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FEVEREIRO/maRçO dE 2012 – anO 2 – nO 13 TVs que quebram rapidamenTe, impressoras que parecem ser descarTáVeis e celulares fora de linha em um ano de uso. a corrida pelo consumo e pelos lucros criou uma manobra comercial cada Vez mais comum em diVersos segmenTos: a ObsOlEscêncIa pROgRamada. um dos mais importantes nomes da administração estreia coluna nesta edição desenhos toscos, piadas criativas e uma nova linguagem da web o combate que virou espetáculo para o público e para o marketing peter senge e o poder da quinta disciplina na administração R$ 12,50 Programados Para acabar HENrY mINTZbErg mEmEs UFc ENTrEVIsTa CAR A N OVA ! aNo No Vo! www.admInIstRadOREs.cOm 3administradores.comFevereiro/Março 2012 30 INFOGRÁFICO A lógica de consumo e do comércio da cauda longa ediTorial índice Não faz muito tempo. Em abril de 2011, fizemos uma reportagem de capa para descobrir quem eram os es- tudiosos pelo mundo que mais estão contribuindo com a Administração. Claro que não poderíamos escolher nomes pelo mero acaso. Tínhamos que consultar fontes confiáveis e que realmente tivessem contato com diver- sos trabalhos desses pesquisadores. E fomos atrás. Colhemos depoimentos de mais de 100 professores uni- versitários de Administração e áreas correlacionadas de todo o país. Entre os nomes indicados como Jim Colins, Michael Porter e Tom Peters, um deles reinou absoluto na maioria das escolhas dos acadêmicos brasileiros: Henry Mintzberg. O canadense, com teorias e estudos que o acompanham por quase 30 anos, conversou conosco um tempo depois, transformando-se numa entrevista memorável que pode ser relembrada em adm.to/entrevista_henry. Mas o melhor de tudo ainda estava por vir e em forma de presente para todos nós que fazemos a Administradores, equipe e leitores. A partir de 2012, Mintzberg será o novo colunis- ta da revista que você lê nesse exato momento, e pro- mete demonstrar todo seu posicionamento crítico e investigativo que o tornou tão admirado na área. Os artigos do canadense vão se juntar a outros quatro colunistas fixos da Administradores: o norte-americano Seth Godin, referência no marketing mundial; Stephen Kanitz, um dos mais lúcidos e pragmáticos nomes da Administração brasileira; Leandro Vieira, criador do www.administradores. com.br; e você, que, em nosso espaço “Artigo do leitor”, tem a possibilidade de contribuir com textos em todas as edições. Nesse mês trazemos também um assunto mais do que polêmico na capa: a obsolescência programada. Através de um trabalho de pesquisa, entrevistas e apuração de fatos – que durou cerca de quatro meses – descobrimos algumas manobras mercadológicas que não fazem o produto durar muito em nossas mãos, seja pelo seu mau funcionamento ou pelo desejo de substituirmos por um novo rapidamente. Mas não para por aí. A Administradores vai falar dos memes, do UFC, do carnaval, de sustentabilidade e até de persuasão - quando convidamos o jornalista Ícaro Allande para sentir na pele por um dia como os pedintes se viram nas ruas. Ah, ano novo cara nova! Fizemos uma transformação (para melhor) no layout também. E lembre-se que você faz a revista conosco e pode interagir a qualquer hora com sugestões, crí- ticas e elogios através do revista@administradores.com.br. Boa leitura! Fábio Bandeira de Mello editor sEja bEm-VINdo, mINTZbErg 14 CaRReIRa Administrando a diversidade nas empresas 12 INsIGht Os problemas do MBA na formação dos líderes | Henry Mintzberg 24 MeNte aBeRta Somente um mito | Por Seth Godin 16 sUsteNtaBILIDaDe Dinheiro que dá em árvore 32 eNteNDa MaIs A cauda longa em quadrinhos (livro) 44 JORNaLIsMO GONZO Cinco fundamentais segredos da arte da mendicância 18 NeGÓCIOs Carnaval: por trás das máscaras e das fantasias 11 PeI, BUF! Como escrever e publicar um livro eletrônico no Brasil 38 CaPa Produtos programados para acabar 06 aMBIeNte exteRNO 07 ONLINe 05 aGeNDa 08 eNtRevIsta Peter Senge e o poder da quinta disciplina na Administração 20 MaRKetING UFC: o combate que virou espetáculo 47 aRtIGO - Aprenda a dar ordens com Zuleica | Por Kelly Cavalcanti - Novas tecnologias, velhas manias | Por Leandro Vieira 49 aDMINIstRaDORes Na hIstÓRIa Walt Disney: o homem que fez da fantasia um negócio 51 aDMINIstRaDOR DO FUtURO O perfil empreendedor do estudante Guilherme Caires 58 PONtO FINaL A função mais importante do administrador | Stephen Kanitz 50 PaPO COM YODa As dúvidas dos leitores tiradas pelo Mestre Jedi 52 FORa DO QUaDRaDO 54 eNtReteNIMeNtO - Curiosidades e humor - Ações para um mundo melhor - Leitura: O fim do marketing como nós conhecemos - Cinema: O palhaço 23 QUIZ Você sabe trabalhar em equipe? 26 teNDÊNCIa Memes criam novas linguagens na web com bastante sucesso 4 administradores.com Fevereiro/Março 2012 @Fabrother Preciso assinar com urgência. rs RT @admnews Orgulhosamente anunciamos que a partir de feve- reiro o grande Henry Mintzberg terá uma coluna... @_inepad Parabéns pela coluna! Com certeza será de grande aproveitamento para gestores e pessoas ligadas à área de negócios! @LeoCarvalhoBr enviou a foto da sua revista e do seu novo calendário: FacEbook E-maILs TWITTEr FaBRICIO aLex Fiquei fascinado com o meu presente de natal, o calendário. Muito bom saber que você é impor- tante. Amo essa revista! Minha mãe ao ver o dia 21/12 como o fim, disse: “Tá faltando o resto!” heCtOR thYsO Vocês se superam a cada edição... Caraca! saMUeL FReItas Adorei ler o artigo de estreia do Seth Godin na edição desse mês. Mais uma vez fiquei surpreso com as novidades que a revista tem, desde a edição zero. Fico muito feliz em ler textos tão eloquentes! Parabéns por tudo! CLaUDIO CavaLCaNte Não sou administrador (não faço curso da área), mas estou curtindo as postagens, o site, a revista... Muito bom! atRaÇÃO Acho as informações importantes e super atrativas para atuali- zação e sugestões para nós administradores. ROsaNa sIMões taMaNhO NÃO É DOCUMeNtO Confesso que, de primeira, achei que a revista continha mais páginas, mas foi só começar a ler que vi que tamanho não é tudo, o conteúdo é excelente e inspirador. Vocês estão de parabéns! Já vejo que a revista acrescentará muito na minha vida, principal- mente profissional e acadêmica. fabrícia ferreira PRÊMIO Por que a revista Administradores não cria um prêmio para os administradores? Por exemplo, concurso de artigos e monogra- fias. Como a revista é nova, um aninho, seria bom para divulgar ainda entre os profissionais e estudantes. Imagine daqui a 10 anos a revista lançando, por exemplo, seu 10º Prêmio Adm? Com várias empresas parceiras e temas possíveis. rubens Teles sUGestÃO Parabéns pela excelente revista e também pelo site. Tenho uma sugestão: um espaço para trata de assuntos ligados à meditação e ioga ou algo do gênero. luciano Troczinski PaRaBÉNs Quero parabenizar a vocês pela revista que estão editando. Real- mente estou muito satisfeito com a mesma e, mesmo atuando como advogado, me interesso por Administração, até porque a minha atividade envolve inevitavelmente a administração de negócios. Sempre encontro ideias inovadoras e motivadoras na revista. aNDRÉ ROBeRtO MaLLMaNN MaNDe taMBÉM O seU ReCaDO PaRa a aDMINIstRaDORes atRavÉs DO revista@administradores.com.br coNTaTos o papel ulTilizado nessa reVisTa possui cerTificado inTer- nacional fsc - nossa proVa de responsabili- dade ambienTal publIshER leandro Vieira leandro@administradores.com.br REdaçãO EdItOR fábio bandeira de mello fabio@administradores.com.br REpóRtEREseber freitas eberfreitas@administradores.com. br, fábio bandeira de mello, ícaro allande, mayara emmily mayara@ administradores.com.br e simão mairins simao@administradores. com.br REVIsãO allana dilene cOlabORadOREs henry mintzberg, hugo cruz, kelly cavalcanti, marcos hiller, mestre Yoda, michael Yaziji, nelson gonçalves, nuria chinchilla, seth godin, stephen kanitz. aRtE dIREçãO João faissal | imaginária design design@imaginaria.cc dEsIgn E IlustRaçãO Thiago castor thiago@administradores. com.br cOmERcIal dIREtOR cOmERcIal diogo lins diogo@administradores. com.br atEndImEntO aO lEItOR anna Valéria Vita annavaleria@ administradores.com.br ImpREssãO gRáFIca moura ramos www.mouraramos.com.br assInatuRas www.administradores. com.br/revista publIcIdadE comercial@administra- dores.com.br +55 (83) 3247 8441 cORREspOndêncIa av. nossa senhora dos navegantes, 415 / 304 - Tambaú - João pessoa - paraíba cep 58039-110 REdaçãO revista@administradores. com.br expedienTe & carTas th in ks to ck 5administradores.comFevereiro/Março 2012 agENda eVenTos | capacItE-sE Formação e certificação Internacional Professional & self coaching Responsável: IBC Coaching Local: Brasília – DF Info: adm.to/coaching_12 9º contecsi Responsável: USP Local: São Paulo – SP Info: adm.to/contecsi Fórum gestão e Liderança Responsável: HSM Local: Vitória – ES Info: adm.to/gestaoelideranca Encontro de marketing anpad Responsável: Anpad Local: Curitiba – PR Info: adm.to/ema_2012 Fórum Hsm Estratégia Responsável: CRA/SP Local: São Paulo – SP Info: adm.to/hsm_estrategia seminário Hsm – Philip kotler Responsável: HSM Local: Recife – PE Info: adm.to/seminario_hsm Formação de consultores Responsável: Cegente Local: São Paulo – SP Info: adm.to/ formacao_consultores rio content market Responsável: ABPI-TV Local: Rio de Janeiro – RJ Info: adm.to/riomarket12 Family business 2012 Responsável: HSM Local: