seu processo de conquista do continente branco e cristão por meio de incursões a partir das costas mediterrâneas do norte e nordeste da África prin- cipalmente. Morte de Roderic, por Tárik na batalha de Guadalete | Foto: Shutterstock Passaram lá os árabes mais de 780 anos no total, só tendo sido expulsos completamente em 1492, ano do descobri- mento da América! É interessante salientar que a nacionalização de monarquias como Portugal e Espanha se deu exata- mente durante a ocupação moura, o que pressupôs muito conflito e foi, na verdade também uma consequência ideológica do sentimento de rancor pela humilhante submissão do brioso povo europeu aos árabes muçulmanos. Tal ressentimento acabou por criar uma corrente de solidariedade patriótica que, reunindo o povo daquelas nações em torno do ideal de coesão, moveu portugueses e espanhóis a almejar e combater pela centralização do poder, naquele momento, única arma realmente eficaz contra o inimigo invasor, cujo caráter gregário da religião islâmica os unia fortalecendo sua causa, em que pese a origem heterodoxa dos vários povos que, oriundos de diversos países perpetraram as invasões a partir do século 8º d. C. Conflitos e a reconquista Ao contrário de reinos como a Inglaterra, por exemplo, que possuía um governo mais centralizado, nações como a Itália permaneciam extremamente divididas até por volta do século 13. A Itália estava assim dividida em pequenas repúblicas cujas principais eram Milão, Veneza, Gênova, Siena e Verona. Ao norte existiam os Estados Feudais como o Ducado de Sa- boia e, ao sul, os Estados Pontifícios que se expandiram a partir da ação do papa Inocêncio III. Ao sul da Península Itálica ficava o Reino da Sicília (capital Palermo), formado pelos Normandos, que lá se instalaram a partir do século 9º. Reportando-nos ao século 13, o conflito entre o papa e o Império Germânico afetou profundamente a Itália. A intervenção do papa na política italiana foi o que levou alguns a apoiarem o imperador alemão contra o pontífice. A Itália viu então um período de grave derramamento de sangue. 9 HISTÓRIA Batalha de Higueruela, 1431, decisiva na expulsão dos muçulmanos | Foto: Creative Commons Na Península Ibérica, por sua vez, os pequenos reinos cristãos que se originaram com os visigodos, no Norte, começa- ram o processo de reconquista no século 11 e, com o apoio de guerreiros franceses e de outros países, iniciaram o processo de expulsão dos muçulmanos, que então recuaram para o litoral. Ocorreram, porém, novas invasões muçulmanas, oriundas principalmente do Marrocos (século 12). Entretanto, apesar disso, a maior parte da Península Ibérica havia sido retomada. Um dos marcos principais da reconquista foi a Batalha de Las Navas de Tolosa, em 1212. Nela os cristãos, liderados pelo rei Pedro II, de Aragão, venceram os árabes num dos capítulos finais da ocupação. Antes haviam se formado, ainda durante a ocupação moura os reinos de Aragão, Castela, Navarra e Leão – este último deu origem a Portugal e os três primeiros formaram a Espanha Fonte: http://leiturasdahistoria.uol.com.br/formacao-dos-estados-nacionais/ A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA Foi a expansão marítima europeia que deu início ao processo de Revolução Comercial, fenômeno que marcou o mundo entre os séculos XV e XVIII. Quando o europeu se lançou ao mar, possibilitou a interligação do mundo e ditou os rumos da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII. As primeiras grandes navegações permitiram a superação das barreiras comerciais típicas da Idade Média, permitiram o desenvolvimento da economia mercantil e o fortalecimento da classe burguesa. Estas Primeiras Grandes Navegações foram realizadas entre os séculos XV e XVI. Os pioneiros na expansão marítima foram os portugueses e os espanhóis, seguidos pelos ingleses, franceses e holandeses. Fatores que levaram os europeus a realizarem as