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Piscicultura de Água Doce: Manejo Prático


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Manejo Prático Aplicado a Piscicultura de Água Doce. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A aquicultura, conforme Cyrino, et al., 2012, é a criação de organismos 
aquáticos em condições controladas, uma atividade economicamente rentável, 
desde que feita com base em projetos tecnicamente corretos. Porém, 
apresenta algumas limitações como: necessita de um mercado favorável, 
receptividade da população para aceitar as mudanças trazidas pela 
implantação de uma nova indústria, uma política que garanta o acesso dos 
produtores aos recursos naturais indiscriminadamente, disponibilidade regional 
de alevinos, alimentos, equipamentos, materiais, serviços de extensão e 
controle sanitário, crédito e mercado financeiro favorável. 
Segundo MPA, 2010, a produção aquícola nacional (ano 2010) foi de 479.399 t, 
representando um incremento de 15,3% em relação à produção de 2009. 
Comparando-se a produção atual com o montante produzido em 2008 (365.366 
t), fica evidente o crescimento do setor no país, com um incremento de 31,2% 
na produção durante o triênio 2008-2010. Seguindo o padrão observado nos 
anos anteriores, a maior parcela da produção aquícola é oriunda da aquicultura 
continental, na qual se destaca a piscicultura continental que representou 
82,3% da produção total nacional. 
A piscicultura, um dos ramos da aquicultura, na qual se destina a criação de 
peixes, possuindo uma boa lucratividade, no entanto, deve considerar também 
que ainda existem poucas informações, surgindo dúvidas a respeito dessa 
atividade. 
Esta atividade surgiu na China há cerca de 4 mil anos, onde também se 
desenvolveu o consórcio entre peixes e outros animais (búfalos e suínos). Na 
Europa a piscicultura só começou a partir do século XIV, através dos monges 
que criavam carpas nos mosteiros a fim de consumi-las nos momentos de 
abstinência de carnes vermelhas. A Argentina foi o primeiro país a introduzir a 
piscicultura na América do Sul, importando, em 1870, os primeiros reprodutores 
de carpa comum (Cyprinus carpio) e carpa espelho (Cyprinus carpio variedade 
especularis). No Brasil, a piscicultura propriamente dita iniciou-se por volta de 
1929. Nessa época, o cientista Rodolfo Von Lhering estudou os peixes do Rio 
Mogi-Guaçu em Piracicaba - São Paulo, utilizando pela primeira vez hipófise 
para provocar desova do Dourado (Salminus maxillorus). Em 1939, surgiu a 
primeira estação de piscicultura do país em Pirassununga – São Paulo. 
 
SISTEMAS DE CULTIVO 
 
Os sistemas de produção utilizados no cultivo de peixes são bastante 
diversificados em função: 
 
 
Da disponibilidade de água; 
 
 
 
 
 
Esses sistemas de produção são classificados em Extensivo, Semi-intensivo e 
Intensivo, descritos conforme Nascimento e Oliveira, 2010: 
Sistema Extensivo 
Neste sistema, o número de peixes por unidade de área é baixo, a alimentação 
é restrita ao alimento naturalmente existente e não há controle sobre a 
reprodução. A piscicultura é praticada em reservatórios de pequenas ou 
grandes dimensões, naturais ou artificiais. Esses reservatórios são construídos, 
na maioria das vezes, para outra finalidade, por exemplo, para armazenar água 
para irrigação, para bebedouro de animais, energia elétrica, etc. A piscicultura 
aparece como um aproveitamento a mais desses reservatórios. 
Nesta modalidade de piscicultura não se alimentam os peixes regularmente e 
não se fertiliza a água com fertilizantes orgânicos ou inorgânicos. Os peixes se 
alimentam dos organismos presentes no próprio ambiente. 
 
