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Capitulo 1 Histórico da Geologia da Bahia

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Histór ico da Geologia da Bahia • 33
Capítulo I
Histórico da 
Geologia da Bahia
Benjamim Bley de Brito Neves (IG-USP)
Augusto J. Pedreira da Silva (CPRM)
Juracy de F. Mascarenhas (CBPM)
1 Introdução
O resgate da história da evolução do conhecimento geológico de uma determinada região é, a um só tempo, uma 
tarefa difícil e delicada, na mesma proporção que é uma tarefa necessária. Geralmente, este resgate está dentro 
de um contexto maior da ciência e da tecnologia, e, de certa forma, do contexto político vigente, dos quais não 
pode nem deve ser separado. Mas, esta é uma tarefa essencial e em processo em qualquer civilização que queira 
ser julgada como tal.
Em primeiro lugar, há uma grande heterogeneidade de fontes e registros das informações e nas ênfases escolhi-
das e dadas pelos eventuais historiadores, houve sempre certa falta de cuidado na preservação dos registros, e 
muitas vezes não se deu a devida importância como matéria-prima da própria ciência. No caso do Brasil, costu-
ma-se dizer que “este é um país sem memória...”, mas isto não é um fato total, felizmente. Consoante Motoyama 
(2004), no seu prelúdio para uma história, “existe uma história belíssima e fascinante que ainda não foi escrita 
– pelo menos em sua plenitude. Trata-se da história da técnica , da ciência e da tecnologia no Brasil”. Qualquer 
autor, ou grupo de autores, estará fadado tanto a dar pesos distintos para os acontecimentos, como também, 
lamentavelmente, estará sujeito a omissões.
No caso das ciências geológicas em particular, onde se tem um cotejo de fatos complexos e multifários , houve 
uma série de fatos marcantes, de repercussão rica ao nível continental que aparecem na maioria das restituições 
históricas. Mas há alguns acontecimentos locais (caso da Bahia, como exemplo) de grande importância para a 
história dos conhecimentos e para o desenvolvimento econômico que carecem ser pinçados e exaltados com o 
devido peso. No compromisso de traçar uma história de desenvolvimento científico e tecnológico serão muitos os 
percalços, alguns dos quais inevitáveis. 
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34 • Geologia da Bahia
Nesta tarefa de lavrar os registros, com base no mais 
amplo rol de referências bibliográficas possível, os 
autores devem estar cientes que serão muitos os per-
calços, e algumas lacunas imperdoáveis fatalmente 
ocorrerão. Por maior que seja o esforço e a tentativa 
de sistematização do conhecimento, alguns fatos de 
importância podem escapar, porque a devida relevân-
cia não foi apontada adequadamente – no seu tempo- 
e agora, no momento da apreciação histórica. Como 
resultado deste apanhado, certamente virão alguns 
elogios e muitas críticas, que devem ser consideradas 
como a parte melhor, e essencial para o aprimora-
mento de futuros historiadores. Na verdade, se não 
houver estas tentativas de síntese, estas críticas e estes 
reparos, muitos fatos históricos e importantes podem 
vir a cair no limbo do esquecimento. Os autores estão 
cientes destes fatos todos e esperançosos da compre-
ensão e do perdão magnânimo de seus leitores.
Vários autores do contexto das geociências já se pre-
ocuparam com a história destes ramos de conheci-
mento, e traçaram interessantes painéis, principal-
mente a partir da metade do século passado. Este 
processo pode ser dito como inaugurado pela célebre 
obra de Oliveira e Leonardos (1943), que traçou um 
amplo registro em seu capítulo inicial, com 33 pági-
nas, fonte inescapável e fundamental de todos que 
os seguiram. Na esteira desta obra, vieram outras 
que merecem destaque como Leinz (1955), Almei-
da (1964), Leonardos (1973), Mendes & Petri (1971), 
Ghignone (1979), Leinz & Amaral (1985) e em diversas 
outras edições do livro de coautoria, Mendes & Ama-
ral (1981), Berbert (1990), Figueirôa (1992), Machado 
& Figueirôa (1999), Tosatto (2001), Schobbenhaus & 
Mantesso Neto (2004) etc. que são muitos, mas não 
são apenas esses, dos quais muito será auferido e será 
registrado ao curso da elaboração deste texto/síntese 
sobre o caso específico da Bahia..
Para se chegar ao atual estágio de conhecimentos geo-
lógicos, a Bahia foi contemplada por várias fases abso-
lutamente distintas, dos tempos coloniais aos dias de 
hoje; todas elas podem, sem problemas, ser enquadra-
das nas chamadas “periodizações” (a serem comenta-
das) da evolução do conhecimento da ciência e tecno-
logia no Brasil. Embora não haja identidade absoluta 
entre os autores que se preocuparam com esta perio-
dização, não são esquemas incoerentes, pois permitem 
conciliação, compreensão e interação (Quadro I.1), 
como será tentativamente feito na seção subsequente.
Na observação do quadro I.1 e na leitura dos diversos 
proponentes (recomendada), verificam-se muitas se-
melhanças na eleição dos períodos e poucas discre-
pâncias. Isto é válido e percebido rapidamente para 
um leitor identificado com a geologia do Brasil, e é 
também plenamente inteligível para um leitor mais 
distanciado do problema. As diferenças são mínimas, 
questão de interpretação e peso dado a determinados 
fatos. É preciso ficar claro que estes limites entre pe-
ríodos não são cercas inflexíveis, e uma diferença de 
uma dezena de anos (de uma subdivisão para outra) é 
algo absolutamente compreensível, não pode ser co-
tado como diferença de monta.
Mas, para o caso específico da Bahia, há alguns fatos 
históricos próprios (e intransferíveis) a serem conside-
rados, como a descoberta do petróleo no Recôncavo 
da Baía de Todos os Santos, a criação e atuação do CE-
NAP-PETROBRáS, da Seção de Geologia da CEPLAC 
(1967), a criação da Secretaria de Minas e Energia e 
da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM 
(1972), a atuação da Companhia de Engenharia Rural 
da Bahia - CERB (desde 1971, com cerca 12.800 poços 
concluídos), a atuação privilegiada da SUdENE (anos 
60) e da Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais 
- CPRM no Estado (sempre, e especialmente nas últi-
mas décadas), a primeira identificação de “greenstone 
belts” no continente (1973, J. Mascarenhas), o fato de 
ter sido sede de vários congressos brasileiros da So-
ciedade Brasileira de Geologia - SBG, a realização do 
Simpósio Internacional sobre o Arqueano e Protero-
zóico - ISAP (1982) e outros simpósios internacionais 
de ponta, de pelo menos dois simpósios nacionais 
(com ramo internacional) de Estudos Tectônicos. Além 
disto, a Bahia dispõe de alguns referenciais notáveis 
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Histór ico da Geologia da Bahia • 35
QUAdRO I.1 - Cotejo das principais propostas de periodização da evolução do conhecimento geológico do Brasil 
SGMB - Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear
MME - Ministério de Minas e Energia
dNPM - departamento Nacional da Produção Mineral
IGC - International Geological Congress
EMOP - Escola de Minas de Ouro Preto
CPRM - Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais
 Serviço Geológico do Brasil
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36 • Geologia da Bahia
da evolução do seu conhecimento geológico, como 
nenhum outro estado brasileiro, como é o caso das 
edições sucessivas dos mapas geológicos, começan-
do com o de 1978 (Coordenação da Produção Mine-
ral - CPM-CBPM, Inda & Barbosa 1978) considerado 
um marco em vários sentidos e um exemplo singular 
para os demais Estados, 1994 (em colaboração com 
a Universidade Federal da Bahia - UFBA, organizado 
por Barbosa & dominguez) e 2003 (da CPRM, sob a 
coordenação de dalton de Souza et al). Some-se a isto 
o fato relevante de ser o estado brasileiro com maior 
porcentagem de área mapeada em escala de semi-
detalhe (1:100.000 e superiores). Por isto e por mais 
algumas coisas, como o fato de ter a CBPM como a 
mais bem sucedida das empresas estaduais de mi-
neração do país, a história da geologiado Estado da 
Bahia pode ser enquadrada e entrar nas propostas de 
sistematizações/periodizações da história das ciên-
cias, mas com certa luz própria e cintilante. Após con-
siderarmos estas sistematizações, no próprio texto, 
sempre que possível é necessário estes marcos e es-
pecificações inefáveis da história da geologia da Bahia 
estarão sendo pinçados e destacados devidamente.
2 Periodização
A divisão da história do conhecimento em fases (com 
frequência referida como periodização) tem várias 
conveniências práticas, mas não é uma tarefa fácil, 
onde se permaneça absolutamente imparcial. A pe-
riodização será sempre o resultado de uma opção 
feita pelo historiador. de forma que é bom ler e ave-
riguar detalhadamente vários autores proponentes, 
cotejar seus esquemas, antes de traçar uma linha que 
seja considerada a melhor para a narração dos fatos 
na região/estado/país considerado
Vários autores, em diferentes oportunidades, tenta-
ram sistematizar a história da ciência e da tecnologia 
em nosso país. Para o contexto mais amplo, existe o 
clássico livro de Motoyama (2004) que é um ponto de 
chegada de vários trabalhos anteriores, do autor dele 
com coautores diversos, dando um destaque especial 
para os grandes eventos políticos e econômicos da 
nação, que foram pari passu acompanhados com o 
desenvolvimento científico e tecnológico. Este autor 
distinguiu então:
(i) o Período Colonial (1550-1808), o Período da Ciên-
cia e Técnica na Trilha da Liberdade (do Império até a 
República, 1808-1889),
(ii) o Período de Ciência e Tecnologia nos Processos 
de Urbanização e Industrialização (de 1889 até 1930, 
época da Revolução),
(iii) o Período desenvolvimentista (de 1930 a 1964, en-
tre a Revolução de 30 e o golpe militar de 1964),
(iv) o Período sob o signo do desenvolvimentismo 
(1964 a 1985) e 
(v) o Período Nova República - 1985 até 2000 
Em conjunto, e após este olhar mais amplo e neces-
sário sobre o desenvolvimento científico e tecnológico 
como um todo, merecem destaques aqueles autores 
que visaram a sistematização enfocando mais as ci-
ências geológicas, de Berbert (1990), Figueirôa (1992, 
sua tese de doutoramento voltada mais para os perío-
dos pós-coloniais, de 1808 a 1907) e o mais recente, de 
Schobbenhaus & Mantesso-Neto (2004), que estudan-
do a evolução dos mapas geológicos murais do Brasil, 
e que praticamente endossaram aqueles períodos já 
discriminados por Berbert (1990). (Quadro I.1)
Como a ciência é una, e como a subdivisão de Mo-
toyama (2004) é reconhecidamente de boa qualidade, 
e para o caso da Bahia, de aproveitamento muito feliz, 
e se esta sistematização for associada com aquela de 
Figueirôa (1992) - que detalhou especificamente , em 
sua tese, o período de passagem do século XIX para o 
século XX (tendo as ciências geológicas como fanal)-, 
as duas constituem um conjunto de qualidade e res-
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Histór ico da Geologia da Bahia • 37
peito, dignas de serem seguidas. Isto não desmerece 
o trabalho de Berbert (1990, focado na evolução dos 
sistemas de informações) e de Schobbenhaus & Man-
tesso-Neto (2004, com enfoque no desenvolvimento 
dos mapas geológicos murais).
