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Capitulo 7

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7. Sistema Elétrico 
 
7.1. Conceitos Básicos de Eletricidade 
 
Para estudar eletricidade, é importante entender alguns conceitos físicos da matéria. 
A matéria é qualquer substância sólida, líquida ou gasosa que ocupa lugar no espaço. A matéria é 
formada por estruturas muito pequenas chamadas átomos. O átomo pode ser definido como a 
menor parte de um elemento, que ainda consegue manter as suas características. 
 
Cada elemento possui um átomo com características diferentes de um outro elemento. Ex.: O 
átomo de oxigênio é diferente de um átomo de hidrogênio. 
 
Um átomo é formado por um núcleo e uma eletrosfera, conforme figura 7.1. 
 
 
 
Figura 7.1 – Estrutura básica de um átomo. 
 
 
O núcleo do átomo é constituído por prótons e nêutrons. Os prótons possuem carga positiva e os 
nêutrons não possuem carga. 
 
A eletrosfera, figura 7.1, é formada por elétrons que orbitam em torno do núcleo. Os elétrons são 
partículas muito pequenas, e possuem carga negativa. 
 
Desta maneira, podemos afirmar que o núcleo do átomo possui carga positiva e os elétrons carga 
negativa. Para um átomo equilibrado eletricamente, a carga positiva do núcleo é igual a carga 
negativa dos elétrons que compoem a eletrosfera. 
 
 
 
 
Quando um átomo perde um elétron, perde uma carga negativa. Portanto, o equilíbrio elétrico do 
átomo é alterado, pois o núcleo permanece tão positivo quanto antes, mas uma das cargas 
negativas se foi. Desta forma, o átomo ficou carregado positivamente, sendo denominado de íon 
positivo. 
 
7.2. Corrente Elétrica 
 
A estrutura do átomo é mantida por poderosas forças de atração entre o núcleo e seus elétrons. 
Os elétrons das órbitas mais externas do átomo, contudo, são atraídos com menos força pelo 
núcleo do que os elétrons das órbitas mais próximas do núcleo. 
 
Em certos materiais (condutores elétricos), os elétrons das órbitas mais externas estão tão pouco 
presos aos correspondentes núcleos que, facilmente, podem ser forçados a deixar os átomos. 
Esses elétrons são chamados elétrons livres. O movimento orientado destes elétrons livres 
constitui uma corrente elétrica. 
 
Os materiais ditos isolantes possuem poucos elétrons livres, portanto oferecem dificuldade a 
passagem da corrente elétrica. Já os semicondutores apresentam características de um condutor e 
de um isolante, dependendo do sentido da corrente elétrica. 
 
7.2.1. Sentido da Corrente 
 
De acordo com a teoria eletrônica, a corrente circula sempre de uma carga negativa (-) para uma 
carga positiva (+). Assim, se ligarmos um condutor entre os terminais de uma bateria, a corrente 
elétrica circulará do terminal (-) para o terminal (+), esse é o sentido real da corrente elétrica. 
 
Antes da concepção da teoria eletrônica da matéria já se utilizava a eletricidade, mas acreditava-se 
que ela circulava do terminal (+) positivo para o negativo (-). Essa concepção inicial era chamada 
de sentido convencional, utilizada frequentemente. 
 
 
Condutores – Materiais que permitem o livre movimento de muitos 
elétrons. 
 
 
 
 
Isolantes – Materiais que não permitem o livre movimento de muitos 
elétrons. 
 
 
 
Semicondutores – Materiais que podem, quando preparados de 
modo adequado, funcionar como condutores ou isolantes, 
dependendo do sentido da corrente. 
 
 
 
 
Bons condutores: Prata, cobre, alumínio, zinco, latão, ferro e outros. 
 
Bons Isolantes: Ar seco, vidro, cerâmica, mica, borracha, plásticos e 
outros. 
 
 
 
Figura 7.2 – (a) Sentido convencional e (b) sentido real da corrente elétrica. 
 
