade moral
“III” (estrangeiros oriundos dos demais países) residência por quinze anos ininterruptos e sem condenação penal
“§1º” (português, equiparado) tem os mesmos direitos que o brasileiro, desde que haja reciprocidade de direito reconhecido a brasileiro em Portugal
“§2º” não pode a lei estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, exceto para regular os casos previstos na CR/1988
Notas sobre o artigo 12 da CR/1988
XI. O indivíduo no cenário internacional
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O acesso a alguns cargos públicos são reservados apenas aos brasileiros natos
“§3º” 
 I -  de Presidente e Vice-Presidente da República      
 II -  de Presidente da Câmara dos Deputados     
 III -  de Presidente do Senado Federal
 IV -  de Ministro do Supremo Tribunal Federal      
 V -  da carreira diplomática
 VI -  de oficial das Forças Armadas   
VII -  de Ministro de Estado da Defesa
Notas sobre o artigo 12 da CR/1988
XI. O indivíduo no cenário internacional
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São hipóteses de perda da nacionalidade brasileira
“§4º” 
a) Brasileiro Naturalizado (art.12 §4º, I)
Tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interessa nacional
b) Brasileiro Nato (art.12 §4º, II e III)
Ao adquirir, por opção, outra nacionalidade
- não se produz a perda no caso de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira
- não se produz a perda nos casos de imposição de naturalização pelo Estado estrangeiro para que o indivíduo exerça sua liberdade civil
Notas sobre o artigo 12 da CR/1988
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Qual será o status de nascionalidade desse indivíduo?
Quem perdeu a nacionalidade brasileira pode readquirir-la, uma vez que a lei 818/1949 diz que é possível por Decreto do Presidente da República que, após análise de requerimento encaminhado via Ministério da Justiça, assim considerar legítimo.
1ª posição (minoritária – José Afonso da Silva): volta com o mesmo status que perdera
2ª posição (majoritária – Pontes de Miranda, José Francisco Rezek): se era nato volta como naturalizado; se era naturalizado volta como renaturalizado
- com isso não pode ocupar cargo reservado aos brasileiros natos
- com isso pode ser extraditado, deportado ou expulso
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Desde os tempos das mais antigas civilizações, a circulação de estrangeiros entre os países sempre marcou a história dos povos. A doutrina refere-se a esse tema como Condição Jurídica do Estrangeiro. Os critérios que determinam a entrada, a permanência e a saída de estrangeiros do território do Estado dependem rigorosamente do poder discricionário de cada Estado soberano. 
Conceito: 
Estrangeiro é todo aquele que não é nacional.
Conceito do Dicionário Aurélio:  “Indivíduo que não é natural do país onde mora ou se encontra.” 
XI. O indivíduo no cenário internacional
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O indivíduo estrangeiro receberá título diferente de acordo com a forma de ingresso no Território Nacional.
Imigrante: o estrangeiro que aqui ingressa com animus definitivo; ele terá visto permanente.
Forasteiro: o estrangeiro que entra a título provisório, tendo visto temporário ou até não tê-lo.
São considerados forasteiros:
Estudantes
Missionários
Indivíduos a negócios
Membros da carreira diplomática estrangeira
XI. O indivíduo no cenário internacional
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No Brasil, o assunto foi disciplinado pela Lei dos Estrangeiros (Lei nº 6.815). 
“Artigo 1º Em tempo de paz, qualquer estrangeiro poderá, satisfeitas as condições desta Lei, entrar e permanecer no Brasil e dele sair, resguardados os interesses nacionais.” 
Na legislação vigente Estatuto do Migrante (Lei 13.445/2017):
“Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante. 
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se: [I - (VETADO); ]
II - imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente no Brasil; 
III - emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior; 
IV - residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua residência habitual em município fronteiriço de país vizinho; 
V - visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional; 
VI - apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro. 
§ 2º (VETADO). 
Art. 2º Esta Lei não prejudica a aplicação de normas internas e internacionais específicas sobre refugiados, asilados, agentes e pessoal diplomático ou consular, funcionários de organização internacional e seus familiares.” 
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Direitos dos estrangeiros enquanto estiverem sob a soberania do Brasil:
Todos os direitos civis indispensáveis à dignidade da pessoa humana (artigo 5º CR/1988, que apesar da redação do caput fazer referência aos estrangeiros residentes também tem a regra aplicada aos forasteiros)
Nos termos da lei participar da administração direta do Brasil (art. 37, I CR/1988)
Os estrangeiros não tem direitos políticos junto a nação brasileira, mesmo quando aqui estão com animus definitivo, salvo o caso do português equiparado quando houver reciprocidade.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Muitos países requerem a posse de um visto válido como condição de entrada para estrangeiros, mas há exceções. 