Um adendo apenas e algumas chamadas serão feitas 
pelos presentes autores. O ano de 1964 foi considera-
do um divisor (topo do período “desenvolvimentista” 
e base do “Sob o Signo do desenvolvimentismo”) por 
Motoyama (2004) e isto tem procedência (analisando-
-se as ciências em geral). No caso da Geologia, e espe-
cificamente no caso da Bahia, os anos 60 – por várias 
razões – a serem especificadas, devem ser colocados 
em separado . Na verdade, esta década como um todo 
(não se pode especificar um ano, pois foi uma frequên-
cia inusitada de fatos) é um marco especial a ser des-
tacado, separando ou subdividIndo a história do sécu-
lo XX de nossas ciências geológicas, como será visto. 
de sorte que a importância da década de 60 para a 
geologia da Bahia (e do Brasil) merece um destaque, 
como um marco, entre épocas distintas [o que não 
aparece consignado nas propostas de Berbert (1990), 
nem de Schobbenhaus & Mantesso Neto (2004), sem 
demérito para os mesmos].
Para as últimas décadas (o “pós-anos 60”), há peque-
nas e contornáveis controvérsias nas propostas dos 
autores. Motoyama (2004) enfatiza o início da Nova 
República como marco (ano 1985). Berbert (1990) fo-
caliza e realça o ano de 2.000 pelo 31º. Congresso In-
ternacional de Geologia ter sido sediado no Brasil. No 
caso da Bahia, nenhum dos dois fatos pode ser rele-
gado, mas também não agregou tal ordem de impor-
tância. Ao nosso ver, o desenvolvimento após o “boom“ 
dos anos 60 não pode ser dividido em etapas ainda. 
É preciso dar tempo ao tempo, para uma análise me-
lhor e uma subdivisão mais adequada. Para a Bahia, 
há um candidato a marco natural para se contar o 
tempo, para se estabelecer um novo ponto de partida 
para um futuro período. Sem dúvida, é o ano de 2003, 
com a edição do Mapa Integrado de Geologia e Modelo 
digital do Terreno SRTM do Estado da Bahia (CPRM, 
dalton de Souza et al. 2003). deve ser aliado a este fato 
de inconteste importância, em termos de impulso para 
todo o Brasil, a atuação do atual governo federal – di-
reta ou indiretamente – que fortificou enormemente 
os setores da geologia e da mineração. 
2.1 Período Colonial (1500-1808)
É opinião corrente (ainda que controversa) que não se 
pode falar em Ciência e Tecnologia no Brasil, no pe-
ríodo colonial. Pelo menos e principalmente não nos 
três primeiros séculos. Mesmo porque, a ciência em 
sua forma mais acabada, não existia ainda em Portu-
gal no tempo do descobrimento.
A procura de ouro, pedras preciosas e de nativos para 
escravizar foi o grande motivador da penetração no 
interior do Brasil. A curiosidade natural sobre o solo 
e subsolo do novo mundo encontrado – e a explorar – 
fertilizou a imaginação dos descobridores e de outros 
aventureiros, conforme já se pode entender da carta de 
Pero Vaz de Caminha ao rei dom Manoel I (Fig.I.1):
“Porém um deles pôs olho no colar (de ouro) do 
Capitão e começou a acenar com a mão para 
a terra e depois para o colar. Como que nos di-
zia que havia em terra ouro. E também viu um 
castiçal de prata, e assim mesmo acenava para 
a terra e então para o castiçal, como que havia 
também prata...” trecho da carta de Pero Vaz 
que é considerada a primeira referência às ri-
quezas minerais do território da Bahia.
Outro trecho desta mesma carta é considerado como 
instaurador dos estudos geomorfológicos e estrati-
gráficos da Bahia, quando o escrivão da frota trata 
preliminarmente do (atual) Grupo Barreiras, dizendo 
“... traz ao longo do mar, em algumas partes grandes 
barreiras, delas vermelhas e delas brancas, e a terra 
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38 • Geologia da Bahia
Figura I.1 - Primeira página da carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei d. Manuel I de Portugal, 
escrita na então ilha da Vera Cruz, em 1º. de maio de 1500. Fonte: (Villela 2000).
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Histór ico da Geologia da Bahia • 39
por cima toda chã...”, consoante a notável resenha 
histórica dos sedimentos fanerozoicos da Bahia da la-
vra de Ghignone (1979).
Na verdade, houve várias incursões não sistemáticas 
ao interior, e muitos documentos desta história se 
perderam no grande incêncio da biblioteca do dNPM, 
do Rio de Janeiro, em 1973. Há alguns arquivos exce-
lentes no Instituto Geológico de São Paulo, no Museu 
Nacional e na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. É 
justo acrescentar que parte desta documentação fora 
destruída ou propositadamente ocultada pelos nos-
sos colonizadores, em face da cobiça que despertava 
em rivais como a Espanha e a França.
No caso específico da Bahia, o conhecimento geológi-
co começou, como em todo o país, a partirda busca 
de ouro, pedras preciosas e índigenas para escravizar. 
dessa forma, foram descobertos ouro na Serra de Ja-
cobina, na região de Rio de Contas, diamantes na Cha-
pada diamantina (muito antes da descoberta “oficial”). 
A partir do início do século XIX, o estado foi penetrado 
por muitos viajantes que, ao lado dos conhecimentos 
botânicos e zoológicos, trouxeram as primeiras infor-
mações sobre a geologia e as riquezas minerais.
As primeiras expedições exploradoras do território 
baiano realizaram-se nos séculos XVI, XVII e XVIII, 
geralmente com organização militar, saindo de Sal-
vador, Porto Seguro ou Ilhéus, sedes de capitanias. 
Entre as diversas expedições empreendidas, algumas 
dedicaram parte do seu esforço à busca de riquezas 
minerais, reais ou imaginárias, como as seguintes que 
podem ser pinçadas de Tavares (2001):
(i) 1553 – Francisco Bruza Espinosa: teria partido da 
vila de Porto Seguro, percorrendo o vale do rio Jequi-
tinhonha e as cabeceiras dos rios Pardo e das Velhas, 
alcançando até o rio São Francisco; o geólogo Orville 
A. derby reconstituiu o seu itinerário (Fig.I.2). Entre-
tanto, esta expedição não trouxe minérios nem pedras 
preciosas; apenas notícias de riquezas a serem des-
cobertas.
(ii) 1567 – Martim de Carvalho: saiu de Porto Segu-
ro, numa expedição que levava cerca de 50 homens 
e chegou até à serra de Itacambira, onde encontrou 
areias auríferas (Fig.1.2).
(iii) Francisco dias de ávila: no século XVII (data incer-
ta) este sertanista encontrou ouro e salitre na Serra 
de Jacobina.
(iv) Pedro Barbosa Leal: em 1696 ou 1697 partiu de Sal-
vador levando um “mineiro” prático, Manuel Vieira da 
Silva. Explorou a Serra de Jacobina e os montes de Pi-
caraçá (Monte Santo), encontrando minas de salitre e 
ametista (Fig.I.2). é considerado o precursor das minas 
de ouro em Jacobina.
(v) A pesquisa de ouro na região da Chapada dia-
mantina e seus contrafortes começou no século XVIII, 
tendo as primeiras notícias aparecido em 1701. Quase 
na mesma época da descoberta de ouro em Jacobina, 
descobriu-se este metal no sul da Chapada diaman-
tina, no vale do Tromba. Tal feito deveu-se ao ban-
deirante paulista Sebastião Raposo, acompanhado do 
seu sobrinho Antônio Raposo. A atual cidade de Rio 
de Contas, a vila de Mato Grosso e outras localida-
des tiveram origem nessas antigas explorações. Uma 
narrativa detalhada desses fatos pode ser encontrada 
em Teixeira et al. (1998) e Ligabue (2005).
(vi) Na esteira da pesquisa do ouro foi garimpado dia-
mante na Chapada diamantina nos meados do século 
XIX, pelo “mineiro”José Pereira do Prado, utilizando 
sua experiência prévia em “rochas parecidas”que ele 
havia prospectado em Minas Gerais.
É justo acrescentar, que no final do século XVIII, co-
meçou a florescer algum estímulo para o desenvol-
vimento científico no Brasil (inclusive em ramos da 
geologia), com pesquisadores do escol dos irmãos 
Andrada (José Bonifácio e Martim Francisco), Manoel 
Ferreira Bethencourt (o “intendente Câmara”), Mano-
el de Arruda Câmara e outros. As primeiras informa-
ções sobre os diamantes do Brasil foram publicadas 
Capitulo 1.indd 39 02/10/12 21:11
40 • Geologia da Bahia
Figura I.2 - Principais trajetos percorridos e regiões estudadas no estado da Bahia entre 1553 e 1911.
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Histór ico da Geologia da Bahia • 41
em 1792, na Sociedade de História Natural de Paris, 
pelos irmãos Andrada 
dessa maneira, nessa época surgiram a Academia 
de Ciências e de História Natural no Rio de Janeiro 
(fundada em 1722), a dos Felizes (1736) e dos Seletos 
(1752). E na Bahia, a Academia Brasílica dos Esqueci-
dos (1724-1725) e dos Renascidos (1759-1760), ambas 
carecendo um trabalho especial de investigação mais 
aprofundada.
2.2 Na Trilha da Liberdade (1808-1907)
2.2.1 Primeira Fase (1808-1839) 
A mudança da família real portuguesa para o Brasil 
teve muitas implicações benéficas, sociais e políticas, 
mas também no campo científico. Em primeiro lu-
gar, despontam a criação da Academia Real Militar e 
o Museu Real (Nacional), encarregados de formação 
profissional e da pesquisa de recursos minerais. E a 
repercussão da importância destes fatos transcendeu 
em muito a capital Rio de Janeiro.
Com o restabelecimento das relações diplomáticas 
de Portugal e as metrópoles europeias, várias expedi-
ções científicas foram autorizadas a vir ao Brasil. Nes-
ta época vários pesquisadores estrangeiros “natura-
listas”, no sentido mais amplo, chegaram ou viajaram 
pelo Brasil, deixando registros notáveis, muitos deles 
com passagens pela Bahia. A presença e a contribui-
ção deles são válidas na história do desenvolvimento 
da geologia de qualquer parte do Brasil.