Sistema Semi-intensivo 
 
Este sistema se caracteriza pela maximização da produção de alimento natural 
(fito e zooplâncton, bentos e macrófitas), a partir do aporte de minerais que 
pode ser feito com adubos orgânicos (esterco de bovinos, suínos, equinos, 
etc.) ou químicos (fontes de nitrogênio e fósforo), para servir como principal 
fonte de alimento dos peixes. Em função disso, utiliza-se um maior número de 
peixes por m² (densidade de estocagem). 
Para aumentar diretamente a produção ou o crescimento dos peixes usam-se 
“alimentos artificiais” (são todos os alimentos que não são produzidos nos 
viveiros) que o piscicultor coloca no viveiro. No sistema semi-intensivo a 
piscicultura é praticada em viveiros construídos estritamente para se criar 
peixes. Estes viveiros são totalmente drenáveis, uma ou mais vezes por ano. 
 
Sistema Intensivo 
 
Semelhante ao sistema semi-intensivo, os viveiros são planejados, escavados 
com máquinas e possuem declividade para facilitar a drenagem da água e 
despesca dos animais. A diferença está na taxa de renovação da água, para 
suportar a biomassa de pescado estocada e carrear as excretas para fora. 
Dependendo da disponibilidade e da qualidade da água pode-se estocar entre 
1 a 10 peixes por metro quadrado. O fluxo de água é controlado para manter, 
no mínimo, um teor de oxigênio dissolvido (OD) de 8 mg/L. Como a densidade 
de estocagem de peixes é alta, o alimento natural não é capaz de manter 
sozinho o desenvolvimento completo dos animais. Portanto, se faz necessário 
o fornecimento de uma ração balanceada. 
 
QUALIDADE DE ÁGUA 
 
A avaliação dos níveis de qualidade da água para os animais aquáticos é 
considerada importante, pois influencia diretamente na criação de peixes e com 
esse monitoramento, pode se presumir como estão as condições ambientais 
para a vida destes animais. 
Assim, com o desenvolvimento rápido e crescente da piscicultura, a qualidade 
da água procede a um enorme interesse nesta linha de atuação, já que a água 
em condições inadequadas ocasionará problemas no cultivo, podendo levar os 
peixes à morte. Nesse aspecto, MATSUZAKI et al., 2004 afirma que o manejo 
inadequado em piscicultura geralmente acelera o processo de eutrofização, 
deteriorando a qualidade da água, principalmente pela administração de altas 
doses de ração e pela fertilização (orgânica ou inorgânica). 
Então os principais fatores que influenciam diretamente na criação de peixes 
são: 
 
 Temperatura da água (Tº C): influencia diretamente o rendimento dos 
sistemas de produção de organismos aquáticos. 
 
 Oxigênio dissolvido (OD, mg/L): pode ser afetado através do aumento da 
alimentação, do metabolismo dos peixes, tamanho e fase de desenvolvimento 
do peixe, e também com o aumento da temperatura, pois com esse aumento, 
haverá menor a dissolução desse gás. 
 
 pH (potencial hidrogeniônico): O pH reflete o grau de acidez ou de 
alcalinidade da água, sendo um fator importante para assegurar uma boa 
produção de peixes. 
 
 Alcalinidade (mg/L de CaCO3): a alcalinidade total é a concentração de 
todos os cátions divalentes na água, sendo o cálcio (Ca2+) e o magnésio 
(Mg2+) os cátions mais comuns em quase todos os sistemas de água doce. 
 
 Amônia: é tóxica para todos os animais aquáticos, especialmente em 
lugares com baixas concentrações de oxigênio dissolvido. Existe duas formas 
de amônia a ionizada (NH4+) e a não-ionizada (NH3), sendo sua toxicidade 
atribuída principalmente à última forma (FOSS et al., 2003). Níveis elevados de 
amônia provocam estresse nos peixes, com consequente diminuição da 
resistência imunológica, danos nas brânquias e destruição das nadadeiras. 
 