Os vistos são geralmente carimbados ou anexados ao passaporte do destinatário.
Entrar em um país sem um visto válido, isenção válida ou realizar atividades não cobertas por um visto (por exemplo, trabalhar com um visto de turismo), resulta na transformação do indivíduo num estrangeiro em situação ilegal.
Conceito:
Visto é um documento emitido por um país dando a um certo indivíduo permissão para entrar no país por um certo período de tempo e para certas finalidades. 
Art. 6o  O visto é o documento que dá a seu titular expectativa de ingresso em território nacional.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Alguns países requeriam que seus nacionais obtivessem um visto de saída para poderem sair do país. 
Atualmente, os estudantes estrangeiros na Rússia recebem um visto de entrada ao serem aceitos em alguma universidade lá e devem obter um visto para retornar para casa. 
Os nacionais da República Popular da China, que moram na área continental, precisam de permissões de saída para irem a Macau ou Hong Kong. 
A Arábia Saudita requer que todos estrangeiros, mas não seus nacionais, obtenham um visto de saída antes de sair do reino.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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De acordo com o Estatuto do Migrante, no artigo 12, os vistos concedidos pela República Federativa do Brasil são: 
 de visita;
temporário;
 diplomático;
oficial;
 de cortesia.
Vale dizer, que o artigo 6º dispõe que ele é individual, concedido ao titular, observando as vedações previstas no artigo 10, e sua concessão poderá estender-se a dependentes legais.
Art. 10. Não se concederá visto:
I - a quem não preencher os requisitos para o tipo de visto pleiteado;
II - a quem comprovadamente ocultar condição impeditiva de concessão de visto ou de ingresso no País; ou
III - a menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou sem autorização de viagem por escrito dos responsáveis legais ou de autoridade competente.
IX. O indivíduo no cenário internacional
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Subseção III Do Visto de Visita
Art. 13.  O visto de visita poderá ser concedido ao visitante que venha ao Brasil para estada de curta duração, sem intenção de estabelecer residência, nos seguintes casos:
I - turismo;
II - negócios;
III - trânsito;
IV - atividades artísticas ou desportivas; e
V - outras hipóteses definidas em regulamento.
§ 1o  É vedado ao beneficiário de visto de visita exercer atividade remunerada no Brasil.
§ 2o  O beneficiário de visto de visita poderá receber pagamento do governo, de empregador brasileiro ou de entidade privada a título de diária, ajuda de custo, cachê, pró-labore ou outras despesas com a viagem, bem como concorrer a prêmios, inclusive em dinheiro, em competições desportivas ou em concursos artísticos ou culturais.
§ 3o  O visto de visita não será exigido em caso de escala ou conexão em território nacional, desde que o visitante não deixe a área de trânsito internacional.
IX. O indivíduo no cenário internacional
Atenção: o Brasil não está exigindo visto de trânsito!
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Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017
Institui a Lei de Migração.
Da Autorização de Residência
Art. 30. A residência poderá ser autorizada, mediante registro, ao imigrante, ao residente fronteiriço ou ao visitante que se enquadre em uma das seguintes hipóteses: [...]
II - a pessoa: [...]
e) seja beneficiária de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátrida;
Art. 31. Os prazos e o procedimento da autorização de residência de que trata o art. 30 serão dispostos em regulamento, observado o disposto nesta Lei. [...]
§ 4º O solicitante de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátrida fará jus a autorização provisória de residência até a obtenção de resposta ao seu pedido.
Art. 120. A Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia terá a finalidade de coordenar e articular ações setoriais implementadas pelo Poder Executivo federal em regime de cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com participação de organizações da sociedade civil, organismos internacionais e entidades privadas, conforme regulamento.
§ 1º Ato normativo do Poder Executivo federal poderá definir os objetivos, a organização e a estratégia de coordenação da Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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O estrangeiro não tem assegurado o direito de permanecer no território brasileiro. Por iniciativa do Estado brasileiro pode ocorrer a saída (retirada) compulsória do estrangeiro. As três hipóteses estão disciplinadas no texto da Lei n° 6.815/1980. 
A deportação, a expulsão e a extradição são as três espécies do gênero exclusão do estrangeiro do território nacional. A deportação e a expulsão tem início por iniciativa das autoridades locais. Já a extradição é requisitada por autoridade estrangeira e acatada pelas autoridades locais.
Atenção: 
O Brasil não admite a deportação de nacionais!
A CR/1988 acabou com o banimento (expulsão de um nacional)!
