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23/04/2018 1 1 Ministério da Educação Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Diamantina – Minas Gerais Disciplina Parasitologia Trypanosoma cruzi e Doença de Chagas Profa. Helen Rodrigues Martins Trypanosoma cruzi • Reino: Protista • Filo: Sarcomastigophora • Subfilo: Mastigophora • Classe: Zoomastigophorea • Ordem: Kinetoplastida • Família: Trypanosomatidae • Gênero: Trypanosoma • Subgênero: Schizotrypanum • Espécie: Trypanosoma (Schizotrypanum) cruzi 2 Reino Protista REINO PROTISTA Unicelulares Eucariotas Ausência de parede celular rígida externa SUB-REINO PROTOZOA (Proto, primeiros; zoa, animais) Forma do corpo - variada Núcleo distinto único ou múltiplo Locomoção - por flagelos, cílios, pseudópodes Podem ocorrer isolados ou em colônia. Maioria de vida livre – alguns parasitam vertebrados e invertebrados Nutrição – variada (heterófitcos, Saprozóicos, etc) Algumas espécies possuem envoltórios protetores podendo produzir cistos ou esporos. Respiração - Aeróbicos / Anaeróbicos Reprodução Assexuada Brotamento, Divisão Binária, Esquizogonia Sexuada (Singamia) Copulação, Conjugação 60.000 espécies descritas, das quais somente algumas dezenas infectam o homem, que podem ser divididas em quatro filos considerando características nucleares, de reprodução e de locomoção. Reino Protista - Sub-Reino Protozoa Filo SARCOMASTIGOPHORA Locomovem por meio de cílios, flagelos ou pseudópodes. Possuem um ou múltiplos núcleos Reprodução em geral assexuada e quando sexuada se faz por singamia. Reino Protista - Sub-Reino Protozoa Filo SARCOMASTIGOPHORA Sub-filo: Mastigophora Classe: Sarcodina (Mastix, chicote; phoros, portador) Um ou mais flagelos em alguns ou todos estágios do ciclo vital. Maioria dos flagelados são de vida livre – Algumas espécies parasitos de mamíferos incluindo o homem. Reprodução assexuada por divisão binária. Reino Protista - Sub-Reino Protozoa Filo Sacomastigophora, Subfilo Mastigophora Ordem Kinetoplastida Um ou mais flagelos que saem do fundo de uma depressão (bolso flagelar) Uma só mitocôndria modificada – CINETOPLASTO, que contém o kDNA em forma de rede. 23/04/2018 2 Reino Prostista - Sub-Reino Protozoa Filo Sacomastigophora, Subfilo Mastigophora Ordem Kinetoplastida Subordem TRYPANOSOMATINA 1 só flagelo livre ou aderente ao corpo – membrana ondulante. Cinetoplasto pequeno e compacto. Todas as espécies são parasitas. Reino Protista - Sub-Reino Protozoa Subfilo Mastigophora Ordem Kinetoplastida Subordem TRYPANOSOMATINA FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE Grande número de espécies com caracteres homogêneos. Todos parasitas – 1 flagelo. Parasitam os mais diversos organismos. Grande maioria tem por hábitat permanente ou temporário o tubo digestivo de insetos. Digenéticos Heteroxênicos Reino Protista - Sub-Reino Protozoa (A) amastigota, (B) promastigota, (C) epimastigota, (D) Tripomastigota Diferentes formas evolutivas que ocorrem em função da espécie e do meio em que os protozoários se encontrem. Reino Protista - Sub-Reino Protozoa Subfilo Mastigophora Ordem Kinetoplastida Subordem TRYPANOSOMATINA FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE Gênero Leishmania: formas promastigotas, paramastigotas, amastigotas Gênero Trypanosoma: formas epimastigotas, esferomastigotas, amastigotas, tripomastigotas A Descoberta da Doença de Chagas Chagas, 1909 Lassance (1909) Berenice (04/1909) Trypanosoma (Schizotrypanum) cruzi + 11/02/1983 11 Trypanosoma cruzi Tripanosomíase Americana Fonte: WHO, 1996 Natureza enzoótica por quase todo Continente Americano: infecta mais de 150 espécies de mamíferos e vetores triatomíneos 12 Os insetos triatomíneos distribuem-se do sul da Argentina (Patagônia) até o sul dos EUA. 23/04/2018 3 Hospedeiros Vertebrados • Mamíferos pertencentes a sete ordens diferentes (marsupiais, primatas, carnívoros, roedores, edentados; quirópteros; logomorfos). 