São Paulo – SP Info: adm.to/business_12 congresso Nacional sobre gestão de Pessoas Responsável: ABRH Nacional Local: São Paulo – SP Info: adm.to/conarh12 09 FEV 2012 30 maI 2012 27 maR 2012 20 maI 2012 22 maI 2012 18 Jun 2012 11 FEV 2012 29 FEV 2012 17 abR 2012 16 agO 2012 CENTRAL DE ATENDIMENTO: 46 3225 6234 EMAIL/MSN: VENDASHABIL.COM.BR SKYPE: VENDASHABIL1 | VENDASHABIL2 | VENDASHABIL3 KOINONIA SOFTWARE LTDA. RUA ITAPUÃ, 1258 CEP 85504060 PATO BRANCO PR WWW.HABIL.COM.BR/PLUS *Promoção válida de 01/02/2012 até 24/02/2012, para leitores e assinantes da Revista Administradores. **Valor para uma licença de uso, para uso em rede conheça nossos descontos. Atenção: Especificações, preços e outros itens desse anúncio podem ser alterados sem prévio aviso. ACESSE E CONHEÇA EM DETALHES TODAS AS ROTINAS DA VERSÃO PLUS WWW.HABIL.COM.BR/PLUS 25% DE DESCONTO* POR APENASR$ Pagamento único** De 349,00 261 CONTROLE FINANCEIRO ENTRADAS E SAÍDAS DE ESTOQUE PEDIDOS ORÇAMENTOS ORDENS DE SERVIÇOS KIT'S CCONDICIONAIS COMISSÕES INFORMAÇÕES DE CLIENTES PRODUTOS E FORNECEDORES HÁBIL GRÁFICOS E MUITOS OUTROS RECURSOS... CO M U M INFORMATIZE SUA EMPRESA 6 administradores.com Fevereiro/Março 2012 ambienTe exTerno | RápIdas Irã E IsraEL acENdEm sINaL amarELo Para coNFLITo NUcLEar cEs mosTra INoVaçõEs TEcNoLógIcas Para 2012 a VEr NaVIos soPa NELEs 2011 terminou sob a tensão das revoltas populares que se espalharam por todo o planeta. Mas 2012 começa ainda mais nervoso diante da iminente guerra entre Israel e Irã, que pode acabar envolvendo também as maiores potências do mundo num conflito em que as armas nucle- ares são a grande ameaça. O governo israelense, que havia planejado reduzir seu orçamento de Defesa, aumentou-o em US$ 700 milhões. Já os iranianos intensificaram as manobras militares. Para piorar, o governo dos EUA – aliado histórico do estado judeu – ameaçou atacar o regime de Ahmadinejad caso o transporte de petróleo no Oriente Médio seja bloqueado pelo exército israelense. Novos smartphones, tablets, relógios de pulso, máquinas fotográficas, televisores, players de música e outros aparelhos eletrônicos que devem ditar a moda dos gadgets em 2012 foram apresentados na última edição da Electronic Consumers Show (CES), que aconteceu entre os dias 9 e 13 de janeiro, em Las Vegas. As principais novidades ficaram por conta das novas tecnologias de Smart TVs apresentadas pela Samsung e LG: as telas OLED conferem maior contraste e realismo às imagens. Já os ultrabooks, evolução programada dos notebooks para enfrentar o formato tablet, devem garantir o mercado dos computadores portáteis e acabar de vez com os netbooks. O navio de cruzeiro Concordia bateu em uma rocha nas proximidades da ilha de Giglio, na costa da Itália, e naufragou na noite de sexta- -feira (13 de janeiro). O incidente, que deixou mais de 10 mortes, aconteceu após um erro de cálculo do capitão Francesco Schettino. A embarcação era o símbolo da empresa italiana Costa Cruzeiros, que o fez um verdadeiro palácio flutuante, com dezessete andares e 290 metros de comprimento por 38 de largura. Ao todo, 4.229 pessoas viajavam no navio, que levava 3.209 passageiros de 62 países. Não é de hoje que tentativas internacionais obscuras, que visam pôr uma catraca na internet, são tramadas entre nações e corpo- rações. Recentemente, dois projetos de lei apresentados no Congresso norte-americano, apoiados pela indústria da música e dos filmes, renderam reações furiosas de internautas e de companhias de internet: o Stop Online Piracy Act (SOPA) e o Protect IP Act (PIPA). Com a justificativa de proteção de direitos autorais, mas preveem medidas abusivas contra usuários e empresas, ambos projetos foram adiados. muItOs pERIgOs nOs amEaçam, mas dOIs dElEs, a guERRa nuclEaR E a mudança clImátIca, sãO dEcIsIVOs E ambOs EstãO cada VEz maIs lOngE dE apROxImaR-sE dE uma sOluçãO FIdEL casTro ex-líder cubano no artigo “a marcha para o abismo”, publicado na internet. O nOssO RElacIOnamEntO dE lOngO pRazO cOm a mOtOROla mObIlIty aJudaRá a acElERaR a aRquItEtuRa da IntEl paRa nOVOs sEgmEntOs dE mERcadO dE mObIlIdadE PaUL oTELLINI ceo da intel comentando a parceria junto à motorola mobility para desenvolvimento de chips em smartphones e tablets. É pOR IssO quE Eu FIz quEstãO dE REunIR tOda mInha FamílIa, mEnOs luIza quE Está nO canadá gErardo rabELLo colunista social paraibano em um comercial que virou hit na internet e tornou-se um dos temas mais comentados nas redes sociais. FatuREI us$ 1,3 bIlhãO Em sEIs anOs ParIs HILToN socialight norte-americana ao afirmar que é uma mulher de negócios. ela possui 35 lojas e uma série de produtos licenciados. FRASES Smartphone Lenovo S2 di vu lg aç ão 7administradores.comFevereiro/Março 2012 online | www.admInIstRadOREs.cOm 5 dIcas Para FaZEr o sEU NEgócIo bombar Na WEb os maLEs do PErFEccIoNIsmo o qUE Não EscrEVEr No cUrrícULo FoI dEsTaqUE Na WEb qUEm mExEU Nos mEUs coNsUmIdorEs? caLL Track comUNIdadE admINIsTração ENTrEVIsTa scaN To PdF LIdEraNça Para a sUsTENTabILI- dadE, Um rEcUrso rENoVáVEL Uma boa estratégia de marketing em plata- formas como Facebook e Twitter gera ainda mais oportunidades para empresas O perfeccionista precisa compreender que, diante de suas expectativas, o ótimo geral- mente será inimigo do bom Confira nove excessos cometidos pelos candidatos. E fuja deles! Ricardo Pomeranz mostra como a revolução digital mudouhábitos e transformou os antigos clientes em agentes ainda mais decisivos nos negócios. Através do aplicativo, você consegue verificar todos os status das suas ligações, como horários, datas e quem ligou. O programa é integrado com a agenda do Google. Ideal para quem necessita enviar diferentes documentos e não quer que eles sejam modificados. Com o Scan to PDF você gera o arquivo em PDF e envia sem preocupação. Ricardo Voltolini destaca que coragem e persistência são dois atributos importantes dos líderes. Comunidade de alto desempenho voltada a discussões e debates em torno da Administração. “Se uma empresa entrar 100% na sustentabilidade, ela quebra”, diz o especialista em marketing Albélio Dias, vice-presidente de sustenta- bilidade da Academia Mineira de Marketing. Participe dos fóruns de discussão e leia as entrevistas feitas com os executivos. TWITTEr @admnews FacEbook adm.to/ facebookadm orkUT adm.to/ orkutadm LINkEdIN adm.to/ linkedinadm ARTIGOS #FICADICA INFORMAçÃO adm.to/5dicasweb adm.to/mudanca_cliente adm.to/lider_sustentavel adm.to/comu_administracao adm.to/lideranca_sustentavel adm.to/curriculoerrado adm.to/perfeccionismo> > > > > > > appENQUETE 68.74% 16.31% 14.95% sim, um eletrônico (computador, celular, aparelho de som etc.) sim, um eletrodoméstico (geladeira, microondas, liquidificador etc.) não Você já TEVE aLgUm ProdUTo qUE ParoU dE FUNcIoNar com mENos dE doIs aNos dE Uso? th in ks to ck 8 administradores.com Fevereiro/Março 2012 enTreVisTa | pEtER sEngE Para o autor de A quinta disciplina, é possível que todos os níveis de uma organização trabalhem com o mesmo grau de engajamento, desde que os administradores estejam comprometidos com isso. por simão mairins | foto divulgação Peter Senge, um dos mais renomados estudiosos da Administração, conversou com a Administradores na última edição da HSM ExpoManagement Todos podem ser líderes no seu espAço de TrAbAlho 9administradores.comFevereiro/Março 2012 Você costuma dizer que os líderes devem ser “idealis- tas pragmáticos”. Na prá- tica, o que isso significa? Você é reconhecido no mundo todo como um dos principais nomes do pensamento estraté- gico, pela relevância dos seus estudos e a aplicabilidade de suas teorias. Entretanto, colo- car em prática, por exemplo, a sua quinta disciplina é algo ainda um tanto difícil para algumas empresas, principal- mente em mercados menores, onde o pragmatismo fala mais alto. como você avalia o nível de aprendizado das empre- sas hoje, principalmente nos mercados emergentes? sim, a eles, principalmente. Em primeiro lugar, quando diz líde- res, você se refere aos chefes? Eu não passo muito tempo em países como o Brasil. Então não tenho tanta experiência para falar sobre eles. Eu acho que há mais oportu- nidades em mercados emergentes, porque há muito espaço para experimentação. Uma das empresas que eu conheço bastante no Brasil é a Natura, uma empresa grande hoje. Mas há 20 anos não era assim. E eles tinham uma visão muito clara do impacto social que desejavam ter, vendendo com uma rede grande de pessoas que, talvez, seriam muito pobres se não tives- sem esse emprego de consultoras da Natura. E buscando comprar produtos que fossem realmente naturais e que fossem consumidos de uma forma sustentável. Então acabou surgindo um espaço muito grande para a inovação. Em primeiro lugar, eu não acho que a quinta disciplina seja tanto uma teoria, é mais prática, uma prática que nós aprendemos das outras empresas. Uma empresa como a Natura tem descoberto, sozinha, uma série desses princí- pios básicos, olhando o sistema mais amplo do qual eles fazem parte, uma visão forte daquilo que eles querem criar e tendo um compromis- so com o desenvolvimento pessoal dos seus funcionários. Embora esses movimentos sejam naturais, não significa que sejam fáceis. Tudo que aprendemos, aprendemos de empresas que aplicaram esses conceitos de forma bem sucedida numa inovação de longo prazo. É sempre bom tentar esclarecer isso, porque há muitos