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Caderno de Questões Português (com gabarito)

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10/10/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/7621010/imprimir 1/8
Português (MPU/CESPE)
Português
Questão 1: CESPE ­ TJ (STM)/STM/Administrativa/"Sem Especialidade"/2018
Texto CB4A1BBB
O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo
horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando conseguiu,
em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no
balcão.
Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente, para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do
outro, certificar­se de sua liberdade e da superioridade de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida. Pode
abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar na segunda­feira feliz para o batente.
Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou  sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria
para dentro do espelho, sem glamour e também sem volta.
Os tigres­de­bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo
que nunca se tornará realidade. Adivinham as selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região metropolitana, são
trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a
quem dorme enrodilhado, exilado não do que foi, mas do que poderia ter sido.
Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53­4 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue.
A forma verbal “passara” denota um fato ocorrido antes de duas outras ações também já concluídas, as quais são descritas nos dois períodos imediatamente anteriores
ao período em que ela se insere.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/596677
Questão 2: CESPE ­ TJ STJ/STJ/Administrativa/2018
Texto CB4A1AAA
As discussões em  torno de questões como “o que é  justiça?” ou  “quais  são os mecanismos disponíveis para produzir  situações cada vez mais  justas ao conjunto da
sociedade?” não são novidade. Autores do século XIX já procuravam construir análises para identificar qual o sentido exato do termo justiça e quais formas de promovê­la
eram possíveis e desejáveis ao conjunto da sociedade à época. O debate se enquadra em torno de  três principais  ideias: bem­estar;  liberdade e desenvolvimento; e
promoção de formas democráticas de participação. Autores importantes do campo da ciência política e da filosofia política e moral se debruçaram intensamente em torno
dessa questão ao longo do século XX, e chegaram a conclusões diversas uns dos outros. Embora a perspectiva analítica de cada um desses autores divirja entre si, eles
estão preocupados em desenvolver formas de promoção de situações de justiça social e têm hipóteses concretas para se chegar a esse estado de coisas.
Para  Amartya  Sen,  por  exemplo,  a  injustiça  é  percebida  e  mensurada  por  meio  da  distribuição  e  do  alcance  social  das  liberdades.  Para  Rawls,  ela  se  manifesta
principalmente nas estruturas básicas da sociedade e sua solução depende de uma nova forma de contrato social e de uma definição de princípios básicos que criem
condições de promoção de  justiça.  Já para Habermas, a questão gira em torno da manifestação no campo da ação comunicativa, na qual a  fragilidade de uma ação
coletiva que tenha pouco debate ou pouca representação pode enfraquecer a qualidade da democracia e, portanto,  interferir no seu pleno funcionamento,  tendo, por
consequência, desdobramentos sociais injustos. Em síntese, os autores argumentam a favor de instrumentos variados para a solução da injustiça, os quais dependem da
interpretação de cada um deles acerca do conceito de justiça.
Augusto Leal Rinaldi. Justiça, liberdade
e democracia. In: Pensamento Plural. Pelotas [12]: 57­74, jan.­jun./2013 (com adaptações).
A respeito dos aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA, julgue o item.
Embora haja semelhança de sentido entre os verbos divergir e diferir, a substituição da forma verbal “divirja” por difere prejudicaria a correção gramatical do texto.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/625536
Questão 3: CESPE ­ AJ STJ/STJ/Judiciária/"Sem Especialidade"/2018
Texto CB1A1AAA
No pensamento filosófico da Antiguidade, a dignidade (dignitas) da pessoa humana era alcançada pela posição social ocupada pelo indivíduo, bem como pelo grau de
reconhecimento  dos  demais  membros  da  comunidade.  A  partir  disso,  poder­se­ia  falar  em  uma  quantificação  (hierarquia.)  da  dignidade,  o  que  permitia  admitir  a
existência de pessoas mais dignas ou menos dignas.
Frise­se que  foi  a partir das  formulações de Cícero que a  compreensão de dignidade  ficou desvinculada da posição  social. O  filósofo  conferiu à dignidade da pessoa
humana um sentido mais amplo ligado à natureza humana: todos estão sujeitos às mesmas leis da natureza, que proíbem que uns prejudiquem aos outros.
