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FCC Coletânea de Questões 2017 1

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COLETÂNEA DE QUESTÕES 2017 – FCC
Apresentação
Apresentação
Prezado(a) amigo(a) concurseiro(a), tudo bem?
A equipe Gran Cursos Online preparou mais um material incrível para você. Após o grande sucesso da coletânea de questões Cespe, agora estamos disponibilizando a coletânea de questões da Fundação Carlos Chagas. São mais de 1.000 questões para você praticar muito! Todas foram extraídas de provas aplicadas em 2017. A resolução de questões vai além de um simples teste de conhecimentos: é tam- bém uma forma interessante de aprendizado, pois possibilita ao estudante raciocinar e compreender a forma como determinados assuntos são cobrados pelas bancas. Di- versos alunos possuem vasto conhecimento teórico, mas enfrentam muitas dificulda- des na hora de resolver as questões porque não conhecem as “manhas” das bancas. Então,	meu(minha)	amigo(a),	esta	é	uma	excelente	oportunidade	para você praticar e aprofundar seus conhecimentos sobre a banca FCC. Vamos lá?
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SUMÁRIO
Língua
 
Portuguesa
COLETÂNEA DE QUESTÕES 2017 – FCC
LÍNGUA PORTUGUESA
A literatura é uma arte solitária. Seu labor é da mente para a página. Sua es- tranha fantasia é a de que alguém possa dar forma ao idioma para que outra ex- periência mental e individual se realize: a do leitor. Apesar de saraus e oficinas, a escrita raramente escapa de ser esta atividade insossa e desertada: sentar e escrever sozinho. E, se também são solitárias a pintura e a escultura, ambas têm a vantagem de serem dinâmicas, físicas, performáticas, de um modo que as apro- xima mais das artes coletivas, como a dança, a música, o teatro, o cinema.
Quando fui músico, muitas vezes reclamei dos ensaios, dos shows em que o som estava péssimo, de contratantes que não entregavam o que prometiam, mas, em especial, do trabalho que a difícil democracia de participar de uma banda grande demandava. Quantas viagens, quantas discussões, quantas concessões. E quantas alegrias, quantas vezes olhar para o lado e cruzar com a mirada de alguém que estava ali junto contigo, numa construção maior porque erguida por mais gentes. Mais artistas de um lado, mais espectadores de outro.
(Adaptado de: GONZAGA, Pedro. Reclamação. Disponível em: http://zh.clicrbs.com.br)
(2017/DPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) Apesar de saraus e oficinas, a escrita raramente escapa de ser esta atividade insossa e desertada: sentar e escrever sozinho. (1º parágrafo) A oração destacada pode ser substituída, conforme a norma-padrão da língua, por
A despeito de haverem saraus e oficinas.
Se bem que promova-se saraus e oficinas.
Ainda que aconteça saraus e oficinas.
Embora exista saraus e oficinas.
Mesmo que haja saraus e oficinas.
COLETÂNEA 
DE 
QUESTÕES 
2017 –
 
FCC
Língua
 
Portuguesa
(2017/DPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) E, se também são solitárias a pintura e a escultura, ambas têm a vantagem de serem dinâmicas, físi- cas, performáticas, de um modo que as aproxima mais das artes coletivas, como a dança, a música, o teatro, o cinema. (1º parágrafo) Uma frase coerente com essa afirmação e escrita de acordo com a norma-padrão da língua é:
As artes coletivas – pintura, escultura, dança, música, teatro e cinema – mantém
em comum o fato de serem dinâmicas, físicas e performáticas.
O simples fato de serem performáticas fazem da pintura e da escultura artes próximas das demais artes coletivas (a dança, a música, o teatro e o cinema).
A pintura e a escultura partilham um dinamismo característico das artes coleti- vas, quais sejam: a dança, a música, o teatro e o cinema.
Na medida em que são solitárias, a pintura e a escultura tornam-se tão dinâmi- cas quanto a dança, a música, o teatro, o cinema.
As artes dinâmicas, físicas e performáticas, como a pintura, a escultura, a dança, a música, o teatro e o cinema deve se voltar ao coletivo.
O gol plagiado
“Jogador quer direito autoral sobre seus gols.”
Esporte, 20 jan. 2000
“Prezados senhores: dirigindo-se a V.Sa., refiro-me à notícia segundo a qual jogadores de futebol do Reino Unido, como Michael Owen e Ryan Giggs, querem receber autorais pela exibição de seus gols na mídia. Não tenho o status desses senhores – sou apenas um brasileiro que bate a sua bolinha nos fins de semana – mas desejo fazer uma grave denúncia: um dos jogadores citados (oportunamente divulgarei o nome) simplesmente plagiou um gol feito por mim.
Provas? Basta comparar os tapes dos referidos gols. No meu caso, trata-se de um trabalho amador – foi feito por meu filho, de dez anos – mas mesmo assim é bastan- te nítido. Vê-se que, como eu, o referido jogador estava num campo de futebol. Nos
dois casos, a partida estava sendo disputada por times de 11 jogadores cada um. Nos dois casos havia uma bola, havia goleiros. Nos dois casos havia um juiz. No meu caso, um juiz usando bermudões e chinelos – mas juiz, de qualquer maneira. Isto, quanto aos aspectos gerais. Vamos agora aos detalhes. No vídeo do joga- dor inglês, mostrado no mundo inteiro, vê-se que ele pega a bola na grande área, domina-a, livra-se de um adversário e chuta no canto esquerdo, marcando, é for- çoso admitir, um belo tento, um gol que faz jus aos direitos autorais. No meu vídeo
feito uma semana antes, é importante que se diga –, vê-se que eu pego a bola na grande área, que a domino, que livro-me de um adversário e que chuto forte no canto esquerdo, marcando um belo tento.
Conclusão: o jogador inglês me plagiou. Quero, portanto, metade do que ele receber a título de direitos autorais. Se não for atendido em minha reivindicação levarei a questão a juízo. Estou seguro de que ganharei. Além do vídeo, conto com uma testemunha: o meu filho. Ele viu o jogo do começo ao fim e pode depor a meu favor. É pena não ter mais testemunhas, mas, infelizmente, ele foi o único espec- tador desse jogo. E irá comigo demandar justiça contra o plágio.”
(SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo, Global, 2013, p. 55)
(2017/DPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) O segmento des- tacado está substituído, segundo a norma-padrão da língua, por um pronome em:
Ele viu o jogo... (4º parágrafo) // Ele o viu...
Basta comparar os tapes dos referidos gols. (2º parágrafo) // Basta lhes comparar.
... ele pega a bola... (3º parágrafo) // ... ele lhe pega...
... desejo fazer uma grave denúncia... (1º parágrafo) // ... desejo fazer-lhe...
... querem receber autorais... (1º parágrafo) // ... querem o receber...
Pode ser um saudosismo bobo, mas tenho saudades do tempo em que se ouvia o futebol pelo rádio. Às vezes, era apenas chiado; às vezes, o chiado se misturava com a narração; às vezes, a estação sumia; sem mais nem menos, voltava, e o
jogo parecia tão disputado, mas tão emocionante, repleto de lances espetaculares, que tudo que queríamos no dia seguinte era assistir os melhores momentos na televisão. Hoje todos os jogos são transmitidos pela televisão. Isso é uma coisa esplêndida, mas sepultou a fantasia, a mágica.
Agora, que fique claro: em absoluto falo mal da tecnologia. Ao contrário, o avanço tecnológico, principalmente a chegada da internet, trouxe muita coisa boa pra muita gente. Lembro que ainda engatinhava no plano do Direito e, se quisesse ter acesso a uma boa jurisprudência, tinha que fazer assinatura. Hoje, está tudo aí, disponível, à farta, de graça. Somente quem viveu numa época em que não havia a internet tem condições de dimensionar o nível de transformação e de reprodução do conhecimento humano que ela representou...
(Adaptado de: GEIA, Sergio. Então chegou a tecnologia... Disponível em: www.cronicadodia.
com.br)
(2017/ARTESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO DE TRANSPORTE – ÁREA TÉCNICO EM CONTABILIDADE) ... em absoluto falo mal da tecnologia... (2º parágrafo). Esse segmento está reescrito conforme a norma-padrão da língua e com o sentido preservado, em linhas gerais, em:
... de modo nenhum vejo a tecnologia
como algo mau...
... de jeito algum me eximo de perceber um mal na tecnologia...
... é óbvio que não interpreto mal a tecnologia...
... naturalmente evito em cogitar algum mau na tecnologia...
... certamente mal admito julgar a tecnologia...
(2017/ARTESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO DE TRANSPORTE – ÁREA TÉCNICO EM CONTABILIDADE) Uma frase coerente com o texto e redigida em conformidade com a norma-padrão da língua é:
O autor alude ao tempo que ouvia o futebol pelo rádio com grande nostalgia e lamenta de que as partidas tenham passado a ser transmitidas pela televisão, que levou seu interesse pelo esporte a diminuir, devido a quebra do encanto.
Ainda que se mostre saudoso do tempo em que as tecnologias da comunicação eram menos desenvolvidas, o autor reconhece as vantagens de seus avanços, es- pecialmente no que tange à difusão do conhecimento promovida pela internet.
Ouvir uma partida de futebol pelo rádio exigia atenção e paciência; contudo, os chiados eram constantes, o que não impedia que o autor se entretesse com a parti- da, pois usava a imaginação para recriar os lances perdidos.
Na época do autor, os jogos de futebol eram transmitidos pelo rádio e nem to- dos eram possíveis de se ver na televisão, aonde a mágica estava em apresentar os momentos que não tinham sido narrados em razão de problemas técnicos, como chiados.
O autor confessa que tem preferência de ouvir os jogos de futebol pelo rádio, mesmo com possibilidade de assistir pela televisão, na medida em que tem sauda- des do tempo de criança, quando o uso da TV e da internet eram restritos.
