Artigo política

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ- UECE CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS AVANÇADOS- CESA CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL HOMEM, ANIMAL POLÍTICO 1 SORAYA SANTOS SOUSA CALADO RESUMO Para Aristóteles política é a ciência que tem por objeto a felicidade humana e divide-se em duas partes, a ética, que se preocupa com a felicidade individual do homem, e a política propriamente dita, que se preocupa com a felicidade coletiva na pólis. O objetivo de Aristóteles com sua Política é justamente investigar as formas de governo e as instituições capazes de assegurar uma vida feliz ao cidadão. Por isso mesmo, a política situa-se no âmbito das ciências práticas, ou seja, as ciências que buscam o conhecimento como meio para ação. O filósofo afirma em sua obra que o homem é um animal político, segundo o autor a vida em sociedade é essencial para o homem. Palavras chaves: política, virtude, homem, felicidade, Estado ABSTRACT For Aristotle politics is science that has the object of human happiness and is divided into two parts, ethics, which is concerned with the individual happiness of man, and politics itself, who cares about the collective happiness in the polis. Aristotle's aim with his Politics is precisely to investigate the forms of government and institutions capable of ensuring a happy life to the citizen. For this reason, the policy lies in the realm of practical sciences, that is, the sciences that seek knowledge as a means to action. The philosopher affirms in his work that man is a political animal, according to the author, life in society is essential for man. Key words: politics, virtue, man, happiness, state. 1 INTRODUÇÃO 1 Graduanda no Curso de Serviço Social (UECE). 2 O texto a política teve uma grande influência no desenvolvimento da ciência política, faz parte de um conjunto de estudos que inclui o exame de um grande número de constituições das cidades-estados gregas da época, das quais só chegou até nós a constituição de Atenas. A política é um tratado sobre a arte de governar e governar bem, quando falamos de política nos vem logo a opinião do senso comum, a de que todo político é corrupto, de que a política é permeada de vícios, mas na compreensão da política para os gregos, é muito pelo contrário, política significa viver bem, significa buscar o bem comum, resolver os problemas da comunidade. Segundo o filósofo: Toda cidade é um tipo de associação, e toda associação é estabelecida tendo em vista algum bem (pois os homens sempre agem visando a algo que consideram ser um bem); por conseguinte, a sociedade política [pólis], a mais alta dentre todas as associações, a que abarca todas as outras, tem em vista a maior vantagem possível, o bem mais alto entre todos. (ARISTÓTELES, 2010, pág.53) O primeiro conceito que Aristóteles nos passa é o do \u201cZoon Politikon\u201d, ou seja, um animal político, um ser que vive para a cidade, para a sociedade. Quem vivia isolado, segundo o autor ou era uma besta, ou um deus. A tarefa da Política é investigar qual a melhor forma de governo e instituições capazes de garantir a felicidade coletiva. Embora não tenha proposto um modelo de Estado como seu mestre Platão, Aristóteles foi o primeiro grande sistematizador das coisas públicas. Diferentemente de Platão, faz uma filosofia prática e não ideal e de especulação como seu mestre. O Estado, para Aristóteles, constitui a expressão mais feliz da comunidade em seu vínculo com a natureza. Assim como é impossível conceber a mão sem o corpo, é impossível conceber o indivíduo sem o Estado. O estado, então, é superior ao indivíduo, porquanto a coletividade é superior ao indivíduo, o bem comum superior ao bem particular. O homem é um animal social e político por natureza. E, se o homem é um animal político, significa que tem necessidade natural de conviver em sociedade, de promover o bem comum e a felicidade. 2 O Homem Como Animal Político Para Aristóteles, toda cidade é uma forma de associação e toda associação se estabelece tendo como finalidade algum bem. A comunidade política forma-se de forma natural pela própria tendência que as pessoas têm de se agruparem. E ninguém pode ter 3 garantido seu próprio bem sem a família e sem alguma forma de governo. Os indivíduos não se associam somente para viver, mas para viver bem. A natureza humana nesse aspecto se diferencia dos outros seres que habitam o mundo, primeiro pelo aspecto de vivermos em comunidade, em sociedade, mas o que nos difere da formiga e da abelha? Primeiramente o que nos difere é a razão (logos), nós pensamos, criamos o conhecimento e além disso somos capazes também de transmitir esse conhecimento através da linguagem. Portanto pensamos, criamos conhecimento e transmitimos esse conhecimento para as futuras gerações, só o homem, diz Aristóteles, tem o desejo de conhecer. Além da razão (logos), da linguagem, o que também nos diferencia é o nosso senso ético, somos capazes de pensar o que é certo e o que é errado. Além do senso ético que Aristóteles apresenta como sendo uma das características mais importantes da natureza humana, é o aspecto de viver na Pólis, de viver em sociedade, que nos garante a capacidade de tomar decisões. Nesse sentido a sociabilidade humana é importante, mas não apenas no aspecto de vivermos juntos, pois assim vivem as formigas e as abelhas, temos a razão, podemos transmitir conhecimento através da linguagem, temos o senso ético para discernir o que é certo e o que é errado para assim tomar decisão na Pólis. Para Aristóteles a vida em sociedade enquanto característica humana é primordial, segundo ele, só vivemos a medida que convivemos. 