Wilhelm Von Eschwege (Fig.I.3) veio para o Brasil 
nesta época, se estabelecendo em Minas Gerais, e deu 
contribuição notável na geologia regional, e na pes-
quisa de ferro, ouro, manganês, chumbo e diamantes 
e, posteriormente, deixou um livro clássico de 600 pá-
ginas (em 1836), o Pluto Brasiliensis.
Enviados pelo rei Maximiano José I, da Baviera, os na-
turalistas Johann B. von Spix e Carl F. P. von Martius 
percorreram o Brasil entre 1817 e 1820, colheram e 
forneceram muitas informações sobre a nossa fau-
na e flora, mas também sobre a geologia no clássico 
trabalho Reise in Brasilien (que veio a ser publicado 
em Munique em 1829; o seu trajeto na Bahia (Fig.I.2) 
consta do livro “Através da Bahia”, tradução do trecho 
relevante de Reise in Brasilien (Von Spix & Von Mar-
tius, 1938). (Fig.I.4) Os dois viajantes partiram de Ma-
lhada, no Rio São Francisco, em direção a Salvador, 
passando por Caetité, Livramento e Rio de Contas. de 
Salvador foram para Ilhéus de barco, retornando para 
Salvador a pé. de Salvador partiram para o norte da 
Bahia, visitando Monte Santo, Senhor do Bonfim e Ju-
azeiro, e fizeram vários comentários sobre os terre-
nos precambrianos atravessados, e comparações com 
àqueles de Minas Gerais (Tijuco). Chegaram a discutir 
a geologia precambriana de Salvador e os sedimentos 
da Baía de Todos os Santos (vide Ghignone 1979). Ain-
da coube a estes autores uma referência muito inte-
ressante à possibilidade de diamantes (chamados de 
“brilhantes”) ocorrerem na encosta oriental da Serra 
do Sincorá.
Figura I.3 - Wilhelm Ludwig von Eschwege (1777-1855)
Capitulo 1.indd 41 02/10/12 21:11
42 • Geologia da Bahia
Em síntese, Spix e Martius (Fig.I.4) elaboraram um 
tratado magnífico sobre nossas condições sociais, 
políticas, econômicas e com informações preciosas 
sobre as ciências naturais, geologia e geografia inclu-
sive.
Com respeito aos diamantes, há várias menções an-
teriores e posteriores a Spix e Martius, sem o peso de 
publicação científica. Há referências ao Capitão-Mor 
Félix Ribeiro Novaes que havia encontrado diamantes 
próximo a Boninal, na parte central da Bahia. Outra 
referência é de 1841, na Serra do Assuruá, entre Mi-
radouro e Xique-Xique, encontrados por um senhor 
chamado de “Mineiro Matos”. Em 1844, José Pereira 
Prado (“Cazuzinha do Prado”) extraiu alguns diaman-
tes do rio Mucugê (hoje rio Mucugezinho). Vide refe-
rências em Teixeira & Linsker (2005).
Charles darwin (Fig.I.5), a bordo do navio Beagle , pas-
sou pelos rochedos de São Pedro e São Paulo, Bahia 
e Rio de Janeiro, em 1832, retornando quatro anos 
mais tarde à Bahia e Pernambuco. Suas passagens e 
observações pelo país tiveram repercussões em vários 
campos das ciências, muito além da sua proposição da 
teoria de evolução das espécies. 
Sem que tenha havido um marco fixo natural, esta 
primeira fase é um preâmbulo dos acontecimentos da 
fase subsequente. 
2.2.2 Segunda Fase (1839-1870)
Esta segunda fase tem a marca dada pelo esforço de 
construção de uma ciência nacional, no campo das 
geociências e outros, consoante Figueirôa(1992), com 
uma participação efetiva de muitos cientistas nas-
cidos e educados no Brasil (ainda que alguns deles 
tenham estudado no exterior). Ainda assim, a contri-
buição de naturalistas estrangeiros foi auspiciosa e 
expandida, numa continuidade e enriquecimento do 
que começara na fase anterior. 
destaque inicial para o francês A. Pisis (apud Ghig-
none 1979 e Oliveira & Leonardos 1943) que viajou 
algum tempo pelo Brasil e publicou um trabalho 
acompanhado de um mapa geológico da parte leste 
do Brasil (mapa ideal para o início do Siluriano). Este 
autor fez um relato sobre a “Bacia de Salvador”, em 
1842, incluindo mapeamento geológico, indo ao lon-
go da costa até Maraú. É dele a primeira tentativa de 
interpretar a tectônica, identificando fases, do Paleo-
zoico ao Terciário.
Figura I.4 - Karl Friedrich Philipp Von Martius (1794-1868) 
e Johann Baptist Von Spix (1781-1826), naturalistas alemães 
que percorreram a Bahia no século XIX. 
Figura I.5 - Charles darwin (1809-1882) desenho de 1840, 
por George Richmond. Fonte: Keynes, 2004.
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Histór ico da Geologia da Bahia • 43
Samuel Allport (1816-1897), comerciante inglês da 
praça de Salvador e geólogo amador, dedicava seus 
fins de semana para coleta de fósseis nos sedimen-
tos do Recôncavo, fazendo uma coleção organizada 
ao longo de muitos anos de pesquisa que enviou ao 
Museu Britânico. Em 1859 este trabalho foi publicado 
como monografia (On the Discovery of Some Fossil 
Remains Near Bahia, in South America). Este trabalho 
pioneiro sobre o conteúdo fossilífero dos sedimentos 
de Salvador ostentou vários pareceres adicionais de 
outros cientistas britânicos. Há detalhes de peixes, 
moluscos e ostrácodas, chegando a sistematizar gê-
neros e espécies, além de discussão sobre ambiente 
sedimentar original.
Em 1854 foi divulgado o primeiro mapa geológico do 
Brasil por Franz Foetterle, sob as ordens do Instituto 
Geológico Imperial Austríaco, e que se acha repro-
duzido no artigo de Schobbenhaus e Mantesso-Neto 
(2004). Este mapa, com legenda ampla (cores e tra-
mas) que traz inclusive informações de países vizi-
nhos (vai de 5o N até 35o S) é referencial muito impor-
tante para o conhecimento da geologia do Brasil e da 
Bahia (mapa mural, na escala 1:15.000.000). Na sua 
nota explicativa Foetterle relaciona dezenas de fon-
tes, de praticamente todos os pesquisadores estran-
geiros que até então tinham visitado o Brasil.
Em 1865 chegou ao Brasil a Expedição Thayer, orga-
nizada no Canadá (financiada por Nathaniel Thayer) 
e sob o comando do naturalista (e glaciologista) Jean 
Louis R. Agassiz, com um grupo de cerca de 15 natu-
ralistas, e entre estes integrantes, o geólogo Charles 
Frederick Hartt, que veio a se constituir na pedra an-
gular da geologia brasileira, por seus trabalhos e pelos 
discípulos que veio formar e trazer (como Orville derby 
e John Casper Branner) e contribuir no mesmo fanal.
Encerrada a expedição (com muitos frutos em vários 
campos científicos), Hartt voltou ao Brasil em 1867, às 
próprias custas, para completar sua obra sobre a ge-
ologia e a geografia física do Brasil, que foi publicada 
em Boston em 1870. A vinda de Hartt e o seu papel 
como pesquisador, líder e incentivador de pesquisas 
na geologia brasileira (em geral na Bahia) dominou o 
cenário do conhecimento geológico na fase seguinte, 
e reúne fatos que transcendem uma síntese.
A Expedição Morgan, partindo de Nova York e patroci-
nada por Edwin B. Morgan (um dos diretores da Univer-
sidade de Cornell) chegou ao Brasil em 1870, no fecho 
desta fase. C. F. Hart era o chefe, trazendo, entre vários 
outros pesquisadores, Orville A. derby. Ainda em 1870 
visitou os vales do Tocantins e Tapajós, na Amazônia, e 
depois a Bahia (acompanhado de vários outros espe-
cialistas), num prelúdio de uma contribuição prolífera 
e duradoura e de muitos desdobramentos.
2.2.3 Terceira Fase (1870-1907)
Motoyama (2004) coloca como fecho desta etapa pós-
-chegada da família real em 1889 (Proclamação da 
República), enquanto que S.F.M. Figueirôa o coloca 
em 1907, o que para termos de evolução da geologia 
parece mais adequado, e foi adotado. Esta é uma fase 
de expansão dos espaços institucionais nos quais as 
ciências geológicas estiveram presentes, mas tam-
bém de criação de várias instituições especificas como 
a Comissão Geológica do Brasil - CGB, a Comissão Ge-
ográfica e Geológica de São Paulo - CGGSP e o Serviço 
Geológico e Mineralógico do Brasil - SGMB, e ainda da 
Escola de Minas de Ouro Preto - EMOP, a primeira es-
pecificamente voltada para a formação profissional. 
Além destes fatos concretos, e repercussão em todo 
o Brasil, e do qual a Bahia foi beneficiária inconteste, 
soma-se a isto o fato de ser a fase da explosão das 
contribuições de Hartt, derby (Fig.I.6), em suas curtas 
existências (e em parte também da contribuição de J. 
C. Branner).
Charles Frederick Hartt (Fig.I.6), canadense natura-
lizado norte-americano que chegou ao Brasil como 
membro da Expedição Thayer, como supramenciona-
do, voltou por conta própria em 1867 e publicou seu 
primeiro e importante trabalho em 1870 (o primeiro 
texto incisivo sobre a geologia do Brasil). Ele nasceu 
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44 • Geologia da Bahia
em 1840, chegou no Brasil com apenas 25 anos, já 
sendo um profissional respeitado e morreu precoce-
mente no Brasil em 1878, em meio à curta e extraor-
dinária produção em termos de trabalhos geológicos. 
Consoante Oliveira & Leonardos (1943) , Hartt foi “um 
dos mais operosos e profundos investigadores que 
até então havia pisado no solo pátrio”. E o Estado da 
Bahia foi beneficiário inconteste desta faina. 
Em 1875 foi convidado e guindado ao cargo de dire-
tor da Comissão Geológica, onde passou só um ano, 
demitindo-se por divergências com os superiores hie-
rárquicos (que extinguiram a CGB no ano de 1877).
