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ESTRUTURAS DE CONCRETO – BIELAS E TIRANTES – EXERCÍCIO 5
Aluna (s):
Mariane Pastore
Tainá Borghi
Dezembro de 2018
EXERCÍCIO 5 – VIGA-PAREDE
Dimensionar a viga-parede da Figura 1 utilizando o modelo de bielas e tirantes a partir
dos carregamentos e seções dadas, verificar a tensão nas regiões nodais e na biela,
verificar a ancoragem e fazer o detalhamento das armaduras. Dado: fck = 30 MPa.
Figura 1 – Viga-parede
(Medidas em cm)
Solução: São consideradas vigas-parede as vigas altas em que a relação entre o vão e
a altura l/h é inferior a 2 em vigas biapoiadas e inferior a 3 em vigas contínuas. No
presente caso tem-se viga bi-apoiada: 400/285 =1,4 (Viga-parede).
As Figuras abaixo mostram as distribuições das tensões principais (Compressão e
Tração).
USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Aplicação de Bielas e Tirantes
Figura 2 – Direções das tensões principais máximas (compressão)
Figura 3 – Direções das tensões principais máximas (tração)
USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Aplicação de Bielas e Tirantes
Memorial de Cálculo
a) Dimensionamento
Modelo de biela e tirante
As ações uniformemente distribuídas são substituídas nos modelos por duas forças
concentradas equivalentes. As mesmas foram distanciadas por espaçamentos iguais e
consideradas como duas resultantes.
a.1) Cálculo das forças solicitantes nas bielas e tirantes
O valor de θ (ângulo entre bielas e tirantes) é indicado na literatura por alguns autores.
De acordo com Silva e Giongo (2000), para o presente caso de viga parede biapoiada,
o ângulo entre as bielas e o tirante é dado por:
{
θ = 68° → l h⁄ = 2
θ = 55° → l h⁄ = 1
Na viga-parede em estudo l/h = 1,4, logo θ = 60,2°.
A NBR 6118:2014 sugere que este ângulo esteja entre 30° e 63°.
A seguir apresenta-se o modelo de treliça idealizado para a distribuição dos esforços,
sendo que as linhas tracejadas em vermelho representam as bielas de compressão e
as linhas em azul os tirantes. Os esforços da figura 4 foram obtidos pelo software
Abaqus e estão em kN.
Figura 4 – Esforços das barras
USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Aplicação de Bielas e Tirantes
Para áreas com diferentes tirantes, escolheu-se o de maior valor para o
dimensionamento. Por exemplo, na área inferior à abertura, tem-se três tirantes (113
kN; 73,4 kN e 61,4 kN), sendo utilizado o valor de 113 kN para o dimensionamento. A
figura 5 apresenta os tirantes para dimensionamento.
Figura 5 – Modelo final de biela tirante
a.2) Dimensionamento dos tirantes: As =
Rst,d
fyd
Tirante Esforço (kN)
Área de aço
Requerida (cm²)
Armadura
Adotada
T1 113,4 3,65 2x3 ø12,5
T2 71,3 2,30 2x1 ø12,5
T3 24,1 0,77 2x2 ø8
T4 13 0,42 2x2 ø6,3
T5 12 1,39 2x4 ø6,3
T6 39 1,26
2x4 ø8 T7 53,6 1,73
T8 15,7 0,51
T9 32,3 1,04 2x2 ø6,3
T10 33 1,06 2x2 ø6,3
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Armaduras de Reforço – Tirantes T1 ao T10:
TIRANTE T1 (Tirante principal)
De acordo com Araújo (2014) o momento de fissuração é menor que o de fissuração
das vigas esbeltas usuais. Assim a armadura mínima é dada por:
As,mín−VP = λ ∙ As,mín−VE
𝑙
ℎ⁄ = 1,5 → λ = 0,90 (Araújo 2014)
𝑙
ℎ⁄ = 1,25 → λ = 0,75 (Araújo 2014)
∴ 𝑙 ℎ⁄ = 1,4 → λ = 0,84
As,mín−VP = 0,84 ∙
0,15
100
∙ bw ∙ h = 0,84 ∙
0,15
100
∙ 20 ∙ 285 = 7,18 cm²
Vale citar que a armadura do tirante principal deve ser distribuída em altura da ordem
de 0,15∙h, para o presente caso de viga-parede, como cita o item 22.4.4.1 da ABNT
NBR 6118:2014. Dessa forma, 0,15∙h = 0,15∙285 = 42,75cm.