(2017/DPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) Está escrita com clareza e correção, de acordo com a norma-padrão da língua, a seguinte frase:
Moacyr Scliar passou a maior parte de sua infância no Bom Fim, bairro porto-ale- grense aonde a maioria dos emigrantes judeus, escolheram para morar.
Nascido em Porto Alegre, em 23 de março de 1937, a obra de Moacyr Jaime
Scliar trata de temas referente à problemática da vida contemporanea.
Os pais de Moacyr Scliar, José e Sara, eram europeus que migrarão para a Amé- rica do Sul no começo do século 20 buscando, uma vida melhor.
O escritor Moacyr Scliar destacou-se, especialmente, como exímio contista, ca-
paz de elaborar textos densos e impactantes que suscitam a reflexão.
Além de seus livros, Moacyr Scliar estudou medicina na Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, a qual serviu de assunto à algumas de suas histórias.
(2017/ARTESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO DE TRANSPORTE – ÁREA TÉCNICO EM CONTABILIDADE) Vimos por meio desta solicitar a instalação de um redutor de velocidade na Rua Girassol, próximo ao número 10, tendo em vista que na rua circula caminhão e ônibus em alta velocidade, o que acarretam racha- duras nas residências. Para que o texto atenda plenamente às regras da norma-pa- drão da língua portuguesa, é preciso que se substitua
vista por vistas.
circula por circulam.
próximo por próxima.
Vimos por Viemos.
acarretam por acarreta.
(2017/ARTESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO DE TRANSPORTE – ÁREA TÉCNICO EM CONTABILIDADE) Uma frase escrita com clareza e conforme a norma-padrão da língua está em:
É certo que muitos postos de trabalho serão extintos e que em breve, hajam vagas de trabalho sendo disputadas, ao mesmo tempo, por cidadãos de diversas partes do mundo.
Caso a pesquisa da Universidade de Oxford estando certa, em breve será tes- temunhada uma revolução no campo do trabalho, que se extenderá para além das fronteiras dos Estados Unidos.
Alguns políticos proporam barreiras comerciais, a fim de salvaguardar a eco- nomia interna e garantir postos de trabalho para a população, medida duramente criticada por muitos intelectuais.
Alguns políticos proporam barreiras comerciais, a fim de salvaguardar a eco- nomia interna e garantir postos de trabalho para a população, medida duramente criticada por muitos intelectuais.
Em 2016, pudemos testemunhar muitos entraves decorrentes do aumento da desigualdade, que não deverá arrefecer tão cedo, na medida em que faltam políti- cas eficazes para combatê-la.
Ciência e religião
A prestigiosa revista semanal norte-americana Newsweek publicou um surpre- endente artigo intitulado “A ciência encontra Deus”. Esse foi o artigo de capa, a qual mostrava o vitral de uma igreja com anjos substituídos por cientistas em seus jalecos brancos e cruzes substituídas por telescópios e microscópios. Planetas, es- trelas e galáxias adornam essa imagem central, que é finalmente emoldurada pela estrutura helicoidal de uma molécula de DNA. O artigo sugere que a ciência moder- na precisa de Deus.
Não existe nenhum conflito em uma justificativa religiosa ou espiritual para o trabalho científico, contanto que o produto desse trabalho satisfaça às regras im- postas pela comunidade científica. A inspiração para se fazer ciência é completa- mente subjetiva e varia de cientista para cientista. Mas o produto de suas pesqui- sas tem um valor universal, fato que separa claramente a ciência da religião.
Quando tantas pessoas estão se afastando das religiões tradicionais em busca de outras respostas para seus dilemas, é extremamente perigoso equacionar o cientista com o sacerdote da sociedade moderna. A ciência oferece-nos a luz para muitas trevas sem a necessidade da fé. Para alguns, isso já é o bastante. Para ou- tros, só a fé pode iluminar certas trevas. O importante é que cada indivíduo possa fazer uma escolha informada do caminho que deve seguir, seja através da ciência, da religião ou de uma visão espiritual do mundo na qual a religião e a ciência pre- enchem aspectos complementares de nossa existência.
(GLEISER, Marcelo. Retratos cósmicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 46-47)
(2017/ARTESP/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE TRANSPORTE I – ÁREA ECO- NOMIA) Há emprego de forma verbal na voz passiva, estando sublinhado o sujeito dessa forma, na seguinte frase:
Não ouse a ciência interferir em assuntosreligiosos.
Cuidem os homens de não se confundirem diante dos caminhos da religião e da ciência.
Não é dado a um cientista justificar seu trabalho com o exclusivo valor de sua fé.
Sempre se levantaram questões quanto aos caminhos dos cientistas edos religiosos.
A dúvida, para os cientistas, inclui-se em seu método de busca.
Carros autônomos com diferentes tecnologias já estão circulando em várias partes do planeta, em ruas de grandes cidades e estradas no campo. Um caminhão autônomo já rodou cerca de 200 km nos Estados Unidos para fazer a entrega de
uma grande carga de cerveja. Embora muito recentes, veículos sem motoristas são uma realidade crescente. E, no entanto, os países ainda não discutiram leis para reger seu trânsito.
No início do século 20, quando os primeiros automóveis se popularizaram, as cidades tiveram o desafio de criar uma legislação para eles, pois as vias públicas tinham sido concebidas para pedestres, cavalos e veículos puxados por animais. Cem anos depois, vivemos um momento semelhante diante da iminência de uma “nova revolução industrial”, como define o secretário de Transportes paulistano, Sérgio Avelleda. Ele cita o exemplo das empresas de seguros: “Hoje o risco incide sobre pessoas, donos dos carros e motoristas. No futuro, passará a empresas que produzem o carro, porque os humanos viram passageiros apenas”.
(Adaptado de: SERVA, Leão. Cidades discutem regras para carros autônomos, que já chegam
com tudo. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
(2017/ARTESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO DE TRANSPORTE – ÁREA TÉCNICO EM CONTABILIDADE) Considere as relações coesivas estabelecidas pelo pronome seu, ao final do primeiro parágrafo. No contexto, esse pronome reto- ma, especificamente,
veículos sem motoristas.
Estados Unidos.
leis.
ruas de grandes cidades e estradas no campo.
países.
(2017/ARTESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO DE TRANSPORTE
ÁREA TÉCNICO EM CONTABILIDADE) Cem anos depois, vivemos um momento semelhante... (2º parágrafo) A expressão
que serve de complemento ao termo se- melhante, reforçando a coesão com o período imediatamente anterior e atendendo às regras de regência padrão, é
perante aquele.
daquele.
com aquele.
àquele.
para aquele.
O gol plagiado
“Jogador quer direito autoral sobre seus gols.”
Esporte, 20 jan. 2000
“Prezados senhores: dirigindo-se a V.Sa., refiro-me à notícia segundo a qual jogadores de futebol do Reino Unido, como Michael Owen e Ryan Giggs, querem receber autorais pela exibição de seus gols na mídia. Não tenho o status desses senhores – sou apenas um brasileiro que bate a sua bolinha nos fins de semana – mas desejo fazer uma grave denúncia: um dos jogadores citados (oportunamente divulgarei o nome) simplesmente plagiou um gol feito por mim.
Provas? Basta comparar os tapes dos referidos gols. No meu caso, trata-se de um trabalho amador – foi feito por meu filho, de dez anos – mas mesmo assim é bastante nítido. Vê-se que, como eu, o referido jogador estava num campo de fu-
tebol. Nos dois casos, a partida estava sendo disputada por times de 11 jogadores cada um. Nos dois casos havia uma bola, havia goleiros. Nos dois casos havia um juiz. No meu caso, um juiz usando bermudões e chinelos – mas juiz, de qualquer maneira.
Isto, quanto aos aspectos gerais. Vamos agora aos detalhes. No vídeo do joga- dor inglês, mostrado no mundo inteiro, vê-se que ele pega a bola na grande área, domina-a, livra-se de um adversário e chuta no canto esquerdo, marcando, é for- çoso admitir, um belo tento, um gol que faz jus aos direitos autorais. No meu vídeo
feito uma semana antes, é importante que se diga –, vê-se que eu pego a bola na grande área, que a domino, que livro-me de um adversário e que chuto forte no canto esquerdo, marcando um belo tento.
Conclusão: o jogador inglês me plagiou. Quero, portanto, metade do que ele receber a título de direitos autorais. Se não for atendido em minha reivindicação levarei a questão a juízo. Estou seguro de que ganharei. Além do vídeo, conto com uma testemunha: o meu filho. Ele viu o jogo do começo ao fim e pode depor a meu
favor. É pena não ter mais testemunhas, mas, infelizmente, ele foi o único espec- tador desse jogo. E irá comigo demandar justiça contra o plágio.”
(SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo, Global, 2013, p. 55)
(2017/DPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) Se não for aten- dido em minha reivindicação levarei a questão a juízo. (4º parágrafo) A voz ativa correspondente da forma verbal destacada é:
atende
se atendesse
me atenderem
ser atendida
se atende
Civilização e infelicidade
Uma fonte da infelicidade humana estaria na insuficiência das normas que regu- lam os vínculos pessoais na família, no Estado e na sociedade. Não queremos ad- mitir que as instituições por nós mesmos criadas não trariam bem-estar e proteção para todos nós. Deparamo-nos com a afirmação espantosa que boa parte da nossa miséria vem do que é chamado de nossa civilização; seríamos bem mais felizes se a abandonássemos e retrocedêssemos a condições primitivas.
A asserção me parece espantosa porque é fato estabelecido – como quer que se defina o conceito de civilização – que tudo aquilo com que nos protegemos da ameaça das fontes do sofrer é parte da civilização. Descobriu-se que o homem se torna neurótico porque não pode suportar a medida de privação que a sociedade lhe impõe, em prol de seus ideais culturais, e concluiu-se então que, se estas exi- gências fossem abolidas ou bem atenuadas, isto significaria um retorno a possibi- lidades de felicidade.