13 O Surgimento da Doença de Chagas Expansão no século XVIII e XIX com as conquistas hispânicas e portuguesas • Modificações no ambiente natural decorrente dos desmatamentos com criação de ectópos artificiais. • Construção de vivendas de má- qualidade que constituíam boas fontes de abrigo e alimento aos vetores. • Migrações de indivíduos carreadores da própria infecção e de vetores com elevada capacidade de domiciliação. 14 Ciclo enzoótico Ciclo domiciliar Comunicação entre os ciclos 15 O Surgimento da Doença de Chagas O tipo de casa construída para habitação dos colonos teve um papel preponderante na expansão Frequência de triatomíneo por tipo de casa Tipo de casa N° Casas pesquisadas N° Casas com barbeiros % casas com barbeiros Tijolo com reboco 4786 177 3,69 Tijolo sem reboco 1324 82 4,68 Madeira 4301 782 17,48 Pau-a-pique e barro 3491 979 23,04 Fonte: PESSOA, 1983 16 O Surgimento da Doença de Chagas Doença de Chagas Vivenda rural: boas condições de colonização, abrigo e alimento. • Presença de animais domésticos e silvestres. • A infecção pode ser carreada do ambiente silvestre pelo transporte de materiais como folhas de palmeiras utilizado na construção das casas ou lenha. • Colonização do peridomícilio: pode representar a porta de entrada para o intradomícilio e de difícil controle devido o risco de recolonização. Grande capacidade de dispersão Migração humana: focos estritamente domiciliares em vários países Grande número de indivíduos infectados Importância da Doença de Chagas 1. Encontra-se entre as treze doenças negligenciadas tropicais descritas pela OMS. 2. Importante Problema Social e Médico na América Latina 3. 8 a 10 milhões de indivíduos infectados 4. O parasito circula entre mais de 150 espécies de animais domésticos e silvestres sendo transmitidos por insetos da família Reduvidae 5. Diversos mecanismos de transmissão 6. Diferentes perfis de transmissão nos países de América 7. Elevada morbi-mortalidade 18 23/04/2018 4 19 Conhecendo Melhor o Parasito Morfologia: Trypanosoma cruzi (A) amastigota, (B) epimastigota e (C) tripomastigota B C B = blefaroplasto F = flagelo G = aparelho de Golgi I = inclusão citoplásmica K = cinetoplasto M = mitocôndria Mo = membrana ondulante mt = microtúbulos N = núcleo RE = retículo endoplásmico V = vacúolo A Elevado Polimorfismo do Trypanosoma cruzi Grande diversidade biológica associada à sua ampla distribuição geográfica: 1. variações morfológicas 2. variações genéticas 3. variações bioquímica e moleculares 4. variações na distribuição geográfica e ecológica 5. variações biológicas e comportamentais 6. variações clínicas e de resposta ao tratamento 21 Diferentes formas evolutivas • diferenças morfológicas devido as adaptações biológicas ocorridas nos diferentes meios • mudanças na fisiologia do parasito Trypanosoma cruzi: morfologia e sítios biológicos TRIPOMASTIGOTA METACÍCLICO TRIPOMASTIGOTA SANGUÍNEO O que diferenciam essas formas evolutivas? Morfologia: Trypanosoma cruzi DIFERENÇ AS ENTRE AS FORMAS EVOLUTIVAS do Trypanosoma cruzi • Desenvolvimento em hospedeiros diferentes; • Moléculas de superfície que irão lhe conferir capacidade diferencial de adaptação ao hospedeiro. 