 Nitrito: O nitrito é um produto intermediário da transformação da amônia em 
nitrato, e pode ser tóxico para peixes (FRANCES et al., 1998). Essa amônia é 
reduzida a nitrito (resultante da ação da nitrificação bacteriana), e em sistemas 
fechados podem acumular para níveis tóxicos, pois o aumento nas 
concentrações de nitrito na água induz a acumulação deste no sangue e 
tecidos, e via reações complexas produzindo derivados tóxicos com ação 
deletéria em processos fisiológicos dos peixes (COSTA et al., 2004). 
Para manter os parâmetros físicos e químicos de qualidade de água numa 
faixa ideal,não se deve ultrapassar a capacidade máxima de suporte do 
ambiente. 
Tabela 1. Principais parâmetros físico-químicos de qualidade de água, suas 
frequências de análise e seus limites mínimos adequados para a aquicultura 
em tanque-rede (Boyd &Tucker, 1998). 
 
 
Devem-se também considerar os diversos aspectos fundamentais relacionados 
não só à qualidade da água, mas também com a nutrição, a genética, a 
localização da área de produção, entre outros fatores. Se a capacidade 
máxima de suporte for ultrapassada, a qualidade da água e a produtividade 
diminuem acentuadamente, afetando diretamente os peixes. Nesse sentido, é 
recomendável monitorar com certa frequência, a qualidade da água e procurar 
manter os parâmetros físico-químicos dentro de alguns limites a fim de 
assegurar uma produção satisfatória de peixes. 
 
 
 
 
MANEJO GERAL 
Manejo dos peixes 
 
O bom manejo começa com a escolha das espécies mais adequadas ao 
ambiente de cultivo (escolher as espécies com que vai trabalhar, levando em 
considerações as exigências ambientais e climáticas de cada espécie, o habito 
alimentar, a rusticidade, a aceitação comercial). 
As principais espécies de peixes de água doce cultivadas no Brasil são: tilápias 
(Oreochromis spp), carpas (Cyprinus sp.), tambaqui (Colossoma 
macropomum), pacu (Piaractus mesopotamicus), matrinxã (Brycon spp.), piau 
(Leporinus sp.), bagre africano (Clarias gariepinus), entre outros. 
 
Manejo dos alevinos 
 
 Transporte 
 
Se possível verificar o fornecedor, o procedimento de captura e contagem dos 
alevinos. 
Se o mesmo utiliza embalagem plástica atóxica e resistente, água limpa, coloca 
de preferencia o oxigênio puro. 
 Densidade 
 
Deve ser compatível com a espécie, tamanho e lembrar do tempo de 
transporte, também dando preferencia para não transportar em dias muito 
quentes 
 Recepção 
 
Necessita de manuseio cuidadoso das embalagens, tendo-se 
preferencialmente uma aclimatação (verificação comparatória entre a água da 
embalagem e a do local a ser introduzido os animais - qualidade de água, 
como temperatura e pH). Depois de certo tempo (aproximadamente 15 a 30 
minutos) pode-se soltar devagar os alevinos. 
 
Manejo Alimentar 
 
Os custos com alimentação podem compor cerca de 50 a 70% do custo total 
de produção de peixes. Isso é um dos fatores que leva a fazer estudos, 
pesquisas e métodos alternativos para diminuir esse entrave na aquicultura. 
Pode-se minimizar de forma significativa este custo com adoção de manejo 
alimentar adequado e uso de rações com qualidade compatível com as 
diferentes fases de desenvolvimento dos peixes e com o sistema de cultivo 
utilizado. 
Para cada fase de desenvolvimento dos peixes tem-se a granulomentria e 
percentagem de proteína bruta (PB) na ração adequada. Essa ração para os 
peixes é a extrusada. Exemplos: 
 Fase alevinagem: normalmente utiliza-se ração de 45 a 40% PB. 
 Fase de engorda: normalmente utiliza-se ração de 36 a 32% PB. 
O fornecimento a lanço de forma mais espalhada e homogênea possível. 
A frequência alimentar depende do manejo adequado adotado, podendo variar 
de 2 a 5 vezes por dia ou até 9 vezes ao dia (fase alevinagem). 
A quantidade varia muito do comportamento dos peixes, o clima da região, mas 
deve-se verificar comportamento alimentar podendo aumentar a quantidade 
ingerida ou diminui-la. 
Tabela 2: Recomendações de fornecimento de rações para tilápia do Nilo 
(Oreochmis niloticus), em diferentes fases de desenvolvimento em 
temperaturas de 25º a 26ºC (adaptado de GONTIJO et al., 2008). 
Para o armazenamento de rações deve dar preferencia a local fresco e seco, 
coberto, utilizando estrados para manter os sacos de ração distantes do piso e 
das paredes. 
 