(Adaptado de: FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. Trad. Paulo César de Souza. São
Paulo: Penguin & Companhia das Letras, 2011, p. 30-32)
(2017/FUNAPE/ANALISTA JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO) Há desdobramento de uma oração em duas e alteração na voz verbal nesta nova redação de um segmento do texto:
Uma fonte da infelicidade humana estaria na insuficiência das normas // a insu-
ficiência das normas seria uma fonte da infelicidade humana.
A asserção me parece espantosa // Espanta-me que se faça tal asserção.
Descobriu-se que o homem se torna neurótico // perceberam a razão da neurose do homem.
nos protegemos da ameaça das fontes do sofrer // nos poupamos do risco dos sofrimentos.
isto significaria um retorno a possibilidades de felicidade // isto equivaleria retor-
nar à eventualidade de ser feliz.
Equipamentos cada vez mais elaborados estão realizando mais e mais trabalhos que antes exigiam o cérebro humano e substituindo também a força física. Uma pes- quisa recente da Universidade de Oxford, no Reino Unido, sugere que cerca de me- tade dos postos de trabalho existentes hoje nos EUA serão automatizados até 2033. Segundo as previsões do professor Richard Baldwin, economista do renomado Instituto Graduate, de Genebra, “alguns quartos de hotéis em Londres poderão ser limpos por pessoas conduzindo robôs diretamente do Quênia ou de Buenos Aires e de outros lugares por menos de um décimo do preço praticado na Europa”. E ele tem uma visão simples sobre a reação política das pessoas a este cenário: “Elas
vão ficar com raiva”.
Alguns políticos reconheceram que 2016 marcou o início dessa raiva. O proble- ma é que, entre paredes e barreiras comerciais, eles têm poucas opções para lidar com o aumento da desigualdade. O ex-consultor de economia do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, escreveu recentemente: “Para sermos honestos, precisamos admitir que nenhum dos lados – democratas ou republicanos – tem um plano robusto e convincente para recuperar os postos de trabalho em comunidades que perderam muito da base manufatureira”. A economista-chefe do Fundo Mone- tário Internacional, Christine Lagarde, defende o uso de políticas para impulsionar as pessoas a novas vagas de emprego. Mas, para isso, as vagas precisam existir. E nada garante que elas existirão.
(Adaptado de: MARDELL, Mark. 2017 marcará o início da era dos robôs?. Disponível em: www.
bbc.com)
(2017/ARTESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO DE TRANSPORTE – ÁREA TÉCNICO EM CONTABILIDADE) … 2016 marcou o início dessa raiva. (3º parágrafo) Um verbo empregado com a mesma transitividade que a observada no segmento acima está destacado em:
“Para sermos honestos... (3ºparágrafo)
“Elas vão ficar com raiva”. (2º parágrafo)
... recuperar os postos de trabalho... (3º parágrafo)
... impulsionar as pessoas a novas vagas de emprego. (3º parágrafo)
... lidar com o aumento da desigualdade. (3º parágrafo)
Crônicas contemporâneas
O gênero da crônica, entendida como um texto curto de periódico, que se aplica sobre um acontecimento pessoal, um fato do dia, uma lembrança, um lance narra- tivo, uma reflexão, tem movido escritores e leitores desde os primeiros periódicos. No pequeno espaço de uma crônica pode caber muito, a depender do cronista. Se ele se chamar Rubem Braga, pode caber tudo: esse mestre maior dotou a crônica de uma altura tal que pôde dedicar-se exclusivamente a ele ocupando um lugar entre os nossos maiores escritores, de qualquer gênero.
Jovens cronistas de hoje, com colunas nos grandes jornais, vêm de monstrando muita garra, equilibrando-se entre as miudezas quase inconfessáveis do cotidiano pessoal, às quais se apegam sem pudor, e a uma espécie de investigação crítica que pretende ver nelas algo de grandioso. É como se na padaria da esquina pudes- se de repente representar-se uma cena de Hamlet ou de alguma tragédia grega; é como se, no banheiro do apartamento, o espelhinho do armário pudesse revelar a imagem-síntese dos brasileiros. Talvez esteja nesse difícil equilíbrio um sinal dos tempos modernos, quando, como numa crônica, impõe-se combinar a condição mais pessoal de cada um com a responsabilidade de uma consciência coletivista, que a todos nos convoca.
(Diógenes da Cruz, inédito)
(2017/DELEGADO DE POLÍCIA) Houve adequada transposição do segmento sublinhado para a voz passiva no seguinte caso:
É como se o espelhinho pudesse revelar a imagem-síntese = pudesse revelar-se
No espaço
de uma crônica pode caber muito = têm podido
Esse mestre maior dotou a crônica de uma altura tal = foi dotado
Jovens cronistas vêm demonstrando muita garra = é demonstrada
O gênero da crônica tem movido escritores e leitores = movem-se
[Uma espécie complicada]
O grande biólogo norte-americano Richard Dawkins acredita sem qualquer hesi- tação na teoria de Darwin acerca da sobrevivência dos mais fortes e capazes e na importância da adaptação a mutações fortuitas na evolução das outras espécies, mas se declara contra a ideia do darwinismo social na evolução da sua própria es- pécie. Aceitar o darwinismo social seria aceitar posições conservadoras em matéria de política e economia, o que vai contra suas convicções progressistas.
Já os conservadores, que negam a teoria de Darwin sobre a origem e o desen- volvimento das espécies, pregam o darwinismo social sob vários nomes: liberalis- mo, antidirigismo, antiassistencialismo etc. A sobrevivência, portanto, dos mais competitivos e sortudos, como no universo neutro de Darwin.
Esquerda progressista e direita conservadora trocam incoerências. A direita abo- mina a ideia de que o homem descende de animais inferiores, mas não tem proble- ma com a ideia de que ele deve seu progresso à ganância que tem em comum com os chimpanzés. A esquerda aceita a ascendência de macacos e a evolução da sua espécie, mas não quer outra coisa senão um planejamento inteligente, humanista, para organizar a sua sociedade.
Progressistas costumam ser a favor do direito do aborto e contra a pena de morte. Conservadores, que denunciam a interferência indevida do Estado na vida das pessoas, invocam a santidade da vida para que o Estado proíba o aborto, e geralmente são a favor da pena de morte, a mais radical interferência possível do Estado na vida de alguém. Enfim, seja como for que chegamos a isto, somos uma espécie complicada.
(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008,
p. 163-164)
(2017/DPE/ANALISTA – ÁREA ADMINISTRAÇÃO) Há adequada transposição de um segmento para a voz passiva em:
acredita (...) na teoria de Darwin // a teoria de Darwin tem seu crédito.
se declara contra a ideia do darwinismo social // é declaradamente contrário ao darwinismo social.
pregam o darwinismo social sob vários nomes // o darwinismo social é pregado sob vários nomes.
Esquerda (...) e direita (...) trocam incoerências // esquerda e direita são incoe- rentemente trocadas.
Conservadores (...) invocam a santidade da vida // a santidade da vida tem sido invocada por conservadores.
De um poder concedido
Aqueles que somente por sorte se tornam príncipes pouco trabalho têm para isso, é claro, mas se mantêm assim muito penosamente. Não têm dificuldade ne- nhuma em alcançar o posto, porque para aí voaram; surge, porém, toda sorte de dificuldades depois da chegada. (...) É o que acontece quando o Estado foi concedi- do ao príncipe ou por dinheiro ou por graça de quem o concede. Tais príncipes estão na dependência exclusiva da vontade e da boa situação de quem lhes propiciou o poder, isto é, de duas coisas extremamente volúveis e instáveis.
(MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Trad. de Lívio Xavier. São Paulo: Abril Editora, Os Pensadores, 1973, p. 33)
(2017/POLITEC/PERITO MÉDICO LEGISTA) Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:
Não se deve recompensar àqueles poderosos onde o mérito está apenas na força de quem os agracioucom o poder.
Não tem nada a haver o que seja um mérito real com o que se constitue como mera operação de favor.
A poucos é dado demonstrar reais qualidades no posto de mando ao qual ascen- deu pela graça de alguém.
O por que da fragilidade de um poder concedido está na permanente eminência da retirada da concessão.
Se um poderoso se dispor a contrariar aqueles a quem deve o poder, estes cer- tamente lhe trairão.
O lugar-comum
O lugar-comum, ou chavão, nos faculta falar e pensar sem esforço. Ninguém é levado a sério com ideias originais, que desafiam nossa preguiça. Ouvem-se aqui e ali frases como esta, dita ainda ontem por um político:
− Este país não fugirá de seu destino histórico!
O sucesso de tais tiradas é sempre infalível, embora os mais espertos possam desconfiar que elas não querem dizer coisa alguma. Pois nada foge mesmo ao seu destino histórico, seja um império que desaba ou uma barata esmagada.
(Adaptado de: QUINTANA, Mário. Caderno H. Porto Alegre: Globo, 1973, p. 52)
(2017/OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL) Há construção verbal na voz passiva e ade- quada articulação entre tempos e modos verbais na frase:
Se queremos falar e pensar sem muito esforço, deveríamos ter-nos esforçado para cultivar os lugares-comuns.
Frases como a indicada no texto são capazes de nos convencer de sua sabedoria, ainda quando nada tivessem a dizer.
Ao localizar a força de um lugar-comum na fala de um político, o autor do texto mostraria certa aversão a determinados discursos.
Ainda que não tivessem qualquer profundidade, os chavões que ele diz acaba- riam por encantar seus ingênuos ouvintes.
Se quisermos que a nossa preguiça não venha a ser desafiada por alguma ex- pressão original, recorramos à mesmice dos chavões.
Máquinas monstruosas
À medida que foram surgindo, muitas máquinas despertaram terror nos ho- mens. Multiplicando a força dos órgãos humanos, elas acentuavam-lhes a potência, de modo que a engrenagem oculta que as fazia funcionar resultava lesiva para o corpo: feria-se quem descuidasse das próprias mãos. Mas aterrorizavam sobretudo porque atuavam como se fossem coisas vivas: era impossível não ver como viven- tes os grandes braços dos moinhos de vento, os dentes das rodas dos relógios, os dois olhos ardentes da locomotiva à noite. As máquinas pareciam, portanto, quase humanas, e é nesse “quase” que residia a sua monstruosidade.