23/04/2018 5 Morfologia/Polimorfismo das formas Tripomastigotas sanguíneas Formas finas / Formas largas Diferenças fisiológicas, bioquímicas e genéticas (T. cruzi I a T. cruzi VI). Mais infectantes para células/ maior resistência a ação de anticorpos. Parasitemia precoce / tardia.Desenvolvimento ruim no vetor / bom desenvolvimento. Macrofagotrópicas (baço, medula óssea e fígado) / miotrópicas (cels. Musculares lisa, cardíaca e esquelética). Formas finas predominariam no início da infecção enquanto formas largas seriam mais frequentes na fase tardia da infecção. CICLO SILVESTRE CICLO DOMÉSTICO T. cruzi I, III, IV T. cruzi II, V, VI Distribuição geográfica das Linhagens de Trypanosoma cruzi 27 Conhecendo Melhor o Vetor Hospedeiro Invertebrado • Reino: Annimalia • Filo: Arthropada • Ordem: Hemiptera • Classe: Insecta • Família: Reduviidae • Subfamília: Triatominae Triatominae possui 5 tribos, 14 gêneros e mais de 120 espécies, maioria restrita as Américas. Paurometábulos:metamorfose incompleta; 300 ovos/fêmea Barbeiro, bicho de parede, bicudo, chupão e chupança Hospedeiro Invertebrado • Filo Arthropada Três pares de patas. Possuem simetria bilateral, com esqueleto externo (exoesqueleto) formado pelo tegumento. • Ordem Hemiptera Aparelho bucal do tipo picador-sugador que se origina anterior aos olhos constituído por um par de maxilas e um de mandíbulas. Dois pares de asas que se sobrepõem. • Sub-Ordem Heteroptera Primeiro par de asas, com a metade basal rígida ou coriácea, e a metade distal membranosa, com nervuras, denominadas hemiélitros. O segundo par ou asas posteriores são membranosas sem nenhuma característica especial que as distinga. Hospedeiro Invertebrado Classe Insecta Simetria bilateral com corpo dividido em segmentos alinhados sobre um eixo horizontal. Corpo dividido em cabeça, tórax e abdômen, um par de olhos compostos, um par de antenas e exoesqueleto quitinoso. Família: Reduviidae Espécies predadoras e hematofágas. Probóscida curta, com três segmentos. Presença de asas nos adultos, corpo dilatado. • Subfamília: Triatominae Todos hematofágos: probóscida reta e curta. 23/04/2018 6 Hospedeiro Invertebrado Hematófago – Probóscida curta e reta com 3 segmentos Predador – Probóscida curva com 3 segmentos Fitófago – Probóscida longa com 4 segmentos • Gêneros: Triatoma, Panstrongylus, Rhodnius Hábitos alimentares Panstrongylus RhodniusTriatoma Diferenças entre os Gêneros Hospedeiro Invertebrado V ET O R ES Importância Epidemiológica dos Vetores Todos são vetores do Trypanosoma cruzi????????? Tipos de HABITAT ➢ Tipicamente silvestres ➢ Silvestres que invadem ectópos artificiais em formar colônias ➢ Silvestres que invadem ectópos artificiais formando pequenas colônias. Panstongilus geniculatus. ➢ Que colonizam ambientes silvestres e artificiais. Panstrongylus megistus, Rhodinus Prolixus, Triatoma sordida, Triatoma brasiliensis ➢ Adaptados a ectópos artificiais mas com focos residuais silvestres. Triatoma infestans ➢ Exclusivamente domiciliado. Triatoma rubrofasciata Importância Epidemiológica dos Vetores Triatominae possui 5 tribos, 14 gêneros e mais de 128 espécies, maioria restrita as Américas Todos são vetores do Trypanosoma cruzi?????????Capacidade de colonização do domícilo e peridomícilio: ➢ adaptação à habitação humana; ➢ alto grau de antropofilia; ➢ curto espaço de tempo entre a hemotofagia e defecação; ➢ distribuição populacional e geográfica; ➢ 30% de infecção pelo T. cruzi; ➢ presença de formas metacíclicas nas fezes e/ou urina; ➢ penetração e multiplicação na célula; probabilidade de infecção 1:1000 23/04/2018 7 - Área endêmica Brasil: MA ao RS, como enzootia silvestre em todo território nacional - 3,5 milhões de pessoas infectadas (MG,RS,GO,SE,BA) - 2 0 milhões de pessoas expostas ao risco de infecção A distribuição de vetores de T. cruzi no Brasil Principais espécies de triatomíneos encontrados no domicílio e no peridomicílio - Brasil Triatoma infestans Predominante peridomiciliar, focos silvestres na Bolívia de onde parece ter dispersado para outros países da América Latina. Principal espécie vetora no nordeste do Brasil, encontrada no ambiente silvestre, peridomicílio e domícilio. Espécie voraz que chega a atacar o homem e animais durante o dia. Triatoma brasiliensis Principais espécies de triatomíneos encontrados no domicílio e no peridomicílio - Brasil Triatoma sordida Predominantemente peridomiciliar, mas já vem sendo encontrada no intradomícilio em MG, GO, BA e TO. correspondendo a espécie mais capturada no Brasil atualmente. Panstrongylus megistus Grande importância na transmissão da doença de Chagas principalmente nos estados de MG, BA, AL e PE. Principais espécies de triatomíneos encontrados no domicílio e no peridomicílio - Brasil Triatoma pseudomaculata Rhodnius neglectus Muito comum no peridomícilio nordestino, mas alguns focos intradomiciliares vem sendo demonstrados no Ceará demonstrando seu potencial biológico. Predominantemente silvestre habitando nichos de animais em palmeiras., entretanto focos peridomiciliares e domiciliares tem sido encontrados demonstrado uma tendência de adaptação as habitações humanas. Encontrado em MG, BA, GO, MT e SP. 41 Ciclo Biológico • Heteroxênico. • Multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado. • Multiplicação extracelular no hospedeiro invertebrado. 42 23/04/2018 8 Adaptado de: http://www.cdc.gov/parasites/chagas/biology.html Ciclo Biológico 43 1 2 3 4 M F Ga Es E I TM AR A INTESTINO ANTERIOR INTESTINO MÉDIO INTESTINO POSTERIOR Tripomastigota sangüíneo Esferomastigota Tripomastigota metacíclico CICLO NO VETOR CICLO BIOLÓGICO do Trypanosoma cruzi NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO A Interação Parasito-hospedeiro ➢ Fagocitose Induzida. • Adesão Celular: Reconhecimento e o contato membrana-membrana. • Interiorizarão (pseudópodes, Ca2+ ➢ migração de lisossomas para perto do parasito. • Fenômenos intracelulares: destruição de epimastigotas, transformação em tripomastigotas e rompimento da célula hospedeira. Para que a infecção se estabeleça o parasito precisa penetrar na célula e gerar alterações para se multiplicar. CICLO BIOLÓGICO do Trypanosoma cruzi NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO Para que a infecção se estabeleça o parasito precisa penetrar na célula e gerar alterações para se multiplicar dependendo de interações moleculares. Parasitologia Contemporânea, Marcelo Urbano Ferreira, 1 ed. Reprodução por divisão binária simples Iniciada pela duplicação do corpúsculo basal do flagelo e do cinetoplasto. No tubo digestivo dos insetos, a reprodução ocorre na forma epimastigota (A) mas, nos macrófagos dos vertebrados, na fase amastigota (B) intracelular. Um dos cinetoplastos conserva o flagelo, e o outro produz novo. Seguem-se a divisão nuclear por endocitose e a do corpo celular (citodiérese). A B Fatores Importantes para uma Infecção Eficiente Todos são vetores do Trypanosoma cruzi?????????Dependentes do Hospedeiro, Parasito e Vetor: ➢ Hospedeiro: suscetibilidade do hospedeiro que pode ser determinada por diferentes fatores: idade, estado imunológico, variações genéticas, via de penetração; ➢ Parasito: grupo genético, virulência, estágio evolutivo, inóculo; ➢ Vetor: hábitos e grau de infecção. 