No  círculo  de  pensamento  jusnaturalista  dos  séculos  XVII  e  XVIII,  a  concepção  da  dignidade  da  pessoa  humana  passa  por  um  procedimento  de  racionalização  e
secularização, mantendo­se, porém, a noção básica da igualdade de todos os homens em dignidade e liberdade. Nesse período, destaca­se a concepção de Emmanuel
Kant de que a autonomia ética do ser humano é o  fundamento da dignidade do homem.  Incensurável é a permanência da concepção kantiana no sentido de que a
dignidade da pessoa humana repudia toda e qualquer espécie de coisificação e instrumentalização do ser humano.
Antonio da Rocha Lourenço Neto. Direito e
humanismo: visão filosófica, literária e histórica. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, p.148­9 (com adaptações).
10/10/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/7621010/imprimir 2/8
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, julgue o item.
A correção do texto seria mantida caso o pronome “se”, em “poder­se­ia falar”, fosse deslocado para imediatamente após a forma verbal “falar”, escrevendo­se poderia
falar­se.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/625024
Questão 4: CESPE ­ AJ STJ/STJ/Judiciária/"Sem Especialidade"/2018
Texto CB1A1CCC
As audiências de segunda a sexta­feira muitas vezes revelaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam
da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam à
minha frente, por diversas vezes, me escoltaram até minha casa e passaram a ser companheiras de noites de insônia. Não havia outra solução a não ser escrever. Era
preciso colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas que, mesmo ao fim do processo e com a sentença prolatada, não me deixavam esquecê­las.
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas, esposas, namoradas, companheiras, todas tendoem comum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de
casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas mulheres, havia se transformado no pior dos mundos.
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sentavam à minha frente, os relatos se transformavam em desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justificar e
muitas vezes se culpar por terem sido agredidas. A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não ter
conseguido manter a família. Sempre a culpa.
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma força externa como se somente nós, juízes, promotores e advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo
de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela violência invisível.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis
Marias: histórias além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com adaptações).
Com base no texto CB1A1CCC, escrito por uma juíza acerca de casos de violência doméstica, julgue o item a seguir.
No texto, a palavra “prolatada” foi empregada como sinônimo de deferida.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/625026
Questão 5: CESPE ­ AJ STJ/STJ/Administrativa/2018
Texto CB1A1AAA
No pensamento filosófico da Antiguidade, a dignidade (dignitas) da pessoa humana era alcançada pela posição social ocupada pelo indivíduo, bem como pelo grau de
reconhecimento  dos  demais  membros  da  comunidade.  A  partir  disso,  poder­se­ia  falar  em  uma  quantificação  (hierarquia.)  da  dignidade,  o  que  permitia  admitir  a
existência de pessoas mais dignas ou menos dignas.
Frise­se que  foi a partir das  formulações de Cícero que a  compreensão de dignidade  ficou desvinculada da posição  social. O  filósofo  conferiu à dignidade da pessoa
humana um sentido mais amplo ligado à natureza humana: todos estão sujeitos às mesmas leis da natureza, que proíbem que uns prejudiquem aos outros.
No  círculo  de  pensamento  jusnaturalista  dos  séculos  XVII  e  XVIII,  a  concepção  da  dignidade  da  pessoa  humana  passa  por  um  procedimento  de  racionalização  e
secularização, mantendo­se, porém, a noção básica da igualdade de todos os homens em dignidade e liberdade. Nesse período, destaca­se a concepção de Emmanuel
Kant de que a autonomia ética do ser humano é o  fundamento da dignidade do homem.  Incensurável é a permanência da concepção kantiana no sentido de que a
dignidade da pessoa humana repudia toda e qualquer espécie de coisificação e instrumentalização do ser humano.
Antonio da Rocha Lourenço Neto. Direito e humanismo: visão filosófica, literária e histórica. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, p.148­9 (com adaptações).
 
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, julgue o item.
Seria mantida a coerência do texto se o trecho “a partir das” fosse substituído ou por com base nas ou por desde as, embora essas duas expressões tenham sentidos
distintos.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/623793
Questão 6: CESPE ­ AJ STJ/STJ/Judiciária/"Sem Especialidade"/2018
Texto CB1A1CCC
As audiências de segunda a sexta­feira muitas vezes revelaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam
da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam à
minha frente, por diversas vezes, me escoltaram até minha casa e passaram a ser companheiras de noites de insônia. Não havia outra solução a não ser escrever. Era
preciso colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas que, mesmo ao fim do processo e com a sentença prolatada, não me deixavam esquecê­las.