Também não existe mais o desterro (deslocar uma pessoa dentro do próprio território nacional sem que esta possa sair desse local)!
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017
Institui a Lei de Migração.
Das Vedações
Art. 61. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão
coletivas.
Parágrafo único. Entende-se por repatriação, deportação ou expulsão coletiva aquela que não individualiza a situação migratória irregular de cada pessoa.
Art. 62. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão de nenhum indivíduo quando subsistirem razões para acreditar que a medida poderá colocar em risco a vida ou a integridade pessoal.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Deportação: “A deportação é a forma de exclusão motivada pela entrada irregular ou pela permanência também irregular de estrangeiro em território nacional.”
não é pena (pois não há crime) e sim procedimento administrativo. 
nada impede o estrangeiro de retornar, desde que o faça de forma regular
é sempre individual e realizada pelo departamento da Polícia Federal com efeitos imediatos
Notas sobre a saída compulsória do estrangeiro
Exemplo 1:chinês que entra clandestinamente no Brasil com a finalidade de procurar emprego.
Exemplo 2: chinês que entra no Brasil com visto de turista e, tempos depois, é flagrado trabalhando como vendedor ambulante.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017
Institui a Lei de Migração.
Da Deportação
Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional.
§ 1º A deportação será precedida de notificação pessoal ao deportando, da qual constem, expressamente, as irregularidades verificadas e prazo para a regularização não inferior a 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho fundamentado e mediante compromisso de a pessoa manter atualizadas suas informações domiciliares.
§ 2º A notificação prevista no § 1º não impede a livre circulação em território nacional, devendo o deportando informar seu domicílio e suas atividades.
§ 3º Vencido o prazo do § 1º sem que se regularize a situação migratória, a deportação poderá ser executada.
§ 4º A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em relações contratuais ou decorrentes da lei brasileira.
§ 5º A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País equivale ao cumprimento da notificação de deportação para todos os fins.
§ 6º O prazo previsto no § 1º poderá ser reduzido nos casos que se enquadrem no inciso IX do art. 45.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017
Institui a Lei de Migração.
Da Deportação
Art. 51. Os procedimentos conducentes à deportação devem respeitar o contraditório e a ampla defesa e a garantia de recurso com efeito suspensivo.
§ 1º A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, preferencialmente por meio eletrônico, para prestação de assistência ao deportando em todos os procedimentos administrativos de deportação.
§ 2º A ausência de manifestação da Defensoria Pública da União, desde que prévia e devidamente notificada, não impedirá a efetivação da medida de deportação.
Art. 52. Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá de prévia autorização da autoridade competente.
Art. 53. Não se procederá à deportação se a medida configurar extradição não admitida pela legislação brasileira.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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No rito anterior do Estatuto do Estrangeiro, aquele que se encontrasse em situação irregular seria notificado pela Polícia Federal – que concederia um prazo variável entre mínimo de 3 e máximo de 8 dias – e caso o estrangeiro não se retirasse, seria deportado imediatamente. 
A Lei previa também que o prazo estipulado não era absoluto, já que, se fosse conveniente aos interesses nacionais, a deportação poderia acontecer independentemente do prazo concedido. 
XI. O indivíduo no cenário internacional
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b) Expulsão: “A expulsão é a forma de exclusão motivada, via de regra, pela prática de crime doloso em território nacional, cujo autor é estrangeiro.”
não é pena e sim procedimento administrativo, configurando ato discricionário do Poder Executivo
é medida político-administrativa de caráter repressivo
é realizado por decreto presidencial, portanto, não tem efeitos imediatos (pois é preciso aguardar o Decreto)
o judiciário não pode entrar no mérito
é fundamentada em atos atentatórios à soberania nacional, à moral e aos bons costumes
Notas sobre a saída compulsória do estrangeiro
Exemplo: nigeriano condenado pela prática do crime de tráfico de drogas.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017
Institui a Lei de Migração.
Da Expulsão
Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado.
§ 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado relativa à prática de:
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002; ou
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional.
§ 2º Caberá à autoridade competente resolver sobre a expulsão, a duração do impedimento de reingresso e a suspensão ou a revogação dos efeitos da expulsão, observado o disposto nesta Lei.
§ 3º O processamento da expulsão em caso de crime comum não prejudicará a progressão de regime, o cumprimento da pena, a suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, de anistia ou de quaisquer benefícios concedidos em igualdade de condições ao nacional brasileiro.
§ 4º O prazo de vigência da medida de impedimento vinculada aos efeitos da expulsão será proporcional ao prazo total da pena aplicada e nunca será superior ao dobro de seu tempo.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017
Institui a Lei de Migração.