(Adaptado de: ECO, Umberto (org.) História da beleza. Trad. Eliane Aguiar. Rio de Janeiro:
Record, 2014, p. 382)
(2017/OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL) Um segmento do texto foi transposto de modo plenamente adequado para a voz passiva em:
muitas máquinas despertaram terror nos homens // os homens foram desperta- dos pelo terror das máquinas.
elas acentuavam-lhes a potência // a sua potência era por elas acentuada.
era impossível não ver como viventes os grandes braços // não se veria como viventes os grandes braços.
a engrenagem oculta que as fazia funcionar // eram funcionadas pela engrena- gem oculta.
As máquinas pareciam [...] quase humanas // As máquinas eram parecidas com humanos.
(2017/OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL) Está adequado o emprego de ambos os ele- mentos sublinhados na frase:
O terror com que os antigos eram tomados atribuiu-se à aspectos fantasmagó- ricos que as máquinas despertavam.
A capacidade dos órgãos humanos, em cuja as máquinas implementavam, eram multiplicados várias vezes.
Aos úteis mecanismos daquelas máquinas poucos davam valor, como parceiros de um trabalho cujo aprimoramento era indiscutível.
Se aos desavisados lhes ferisse uma máquina, culpavam-lhe por essa monstru- osidade.
Por vezes nos parece mais monstruosos o que nos assemelha do que as coisas que em nada nos pode lembrar.
Sem privacidade
Ainda é possível ter privacidade em meio a celulares, redes sociais e dispositivos outros das mais variadas conexões? Os mais velhos devem se lembrar do tempo em que era feio “ouvir conversa alheia”. Hoje é impossível transitar por qualquer espaço público sem recolher informações pessoais de todo mundo. Viajando de ôni- bus, por exemplo, acompanham-se em conversas ao celular brigas de casal, recla- mações trabalhistas, queixas de pais a filhos e vice-versa, declarações românticas, acordo de negócios, informações técnicas, transmissão de dados e um sem-número
de situações de que se é testemunha compulsória. Em clara e alta voz, lances da vida alheia se expõem aos nossos ouvidos, desfazendo-se por completo a fronteira que outrora distinguia entre a intimidade e a mais aberta exposição.
Nas
redes sociais, emoções destemperadas convivem com confissões perturba- doras, o humor de mau gosto disputa espaço com falácias políticas – tudo deixando ver que agora o sujeito só pode existir na medida em que proclama para o mundo inteiro seu gosto, sua opinião, seu juízo, sua reação emotiva. É como se todos se obrigassem a deixar bem claro para o resto da humanidade o sentido de sua exis- tência, seu propósito no mundo. A discrição, a fala contida, o recolhimento íntimo parecem fazer parte de uma civilização extinta, de quando fazia sentido proteger os limites da própria individualidade.
Em meio a tais processos da irrestrita divulgação da personalidade, as reticên- cias, a reflexão silenciosa e o olhar contemplativo surgem como sintomas proble- máticos de alienação. Impõe-se um tipo de coletivismo no qual todos se obrigam a se falar, na esperança de que sejam ouvidos por todos. Nesse imenso ruído social, a reclamação por privacidade é recebida como o mais condenável egoísmo. Preten- der identificar-se como um sujeito singular passou a soar como uma provocação escandalosa, em tempos de celebração do paradigma público da informação.
(Jeremias Tancredo Paz, inédito)
(2017/DPE/ANALISTA – ÁREA ADMINISTRAÇÃO) Perdeu-se a antiga privacida- de, enterramos a antiga privacidade sob os conectores modernos, tornamos esses conectores modernos nossos deuses implacáveis, sob o comando desses conecto- res modernos trocamos escandalosamente todas as informações mais pessoais. Evitam-se as viciosas repetições do período acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
enterramo-la − tornamo-los − sob cujo comando
enterramos-lhe − tornamo-lhes − sob cujo comando
enterramo-la − os tornamos − sob o qual comando
a enterramos − tornamos-lhes − sob o comando deles
enterramo-lhe − lhes tornamos − sob o comando dos quais
Trabalho como realização
Quando me perguntam por que ainda não me aposentei e eu respondo que é porque gosto do meu trabalho, me olham com um misto de incredulidade e indig- nação. Eu quase tenho que me desculpar pela desfeita: a maioria das pessoas acha que trabalho é castigo e que falar bem dele é pura ostentação, se não for hipocrisia. Pois bem: entendo perfeitamente que muitos trabalhos possam ser vistos como castigo. Há incontáveis tarefas que podem ser desinteressantes, tediosas, cansa- tivas, que não trazem prazer nenhum para a maioria das pessoas. Mas há outras nas quais nossa personalidade se realiza, que podem perfeitamente constituir-se como nosso meio de expressão, nossa identidade assumida e resolvida como voca- ção. Exemplo clássico é o de um professor que tenha grande prazer em dar aula: ele verá a aposentadoria não como uma bênção, mas como brusca interrupção de uma atividade vital. Ele vai adiar o quanto puder o “gozo”, o “desfrute” (enganosas
palavras) de uma aposentadoria que mais lhe parece um castigo.
Fico imaginando, entre outras utopias, a de um mundo em que houvesse para cada um aquele trabalho que representasse também sua realização pessoal. Acre- dito mesmo que um dos índices mais seguros para se reconhecer a felicidade de alguém seja o prazer que a pessoa encontre em trabalhar. Quando o trabalho vira sinônimo de criação, e quem o faz se sente como um genuíno criador, temos, é for- çoso admitir, uma situação de privilégio, em vez de se constituir uma possibilidade de realização ao alcance de todos.
(Felício Godói, inédito)
(2017/FUNAPE/ANALISTA JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
falar bem dele é pura ostentação (1º parágrafo) // conclamá-lo é justa retórica.
constituir-se como nosso meio de expressão (2º parágrafo) // instituir conosco um tipo de comunicação.
assumida e resolvida como vocação (2º parágrafo) // implementada e soluciona- da como tendência.
um dos índices mais seguros (3º parágrafo) // um dos símbolos mais iminentes.
como brusca interrupção (2º parágrafo) // qual súbita cessação.
Ciência e religião
A prestigiosa revista semanal norte-americana Newsweek publicou um sur- preendente artigo intitulado “A ciência encontra Deus”. Esse foi o artigo de capa, a qual mostrava o vitral de uma igreja com anjos substituídos por cientistas em seus jalecos brancos e cruzes substituídas por telescópios e microscópios. Planetas, estrelas e galáxias adornam essa imagem central, que é finalmente emoldurada pela estrutura helicoidal de uma molécula de DNA. O artigo sugere que a ciência moderna precisa de Deus.
Não existe nenhum conflito em uma justificativa religiosa ou espiritual para o trabalho científico, contanto que o produto desse trabalho satisfaça às regras im- postas pela comunidade científica. A inspiração para se fazer ciência é completa- mente subjetiva e varia de cientista para cientista. Mas o produto de suas pesqui- sas tem um valor universal, fato que separa claramente a ciência da religião.
Quando tantas pessoas estão se afastando das religiões tradicionais em busca de outras respostas para seus dilemas, é extremamente perigoso equacionar o cientista com o sacerdote da sociedade moderna. A ciência oferece-nos a luz para
muitas trevas sem a necessidade da fé. Para alguns, isso já é o bastante. Para ou- tros, só a fé pode iluminar certas trevas. O importante é que cada indivíduo possa fazer uma escolha informada do caminho que deve seguir, seja através da ciência, da religião ou de uma visão espiritual do mundo na qual a religião e a ciência pre- enchem aspectos complementares de nossa existência.
(GLEISER, Marcelo. Retratos cósmicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 46-47)
(2017/ARTESP/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE TRANSPORTE I – ÁREA ECO- NOMIA) Traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
O artigo sugere que a ciência moderna precisa de Deus (1° parágrafo) = Dispõe o editorial sobre a equivalência entre Deus e os cientistas.
Não existe nenhum conflito em uma justificativa religiosa ou espiritual para o trabalho científico (2º parágrafo) = não há disparidade na justificativa objetiva de um impulso místico.
contanto que o produto desse trabalho satisfaça às regras impostas pela comu- nidade científica (2º parágrafo) = ainda que os cientistas venham a referendar o resultado de uma experiência.
o produto de suas pesquisas tem um valor universal, fato que separa claramen- te a ciência da religião (2º parágrafo) = as pesquisas científicas, ao contrário da religião, alcançam um resultado cujo valor é amplamente reconhecido.
é extremamente perigoso equacionar o cientista com o sacerdote da sociedade moderna (3º parágrafo) = é da máxima inconveniência discriminar entre o cientista e o religioso, na modernidade.
O gol plagiado
“Jogador quer direito autoral sobre seus gols.”
Esporte, 20 jan. 2000
“Prezados senhores: dirigindo-se a V.Sa., refiro-me à notícia segundo a qual jogadores de futebol do Reino Unido, como Michael Owen e Ryan Giggs, querem receber autorais pela exibição de seus gols na mídia. Não tenho o status desses senhores – sou apenas um brasileiro que bate a sua bolinha nos fins de semana – mas desejo fazer uma grave denúncia: um dos jogadores citados (oportunamente divulgarei o nome) simplesmente plagiou um gol feito por mim.
Provas? Basta comparar os tapes dos referidos gols. No meu caso, trata-se de um trabalho amador – foi feito por meu filho, de dez anos – mas mesmo assim é bastante nítido. Vê-se que, como eu, o referido jogador estava num campo de fu- tebol. Nos dois casos, a partida estava sendo disputada por times de 11 jogadores cada um. Nos dois casos havia uma bola, havia goleiros. Nos dois casos havia um juiz. No meu caso, um juiz usando bermudões e chinelos – mas juiz, de qualquer maneira.