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas, esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em comum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de
casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas mulheres, havia se transformado no pior dos mundos.
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sentavam à minha frente, os relatos se transformavam em desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justificar e
muitas vezes se culpar por terem sido agredidas. A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não ter
conseguido manter a família. Sempre a culpa.
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma força externa como se somente nós, juízes, promotores e advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo
de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela violência invisível.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis
Marias: histórias além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com adaptações).
10/10/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/7621010/imprimir 3/8
Com base no texto CB1A1CCC, escrito por uma juíza acerca de casos de violência doméstica, julgue o item a seguir.
O referente dos sujeitos de “chegavam”, que está elíptico, é “os relatos”.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/625027
Questão 7: CESPE ­ AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018
Texto 6A2BBB
A obra de Maquiavel causou bastante polêmica por romper com a visão usual da atividade política. Na tradição cristã, a política era vista como uma forma de preparar a
Cidade de Deus na terra. Na Antiguidade, era uma maneira de “promover o bem comum”. Havia sempre a referência a um objetivo transcendente, a um padrão implícito
ou explícito de justiça. Para Maquiavel, o que importa, na política, é o poderreal. Não é uma questão de justiça ou de princípios, mas de capacidade de  impor­se aos
outros.
N’O Príncipe, Maquiavel ensina que a meta de toda ação política é ampliar o próprio poder em relação aos outros.É necessário reduzir o poder dos adversários: semear
a discórdia nos territórios conquistados, enfraquecer os fortes e fortalecer os fracos; em suma, dividir para reinar.
Os Discorsi são uma longa glosa dos dez primeiros livros da História de Roma, de Tito Lívio, vistos como um documento histórico incontestável, embora hoje se saiba
que o autor não se furtava a alterar os fatos para robustecer seu caráter alegórico ou exemplar — procedimento, aliás, que Maquiavel também adotaria em suas Histórias
Florentinas. Na obra, ele procura, nos costumes dos antigos, elementos que possam ser utilizados na superação dos problemas de sua época.
Ao buscar as causas da grandeza da Roma antiga, Maquiavel acaba por encontrá­las na discórdia entre seus cidadãos, naquilo que tradicionalmente era estigmatizado
como “tumultos”. Trata­se de uma visão revolucionária, já que o convencional era fazer o elogio da harmonia e da unidade. Até hoje, a busca do “consenso” e o sonho de
uma sociedade harmônica, sem disputa de interesses, estão presentes no discurso político e, mais ainda, alimentam a desconfiança com que são vistas as lutas políticas.
Para Maquiavel, porém, o conflito é sempre um sintoma de equilíbrio de poder. Na sociedade, uma parte sempre quer oprimir a outra — nobres e plebeus, ricos e pobres
ou, na linguagem que ele prefere usar,o povo e os “grandes”. Se o conflito persiste, é porque nenhuma parte conseguiu atingir sua meta de dominar a outra .Portanto,
permanece um espaço de liberdade para todos.
L. F. Miguel. A moral e a política. In: L. F. Miguel. O
nascimento da política moderna. De Maquiavel a Hobbes. Brasília: Editora da UnB, 2015, p. 21, 23­4 (com adaptações).
Julgue o item, relativo às estruturas linguísticas do texto 6A2BBB.
A retirada das vírgulas que isolam a expressão “mais ainda” não prejudicaria a correção gramatical do texto,mas alteraria os seus sentidos originais.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/596212
Questão 8: CESPE ­ TJ (STM)/STM/Administrativa/"Sem Especialidade"/2018
Texto CB4A1BBB
O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo
horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando conseguiu,
em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no
balcão.
Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente, para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do
outro, certificar­se de sua liberdade e da superioridade de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida. Pode
abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar na segunda­feira feliz para o batente.
Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou  sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria
para dentro do espelho, sem glamour e também sem volta.
Os tigres­de­bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo
que nunca se tornará realidade. Adivinham as selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região metropolitana, são
trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a
quem dorme enrodilhado, exilado não do que foi, mas do que poderia ter sido.
Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53­4 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue.
A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados caso o período “Ele pode então (...) sua vida” fosse assim reescrito: Para o apartamento financiado
em quinze anos, pode ele voltar então, contente com sua vida.