Na Bahia estudou o cinturão sedimentar costeiro do 
Terciário (como parte do conjunto no Brasil). Iden-
tificou, próximo a Cachoeirinha, no baixo Rio Pardo, 
fósseis que imaginou serem devonianos. Estudou os 
arenitos vermelhos do Grupo Brotas. Visitou os ja-
zigos fossilíferos de Mont Serrat e descreveu vários 
moluscos (inclusive espécies novas) e ainda desco-
briu restos de répteis (Crocodilus Hartti, entre outros) 
que foram descritos pelo Prof. O . C. Marsh, de Yale. 
Percorreu a estrada de ferro da Bahia para o Rio São 
Francisco, em construção, descrevendo vários aflora-
mentos. Estudou os sedimentos e fósseis (moluscos, 
peixes e outros) da Bacia do Recôncavo, admitindo 
idade do Cretáceo Inferior, conjunto a que chamou 
de “Grupo Baiano” (consoante Ghignone 1979). Tra-
balhou também no Baixo São Francisco escrevendo 
as primeiras notas sobre a geologia da região. Fez 
observações também no Arquipélago de Abrolhos, 
detalhando a Ilha de Santa Bárbara e especialmente 
os recifes de corais. (Fig.I.7) Faleceu no Rio de Janeiro, 
com apenas 38 anos, em março de 1878, deixando no-
tável legado em produção e com seus discípulos e su-
cessores. Para a prolífera contribuição de derby existe 
um livro (Tosatto 2001), que é uma homenagem justa 
e referência obrigatória. Para C. F. Hartt, a comunida-
de científica está em falta.
Figura I.6 - Os artífi ces dos alicerces de todo o conhecimento 
geológico da Bahia. Em sentido horário: 1. Charles Frederick Hartt 
(1840-1878), um pioneiro da Geologia do Brasil; fonte: Freitas 
2002. 2. Orville A. derby (1851-1915) em foto de 1905, ano da sua 
vinda para a Bahia; fonte: Tosatto 2001. 3. John Casper Branner 
(1850-1922)publicou os primeiros trabalhos sobre as serras de 
Jacobina, do Tombador e Bacia de Irecê; fonte: Mendes 1971. 
4. Fernando Flávio Marques de Almeida (1916) criador do Cráton 
do São Francisco; fonte: Cordani et al. 2000.
Figura I.7 - Perfil da ilha de Santa Bárbara no arquipélago 
dos Abrolhos. Legenda: a-Calcário arenoso; b-Folhelho azul; 
c-Arenito amarelado; d-Trap-basaltico com esfoliação esferoidal. 
Fonte: Hartt 1941.
1. Charles Frederick Hartt
4. Fernando Flávio 
Marques de Almeida
2. Orville A. derby
3. John Casper Branner
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Histór ico da Geologia da Bahia • 45
Orville Adelbert derby (Fig.I.6) chegou ao Brasil como 
membro da Expedição Morgan e teve uma vida agita-
da e pródiga no eixo Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia. 
Tosatto (2001) tratou amplamente da vida de derby e 
o alcunhou de “Pai da Geologia Brasileira”.
Em 1894 fundou (com 69 sócios) o Instituto Histórico 
e Geográfico de São Paulo - IHGSP, onde teve notável 
desempenho, que o levou a ser convidado à indicação 
de sócio correspondente do Instituto Histórico e Geo-
gráfico do Brasil, no Rio de Janeiro. Posteriormente, 
em 1905 chegou à Bahia, nomeado por Miguel Calmon 
(Secretário de Agricultura) para estudar a geologia 
da Bahia e organizar o “Serviço de Terras e Minas do 
Estado da Bahia”. Na Bahia derby estudou as regiões 
diamantíferas, manganesíferas, petrolíferas e a ge-
ologia regional do Estado, publicando vários artigos 
(clássicos) sobre o tema, como “O Manganês de Nazaré 
(Bahia)”, “Notas Geológicas sobre o Estado da Bahia”, e 
“Os primeiros descobrimentos de diamantes no Estado 
da Bahia”. Nestes trabalhos estabeleceu as bases da 
estratigrafia da Chapada diamantina, que viriam a ser 
completadas por Branner. (Fig.I.6)
Como assistente de derby deve ser destacada na his-
tória a atuação do engenheiro Theodoro Sampaio 
(Fig.I.8) que foi membro da “Comissão Hidráulica” 
designada para estudar (1879-1880) a navegabilida-
de do Rio São Francisco. Nesta viagem, a Comissão 
subiu o rio até a cidade de Januária (MG); descendo o 
rio, Theodoro Sampaio desembarcou em Carinhanha, 
cavalgando através da Bahia até a cidade de São Félix. 
Em ambos os percursos, ele fez inúmeras observa-
ções sobre a geologia, tanto do embasamento como 
da Chapada diamantina. Estas observações, avança-
díssimas para a época, foram publicadas em seu livro 
“O Rio São Francisco e a Chapada diamantina”, com 
diversas edições, a última das quais publicada em 
2002, organizada pelo Prof. José Carlos B. Santana 
(Sampaio 2002).
Outras contribuições de Theodoro Sampaio à geologia 
da Bahia foram: em 1884, o Reconhecimento geológi-
co do trecho da E.F. Bahia e São Francisco; no mesmo 
ano, as Notas sobre a região entre o Rio São Francisco 
e a Serra Geral , ambos sob encomenda de O.A. derby; 
e a Carta do Recôncavo da Bahia na escala 1/250.000, 
em 1899; e Notas sobre as rochas arqueanas da Bahia 
(solicitadas por J.C. Branner em 1907). Os terremo-
tos na Baía de Todos os Santos e no Estado da Bahia 
também foram abordados por Theodoro Sampaio, em 
dois trabalhos de 1916 e 1920. Além disso, na Biblio-
graphy of Geology, Mineralogy and Palaeontology of 
Brazil de J.C. Branner estão citados seis trabalhos de 
T. Sampaio, assim como seus trabalhos estão citados 
e foram utilizados na confecção do Mapa Geológico 
do Brasil organizado por Branner em 1919.
Por conta de sua dedicação, eficiência e capacidade 
de liderança, derby foi convidado por Miguel Calmon 
(agora promovido a Ministro de Indústria, Viação e 
Obras Públicas), em 1906, para idealizar e fundar o 
Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil - SGMB, 
evento significativo o bastante para consignar o fim 
de uma fase e o início de outra.
Figura I.8 - Theodoro Sampaio: um pioneiro da Geologia da Bahia 
(Santo Amaro, 1855-Rio de Janeiro, 1937). 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teodoro Fernandes Sampaio.
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46 • Geologia da Bahia
3 Pós 1907 – Processos 
de Urbanização e 
Industrialização + Período 
Desenvolvimentista
3.1 Pré Anos 60
O SGMB foi criado em Janeiro de 1907, e derby esteve 
à frente dele por oito anos até a sua morte precoce em 
1915 (suicídio) devido aos desentendimentos com su-
periores hierárquicos. Nestes oito anos teve o período 
mais notável de sua vida científica, pela sua obra e 
pela formação de inúmeros discípulos (como Francis-
co de Paula Oliveira, Luiz Gonzaga de Campos, Alber-
to Paes Leme, Euzébio Paula Oliveira, Franz Eugênio 
Hussak, John Casper Branner, Roderic Crandall, Ma-
thias de Oliveira Roxo e tantos outros que são parte 
da história da geologia do país. Como já dito acima, a 
escolha do ano 1907 para início deste período foi se-
guindo Figueirôa (1992)
J. C. Branner e Roderic Crandall, reconhecidos geó-
logos norte-americanos foram convidados por derby 
para estudos geológicos na Bahia, Sergipe e Alagoas, 
assim como Milton Underdown e Horace Williams fo-
ram reconhecer os terrenos na margem do São Fran-
cisco. Crandall (1919) publicou em Economic Geology, 
notas sobre a geologia da região diamantífera. Bran-
ner produziu vários trabalhos publicados entre 1910 e 
1911 sobre a Serra de Jacobina, e sobre a Chapada dia-
mantina. A estratigrafia proposta para a Chapada dia-
mantina é praticamente irretocável, malgrado vários 
trabalhos posteriores (e com mais condições de aces-
so) terem tentado desfazer ou apresentar alterações.
Em 1919, Branner editou o “Mapa Geológico do Bra-
zil”, sob os auspícios da Geological Society of Ame-
rica, escala 1:5.000.000, onde a geologia e os recur-
sos minerais da Bahia (ouro, diamantes, carbonados, 
ametistas, manganês, areias monazíticas, ferro, cobre 
etc.) têm destaque especial e ainda faz uma relação 
dos mapas e trabalhos disponíveis. Conquanto este 
mapa tenha sido publicado em 1919, ele é o produto 
de várias viagens de Branner ao Brasil, desde 1874.
Parte do pós-1907, a criação do SGMB já foi relatada 
como uma consequência imediata deste Serviço e do 
trabalho de derby e seus discípulos mais imediatos. 
Para alguns autores (Berbert 1990), esta fase seguiria 
pelo menos até 1985. Para Schobbenhaus e Mantesso-
-Neto, esta fase pode ser estendida até o ano 2000 
(ano do Congresso Geológico Internacional no Brasil).
No entender dos autores, esta parte do século XX 
permite divisões mais ou menos claras, e a propos-
ta de 1964 como linha divisória de Motoyama (2004) 
faz sentido nas geociências, especialmente no caso 
da Bahia. Ainda que não seja proposto um ano (ano 
1964) exclusivo, mas os acontecimentos dessa déca-
da foram marcantes, segundo um surto indizível que 
merecem menção especial. 
Esta primeira parte do século XX é caracterizada pela 
criação e consolidação de alguns órgãos (SGMB, seu 
sucedâneo departamento Naconal de Produção Mi-
neral - dNPM, Inspetoria Feredal de Obras Contra a 
Seca - IFOCS sucedido pelo departamento Nacional 
de Obras Contra a Seca - dNOCS, Conselho Nacional 
de Petróleo - CNP, PETROBRAS, SUdENE etc.) que ti-
veram papéis notórios no progresso do conhecimento 
geológico da Bahia, a seu tempo e em trabalhos con-
jugados, pela descoberta do petróleo (na Bahia), e por 
uma série de viagens científicas (e respectivos rela-
tórios). Estas viagens, geralmente de uma ou poucas 
pessoas, visavam determinadas regiões ou problemas 
geológicos pinçados anteriormente, e que funciona-
vam como chamarizes para os pesquisadores (em sua 
grande maioria vinculados ao dNPM). Merece desta-
que a edição do livro Geologia do Brasil, de Oliveira 
& Leonardos, de 1943 (há algumas edições anteriores 
de menor circulação). Por sinal, este livro está acima 
de qualquer expectativa para o seu tempo e para hoje, 
posto que ali está sintetizada, de maneira excepcional, 
a essência do conhecimento geológico do continente. 