Isto, quanto aos aspectos gerais. Vamos agora aos detalhes. No vídeo do joga- dor inglês, mostrado no mundo inteiro, vê-se que ele pega a bola na grande área, domina-a, livra-se de um adversário e chuta no canto esquerdo, marcando, é for- çoso admitir, um belo tento,
um gol que faz jus aos direitos autorais. No meu vídeo
feito uma semana antes, é importante que se diga –, vê-se que eu pego a bola na grande área, que a domino, que livro-me de um adversário e que chuto forte no canto esquerdo, marcando um belo tento.
Conclusão: o jogador inglês me plagiou. Quero, portanto, metade do que ele receber a título de direitos autorais. Se não for atendido em minha reivindicação levarei a questão a juízo. Estou seguro de que ganharei. Além do vídeo, conto com uma testemunha: o meu filho. Ele viu o jogo do começo ao fim e pode depor a meu favor. É pena não ter mais testemunhas, mas, infelizmente, ele foi o único espec- tador desse jogo. E irá comigo demandar justiça contra o plágio.”
(SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo, Global, 2013, p. 55)
(2017/DPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) Estou seguro de que ganharei. Além do vídeo, conto com uma testemunha: o meu filho. (4º pará- grafo) Essa passagem está reescrita em um único período, sem prejuízo do sentido, em:
Estou seguro de que ganharei, ao contar além do vídeo, porém, com uma teste-
munha: o meu filho.
Estou seguro de que ganharei, por contar, além do vídeo, com uma testemunha:
o meu filho.
Estou seguro de que ganharei, a fim de que, além do vídeo, conte com uma tes- temunha: o meu filho.
Estou seguro de que ganharei, além do vídeo, o fato de contar com uma teste-
munha: o meu filho.
Estou seguro de que ganharei, contando, no entanto, além do vídeo, com uma
testemunha: o meu filho.
(2017/DPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) A expressão do texto que encontra um substituto correto, respeitando-se as regras gramaticais e sem prejuízo do sentido, está em:
... notícia segundo a qual... (1º parágrafo) // notícia a cerca da qual
... um gol feito por mim. (1º parágrafo) // um gol de minha autoria.
... irá comigo demandar justiça... (4º parágrafo) // irá comigo pleitear com justiça
Vamos agora aos detalhes. (3º parágrafo) // Avaliemos agora sob os detalhes.
... conto com uma testemunha... (4º parágrafo) // disponho à uma testemunha
O direito de opinar
As leis precisam ser dinâmicas, para acompanharem as mudanças sociais. Há sempre algum atraso nisso: a mudança dos costumes precede as devidas altera- ções jurídicas. É cada vez mais frequente que ocorram transições drásticas de valo- res e julgamentos à margem do que seja legalmente admissível. Com a velocidade dos meios de comunicação e com o surgimento de novas plataformas tecnológicas de interação social, há uma dispersão acelerada de juízos e opiniões, a que falta qualquer regramento ético ou legal. Qual o limite da liberdade de expressão a que devam obedecer os usuários das redes sociais? Que valores básicos devem ser pre- servados em todas as matérias que se tornam públicas por meio da internet?
Enquanto não se chega a uma legislação adequada, as redes sociais estampam abusos de toda ordem, sejam os que ofendem o direito da pessoa, sejam os que subvertem os institutos sociais. O direito de opinar passa a se apresentar como o direito de se propagar um odioso preconceito, uma clara manifestação de intole- rância, na pretensão de alçar um juízo inteiramente subjetivo ao patamar de um valor universal.
As diferenças étnicas, religiosas, políticas, econômicas e ainda outras não são invocadas para se comporem num sistema de convívio, mas para se afirmarem como forças que necessariamente se excluem. Uma opinião apresenta-se como lei, um preconceito afirma-se como um valor natural. Não será fácil para os legisla- dores encontrarem a forma adequada de se garantir ao mesmo tempo a liberdade de expressão e o limite para que esta não comprometa todas as outras liberdades previstas numa ordem democrática. Contudo, antes mesmo que essa tarefa chegue aos legisladores, compete aos cidadãos buscarem o respeito às justas diferenças que constituem a liberdade responsável das práticas sociais.
(MELLO ARAÚJO, Justino de, inédito)
(2017/ARTESP/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE TRANSPORTE I – ÁREA ECO- NOMIA) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do primeiro parágrafo em:
precede as devidas alterações jurídicas = antepõe-se, devidamente, às leis rei- teradas.
à margem do que seja legalmente admissível = ao lado do que seconstitui como preceito rigoroso.
plataformas tecnológicas de interação social = irradiações de opinião de conte- údo sociológico.
dispersão acelerada de juízos = propagação veloz e sem controle de julgamentos.
valores básicos devem ser preservados = uma base valorativa que cabe recu- perar.
Equipamentos cada vez mais elaborados estão realizando mais e mais trabalhos que antes exigiam o cérebro humano e substituindo também a força física. Uma pes- quisa recente da Universidade de Oxford, no Reino Unido, sugere que cerca de me- tade dos postos de trabalho existentes hoje nos EUA serão automatizados até 2033. Segundo as previsões do professor Richard Baldwin, economista do renomado Instituto Graduate, de Genebra, “alguns quartos de hotéis em Londres poderão ser limpos por pessoas conduzindo robôs diretamente do Quênia ou de Buenos Aires e de outros lugares por menos de um décimo do preço praticado na Europa”. E ele tem uma visão simples sobre a reação política das pessoas a este cenário: “Elas
vão ficar com raiva”.
Alguns políticos reconheceram que 2016 marcou o início dessa raiva. O proble- ma é que, entre paredes e barreiras comerciais, eles têm poucas opções para lidar com o aumento da desigualdade. O ex-consultor de economia do vice-presidente
dos Estados Unidos, Joe Biden, escreveu recentemente: “Para sermos honestos, precisamos admitir que nenhum dos lados – democratas ou republicanos – tem um plano robusto e convincente para recuperar os postos de trabalho em comunidades que perderam muito da base manufatureira”. A economista-chefe do Fundo Mone- tário Internacional, Christine Lagarde, defende o uso de políticas para impulsionar as pessoas a novas vagas de emprego. Mas, para isso, as vagas precisam existir. E nada garante que elas existirão.
(Adaptado de: MARDELL, Mark. 2017 marcará o início da era dos robôs?. Disponível em: www.bbc.com)
(2017/ARTESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO DE TRANSPORTE – ÁREA TÉCNICO EM CONTABILIDADE) Um segmento do texto tem seu sentido ex- presso, em outras palavras, em:
reação política das pessoas a este cenário (2º parágrafo) / resposta moral dos
compatriotas a esta intempérie
Equipamentos cada vez mais elaborados (1º parágrafo) / Produtos gradualmente remanufaturados
precisamos admitir que nenhum dos lados (3º parágrafo) / reconhecemos que tanto um quanto outro
tem um plano robusto e convincente (3º parágrafo) / dispõe de um programa
firme e concludente
exigiam o cérebro humano (1º parágrafo) / subjugavam o ímpeto humano
Da morte para a vida
Um velho professor e médico cardiologista foi abordado pelo jovem aluno: − Mestre, dizem as estatísticas que é altíssima a incidência de mortes por causas cardíacas. O professor respondeu prontamente: − E do que você preferiria que as pessoas morressem? Lembrava ao discípulo, com isso, os limites do homem e da ciência, que fazem frente às aspirações ideais das criaturas, ao seu anseio de imor-
talidade.
Sendo inevitável, nem por isso deixa a morte de prestar algum serviço aos vi- vos. Não, não me refiro à morte dos monstros antropomórficos que volta e meia põem em risco nossa humanidade; falo dos corpos que continuam de alguma forma vivos nos órgãos transplantados, nas aulas de anatomia, corpos que, investigados, ajudam a esclarecer os caminhos da moléstia que os vitimou. Falo dos préstimos que os homens sabem tomar da morte.
Também no plano filosófico a morte pode surgir como estímulo para viver me- lhor. É o que afirmavam os velhos pensadores estoicos, quando lembravam que o bem viver é também a melhor preparação possível para a morte. Lembrarmo-nos sempre de nossa finitude é mais do que uma lição de humildade: é um convite para intensificar
o sentido do tempo de que dispomos para seguir na vida. É de Sêneca esta lição: “Vivo de modo que cada dia seja para mim a vida toda; e não me ape- go a ele como se fosse o último, mas o contemplo como se pudesse também ser o último”.
(Anastácio Fontes Ribeiro, inédito)
(2017/POLITEC/PERITO MÉDICO LEGISTA) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
é altíssima a incidência (1º parágrafo) // é superlativa a injunção
fazem frente às aspirações (1º parágrafo) // confrontam as idealizações
moléstia que os vitimou (2º parágrafo) // insanidade que os degenerou
Também no plano filosófico (3º parágrafo) // Adstrito ao patamar cognitivo
convite para intensificar (3º parágrafo) // indução para radicalizar
Ações e limites
Quem nunca ouviu a frase “Conte até dez antes de agir”? Não é comum que se respeite esse conselho, somos tentados a dar livre vasão aos nossos impulsos, mas a recomendação tem sua utilidade: dez segundos são um tempo precioso, podem ser a diferença entre o ato irracional e a prudência, entre o abismo e a ponte para um outro lado. Entre as pessoas, como entre os grupos ou grandes comunidades,
pode ser necessário abrir esse momento de reflexão e diplomacia, que antecede e
costuma evitar os desastres irreparáveis.
Tudo está em reconhecer os limites, os nossos e os alheios. Desse reconheci- mento difícil depende nossa humanidade. Dar a si mesmo e ao outro um tempo mínimo de consideração e análise, antes de irromper em fúria sem volta, é parte do esforço civilizatório que combate a barbárie. A racionalidade aceita e convocada para moderar o tumulto passional dificilmente traz algum arrependimento. Cansa- mo-nos de ouvir: “Eu não sabia o que estava fazendo naquela hora”. Pois os dez segundos existem exatamente para nos dar a oportunidade de saber.