Quando o fluxo de elétrons alterna de tempo em tempo o seu sentido, é chamada de corrente 
alternada. Em termos práticos é o tipo de corrente utilizada pelos sistemas elétricos residenciais. 
De forma contrária, se o fluxo de elétrons não muda de sentido, é chamado de corrente contínua. 
 
7.2.2. Unidade de Intensidade da Corrente Elétrica 
 
A intensidade da corrente é a rapidez com que se processa o fluxo, e é representado pela unidade 
Ampére (A). 
 
1 A = 6,28 x 1018 elétrons por segundo 
 
Para medir corrente elétrica é utilizado um aparelho chamado amperímetro. 
 
 
7.3. Tensão 
 
Para que os elétrons possam deslocar-se percorrendo determinado caminho através de um 
condutor, é necessário que exista um estímulo, uma força a que chamamos de tensão. 
 
A tensão é medida em volts (V) com o uso de um aparelho chamado voltímetro. 
 
 
7.4. Resistência 
 
Mesmo em um condutor, existe uma certa resistência a passagem da corrente elétrica. Essa 
resistência depende basicamente do tipo de material, comprimento, área da seção e temperatura. 
 
Quanto maior o comprimento do condutor, maior será a resistência ao fluxo de corrente. 
 
Quanto maior for a área da seção do condutor, menor será a resistência ao fluxo de corrente. 
 
Quanto maior for a temperatura do condutor, maior será a resistência ao fluxo de corrente. 
 
A resistência é medida em OHM, e é representada pela letra grega  (ômega). 
 
Um condutor com 1  de resistência submetido a uma tensão de 1 V, é atravessado por uma 
corrente elétrica com valor igual a 1 A. 
 
 
 
Figura 7.3 – Condutor com resistência de 1  sujeito a uma tensão de 1 V. 
 
 
7.4.1. Lei de Ohm 
 
A relação entre corrente, tensão e resistência é dada pela Lei de Ohm, que pode ser expressa pela 
seguinte fórmula: 
 
 
R
V
I 
 Equação 1 Lei de Ohm 
 
onde: I – corrente elétrica em ampéres 
 V – tensão elétrica em volts 
 R – resistência elétrica em ohm 
 
O exemplo da figura 7.3 ilustra uma aplicação para a lei de ohm. 
 
 
7.5. Potência Elétrica 
 
A potência é a capacidade da corrente elétrica realizar trabalho. A potência é igual a tensão x 
corrente, e a unidade é o WATT, dado pela letra W. A equação que relaciona a tensão, corrente e 
potência, é a equação 7.2. 
 
 
VxIP 
 Equação 7.2 
 
onde: I – corrente elétrica em ampéres 
 V – tensão elétrica em volts 
 P – potência elétrica em watt 
 
Ex: Em um chuveiro elétrico alimentado com tensão de 127 V, a corrente elétrica é igual a 40 A. 
Determine a potência elétrica consumida pelo chuveiro, e o valor da sua resistência elétrica. 
 
Solução: 
 
VxIP 
 
40127xP 
 
 
R
V
I 
 
I
V
R 
 
40
127
R
 
 
 
 
7.6. Circuitos Elétricos 
 
Podemos considerar um circuito elétrico como um caminho para a passagem de eletricidade. Um 
circuito completo é formado por uma fonte de energia, um consumidor e os condutores ou fios. 
 
 
Figura 7.4 – Exemplo de um circuito elétrico básico. 
 
Curto Circuito – Ocorre quando os terminais da fonte de energia são ligados um ao outro, ou 
quando o consumidor apresenta resistência elétrica próxima de zero. Em um curto circuito o valor 
da corrente é bem elevado, fazendo com que os fios ou condutores do circuito se aqueçam. 
Quando um componente de um circuito está em curto, o valor da tensão em seus terminais é igual 
a zero. 
 
Circuito Aberto – É um circuito onde um dos condutores ou componentes está interrompido ou com 
resistência elétrica muito alta (próxima de infinito), impedindo a passagem de corrente elétrica. Em 
um circuito aberto, a corrente é igual a zero. 
 