23/04/2018 9 E a região Norte do Brasil? “Agora, em região do extremo norte do Brasil, onde não consta tenha sido verificada a infecção humana, outro animal silvestre se apresenta com a mesma infecção” A Amazônia brasileira nunca foi livre da presença do Trypanosoma cruzi Chagas, 1924; Aben-Athar, 1922 Epidemiologia da Doença de Chagas E a região Norte do Brasil? Fonte: http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/eventos/palestras/2007/sbpc_59/04.pdfLabchagas/IEC/SVS Epidemiologia da Doença de Chagas Inquérito Sorológico Nacional Camargo et al., 1984 Fonte: http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/eventos/palestras/2007/sbpc_59/04.pdf Labchagas/IEC/SVS Epidemiologia da Doença de Chagas Doença de Chagas x Região Norte do Brasil Fonte: http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/eventos/palestras/2007/sbpc_59/04.pdf Labchagas/IEC/SVS Epidemiologia da Doença de Chagas Doença de Chagas x Região Norte do Brasil Fonte: http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/eventos/palestras/2007/sbpc_59/04.pdf Labchagas/IEC/SVS Epidemiologia da Doença de Chagas Mecanismos de Transmissão Fonte: SCHOFIELD, 1994 54 23/04/2018 10 Distribuição geográfica da contaminação humana por T. cruzi e migração dos países endêmicos até os países desenvolvidos Mecanismos de Transmissão IMPORTÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DISTINTA DEPENDENDO DA ÁREA DE AVALIAÇÃO: • INÍCIO E EFETIVIDADE DOS PROGRAMAS DE CONTROLE • MIGRAÇÃO PARA OS PAÍSES NÃO ENDÊMICOS • MUDANÇAS NO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO: interrupção da vigilância epidemiológica, mudanças ambientais, etc Exemplo Países do Cone Sul x México, Bolívia e América Central 56 Doença de Chagas • Chagas alertava que a doença seria um grande problema em saúde pública. • Anos 60-70 → início dos grandes programas de controle (ações isoladas). • Anos 90 → Iniciativa do Cone Sul. 57 História Natural da Infecção 58 Fase Aguda da Infecção Chagásica Assintomática (90%) Sintomática (10%) Sub-aguda (rara) • Duração 60 a 120 dias • Febre • Edema • Hepatoesplenomegalia • Enfartamento ganglionar • Sinal de Romaña • Chagoma de inoculação 59 FASE AGUDA da Doença de Chagas SINAIS DE PORTA DE ENTRADA: local da picada do vetor, que pode ocorrer em qualquer parte descoberta do corpo, geralmente a noite. • SINAL DE ROMAÑA E CHAGOMA DE INOCULAÇÃO – 50% DOS CASOS DE 4-10 DIAS APÓS A PICADA: decorrente da inflamação local e da multiplicação intracelular do parasito no sítio de penetração. 23/04/2018 11 Nos casos mais graves pode chegar a INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E COMPROMETIMENTO NEUROLÓGICO nos casos mais graves devido a quadros graves de miocardite e meningoencefalite agudas. ÓBITO – 10% DOS CASOS FASE AGUDA da Doença de Chagas História Natural da Doença de Chagas 2 40 10 MESES FASE AGUDA DIAS 201 10 15 ANOS FASE CRÔNICA a b c d Evolução do T. cruzi no mamífero: a) infeção; b) fase aguda (parasitemia alta); c) ação defensiva do organismo (anticorpos); d) fase crônica parasitemia baixa. Defesa Específica do Organismo 2 40 10 201 10 15 Fase Crônica da Infecção Chagásica • Forma Indeterminada → 70% dos casos • Forma Sintomática (30%) Diferentes Espectros Clínicos 63 Período assintomático de 10 a 30 anos ou por toda vida. Ausência de sintomas e/ou doença. ECG e Raio-X do coração, esôfago e cólon normais. Positividade da sorologia, pesquisa do paraito positivo ou negativo. Fase Crônica da Infecção Chagásica • Forma Cardíaca • Forma Digestiva • Forma Mista • Forma nervosa: alterações, comportamentais, psicológicas e perda de memória 