tipos de líderes. E muitos deles não são chefes de ninguém. Se estamos falando sobre negócios, é importante você estar atento ao de- sempenho da empresa. Mas você tem que prestar atenção também a um mundo mais amplo. E o que acontece nesse mundo? Qual é a minha visão pessoal? Tenho que entender como eu quero que minha empresa, minha organização, contribua para esse mundo mais amplo. É bastante simples. xpressões como “van- tagem competitiva”, “domínio pessoal” e “visão compartilhada” são cotidiana e exaustivamente repetidas nas organizações, seja pelos diretores e gerentes, seja pelos empenhados cola- boradores. Compreendê-las na prática, entretanto, é o que de fato faz a grande diferença. Pelo menos é o que pensa o norte-americano Peter Senge. PhD em Management pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology, ele é autor do prestigiado livro A quinta disciplina, em que apresenta as cinco competências que considera fundamentais para o sucesso de um modelo administrativo, sendo a última delas – visão ampla ou raciocínio sistêmico – a mais importante. Para o estudioso, o administrador precisa compreender o mundo como um grande corpo do qual ele e a organização que dirige fazem parte. “Tenho que enten- der como eu quero que minha empresa contribua para esse mundo mais amplo”, afirma Senge, para quem o desempenho de um negócio está diretamente relacionado a essa capacidade de percepção sistêmica daqueles que o comandam. Senge destaca ainda que a liderança dentro das organizações não precisa estar restrita aos diretores e gerentes. Para ele, na verdade, a possibilidade de cada profissional agir como líder no exercício do seu trabalho é um dos fatores que podem garantir que todos atuem com o mes- mo grau de engajamento, colocando em prática outra das suas disciplinas, a “visão compartilhada”. E faz uma importante ob- servação: nem todos os líderes comandam alguma coisa. E 10 administradores.com Fevereiro/Março 2012 enTreVisTa | pEtER sEngE acerca das iniciativas da chamada wikieconomia ou economia colaborativa, elas podem ser consideradas como um instrumento de aprendiza- do contínuo entre empresas? outra das cinco disciplinas que você elenca em seus estudos sobre aprendizado nas empresas é a visão ampla, que na prática significa justamente conse- guir das equipes compromisso e en- gajamento em vez de mera aceitação do trabalho. Você não acha um tanto utópico querer o mesmo nível de engajamento em todos os níveis de um sistema hierár- quico onde cada parte desfruta de forma diferenciada dos resultados? E qual é essa diferença? sobre a sua disciplina que trata do aprendizado nas empresas, é importante que os colabora- dores entendam que aprender coletivamente é a melhor maneira de todos, inclusive a companhia, crescerem. como as empresas podem provar aos seus funcionários que isso será de fato bom para todos? como atestar que o todo pode ser maior que a soma das partes? Quando você tem uma economia, creio eu, que requer colaboração, essa é a circunstância ideal para analisar como todos funcionam juntos. Por exemplo, se você olhar comunidades rurais tradicionais ou estruturas tribais mais antigas, lá as pessoas têm que trabalhar juntas. Quando há crescimento, as empresas estão se desenvolven- do, muita gente acaba lutando individualmente. Mas aprender a ter eficácia na colaboração é fun- damental para a sobrevivência das economias de hoje. Isso pode ser tão simples quanto,por exem- plo, você trabalhar com seus fornecedores chave. Que tipo de relação queremos criar? Con- fiança é uma coisa complicada. Porque, por um lado, pode parecer que basta parecer simpático com o outro. Mas quando há uma relação de confiança real, nós podemos questionar um ao outro e levá-lo a aprender. Então, na verdade, as relações baseadas em colaboração mútua e na confiança são relações básicas para o desenvolvimento das pessoas. Em momentos econômicos difíceis é ainda mais importante desenvolver essas competências em colaboração. Não acho que seja utópico, acho que é uma visão. Depende do que você quer dizer com utópico. Muitas ve- zes, utópico pode querer dizer “não impossível”. Eu vi isso acontecer muitas vezes e vejo que isso não é impossível, mas requer um certo comprometimento por parte dos gestores, no sentido de criar opor- tunidades para as pessoas descobri- rem seus próprios compromissos. Voltando àquilo de que estávamos falando antes, você tem que acredi- tar que as pessoas, independente do trabalho ou da função que exercem, prefeririam estar comprometidas com o seu trabalho. Essa é uma premissa muito importante. Se você não tem essa premissa, tudo isso não serve para nada. Você precisa realmente acreditar que há algo desejado pelas pessoas, e deve ser um gestor que crie essas condições. Eu acho que é bem diferente da forma como a maioria das empre- sas funcionaram historicamente. Elas crescem e os gestores acham que o trabalho deles é simplesmente dar ordens para as pessoas, e não ouvir, tratar todos como líderes. No exército norte-americano eles dizem que o seu primeiro dia como líder é o primeiro dia no trabalho. Então o interessante é acreditar que todos podem ser líderes no seu espaço de trabalho. Eu uso esse exemplo porque o exército é um arquétipo claro do que é a hierarquia. Então essa disciplina é perfeitamente compatível com a hierarquia, se os gestores realmente estiverem comprometidos com isso. Então, não acho que seja algo utópico. Pelo contrário, acredito que seja muito prático. Porém difícil. Eu acho que as pessoas têm que provar para elas mesmas. Não é função da empresa conven- cer ninguém. Os bons gestores criam espaço e oportunidades para que as pessoas trabalhem juntas de forma eficaz. E aí as pessoas desco- brem sozinhas. O que é muito importante aqui é perceber o seguinte: isso faz parte da natureza humana. Os seres humanos são seres sociais. Naturalmente, somos indivíduos também. Mas todo mundo tem a percepção de que o seu bem estar depende das suas redes e da colaboração. Se você perguntar o que é mais importante para as pessoas no ambiente de trabalho, a maioria dirá que gosta de fazer parte de equipes onde possa aprender, onde o trabalho seja realmente interessante, que tenha um significado, que faça sentido, e que permita estabelecer relações de importância real. Então os gestores não têm que convencer as pessoas disso, eles só precisam parar de dificultar essas relações. Não é função da empresa convencer ninguém. Os bons gestores criam espaço e oportunidades para que as pessoas trabalhem juntas de forma eficaz. No exército norte- -americano eles dizem que o seu primeiro dia como líder é o primeiro dia no trabalho. 11administradores.comFevereiro/Março 2012 PEI, BUF! como – E Por qUE – PUbLIcar Um LIVro dIgITaL No brasIL? por eber freitas | imagem thinkstock mercado é imaturo, pouco lucrativo e quase inexplorado. Então, por que um autor se ar- riscaria a publicar um livro digital no Brasil? A resposta é simples: para não ser ultrapassa- do pela onda das tendências que começa a ganhar força. Livros digitais não apresentam risco de encalhe, não neces- sitam de um sistema logístico para distribuição – que representa 50% do custo dos livros –, são produzidos de maneira distinta e são igualmente isentos de impostos. A Amazon – que está prestes a iniciar suas atividades no Brasil – já admitiu que suas vendas de livros em formato digital ultrapassaram os impressos, e a popularização de tablets e dispositivos de leitura (e-readers) deve estimular mais o comércio de publicações nesse formato. Claro que ainda existe uma profunda insegurança do ramo, e a primeira questão decorre da incapacidade do mercado brasileiro de definir uma precificação dos produtos. No entanto, o livro digital mostra ter um campo fértil para novos negócios. Com a ajuda do publisher Marcos Torrigo e do consultor editorial Alexandre Linares, elaboramos um pequeno guia com cinco passos para você publicar o seu livro digital. O Escolha uma editora ou editor de confiança Analise os melhores pontos de venda na web Estude a possibilidade de impressão sob demanda Ainda tem alguma dúvida? Negocie Conquiste e articule leitores 1 3 5 ? 