 
7.6.1. Circuitos em Série 
 
Em um circuito série os componentes são ligados de uma maneira que exista apenas um caminho 
possível para a passagem de corrente elétrica (figura 7.5). 
 
A corrente em um circuito série é a mesma em todos os pontos do circuito. Quando o circuito 
elétrico série é interrompido, a corrente em qualquer parte do circuito é interrompida, ou seja, é 
igual a zero. 
WP 5080
 
 175,3R
 
 
Figura 7.5 – Circuito elétrico série. 
 
Um exemplo prático seria a instalação de fusível de proteção no circuito (figura 7.6). O fusível é 
sempre inserido em série no circuito a ser protegido, pois um aumento novalor da corrente acima 
de sua capacidade nominal faz com que ele interrompa toda a circulação de corrente, desligando o 
circuito. 
 
 
 
Figura 7.6 – Fusível instalado em série em um circuito. 
 
A tensão em um circuito série é igual a soma das quedas de tensão em cada componente do 
circuito, que é igual a tensão da fonte (figura 7.7). 
 
 
 
Figura 7.7 – Tensões em um circuito série. 
 
 
7.6.2. Circuito em Paralelo 
 
O que caracteriza um circuito paralelo é a ligação de seus componentes de tal forma que exista 
mais de um caminho para a passagem de corrente elétrica. 
 
A corrente total fornecida pela fonte em um circuito paralelo é igual a soma das correntes em cada 
ramo do circuito (figura 7.8). 
 
 
 
Figura 7.8 – Corrente em um circuito paralelo. 
 
Quando um componente de um circuito paralelo fica aberto, os demais componentes do circuito 
continuam funcionando. Em uma instalação residencial, normalmente as lâmpadas são ligadas em 
paralelo, a fim de que cada uma produza sua luminosidade nominal e mesmo que uma delas 
queima as outras continuarão funcionando. 
 
A tensão em componentes de um circuito paralelo é igual a tensão da fonte. 
 
No circuito paralelo o valor da resistência equivalente do circuito será: 
 
 
 
Figura 7.9 – Resistência equivalente de um circuito em paralelo. 
 
 
7.6.3. Circuito Misto 
 
É o circuito formado pela combinação de componentes em série e paralelo. 
 
O comportamento da corrente e da tensão em um circuito misto obedecem as regras do circuito 
série e do circuito paralelo, quando analisado por partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.7. Eletromagnetismo 
 
Chamamos de magnetismo a propriedade que certas substâncias possuem de atrair corpos de 
ferro, níquel ou cobalto. A estas substâncias denominamos imãs. 
 
Quando uma corrente elétrica percorre um condutor, ocorre a formação de um campo magnético 
em volta do condutor. Por ser um magnetismo produzido pela eletricidade, chama-se 
eletromagnetismo. 
 
Formando enrolamentos ou bobinas com um fio condutor, podemos aumentar a intensidade do 
campo magnético, que também pode ser ampliado se aumentarmos a corrente que atravessa 
essas bobinas. Outra maneira de aumentar a intensidade do campo magnético, é colocar um 
núcleo de ferro dentro da bobina, assim têm-se um eletroimã. 
 
Os imãs e os eletroimãs, possuem sempre dois pólos magnéticos onde estão concentradas as 
linhas de campo magnético, o pólo sul e o pólo norte. 
 
 
 
Figura 7.10 – Campo magnético de um imã. 
 
Campo magnético é a região do espaço onde as forças magnéticas são percebidas (figura 7.10). 
 
Como as linhas de força partem sempre do pólo norte para o sul, então quando pólos iguais são 
colocados próximos uns dos outros ocorre repulsão, e em pólos diferentes ocorre atração entre os 
imãs (figura 7.11). 
 
 
 
Figura 7.11 – Pólos iguais se repelem e pólos diferentes se atraem. 
 
Quando um campo magnético que varia no tempo atravessa um condutor, ocorre a indução de 
uma corrente elétrica neste condutor (figura 7.12). A intensidade de corrente induzida aumenta 
com o aumento do comprimento do condutor, ou do número de espiras no caso de uma bobina. 
Quanto maior o campo magnético mairo será a corrente induzida no condutor. 
 