64 30% DOS CHAGÁSICOS APRESENTAM SINTOMAS RELACIONADOS COM OS SISTEMAS CARDIO-CIRCULATÓRIO, DIGESTIVO OU AMBOS Por que isso acontece? • DO PARASITO tropismo tecidual, virulência, nº de parasitas inoculados, cepa ou linhagem; • DO HOSPEDEIRO resposta imunológica, constituição genética, estado nutricional, sexo, raça, idade; • CÉLULAS PARASITADAS SMF (macrófagos), musculares e nervosas. FATORES QUE DETERMINAM A EVOLUÇÃO DA INFECÇÃO pelo Trypanosoma cruzi Resposta Imune na INFECÇÃO pelo Trypanosoma cruzi Parasitologia Contemporânea, Marcelo Urbano Ferreira, 1 ed. 23/04/2018 12 Fase Crônica da Infecção Chagásica 67 • Invasão e multiplicação intracelular do parasito. • Ruptura dos ninhos de amastigota. • Resposta inflamatória local. • Auto-imunidade lesão tecidual. • Processo de reparação que se estabelece: fibrose x reparação normal. Forma Cardíaca 68 • Destruição de fibras musculares e da inervação do SNA simpático e parassimpático: • ↓ Força de contração; • Hipertrofia cardíaca; • ↑ Volume Cardíaco; • Aumento da Atividade: Taquicardia. No coração, a fibrose das áreas lesadas: Ao longo do tempo as lesões tendem a confluir formando áreas mais extensas e o órgão pode perder a capacidade compensatória e dilata: cardiomegalia. Forma Cardíaca 69 No coração, a fibrose das áreas lesadas: Ao longo do tempo as lesões tendem a confluir formando áreas mais extensas e o órgão pode perder a capacidade compensatória e dilata: cardiomegalia, ICC: dispnéia de esforço, insônia, congestão visceral, edema de membros inferiores, etc. • Gradativa destruição muscular e desnevarção com diminuição da massa muscular e destruição do SNA • Problemas na formação e condução de impulsos: Arritimias, extrassistoles, bloqueios atrioventriculares e do feixe de Hiss • retardamento da circulação e hipóxia, favorecendo a formação de trombos e infartos Forma Cardíaca 70 Cardiomegalia Chagásica → Insuficiência Cardíaca Congestiva • Lesão vorticilar (aneurisma de ponta) → ARRITIMIAS; • Fenômenos tromboembólicos. →Outras complicações cardíacas: Forma Digestiva 71 • MEGAS→ dilatações permanentes de vísceras ocas decorrente de lesões na inervação do SNA simpático e parassimpático e da atrofia muscular. MegacólonMegaesôfago MEGAÊSOFAGO As alterações produzidas nas estruturas da parede do tubo digestivo, com a destruição de seus plexos nervosos e atrofia muscular, levam à dilatação e atonia do órgão. Isso pode ocorrer ao nível do esôfago, produzindo o megaesôfago, que causa difi- culdade para a deglutição: disfagia, regurgitação, dor epigástrica. Forma Digestiva 23/04/2018 13 Megacólon A falta de movimentos peristálticos adequados cria um estado de constipação crônica e distenção abdominal. O tratamento é cirúrgico e consiste na dissecção do segmento intestinal afetado. Forma Digestiva Diagnóstico Laboratorial 74 Relacionado com a fase da infecção em que o infectado se encontra. PA R A SI TE M IA DIAS ANOS Fase Aguda Fase Crônica • Métodos parasitológicos diretos Resposta Imune Específica Adaptado de LANA & TAFURI (2005). Diagnóstico Laboratorial 75 Fase Aguda Pesquisa do parasita: exame de sangue a fresco (onde se vê o parasito em movimento), • Exame de sangue a fresco; • Exame de sangue em gota espessa; • Esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa; • Se negativo: ✓Métodos de concentração : microhematócrito e strout. Diagnóstico Laboratorial 76 Relacionado com a fase da infecção em que o infectado se encontra. PA R A SI TE M IA DIAS ANOS Fase Aguda Fase Crônica Resposta Imune Específica Adaptado de LANA & TAFURI (2005). • Metódos imunológicos para pesquisa