 Certo
 Errado
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Questão 9: CESPE ­ AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018
Texto 6A1BBB
A humanidade não aceitará uma língua não natural para a comunicação natural. Isso é contra a tendência dos seus instintos. Nenhum homem, “que seja homem”, achará
natural conversar, aceitando ou recusando uma bebida, em Volapuque, ou Esperanto, ou Ido ou em qualquer outra fantochada do gênero. Preferirá falar, gaguejando,
uma língua estranha, mas natural, do que falar, com relutante perfeição, uma língua artificialmente construída. O homem é um animal apesar de muitos o esquecerem,
ele ainda é um animal irracional, como todos o são.
Fernando Pessoa. A Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
Com relação à variação linguística, aos fatores de textualidade e aos aspectos linguísticos do texto 6A1BBB, julgue o item a seguir.
10/10/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
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A regência do verbo preferir observada no quarto período do texto é típica da variedade culta do português europeu, sendo pouco frequente na variedade brasileira do
português, principalmente em textos informais.
 Certo
 Errado
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Questão 10: CESPE ­ TJ STJ/STJ/Administrativa/2018
Texto CB4A1AAA
As discussões em  torno de questões como “o que é  justiça?” ou  “quais  são os mecanismos disponíveis para produzir  situações cada vez mais  justas ao conjunto da
sociedade?” não são novidade. Autores do século XIX já procuravam construir análises para identificar qual o sentido exato do termo justiça e quais formas de promovê­la
eram possíveis e desejáveis ao conjunto da sociedade à época. O debate se enquadra em torno de  três principais  ideias: bem­estar;  liberdade e desenvolvimento; e
promoção de formas democráticas de participação. Autores importantes do campo da ciência política e da filosofia política e moral se debruçaram intensamente em torno
dessa questão ao longo do século XX, e chegaram a conclusões diversas uns dos outros. Embora a perspectiva analítica de cada um desses autores divirja entre si, eles
estão preocupados em desenvolver formas de promoção de situações de justiça social e têm hipóteses concretas para se chegar a esse estado de coisas.
Para  Amartya  Sen,  por  exemplo,  a  injustiça  é  percebida  e  mensurada  por  meio  da  distribuição  e  do  alcance  social  das  liberdades.  Para  Rawls,  ela  se  manifesta
principalmente nas estruturas básicas da sociedade e sua solução depende de uma nova forma de contrato social e de uma definição de princípios básicos que criem
condições de promoção de  justiça.  Já para Habermas, a questão gira em torno da manifestação no campo da ação comunicativa, na qual a  fragilidade de uma ação
coletiva que tenha pouco debate ou pouca representação pode enfraquecer a qualidade da democracia e, portanto,  interferir no seu pleno funcionamento,  tendo, por
consequência, desdobramentos sociais injustos. Em síntese, os autores argumentam a favor de instrumentos variados para a solução da injustiça, os quais dependem da
interpretação de cada um deles acerca do conceito de justiça.
Augusto Leal Rinaldi. Justiça, liberdade
e democracia. In: Pensamento Plural. Pelotas [12]: 57­74, jan.­jun./2013 (com adaptações).
A respeito dos aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA, julgue o item.
A correção gramatical do texto seria mantida caso se empregasse o acento indicativo de crase no vocábulo “a” em “a esse estado de coisas”
 Certo
 Errado
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Questão 11: CESPE ­ AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018
Texto 6A4CCC
 
Internet: <http://bloga.grupoa.com.br> (com adaptações).
No que concerne aos aspectos linguísticos do texto 6A4CCC, julgue o item a seguir.
No período “É um orgulho poder contar com você”, a terceira pessoa do singular empregada na forma verbal “É” justifica­se por tratar­se de um verbo impessoal, como
em É tarde.
 Certo
 Errado
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Questão 12: CESPE ­ AJ (STM)/STM/Administrativa/2018
Texto CB1A1AAA
Não  sou  de  choro  fácil  a  não  ser  quando  descubro  qualquer  coisa muito  interessante  sobre  ácido  desoxirribonucleico. Ou  quando  acho  uma  carta  que  fale  sobre  a
descoberta de um novo modelo para a estrutura do ácido desoxirribonucleico, uma carta que termine com “Muito amor, papai”. Francis Crick descobriu o desenho do DNA
e escreveu a seu filho só para dizer que “nossa estrutura é muito bonita”. Estrutura, foi o que ele falou. Antes de despedir­se ainda disse: “Quando chegar em casa, vou
10/10/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
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te mostrar o modelo”. Não esqueça os dois pacotes de leite, passe para comprar pão, guarde o resto do dinheiro para seus caramelos e, quando chegar, eu mostro a você
o mecanismo copiador básico a partir do qual a vida vem da vida.