2 4 Desde o “renascimento editorial” do começo do século 20, autores e editores cultivam um relacionamento que vai além da impessoalidade cliente/serviço. São colegas próximos, que vão compartilhar o mesmo sucesso ou a mesma desgraça de uma publicação. Apesar de o autor ganhar autonomia no mercado de livros digitais, o trabalho editorial está se reconfigurando e continua sendo uma peça importante na cadeia de produção. Portanto, escolha uma editora com perfil arrojado, confiável e que já tenha experiência com livros digitais. O Brasil já conta com algumas e-bookstores, e a chegada da Amazon no país vai estimular esse mercado com outras livrarias digitais. Além disso, possivelmente outras grandes redes, como a Barnes & Noble, devem desembarcar nessas terras brevemente. Geralmente as editoras também vendem os livros diretamente, e nada impede que o autor crie a sua própria página para divulgar suas obras e interagir com os leitores. A versão digital do livro emplacou e vendeu cinco mil “cópias”? É possível que alguns leitores queiram uma versão física, com um acabamento tradicional, para poder guardar na estante e folhear nas horas de folga. Se a quantidade de pedidos for compatível com os custos de impressão e distribuição, não há motivos para relutar em produzir uma versão física do livro. Se não deu certo da primeira vez, tente novamente. É bom lembrar que o mercado de livros digitais no Brasil é incipiente e requer tentativas arriscadas, de autores e editoras de vanguarda. Entre em contato conosco através do e-mail revista@ administradores.com.br e envie sua pergunta. As dúvidas serão respondidas por especialistas na área e publicadas na Coluna da Redação, no Portal administradores. Os ganhos do autor na publicação dos livros físicos é de 5% a 10% do preço de capa. Verifique a prática de precificação e remuneração da editora - se você tem o interesse de obter algum ganho -, lembrando sempre que lucrar com a venda de livros, sobretudo digitais, não é para qualquer escritor, e cobrir os custos de produção já é considerado um bom resultado. Cerca de 50% da composição do preço nos livros físicos é destinada ao processo de distribuição, o que não ocorre, logicamente, com os digitais. Por conta dessa indefinição, é bom que o autor participe da elaboração de estratégias de marketing e vendas. Uma das grandes oportunidades na internet é a possibilidade de interação com um grande número de pessoas. Autores podem se tornar populares se souberem usar boas estratégias para conquistar leitores com um estilo textual único ou ideias inovadoras disseminadas através de blogs, por exemplo. E o propósito de um livro é chegar até os seus interessados. Se um autor conseguir algumas centenas de fãs no Facebook e alguns milhares de seguidores no Twitter, vaiconseguir emplacar boas vendas. 12 administradores.com Fevereiro/Março 2012 insighT MBA educAção dA AdminisTrAção em movimenTo uem nos colocou nessa situação? Os responsáveis pela crise finan- ceira não são somente econo- mistas irresponsáveis e credores gananciosos. Os líderes também tiveram o seu papel, afastando-se da administração de suas companhias e dos seus eventos do dia-a-dia. E por trás disso está um processo educacional que encoraja esse comportamento. Q Como eu explico detalhadamen- te no meu livro, Managers not MBAs (MBA? Não, obrigado!, no Brasil), o MBA é uma educação mais refinada – mas sobre funções de finanças, não no exercício de gestão. Gestão é uma prática que deve ser aprendida no ambiente de trabalho: nenhum gestor, muito menos líder, foi formado em uma sala de aula. Na verdade, programas de MBA que dizem fazê-lo deixam a impressão que os seus graduados podem gerir em qualquer contexto profissional. Isso é uma falácia e um perigo. Então qual é o objetivo da educação de gestão? Resumindo, ela deve mesclar-se ao desenvolvi- mento organizacional e de gestão. Para começo de história, precisa ser restrita àqueles que já exercem funções de gestão no ambiente de trabalho. Ao invés de retirá-los para a sala de aula, eles deveriam seu trabalho para refletir sobre as suas experi- ências. No programa International Masters in Practicing Management, que está funcionando desde 1996, os gestores participantes sentam- -se em mesas redondas de uma sala de aula comum para que possam refletir sobre as suas experiências e partilhar insights entre si. Tudo que nós educadores ensinamos é carregado para essas mesas e conectado ao contexto. Esta se provou uma forma poderosa de aprendizado. O nosso desafio, contudo, vem sendo carregá-la para o ambiente de trabalho onde ela pode ter um impacto real. Ultima- mente nós utilizamos duas maneiras criativas de alcançar esse objetivo: uma que agrega o aprendizado da sala de aula ao lugar de trabalho e uma que traz o aprendizado diretamente ao local de trabalho. Nós acreditamos que essas duas ideias podem formar uma revolução no desenvolvimento de gestão e educação. dUas soLUçõEs Nunca mande uma pessoa alterada para uma or- ganização inalterada. Todos nós já ouvimos isso, e mesmo assim é o que fazemos. Nos programas, nós podemos encorajar os gestores a utilizar o seu aprendizado, seja transmitindo-o a seus cole- gas de trabalho ou usando o que eles aprenderam para transformar as suas organizações. Muitos gestores fazem ambos, mas dificilmente de uma forma suficientemente coordenada e metódica. O problema é que o grupo de alunos na sala de aula se divide depois em gestores sozinhos em seu ambiente de trabalho. Nós discutimos o assunto em um workshop com representan- tes de duas das companhias envolvidas com o IMPM desde a sua criação, Lufthansa e Rio permanecer em suas posições, alternando entre discussões no curso e aplicações práticas. Dessa forma, intercalando o aprendizado com a ação, essa educação pode conectar-se mais eficientemen- te à experiência de trabalho. É fácil falar, mas como fazer? Estivemos trabalhando há 15 anos em um conjunto de programas incomuns, criados com a ideia de que gestores aprendem melhor recuando um passo das pressões do por henry mintzberg | imagem thinkstock www.coachingourselves.com www.impm.org > > Nenhum gestor, muito menos líder, foi formado em uma sala de aula. Ensinar técnicas de gestão desassociadas da experiência de trabalho produziu toda uma geração de gestores ruins. Existe uma maneira melhor. henry mintzberg é um dos autores mais produtivos da Administração na atualidade – com 16 livros publicados (quase todos considerados referências na área). Ele é professor na McGill University, co-fundador do International Master’s Program in Practicing Management, usado por institutos de ensino em Administração no Canadá, Inglaterra, Índia, China e Brasil, e da empresa de desenvolvimento de gestão CoachingOurselves. 13administradores.comFevereiro/Março 2012 seus próprios gerentes, mas não tinha orçamento para mandá-los todos a algum programa. Então sugeriu que nós trouxéssemos esse tipo de aprendizado ao seu lugar de trabalho: periodicamente reunir os seus gerentes ao redor de uma mesa para que possam refletir sobre as suas experiências e partilhar as suas preocupações e insights. Ele fez exatamente isso, de manei- ra informal em almoços a cada semana, usando parte do material do IMPM para iniciar as discussões. Essa ação foi tão bem-sucedida, tanto promovendo mudanças no ambiente de trabalho quanto desen- mente efetivas em seus negócios. Essas são duas ideias simples: ligar o aprendizado na sala de aula ao ambiente de trabalho e trazer o aprendizado em si para esse ambiente. Em ambos os casos, os gerentes usam o conhe- cimento adquirido para imple- mentar mudanças. Mas a grande diferença da educação de gestão convencional é o fortalecimento da ligação entre os gestores e as suas organizações. E essa pode ser uma boa forma de ajudar a prevenir outra confusão administrativa. volvendo os gerentes, que continuou por dois anos. Essa experiência nos levou a incorporar a ideia na forma do coachingOurselves.com, per- mitindo assim que outros grupos de gerentes façam o mesmo. Hoje, as companhias se juntam ao programa, formam pequenos times de gestores e fazem o download de materiais sobre vários tópicos de gestão (por exemplo, Desenvolvendo a Nossa Organização como uma Comunida- de, Reconhecendo a Gestão Média) para aperfeiçoamento pessoal e or- ganizacional. Algumas companhias estão usando o Coaching Ourselves para trazer mudanças verdadeira- Tinto, e chegamos a uma intrigan- te solução: reforçar cada gestor na sala de aula com um “time de impacto” em sua empresa com- posto de subordinados diretos ou colegas de mesmo nível. Essas pessoas participam efetivamente do programa, mas virtualmente: um aluno efetivo alavanca cinco outros em seu trabalho. Juntos, eles podem tornar-se um time entusiasmado para implementar mudanças. A segunda ideia, trazer o aprendizado ao lugar de trabalho, veio de um gerente familiar com o nosso programa IMPM. Ele sentiu a necessidade de desenvolver os 14 administradores.com Fevereiro/Março 2012 carreira | cOmpORtamEntOs dIFEREntEs Diversas práticas empresariais de sucesso mostram que ter profissionais com pensamentos e ideologias variadas pode se tornar um diferencial competitivo fora de série. O desafio, então, está em gerenciar essa diversidade. por nuria chinchilla albiol e hugo cruz* | ilustração thinkstock AdminisTrAndo A diversidAde nAs empresAs 15administradores.comFevereiro/Março 2012 Mesmo assim, para muitas empresas, o gerenciamento de diversidades é encarado apenas como o preenchimento de certas quotas para a incorporação de minorias e mulheres. No en- tanto, esta abordagem carrega um problema sério: o simples alcance da diversidade atual. a dIVErsIdadE da dIVErsIdadE O alcance dos critérios de diver- sidade usados hoje pelas organi- zações tornou-se tão amplo que é praticamente ingovernável no nível prático. Isso ocorre porque a diver- sidade passou a incluir diferenças não só de raça, gênero e credo, mas também de idade, experiên- cia, educação, papéis e mesmo de personalidade. Muitos desses fatores são de gerenciamento difícil. Com isso, o gerenciamento corporativo das diversidades foca as circunstâncias que são admi- nistráveis e podem ajudar a obter unidade dentro da organização. Há duas áreas para as quais a alta administração pode voltar-se: as motivações das pessoas para agir ou suas competênciasprofissio- nais e capacidades de liderança. Força mULTINacIoNaL Seja qual for o perfil ou a cultu- ra, as motivações que levam as pessoas a realizar ações podem enquadrar-se em três tipos: extrín- seco, intrínseco e transcendente. Motivações