de anticorpos anti-T. cruzi (IgG). Diagnóstico Laboratorial 77 Fase Crônica Hemaglutinação Indireta Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) Enzyme linked immunosorbent assay (ELISA) • Metódos Imunológicos para pesquisa de anticorpos anti-T. cruzi (IgG). • Metódos Parasitológicos Indiretos: Dificuldade de detecção requer métodos que aumentem o número de parasitos na amostra Xenodiagnóstico Hemocultura Inoculação em camundongos Tratamento 78 • FASE AGUDA – CURA e REDUZ SEVERIDADE EM 70% DOS CASOS 8 a 10mg/kg/dia por 60 a 90 dias; 5mg/Kg/dia 2 a 3 doses por 60 dias; • FASE CRÔNICA – BAIXA EFICÁCIA, mas se aplicado na fase inicial quando ainda não existem sintomas pode reduzir a morbidade. Indicação: infecção recente / fase aguda incluindoacidentes, recaídas . 23/04/2018 14 EFEITOS COLATERAIS DO BENZONIDAZOL E NIFURTIMOX Nifurtimox (Lampit) Benzonidazol (Rochagan) • Efeitos colaterais: anorexia, emagrecimento, náusea, vômitos, alergia cutânea etc.. (recentemente retirada do mercado). • Efeitos colaterais: anorexia, emagrecimento, vertigens,dermatites urticariformes, cefaléia, sonolência, dores abdominais, depressão medular, hiperexitabilidade e polineuropatia. Tratamento da Doença de Chagas Novos Alvos para Terapia da doença de Chagas: • Cisteíno proteinases que participam de processos envolvidos com metabolismo energético, interação cdelular, diferenciação e evasao do sistema imune: cruzipaína. • Inibidores da síntese de ergosterol: principal lipídio de membrana do parasito. Tratamento da Doença de Chagas • Realidade da Doença de Chagas • Não há tratamento eficiente • Não há vacina • Não é possível eliminar os reservatórios e muitos dos vetores POSSIBILIDADES: Atuar no ambiente Combate do Vetor Melhoria habitação Educação sanitáriaTransmissão transfusional Transmissão Congênita Transplantes Transmissão oral CONTROLE DA DOENÇA DE CHAGAS Controle da Doença de Chagas: medidas profiláticas 82 • Melhoria das habitações: cafua (casa de pau-a-pique e barro), casa de madeira, casa de tijolo com reboco; • Higiene e limpeza adequada do domicílio e peridomicílio; • Controle dos doadores de sangue: 2 testes sorológicos ou esterilização pela violeta- de-genciana; • Higienização adequada dos alimentos e legislação adequada para evitar transmissão oral; • Triagem da infecção congênita: teste do pezinho em mães chagásicas. • Combate aos triatomíneos com inseticidas piretróides (K-otrine). Erradicação: visa eliminar totalmente uma doençalevar a índice a possibilidade de sua ocorrência. SERIA POSSÍVEL? POSSíVEL (espécies introduzidas) T. infestans no Cone Sul, R. prolixus na Venezuela e América Central Brasil, certificação em junho de 2006. IMPOSSÍVEL (espécies nativas) ENZOOTIA CONTROLAR E NÃO ERRADICAR Controle da Doença de Chagas: Combate ao vetor Panorama Atual da Doença de Chagas no Brasil 84 • Transmissão vetorial domiciliar e sanguínea controlada. • Não há controle da transmissão congênita. • Novos casos: surtos orais e associados a atividades extrativistas nas florestas. • Grande contingente de infectados na fase crônica. 23/04/2018 15 Panorama Atual da Doença de Chagas no Brasil 85 • Possibilidade de emergência e dispersão da doença de Chagas humana, uma vez que existe uma ampla circulação do T. cruzi em focos silvestres com várias espécies de vetores e reservatórios infectados: importante manter a vigilância epidemiológica. • A vigilância epidemiológica adotada ao fim dos Programas de Controle objetiva a prevenção de novos casos e redução do agravo → Afrouxamento das ações.
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