Não sou de choro fácil, mas um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticasque coordenam o desenvolvimento e o funcionamento de todos os
seres vivos me comove. Cromossomas me animam, ribossomas me espantam. A divisão celular não me deixa dormir, e olha que eu moro bem no meio das montanhas.
De vez em quando vejo passarem os aviões, mas isso nunca acontece de madrugada — a noite se guarda toda para o infinito silêncio.
Acho que uma palavra é muito mais bonita do que uma carabina, mas não sei se vem ao caso. Nenhuma palavra quer ferir outras palavras: nem desoxirribonucleico, nem
montanha, nem canção. Todos esses  conceitos  têm os  seus  sinônimos,  veja  só,  ácido desoxirribonucleico  e DNA  são  exatamente  a mesma  coisa,  e  os  do  resto  das
palavras você acha. É  tudo uma questão de amor e prisma, por  favor não abra os canhões. Que coisa mais  linda esse ácido despenteado, caramba. Olhei com mais
atenção o desenho da estrutura e descobri: a raça humana é toda brilho.
Matilde Campilho. Notícias escrevinhadas na beira da estrada. In: Jóquei. São Paulo: Editora 34, 2015, p. 26­7 (com adaptações).
Julgue o item, a seguir, com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, no qual a autora Matilde Campilho aborda a descoberta, em 1953, da
estrutura da molécula do DNA, correalizada pelos cientistas James Watson e Francis Crick.
O vocábulo “os” remete a “sinônimos”.
 Certo
 Errado
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Questão 13: CESPE ­ AJ (STM)/STM/Administrativa/2018
Texto CB1A1BBB
Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex­noiva e suicidou­se em seguida é um sintoma da revivescência de um sentimento que parecia ter morrido no coração dos
homens: o domínio sobre a mulher. Há outros casos. (...) Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros. Eles se julgam com o direito de
impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer. Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam
senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos querem tudo que há de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão. O ladrão ainda nos deixa com vida, se
lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não; matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex­noivas. De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de se
supor que quem quer casar deseje que a sua futura mulher venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor boa­ vontade, sem coação de espécie
alguma,  com  ardor  até,  com  ânsia  e  grandes  desejos;  como  é  então  que  se  castigam  as  moças  que  confessam  não  sentir  mais  pelos  namorados  amor  ou  coisa
equivalente?
Todas as considerações que se possam fazer tendentes a convencer os homens de que eles não têm sobre as mulheres domínio outro que não aquele que venha da
afeição não devem ser desprezadas. Esse obsoleto domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa que enche de indignação.
Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a insanidade de generalizar a eternidade do amor. Pode existir, existe, mas excepcionalmente;
e exigi­la nas leis ou a cano de revólver é um absurdo tão grande como querer impedir que o Sol varie a hora do seu nascimento. Deixem as mulheres amar à vontade.
Não as matem, pelo amor de Deus.
Lima Barreto. Não as matem. In: Vida urbana. São Paulo: Brasiliense, 1963, p. 83­5 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB1A1BBB, julgue o item que se segue.
O vocábulo “valentona” foi empregado em referência a “mulher”.
 Certo
 Errado
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Questão 14: CESPE ­ TJ STJ/STJ/Administrativa/2018
Texto CB4A1AAA
As discussões em  torno de questões como “o que é  justiça?” ou  “quais  são os mecanismos disponíveis para produzir  situações cada vez mais  justas ao conjunto da
sociedade?” não são novidade. Autores do século XIX já procuravam construir análises para identificar qual o sentido exato do termo justiça e quais formas de promovê­la
eram possíveis e desejáveis ao conjunto da sociedade à época. O debate se enquadra em torno de  três principais  ideias: bem­estar;  liberdade e desenvolvimento; e
promoção de formas democráticas de participação. Autores importantes do campo da ciência política e da filosofia política e moral se debruçaram intensamente em torno
dessa questão ao longo do século XX, e chegaram a conclusões diversas uns dos outros. Embora a perspectiva analítica de cada um desses autores divirja entre si, eles
estão preocupados em desenvolver formas de promoção de situações de justiça social e têm hipóteses concretas para se chegar a esse estado de coisas.