 
 
Figura 7.12 – Indução de corrente em um condutor submetido a um campo magnético 
variável. 
 
 
A indução é o princípio básico de geração de energia elétrica através do movimento. Em uma 
usina hidroelétrica, o movimento da água aciona uma turbina que aciona um gerador. O gerador 
por sua vez, usa o princípio da indução para produzir a energia elétrica que consumimos em 
nossas residências. 
 
 
7.8. Instrumentos de Medição Elétrica 
 
7.8.1. Voltímetro 
 
O instrumento utilizado para medir tensão elétrica é o voltímetro. 
 
Para utilizar corretamente o instrumento sem o risco de danificá-lo, e para obter medidas 
confiáveis, alguns detalhes são importantes. 
 
- Efetuar a ligação dos terminais do voltímetro sempre em paralelo com o componente do circuito 
que se deseja medir a tensão. 
 
- Observar a polaridade dos terminais do voltímetro. Geralmente, o terminal positivo é de cor 
vermelha e o terminal negativo é de cor preta. 
 
- Utilizar a escala adequada para medição, tanto no aspecto do tipo de tensão (alternada ou 
contínua), quanto com relação ao valor. Se o valor nominal da tensão do circuito for desconhecido, 
utilizar a maior escala e diminuir se necessário. 
 
O voltímetro é um circuito aberto, de forma que durante a medição, a sua inclusão no circuito não 
altera o valor da tensão à ser medida. 
 
 
7.8.2. Amperímetro 
 
O instrumento utilizado para corrente elétrica é o amperímetro. 
 
- Efetuar a ligação dos terminais do amperímetro sempre em série com o trecho do circuito de que 
se deseja medir a corrente. 
 
- Observar a polaridade dos terminais do amperímetro. Geralmente, o terminal positivo é de cor 
vermelha e o terminal negativo é de cor preta. 
 
- Utilizar a escala adequada para medição, tanto no aspecto do tipo de corrente (alternada ou 
contínua), quanto com relação ao valor. Se o valor nominal da corrente do circuito for 
desconhecida, utilizar a maior escala e diminuir se necessário. 
 
O amperímetro é um curto circuito, de forma que a sua inclusão em série no circuito não altera o 
valor da corrente à ser medida. Por este motivo, se o amperímetro for ligado em paralelo, ocorrerá 
um curto circuito e o aparelho será danificado. 
 
 
7.8.3. Ohmímetro 
 
Para medir resistência elétrica é utilizado o ohmímetro. 
 
Para medição da resistência de um componente, o mesmo deve ser removido do circuito, pois se 
houver alguma outra resistência no circuito a leitura será da resistência equivalente. 
 
Caso haja necessidade de medição em um circuito, o mesmo deve estar totalmente 
desernegizado, caso contrário a leitura será incorreta e o ohmímetro poderá ser danificado. 
 
 
7.8.4. Multímetro 
 
O multímetro é um ferramenta indispensável ao eletricista, pois permite diagnosticar defeitos de 
maneira direta. Ele reúne basicamente um voltímetro, um amperímetro e um ohmímetro. 
 
Os multimetros e demais instrumentos podem ser analógicos ou digitais (display). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.9. Componentes Elétricos de um Veículo 
 
O sistema elétrico do veículo pode ser dividido em cinco subsistemas: sistema de partida, sistema 
de carga, sistema de ignição, sistema de iluminação e sinalização e acessórios. 
 
 
7.9.1. Sistema de Partida 
 
A finalidade do sistema de partida do motor é fazer o mesmo atingir uma rotação para entrar em 
funcionamento autônomo. 
 
As partes principais do sistema de partida constam na figura 7.13. 
 
 
Figura 7.13 – Partes principais do sistema de partida. 
 
1 – Fonte de energia elétrica (Bateria) 
2 – Motor de partida 
3 – Chave de ignição e partida 
4 – Chave de comando eletromagnético (automático) 
 
 
7.9.1.1. Bateria 
 
A bateria é um dispositivo de armazenamento de energia química que tem a capacidade de 
converter esta energia em energia elétrica. A energia elétrica produzida pela bateria é utilizada 
para alimentar os diversos dispositivos elétricos do veículo. 
 
