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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Transporte e Multimodalidade Modais de transportes Responsável pelo Conteúdo: Prof. Roberto Ramos de Morais Revisão Textual: Revisor Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Histórico de Transportes • Conceitos • 3 Modais • Perfil do Transporte Brasileiro • Considerações Finais Fonte: Thinkstock/Getty Im ages Objetivos • Conhecer os modais de transportes; • Selecionar modais de transportes conforme a necessidade da cadeia de suprimentos; • Entender as características da infraestrutura brasileira de transportes. Modais de transportes UNIDADE Modais de transportes Contextualização Toda empresa possui um fluxo de materiais que mantém sua operação produtiva e que atende às solicitações de seus clientes. Esse fluxo depende de um transporte eficiente, que garanta o atendimento de prazos e a integridade dos produtos ao menor custo possível. Nesse contexto, o gestor da área tem um papel fundamental no aumento da competitividade da empresa e da cadeia de suprimentos ao alcançar os resultados esperados, criando um diferencial sob a ótica do cliente. 6 7 Histórico de Transportes O transporte é tão antigo quanto a humanidade. Desde os primórdios, a necessidade de transportar materiais para a confecção de artefatos e construções, alimentos, pessoas é uma questão para a qual se buscou soluções que aumentassem a eficiência, ampliando a capacidade de carga e as distâncias percorridas. Ao longo da história, o transporte sempre teve papel preponderante na evolução humana e no desenvolvimento do comércio. Desde a navegação no Mediterrâneo entre as civilizações da Antiguidade, como fenícios, gregos, egípcios e romanos, passando pelas caravanas da Rota da Seda, o transporte foi onipresente como forma de escoar produções e buscar suprimentos. Seu grande impulso, contudo, deu-se ao longo dos séculos XV e XVI, quando, devido à queda de Constantinopla, buscou-se novas rotas marítimas para a Índia, a fim de manter o fluxo de especiarias para a Europa. Nesse período – das Grandes Navegações – houve o desenvolvimento de novas tecnologias e embarcações, como as caravelas, as quais propiciaram a manutenção e fluxo, além de explorar e descobrir novas regiões e continentes. Figura 1 – Caravelas Fonte: iStock/Getty Images No século XVIII houve o mercantilismo, cujo ponto máximo foi a Companhia das Índias Ocidentais, instituição que dominava o comércio entre a Europa e o Novo Mundo. No início do século XIX, o transporte teve um novo impulso durante a Revolução Industrial, com o surgimento de máquinas movidas pela força do vapor, o que possibilitou o aparecimento dos primeiros barcos com propulsão mecânica, aumentando a velocidade, concomitante aos primeiros trens, na Inglaterra de 1825, especificamente com a pioneira locomotiva a vapor, essa projetada por Stephenson para o transporte de grande quantidade de carga por via terrestre e com destino à produção industrial portuária e citadina. 7 UNIDADE Modais de transportes No Brasil, a primeira ferrovia surgiu em 1854, ligando Petrópolis ao Rio de Janeiro, construída pelo Barão de Mauá. Até a década de 1930, a malha ferroviária estava voltada principalmente ao escoamento da produção agrícola, sendo a partir dessa época substituída pelas rodovias. Havia três bitolas – distância entre trilhos – de 1, 1. 