 
Para o armazenamento de rações deve dar preferencia a local fresco e seco, 
coberto, utilizando estrados para manter os sacos de ração distantes do piso e 
das paredes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manejo da água 
 
Para se manter em níveis adequados para criação de peixes, visto 
anteriormente (Tabela 1), com a observação da qualidade da água, 
comportamento dos peixes, pode-se tentar melhorar alguns aspectos da água. 
Exemplo: baixo oxigênio dissolvido: ver se há grande presença de macrófitas 
(plantas aquáticas) - Figura 1, se a renovação da água está normal, se a 
densidade de estocagem está dentro do limite, entre outros fatores. Com essas 
respostas pode-se fazer medidas para melhorar o oxigênio. 
 
 
Figura 1. Macrófitas em viveiro. 
 
Manejo de sistemas 
 
Monofásico: cria-se peixes da fase alevinagem (inicial) até a fase engorda 
(final) no mesmo ambiente de cultivo, durante todo o ciclo produtivo. 
Bifásico: adota-se criar peixes da fase alevinagem (inicial) até a fase juvenil 
(intermediária) no mesmo ambiente de cultivo. 
Trifásico: adota-se criar peixes realizando despescas em cada fase de 
desenvolvimento (fase alevinagem até a fase de engorda) podendo ficar em 
diferentes ambientes de cultivo. Exemplo: 1,0g a 200g; 200 a 700g; 700 a 
1.000g. 
 
 
Manejo de produção 
 
5.1. Apetrechos de pesca 
Pode ser utilizados em piscicultura e carcinicultura. Os principais utensílios são: 
 Tarrafas: são confeccionadas de panagens de nylon multifilamento 
(geralmente com argola) ou nylon monofilamento (com rufo). Essa tarrafa de 
argola tem uma característica exclusiva de fechamento, através de fios de 
nylon monofilamento que ligam o topo da tarrafa até o chumbo, e é possível 
fechar totalmente esta rede formando um grande saco, facilitando as capturas 
(podendo capturar peixes de 2 cm a 20 cm na mesma tarrafa). Normalmente é 
um petrecho ideal para capturas localizadas, rápidas, com o mínimo de mão de 
obra e sem causar traumatismos. Figura 2. 
 
 Rede de Arrasto: rede geralmente grande (tipo forma de saco) que quando 
puxada a uma velocidade, permite que os peixes, crustáceos ou outro tipo de 
pescado, sejam retidos dentro da rede. Figuras 4 e 5. 
 
 Puçás: uma rede tipo saco com cabo (tamanho variável) de madeira, alumínio ou 
material alternativo (cano pvc, etc), que serve para pegar os peixes evitando que 
escapem. Figura 3. 
 
 
Figura 2. Tarrafa 
 
 
Figura 3. Puçá 
 
 
Figura 4 e 5. Manejo com rede de arrasto 
 
 
 
Biometria 
 
Uma das maneiras para o acompanhamento do desenvolvimento dos peixes é 
a realização da biometria. A biometria é uma prática bastante difundida na 
atividade aquícola, sendo executada mediante periódicas pesagens e 
medições do comprimento corporal de parte representativa do lote, 
proporcionando um acompanhamento dos peixes em relação ao ganho de 
peso e crescimento, podendo ajustar a quantidade de ração a ser fornecida 
(evitando desperdício ou desnutrição). 
A frequência a ser realizada depende do manejo adequado, disponibilidade de 
mão de obra, podendo ser realizada semanalmente, quinzenalmente ou até 
mensamente. 
Há dois tipos de biometria: individual (pesando-se um peixe por vez) e por 
amostragem aleatória (Figura 6 e 7). Para tal procedimento é necessário ter 
balança, puçás, baldes, rede de arrasto ou tarrafa (viveiros). 
 