Para  Amartya  Sen,  por  exemplo,  a  injustiça  é  percebida  e  mensurada  por  meio  da  distribuição  e  do  alcance  social  das  liberdades.  Para  Rawls,  ela  se  manifesta
principalmente nas estruturas básicas da sociedade e sua solução depende de uma nova forma de contrato social e de uma definição de princípios básicos que criem
condições de promoção de  justiça.  Já para Habermas, a questão gira em torno da manifestação no campo da ação comunicativa, na qual a  fragilidade de uma ação
coletiva que tenha pouco debate ou pouca representação pode enfraquecer a qualidade da democracia e, portanto,  interferir no seu pleno funcionamento,  tendo, por
consequência, desdobramentos sociais injustos. Em síntese, os autores argumentam a favor de instrumentos variados para a solução da injustiça, os quais dependem da
interpretação de cada um deles acerca do conceito de justiça.
Augusto Leal Rinaldi. Justiça, liberdade
e democracia. In: Pensamento Plural. Pelotas [12]: 57­74, jan.­jun./2013 (com adaptações).
A respeito dos aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA, julgue o item.
Nos trechos “se debruçaram” e “se chegar” , a partícula “se” recebe classificações distintas.
 Certo
 Errado
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Questão 15: CESPE ­ AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018
Texto 6A1AAA
10/10/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
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Está demonstrado, portanto, que o revisor errou, que se não errou confundiu, que se não confundiu  imaginou, mas venha atirar­lhe a primeira pedra aquele que não
tenha errado,confundido ou  imaginado nunca. Errar, disse­o quem sabia, é próprio do homem, o que significa, se não é erro tomar as palavras à  letra, que não seria
verdadeiro homem aquele que não errasse. Porém, esta suprema máxima não pode ser utilizada como desculpa universal que a todos nos absolveria de juízos coxos e
opiniões mancas. Quem não sabe deve perguntar,  ter essa humildade, e uma precaução  tão elementar deveria  tê­la  sempre presente o  revisor,  tanto mais que nem
sequer precisaria sair de sua casa, do escritório onde agora está trabalhando, pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e prudência de não
acreditar  cegamente naquilo que supõe saber, que daí  é  que  vêm os  enganos piores,  não da  ignorância. Nestas  ajoujadas  estantes, milhares  e milhares de páginas
esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou a firme luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento. Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter
reunido,  ao  longo  duma  vida,  tantas  e  tão  diversas  fontes  de  informação,  embora  um  simples  olhar  nos  revele  que  estão  faltando  no  seu  tombo  as  tecnologias  da
informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega a tudo, e este ofício, é altura de dizê­lo, inclui­se entre os mais mal pagos do orbe.Um dia, mas Alá é maior,
qualquer corrector de livros terá ao seu dispor um terminal de computador que o manterá ligado, noite e dia, umbilicalmente, ao banco central de dados, não tendo ele, e
nós, mais que desejar que entre esses dados do saber total não se tenha insinuado, como o diabo no convento, o erro tentador.
Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as palavras, dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera
do olhar que as  irá fixar num sentido ou nelas procurará o sentido novo, porque assim como vão variando as explicações do universo, também a sentença que antes
parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação, a possibilidade duma contradição latente, a evidência do seu erro próprio .Aqui, neste
escritório onde a verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras variantes, estão os costumados dicionários da língua e vocabulários, os
Morais e Aurélios, os Morenos e Torrinhas, algumas gramáticas, o Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...].
José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25­6.
Ainda no que se refere aos aspectos linguísticos do texto 6A1AAA, julgue o item que se segue.