435 e 1,6 metros. No século XX, o governo do presidente Washington Luiz tinha por lema “governar é construir estradas”. É de sua gestão a primeira estrada pavimentada do Brasil: a Rio-Santos. Já o governo de Juscelino Kubitscheck, caracterizado pelo processo de industrialização do País, reforçou o modelo rodoviário pela instalação da indústria automobilística no Brasil. As ferrovias passaram por um processo de privatização no Brasil de 1996, com alvo nas malhas Centro-Leste, Sudeste e Oeste da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), sendo as novas concessionárias a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), MRS Logística e Ferrovia Novoeste, respectivamente. Em 1997, as malhas Sul e Tereza Cristina da RFFSA foram privatizadas, sendo as novas concessionárias a Ferrovia Sul- Atlântica – atualmente América Latina Logística (Delara) – e Ferrovia Teresa Cristina (FTC), respectivamente. Privatizado um trecho da ferrovia estadual do Paraná (Ferroeste), assumido pela Ferrovia Paraná (Ferropar), as malhas Nordeste e paulista da RFFSA foram concedidas para a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) e Ferrovia Bandeirantes (Ferroban), respectivamente (BRASIL, 2014a). Há cerca de 2.500 anos, os chineses canalizavam gás de poços rasos e o queimavam sob caldeiras para evaporar a água do mar e obter sal. Utilizavam varas de bambu com uma profundidade aproximada de mil metros para a extração de gás. Os romanos construíram aquedutos na Europa e Oriente Médio para a distribuição de água em suas cidades. O primeiro oleoduto de longa distância – com oito quilômetros de comprimento e cinco centímetros de diâmetro – foi estendido na Pensilvânia – EUA – em 1872, na então nascente indústria do petróleo. No Brasil, o primeiro oleoduto foi instalado em outubro de 1951 no Estado de São Paulo, que interligava o porto de Santos à Capital e tinha a finalidade de transportar derivados de petróleo importados até o centro consumidor de São Paulo. Conceitos Entende-se, então, transportes como a atividade logística responsável pela movimentação de bens entre sua origem e destino. Tal atividade é responsável por: · Disponibilizar bens em locais distantes do ponto de produção; · Aumentar a extensão dos mercados atendidos por um produtor ou distribuidor; · Fazer frente à concorrência, por meio da presença do produto nos pontos de venda; · Reduzir o custo das mercadorias, transportando o produto da forma mais eficiente possível; 8 9 · Promover a integração entre as sociedades pela troca de bens; · Garantir o ganho de escala na produção devido ao atendimento de diversos mercados; · Diminuir os riscos de monopólios ou oligopólios, pela maior competição. O cliente tem no transporte sua principal percepção do serviço oferecido pela logística, em duas dimensões: pelo tempo decorrido entre a solicitação e o recebimento do produto e pelo local onde esse produto é disponibilizado. Portanto, quanto mais rápido o cliente é atendido e quanto mais próximo o produto é disponibilizado para o consumidor, maior é o valor do serviço logístico. O transporte é um componente fundamental da gestão logística, representando, em média, dois terços dos custos logísticos totais. Órgãos ligados ao transporte: • Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ligada à exploração das infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, prestação de serviços, cadastro de dutovias, habilitação de operador multimodal e exploração de terminais e vias; • Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), entidade de administração federal indireta, é responsável por regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária e aquaviária; • Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) é uma instituição pública nacional, vinculada à Secretaria de Aviação Civil (SAC). Tem a missão de “oferecer soluções aeroportuárias inovadoras e sustentáveis, aproximando pessoas e negócios” e foco permanente na excelência da prestação de bons serviços a seus clientes. Administra e investe em infraestrutura aeroportuária, com obras e melhorias em todos os Estados brasileiros; • Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) é uma entidade civil sem fins lucrativos, de âmbito nacional, cujo fim é promover o desenvolvimento e o aprimoramento do transporte ferroviário do País. Atualmentecongrega as empresas responsáveis pelo transporte de carga de onze das doze concessões ferroviárias existentes desde o processo de desestatização do Governo Federal, ocorrido entre 1996 e 1999. 