As principais funções da bateria são: 
 
1 – Fornecer energia para fazer funcionar o motor de partida. 
2 – Fornecer energia para o sistema de ignição durante a partida. 
3 – Suprir energia para as lâmpadas das lanternas de estacionamento e outros equipamentos 
enquanto o motor estiver desligado. 
4 – Providenciar corrente quando a demanda de energia do automóvel exceder a capacidade de 
carga do sistema. 
 
As partes principais da bateria constam na figura 7.14. 
 
 
Fig. 7.14 – Partes principais da bateria. 
 
1 – Caixa a prova de ácido (de borracha ou plástico rígido)2 – Placas positivas 
3 – Placas negativas 
4 – Separadores 
5 – Solução ou eletrólito (mistura composta de ácido sulfúrico e água destilada) 
 
 
Funcionamento 
 
Entre o peróxido de chumbo das placas positivas, o chumbo das placas negativas e o eletrólito 
ocorre uma reação química que provoca um desequilíbrio de cargas entre as placas, tornando-as 
carregadas, uma positivamente e outra negativamente e assim permanecem até que possa ocorrer 
o equilíbrio através de um circuito externo. 
 
Quando um circuito externo é conectado, entre os pólos da bateria inicia-se um fluxo de corrente 
que desloca os elétrons das placas negativas até as positivas, até que haja o equilíbrio elétrico. 
 
 
7.9.1.2. Motor de Partida 
 
O motor de partida é um motor de corrente contínua, capaz de desenvolver grande potência em 
relação ao seu tamanho, mas por um curto espaço de tempo. 
 
O motor elétrico transforma energia elétrica proveniente da bateria em energia mecânica, por meio 
de efeitos eletromagnéticos. 
 
As partes principais de um motor de partida são: a carcaça, bobinas de campo, induzido, pinhão 
com roda livre e fuso de avanço, escovas e molas. 
 
O circuito completo do motor de partida, figura 7.15, é o seguinte: 
 
Bateria – Chave magnética – Bobinas de campo – Induzido – Bateria 
 
A chave de ignição e partida fecha o circuito de excitação da chave magnética. 
 
 
 
 
 
 
Figura 7.15 – Circuito completo do motor de partida. 
 
 
A chave de ignição liga ainda o circuito de ignição à bateria, permitindo que haja faísca nos 
cilindros. 
 
A chave magnética ou automático de partida (figura 7.16) tem como finalidade comutar altas 
correntes por meio de correntes relativamente baixas, e com o desenvolvimento da tecnologia a 
mesma também auxilia no engrenamento do pinhão. 
 
 
 
Figura 7.16 – Chave magnética ou automático de partida. 
 
 
 
7.9.2. Sistema de Carga 
 
A finalidade do sistema de carga é recompor a carga da bateria gasta durante a partida, e fornecer 
energia elétrica aos demais sistemas durante o funcionamento do motor. 
 
O sistema de carga é composto pelas seguintes partes principais (figura 7.17): 
 
Bateria - armazena energia elétrica (ver item 7.9.1.1) 
Alternador - gerador de corrente 
Regulador de tensão - sistema eletrônico que controla a corrente de excitação de campo do 
alternador 
 
 
Figura 7.17 – Sistema de carga típico de um automóvel. 
 
 
7.9.2.1. Alternador 
 
O alternador é um gerador que converte energia mecânica em energia elétrica, utilizando para isso 
os efeitos eletromagnéticos. 
 
O alternador gera corrente alternada que deve ser convertida para corrente contínua. Esta 
conversão é feita por meio de diodos retificadores. Os diodos são montados em dissipadores de 
calor com boa condutividade térmica, garantindo que a temperatura máxima de operação dos 
diodos (130ºC) nunca seja atingida. 
 