Figura 6. Peso individual (g) 
 
 
Figura 7. Peso em grupo (g) 
Na biometria individual pode-se acompanhar o crescimento fazendo medições 
de comprimento, como na Figura 8. 
 
Figura 8. Esquematização de medições de comprimento e partes morfológicas. 
 
Com os resultados dos dados adquiridos na biometria pode-se ter noção do 
desenvolvimento dos peixes e determinar, por exemplo, a quantidade de ração. 
Pode-se então ter o acompanhamento de: 
 Peso médio (g ou kg): encontrado, dividindo-se a biomassa amostrada pelo 
número de peixes amostrado. 
 
: é a diferença entre o peso médio atual e o pesomédio 
anterior. 
 
io. 
 
-1): (LN(Pf)-LN(Pi))/t) x 100, onde 
Pi é o peso médio inicial (g), Pf é o peso médio final (g), e t é o tempo em dias. 
 
capturados / nº de peixes estocados) x 100]. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manejo da água e Solo 
 
Solo 
Calagem: corrige os valores de pH, reforça o sistema tampão formado por 
bicarbonatos, carbonatos e íons Ca2+ e Mg2+ e neutraliza a acidez de troca do 
solo do fundo dos viveiros. 
Para desinfectar o solo, depois do viveiro já seco (vazio), deixar secar (ao sol) 
por um dia ou mais dependo do clima da região. Depois para ter mais 
eficiência, deve utilizar produtos químicos (cal virgem e hidratada), sendo a 
dose inicial necessita ser aplicada a lanço sobre o fundo do viveiro ainda seco. 
 Cal virgem (CaO): libera calor e mata muito rapidamente o pH do solo, 
matando todos os organismos aquáticos presentes. 
 
 Cal hidratada (Ca(OH)2): mata os organismos aquáticos presentes 
exclusivamente pelo aumento do pH (não eleva a temperatura da água). 
 
OBS: em solos com machas de lamas escuras e com mau cheiro (tipo ovo 
podre) necessita utilizar um produto mais forte (o hipoclorito de sódio). 
O critério usado para decisão a respeito de se fazer ou não a calagem de um 
tanque é: 
 Quando a dureza e/ou alcalinidade da água forem menores que 20 mg de 
CaCO3/L, ou o pH da água de um tanque for menor que 6,0. 
 
Calcula-se a dose inicial de calcário a ser aplicada segundo a Tabela 3, abaixo. 
 
 
Tabela 3. Dose inicial de calcário. 
 
Água 
 
Adubação 
 
Normalmente os peixes possuem numerosos rastros branquiais e secretam 
muco na faringe, permitindo uma eficiente filtragem e aglutinação das 
pequenas partículas do fitoplâncton e zooplâncton. 
Pode-se criar peixes em viveiros adubados ou combinar a adubação e o uso de 
alimento de baixo custo (mistura de farelos vegetais, rações com baixo teor 
proteico entre outros). 
6.4.Fertilização 
A fertilização de tanques e viveiros é uma prática essencial para aumentar a 
biomassa planctônica e consequentemente à produção dos peixes. 
O alimento natural pode contribuir com o suprimento de proteína, energia, 
vitaminas e minerais, podendo reduzir os custos com a alimentação. 
Há dois tipos de fertilização: 
Orgânica: usa-se esterco animais (os mais utilizados são de bovinos, 
caprinos, aves), também restos de culturas agrícolas e farelos vegetais. 
Inorgânica: nitrogênio (exemplo: uréia, [(NH2)2CO], na proporção de 3,0 
mg/L (N)), ácido fosfórico (H3PO4), numa proporção de 0,3 mg/L (P), silicato 
(SiO2), na proporção de 1,0 mg/L, superfosfato simples, entre outros. Outros 
fertilizantes inorgânicos principais podem ser observados na Tabela 4. Há 3 
formas de aplicação de fertilizantes químicos: 
 