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Histór ico da Geologia da Bahia • 47
Ao lado de uma narrativa fidedigna dos acontecimen-
tos históricos das geociências no Brasil, o livro foi or-
ganizado de eon por eon (do Arqueano +“Algonquia-
no” até o Quaternário), e nisto todos os eventos geoló-
gicos e paleontológicos foram alvos de registro. Para 
a Bahia, que figura praticamente em todos os itens é 
um documento histórico, de valor impensável, docu-
mento sine qua non que deve ser lido para anteceder 
qualquer trabalho de geologia a ser feito neste Esta-
do. A obra de Oliveira & Leonardos transcende nos-
sas possibilidades de encômios nesta oportunidade. 
Talvez seja necessário afirmar que só após 43 anos de 
esforços para o desenvolvimento do conhecimento se 
pode chegar a obras que a ela se assemelham e dela 
se aproximam (evocando assim os textos editados por 
Almeida & Hasui (1984) e Schobbenhaus et al. (1984).
Entre 1933 e 1934 o Ministério da Agricultura (sob o 
comando de Juarez Távora) sofreu profunda e ampla 
re-estruturação, quando foi criado o departamento 
Nacional da Produção Mineral - dNPM, que então já 
contava com diversos laboratórios internos (Fomen-
to, águas, Petrografia etc.), agência que passou a ter 
desempenho de vulto até os nossos dias, ordenando a 
produção mineral brasileira. Em sequência foi elabo-
rado o Código de Minas (1934), que declarou o subsolo 
como propriedade do estado e a exploração mineral 
passava a ser concessão.
Em 1938, o governo Getúlio Vargas, mediante as pres-
sões dos acontecimentos (e das descobertas de óleo no 
Recôncavo) decretou a organização do Conselho Na-
cional do Petróleo - CNP (presidido pelo General J. C. 
Horta Barbosa), que ficava encarregado da pesquisa, 
lavra, transporte e refino do petróleo. Vários geólo-
gos/engenheiros de minas do dNPM foram desloca-
dos para o CNP, e foi contratada nos Estados Unidos 
uma firma de renome para o mapeamento geológico, 
a prospecção sísmica e a perfuração de poços. É justo 
colocar aqui algumas datas importantes como a per-
furação do primeiro poço de petróleo do Brasil (1937) 
na localidade de Lobato, subúrbio de Salvador (Fig.I. 9) 
e a descoberta de petróleo no segundo poço (1938). A 
partir de então, a história do conhecimento geológico 
da Bacia do Recôncavo recebe grande e significativo 
impulso, com vários trabalhos, mapeamentos, idéias e 
vários nomes de ponta (Ghignone 1979), que se pode 
dizer coroada com os trabalhos de Ben Barnes, em 
1947-1948, que reconheceu ali os registros tectônicos 
e sedimentares de evolução de um rift. Vide histórico 
específico em Ghignone (1979).
Figura I.9 - Postal comemorativo da descoberta do petróleo na 
Bahia. Fonte: acervo de Augusto J. Pedreira
A Inspectoria Federal de Obras Contra as Secas - 
IFOCS foi instituída em 1907 (posteriormente trans-
formada em dNOCS), e vários dos seus geólogos (Ho-
ratio Small, Roderic Crandall, Horace Williams, Ralph 
Sopper) em diferentes oportunidades colaboraram na 
evolução do conhecimento geológico do Nordeste, e 
da Bahia (vide referências).
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48 • Geologia da Bahia
No tocante ao processo de viagens de pesquisas cabe 
destacar primeiro os trabalhos de R. Crandall (1919, 
supramencionado) e de Ralph Sopper (1914), este um 
clássico que trata da geologia e do suprimento de 
água no nordeste da Bahia. Este último foi enriqueci-
do com o trabalho de José Lino de Mello Jr. do SGM/
dNPM, em 1938, tratando da geologia e da hidrologia 
desta região nordeste do Estado da Bahia. Some-se 
a estes o trabalho de Benedito Paulo Alves e Luciano 
Jacques de Moraes (1952) que estudaram a região de 
Paulo Afonso, cuidando de diversos aspectos da geo-
logia, recursos minerais e hídricos.
Nos anos 50, percorreu a Bahia e Minas Gerais o ge-
ólogo inglês Lester King, estudando a geomorfologia 
regional na tentativa de compará-la com a do lado 
africano. Lester King (1956) publicou na Revista Brasi-
leira de Geografia um trabalho que é de grande valia 
e clássico sobre as superfícies geomórficas do Brasil 
Oriental (Superfícies Post-Gondwana, Sul-America-
na, Velhas e Paraguaçu, da mais antiga para a mais 
recente). Ainda hoje, é um trabalho respeitado e tema 
de muitos debates, mesmo quando se passou a usar 
dados de satélites, traços de fissão e informática no 
estudo destas superfícies.
Nos contextos destas viagens de pesquisa (pesquisa 
+ relatório imediato), é necessário registrar a contri-
buição do Professor Wilhelm Kegel (Fig.I.10), geólogo 
alemão, ligado ao dNPM que realizou vários traba-
lhos no nordeste como um todo. Na Bahia e na Bacia 
do Parnaíba de forma especial. Seus trabalhos sobre 
a zona central da Bahia (1959), Médio São Francisco 
(1957), estrutura geológica de todo o nordeste (1961, 
enfatizando os grandes lineamentos) e da Serra de 
Jacobina (1963), assim como sobre a Bacia Una-Utin-
ga (1969) são considerados referências indispensá-
veis, apesar do desgaste do tempo. Ainda dentro deste 
contexto das viagens específicas, deve ser acrescen-
tado um trabalho de Paulo Rolff sobre a Serra do 
Tombador, com mapas, que mesmo tendo sido feito 
na década de 50 foi publicado em 1960, em Boletim 
da Sociedade Brasileira de Geologia.
Com relação à criação da PETROBRAS (em 1954 e 
do CENAP, em 1955), não há espaço suficiente para 
uma síntese da sua importância na história da geo-
logia do Brasil e da Bahia nos “anos 60”, como aqui 
será abordado, e na sequência dos anos. A repercus-
são destas instituições foi fato notável e sobranceiro 
para o conhecimento dos sedimentos fanerozoicos da 
Bahia (vide histórico detalhado e excelente por Ghig-
none 1979), em termos litoestratigráficos, estruturais 
e econômicos. Seja fazendo geologia e geofísica e 
produzindo dados, seja formando especialistas, seja 
fomentando outros centros de pesquisa, dissertações 
de mestrado e teses de doutoramento, reuniões cien-
tíficas etc., a história da PETROBRAS merece e tem 
merecido vários textos específicos. Esta criação trou-
xe muitas mudanças conceituais e evolução para as 
ciências geológicas como um todo e para a indústria 
do petróleo, que não são possíveis dissertar no com-
promisso de uma síntese. Como será discutido, o seu 
Boletim Técnico e posteriormente sua Revista de Ge-
ociências têm contribuído para a evolução do conhe-
cimento e são registros científicos e históricos de alta 
valia.
Figura I.10 - Wilhelm Kegel (1890-1971) um nome importante, 
com várias contribuições (décadas de 50 e 60) para a geologia da 
região central da Bahia e de todo o nordeste. 
Fonte: Mendes (1971).
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Histór ico da Geologia da Bahia • 49
3.2 Anos 60
Como já foi discutido anteriormente, a razão da “se-
paração” dos anos 60 sem discriminar um único ano 
(como fez Motoyama 2004), como uma década espe-
cial na história das geociências, na Bahia, apresenta 
número considerável de razões. Certamente, muito do 
que aconteceu nos anos 60 constituiu os primeiros re-
flexos dos acontecimentos e decisões políticas da dé-
cada anterior dos governos de Vargas (PETROBRAS, 
CENAP) e Juscelino Kubitschek (cursos de geologia 
da CAGE-Campanha de Formação de Geólogos, SU-
dENE). Apesar de ter sido a época do golpe militar, na 
seara da geologia, os impulsos daquelas instituições 
criadas na década anterior e da leva de sangue novo 
da plêiade de geólogos recém-formados (primei-
ra turma em 1960, em São Paulo) falou mais alto e 
marcou sua presença, numa série torrencial de dados 
significativos. Adicionalmente, nos anos 1960 foram 
criados o Ministério de Minas e Energia, a Comissão 
Nacional de Energia Nuclear, e a Companhia de Pes-
quisa de Recursos Minerais, de certa forma amplian-
do os espaços para geólogos. Trata-se de uma década 
que fica mais difícil falar em nomes, apontar deter-
minados trabalhos (com algumas exceções), para se 
falar mais em instituições e programas de pesquisa, 
e tentar consignar a atuação na Bahia. Nos períodos 
anteriores pontificavam nomes (experiência, dedica-
ção, viagens de pesquisa,trabalhos), mas doravante 
vai se falar mais em instituições e equipes como se 
deve presumir e esperar da epígrafe “Sob o Signo do 
desenvolvimentismo”.
Nesta década começava a produção de mapeamentos 
e trabalhos geológicos dos primeiros geólogos for-
mados nas escolas de geologia do Brasil, destacan-
do-se aqui os trabalhos de mapeamento sistemático 
da Chapada diamantina, do Espinhaço, do nordeste 
e norte da Bahia (CONESP-SUdENE, Missão Geoló-
gica Alemã, projeto Cobre SUdENE-PROSPEC), do 
Inventário Hidrogeológico Básico do Nordeste, entre 
muitos outros comandados ou consorciados com a 
SUdENE, que vivia uma década auspiciosa e produ-
tiva. Várias folhas começaram a ser mapeadas na es-
cala 1:100.000 (e mesmo em escalas maiores), e pela 
primeira vez em rochas do embasamento (na Bahia e 
Pernambuco, pelo menos) com estes projetos da SU-
dENE, assim como foram possibilitados e começaram 
os projetos de integração ao milionésimo. Em alguns 
casos específicos, os mapas provenientes do Projeto 
Cobre (Barbosa 1970, Braun 1966) ainda constituem 
as únicas referências geológicas de determinados rin-
cões (na Bahia e Pernambuco, pelo menos). Foi nesta 
década que se completaram os mapeamentos geoló-
gicos das bacias do Recôncavo e Tucano (com a ela-
boração da primeira e grande Revisão Estratigráfica, 
publicada em 1971 por Viana et al.), bacias do Almada 
e Jatobá (Ghignone 1979) e ainda de toda parte sul da 
Bacia do São Francisco (Oliveira 1967), sendo alguns 
apenas os trabalhos publicados, ao lado de muitos 
relatórios inéditos. Last but not least, o conhecimento 
da margem continental divergente da placa sul-ame-
ricana teve os mais importantes trabalhos explorató-
rios e de interpretação geológica fundamental a par-
tir desta década de 60, como estopins fundamentais 
para a explosão nas décadas seguintes. Foi com este 
acervo de dados que foi possível a primeira edição 
tentativa do Léxico Estratigráfico do Leste do Brasil 
(SUdENE, Brito Neves 1968) onde a litoestratigrafia 
da Bahia então conhecida teve o devido registro.