O vocábulo “que” recebe a mesma classificação em ambas as ocorrências no trecho “que daí é que vêm os enganos piores”
 Certo
 Errado
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Questão 16: CESPE ­ AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018
Texto 6A4BBB
Os revisores, quando necessitam revisar um texto, têm duas opções: podem reescrevê­lo ou revisá­lo. A opção pela reescrita pode tornar­se mais simples porque não vai
obrigar a um diagnóstico do(s) problema(s) que exista(m) no texto com a intenção de resolvê­lo(s). Na reescrita, o revisor afasta­se da superfície do texto. Ele vai ao
cerne do texto, reescreve­o, fornecendo, assim, uma versão diferente da versão primitiva. Tanto a reescrita como a revisão são duas possibilidades de revisão. São como
pontos de um continuum que remetem para o grau de preservação da superfície original do texto. Nessa ótica, a reescrita respeitará menos o original,  imporá menos
esforço de diagnóstico e de busca de solução dos problemas detectados, motivo pelo qual pode ser a opção que toma o revisor menos experiente. A revisão, por sua vez,
implica a correção dos problemas detectados, preservando­se o máximo possível do texto original.
Maria da Graça Lisboa Castro Pinto. Da revisão
na escrita: uma gestão exigente requerida pela relação entre leitor, autor e texto escrito. In: Revista Observatório, v. 3, n.º 4, 2017, p. 503 (com adaptações).
Acerca dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto 6A4BBB, julgue o item subsequente.
De acordo com os sentidos do texto, a atividade de revisão textual pode manifestar­se sob duas formas — a revisão e a reescrita —, cuja diferenciação se dá em termos
graduais, escalares.
 Certo
 Errado
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Questão 17: CESPE ­ TJ (STM)/STM/Administrativa/"Sem Especialidade"/2018
Texto CB4A1BBB
O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo
horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando conseguiu,
em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no
balcão.
Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente, para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do
outro, certificar­se de sua liberdade e da superioridade de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida. Pode
abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar na segunda­feira feliz para o batente.
Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou  sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria
para dentro do espelho, sem glamour e também sem volta.
Os tigres­de­bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo
que nunca se tornará realidade. Adivinham as selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região metropolitana, são
trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a
quem dorme enrodilhado, exilado não do que foi, mas do que poderia ter sido.
Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53­4 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue.
Ao narrar a história do macaco Alemão e ao comentar a vida dos tigres­de­bengala nascidos em cativeiro, a autora remete à perspectiva de visitar zoológicos que ela
classifica como “sem inocência”.
 Certo
 Errado
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Questão 18: CESPE ­ TJ (STM)/STM/Administrativa/"Sem Especialidade"/2018
Texto CB4A1AAA
10/10/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/7621010/imprimir 7/8
Narração  é  diferente  de  narrativa,  uma  vez  que  mantém  algo  da  ideia  de  acompanhar  os  fatos  à  medida  que  eles  acontecem.  A  narrativa  é  uma  totalidade  de
acontecimentos  encadeados,  uma  espécie  de  soma  final,  e  está  presente  em  tudo:  na  sequência  de  entrada,  prato  principal  e  sobremesa  de  um  jantar;  em mitos,
romances, contos, novelas, peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos corpos; nas notícias; em relatórios médicos; em conversas, desenhos, sonhos,
filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas, nos videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração, por sua vez, é basicamente aquilo que um narrador enuncia.
Uma  contagem de  palavras  na  base  de  dados  do Google mostra  uma mudança  nos  usos  de  narrativa.  A  palavra  vem  sendo  cada  vez mais  empregada  nas  últimas
décadas, mas seu sentido vem mudando.
A expressão disputa de narrativas, que teve um boom dos anos 80 do século XX para cá, não costuma dizer respeito à acepção mais literária do termo, como narrativa de
um romance. Fala antes sobre trazer a público diferentes formas de narrar o mundo, para que narrativas plurais possam ser elaboradas e disputadas. É um uso do termo
que talvez aproxime narrativa de narração, porque sugere que toda narrativa histórica e cultural carrega em si um processo e um movimento e que dentro dela há sempre
sinais deixados pelas escolhas de um narrador.
Sofia Nestrovski. Narrativa. Internet: <www.nexojornal.com.br> (com adaptações).
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA, julgue o item a seguir.
Dadas a temática apresentada e a presença de referências temporais, como as expressões “nas últimas décadas” e “dos anos 80 do século XX para cá”, o texto classifica­
se como narrativo.