3 Modais Os transportes são classificados em cinco tipos, a saber: · Rodoviário; · Ferroviário; · Aquaviário; · Aéreo; · Dutoviário. Detalharemos cada um dos quais, de acordo com suas características e aplicações. 9 UNIDADE Modais de transportes Modal Rodoviário Figura 2 – Modal rodoviário Fonte: iStock/Getty Images O modal rodoviário caracteriza-se pelo uso de caminhões para o transporte de mercadorias. É indicado principalmente para produtos semiacabados ou acabados, ou seja, que já sofreram algum tipo de transformação, tendo um valor agregado de médio a alto. Exige a existência de rodovias adequadas, que garantam segurança e pouco desgaste dos veículos. É indicado tanto para cargas fechadas – com um único destino –, quanto para cargas fracionadas – pequenas cargas com destinos diferentes (DIAS, 2012). A carga fechada é também chamada de TruckLoad (TL) ou Full TruckLoad (FTL), enquanto a carga fracionada é igualmente entendida como Less than TruckLoad (LTL) (BALLOU, 2006). O transporte rodoviário é um dos modais mais utilizados devido às seguintes vantagens (DIAS, 2012): · Simplicidade no uso e eficiência; · Transporte flexível e ágil no acesso às cargas; · Possibilidade de integração entre as regiões e o interior dos países, sendo adequado para distâncias de até quinhentos quilômetros; · Fácil distribuição urbana, pois os envios de produtos são para pequenas e médias distâncias; · Oferecimento de transporte porta a porta, ou seja, ligação direta entre a origem e o destino, sem a necessidade de empregar outro meio de transporte para completar o trajeto; · Alta frequência de viagens e disponibilidade, não havendo espera significativa para a formação de carga, além de alta abrangência geográfica; · Menor manuseio da carga e exigência de embalagem durante a operação, 10 11 já que, muitas vezes, a própria estrutura do veículo faz a proteção da carga. Como desvantagens, constam as seguintes (DIAS, 2012): · Elevado consumo de combustível em relação à quantidade de carga transportada; · Limitação quanto às dimensões e pesos de cargas transportadas; · Maior custo operacional se comparado aos demais modais; · Em épocas de safra provoca congestionamentos nas estradas que dão acesso aos portos; · Os veículos desgastam prematuramente a infraestrutura da malha rodoviária devido ao peso elevado de suas cargas; · Baixa produtividade, devido à dificuldade de se obter carga de retorno. No Brasil, por exemplo, há muito fluxo de carga do Sudeste para o Nordeste, mas no sentido inverso há pouca carga, fazendo com que os veículos comumente voltem vazios, ou contratando uma carga com frete reduzido para cobrir as despesas da viagem; · Níveis elevados de emissão de poluentes atmosféricos e baixos índices de segurança, esses associados a acidentes e roubos. Os principais tipos de veículos são: Figura 3 – Furgão: caminhão fechado Fonte: iStock/Getty Images 11 UNIDADE Modais de transportes Figura 4 – Sider: apresenta abertura lateral, para facilitar acesso à carga Fonte: iStock/Getty Images Figura 5 – Contêiner: caminhão preparado para o transporte de contêineres Fonte: iStock/Getty Images Figura 6 – Cegonha: para o transporte de veículos Fonte: iStock/Getty Images Figura 7 – Silos: para o transporte de cargas líquidas ou gasosas, cujo reboque é deixado no local de uso Fonte: iStock/Getty Images 12 13 Figura 8 – Canavieiro: para o transporte de cana cortada nas fazendas para as usinas de açúcar e álcool Fonte: iStock/Getty Images Figura 9 – Carga seca: para carga em geral Fonte: iStock/Getty Images Figura 10 – Florestal: para o transporte de toras