Devido ao uso dos diodos, deve-se tomar uma série de cuidados como: nunca ligar a bateria com a 
polaridade invertida, nunca ligar o alternador sem carga ou retirar a carga com o alternador em 
funcionamento, não fazer solda elétrica sobre o veículo nem carregar a bateria com aparelhos 
externos com o alternador conectado e não fazer excitação de espécie nenhuma no alternador ou 
regulador de tensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7.18 – Vista em corte de um alternador. 
 
 
Nos alternadores são fixadas placas de identificação com uma sequência de letras e algarismos. 
Essa seqüência possui o significado mostrado na figura 7.19. 
 
 
K1  14V 35A 20 
 
 
 rotação (x100) para 2/3 da corrente máx. 
 
 
 corrente máxima em amperes 
 
 tensão da carga em volts 
 
 
 sentido de rotação 
 
 
 1 = alternador de rotor com pólos tipo garra e anéis coletor 
 
Figura 7.19: Seqüência de letras e algarismos da placa de identificação de um alternador. 
 
Os alternadores de um modo geral não exigem manutenção periódica, porém, limpeza e troca de 
escovas a cada 40000km aproximadamente. O desgaste máximo das escovas será indicado pela 
lâmpada indicadora de carga. 
 
7.9.2.2. Regulador de Tensão 
 
O princípio de regulagem de tensão consiste em comandar a corrente de excitação do rotor por 
meio de um circuito eletrônico. 
 
Quanto maior a corrente que circula uma bobina, maior será a intensidade do campo magnético 
produzido por ela. Esta variação de campo é que causa a variação da tensão produzida no 
alternador. 
 
Quando a tensão ultrapassar o valor máximo indicado, o regulador de tensão causará, segundo o 
regime de funcionamento, uma redução ou interrupção total da corrente de excitação. A excitação 
do alternador diminuirá, e consequentemente diminuirá a tensão produzida por ele. 
 
Se a tensão produzida estiver abaixo do valor prescrito, a excitação do alternador começará 
novamente a subir, e assim também a sua tensão, até que o valor prescrito seja novamente 
ultrapassado, ai o ciclo se repete. 
 
Este sistema de regulagem atua com tanta rapidez que a tensão do alternador fica praticamente 
estável, ou seja, ajustada ao valor desejado. 
 
 
7.9.3. Sistema de Ignição 
 
A função do sistema de ignição é produzir e distribuir alta tensão para as velas, a partir da tensão 
da bateria. A ignição pode ser do tipo convencional ou eletrônica. 
 
 
7.9.3.1. Ignição Convencional 
 
O sistema de ignição convencional ou por platinado, consta na figura 7.19. 
 
 
 
Figura 7.19 – Sistema de ignição convencional ou por platinado. 
 
Os sistema é composto pelos seguintes componentes: 
 
1 – Bateria 
 
2 – Chave de ignição - Está ligada ao circuito primário da bobina de ignição, e serve para 
conectar ou desconectar da bateria. 
 
3 – Bobina de ignição - Transforma, com auxílio de um capacitor (ou condensador), a energia de 
baixa tensão fornecida pela bateria, em alta tensão necessária para as 
velas. 
 
4 – Platinado - Ligado ao circuito primário da bobina, mantém o armazenamento de 
energia magnética da bobina, e transfere para o secundário no momento 
de abertura de seus contatos. 
 
5 – Capacitor - Comumente chamado de condensador, ajuda na formação da alta tensão 
e evita a formação de arco voltaico nos contatos do platinado. 
 
6 / 7 – Rotor e Distribuidor - Distribuem a alta tensão aos respectivos cabos de vela. 
 
8 – Velas - Criam uma centelha devido ao salto da tensão entre seus eletrodos, que 
dão início à combustão da mistura. 
 
 
Quando se fala de ignição em motores de combustão interna, pensa-se inicialmente, numa faísca 
inflamando a mistura combustível-ar, comprimida no cilindro para dar início à sua queima. Mas esta 
é a última etapa de um processo que se repete com extrema rapidez. 
 