O Direito distingue, é verdade, o crime praticado sob “violenta emoção” daquele “friamente premeditado”. Há, sim, atenuantes para quem age criminosamente sob o impulso do ódio. Mas melhor seria se não houvesse crime algum, porque alguém se convenceu da importância de contar até dez.
(Décio de Arruda Tolentino, inédito)
(2017/OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL) Considerando-se o contexto, traduz-se ade- quadamente o sentido de um segmento do texto em:
nos dar a oportunidade de saber (2º parágrafo) // ensejar-nos a ocasião de ter ciência
antecede [...] os desastres irreparáveis (1º parágrafo) // precede os sobressaltos desconcertados
é parte do esforço civilizatório (2º parágrafo) // participa do arremedo cultural
convocada para moderar (2º parágrafo) // instaurada para mediar
dar livre vasão aos nossos impulsos (1º parágrafo) // impulsionar nossos desejos
[Uma espécie complicada]
O grande biólogo norte-americano Richard Dawkins acredita sem qualquer hesi- tação na teoria de Darwin acerca da sobrevivência dos mais fortes e capazes e na importância da adaptação a mutações fortuitas na evolução das outras espécies, mas se declara contra a ideia do darwinismo social na evolução da sua própria es-
pécie. Aceitar o darwinismo social seria aceitar posições conservadoras em matéria de política e economia, o que vai contra suas convicções progressistas.
Já os conservadores, que negam a teoria de Darwin sobre a origem e o desen- volvimento das espécies, pregam o darwinismo social sob vários nomes: liberalis- mo, antidirigismo, antiassistencialismo etc. A sobrevivência, portanto, dos mais competitivos e sortudos, como no universo neutro de Darwin.
Esquerda progressista e direita conservadora trocam incoerências. A direita abo- mina a ideia de que o homem descende de animais inferiores, mas não tem proble- ma com a ideia de que ele deve seu progresso à ganância que tem em comum com os chimpanzés. A esquerda aceita a ascendência de macacos e a evolução da sua espécie, mas não quer outra coisa senão um planejamento inteligente, humanista, para organizar a sua sociedade.
Progressistas costumam ser a favor do direito do aborto e contra a pena de morte. Conservadores, que denunciam a interferência indevida do Estado na vida das pessoas, invocam a santidade da vida para que o Estado proíba o aborto, e geralmente são a favor da pena de morte, a mais radical interferência possível do Estado na vida de alguém. Enfim, seja como for que chegamos a isto, somos uma espécie complicada.
(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008,
p. 163-164)
(2017/DPE/ANALISTA – ÁREA ADMINISTRAÇÃO) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:
mutações fortuitas na evolução (1º parágrafo) // transformações taxativas da progressão
aceitar posições conservadoras (1º parágrafo) // ir de encontro a teses retrógradas
aceita a ascendência de macacos (3º parágrafo) // acata a superioridade de símios
deve seu progresso à ganância (3º parágrafo) // assume como vitoriosa sua ambição
denunciam a interferência indevida (4º parágrafo) // acusam a intromissão ino- portuna
(2017/DPE/ANALISTA – ÁREA ADMINISTRAÇÃO) Considerando-se o contexto, mantêm-se a correção e o sentido de um segmento do texto caso se venha a
excluir as vírgulas em Já os conservadores, que negam a teoria de Darwin (...), pregam o darwinismo social (2º parágrafo).
substituir o elemento sublinhado em o que vai contra suas convicções progres- sistas (1º parágrafo) por o que ratifica.
substituir a construção não quer outra coisa senão um planejamento (3º pará- grafo) por não abre mão além de um planejamento.
iniciar com a forma verbal Pregam o período que começa por A sobrevivência, portanto (...) (2º parágrafo).
substituir a expressão Já os conservadores por Mesmo os conservadores.
De um poder concedido
Aqueles que somente por sorte se tornam príncipes pouco trabalho têm para isso, é claro, mas se mantêm assim muito penosamente. Não têm dificuldade ne- nhuma em alcançar o posto, porque para aí voaram; surge, porém, toda sorte de dificuldades depois da chegada. (...) É o que acontece quando o Estado foi concedi- do ao príncipe ou por dinheiro ou por graça de quem o concede. Tais príncipes estão na dependência exclusiva da vontade e da boa situação de quem lhes propiciou o poder, isto é, de duas coisas extremamente volúveis e instáveis.
(MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Trad. de Lívio Xavier. São Paulo: Abril Editora, Os Pensado-
res, 1973, p. 33)
(2017/POLITEC/PERITO MÉDICO LEGISTA) Esclarece-se adequadamente, em redação correta e clara, o sentido de um segmento do texto em:
somente por sorte se tornam príncipes = a menos que por previlégio cheguem a um principado
se mantêm assim muito penosamente = permanecem desta feita em extrema penúria
toda sorte de dificuldades = todos os asares possíveis
por graça de quem o concede = por obra intrínsica de quem lhetem condescendência
na dependência exclusiva da vontade = na restrita subordinação ao desejo
O lugar-comum
O lugar-comum, ou chavão, nos faculta falar e pensar sem esforço. Ninguém é levado a sério com ideias originais, que desafiam nossa preguiça. Ouvem-se aqui e ali frases como esta, dita ainda ontem por um político:
− Este país não fugirá de seu destino histórico!
O sucesso de tais tiradas é sempre infalível, embora os mais espertos possam desconfiar que elas não querem dizer coisa alguma. Pois nada foge mesmo ao seu destino histórico, seja um império que desaba ou uma barata esmagada.
(Adaptado de: QUINTANA, Mário. Caderno H. Porto Alegre: Globo, 1973, p. 52)
(2017/OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL) No segmento
Ninguém é levado a sério com ideias originais, que desafiam nossa preguiça, a exclusão da vírgula altera o sentido da frase.
O lugar-comum, ou chavão, nos faculta falar e pensar sem esforço, o elemento sublinhado tem o mesmo sentido de involuntariamente.
Ouvem-se aqui e ali frases como esta, a forma verbal é exemplo de voz ativa.
embora os mais espertos possam desconfiar, o elemento sublinhado tem o mes- mo valor semântico de uma vez que.
nada foge mesmo ao seu destino histórico, a substituição de foge por se exclui
permite manter o restante da frase tal e qual se apresenta.
A literatura é uma arte solitária. Seu labor é da mente para a página. Sua es- tranha fantasia é a de que alguém possa dar forma ao idioma para que outra ex- periência mental e individual se realize: a do leitor. Apesar de saraus e oficinas, a escrita raramente escapa de ser esta atividade insossa e desertada: sentar e escrever sozinho. E, se também são solitárias a pintura e a escultura, ambas têm a vantagem de serem dinâmicas, físicas, performáticas, de um modo que as apro- xima mais das artes coletivas, como a dança, a música, o teatro, o cinema.
Quando fui músico, muitas vezes reclamei dos ensaios, dos shows em que o som estava péssimo, de contratantes que não entregavam o que prometiam, mas, em especial, do trabalho que a difícil democracia de participar de uma banda grande demandava. Quantas viagens, quantas discussões, quantas concessões. E quantas alegrias, quantas vezes olhar para o lado e cruzar com a mirada de alguém que estava ali junto contigo, numa construção maior porque erguida por mais gentes. Mais artistas de um lado, mais espectadores de outro.
(Adaptado de: GONZAGA, Pedro. Reclamação. Disponível em: http://zh.clicrbs.com.br)
(2017/DPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) A literatura é uma arte solitária. Seu labor é da mente para a página. Sua estranha fantasia é a de que alguém possa dar forma ao idioma para que outra experiência mental e in- dividual se realize: a do leitor. (1º parágrafo) No contexto dado, o vocábulo a, em destaque, retoma:
experiência.
arte.
mente.
página.
fantasia.
Trabalho como realização
Quando me perguntam por que ainda não me aposentei e eu respondo que é porque gosto do meu trabalho, me olham com um misto de incredulidade e indig- nação. Eu quase tenho que me desculpar pela desfeita: a maioria das pessoas acha que trabalho é castigo e que falar bem dele é pura ostentação, se não for hipocrisia. Pois bem: entendo perfeitamente que muitos trabalhos possam ser vistos como castigo. Há incontáveis tarefas que podem ser desinteressantes, tediosas, cansa- tivas, que não trazem prazer nenhum para a maioria das pessoas. Mas há outras nas quais nossa personalidade se realiza, que podem perfeitamente constituir-se como nosso meio de expressão, nossa identidade assumida e resolvida como voca- ção. Exemplo clássico é o de um professor que tenha grande prazer em dar aula: ele verá a aposentadoria não como uma bênção, mas como brusca interrupção de uma atividade vital. Ele vai adiar o quanto puder o “gozo”, o “desfrute” (enganosas
palavras) de uma aposentadoria que mais lhe parece um castigo.
Fico imaginando, entre outras utopias, a de um mundo em que houvesse para cada um aquele trabalho que representasse também sua realização pessoal. Acre- dito mesmo que um dos índices mais seguros para se reconhecer a felicidade de alguém seja o prazer que a pessoa encontre em trabalhar. Quando o trabalho vira sinônimo de criação, e quem o faz se sente como um genuíno criador, temos, é for- çoso admitir, uma situação de privilégio, em vez de se constituir uma possibilidade de realização ao alcance de todos.
(Felício Godói, inédito)
(2017/FUNAPE/ANALISTA JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO) Considere as seguintes
afirmações:
– A utilização de aspas em “gozo” e “desfrute” indica o sentido deslocado que as palavras podem ganhar em determinadas situações.
– A expressão misto de incredulidade e indignação destaca a alternativa entre duas possíveis reações desfavoráveis.
– A expressão possibilidade de realização ao alcance de todos é uma definição
adequada do que seja um privilégio.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em
I.
II.
III.
I e II.
II e III.