Carece aqui a inserção de uma referência a Reinhard 
Maack (1963) que procedeu a um dos primeiros ma-
peamentos da bacia do Rio de Contas, antecedendo os 
múltiplos mapeamentos da SUdENE (Ipupiara, Barra 
do Mendes, Ouricuri do Ouro, Ibitiara, Macaúbas, etc.) 
na porção ocidental da Chapada diamantina.
Nos cursos de geologia começaram vários trabalhos 
de relatórios de graduação e outros de pesquisas de 
seus professores, com apoio de alunos, como por 
exemplo – entre tantos e tantos outros – os trabalhos 
de J. Griffon (1967) sobre a Serra de Jacobina, inicia-
dos por Leo et al. (1964, do dNPM). A estratigrafia e a 
estrutura da Serra de Jacobina ficaram praticamen-
te equacionadas desde estes trabalhos pioneiros de 
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50 • Geologia da Bahia
mapeamento. Ainda neste tema, deve-se enumerar 
o trabalho de Griffon et al. (1967) sobre a estrutura 
e gênese da esmeralda de Carnaíba. O levantamento 
completo destes trabalhos é uma tarefa praticamen-
te impossível, e somente uma pesquisa específica em 
cada uma das fontes pode amenizar este quadro.
Como decorrência natural destes trabalhos advieram 
as primeiras sínteses geocronológicas e a concepção 
de Gondwana (Hurley et al. 1967), e desta feita exer-
cícios científicos fomentando com dados brasileiros e 
concretos os alicerces da Tectônica Global que já se 
difundia no mundo ocidental sob a epígrafe de “re-
volução dos anos 60”. desta década são as sínteses 
sementais sobre o embasamento da plataforma sul-
-americana (Almeida 1964, 1967) e de sua cobertura 
(Almeida 1969, no XXIII Congresso Brasileiro de Geo-
logia realizado em Salvador), que vieram nortear to-
dos os trabalhos de geologia dos tempos seguintes, 
de notável validade até os dias atuais. Trata-se de 
obras memoráveis, que a Bahia teve o privilégio de 
criar as condições e de testemunhar.
A partir de 1967, a Comissão Executiva do Plano da La-
voura Cacaueira-CEPLAC, necessitando de uma base 
geológica para o mapeamento sistemático dos solos 
do sul da Bahia, mapeou em convênio com a Secreta-
ria das Minas e Energia e a Universidade Federal da 
Bahia, grande parte da região meridional do estado, 
principalmente a Bacia do Rio Pardo, estabelecendo 
as bases fundamentais da sua estratigrafia. Esta re-
gião já havia despertado a curiosidade dos geólogos 
desde 1880, quando foram descobertos diamantes no 
Rio Salobro (cf. Chatrian 1886).
Por fim, é bom lembrar que a Companhia de Pesquisa 
de Recursos Minerais-CPRM (atual Serviço Geológico 
do Brasil) foi criada no fecho desta década, 1969, para 
ser o braço executivo do Ministério das Minas e Ener-
gia no tocante aos mapeamentos geológicos básicos. 
A ativa e operosa Superintendência Regional de Sal-
vador tem um acervo de produção notável com geó-
logos do mais alto nível, muitos deles com mestrado 
e doutorado formal, e a maioria deles de nível ad hoc 
equivalente.
de sorte que a importância da década de 60 para a ge-
ologia da Bahia (e do Brasil) merece todo este realce, 
como marco mais delongado ou similar, que se não foi 
consignado nas propostas de Berbert (1990), nem de 
Schobbenhaus & Mantesso Neto (2004), sem demérito 
para os mesmos, é aqui discriminada e reiterada.
4 Pós-Década de “60” 
/ Sob o Signo do 
Desenvolvimentismo
4.1 Anos Pós 60 – As Pedras Angulares da 
Evolução do Conhecimento Geológico da 
Bahia
Neste período epigrafado “Sob o Signo do desenvol-
vimentismo” torna-se mais difícil se falar em nomes 
(como nos anos pré-60). Os trabalhos de mapeamen-
to sistemático, por equipes sob o comando das gran-
des empresas (CPRM/dNPM, CPM/CBPM, PETRO-
BRAS, RAdAMBRASIL), os trabalhos emanados das 
universidades e seus laboratórios (a partir de 1970 
com cursos de pós-graduação), todos com grande 
quantidade de pessoal técnico envolvido. Muitos des-
tes mapeamentos em convênios com essas empresas 
estatais (e/ou empresas de mineração) passaram a 
predominar, consignando seu lugar na história. Com 
menor ênfase, a própria indústria mineral que teve 
grande desenvolvimento, passou a contribuir (direta 
ou indiretamente) com o processo de evolução e re-
gistro dos conhecimentos.
Ao mesmo tempo, este foi um período pródigo em reu-
niões científicas nacionais e internacionais (com atas, 
anais, roteiros de excursão, e documentos outros) de 
grande vulto e repercussão. Assim como neste perí-
odo começaram a pontificar as sínteses da geologia 
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Histór ico da Geologia da Bahia • 51
da Bahia, crescentes em riqueza de informações com 
o passar do tempo, e tomando proveito e utilizando 
de forma sistemática os dados desses mapeamentos 
e destas reuniões científicas.
A curta apreciação sobre estas principais fontes pro-
pulsoras do atual conhecimento geológico da Bahia 
será feita procurando alcançar pequenas sínteses ob-
jetivas. Certamente, em cada caso, há vários outros 
caminhos de exploração para o melhor conhecimen-
to do conteúdo e peso de cada uma delas. A ordem 
seguida foi cronológica, para não sugerir uma clas-
sificação, mesmo porque os autores tinham um com-
promisso expositivo, o mais enxuto possível, e não 
teriam condições de fazer uma opção de uma ordem 
de méritos.
Claramente se verifica que, doravante, indicar nomes 
fica difícil, porque começam os trabalhos de equipes 
multidisciplinares. Poderia se apontar nomes de teses 
de doutoramento, possibilidade que não é assumida 
para não cometer omissões.
4.1.1 PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.
Neste período, a PETROBRAS continuou os trabalhos 
de exploração no Recôncavo e bacias adjacentes (tra-
balhos de recuperação, e de refinamento dos dados 
de subsuperfície), e em várias outras atividades corre-
latas e paralelas, contribuindo para o enriquecimentodo conhecimento geológico e para a divulgação do 
mesmo de forma altamente elogiosa.
A contribuição científica , oriunda de muitos relatórios 
técnicos, tem sido regularmente publicada no Bole-
tim Técnico da Petrobras (periódico de 1957 até 1998, 
ISSN 0006-6117) e posteriormente o Boletim de Ge-
ociências da Petrobras (trimestral, desde 1987, ISSN 
0102-9304), que são referências inescapáveis, tendo 
em vista principalmente os dados (litoestratigráficos, 
paleontológicos, geofísicos) obtidos das perfurações 
e re-exame de dados de poços profundos. A primeira 
revisão litoestratigráfica das bacias do Recôncavo e 
Tucano (Viana et al.1971) inicia uma nova etapa dos 
conhecimentos e instaura um exemplo a ser seguido 
(posteriormente em praticamente todas as bacias se-
dimentares do Brasil)
É válido destacar o v.15 n.2, do Boletim de Geociên-
cias, ano 2007, que traz uma síntese atualizada e as 
colunas litoestratigráficas (e cronoestratigráfica) de 
todas as bacias sedimentares, interiores e costeiras, 
da Bahia (Tucano Norte, Central e Sul, Recôncavo, Ja-
cuípe, Camamu, Almada, Jequitinhonha e Cumuruxa-
tiba) e do Brasil. Este volume traduz com rara fideli-
dade o estágio do conhecimento estratigráfico do Fa-
nerozoico na Bahia, e é um documento de inestimável 
valor para o histórico do conhecimento da geologia 
da Bahia, referencial para o passado e para o futuro.
Na parte de publicações é necessário ressaltar os vá-
rios roteiros de excursão (bacias Recôncavo, Tucano, 
Almada, Sergipe-Alagoas, etc.) da lavra de técnicos 
da PETROBRAS que têm sido publicados e são do-
cumentos atualizadíssimos e de grande valia para 
estudantes e professores em geral. A PETROBRAS 
tem funcionado também como financiadora de vá-
rios livros de diferentes ramos das ciências geológi-
cas, sendo válido exemplificar aqueles mais recentes 
de geologia do continente sul-americano (Mantesso 
Neto et al. 2004), sobre ambientes de sedimentação 
siliciclástica (Pedreira da Silva et al. 2008), sobre a 
geologia e a tectônica do sal (Mohriak et al. 2009), so-
bre geologia geral (Grotzinger et al. 2006) e, recente-
mente, sobre a história do petróleo na Bahia (Teixeira 
et al. 2009).
Além deste trabalho de rotina de uma indústria pe-
trolífera, é justo exaltar o engajamento da PETRO-
BRAS com a universidade e com as empresas de geo-
logia e mineração, em prol do crescimento coletivo. O 
fomento aos cursos de graduação, de pós-graduação 
(em termos financeiros diretos e indiretos) regula-
mentares e das dissertações e teses é um ponto alto, 
assim como o apoio irrestrito aos diferentes congres-
sos realizados na Bahia. Vários outros cursos têm sido 
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52 • Geologia da Bahia
patrocinados e promovidos pela PETROBRAS, para 
seu pessoal técnico e para convidados, tanto em Sal-
vador como no interior da Bahia.
Inclui-se no bojo da PETROBRAS uma participação 
complementar importante, aquela que foi desenvol-
vida pelo Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisa do 
Petróleo-CENAP, fundado em 1955, que treinou vários 
técnicos de nível superior (engenheiros civis, quími-
cos, agrônomos etc.) em geologia do petróleo posto 
que não havia cursos regulares de geologia no Brasil, 
e que foi sediado inicialmente em Salvador. Os profis-
sionais saídos do CENAP tiveram uma atuação notó-
ria, como geólogos (de campo, de poço, etc.) em uma 
primeira instância, e como professores posteriormen-
te, em todo Brasil. Vários cursos de geologia do Brasil, 
em nível de graduação e pós-graduação receberam 
treinamentos destes profissionais (que antecede-
ram às fornadas dos primeiros cursos de geologia da 
CAGE). O CENAP foi uma promoção bem sucedida, 
instituição marcante na geologia da Bahia e do Brasil
4.1.2 SBG – Sociedade Brasileira de Geologia
Esta associação nacional e seu núcleo regional (Nú-
cleo Bahia-Sergipe) vêm desenvolvendo o papel es-
perado da sua proposta original, fazendo uma inter-
mediação importante no e para o desenvolvimento do 
conhecimento geológico da Bahia. Isto tem sido feito 
de várias formas e oportunidades. 