extrínsecas são as que dizem respeito à satisfação de uma série de necessidades tangíveis. O dinheiro é considerado a motivação universal predominante. Existem também algumas necessidades intangíveis no nível individual, como prêmios e reconhecimento. Em contraste, pessoas com motivações intrínsecas participam com boa vontade de tarefas com o objetivo de aprender e melhorar suas competências e capacidades. Assim, sua satisfação vem do próprio trabalho. Finalmente, se as pessoas são guiadas por motiva- ções transcendentes, elas enten- dem que seus atos afetam outros e podem levar em consideração as necessidades dessas pessoas. Para elas, a satisfação vem do fato de serem úteis para outros. A força da motivação de uma pessoa depende do grau com que cada tipo de motivação determi- na sua conduta. Alguém que é orientado primariamente por fatores externos é considerado como tendo uma motivação relativamente fraca, pois assim estará preparado para agir em troca de um ganho máximo e frequentemente de curto prazo. Se suas motivações forem mais intrínsecas, elas deixarão de contribuir para a organização logo que tiverem atendido suas neces- sidades ou quando um desafio for inferior às suas expectativas. Se suas motivações forem transcen- dentes, elas só cessarão de agir quando tiverem superado todos os seus desafios ou tiverem atendidas as necessidades de outras pessoas dentro e fora da organização. dIVErsIdadE dE comPETêNcIas Se as organizações desenvolverem uma melhor compreensão das forças motivacionais que agem sobre os diferentes profissionais, terão maior capacidade para gerenciar a integração e o desen- volvimento de cada um. Quando as motivações para agir de uma pessoa forem predominantemente extrínsecas, elas terão primariamen- te necessidade de competências de negócios, como conhecimento do mercado ou capacidade de análise. Dito isso, deve ser lembrado que focar exclusivamente nes- se tipo de competência cria um gerenciamento mecânico, onde o único objetivo é o retorno positivo. Quando uma pessoa é orientada por motivações intrínsecas, precisa complementar suas competên- cias de negócios com talentos interpessoais, como comunica- ção, administração de conflitos, carisma e trabalho de equipe. Esta abordagem de gerencia- mento dá origem a um paradigma psicossocial, dentro do qual a organização procura ser efetiva e também atrativa para os funcio- nários e para toda a sociedade. Por último, pessoas cujas ações são orientadas por motivações transcendentes exigem um estilo de liderança bem mais pessoal, além de líderes que atingem a excelência não só em termos de competências interpessoais e de negócios, mas também no nível intrapessoal. Existem oito competências básicas necessárias para este tipo de liderança: gerenciamento de estresse, autocrítica, autoconscienti- zação, capacidade de aprendizado, tomada de decisões, autocontrole, equilíbrio emocional e integridade. Empresas que buscam desenvol- ver este tipo de talento devem ser gerenciadas com um paradigma antropológico, que busca obter não só a eficiência e a atratividade, mas também a unidade organizacional. UNIdadE Em FacE da dIVErsIdadE Recrutar e manter funcionários com perfis diversos pode ser uma fonte de vantagens competitivas. Entretanto, o objetivo último da empresa não deve ser apenas o de aumentar sua diversidade. Em vez disso, ela deve esforçar-se para obter a unidade dentro da organi- zação, construindo um alto nível de compromisso entre seus funcioná- rios apesar de suas diferenças. O compromisso é obtido quando a força motivacional está em alta, baseada primariamente em motivações transcendentes. Para fazer com que isso aconteça, as políticas de gerenciamento de diversidades devem estar de acordo com um paradigma antropológico que valoriza a dignidade de cada pessoa como única, que não pode ser discriminado por causa de diferenças externas ou internas. Para chegar a isso, as empresas devem fazer do gerenciamento de diversidades uma parte integral de sua declaração de missão, além de torná-lo compatível com as motivações de seus funcionários. o ambiente atual das empresas, a diversidade não é apenas uma realidade diária para as organiza- ções: é uma necessidade funda- mental do negócio. Para competir em um mercado global altamente dinâmico, as empresas precisam atrair e reter talentos de um espectro bem amplo de países, grupos de idade e culturas. Dessa forma, o ge- renciamento de diversidades tornou-se um imperativo estratégico, cujo impacto vai muito além das políticas de recrutamento e contratação. *nuria chinchilla albiol é consultora sobre alta gerência em diversas empresas europeias e professora phd em administração pela escola de negócios iese – eleita uma entre as dez melhores escolas de negócios do mundo. www.ieseinsight.com> *hugo cruz é pesquisador na escola de negócios iese. N 16 administradores.com Fevereiro/Março 2012 negÓcios | sustEntabIlIdadE É chegada a hora de rejeitar a “sustentabilidade por redução” para fomentar a “sustentabilidade lucrativa”. E não se espante: há muitas oportunidades de negócios nesse mundo com recursos naturais cada vez mais limitados. por michael yaziji* | ilustração thinkstock O mercado financeiro está se submetendo a uma micro-revolução em sua maneira de fazer negócios, já que as próprias indústrias nas quais investe estão passando por revoluções. Há dez anos, investi- mentos socialmente responsáveis no mercado financeiro correspondiam a um nicho pequeno. Atualmente, eles se incorporam rapidamente e, num futuro próximo, serão tidos como pré-requisito no mercado. Se direcionarmos nossos olhares para o coração da Europa, poderemos notar que entre 2009 e 2010 a Suíça apresentou um aumen- to de 23%, atingindo $48 bilhões de ativos de gestão que usam critérios de sustentabilidade em suas estra- tégias de investimento. Esse tipo de crescimento se reflete de forma similar em mercados mais amplos. Entre 2008 e 2009, o crescimento desse tipo de ativos foi de 87% na Europa, totalizando $7 trilhões. Nos EUA, os ativos socialmente responsáveis aumentaram em 380% de 1995 para 2010 com $33 trilhões, representando 1/8 do total dos ati- vos sob administração profissional. Investimentos socialmente responsáveis são considerados a “bola da vez” simplesmente porque fazem sentido. Os riscos por não se levar em conta os impactos ambientais, sociais e a governança vêm crescendo e continuarão a crescer. Se você é um administrador de ativos, os riscos e oportunidades perdidas por não considerar os fatores mencionados acima incluem: » Investimentos em produtos ou serviços cujas demandas estão em declínio e sofrem expectativas de mudança. Não é conside- ealizar previsões é um jogo peri- goso. Entretanto, farei uma: nos próximos cinco anos o setor fi- nanceiro nos Estados Unidos e na Europa irá dobrar o total de ativos de gestão que usam critérios socialmente responsáveis em relação ao meio ambiente, impactos sociais e governança. R dinheiro que dá em árvore 17administradores.comFevereiro/Março 2012 rado sábio, por exemplo, um investimento de 20 anos em óleo de palma não-sustentável. » Investimentos em capitais que precisam ser reequipados, substituídos ou abandonados diante de nova regulamentação. » Investimentos cujos custos de produção possam mudar com essa novaregulamentação. Em di- versos países, CO2 custa dinheiro, e certamente custará muito mais no futuro. Empresas que geram monóxido de carbono produzem mercadorias que possuem risco significativo de se desvaloriza- rem nos próximos cinco anos. Além dos riscos apresentados por tais investimentos, não levar em conta esses pilares pode causar danos a uma marca. É cada vez mais comum, por exemplo, que ONGs vejam as companhias finan- ceiras como alvos em potencial, e acabem incluindo-as em suas reivindicações por associá-las às grandes marcas. Apesar de todas as armadilhas que circundam empresas que não possuem políticas voltadas para o lado ambiental, social e de governança corporati- va, é importante não negligenciar as oportunidades imensas que essas empresas podem oferecer. os dILEmas sUsTENTáVEIs Para entender como tirar proveito dessas oportunidades, os gestores de ativos devem obter percepções mais dinâmicas e focadas em tendências a longo prazo, prin- cipalmente no que se refere ao meio ambiente. Existe o interesse de começar a pensar em susten- tabilidade com base em maior ou menor viabilidade. Obviamente, a redução da população mundial, do consumo e da poluição fariam do planeta um lugar melhor, mas a redução sozinha não é suficiente. Gestores de ativos devem ser capazes de analisar os múltiplos significados de sustentabilidade. Companhias que se orgulham de utilizarem práticas sustentáveis em voga há anos atrás, embora não deixem de ser bem-intencionadas, representam investimentos de risco. Isso acontece em parte porque qualquer ideia de redução populacional já foi condenada com base em estimativas. A ONU, por exemplo, estima que a população mundial salte dos 6,9 bilhões para 9,2 bilhões de pessoas em 2075, quantia espantosa se considerarmos que mesmo com a população atual, já estamos operando muito além dos limites naturais do planeta. Enquanto alguns índices de po- luição diminuem com a prosperida- de, outros, como a poluição causada por CO2, aumentam com ela. Isso sem falar que o uso de recursos ge- ralmente aumenta com a riqueza. Os estilos de vida