Carros autônomos com diferentes tecnologias já estão circulando em várias partes do planeta, em ruas de grandes cidades e estradas no campo. Um caminhão autônomo já rodou cerca de 200 km nos Estados Unidos para fazer a entrega de uma grande carga de cerveja. Embora muito recentes, veículos sem motoristas são uma realidade crescente. E, no entanto, os países ainda não discutiram leis para reger seu trânsito.
No início do século 20, quando os primeiros automóveis se popularizaram, as cidades tiveram o desafio de criar uma legislação para eles, pois as vias públicas tinham sido concebidas para pedestres, cavalos e veículos puxados por animais. Cem anos depois, vivemos um momento semelhante diante da iminência de uma “nova revolução industrial”, como define o secretário de Transportes paulistano, Sérgio Avelleda. Ele cita o exemplo das empresas de seguros: “Hoje o risco incide sobre pessoas, donos dos carros e motoristas. No futuro, passará a empresas que produzem o carro, porque os humanos viram passageiros apenas”.
(Adaptado de: SERVA, Leão. Cidades discutem regras para carros autônomos, que já chegam
com tudo. Disponível em: www.folha.uol.com.br)
(2017/ARTESP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULAÇÃO DE TRANSPORTE – ÁREA TÉCNICO EM CONTABILIDADE) Um caminhão autônomo já rodou cerca de 200 km nos Estados Unidos para fazer a entrega de uma grande carga de cerveja. (1º parágrafo) O acréscimo das vírgulas, embora altere o sentido, preserva a corre- ção gramatical na seguinte reescrita da frase:
Um caminhão autônomo, já rodou cerca de 200 km nos Estados Unidos, para
fazer a entrega, de uma grande carga de cerveja.
Um caminhão, autônomo, já rodou cerca de 200 km nos Estados Unidos, para fazer a entrega de uma grande carga, de cerveja.
Um caminhão autônomo, já rodou, cerca de 200 km nos Estados Unidos para fazer, a entrega de uma grande carga de cerveja.
Um caminhão autônomo, já rodou cerca de 200 km, nos Estados Unidos para fazer a entrega de uma grande carga, de cerveja.
Um caminhão, autônomo, já rodou cerca de 200 km nos Estados Unidos para fazer, a entrega, de uma grande carga de cerveja.
O gol plagiado
“Jogador quer direito autoral sobre seus gols.”
Esporte, 20 jan. 2000
“Prezados senhores: dirigindo-se a V.Sa., refiro-me à notícia segundo a qual jogadores de futebol do Reino Unido, como Michael Owen e Ryan Giggs, querem receber autorais pela exibição de seus gols na mídia. Não tenho o status desses senhores – sou apenas um brasileiro que bate a sua bolinha nos fins de semana – mas desejo fazer uma grave denúncia: um dos jogadores citados (oportunamente divulgarei o nome) simplesmente plagiou um gol feito por mim.
Provas? Basta comparar os tapes dos referidos gols. No meu caso, trata-se de um trabalho amador – foi feito por meu filho, de dez anos – mas mesmo assim é bastan- te nítido. Vê-se que, como eu, o referido jogador estava num campo de futebol. Nos dois casos, a partida estava sendo disputada por times de 11 jogadores cada um. Nos dois casos havia uma bola, havia goleiros. Nos dois casos havia um juiz. No meu caso, um juiz usando bermudões e chinelos – mas juiz, de qualquer maneira.
Isto, quanto aos aspectos gerais. Vamos agora aos detalhes. No vídeo do joga- dor inglês, mostrado no mundo inteiro, vê-se que ele pega a bola na grande área, domina-a, livra-se de um adversário e chuta no canto esquerdo, marcando, é for- çoso admitir, um belo tento, um gol que faz jus aos direitos autorais. No meu vídeo
feito uma semana antes, é importante que se diga –, vê-se que eu pego a bola na grande área, que a domino, que livro-me de um adversário e que chuto forte no canto esquerdo, marcando um belo tento.
Conclusão: o jogador inglês me plagiou. Quero, portanto, metade do que ele receber a título de direitos autorais. Se não for atendido em minha reivindicação levarei a questão a juízo. Estou seguro de que ganharei. Além do vídeo, conto com uma testemunha: o meu filho. Ele viu o jogo do começo ao fim e pode depor a meu favor. É pena não ter mais testemunhas, mas, infelizmente, ele foi o único espec- tador desse jogo. E irá comigo demandar justiça contra o plágio.”
(SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo,
Global, 2013, p. 55)
(2017/DPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma interpreta- ção correta a respeito do emprego da pontuação está em:
As vírgulas em ... vê-se que ele pega a bola na grande área, domina-a, livra-se de um adversário e chuta no canto esquerdo... (3º parágrafo) separam ações orde- nadas cronologicamente.
Os travessões em … trata-se de um trabalho amador – foi feito por meu filho, de dez anos – mas mesmo assim é bastante nítido... (2º parágrafo) apresentam uma síntese da informação imediatamente anterior.
Os parênteses em ... um dos jogadores citados (oportunamente divulgarei o nome) simplesmente plagiou um gol feito por mim. (1º parágrafo) intercalam um exemplo do que foi afirmado anteriormente.
Os dois-pontos em Conclusão: o jogador inglês me plagiou. (4º parágrafo) intro-
duzem uma expressão que contraria o que foi afirmado anteriormente.
O sinal de interrogação em Provas? (2º parágrafo) sinaliza uma pergunta dirigida aos leitores do texto para a qual o autor não tem resposta.
O direito de opinar
As leis precisam ser dinâmicas, para acompanharem as mudanças sociais. Há sempre algum atraso nisso: a mudança dos costumes precede as devidas altera- ções jurídicas. É cada vez mais frequente que ocorram transições drásticas de valo- res e julgamentos à margem do que seja legalmente admissível. Com a velocidade dos meios de comunicação e com o surgimento de novas plataformas tecnológicas de interação social, há uma dispersão acelerada de juízos e opiniões, a que falta qualquer regramento ético ou legal. Qual o limite da liberdade de expressão a que devam obedecer os usuários das redes sociais? Que valores básicos devem ser pre- servados em todas as matérias que se tornam públicas por meio da internet?
Enquanto não se chega a uma legislação adequada, as redes sociais estampam abusos de toda ordem, sejam os que ofendem o direito da pessoa, sejam os que subvertem os institutos sociais. O direito de opinar passa a se apresentar como o direito de se propagar um odioso preconceito, uma clara manifestação de intole- rância, na pretensão de alçar um juízo inteiramente subjetivo ao patamar de um valor universal.
As diferenças étnicas, religiosas, políticas, econômicas e ainda outras não são invocadas para se comporem num sistema de convívio, mas para se afirmarem como forças que necessariamente se excluem. Uma opinião apresenta-se como lei, um preconceito afirma-se como um valor natural. Não será fácil para os legisla- dores encontrarem a forma adequada de se garantir ao mesmo tempo a liberdade de expressão e o limite para que esta não comprometa todas as outras liberdades previstas numa ordem democrática. Contudo, antes mesmo que essa tarefa chegue aos legisladores, compete aos cidadãos buscarem o respeito às justas diferenças que constituem a liberdade responsável das práticas sociais.
(MELLO ARAÚJO, Justino de, inédito)
(2017/ARTESP/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE TRANSPORTE I – ÁREA ECO- NOMIA) Está plenamente adequada a pontuação do seguinte período:
Não é consensual e talvez nunca seja, a proposição de que se regulamente o uso da internet, de vez que, muitos usuários, a entendem, por incrível que pareça como seu território particular, a partir do qual todas as opiniões, mesmo as mais precon- ceituosas, podem ser emitidas.
Não é consensual e talvez nunca seja, a proposição de que se regulamente o uso da internet: de vez que muitos usuários a entendem, por incrível que pareça, como seu território particular a partir do qual, todas as opiniões mesmo as mais precon- ceituosas podem ser emitidas.
Não é consensual e talvez nunca seja: a proposição de que se regulamente o uso da internet, de vez que muitos usuários, a entendem − por incrível que pareça − como seu território particular, a partir do qual, todas as opiniões mesmo as mais preconceituosas, podem ser emitidas.
Não é consensual − e talvez nunca seja a proposição − de que se regulamente o uso da internet de vez, que muitos usuários a entendem, por incrível que pareça, como seu território particular; a partir do qual todas as opiniões mesmo as mais preconceituosas, podem ser emitidas.
Não é consensual, e talvez nunca seja, a proposição de que se regulamente o uso da internet, de vez que muitos usuários a entendem, por incrível que pareça, como seu território particular, a partir do qual todas as opiniões, mesmo as mais
preconceituosas, podem ser emitidas.
Trabalho como realização
Quando me perguntam por que ainda não me aposentei e eu respondo que é porque gosto do meu trabalho, me olham com um misto de incredulidade e indig- nação. Eu quase tenho que me desculpar pela desfeita: a maioria das pessoas acha que trabalho é castigo e que falar bem dele é pura ostentação, se não for hipocrisia. Pois bem: entendo perfeitamente que muitos trabalhos possam ser vistos como castigo. Há incontáveis tarefas que podem ser desinteressantes, tediosas, cansa- tivas, que não trazem prazer nenhum para a maioria das pessoas. Mas há outras nas quais nossa personalidade se realiza, que podem perfeitamente constituir-se como nosso meio de expressão, nossa identidade assumida e resolvida como voca- ção. Exemplo clássico é o de um professor que tenha grande prazer em dar aula: ele verá a aposentadoria não como uma bênção, mas como brusca interrupção de uma atividade vital. Ele vai adiar o quanto puder o “gozo”, o “desfrute” (enganosas
palavras) de uma aposentadoria que mais lhe parece um castigo.
Fico imaginando, entre outras utopias, a de um mundo em que houvesse para cada um aquele trabalho que representasse também sua realização pessoal. Acre-
dito mesmo que um dos índices mais seguros para se reconhecer a felicidade de alguém seja o prazer que a pessoa encontre em trabalhar. Quando o trabalho vira sinônimo de criação, e quem o faz se sente como um genuíno criador, temos, é for- çoso admitir, uma situação de privilégio, em vez de se constituir uma possibilidade de realização ao alcance de todos.