Da Expulsão
Art. 55. Não se procederá à expulsão quando:
I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira;
II - o expulsando:
a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela;
b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente;
c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País;
d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o fundamento da expulsão; ou
e) (VETADO).
Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a ampla defesa.
§ 1º A Defensoria Pública da União será notificada da instauração de processo de expulsão, se não houver defensor constituído.
§ 2º Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a expulsão no prazo de 10 (dez) dias, a contar da notificação pessoal do expulsando.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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No Estatuto do Estrangeiro, a expulsão era aplicável àquele estrangeiro que, de qualquer forma, atentasse contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à convivência e aos interesses sociais. Além das previstas, o parágrafo único do art. 65 previa outras ações que eram passíveis de gerar expulsão (entre elas, havia “entregar-se à vadiagem ou à mendicância”).
A comparação das duas leis revela como as causas da expulsão foram objetivadas: antes, o Estatuto do Estrangeiro adotava linguagem de caráter obviamente moral e autoritário.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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c) Extradição: “A extradição é a entrega, por um Estado a outro, e a pedido deste, de indivíduo que em seu território
deva responder a processo penal ou cumprir pena.”
admite-se a entrega para que o indivíduo seja processado, julgado ou cumpra a pena no estrangeiro
é medida jurídico-penal internacional para repressão de crimes
só pode ser processada nas hipóteses em que houver Tratado de Extradição entre o Brasil e o país estrangeiro ou se firme compromisso de reciprocidade
Notas sobre a saída compulsória do estrangeiro
Exemplo: mediante pedido formal do governo da Bélgica, cidadão belga que figura como réu em processo penal perante algum tribunal de Bruxelas é extraditado do Brasil para aquele país. 
XI. O indivíduo no cenário internacional
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A Lei de Migração no Artigo 83 permite a extradição do imigrante em apenas duas circunstâncias: 
quando cometer crime no território do estado que solicitar a sua extradição; e 
quando estiver respondendo a processo investigatório ou tiver sido condenado em seu país de origem.
Notas sobre a saída compulsória do estrangeiro
XI. O indivíduo no cenário internacional
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A extradição funciona no Brasil com três fases:
Fase Administrativa: a extradição é requerida via Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Justiça. O Ministro da Justiça se verificar a admissibilidade do pedido o encaminhará por meio de aviso ministerial ao STF
Fase Judiciária: o STF verifica se estão presentes os requisitos de admissibilidade da extradição e existindo autoriza a extradição. O STF não autoriza a extradição se o processo no estrangeiro versar sobre fato sem similitude de crime no Brasil, se for atípico no Brasil ou quando a pena imposta no país estrangeiro violar a moral, os bons costumes ou os Direitos Humanos reconhecidos no Brasil. Em caso de pena de morte ou perpétua o STF autoriza a extradição se o Estado estrangeiro fizer um acordo com o Brasil se comprometendo a comutar no máximo trinta anos de prisão.
Fase Administrativa: o STF notifica o Ministro da Justiça que notificará o Presidente da República. Se houver tratado o Presidente está obrigado a fazê-lo.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017
Institui a Lei de Migração.
Da Extradição
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.
§ 1º A extradição será requerida por via diplomática ou pelas autoridades centrais designadas para esse fim.
§ 2º A extradição e sua rotina de comunicação serão realizadas pelo órgão competente do Poder Executivo em coordenação com as autoridades judiciárias e policiais competentes.
XI. O indivíduo no cenário internacional
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Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017
Institui a Lei de Migração.
Da Extradição
Art. 82. Não se concederá a extradição quando:
I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato;
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente;
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando;
IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos;
V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido;
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente;
VII - o fato constituir crime político ou de opinião;
VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção; ou
IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei no 9.474, de 22 de julho de 1997, ou de asilo territorial. [...]
XI. O indivíduo no cenário internacional
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“Alega a impetrante que a aquisição de outra nacionalidade não implica automaticamente em perda de nacionalidade brasileira, porque, para que a perda ocorra, é necessária manifestação inequívoca de vontade do nacional brasileiro no sentido de abrir mão de sua nacionalidade.
Sustenta que, no caso concreto, a manifestação de vontade quanto à perda de nacionalidade não teria ocorrido.
Aduz a impetrante que a aquisição da nacionalidade norte-americana teve como objetivo a possibilidade de pleno gozo de direitos civis nos Estados Unidos, inclusive o de moradia, subsumindo-se à hipótese prevista no art. 12, §4°, II da Constituição Federal.”
