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PSICOSSOMÁTICA E CÂNCER Alex Pinheiro Hianca Rodrigues Jacilmara Luz Pedro Oliveira Priscila Ximenes Virgínia Maia Titular da Sociedade Argentina de Psicoterapia Psicanalítica. Presidente do Comitê de Psiconcologia da Associação Médica Argentina. Ex-professor de Cirurgia da Universidade de Buenos Aires. Membro honorário e Diretor do Comitê de Psicobiologia da Associação Médica Argentina. “ A medicina organicista ensina a “ler” a enfermidade, do ponto de vista do médico e do laboratório. A Medicina Psicossomática, no caso a Psiconcologia, pretende “ler”, escutar e compreender a enfermidade, a partir do paciente. ” José Schávelzon DOS DOGMAS E MODELOS: POR QUE O PSICOSSOMÁTICO PODE SER SENTIDO COMO UMA AGRESSÃO NARCÍSICA? Modelo é um modo de ver ou de explicar uma realidade. Quando um modelo não corresponde a uma realidade, desaparece sem protestos, sendo substituído por um novo modelo. Quando não se adapta à realidade, antes pretende adaptar a realidade a si mesmo, resistindo a ser modificado, não é mais um modelo, mas um dogma. Um dogma é uma proposição pretensamente divina, que nós mesmos tornamos indiscutível. Tudo que se refere a um dogma é julgado como sendo uma verdade superior. As três agressões narcísicas da humanidade A primeira é a agressão cosmológica narcísica ou ao amor-próprio da humanidade, que ocorreu quando tivemos de aceitar que não somos o centro do universo. A segunda é a agressão antropológica, ocorreu quando não se pôde mais discutir, a partir de Darwin, que nada mais somos do que uma forma evoluída na escala animal, assim deixamos de ser a imagem dileta de Deus, como nos tínhamos autodefinido. Mas a terceira afronta foi e é a mais agressiva. Ocorreu quando tivemos de aprender e aceitar, conscientemente, a noção de que não somos os donos e senhores da consciência. Que nossa conduta é guiada por razões frequentemente ocultas a nós mesmos. Foi a afronta psicológica. Mas, qual a razão para sentir o psicossomático como uma agressão narcísica? A psicossomática desconstrói “a necessidade de crenças tranquilizadoras para o homem”. Crer que “os deuses quiseram assim” ou que é “uma decisão inevitável do destino” põe longe de nosso alcance, toda possibilidade de intervenção, de decisão e, especialmente, libera-nos de toda responsabilidade individual e social. Não é difícil compreender e aceitar que, se a Medicina Psicossomática pretende situar o lugar onde nascem as decisões sobre os fatos além da dimensão contextual, e estuda o ser humano e a enfermidade nas dimensões corporal e mental (consciente e inconsciente), estamos pondo dentro de nós tudo aquilo que estava cômoda e tranquilamente do lado de fora. Na saúde, na enfermidade ou na morte, em Psicossomática não se frequenta o templo para rogar ou interrogar os deuses sobre seus desígnios, que nós mesmos tomamos inescrutáveis. Temos agora de interrogar a nós mesmos e procurar no paciente e em seu ambiente. Quando há alguma resposta na concepção psicossomática, ela está dentro de nós mesmos ou na estrutura social, que nós próprios também construímos. Não é a concepção psicossomática, o pôr dentro de nós a responsabilidade pelos fatos da vida, da enfermidade e da morte, o que constitui uma agressão narcísica, uma agressão ao amor-próprio do homem. É agressão quando procuramos mostrar que aquilo é evidente e verdadeiro. Repetindo Freud no seu ponto de vista: O que agride não foi ter descoberto o inconsciente, mas o que agride, para o narcisismo humano, é havê-lo tornado indiscutível. Nem todos estão dispostos a escutar verdades iconoclastas... 3. MITOS E A PERTURBADORA CESSÃO DE PRIVILÉGIOS BIOLÓGICOS. MITOS: Especialmente o mito científíco, é uma resposta racionalizada de sentimentos psicossociais e culturais profundos, poderosos e inconscientes. MITOS: Mitos com pressupostos culturais. Mitos tratados na filosofia. “ Freud, escreve a Einstein que “toda ciência natural desemboca em um mito”. Mitos não precisam ser antigos. MITOS: A Medicina e uma ciência responsável por grande número de mitos. Com maior impacto emocional, reconhecidas ao longo da história como enfermidades sagradas, cujo modelo atual é o câncer. Tratamento do câncer, quando não complementados por uma assistência emocional e psicológica adequada, com frequência permitem apenas que o paciente possa sobreviver por mais tempo... no inferno! A importância de tratar o MITO e a MITOSE Os mitos referentes ao câncer. Refere-se ao câncer como elemento externo, invasor. Algo alheio, que o organismo não pode controlar. O segundo dos mitos a que irei me referir é o de considerar o câncer como um crescimento anárquico, desordenado e tumultuado O diagnóstico precoce do câncer para o melhor resultado do tratamento. O câncer de esôfago, fígado e vias biliares, pâncreas e outros, cujo diagnóstico, por mais precocemente que seja feito, não modifica substancialmente o prognóstico. Privilégios biológicos. A realidade nos indica que é possível o crescimento e desenvolvimento do câncer a partir de células tumorais que sempre existiram no organismo. O que sempre foi um não ego, ou estranho, passou a ser considerado com o ego. Câncer como sendo algo que escapou ao “plano geral do organismo”. Temos um plano geral ? Nesse planos não adoecemos ou morremos ? . . . . OBRIGADO!