de madeira Fonte: iStock/Getty Images Figura 11 – Graneleiro: para o transporte de grãos Fonte: iStock/Getty Images 13 UNIDADE Modais de transportes Figura 12 – Frigorífi co: com estrutura refrigerada, podendo a unidade de refrigeração ser fi xa ou removível Fonte: iStock/Getty Images Figura 13 – Bi-trem: composto de dois semirreboques Fonte: iStock/Getty Images Tais tipos de veículos compõem a maior parte da frota brasileira. Frota essa que, no tocante à propriedade, está dividida da seguinte forma: Figura 14 – Distribuição da frota brasileira Fonte: ANTT, 2015 14 15 Quanto à idade média dos veículos, está assim distribuída: Quadro 1 – Idade média da frota (em anos) Tipo de veículo Autônomo Empresa Cooperativa Total Total 17,1 9,4 10,7 12,4 Fonte: ANTT (BRASIL, 2015a) Modal Ferroviário Figura 15 – Modal ferroviário Fonte: iStock/Getty Images É um meio de transporte lento, voltado principalmente a matérias-primas, como carvão, minérios, madeira, grãos etc., como mostra a Figura 16: Figura 16 – Composição dos tipos de cargas transportadas por ferrovias (em porcentagens) Fonte: ANTT (BRASIL, 2013) As vantagens do modal ferroviário são (DIAS, 2012): · Capacidade para grandes volumes de carga; · Adequação para percorrer grandes distâncias – o padrão internacional corresponde a distâncias maiores que quinhentos quilômetros; 15 UNIDADE Modais de transportes · Flexibilidade quanto à forma em que os produtos estão acondicionados, ou quanto às seguintes necessidades: granel, paletizado, contêiner, espaço refrigerado etc.; · O custo por unidade de peso transportada é considerado baixo, devido ao rateio do custo fixo pela grande quantidade de carga. Enquanto as desvantagens são (DIAS, 2012): · Trajeto fixo, sem possibilidade de alterações de rota; · Tempo de viagem irregular, pois depende de vários fatores, como a formação de composição, paradas, transferências de bitola etc.; · Elevado custo fixo de implantação e manutenção. São chamados de material rodante as locomotivas – especificamente material rodante motriz – e vagões – esses entendidos como material rodante de carga. Os tipos de material rodante são: Figura 17 – Locomotiva Fonte: iStock/Getty Images Figura 18 – Vagão tanque: para transporte de líquidos Fonte: iStock/Getty Images 16 17 Figura 19 – Vagão hopper: para o transporte de granéis corrosivos e sólidos não expostos ao tempo Fonte: iStock/Getty Images Figura 20 – Gôndola: para o transporte de granéis sólidos e produtos diversos expostos ao tempo Fonte: iStock/Getty Images Modal Aquaviário Figura 21 – Modal aquaviário Fonte: iStock/Getty Images 17 UNIDADE Modais de transportes Apresenta alta capacidade de carga, tendo, assim, baixo impacto de custo fixo por unidade transportada. Esse modal também apresenta um baixo custo ligado a perdas ou danos às cargas (DIAS, 2012). Por sua vez, as desvantagens dizem respeito à necessidade de transbordo nos portos, já que não há possibilidade de se fazer a entrega porta a porta; a distância dos centros de produção; a maior exigência de embalagens para proteção dos produtos; menor flexibilidade nos serviços aliados a frequentes congestionamentos nos portos (DIAS, 2012). Os produtos transportados pelo modal aquaviário são apresentados na Figura 22: Figura 22 – Produtos transportados por modal aquaviário (em porcentagens) Fonte: Antaq (BRASIL, 2015c) O modal aquaviário pode ser dividido em três categorias quanto ao meio utilizado: · Fluvial: referente à navegação por rios; · Marítimo: aquele realizado por mares e oceanos; · Lacustre: transporte aquaviário operado em lagos. Outra classificação, agora por categoria de navegação, é: · Cabotagem: realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou entre essa e as vias navegáveis interiores; ·Interior: realizada em hidrovias interiores ou lagos, em percurso nacional ou