não sustentáveis de 430 milhões de pessoas nos países desenvolvidos serão acrescidos pe- los de 600 milhões de habitantes dos países subdesenvolvidos até 2030, de acordo com o Banco Mundial. De forma similar ao que acon- tece com a tecnologia, o conceito de sustentabilidade é centrado na relação redução de dano/unidade de produção econômica, como através de redução da produção de CO2 por unidade de produto, redução de embalagens etc. Esta tem sido a linha de pensamento por trás das dos relatórios de sustentabi- lidade de diversas empresas quando apresentam orgulhosamente uma redução de 10% de sua utilização de determinada matéria-prima ou uma redução de 15% de emissão desse ou daquele poluente. No entan- to, dado o dilema dos aumentos inquestionáveis tanto em relação à população quanto ao consumo, ouso dizer que esta abordagem simplesmente não será suficiente. É chegada a hora dos investi- dores estarem cautelosos com os ganhos e economias em potencial proporcionados pelos esforços realizados no sentido de, por exemplo, reduzir o desperdício em X por cento por ano – mesmo que esses ganhos possam pare- cer verossímeis e substanciais. Um mUNdo VErdE dE PossIbILIdadEs Infelizmente a maioria das práticas de “sustentabilidade através da redução” é, no fim das contas, simplesmente mais cara, principal- mente se feitas com os pré-requi- sitos exigidos por nós para serem verdadeiramente sustentáveis; e, no atual ambiente de negócios, esta é uma responsabilidade estraté- gica. Empresas geralmente são projetadas para a maximização do lucro, e se as despesas não aumentaram e os custos sim, tais práticas podem ser vistas com maus olhos pelos investidores. No lugar de torcer por uma redução populacional improvável, ou por uma onda de consumo sustentável, devemos nos utilizar desses crescimentos para pro- mover melhoras ambientais. Seria mais ou menos como transformar cimento, por exemplo, que possui uma pegada de carbono negativa, em diferentes materiais de construção. Outra alternativa viável consistiria no desenvolvimen- to de um sistema industrial isento de desperdício ou, ainda melhor, que se utilizasse dos resíduos ou poluentes do sistema e os transfor- masse em produtos e serviços. Uma companhia inteligente em que trabalhei recolhe os detritos de municípios (e é paga para isso), usa uma parte deles como matéria prima para materiais de construção (pelos quais ela também é paga) e vende o restante como combustível para incineradores (obtendo assim uma terceira fonte de renda). As organizações precisam ser criativas e explorarem mo- delos lucrativos de negócios que se utilizem de fluxos de resíduos como insumos, de forma a obterem impactos ambientais positivos (e não apenas menos negativos). Os gestores de ativos que compreende- rem essa dinâmica ecológica mais profunda, bem como os riscos e oportunidades que acompanham o mundo com recursos limitados em que habitamos, serão os vencedores nessa busca por competitividade. Então, mantenho aquela previsão sobre o dobro dos investimentos em “investimentos socialmente responsáveis” nos próximos cinco anos. E, se querem saber, até mesmo me arriscarei a fazer uma pequena aposta. Afinal, eu certamente gosto de investi- mentos com retorno certo tanto quanto qualquer outra pessoa! *michael yaziji é professor de estratégia e organização no imd, uma das principais escolas de negócios do mundo, sediada em lausanne, suíça. ele também é diretor do programa imd’s one planet leaders (olp), administrado em parceria com o WWf. Investimentos socialmente responsáveis são considerados a “bola da vez” simplesmente porque fazem sentido. 18 administradores.com Fevereiro/Março 2012 negÓcios | caRnaVal As oportunidades de negócios e a preparação de uma das maiores festas do Brasil. por mayara emmily | ilustração thinkstock Durante esse período dos festejos é até possível se ter a falsa ilusão de que o Brasil para diante das comemorações por tanta gente deixar de trabalhar. No entanto, para diversos setores, esse é um pensamento não condizente com a rea- lidade. Muitos empreendimentos, desde grandes indústrias até pequenos negócios informais, não param, pelo contrário, têm um aumento signifi- cativo em termos de produção e lucratividade. “Hoje existe uma dinâmica mais completa e as atividades das empresas se mantêm. A indústria e o turismo se beneficiam, principalmente porque o Brasil tem uma economia mais forte, por isso a atividade não diminui”, destaca o presidente e fundador da Höft Consultoria, Renato Bernhoeft. mEsmo a FoLIa TEm Um PLaNEjamENTo Por trás da festa existe, na verdade, uma prepara- ção que começa antes e continua durante e após o carnaval. Assim, a estrutura econômica dessa festividade não é algo simples. Ela demanda uma cadeia de profissionais e empresas que contri- buem para que os negócios sejam bem sucedidos no período, englobando, entre outros setores, turismo, comércio e serviços. Além da própria indústria de confecção, com a produção de fantasias e ornamentos, o consultor do Sebrae na área de empreendedo- rismo Egnaldo Paulino explica que setores como o cervejeiro, televisi- vo, fonográfico, editorial e gráfico são alguns dos outros grandes beneficiados com a festa. “Durante o carnaval as pessoas consomem mais bebida alcoólica, compram abadás e ingressos para conferirem de perto suas bandas ou cantores preferidos, além de poderem assistir à transmis- são televisiva de desfiles carnava- lescos, como os do Rio de Janeiro e São Paulo”, destaca o consultor.O nordeste também é palco de sucesso entre os foliões de todo o país, em especial a capital baiana. Para o professor e coordenador da pós-graduação em Cultura e Sociedade da UFBA, Paulo Miguez, essa região envolve escalas bastante arnaval. Sinônimo de alegria, brincadeira e liberdade para muitos brasileiros, é símbolo do folclore nacional, do paga- nismo e até mesmo da religiosidade. Com a proximidade da festa, muita gente já se imagina aproveitando o feriado pro- longado para cair na folia, participando de blocos e assistindo a desfiles car- navalescos. Para outras, não adeptas às diversões da época, esses dias livres são uma oportunidade de “fuga” da música alta e da multidão que a segue. C por Trás dAs máscArAs e dAs fAnTAsiAs 19administradores.comFevereiro/Março 2012 diferenciadas. “Ela [a festa] marca a presença dos milhares de vende- dores ambulantes, ‘cordeiros’, cata- dores de lata, pequenos prestadores de serviços, e dos blocos carnava- lescos e cadeias hoteleiras”, explica. Para o professor, “o carnaval alcan- ça, inclusive, o que podemos chamar de uma ‘economia do não-carnaval’, o conjunto de empresas que aten- dem aqueles que não participam da festa, os que viajam ou mesmo os que ficam em Salvador”, destaca. o aPrENdIZado é EssENcIaL A festa também estimula a capaci- tação para muitos. Exemplo disso foi um curso desenvolvido pelo Sebrae-BA, em novembro passa- do, com o intuito de qualificar e licenciar ambulantes para vender no carnaval deste ano. Entre os temas discutidos nas palestras estavam atendimento à clientela, higiene e direitos e deveres do trabalhador. Já na cidade do Rio de Janeiro, a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) vai lançar neste ano um curso voltado para a gestão das escolas de samba. O movimento de profissiona- lização do carnaval é inevitável, de acordo com Marcelo Guedes, diretor do curso de Administração com ênfase em gestão do entre- tenimento da ESPM-RJ. Ele ainda afirma que são diversos os segmen- tos da indústria criativa que lucram com a festividade, entre os quais música, arte cênica e publicidade. “O carnaval está se profissionali- zando e envolvendo cada vez mais adeptos. Dessa forma, a lucrativida- de aumenta. Um exemplo simples é a participação de músicos em blocos e shows por toda a cidade nos cinco dias de folia. Nesse sentido, o carnaval se materializa através da mobilização de símbolos, recursos e aspectos da cultura e de várias in- dústrias criativas”, explica Rodrigo. E qUEm LUcra No FIm Apesar da escassez de dados totais sobre a lucratividade no carnaval, as informações oficiais dão uma ideia sobre o porquê de as grandes e pequenas empresas investirem no período. Um exemplo foi o balanço realizado pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro do carnaval em 2011, que constatou a vinda de um milhão de foliões para a festa, responsáveis por injetar cerca de R$ 1,2 bilhão na economia da cidade. Outro exemplo é o estado de Pernambuco, onde um milhão de pessoas foram recebidas no carnaval do ano passado, gerando R$ 570 milhões. Apesar disso, não são todos os negócios que funcionam no período carnavalesco. Alguns setores como o bancário, indústria e outras áreas do setor de serviços realmente param durante a festa. No entanto, a lucratividade dos negócios, em geral, contrabalanceia os empre- endimentos que ficaram de fora, de acordo com Paulo Miguez, que cita o exemplo da economia da cidade de Salvador. “A questão deve ser posta na perspectiva dos impactos do carnaval na economia da cidade como um todo. E aí creio que os resultados são positivos, ou seja, os prejuízos registrados por alguns se- tores são mais do que compensados se analisado o conjunto da economia soteropolitana”, explica o professor. o oUTro Lado da FEsTa “Já tem muito feriado por aqui e agora suspendem tudo de útil por cinco dias, apenas para ficar dançando e pulando pelas ruas”. Certamente você já escutou alguma frase parecida, que volta e meia ron- da parte da opinião pública sobre os festejos carnavalescos. Até porque nem todo mundo concorda que os lucros do carnaval compensam e realmente impulsionam a economia. Inclusive, não é de hoje que parte da população condena veementemente o carnaval. Na década de 1940, já havia discur- sos polêmicos sobre o tema. Em 1949, por exemplo, o vereador Camilo Ashcar proferiu de forma contundente na Câmara Muni- cipal de São Paulo o repúdio pelas consequências da festa: “Causou-me estranheza a iniciativa de alguns membros desta edilidade, objetivando levar a Pre- feitura a despender a elevada soma de quase um milhão de cruzeiros para estimular as comemorações pagãs do carnaval, cujas consequên- cias, desde a saúde física até à alma, são sobejamente conhecidas. [...]