Em termos de organização de congressos nacionais, o 
núcleo da Bahia organizou os encontros de 1949, 1957, 
1969, 1982 e 1996 em Salvador, e os de 1973 e 2006 
em Aracaju. Além disto, vários simpósios regionais, e 
em todos eles se verificou um somatório notável de 
assentamento do conhecimento geológico progressi-
vo, seja através de Boletim de Resumos e Anais, e dos 
debates promovidos.
destaque aqui para as reuniões científicas de caráter 
internacional, trazendo especialistas de vários conti-
nentes, incluindo apresentações, debates e excursões 
de campo, tudo isto servindo para elevar o nível do 
conhecimento de forma unilateral. A promoção da 
Bahia e de sua geologia no cenário internacional tem 
sido uma consequência imediata destes encontros. 
No tocante aos eventos internacionais de monta, 
devem ser ressaltados, pelo nível e pelo legado de 
trabalhos científicos (anais, boletins de resumos ex-
pandidos, etc.), sínteses e até mesmo entre estes, tra-
balhos científicos. Saliente-se que em alguns destes 
eventos está a marca da introdução e proposição de 
conceitos novíssimos e influentes na história das geo-
ciências. Entre estes cabe destacar:
(i) ISAP – 1982 – International Symposium on Archean 
and Lower Proterozoic Geologic Evolution and Metal-
logenesis;
(ii) ISGAM – 1987 e 1997 – International Symposium 
on Granites and Associated Mineralizations;
(iii) I e VII SNET – 1987 (Salvador) e 1999 (Lençóis) 
Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos;
(iv) IV/SSAGI – 2003 – South American Symposium on 
Isotope Geology;
(v) I , II, III Simpósios sobre o Cráton do São Francis-
co-1973 (Aracaju, reunião preparatória), 1979 (primei-
ro simpósio, em Salvador, com Anais publicados em 
1981), II (em Salvador, 1993) e III (em Salvador, 2005). 
Em todos eles houve participação decisiva da Univer-
sidade Federal da Bahia, da CBPM e da CPRM.
Este papel da SBG tem sido árduo, mas profícuo. No 
primeiro desafio o de arregimentar contribuições fi-
nanceiras de órgãos estaduais e privados de mine-
ração, das agências estaduais e federais de fomento, 
etc. Em segundo lugar, estes encontros têm sido o 
foro por excelência para aprimorar e elevar o conhe-
cimento coletivo. E como todos estes encontros têm 
documentos (Atas, Anais, etc.), e até mesmo publica-
ções específicas (impressas e em forma digital), eles 
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Histór ico da Geologia da Bahia • 53
são referências obrigatórias para se conhecer e aferir 
a evolução do conhecimento geológico. 
A RBG - Revista Brasileira de Geociências (ISSN 375-
7536) da SBG, de periodicidade trimestral, publicada 
desde 1971 (substituindo o antigo Boletim da SBG), 
tem sido um veículo digno de menção no processo de 
alimentar a evolução do conhecimento geológico da 
Bahia. Seja no curso de sua atividade rotineira (com 
trabalhos diversos sobre a Bahia, em várias opor-
tunidades), seja publicando resumos e excertos de 
várias dissertações e teses voltadas para a geologia 
do Estado, seja trazendo coletâneas (Atas, resumo de 
Simpósios) de reuniões científicas realizadas na Bahia 
(p.ex., v. 12, n. 1/2/3 de 1982, sobre o ISAP). Neste nú-
mero, destacam-se alguns artigos sobre a geologia 
(e de sua metalogênese) da Bahia, na língua inglesa, 
dos tempos modernos, o que é um dado interessante. 
Outros volumes da RBG que apresentam diversos tra-
balhos dedicados à geologia da Bahia são os volumes 
35, no. 4, 2005 (suplemento), e 37, no 4, 2007 (suple-
mento), ambos relativos ao Cráton do São Francisco. 
4.1.3 CPRM – Companhia de Pesquisa de 
Recursos Minerais – Serviço Geológico do 
Brasil 
A CPRM é uma empresa pública, criada em agosto de 
1969, vinculada ao Ministério de Minas e Energia que 
tem atribuições e responsabilidadesde Serviço Geoló-
gico do Brasil, em várias áreas de atuação (Geologia, 
Recursos Hídricos e Minerais, estudos outros multi-
cisciplinares, Geodiversidade). Esta empresa instalou, 
desde os seus primeiros dias, uma Superintendência 
Regional em Salvador, que conta atualmente com 
cerca de 50 geólogos, e que sempre foi pilar impor-
tante e de fronteira no desenvolvimento geológico do 
Estado da Bahia.
Esta empresa cobriu o Estado com mapas geológi-
cos nas escalas 1:1.000.000 (em diversos projetos e 
oportunidades) e praticamente também na escala 
1:250.000. Na escala 1:100.000, cerca de mais um ter-
ço do Estado foi mapeado (e está sendo), e existe ainda 
considerável porção mapeada em 1:50.000 (Fig.I.11, 
I.12). Isto vem sendo feito em várias etapas de sua his-
tória em consórcios diversos com o dNPM, a CBPM, a 
UFBA, além de vários e outros órgãos e empresas, em 
muitas interações e convênios dos mais meritórios.
Os trabalhos de mapeamento (e sua divulgação im-
pressa e digital), treinamento de pessoal (inclusive 
em programas de pós-graduação) participação cien-
tífica e de co-patrocínio em eventos científicos, a co-
operação/interação com outras entidades são fatos 
usuais destes 40 anos da empresa. destaca-se a coo-
peração com a UFBA (no caso baiano) dentro do pro-
grama “Pronageo”, onde alunos e professores estão 
engajados em mapeamentos (8 folhas, no momento). 
A CPRM mantém em Morro do Chapéu, na parte cen-
tral da Bahia, um centro integrado de estudos geoló-
gicos (CIEG de Morro do Chapéu), desde 1987, que é 
um ponto avançado de apoio, e que tem servido a de-
zenas de universidades brasileiras (UFBA, USP, UFMG, 
UFOP, UFPE, etc.), à PETROBRAS e a outras empresas, 
oferecendo hospedagem e outras comodidades para 
diferentes cursos de aperfeiçoamento e extensão, em 
mais de 200 eventos até 2011.
A sua missão precípua de embasar e alavancar o co-
nhecimento geológico e hidrogeológico básicos para 
o desenvolvimento sustentável do Brasil, a CPRM tem 
cumprido com abnegação. Isto na Bahia é um fato in-
conteste e de domínio público, e como se pode deduzir 
das menções feitas neste capítulo e nos subsequen-
tes. Seus produtos (mapas, relatórios, textos diver-
sos, etc.) são de acesso via Internet ou diretamente 
no balcão, merecendo destacar os bancos de dados 
Geobank (mapas diversos, pontos de observação, etc.) 
e Siagas (poços tubulares) que favorecem muito a co-
municação com o público
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54 • Geologia da Bahia
Figura I.11 - Mapas Geológicos 1:100.000 da Bahia, sistema CPRM-dNPM-CBPM
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Figura I.12 - Mapas Geológicos 1:50.000 da Bahia, sistema CPRM-dNPM-CBPM
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56 • Geologia da Bahia
4.1.4 CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa 
Mineral
A CBPM é uma sociedade de economia mista, vin-
culada (hoje) à Secretaria da Indústria, Comércio e 
Mineração-SICM, criada em dezembro de 1972. Seus 
objetivos são a pesquisa, prospecção e desenvolver 
formas de aproveitamento dos bens minerais, além 
de prestar serviços e assessoria técnica ao Estado e 
aos empresários. Particularmente, a empresa está 
apta à execução de projetos próprios de pesquisa e 
de comercialização de bens minerais, e tem feito isto 
com sucesso.
A CBPM conta hoje com uma equipe de cerca de 35 
geólogos (e alguns engenheiros de minas, entre mui-
tos outros técnicos de nível médio e superior). du-
rante os últimos 40 anos a CBPM realizou mais de 
400 projetos vinculados à geologia, sendo portadora 
de quantidade inusitada de informações do subsolo 
baiano. Entre estes projetos destacam-se aqueles de 
inventário de recursos minerais e ocorrências, mape-
amento geológico básico (em parte conveniada com 
a CPRM e/ou com universidades e empresas), explo-
ração mineral, avaliação de bens e de reservas. Pon-
tificam neste acervo os levantamentos aerogeofísicos 
contratados, que estão expostos na figura I.13. Vários 
depósitos minerais importantes foram descobertos 
pela CBPM e muitos estão em exploração, ao lado do 
que há um bom número de oportunidades concretas 
de investimentos (p.e. ouro, kimberlitos, pedras or-
namentais, vanádio, calcário, barita, areias silicosas, 
areias com titânio, etc.), na expectativa de investido-
res privados empresariais ou compradores.
Um dado adicional sobre a CBPM diz respeito aos le-
vantamentos aerogeofísicos do Estado, promovidos 
entre 1975 e 2009, que são matéria-prima indispen-
sável para todos os projetos de mapeamento geoló-
gico e pesquisas minerais das áreas contempladas. 
O programa, sem similar no Brasil (por parte de es-
tados), tem como objetivo, para o futuro, a cobertura 
aerogeofísica de todo o Estado. São 32 levantamentos 
já realizados pelo Estado, abrangendo uma área de 
cerca de 258.451 km2, totalizando 612.177 km lineares 
de voo (Fig.I.13). (CAPÍTULO II)
Um sistema de geodatabase (IGBA) está sendo orga-
nizado na companhia, para armazenar todos os dados 
possíveis, e que vai permitir consulta franca geral pe-
los usuários e interessados.
Os trabalhos e as edições promovidos pela CBPM 
(Textos Básicos, Séries, Arquivos Abertos etc.) – que 
merecerão detalhamento no item relativo às sínteses 
– e a sua capacidade de interação com outras em-
presas, com a universidade, na promoção de eventos 
científicos, na abertura para treinamento de seu pes-
soal técnico (inclusive no exterior) faz desta empresa 
– considerada a mais bem sucedida do gênero no país 
– um paradigma a ser aplaudido.
4.1.5 O Papel das Universidades
Como já focado acima, a criação dos cursos de geo-
logia no Brasil trouxe um fôlego novo e salutar para 
a evolução do conhecimento geológico. A partir dos 
anos 70, com a introdução dos diversos cursos de pós-
-graduação, o progresso do conhecimento geológico 
se intensificou, porque vários campos novos de inves-
tigação foram abertos.