internacional; · De longo curso: realizada entre portos brasileiros e estrangeiros. Há diversos modos de embarcações, de acordo com o tipo de carga ou forma de unitização, a saber: 18 19 Figura 23 – Porta-contêiner: exclusivo para o transporte de contêineres, os quais são alocados por meio de encaixes perfeitos Fonte: iStock/Getty Images Figura 24 – Cargueiro: com porões divididos, a fim de atender a diversos tipos de cargas Fonte: iStock/Getty Images Figura 25 – Tanque: para o transporte de granéis líquidos Fonte: iStock/Getty Images 19 UNIDADE Modais de transportes Figura 26 – Graneleiro: para o transporte de granéis sólidos Fonte: iStock/Getty Images Figura 27 – Roll On/Roll Off (RO-RO): para o transporte de veículos, esses embarcados e desembarcados por rampas. Indicado também para o transporte de carretas ou contêineres sobre rodas, os quais chamados boogies Fonte: iStock/Getty Images Figura 28 – Chata com rebocador: para o transporte de grãos, principalmente Fonte: iStock/Getty Images 20 21 Modal Aéreo Figura 29 – Modal aéreo Fonte: iStock/Getty Images Possui um elevado valor de frete, sendo mais indicado para produtos de alto valor agregado. Segundo Dias (2012), as vantagens deste modal são: · Rapidez no percurso, mas não se pode esquecer de incluir período de coleta e de manuseio terrestre no tempo total de transporte; · Pequena variabilidade do tempo de transporte aéreo, aumentando a confiabilidade. Como desvantagens (DIAS, 2012): · Restrição do tamanho dos volumes de carga devido às dimensões físicas do espaço interno da aeronave; · Alto custo operacional; · Necessidade de outros modais de transporte para interligar o expedidor ao destinatário; · Ainda que atenda destinos locais e internacionais, demanda sofisticada estrutura para pousos, decolagens e voos. 21 UNIDADE Modais de transportes Modal Dutoviário Figura 30 – Modal dutoviário Fonte: iStock/Getty Images Da mesma forma que o modal ferroviário, este também apresenta um trajeto fixo. Utiliza tanto a força da gravidade – desnível entre a alimentação e o destino –, quanto a pressão mecânica – compressores e bombas –, através de dutos para o transporte de granéis. É um modal de transporte não poluente, não sujeito a congestionamentos e relativamente barato por unidade de carga transportada. Construído com materiais resistentes, tem vida útil longa, necessitando de pouca manutenção. Todavia, é um modal lento (DIAS, 2012), além de um sistema dedicado a um tipo específico de produto, não havendo flexibilidade quanto a mudanças. Pode ser especificado como: · Oleoduto, cujos produtos transportados são, em sua grande maioria, petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), querosene e nafta, entre outros; · Mineroduto, cujos produtos transportados são sal-gema, minério de ferro e concentrado fosfático; · Gasoduto, com transporte de gás natural; · Outros, que transportam produtos diversos, como água e grãos. Da mesma forma que o modal aquaviário, aqui há baixo custo associado a perdas e danos. 22 23 Comparativo Entre os Modais Tendo em vista os conceitos e características dos modais apresentados, pode-se perceber que, devido aos custos de transportes e valor das cargas, há um direcionamento para a utilização de um determinado modal, conforme o valor da carga, tal qual é apresentado na Figura 31: Figura 31 – gráfico valor versus volume transportado Perceba que produtos que apresentam baixo volume e alto valor são mais adequados ao modal aéreo, enquanto na outra extremidade vemos produtos de alto volume transportado e baixo valor, esses mais adequados ao sistema dutoviário. Nota-se também que há combinações de volume transportado e valor da carga, em que podemos escolher entre dois modais de transportes. Significa que nesses pontos o uso de um dos dois modais é indiferente. Quanto à capacidade de carga, o Quadro 2 