primeiras Grandes Navegações: A procura de mercados produtores agrícolas na África e na Ásia para suprir as necessidades da crescente população europeia. A procura de novos mercados consumidores de produtos manufaturados na Europa. Falta de metais preciosos na Europa para a cunhagem de moedas. O aprimoramento das técnicas de navegação. A necessidade de se descobrir um novo caminho marítimo para as Índias. A burguesia mercantil buscava novos caminhos para a Índia, para quebrar o monopólio que as cidades italianas, princi- 10 HISTÓRIA palmente Veneza e Gênova, exerciam sobre o comércio de especiarias vindas daquela região, e para evitar o confronto armado com essas cidades no Mediterrâneo (mar interior que está localizado no Oceano Atlântico Oriental entre a Europa (ao sul), Ásia (a oeste) e África (ao norte)). A aliança entre rei e burguesia também contribuiu de maneira decisiva para a expansão comercial e marítima. Juntos, rei e burguesia patrocinaram e financiaram expedi- ções para a África, Ásia e a América. Portugal foi o pioneiro na realização de grandes via- gens. Voltado para o Atlântico desfrutava de posição pri- vilegiada. No início do século XV, Portugal tornou-se o centro de estudos de navegação, com o estímulo do infante D. Henrique, o navegador, que reunia em sua residência, em Sagres, Algarve, navegadores, cosmógrafos, cartógrafos, mercadores e aventureiros. As Grandes Navegações Portuguesas 1415 – chega à ilha de Ceuta, no norte da África. 1419 – ocupa o arquipélago dos Açores. 1434 – dobra o cabo do bojador. 1444 – descobre o arquipélago de Cabo Verde. 1488 – Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Espe- rança. 1498 – Vasco da Gama atinge Calicute, na costa oeste da Índia. 1500 – Pedro Álvares Cabral oficializa a posse sobre o Brasil e segue depois rumo à Ásia, objetivo principal da esquadra. As Grandes Navegações Espanholas O segundo país europeu a se aventurar nas Grandes Navegações foi a Espanha e mesmo assim, quase oitenta anos depois de Portugal. Em sua primeira viagem Colombo desembarcou nas Bahamas, acreditando ter alcançado as Índias, e morreu acreditando nisso. Somente em 1504 desfez-se o engano, quando o na- vegador Américo Vespúcio confirmou tratar-se de um novo continente. 1942 – Cristóvão Colombo descobre a América. 1499 – Alonso Ojeda chega à Venezuela. 1500 – Vicente Pinzón chega ao Brasil, no Amazonas. 1511 – Diogo Velasquez chega Cuba. 1512 – Ponce de León chega à Flórida. 1513 – Vasco Nunez alcança o Oceano Pacífico. 1519 – Fernão de Magalhães e Sebastião del Cano par- tem para a primeira viagem de circum-navegação. 1519 – Fernão Cortez chega ao México. 1531 – Francisco Pizarro conquista o Peru. 1537 – João Ayolas chega ao Paraguai. 1541 – Francisco Orellana explora o rio Amazonas. As navegações inglesas, francesas e holandesas na Amé- rica Depois de algumas expedições de reconhecimento geográfico ao longo do litoral norte-americano, os ingle- ses só começaram a colonizar a América do Norte no final do século XVI. Os franceses, jamais aceitaram a divisão da América, pelo Tratado de Tordesilhas, entre Espanha e Portugal e realizou diversas viagens estimulando a pirataria, principal- mente nas costas brasileiras. As investidas pelo Caribe e pelas costas norte-americanas resultaram na posse do Hai- ti, do Canadá e da Louisiana. Os holandeses chegaram à América, já no século XVII, e fundaram Nova Amsterdã (atual Nova York), invadiram por duas vezes o Brasil (Pernambuco e Bahia) conquista- ram o atual Suriname, a região do Forte Orange (Albany) e Curaçao. A necessidade do europeu lançar-se ao mar resultou de uma série de fatores sociais, políticos, econômicos e tecnológicos. A Europa saía da crise que fora herdada do século XIV e as monarquias nacionais eram levadas a novos desafios que resultariam na expansão para outros territórios. O Ocidente tornou-se dependente do comércio do restante