“A impetrante é acusada, pelas autoridades dos Estados Unidos da América, de ter praticado o crime de homicídio contra seu marido, nacional norte-americano, razão pela qual foi formulado pedido de extradição, cujo pedido de prisão preventiva foi negado por este Relator, considerada a liminar deferida pelo Superior Tribunal de Justiça.”
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“A União interpôs agravo regimental contra a decisão liminar do Superior Tribunal de Justiça, com base no argumento de que a impetrante casou-se com nacional norte-americano em 1990, em razão do que adquiriu o green card, cuja natureza jurídica é a de visto de residência permanente concedido pelas autoridades americanas, o que lhe conferira ‘não só o direito de manter residência nos EUA, mas também de grande maioria dos direitos civis e políticos assegurados pelo direito norte-americano, dentre os quais os direitos de livre manifestação, de privacidade, de liberdade religiosa, de acesso à Justiça, de ampla defesa, de propriedade, de trabalhar, de praticar atos da vida civil etc’. Assim, segundo a AGU, o processo de naturalização por parte da impetrante visava, não à aquisição do direito de permanência no [...]”
“[...] território estrangeiro ou o gozo de direitos civil, mas à aquisição da nacionalidade norte-americana, notadamente a participação na vida político partidária da comunidade estadunidense.”
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“Consta dos autos que a Impetrante, nascida no Brasil de pais brasileiros, radicou-se nos Estados Unidos da América, onde se casou, em 1990, com Thomas Bolte, razão pela qual obteve visto de permanência naquele pais, o denominado ‘green card’.
Em 1999, quando ainda casada com Thomas Bolte, a impetrante requereu a nacionalidade norte-americana, conforme documento de fls. 130, em que declara ‘renunciar e abjurar fidelidade a qualquer Estado ou soberania’. [...]”
“[...] em 12.03.2007, um vizinho teria visto Cláudia deixar a residência. Ela jamais teria sido vista novamente nos Estados Unidos. 
Três dias depois, o corpo de seu segundo marido, Karl Hoering, foi encontrado na residência do casal com ferimentos à bala [...]”
“[...] Pouco dias depois, Claudia chegava ao Brasil, de onde jamais voltaria aos Estados Unidos da América, onde formalmente acusada do homicídio de Karl Hoering.”
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“[...] No mérito, razão não assiste à impetrante. [...]”
“[...] Como se vê dos autos do Processo Administrativo n°08018.011847/2011-01, a impetrante, brasileira nata, não se enquadra em qualquer das duas exceções, constitucionalmente previstas nas alíneas a e b, do §4°, II, do art.12, da CF. E isso porque, como se colhe dos [...]”
“[...] mencionados autos, a impetrante já detinha, desde muito antes de 1999, quando requereu a naturalização, o denominado ‘green card’, cuja natureza jurídica é a de visto de permanência e que confere, nos Estados Unidos da América, os direitos que alega ter pretendido adquirir com a naturalização, quais sejam: a permanência em sono norte-americano e a possibilidade de trabalhar naquele país.”
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“[...] Assim, desnecessária a obtenção da nacionalidade norte-americana para os fins que constitucionalmente constituem exceção à regra da perda da nacionalidade brasileira (alíneas a e b, do §4°, II, do art.12, da CF), sub obtenção só poderia mesmo destinar-se à integração da ora impetrante àquela comunidade nacional, o que justamente constitui a razão central do critério adotado pelo constituinte originário para a perda da nacionalidade brasileira, critério este, repise-se, não excepcionada
pela emenda 03/94, que introduziu as exceções previstas nas alíneas a e b, do §4°, II, do art.12, da CF. [...]”
“[...] não se cuida, nestes autos, de outra nacionalidade concedida pelo Estado estrangeiro, com fundamento em seu próprio ordenamento jurídico, independentemente de pedido formado pelo naturalizado [...]”
“[...] Também não encontra guarida o argumento de que, nada obstante tenha postulado outra nacionalidade, nunca desejou efetivamente, ser privada de sua nacionalidade brasileira, porquanto sempre cumpria suas responsabilidades no Brasil, notadamente as fiscais e eleitorais. A Constituição Federal não cuida da hipótese de quem, sem se enquadrar nas exceções nela previstas, adquire outra nacionalidade sem que, no seu íntimo, desejasse fazê-lo como se se estivesse a tratar de uma reserva mental. [...]”
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“Isto posto, denego a segurança pleiteada e revogo a liminar concedida pelo Superior Tribunal de Justiça. [...]
O Acórdão só foi publicado em 20 de setembro de 2016. A impetrante apresentou Embargos de Declaração, rejeitados em 22 de novembro de 2016 pela 1ª Turma do STF que também rejeitou, em 03 de março de 2017, recurso ao Plenário do STF.
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