Segundo Leonhardt & Monning (1978b), toda armadura longitudinal deve ter
comprimento relativo à distância entre os apoios sem escalonamento e ser ancorada
para a força de 0,8 Rst. De acordo com Silva e Giongo (2000), em apoios curtos,
frequentemente o comprimento de ancoragem efetivo lbe é insuficiente, exigindo a
utilização de maior número de barras com bitolas menores. O perímetro necessário de
ancoragem para as barras pode ser calculado pela expressão:
u =
0,8 Rst
lbe ∙ τbu
Sendo: 𝜏𝑏𝑢 = 0,42 ∙ √𝑓𝑐𝑑
23
𝜏𝑏𝑢 = 0,42 ∙ √(
30
1,4
)
23
= 0,324 𝑘𝑁
𝑐𝑚²
⁄
Considerando cobrimento mínimo de 25mm, temos comprimento de ancoragem efetivo
de 17,5cm (20 – 2,5).
Para o tirante abaixo da abertura, tem-se o seguinte perímetro de ancoragem das
barras:
u =
0,8 ∙ 113,4
17,5 ∙ 0,324
= 16 cm
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Adotando-se três camadas de duas barras de armadura, a bitola necessária para
promover o perímetro necessário para a ancoragem é:
𝑢𝑒 = 6 ∙ 𝜋 ∙ Ø ≥ 16
Ø ≥ 0,85 𝑐𝑚 = 8,5 𝑚𝑚
Portanto, o diâmetro mínimo de acordo com o comprimento de ancoragem deve ser de
10 mm.
Adotou-se 3 camadas de 2 barras de 12,5 mm de armadura.
A armadura adotada (7,36 cm²) atende a armadura requerida pelo projeto (3,65 cm²) e
a armadura mínima necessária (7,18 cm²).
TIRANTE T2:
As =
Rst,d
fyd
= 2,30 𝑐𝑚²
Adotou-se 2x1 Ø12,5mm (2,45 cm²).
TIRANTE T3:
As =
Rst,d
fyd
= 0,77 𝑐𝑚²
Adotou-se 2x2 Ø8 mm (2,01cm²).
TIRANTE T4:
As =
Rst,d
fyd
= 0,42 𝑐𝑚²
Adotou-se 2x2 Ø6,3 mm (1,25 cm²).
TIRANTE T5:
As =
Rst,d
fyd
= 1,39 𝑐𝑚²
Adotou-se 2x4 Ø6,3 mm (2,49 cm²).
TIRANTES T6 ao T8:
As armaduras requeridas pelo projeto para os tirantes T6 ao T8 foram respectivamente:
1,26 cm², 1,73 cm² e 0,51 cm².
Adotou-se para eles uma armadura de 2x4 Ø8 mm (4,02 cm²).
TIRANTES T9 e T10:
As armaduras de reforço para esses dois tirantes estão representadas junto com a
armadura em malha da viga parede (descrita no próximo item).
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Adotou-se para ambas uma armadura de 2x2 Ø6,3 mm (1,25 cm²), tanto na horizontal
quanto na vertical.
O detalhamento de todos os reforços está representado no final do memorial.
b) Armadura em malha
De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, para controlar a fissuração, deve ser prevista
armadura positiva adicional em malha uniformemente distribuída em duas direções,
independente da armadura principal de flexão. Essa armadura pode ser calculada
através de:
As,malha =
0,1
100
∙ b ∙ h =
0,1
100
∙ 20 ∙ 285 = 5,70 cm²
As,v =
As,malha
l
=
5,7
4,2
= 1,36 cm²/m.
As,malha =
As,malha
h
=
5,7
2,85
= 2,0 cm²/m.
A armadura em malha disposta na horizontal será composta por barras de 6,3 mm
espaçadas a cada 15 cm, resultando em uma área de aço efetiva igual a 2,08 cm²/m.
Para a armadura disposta na vertical, serão utilizadas barras de 6,3 mm espaçadas a
cada 20 cm, perfazendo uma área de aço efetiva igual a 1,56 cm²/m.
Ressalta-se que a armadura em malha não deve ser superposta a armadura dos
tirantes previamente dimensionadas, devendo ser disposta nas regiões com ausência
de armadura.