3 Critério Para Ser Considerado Cidadão na Pólis Mas quem é esse cidadão que vive na pólis? Diz Aristóteles que aquele que não se ocupa dos trabalhos manuais, tem a possibilidade de ser cidadão, logo aqueles que estão preocupados com os trabalhos manuais como os artesãos e os trabalhos doméstico, não podem se cidadão, porque segundo o filósofo para ser considerado cidadão o indivíduo necessita do ócio, tempo livre para a reflexão. Somente aqueles que teriam o ócio, seriam capazes de deliberar e teriam capacidade de tomar decisões na pólis e somente os que eram cidadãos eram considerados esse homem bom, esse homem belo por natureza. Sem um mínimo de ócio e de educação, não se pode ser verdadeiro cidadão, até porque se não pode participar, por falta de tempo e de disponibilidade mental, reflexiva. Não é, assim, por elitismo ou outro qualquer complexo de exclusão que Aristóteles considera não poder um artesão ser um autêntico cidadão. É que ele não se encontra suficientemente livre, e não alcançará a plena virtude, que é incompatível com 4 uma vida \u201cmecânica e mercenária\u201d. Não nascemos virtuosos. A natureza apenas nos torna receptivos para as virtudes, capazes de virtudes, mas esta capacidade necessita da nossa ação, pela maturidade e pelo hábito. É praticando que aprendemos, e é praticando as virtudes que nos tornamos virtuosos. Nesse sentidos não são todos que terão acesso a cidadania grega, somente os, Aristoi, os melhores, aqueles que poderão tomar decisões e deliberar na pólis, excluindo uma grande parte da população, excluindo as mulheres, que serão consideradas como uma classe inferior, inclusive equiparadas aos escravos que estarão a serviço do cidadão, então os metecos (estrangeiros), escravos, mulheres e crianças não são considerados cidadãos para Aristóteles. 4 Função do Estado (Pólis) Segundo Aristóteles o fim último da pólis não é somente assegurar ao cidadão a vida e a sua conservação, mas assegurar o viver bem; A real função da pólis, do estado ou da política como ele entendeu seria não apenas conservar o cidadão, mas o de dar a ele a condição da vida virtuosa( Areté), da vida em sua excelência. Então a vida política destina-se a garantir exatamente essa qualidade, essa perfeição e é necessário que o cidadão viva bem em conjunto com seus governantes e que os governantes governem em prol do bem comum. Portanto a vida humana na pólis é superior a vida doméstica. Veja o que diz o autor: Assim, por natureza a Cidade é anterior à família e ao indivíduo, uma vez que o todo é necessariamente anterior à parte. Se o corpo é destruído, não existiria nem o pé nem a mão, exceto por simples analogia, quando se diz, por exemplo, de uma mão de pedra. Todas as coisas são definidas pelas suas funções; e desde o instante em que elas venham a perder suas características, não mais se poderá dizer que são as mesmas coisas, e sim que tão somente têm o mesmo nome. Dessa forma, é evidente que a cidade existe por natureza e que é anterior ao indivíduo; pois o indivíduo não tem capacidade de bastar-se a si mesmo; e, relativamente à cidade, está na mesma situação que a parte relativamente ao todo. Ora o homem que não consegue viver em sociedade, ou que não necessita viver nela porque se basta a si mesmo, não faz parte da Cidade; por conseguinte deve ser um a besta ou um Deus. (ARISTÓTELES, 2010, pág.57). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 5 A política aristotélica é essencialmente unida à moral, porque o fim último do Estado é a virtude, isto é, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso. A política, contudo, é distinta da moral que tem por objetivo o indivíduo, enquanto que o objetivo da política é a coletividade. Ao afirmarmos que a sociedade é vital ao homem não queremos excluir os efeitos negativos que ela pode trazer ao homem. Sendo o homem um animal social e político por natureza é obrigado a desenvolver-se individual e socialmente, não pode deixar de atuar ao mesmo tempo moral e politicamente e não pode realizar a sua perfeição sem a sociedade do Estado. Ele tem necessidade natural de conviver em sociedade promover o bem comum. O homem não pode renunciar nem a moral nem a política visto que estas respondem a uma necessidade social, pois a natureza humana é necessariamente uma natureza social e política. O Estado, entendido como comunidade social, responde os fins ou os anseios do homem, pelo que aquele não pode viver sem estar dentro do mesmo. A comunidade política tem como fim que o homem possa viver bem, todas as suas instituições não são senão meios para isso e a própria cidade é apenas uma grande comunidade de famílias e de aldeias em que a vida encontra todos estes meios de perfeição e de suficiência. E isto que chamamos vida feliz e honesta. A conclusão de Aristóteles é clara: o homem é um ser social e o que vive, isoladamente, sempre, ou é um Deus ou uma besta. 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ARISTÓTELES, Política . Trad. Pedro Constantin Tolens. São Paulo: Martin Claret, 2010. 6

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