- 1º método (o mais eficiente): é aquele que os fertilizantes são diluídos antes 
de serem aplicados, depois espalhados na superfície dos viveiros; 
- 2º método: envolve a construção de uma pequena plataforma (material não 
tóxico), na qual deve ficar aproximadamente 30 cm da superfície (o vento irá se 
encarregar de distribuir os nutrientes pelo viveiro); 
- 3º método: consiste em colocar fertilizante nos próprios sacos ou outro saco 
poroso, e a fixação em estacas dentro do viveiro, sendo a eficiência colocando 
2 ou mais sacos espalhados pelo viveiro. 
Para avaliar os efeitos da fertilização, pode ser medida pela abundância de 
fitoplâncton presente em viveiros (água se torna mais turva normalmente de 
coloração esverdeada). 
 
Tabela 4. Concentração aproximada nutrientes em resíduos de diversos 
animais (Ostrensky & Boeger, 1998). 
Animal Percentagem (%) 
Umidade N P2O5 K2O 
Gado 
leiteiro 
85 0,5 0,2 0,5 
Gado de 
corte 
85 0,7 0,5 0,5 
Equino 72 1,2 1,3 0,6 
Suíno 82 0,5 0,3 0,4 
Ovino 77 1,4 0,5 1,2 
Cama de 
aviário 
ND 0,4 0,3 0,1 
 
 
 
 
Tabela 5. Principais fertilizantes inorgânicos. 
Fertilizante Forma Percentagem 
(%) 
N P2O5 
Uréia Granular 45 0 
Nitrato de 
cálcio 
Granular 15 0 
Nitrato de 
sódio 
Granular 16 0 
Sulfato de 
amônio 
Granular 20-21 0 
Superfosfato Granular 0 0 
Superfosfato 
triplo 
Granular 0 44-54 
Monoamônio 
fosfato 
Granular 11 48 
Diamônio 
fosfato 
Granular 18 48 
 
 
 
Tabela 6. Benefícios da fertilização em relação a produtividade na piscicultura 
 
 
Sistemas de produção 
 
Os sistemas de produção utilizados no cultivo de peixes são bastante 
diversificados e assim os índices de produtividade, custos de produção e 
lucratividade são bastante distintos. 
Capacidade de suporte (CS): É a máxima biomassa de peixes capaz de ser 
sustentada em uma unidade de produção (viveiros, tanque-rede, entre outros). 
E pode ser expressa em relação à área (kg/ha; kg/m²) ou ao volume (kg/m³) da 
unidade de produção. A determinação da capacidade de suporte é feita com 
base nos resultados de cultivos anteriores ou pode ser estimada através dos 
dados de produção obtidos em outras pisciculturas ou em dados técnicos 
publicados. Figura 9. 
Biomassa crítica (BC): em algum momento de cultivo o crescimento diário dos 
peixes atinge um valor máximo, no caso, o máximo de ganho de peso possível 
por peixe (g/dia) ou por unidade de área (kg/ha/dia) ou volume (kg/m³/dia). 
Neste momento diz-se que a unidade de produção atingiu a sua biomassa 
critica. Figura 9. 
Biomassa econômica (BE): representa o momento que ocorre o máximo lucro 
acumulado durante o cultivo. Pode-se realizar a despeca (parcial ou total), e 
em geral é em torno de 60 a 80% da capacidade de suporte. Figura 9. 
 
Figura 9: Representação gráfica dos pontos de Biomassa Crítica, Biomassa Econômica e 
Capacidade de Suporte, em viveiros de baixa renovação de água e sem aeração, com 
os peixes alimentados com ração completa. Kubitza, 2000. 
 
Tipos de criação 
 
Em sistemas semi-intensivo ou intensivo, pode-se criar peixes em tanque de 
fibra de vidro, tanques de alvenaria, viveiros escavados, tanques-redes. Sendo: 
8.1.Sistema Semi-intensivo 
 Tanque de fibra de vidro: podem-se de utilizadas por pessoas que tenham 
espaço pequeno, mas o investimento inicial é alto (preço dos tanques, ter 
renovação constante, preferencialmente com aeração). 
 