mostra um comparativo entre os modais aquaviário, ferroviário e rodoviário. Note que um único comboio composto de quatro chatas possui uma capacidade para a qual seriam necessários muitos vagões ou muitas carretas para um transporte equivalente: Quadro 2 – Comparativo entre capacidades de carga Modais Aquaviário Ferroviário Rodoviário Capacidade de carga 1 comboio duplo tietê (4 chatas e empurrador) 6.000t 2,9 comboios hopper (86 vagões de 70t) 172 carretas de 35t bi-trens graneleiras Comprimento total 150m 1,7km 3,5km (26km em movimento) Fonte: Dias (2012) Ballou (2006) estabelece seis variáveis para a escolha do modal de transporte, a saber: tarifa do frete; confiabilidade; tempo em trânsito; perdas, danos, processamento de reclamações e rastreabilidade; considerações de mercado do embarcador; considerações sobre os transportadores. 23 UNIDADE Modais de transportes Perfil do Transporte Brasileiro O transporte brasileiro é composto pelos cinco modais apresentados. A participação de cada modal é medida pela quantidade de carga em toneladas transportada por quilômetro útil (tku). Já a distribuição é sistematiza na Figura 32: Figura 32 – Participação dos modais de transportes (em porcentagens por tku) Fonte: Confederação Nacional do Transporte, 2015 Veja a predominância do transporte rodoviário sobre os demais, com uma participação de 61,1%. Os modais ferroviário e aquaviário apresentam participação menor, com 20,7% e 13,6%, respectivamente. Como apresentado, o modal rodoviário é interessante em distâncias de até quinhentos quilômetros e o ferroviário a partir daí. Em um país continental como o nosso, deveria haver maior equilíbrio entre esses dois modais, o que não acontece. No Brasil há cargas sendo transportadas via modal rodoviário por distâncias de dois a três mil quilômetros, o que contraria a recomendação internacional. Essa condição é chamada de desbalanceamento da matriz de transportes. Em comparação a outros Estados, o Brasil apresenta uma matriz típica de países de pequena extensão territorial. Nações de grande extensão, como Estados Unidos, China, Rússia e Canadá, apresentam uma distribuição mais equilibrada entre os modais rodoviário, ferroviário e aquaviário, conforme se vê na Figura 33: 90 80 70 60 50 40 30 20 10 China Rússia Canadá EUA 0 10 20 30 40 % Ferroviário Tonelada X Quilômetro útil % R od ov iá rio 50 60 70 80 Hungria Alemanha Bélgica Dinamarca França Brasil Figura 33 – Participação dos modais em nível internacional Fonte: Ministério dos Transportes, 2014 24 25 A malha rodoviária brasileira tem uma extensão de 1,7 milhão de quilômetros de estradas, sendo que 221.820km (12,9%) estão pavimentados e 1.363.740km (79,5%) não estão (BRASIL, 2014b). Por sua vez, a malha ferroviária brasileira possui uma extensão de 28.978km, distribuída entre as concessionárias conforme visto no Quadro 3: Quadro 3 – Extensão das malhas concessionadas Concessionária Total de linhas (em quilômetros) América Latina Logística Malha Sul S.A. 7.224 Transnordestina Logística S.A. 4.278 Estrada de Ferro Carajás 997 Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. 249 Estrada de Ferro Vitória a Minas 888 Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 7.858 América Latina Logística Malha Norte S.A. 736 Ferrovia Norte Sul 723 América Latina Logística Malha Oeste S.A. 1.954 Ferrovia Tereza Cristina S.A. 164 América Latina Logística Malha Paulista S.A. 2.107 MRS Logística S.A. 1.800 Total 28.978 Fonte: ANTT (BRASIL, 2013) Por exemplo, em comparação com os Estados Unidos, que possui uma extensão territorial semelhante à brasileira, temos uma malha pequena frente os 194.731km da malhanorte-americana. Quanto ao modal aquaviário, o Brasil possui uma faixa costeira de 8.698km de extensão e mais de 25.000km de rios navegáveis (BRASIL, 2014c). A infraestrutura aquaviária