. É lamentável o erro estimular em nome do poder público, e à custa de seus cofres, as mais reprová- veis manifestações de incultura, licença, luxúria e corrupção, vividas no carnaval. Todos conhecem o grande número de crimes contra a honra, contra os costumes e contra a vida que, infelizmente, se verificam durante as festas carna- valescas”, destacou o vereador. Ano passado, o tema sobre a influência positiva e negativa do car- naval voltou à tona de forma intensa após um vídeo da jornalista Rachel Sheherazade, no programa Tambaú Notícias, da TV afiliada ao SBT na Paraíba, ter sido divulgado no Youtube. O vídeo, que ultrapassou um milhão de acessos na internet, ganhou visibilidade e alimentou um forte debate entre internautas ao criticar de forma contundente algumas características do carnaval. Em sua análise, Rachel afirmou que atualmente o carnaval não é uma festa popular e sim para quem tem poder aquisitivo. Ela também ressaltou que o prejuízo para o po- der público é astronômico durante e depois da festa, especialmente no setor da saúde.“Dizem até que faz girar a economia. Que os pequenos comerciantes conseguem vender suas latinhas, seu churrasquinho. Se esses pais de família dependessem do carnaval para vender e viver, passariam o resto do ano à míngua. [...]. Carnaval só dá lucro para donos de cervejaria, para proprietá- rios de trios elétricos e uns poucos artistas baianos. No mais, é só pre- juízo”, ressalta a jornalista no vídeo. Entre polêmicas, festivida- des e gastos acima da média, indiscutivelmente, o carnaval está enraizado e presente na vida dos brasileiros. E, você gostando ou não, o período da folia já tem data marcada para começar esse ano: dia 18 deste mês, prosseguindo até o dia 21. Resta saber se ele será de festa, de descanso ou de trabalho. Já escolheu sua opção? a orIgEm do carNaVaL Surgido na Grécia, entre os anos 600 e 520 a.C., adotado como festa da Igreja Católica em 590 d.C., o carnaval só veio para o Brasil por volta de 1723. No século XIX, surgiram os carros alegóricos e as pessoas passaram a se fantasiar, além de ter sido composta a primeira marchinha referente ao carnaval: Ô abre alas! da compositora Chiquinha Gonzaga. 20 administradores.com Fevereiro/Março 2012 markeTing | mma UFc o combATe que virou espeTáculo por fábio bandeira de mello | imagens divulgação A nova sensação do esporte mundial está conquistando muito mais do que fãs. Está se transformando em uma verdadeira vitrine para diversas marcas. 21administradores.comFevereiro/Março 2012 lutador Anderson Silva (Spider) entra no octógono. Do outro lado, outro brasileiro, Vitor Belfort. A luta é cheia de expectativa, afinal, os dois possuem uma série de títulos, vitórias históri- cas na modalidade e decidem o cinturão dos médios no UFC 126 em um duelo apelidado de “luta do século”. Mais do que isso, eles entram coma missão de apro- ximar o esporte do público. E o resultado do duelo na- quele dia 6 de fevereiro de 2011 foi além do esperado. O “A luta entre Anderson Silva e Vitor Belfort foi a primeira real mobilização popular em torno do MMA (Artes Marciais Mistas) no Brasil. Todos queriam ver o duelo entre o número um do país e o lutador brasileiro mais popular entre as pessoas que não eram fãs do esporte”, afirma Alexandre Matos, editor do MMA Brasil, portal referência na modalidade. Segundo ele, esse foi o grande estopim para a alavancada do MMA e das competições do UFC (Ulti- mate Fighting Championship), que hoje está se transformando na nova “menina dos olhos” dos amantes de esporte e também do marketing. E os números são impressio- nantes no Brasil e no mundo. De acordo com a empresa de marketing esportivo Turnkey Sports, o UFC transformou-se na marca esportiva mais valiosa dos Estados Unidos em 2011. Com a renda média de 70 milhões de reais por noite, o evento superou ligas como NBA (de bas- quete), NFL (de futebol americano) e X-Games (de esportes radicais). Aqui, tivemos duas competições UFC Rio, recordes na compra das lutas pelo sistema de pay-per-view, inaugurações de dezenas de acade- mias de artes marciais - inclusive para crianças - e mais de US$ 130 milhões em faturamento através de produtos licenciados pela marca na América Latina. Inclusive, na rede social do Facebook, o UFC foi o de ações pontuais, ativações in loco, ou somente pela exposição que a competição gera. Se existe con- sumidor potencial acompanhando lutas de MMA, então, este esporte é uma ferramenta interessante”. Dentro dessa linha, as expec- tativas apontam para um crescente investimento nesta modalidade. De acordo com recente pesquisa da Deloitte, a taxa de crescimento de adeptos e fãs do esporte, que há alguns anos era praticamen- te desconhecido no Brasil, já o transformou no 8º esporte favorito entre os brasileiros. O resultado é a valorização em termos eco- nômicos e a atração de consu- midores e novos patrocínios. E atualmente não faltam marcas buscando seu espaço nesse territó- rio. Há patrocínios de empresas de materiais esportivos, montadoras de automóveis, redes fast food, laboratórios de tecnologia e até de livraria. A Burger King, por exemplo, fez uma campanha com o Anderson Silva desmistificando o mito dos lutadores terem que ser sempre valentões e maus. A Ford aproveitou o mesmo atleta e a atriz Deborah Secco para propagan- das da sua linha Fiesta RoCam. Já no primeiro UFC Rio, reali- zado em agosto de 2011, a emissora RedeTV!, que transmitiu a luta, comercia- lizou cotas com Gillette (P&G), Cachaça 51, Betboo e Integralmédica. Até tradicio- nais times de futebol estão investindo no universo do UFC, como o Corinthians e o Flamengo. In- clusive, o time paulista já prevê o lançamento de uma linha de produtos ligada à modalidade. Para a professora Clarisse tema mais citado pelos 30 milhões de usuários no Brasil ano passado. A aceitação do esporte, princi- palmente entre o público jovem, e as fortes estratégias de marketing adotadas pelos organizadores do evento estão ocasionando uma revisão de diversas marcas. Se antigamente pensar em associar a imagem da empresa a esportes violentos era uma grande here- sia, hoje, transforma-se em uma chance real de visibilidade. It’s tIme O bordão adotado pelo apresenta- dor do UFC Bruce Buffer na hora das lutas e utilizado como intertítulo logo acima cabe como uma luva para falar sobre o momento desse esporte e das marcas que começaram a investir nele. A justifica- tiva, inclusive, está na ponta da língua do manager de atletas, Bruno Mendonça: “isso se deve, sobretudo, ao perfil do público que consome este esporte. As marcas se interessaram em associar seu nome pela possi- bilidade de se relacionar com o consumidor do UFC, seja através Setyon, coordenadora do curso Gestão do Entretenimento na pós-graduação da ESPM, “se o público-alvo de uma marca está assistindo MMA, a empresa tem que estar com ele. Porque não temos mais o consumidor sentado atrás da televisão esperando comerciais para tomar uma decisão de compras”. Clarisse fala que a visibilidade do esporte desperta o interesse até em públicos indesejáveis. “Outro dia estive em uma loja de suple- mentos alimentares e eles estavam vendendo uma coleção enorme de camisetas dessas que os lutadores se apresentam na entrada do ringue. Hoje, o maior problema da loja é o roubo dessas camisetas. Os ladrões não querem mais os suplementos nutricionais e sim as camisas do MMA”, relata a professora. da rEFormULa- ção ao sUcEs- so No brasIL Muita gente não sabe, mas as competições do UFC nasceram por brasileiros em 1993. A família Grace, especialista no jiu-jitsu, foi a responsável pela organização das primeiras competições, justamente para provar a eficiência de seu estilo de luta. Por sinal, através do lutador brasileiro Royce Gracie, foram conquistados três das quatro primeiras edições do evento. No entanto, o nível de rejei- ção pela modalidade foi muito alto pelos não praticantes de artes marciais. Como não havia regras, juiz, diferenciação de categorias ou limite de tempo, a competição ficou marcada pelo excesso de violência e brutalidade. Só depois da sua reformulação - ocorrida ao longo das edições - que a competição passou a ganhar simpatizantes. “O esporte, de fato, evoluiu do antigo vale-tudo no início da década de 90. Houve um trabalho importan- te dos organizadores e dos atletas nos últimos 10 anos para aproximar a prática de algo mais relacionado Na rede social do Facebook, o UFC foi o tema mais citado pelos 30 milhões de usuários no Brasil ano passado. 