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c) Verificação das tensões
c.1) Definição da região nodal
Figura 6 – Região nodal do modelo biela-tirante
Dados da região nodal:
θ = 62°
d′ = 20 cm
u = 2d′ = 40 cm
c = 20 cm
Rd,k (reação de apoio) = 210kN
Rst1,k = 113,4 kNFc,k = Rcc1 = −234,3 kN
c1 = c + u cot θ → c1 = 20 + 40 ∙ cot 62° = 41,27 cm
c2 = (c + u cot θ) ∙ sin θ → c2 = 41,27 ∙ sin 62° = 36,44 cm
c.2) Verificação da tensão de compressão nos apoios
σapoio,d =
Rapoio,d
b ∙ c
=
210 ∙ 1,4
20 ∙ 20
= 0,74 kN/cm²
Para regiões CCT (compressão-compressão-tração), a tensão admissível é dada por:
fcd3 = 0,72 ∙ αv2 ∙ fcd = 0,72 ∙ (1 −
30
250
) ∙
3
1,4
= 1,36 kN/cm²
fcd3 > σapoio,d ∴ Ok!
c.3) Verificação da tensão na biela (B1)
σ2d =
Rapoio,d
b ∙ c1 ∙ sin 62°²
=
210 ∙ 1,4
20 ∙ (41,27) ∙ sin 62°²
= 0,4 kN/cm²
Para regiões CCT, a tensão admissível é dada por:
fcd3 = 0,72 ∙ αv2 ∙ fcd = 0,72 ∙ (1 −
30
250
) ∙
3
1,4
= 1,36 kN/cm²
fcd3 > σ2d ∴ Ok!
c.4) Verificação da tensão na biela (B2)
σ2d =
Rapoio,d
b ∙ c1 ∙ sin 73°²
=
210 ∙ 1,4
20 ∙ (41,27) ∙ sin 73°²
= 0,39 kN/cm²
Para regiões CCT, a tensão admissível é dada por:
USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Aplicação de Bielas e Tirantes
fcd3 = 0,72 ∙ αv2 ∙ fcd = 0,72 ∙ (1 −
30
250
) ∙
3
1,4
= 1,36 kN/cm²
fcd3 > σ2d ∴ Ok!
c.5) Verificação da tensão na biela (B3)
σ3d =
R𝑏𝑖𝑒𝑙𝑎
b ∙ c
=
47,3 ∙ 1,4
20 ∙ 20
= 0,17 kN/cm²
Para regiões CTT, a tensão admissível é dada por:
fcd2 = 0,60 ∙ 0,88 ∙
3
1,4
= 1,13 kN/cm²
fcd2 > σ3d ∴ Ok!
Como as tensões nas bielas são inferiores a fcd3 e fcd2, a região nodal está segura.
d) Ancoragem
O comprimento de ancoragem disponível é a largura do pilar menos o cobrimento.
Considerando um classe de agressividade ambiental II, o cobrimento mínimo é 25 mm,
logo o comprimento disponível para ancoragem é 17,5 cm.
d.1) Comprimento básico de ancoragem
fbd = η1 ∙ η2 ∙ η3 ∙ fctd = 2,25 ∙ 1 ∙ 1 ∙ 0,7 ∙ 0,3 ∙
30
2
3
1,4
= 0,326 kN/cm²
lb =
ϕ
4
∙
fyd
fbd
=
𝜙
4
∙
50/1,15
0,326
= 33,34𝜙
∅ = 8mm → lb = 26,67 cm
∅ = 10mm → lb = 33,34 cm (adotado)
d.2) Comprimento necessário
lb, nec = α ∙ lb ∙
As,cal
As,efet
> lb,min
α = 0,7 ∴ barra com gancho (laço)
∅ = 10mm
lb, nec = α ∙ lb ∙
As,cal
As,efet
lb,nec = 0,7 ∙ 33,34 ∙
3,65
7,7
= 11,06 cm (Ok!)
lb, min = {
0,3 ∙ lb = 10 cm
10 ∙ ∅ = 10 cm
10 cm
Tem-se comprimento necessário de 11,06 cm e disponivel de 17,5 cm → Verificado!
e) Detalhamento
O detalhamento final da viga-parede esta apresentado na Figura 7.
Figura 7 - Detalhamento da viga-parede