Vários mestrados e doutorados foram desenvolvidos 
em porções distintas de embasamento (TTG, cintu-
rões granulíticos, greenstone belts, plutonismo gra-
nítico e alcalino) e das coberturas (proterozoicas e 
fanerozoicas s. l.). Muitos excertos destes mestrados e 
doutorados estão publicados no Brasil e no exterior, e 
todos eles (de certa forma) foram conhecimentos ab-
sorvidos e integrados nos grandes trabalhos de sínte-
se (textos e mapas).
Além dos mapas geológicos originados nestes traba-
lhos de pós-graduação (e deles auferidos para as sín-
teses), é válido destacar aqueles trabalhos enfocando 
recursos minerais metálicos e não metálicos os mais 
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Figura I.13 - Levantamentos Aerogeofísicos do Estado da Bahia – áreas levantadas em 1975-2009. CBPM/ SICM
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58 • Geologia da Bahia
diversos, e ainda sobre gemas (esmeralda, ametista, 
citrino, etc.), sobre rochas ornamentais, sobre água 
mineral e recursos hídricos diversos (água subter-
rânea). Estes trabalhos muitas vezes foram feitos em 
associação estreita com a CPRM, CBPM, PETROBRAS 
e a Indústria Mineral. Um levantamento comple-
to destes trabalhos, da metade dos anos 70 para os 
nossos dias ainda está para ser feito, mesmo porque 
muitos deles estão inéditos, ainda. Felizmente, grande 
parte do conhecimento por eles gerado já foi incorpo-
rada em outros trabalhos (de síntese ou não) já pu-
blicados alhures. Além da validade como fatores de 
treinamento e aprimoramento, tem ressaltado o fato 
do contingente de novos conhecimentos que foram 
adquiridos para a geologia baiana.
Além da UFBA, a geologia da Bahia tem sido contem-
plada por trabalhos de pós-graduação (além da pes-
quisa individual de seus professores) de várias univer-
sidades brasileiras de São Paulo, de Campinas, de Mi-
nasGerais, de Ouro Preto, da Universidade de Brasília 
e de Pernambuco (as mais frequentes). No campo da 
geocronologia, a Bahia tem recebido contribuições de 
diversos laboratórios do Brasil (USP, UFPA, UFRGS, 
UnB), mas também de vários laboratórios do exterior 
(USA, Europa, Austrália e França), na maioria das ve-
zes atracados com projetos de pós-graduação (mas 
não necessariamente). Em 1978, quando da edição 
do Mapa Geológico de Inda & Barbosa (1978), a Bahia 
dispunha de cerca de 550 determinações geocrono-
lógicas (métodos Rb-Sr e K-Ar, sobretudo); hoje este 
número é incontável (passa estimativamente de 3.000 
determinações), a grande maioria oriunda de méto-
dos de maior poder de resolução (U-Pb, vários tipos). 
No caso da UFBA, é justo destacar a concentração de 
trabalhos de pós-graduação em problemas de geolo-
gia da Bahia. de 53 teses já defendidas na UFBA, em 
campos diversos (geoquímica, sedimentologia, petro-
logia, geologia estrutural, metalogenia, etc.) cerca de 
75% foram voltadas para problemas geológicos espe-
cíficos do território baiano, e grande parte se trans-
formou em publicações em revistas indexadas.
Não é oportuno e aconselhável discriminar/citar no-
mes de autores de dissertações de mestrado e teses, 
para não cometer injustiças, e porque o conjunto da 
obra é o que fica consignado. Ao seu modo e tempo, 
todos foram importantes. Quem for pesquisar sobre 
estas teses e dissertações de mestrado achará os no-
mes de destaque na sua área de interesse.
Na organização das principais reuniões científicas 
promovidas na Bahia e Sergipe (enumeradas neste 
trabalho), a participação da Universidade e de seus 
professores foi notória, em termos de arregimentação 
de esforços e espaços adequados, busca de recursos, 
na edição de várias publicações específicas etc. 
Nos eventos comemorativos dos 50 anos (1957-2007) 
da criação do curso de geologia na Universidade Fede-
ral da Bahia-UFBA, surgiu a ideia de uma publicação 
dedicada ao registro histórico da evolução do conheci-
mento, documento especial publicado pela Secretaria 
da Indústria, Comércio e Mineração-SICM, trabalho de 
estreita cooperação entre a CPRM, a Universidade, a 
SBG e a CBPM, em 2008. Nesta publicação especial, 
muito bem organizada por geocientistas da CPRM e da 
Universidade (Bahia, 2008, ISBN- 978-85-85680-32-9) 
estão reunidos vários trabalhos clássicos sobre a geo-
logia da Bahia, a maioria deles já publicados, mas que 
estavam bastante dispersos. Estes trabalhos versam 
sobre o embasamento do Cráton do São Francisco e 
de suas coberturas proterozoicas, granitogênese e 
recursos minerais, mas também sobre a Faixa Ser-
gipana, e com algumas inserções de trabalhos sobre 
as bacias sedimentares (Recôncavo e Faixa Costeira). 
Trata-se de uma obra extremamente meritória, opor-
tuna e feliz, que conseguiu resgatar alguns clássicos 
fundamentais da geologia da Bahia e publicá-los num 
único volume, que desde já se insere como uma das 
sínteses mais importantes da geologia da Bahia, neste 
início de século.
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4.1.6 Projeto RADAMBRASIL
Nos anos 70, o Projeto RAdAMBRASIL do dNPM fo-
tointerpretou e integrou ao milionésimo os dados 
geológicos das folhas SC. 23-Rio São Francisco e SC. 
24-Aracaju, somando uma área próxima a 220.000 
km2. Nos anos 80, trabalhos semelhantes foram de-
senvolvidos nas folhas SC. 24-25, Aracaju/Recife, en-
tre os paralelos 8º S e 12º S e na Folha Salvador Sd. 
24 (entre os paralelos 12º S e 16º S). Consoante as li-
mitações da escala e da metodologia (alguns poucos 
trabalhos de campo adicionais), trata-se de contribui-
ções interessantes, com informações sobre a geolo-
gia, a fisiografía, a vegetação e os recursos naturais e 
hídricos, que foram utilizadas, e atualizados de certa 
forma na elaboração posterior dos mapas geológicos 
da Bahia.
5 Síntese
O historiador da geologia da Bahia contará a seu fa-
vor com alguns trabalhos de síntese de qualidade, 
reiteradamente aqui apelidados de alicerces e marcos 
do conhecimento, seja em forma de mapas ao milio-
nésimo (1978, 1996, 2003), seja em termos de publica-
ções especiais (p. e. Geologia e Recursos Minerais do 
Estado da Bahia-Textos Básicos, de 1975 a 1981, Série 
Arquivos Abertos da CBPM – desde 1993, Revista Ce-
râmicas da Bahia, etc.), seja em termos de livros de 
cunho regional (abrangendo o Cráton do São Francis-
co e suas faixas marginais) ou nacional. 
Os mapas geológicos na escala ao milionésimo de Inda 
& Barbosa (1978, CPM-CBPM, com vários textos a ele 
vinculados), Barbosa & dominguez (1996, SICM-SGM) 
e dalton de Souza et al. (2003, CPRM) são documen-
tos de excelente qualificação técnica e rara felicidade 
que, cotejados, conseguem mostrar e aferir evolução 
do conhecimento geológico do Estado (e da região, 
em termos tectônicos). Na esteira destes mapas, e sob 
o respaldo da geologia neles figurada foram editados 
o Mapa Geocronológico (Mascarenhas & Garcia 1989) 
e o de Recursos Minerais (Sá et al. 1980), documentos 
de síntese de muito boa qualidade. Mais recentemen-
te, na mesma esteira, foi editado o Mapa Gemológico 
(escala 1:2.500.000) por Couto (2000). Nestes três úl-
timos casos, sem esquecer o patrimônio de síntese aí 
embutido exitosamente, temos que ressaltar que são 
exclusivos no gênero, sem similares (servindo como 
exemplo) para os demais estados da federação nes-
te e em outros continentes. A atuação da CPRM e da 
Secretaria de Minas e Energia (através de vários dos 
seus órgãos vinculados) merece registro.
Naquele último mapa ao milionésimo, confeccionado 
por dalton de Souza et al. (2003), envolvendo gran-
de parte de toda a equipe da CPRM, além do suporte 
complementar de dados geofísicos (Bouguer, domí-
nios litoestruturais, domínios tectônicos.) e geocro-
nológicos mais atualizados, a sua associação com 
modelo digital de terreno, a característica de ter to-
dos os dados digitalizados e georreferenciados (“GI-
Sados”), e porque não, até a beleza das cores escolhi-
das, é um mapa para sensibilizar quaisquer plateias. 
É um exemplo a ser reiteradamente mencionado e ser 
seguido em qualquer país do mundo. Se o mapa de 
1978 foi excelente e de qualificação inusitada para sua 
época (e foi um exemplo citado e que atraiu muitos 
seguidores), o mapa de 2003 – com os recursos desta 
década – é sucedâneo à altura. de um modo geral es-
tes mapas são de consulta e leitura obrigatória para 
se avaliar o conhecimento geológico do Estado e a 
sua evolução.
Os primeiros textos de síntese a serem mencionados 
são aqueles que seguiram a edição do mapa de 1978, 
editados pela CPM-Secretaria de Minas e Energia/
SME-CBPM sob o título de “Geologia e Recursos Mi-
nerais do Estado da Bahia-Textos Básicos”, editados 
em 1979 (1º e 2º volumes), 1980 ( 3º volume), 1981 (4º 
volume), 1984 (5º volume), 1985 (6º volume), 1986 (7º 
volume). Estão contemplados nestes volumes ele-
mentos da geologia básica, do embasamento e cober-
tura, nos seus mais diversos tempos e formas, a geo-
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cronologia e de alguns tipos específicos de minerali-
zações (ouro, cobre, chumbo, etc.). Trata-se de uma 
coletânea altamente oportuna e elogiável, e desta-
cável como o primeiro esforço de síntese da geologia 
baiana em suas diversas feições e riquezas minerais.
Os livros editados por Almeida & Hasui (1984) e de 
Schobbenhaus et al. (1984, este vinculado ao Mapa 
Geológico do Brasil na escala 1:2.500.000), ao trata-
rem das províncias do São Francisco e da Borborema 
(parte sul), fizeram sínteses de qualidade sobre o arca-
bouço geológico e tectônico regional , inclusive incor-
porando os dados geocronológicos existentes até en-
tão. São consideradas sínteses meritórias e referências 
valiosas para seus respectivos tempos

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