(Felício Godói, inédito)
(2017/FUNAPE/ANALISTA JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO) Todos os tempos ver- bais estão adequadamente articulados, acatando ainda as normas de concordância, na frase:
A despeito de serem árduos e desafiadores, há trabalhos que trarão muita satis- fação àqueles que se propuserem a assumi-los com seriedade.
Sempre houve pessoas a quem pareceram inútil buscar prazer num trabalho que venha a exigir delas dedicação plena e grande esforço.
Caso desejemos que nossa personalidade viesse a se realizar num trabalho, se- ria necessário que não se medisse esforços para levá-lo a bom termo.
Cabem aos professores que manifestem prazer ao dar aula não deixarem que esse entusiasmo viesse a esmorecer com o passar do tempo.
Quando vierem a faltar utopias, por conta do pragmatismo do nosso mundo, que não nos venham pelo menos a faltar a memória das que já houveram.
Ciência e religião
A prestigiosa revista semanal norte-americana Newsweek publicou um sur- preendente artigo intitulado “A ciência encontra Deus”. Esse foi o artigo de capa, a qual mostrava o vitral de uma igreja com anjos substituídos por cientistas em seus jalecos brancos e cruzes substituídas por telescópios e microscópios. Planetas, estrelas e galáxias adornam essa imagem central, que é finalmente emoldurada
pela estrutura helicoidal de uma molécula de DNA. O artigo sugere que a ciência moderna precisa de Deus.
Não existe nenhum conflito em uma justificativa religiosa ou espiritual para o trabalho científico, contanto que o produto desse trabalho satisfaça às regras im- postas pela comunidade científica. A inspiração para se fazer ciência é completa- mente subjetiva e varia de cientista para cientista. Mas o produto de suas pesqui- sas tem um valor universal, fato que separa claramente a ciência da religião.
Quando tantas pessoas estão se afastando das religiões tradicionais em busca de outras respostas para seus dilemas, é extremamente perigoso equacionar o cientista com o sacerdote da sociedade moderna. A ciência
oferece-nos a luz para muitas trevas sem a necessidade da fé. Para alguns, isso já é o bastante. Para ou- tros, só a fé pode iluminar certas trevas. O importante é que cada indivíduo possa fazer uma escolha informada do caminho que deve seguir, seja através da ciência, da religião ou de uma visão espiritual do mundo na qual a religião e a ciência pre- enchem aspectos complementares de nossa existência.
(GLEISER, Marcelo. Retratos cósmicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 46-47)
(2017/ARTESP/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE TRANSPORTE I – ÁREA ECO- NOMIA) Quanto à concordância verbal e à adequada correlação entre tempos e mo- dos dos verbos, está plenamente correta a frase:
Não é comum que venham a se estampar numa revista científica quaisquer alu- sões ao plano religioso ou espiritual, de vez que a fé ou a vida mística não devem afetar um método de pesquisa.
Seria importante, para os cientistas que são também religiosos, que os valores
da fé não interfiram na prática científica, para a qual em nada pudesse contribuir.
É de se lamentar, na opinião do autor do texto, que os dilemas humanos não vies- sem a ser resolvidos pelas religiões tradicionais, mas pior será se se pretenderem resolvê-los à luz da ciência.
Caso a ciência não traga alguma luz para o conhecimento humano, não teria como competir com o conforto que a muitos beneficiam por conta da fé e da con- fiança numa ordem divina.
Se fosse natural harmonizar a prática científica com a fé religiosa, o autor do texto não terá insistido em reconhecer que sempre haveriam incompatibilidades entre os meios de que se vale uma e outra.
Civilização e infelicidade
Uma fonte da infelicidade humana estaria na insuficiência das normas que regu- lam os vínculos pessoais na família, no Estado e na sociedade. Não queremos ad- mitir que as instituições por nós mesmos criadas não trariam bem-estar e proteção para todos nós. Deparamo-nos com a afirmação espantosa que boa parte da nossa miséria vem do que é chamado de nossa civilização; seríamos bem mais felizes se a abandonássemos e retrocedêssemos a condições primitivas.
A asserção me parece espantosa porque é fato estabelecido – como quer que se defina o conceito de civilização – que tudo aquilo com que nos protegemos da ameaça das fontes do sofrer é parte da civilização. Descobriu-se que o homem se torna neurótico porque não pode suportar a medida de privação que a sociedade lhe impõe, em prol de seus ideais culturais, e concluiu-se então que, se estas exi- gências fossem abolidas ou bem atenuadas, isto significaria um retorno a possibi- lidades de felicidade.
(Adaptado de: FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. Trad. Paulo César de Souza. São
Paulo: Penguin & Companhia das Letras, 2011, p. 30-32)
(2017/FUNAPE/ANALISTA JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO) É clara e correta a re- dação deste livre comentário sobre o texto:
A insuficiência de normas e instituições seriam responsáveis pela infelicidade
humana, segundo considera Freud, por mais paradoxal que seja.
Seria impensável que mecanismos institucionais de cujos somos nósmesmos os responsáveis, viessem a conspirar para a nossa própria felicidade.
A muitos parece que, num estágio primitivo, seríamos mais felizes, porquanto a
civilização traria-nos alguns impecilhos para uma vida mais gratificante.
Criadas para nos proteger do sofrimento e das injustiças, as instituições, por ve- zes, nos fazem sofrer, ao imporem severos limites aos nossos desejos.
Mesmo que se venha a abolirem as imposições institucionais, nada nos garante de que nos acarretem com isso uma vida mais realizada.
O direito de opinar
As leis precisam ser dinâmicas, para acompanharem as mudanças sociais. Há sempre algum atraso nisso: a mudança dos costumes precede as devidas altera- ções jurídicas. É cada vez mais frequente que ocorram transições drásticas de valo- res e julgamentos à margem do que seja legalmente admissível. Com a velocidade dos meios de comunicação e com o surgimento de novas plataformas tecnológicas de interação social, há uma dispersão acelerada de juízos e opiniões, a que falta qualquer regramento ético ou legal. Qual o limite da liberdade de expressão a que devam obedecer os usuários das redes sociais? Que valores básicos devem ser pre- servados em todas as matérias que se tornam públicas por meio da internet?
Enquanto não se chega a uma legislação adequada, as redes sociais estampam abusos de toda ordem, sejam os que ofendem o direito da pessoa, sejam os que subvertem os institutos sociais. O direito de opinar passa a se apresentar como o direito de se propagar um odioso preconceito, uma clara manifestação de intole- rância, na pretensão de alçar um juízo inteiramente subjetivo ao patamar de um valor universal.
As diferenças étnicas, religiosas, políticas, econômicas e ainda outras não são invocadas para se comporem num sistema de convívio, mas para se afirmarem como forças que necessariamente se excluem. Uma opinião apresenta-se como lei, um preconceito afirma-se como um valor natural. Não será fácil para os legisla- dores encontrarem a forma adequada de se garantir ao mesmo tempo a liberdade de expressão e o limite para que esta não comprometa todas as outras liberdades previstas numa ordem democrática. Contudo, antes mesmo que essa tarefa chegue aos legisladores, compete aos cidadãos buscarem o respeito às justas diferenças que constituem a liberdade responsável das práticas sociais.
(MELLO ARAÚJO, Justino de, inédito)
(2017/ARTESP/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE TRANSPORTE I – ÁREA ECO- NOMIA) O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concor- dar com o termo sublinhado em:
Não (dever) faltar às novas leis uma orientação democrática sancionada por valores éticos.
Nunca se (chegar) a um consenso de justos valores se não houver uma ampla discussão.
Caso (vir) a ocorrer numa reação da sociedade, os protestos deverão embasar-se juridicamente.
É inimaginável que ainda (persistir) em nossa sociedade reações contrárias à
regulamentação da internet.
Como é de regra, (atribuir-se) aos legisladores a tarefa de propor as novas dis- posições legais.
Escritora nigeriana elenca sugestões feministas para educar crianças
A escritora nigeriana Chimamanda Adichie tornou-se uma das difusoras do mo- vimento feminista desde seu discurso “Sejamos Todos Feministas”, em 2015. Na- quela época, Adichie já havia lançado quatro romances que a consagraram como expoente da literatura africana. Agora ela acaba de publicar o livro “Para Educar
Crianças Feministas − Um Manifesto”, em que propõe a ruptura do preconceito e da misoginia por meio da educação de novas gerações. No livro, ela acredita ter finalmente reunido o sumo de sua visão sobre a “doutrina”.
Apesar do título, o livro não se dirige apenas a pais e mães, mas a “todos os que pensam no feminismo como uma palavra negativa e que associam o movimento a posições extremistas”, explica a autora. “É minha maneira de dizer ‘olhe por esse lado’. A questão da injustiça de gênero é que as coisas são feitas assim há tanto tempo que elas são vistas como normais.”
Se o tema consolida parte do público que se vê representada por suas reflexões, implica também uma perda. Ela recorda que, em um evento na Nigéria, um homem lhe disse que deixara de gostar de sua obra quando ela começou a falar de feminis- mo. “Há muita hostilidade à ideia de feminismo. O mundo é sexista e a misoginia é praticada tanto por homens quanto por mulheres”, diz.
(Adaptado de: NOGUEIRA, Amanda. Folha de S. Paulo, 03/03/2017)
(2017/ARTESP/ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE TRANSPORTE I – ÁREA ECO- NOMIA) Não haverá prejuízo para a estrutura gramatical da frase Se o tema con- solida parte do público que se vê representada por suas reflexões, implica também uma perda ao se substituírem os segmentos sublinhados, respectivamente, por
Ainda que o tema viesse a consolidar − talvez constitua um agravo.
Conquanto o tema consolide − acarreta, ao mesmo tempo, um ônus.
Mesmo se o tema consolidasse

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