 Tanques de alvenaria: tem-se a desvantagem inicial de custo de materiais 
(cimento, tijolos). 
 
 Viveiros escavados: são um dos mais utilizados. Para tal é necessário 
muitos aspectos a serem observados para a implantação dos mesmos. Como: 
 
a) Seleção de áreas: Aspectos de topografia (não selecionar áreas com 
topografia acidentada que requeiram grandes investimentos na limpeza e 
correção do terreno, preferindo locais livres de enchentes), escolhendo 
terrenos planos com suave declividade (não superior a 5%). Aspectos de solo 
(não selecionar áreas com tipos inadequados de solo tanto em relação à 
permeabilidade quanto ao pH), Aspectos da água (não selecionar áreas com 
pouca disponibilidade de água e/ou com água de baixa qualidade. Aspectos de 
infra-estrutura (não selecionar áreas sem infra-estrutura básica como energia 
elétrica, água, estradas, telefonia). 
 
b) Construção dos viveiros: Forma (ideal é a retangular). Viveiros quadrados ou 
circulares dificultam manejo. Tamanho (de acordo com a topografia e 
disponibilidade de área). Posicionamento (de acordo com a topografia, mas 
preferir eixo mais longo no sentido dos ventos predominantes). Profundidade 
dos viveiros: pelo menos 1,00m. 
 
c) Solo: Tipo (preferir solos de baixa permeabilidade, argilosos ou areno-
argilosos, sem afloramentos rochosos, sem excesso de matéria orgânica, ricos 
em nutrientes e com pH em torno de 6 a 7). Calagem (utilizar quantidades de 
calcário de acordo com recomendações de análise de solo,visando correção 
de pH e manutenção de alcalinidade adequada). Manejo (após período de 
cultivo proceder ao pouso de 30 a 45 dias, desinfecção, calagem e adubação 
inicial, antes de iniciar novo cultivo). 
d) Sistemas de abastecimento e drenagem: captar água de locais não poluídos 
e sem restrições ambientais, de boa qualidade; construir canais que não 
desperdicem água com configuração que evite erosão. Utilizar sistema de 
canos para viveiros pequenos e sistema de monge (Figuras 10 e 11) para 
viveiros maiores. Dimensionar o sistema para possibilitar o rápido 
esvaziamento do viveiro, impedindo a passagem dos peixes e ser de fácil 
manuseio). A quantidade de água necessária depende da área dos viveiros, 
das taxas de infiltração e evaporação, da água exigida no manejo da produção 
e do uso de estratégias de reaproveitamento da água, dentre outros fatores. 
Radisco
Realce
Radisco
Realce
 
 
 
 
 
 
 
Figuras 10 e 11: Tipos de Monges 
 
Sistema Intensivo 
 
Tanque-rede (TR) 
Tanques-rede são estruturas flutuantes utilizados na criação de peixes, em 
rede ou tela revestida, com malhas de diferentes tamanhos e que podem ser 
confeccionados de diversos materiais, permitindo a passagem do fluxo de água 
e dos dejetos dos peixes. Deve ser elaborados com materiais leves e não 
cortantes para facilitar o manejo e apresentar resistência mecânica e à 
corrosão. Figuras 12 e 13. 
 
Figura 12. Detalhes do tanque-rede: A. tampa; B. vista geral. Foto: Flávio L. 
Nascimento 
 
Figura 13. Tanque-Rede. 
 
Para a implantação dessa estrutura é necessário observar a facilidade de 
acesso aos tanques-rede (muitas vezes precisa-se de barcos, canoas, 
passarelas, etc, para locomoção e chegada dos insumos ao local), também os 
aspectos de segurança, já que os peixes ficam confinados são presas fáceis 
para roubos ou furtos. Recomenda-se local que tenha uma profundidade de 
pelo menos uma vez a altura do tanque-rede (exemplo: um tanque-rede de 2,0 
metros de altura, o local deve ter pelo menos 4 metros de profundidade na sua 
conta minima (mas isso pode ser adaptado de acordo com o local). 
 