 Certo
 Errado
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Questão 19: CESPE ­ AJ (STM)/STM/Administrativa/2018
Texto CB1A1AAA
Não  sou  de  choro  fácil  a  não  ser  quando  descubro  qualquer  coisa muito  interessante  sobre  ácido  desoxirribonucleico. Ou  quando  acho  umacarta  que  fale  sobre  a
descoberta de um novo modelo para a estrutura do ácido desoxirribonucleico, uma carta que termine com “Muito amor, papai”. Francis Crick descobriu o desenho do DNA
e escreveu a seu filho só para dizer que “nossa estrutura é muito bonita”. Estrutura, foi o que ele falou. Antes de despedir­se ainda disse: “Quando chegar em casa, vou
te mostrar o modelo”. Não esqueça os dois pacotes de leite, passe para comprar pão, guarde o resto do dinheiro para seus caramelos e, quando chegar, eu mostro a você
o mecanismo copiador básico a partir do qual a vida vem da vida.
Não sou de choro fácil, mas um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e o funcionamento de todos os
seres vivos me comove. Cromossomas me animam, ribossomas me espantam. A divisão celular não me deixa dormir, e olha que eu moro bem no meio das montanhas.
De vez em quando vejo passarem os aviões, mas isso nunca acontece de madrugada — a noite se guarda toda para o infinito silêncio.
Acho que uma palavra é muito mais bonita do que uma carabina, mas não sei se vem ao caso. Nenhuma palavra quer ferir outras palavras: nem desoxirribonucleico, nem
montanha,  nem canção. Todos  esses  conceitos  têm os  seus  sinônimos,  veja  só,  ácido desoxirribonucleico  e DNA  são  exatamente  a mesma  coisa,  e  os  do  resto  das
palavras você acha. É  tudo uma questão de amor e prisma, por  favor não abra os canhões. Que coisa mais  linda esse ácido despenteado, caramba. Olhei com mais
atenção o desenho da estrutura e descobri: a raça humana é toda brilho.
Matilde Campilho. Notícias escrevinhadas na beira da estrada. In: Jóquei. São Paulo: Editora 34, 2015, p. 26­7 (com adaptações).
Julgue o item, a seguir, com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, no qual a autora Matilde Campilho aborda a descoberta, em 1953, da
estrutura da molécula do DNA, correalizada pelos cientistas James Watson e Francis Crick.
A substituição da expressão “e olha que eu moro bem no meio das montanhas” por embora eu more entre montanhas manteria a coerência do trecho no qual se
insere, mas alteraria seu nível de formalidade.
 Certo
 Errado
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Questão 20: CESPE ­ AJ STJ/STJ/Administrativa/2018
Texto CB1A1AAA
No pensamento filosófico da Antiguidade, a dignidade (dignitas) da pessoa humana era alcançada pela posição social ocupada pelo indivíduo, bem como pelo grau de
reconhecimento  dos  demais  membros  da  comunidade.  A  partir  disso,  poder­se­ia  falar  em  uma  quantificação  (hierarquia.)  da  dignidade,  o  que  permitia  admitir  a
existência de pessoas mais dignas ou menos dignas.
Frise­se que  foi  a partir das  formulações de Cícero que a  compreensão de dignidade  ficou desvinculada da posição  social. O  filósofo  conferiu à dignidade da pessoa
humana um sentido mais amplo ligado à natureza humana: todos estão sujeitos às mesmas leis da natureza, que proíbem que uns prejudiquem aos outros.
No  círculo  de  pensamento  jusnaturalista  dos  séculos  XVII  e  XVIII,  a  concepção  da  dignidade  da  pessoa  humana  passa  por  um  procedimento  de  racionalização  e
secularização, mantendo­se, porém, a noção básica da igualdade de todos os homens em dignidade e liberdade. Nesse período, destaca­se a concepção de Emmanuel
Kant de que a autonomia ética do ser humano é o  fundamento da dignidade do homem.  Incensurável é a permanência da concepção kantiana no sentido de que a
dignidade da pessoa humana repudia toda e qualquer espécie de coisificação e instrumentalização do ser humano.
Antonio da Rocha Lourenço Neto. Direito e humanismo: visão filosófica, literária e histórica. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, p.148­9 (com adaptações).
 
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, julgue o item.
Seria mantido o sentido do texto caso o trecho “que proíbem que uns prejudiquem aos outros” fosse reescrito da seguinte forma: o que impossibilita que uns e outros se
prejudiquem.
 Certo
 Errado
Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/conteudo/questoes/623794
10/10/2018 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/cadernos/experimental/7621010/imprimir 8/8
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