A sequência do processo de ignição é: 
 
1 – Fornecimento e armazenamento de energia elétrica 
2 - Produção de alta tensão 
3 – Distribuição da alta tensão às velas 
4 – Formação da faísca na vela 
5 – Inflamação da mistura 
 
A bateria excita o primário da bobina que fica “carregada” magneticamente. Em seguida, o 
platinado excita o primário fazendo com que apareça, por efeitos magnéticos, uma alta tensão no 
secundário. Esta alta tensão é levada para o rotor do distribuidor, que gira em alta velocidade e em 
sincronismo com o motor, de forma que a alta tensão é encaminhada a cada vela, na sequência 
correta. 
 
 
7.9.3.2. Ignição Eletrônica 
 
A diferença básica entre o sistema de ignição convencional e o eletrônico é a substituição dos 
contatos mecânicos do platinado por um emissor de impulsos indutivos. 
 
A ignição eletrônica apresenta uma série de vantagens como: 
 
- Não há desgastes, portanto não necessita de manutenção; 
- O ponto de ignição é mais fácil de ser ajustado; 
- Maior segurança de funcionamento em qualquer situação; 
- Cumprimento da legislação referente aos gasesde escapamento; 
 
Os componentes básicos de uma ignição eletrônica constam na figura 7.20. 
 
 
 
Figura 7.20 – Componentes de um sistema de ignição eletrônica. 
 
 
Os componentes são praticamente os mesmos do sistema convencional, exceto pelos seguintes: 
 
1 – Unidade de comando - circuito eletrônico responsável pelo tratamento dos impulsos 
recebidos do sensor indutivo (sensor de rotação), e os envia a 
bobina; 
 
2 – Bobina de ignição - de função idêntica à do sistema convencional, alterando apenas 
as características de construção; 
 
3 – Pré-Resistor (resistência Ballast) - resistência inserida em série no circuito, entre a bateria e 
o primário da bobina, com finalidade de causar uma queda 
de tensão no primário da bobina; 
 
4 – Distribuidor de ignição - com a função de distribuir a alta tensão às velas; 
 
5 – Emissor de indução - encontra-se dentro do distribuidor, comanda a central eletrônica 
através de impulsos indutivos, substituindo os contator mecânicos 
do platinado; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.9.4. Relés 
 
É um eletroimã que é usado como dispositivo de ligação em circuitos elétricos. 
 
Relés em circuitos elétricos atuam como fator de economia, funcionalidade e segurança, evitando 
queda de tensão, o que garante um bom funcionamento dos componentes elétricos. 
 
Um relé simples possui normalmente quatro pontos de ligação; sendo dois para corrente de 
comando (linhas 85 e 86 da figura 7.21) e dois para a corrente de trabalho (linhas 30 e 87 da figura 
7.21). 
 
 
 
Figura 7.21 – Pinagem e esquema elétrico de um relé. 
 
 
Quando a corrente flui através da bobina de comando, que atua como eletroimã, a força magnética 
da bobina atrai o contato de trabalho, com isso, a corrente de trabalho flui através do mesmo. 
 
Quando a corrente para a bobina de comando é desligada, não existe mais campo magnético, o 
contato de trabalho abre-se devido a ação mecânica da mola e o fluxo da corrente de trabalho se 
interrompe. 
 
Em relés de comando eletrônico, o impulso ou sinal para que o relé seja ativado vem do interruptor 
para o comando eletrônico temporizado, que determina o período em que o mesmo deve 
permanecer ligado, alimentando o consumidor. 
 
Relés de comando eletrônico são usados no circuito dos indicadores de direção e advertência, 
temporizador do limpador de pára-brisa, acionamento de climatizador e transmissão automática 
dentre outros dispositivos e acessórios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.10. Símbolos Utilizados em Esquemas Elétricos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	7. Sistema Elétrico
	7.1. Conceitos Básicos de Eletricidade
	7.2. Corrente Elétrica
	7.2.1. Sentido da Corrente
	7.2.2. Unidade de Intensidade da Corrente Elétrica
	7.3. Tensão
	7.4. Resistência
	7.4.1. Lei de Ohm
	7.5. Potência Elétrica
	7.6. Circuitos Elétricos
	7.6.1. Circuitos em Série

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