 
 
 
 
 
Distância e posicionamento dos tanques-rede 
 
Geralmente os dos tanques-rede são posicionados em linhas podendo ser 
única ou mais de uma. Quando for mais de uma linha sugere uma distância de 
10 a 20 metros entre as linhas. 
A distancia entre os tanques-rede é uma a duas vezes o seu comprimento 
(exemplo: se o TR medir 3 metros de comprimento, a distancia será de 3 a 6 
metros entre os demais). 
 
Tamanho e formatos de tanques-redes 
 
O tamanho dos tanques-redes variam de acordo com o tamanho da area a ser 
implantada, do financeiro, entre outros fatores, podendo variar de 1,0 m³ (1,0 x 
1,0 x 1,0 m), 6,0 m³ (2,0 x 2,0 x 2,0), 13,5 m³ (3,0 x 3,0 x 1, 5 m), 4,0 m³ (2 m x 
2 m x 1 m), e assim por diante. 
Os formatos pode ter quadrado, retangulares, cilindricos, hexagonal ou circular, 
sendo os mais utilizados o quadrado e o circular .O fluxo de água nesses 
formatos tem-se melhor distribuição. 
 
Materiais utilizados na construção de TR 
 
Na fabricação da estrrtura de TR, pode-se utilizar diversos materiais como 
tubos e cantoneira de aluminio, aço galvanizados, madeira, barra de ferro 
soldadas e pintadas, entre putros. Nessas estrturas que são fixadas os 
flutuadores, as malhas, tampas e cabo de fixação que irão dar o formato ao TR. 
Dependedo da fase de criação dos peixes, utiliza malhas com a abetura 
especifica para cada fase (normalmente pode ser de 13mm a 25 mm). As 
tampas dos TR podem ser feitas com malhas maiores ou de igual tamanho ao 
TR (geralmente, com malhas de 25 mm. 
Para a fixação dos TR pode usar cordas de nylon (espessura entre 14 e 20 
mm), cabos de aços, esticados. 
 
Sistemas de criação em Tanques-rede 
 
 Monofásico: geralmente são estocados entre 30 a 50 g e despescados em 
peso comercial. Consideramos que a densidade de estocagem inicial de 300 
peixes/m³ e a mortalidade próxima de 10%, a densidade final será em torno de 
270 peixes/m3. 
 
 Bifásico: criados alevinos por exemplo, fase I, peso médio inicial de 1,0g, 
que são criados em um tipo de bolsão de 4 m³, com malha entre 5 a 8 mm, 
durante 1 a 2 meses. Quando atingirem ao peso de 50g são transferidos para 4 
outros tanques-rede (fase II) onde permanecem até atigirem peso comercial. 
Pode ter mortalidade de aproximadamente de 30 a 40%. 
 
 Trifásico: fase I (1,0 até 50 g) nas condições de bifásico. Após transferidos 
para 2 outros TR, onde é realizada a fase II (até atingirem 200g, por exemplo), 
com mortalidade cerca de 10%. Depois, são transferidos para 4 outros TR (fase 
III), onde serão despescados quando atingirem peso comercial. 
 
 
Principais espécies criadas em TR 
 
Tabela 4. Principais espécies criadas no Brasil. 
Espécie Densidade recomendada (TR) 
Tilápia 
(Oreochromis sp.) 
Varia entre 100 a 250 peixes/m³. 
Pirarucu 
(Arapaima gigas) 
Aproximadamente 30 kg/m³. 
Tambaqui 
(Colossoma macropomum) 
14 a 16 peixes/m³ 
Pacu 
(Piaractus mesopotamicus) 
50 a 75 peixes/m3 (fase de terminação) 
Matrinxã 
(Brycon spp.) 
200 peixes/m³ (fase de alevinagem) e 
depois que atingirem peso médio de 60g 
(50 peixes/m³) 
Surubim 
(Pseudoplatystoma sp.): 
50 a 100 peixes/m³. 
Jundiá-cinza 
(Rhamdia quelen) 
75 e 100 peixes/m3.