22 administradores.com Fevereiro/Março 2012 ao esporte e menos à luta livre, ou luta de rua. A definição de regras para amenizar essa característica mais selvagem do MMA, como uso de luvas e atuação mais incisiva do árbitro para evitar o desfalecimen- to do lutador, contribuíram para melhorar a imagem do esporte e alcançar mais adeptos”, destaca Fernando Trevisan, professor de marketing esportivo e diretor geral da Trevisan Escola de Negócios. Outro ponto importante deve-se à clara mudança de atitude dos lutadores, que entenderam a impor- tância de seus atos dentro e fora do octógono para a imagem do esporte. Alexandre Matos, do portal MMA Brasil, acredita que “a exposição dos atletas, mostrando que são pessoas comuns, sem o rótulo maldito dos pitboys, ajudou muito para melhorar a imagem do MMA”. E nessa linha de frente, muitos brasileiros se destacaram. Atualmente trinta e sete lutadores nacionais estão contratados pelo Ultimate Fighting Championship e distribuídos em sete categorias de peso, dos quais três são campeões: José Aldo Jr [peso pena], Anderson colocará o esporte em outro pata- mar no país. Antes restrito a um público praticante ou já familia- rizado com a modalidade, agora o UFC chegará a outras classes sociais, o que permitirá a cria- ção de uma demanda maior por produtos, academias, competições regionais, patrocínios locais e muito mais”, relata Bruno Mendonça. Mas não é só isso, afirma o professor Fernando Trevisan. Ele acredita que o esporte ajuda a consolidar a imagem do Brasil como um excelente organizador de grandes eventos. “O esporte é parte da indústria do entretenimento, uma das que mais crescem no mundo. E a realização do UFC no Brasil é mais um indicador de que o país está definitivamente na rota dos megaeventos, sejam os esportivos, sejam os grandes shows de música. Sabiamente, os gestores da marca acompanharam essa tendência e perceberamo potencial de cresci- mento do Brasil”, explica Fernando. No entanto, apesar do clima de otimismo, todos entrevistados para essa matéria foram unânimes em dizer que ainda existem algumas Silva [peso médio] e Júnior “Cigano” dos Santos [peso pesado]. Para Bruno Mendonça, o desempenho dos brasucas é determinante para o sucesso no país. “Sem dúvida, o fato de lutadores brasileiros participarem da competição cria um laço de iden- tidade entre o torneio e o público, fazendo-o acompanhar cada luta. Mas a questão relevante é termos tantos brasileiros bem-sucedidos em diferentes categorias”, destaca. ExPEcTaTIVas E coNsoLIdação E o negócio do MMA não para. Já tem filme sendo preparado sobre o tema. Vale tudo – uma história de luta (nome provisório) deve estrear em breve contando a vida do lutador José Aldo. A rede Globo, além das lutas no Brasil, vai transmitir a partir de março o reality show The Ultimate Fighter (TUF). Até a escola de samba Beija-Flor entrou no clima e sediou o primeiro evento de MMA da cidade de Nilópolis: O Beija-Flor Fight Combat. “O recente contrato e trans- missão realizadas pela TV Globo barreiras a serem vencidas. Apesar da aceitação do esporte por parcela da população, o índice de rejeição ainda é alto. Mas esse parece ser um desafio que organizadores, lutadores e admiradores estão dispostos a enfrentar de frente e nocauteá-lo com o tempo. markeTing | mma Se o público-alvo de uma marca está assistindo MMA, a empresa tem que estar com ele. Não coNFUNda! vs. mma UFc Mixed Martial Arts São as Artes Marciais Mistas que incluem tanto golpes de luta em pé quanto técnicas de luta no chão. O MMA é considerado o esporte. Uma das organizações que instituem torneios das Artes Marciais Mistas. Hoje, o UFC domina 90% do mercado de MMA no mundo, e sua marca foi avaliada em R$ 2 bilhões pela revista Forbes. Ultimate Fighting Championship Anderson Silva em campanha do sanduíche Mega BK™ Stacker da Burger King. QUIZ Você sabE TrabaLHar Em EqUIPE? rEsULTados imagem thinkstock que para alguns é um tédio, para outros é a grande “fórmula do sucesso”. Trabalhar em equipe, re- almente, tem seus lados positivos e negativos e cada um lida de uma maneira quando deve compartilhar com outro profissional algum tipo de tarefa. Mas e você? Acredita que consegue trabalhar bem com outras pessoas? Então responda às pergun- tas abaixo, some as respostas e veja o resultado. Ah, não esqueça: só vai dar certo se você for 100% sincero. até 14 pontos {Individualista} Você gosta de trabalhar sozinho, prefere não dividir ideias e evita críticas ao seu trabalho. Para ter sucesso no mundo corporativo, será necessário rever seus con- ceitos, já que a habilidade de trabalhar em equipe é uma das mais procuradas hoje pelas grandes empresas. É importante estar mais aberto para ouvir a opinião dos colegas. Este hábito pode agregar aos seus projetos. 15 a 17 pontos {moderado} Você procura dividir respon- sabilidades e ouvir colegas, mas ainda acha que suas ideias são melhores que as outras. Com um pouco mais de esforço conseguirá perceber que, para um me- lhor resultado, trabalhar em equipe é uma boa opção. O espírito competitivo pode até ser saudável, pois incentiva a busca por resultados. No entanto, esse espírito deve ser compartilhado por todos da equipe, pois o resultado conjunto geralmente é mais significativo que o individual. 18 a 20 pontos {agregador} Você está afinado com os colegas e sabe dividir tanto o sucesso quanto os problemas, consideran- do que, para um melhor resultado, é importante que o grupo trabalhe em conjunto. Compreende que o retorno de colegas e superiores é importante para saber se o trabalho está de acordo com o esperado pela empresa. Afinal, críticas são cons- trutivas e colaboram para a melhoria das atividades. O Quando está cheio de trabalho e lhe pedem mais alguma tarefa, você logo diz que pode fazer, mesmo sabendo que não dará conta de tudo no prazo? {Teste elaborado pelo portal finanças práticas, que faz parte da estratégia de responsabilidade social corporativa da Visa international - www.financaspraticas.com.br } Você gosta de trabalhar com pessoas que têm opiniões diferentes da sua, pois discussões são sempre saudáveis e dão bons resultados? Você escuta opiniões de colegas antes de tomar certas decisões? Você recebe críticas com facilidade e gosta de receber feedback de superiores e colegas sobre suas atividades. Você se sente vigiado quando outras pessoas perguntam sobre seu trabalho? Gosta de receber elogios individuais. Por isso, num cargo de liderança, prefere desenvolver suas tarefas sem delegar? Você tem o espírito competitivo e busca resultados e reconhecimento sobre o seu trabalho, sem cooperar com os demais? Você sabe reconhecer quando a ideia de um colega é melhor do que a sua. Prefere trabalhar sozinho, pois suas ideias não batem com as dos colegas? Gosta sempre de ter o controle da situação, por isso não divide opiniões, resultados, nem problemas? 1 2 4 7 3 6 9 10 5 8 sIM {some 1 PONtO} NÃO {some 2 PONtOs} sIM {some 2 PONtOs} NÃO {some 1 PONtO} sIM {some 2 PONtOs} NÃO {some 1 PONtO} sIM {some 2 PONtOs} NÃO {some 1 PONtO} sIM {some 1 PONtO} NÃO {some 2 PONtOs} sIM {some 1 PONtO} NÃO {some 2 PONtOs} sIM {some 1 PONtO} NÃO {some 2 PONtOs} sIM {some 2 PONtOs} NÃO {some 1 PONtO} sIM {some 1 PONtO} NÃO {some 2 PONtOs} sIM {some 1 PONtO} NÃO {some 2 PONtOs} 23administradores.comFevereiro/Março 2012 24 administradores.com Fevereiro/Março 2012 menTe aberTa MARCAS somenTe um miTo s herdeiros de L. Frank Baum não têm nenhum direito de proteção sobre o Mágico de Oz. Dessa forma existem musicais da Broadway, histórias anteriores, sequências e muito mais. Tudo isso cria um universo rico e emocionante (e torna o filme licenciado ainda mais valioso). O Muitos de nós lembramos das histórias de mitologia que ouvimos na escola (Zeus, Thor e outros heróis). Os mitos permitem nos projetar nas histórias, a criação de interações que nunca aconte- ceram, além de ceder a liberdade de pegar o que é importante e vivenciarmos através deles. Há dúzias, se não cente- nas de marcas mitológicas na indústria do entretenimento, como James Bond e Barbie. Mas o mito vai bem além disso. Existe claramente uma mitologia Google e uma mitologia Starbucks. Nós temos impressões diferentes dessas marcas do que as que temos de Maxwell House (marca de café norte-americana) ou Random House (editora de livros), por exemplo. Por que o Papai Noel e o Ronald McDonald têm uma mitologia, mas não o Dave da cadeia de fast-food Wendy’s, ou o Burger King? ou, ao menos, oferecendo algo em que possa- mos escrever a nossa própria espiritualidade. As pessoas usam um Dell. Elas são Apple. Isso pode acontecer acidentalmente, mas geralmente é de propósito. Uma marca pode ser deliberadamente mitológica, criada intencionalmente para desfrutar dos benefí- cios de um mito. Cassinos de Las Vegas vêm tentando fazer isso há décadas (e geralmente fracassando). Mas fale com um motorista de táxi de Vegas sobre Steve Wynn* e você vai ver que já foi feito ao menos uma vez. Existe uma mitologia sobre Digg e sobre a Wikipédia, mas não sobre o about.com (portal e guia de pesquisa sobre música na Internet). A combinação misteriosa de rankings, visitas e comunidade pode garantir isso, mas princi- palmente o fato de que as duas primeiras têm figuras públicas no seu comando... heróis. É fácil confundir publicidade com mitologia, mas as duas não são iguais. Não existe
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