brasileira é composta de: Quadro 4 – Infraestrutura aquaviária brasileira Tipo de infraestrutura Quantidade Porto marítimo público 35 Porto fluvial público 65 Terminais marítimos de uso privado 99 Terminais fluviais de uso privado 29 Estações de transbordo de carga 6 Fonte: Antaq (BRASIL, 2015c) Como exposto, o Brasil possui uma extensão significativa de vias fluviais. De acordo com a Antaq (BRASIL, 2014c), as principais hidrovias do país são: Amazônica (17.651km), Tocantins-Araguaia (1.360km), Paraná-Tietê (1.359km), Paraguai (591km), São Francisco (576km), Sul (500km). Todavia, muito ainda deve ser realizado para melhorar a utilização desse modal. 25 UNIDADE Modais de transportes A infraestrutura aérea brasileira também apresenta alguns problemas. Há 66 aeroportos no Brasil, sendo que os de maior movimentação de carga são: Guarulhos (30,4%), Viracopos (23,7%), Manaus (14,3%) e Galeão (8,4%) (INFRAERO, 2013). Perceba a concentração de movimento de cargas nos aeroportos da região Sudeste, sendo que os aeroportos de Guarulhos e Viracopos respondem por 54,1% de toda a carga aérea brasileira. Para que um país cresça, é necessário ter uma infraestrutura adequada, ou seja, que dê vazão aos fluxos. O Brasil tem investido pouco nessa área. Assim e na sua opinião, como isto pode comprometer o crescimento econômico dos próximos anos? Considerações Finais Nesta Unidade estudamos os modais e a infraestrutura brasileira de transportes. Vimos que há um desbalanceamento na matriz de transportes, com mais de 60% da carga sendo transportada pelo modal rodoviário, com isto, causando um custo elevado de transportes. 26 27 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Política de transportes BRASIL. Ministério Dos Transportes, https://goo.gl/N61a36 Livros Logística, transporte e infraestrutura DIAS, M. A. Logística, transporte e infraestrutura. São Paulo: Atlas. 2012. Vídeos Ferrovia Transnordestina - Logística https://goo.gl/il9mLS IBGE divulga mapa da logística dos transportes no Brasil https://goo.gl/KvjJ95 27 UNIDADE Modais de transportes Referências BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2006. BRASIL. Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Boletim Informativo Portuário, jan.-mar. 2015c. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br/Portal/pdf/ BoletimPortuario/BoletimPortuarioPrimeiroTrimestre2015.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2015. BRASIL. Agência Nacional de Transportes Terrestres. Idade média dos veículos. 15 jul. 2015a. Disponível em: <http://appweb2.antt.gov.br/rntrc_numeros/rntrc_ IdadeVeiculoMedia.asp>. Acesso em: 16 jul. 2015. ______. Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas – RNTRC em números. 15 jul. 2015b. Disponível em: <http://appweb2.antt.gov.br/rntrc_numeros/ rntrc_TransportadorFrotaVeiculo.asp>. Acesso em: 16 jul. 2015. ______. Relatório Anual 2013. 2013. Disponível em: http://www.antt.gov.br/index. php/content/view/4994/Relatorios.html#lista>. Acesso em: 16 jul. 2015. BRASIL. Ministério dos Transportes. Transporte ferroviário. 3 dez. 2014a. Disponível em: <http://www.transportes.gov.br/transporte-ferroviario-relevancia.html>. Acesso em: 16 jul. 2015. ______. Transporte rodoviário. 3 dez. 2014b. Disponível em: <http://www.transportes. gov.br/transporte-rodoviario-relevancia.html>. Acesso em: 16 jul. 2015. ______. Transporte aquaviário. 12 nov. 2014c. Disponível em: <http://www.transportes. gov.br/transporte-aquaviario-relevancia.html>. Acesso em: 16 jul. 2015. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. Boletim estatístico. 2015. Disponível em: <http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletins_Detalhes.aspx?b=3>. Acesso em: 14 jul. 2015. DIAS, M. A. Logística, transporte e infraestrutura. São Paulo: Atlas, 2012. 28
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