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Reações não-elementares Francine Duarte Castro Cinética química Reações não elementares Reações não-elementares podem ser identificadas quando a ordem da reação não coincide com a estequiometria da reação. Esse tipo de reação não mostra o mecanismo real, que pode envolver várias reações intermediárias, que por sua vez, são elementares. Ex.: 2𝑁𝑂 + 2𝐻2 → 𝑁2 + 2𝐻2𝑂 Cuja cinética é: 𝑟𝑁2 = 𝑘[𝑁𝑂] 2[𝐻2] Reações não elementares Qual é a explicação? Moléculas estáveis dificilmente reagem, mas quando formam radicais livres, complexos intermediários, íons, se tornam altamente reativas. Essas espécies combinam-se facilmente com as moléculas ou com outras espécies intermediárias, reagindo em etapas sucessivas ou paralelas. Esses mecanismos intermediários têm que ser conhecidos para determinar a cinética da reação. Reações não elementares Isso prova que a constante cinética global nem sempre é “verdadeira”, mas pode englobar várias outras constantes relativas às diferentes etapas intermediárias do mecanismo. Estas constantes dependem da energia de ativação. Cada etapa do mecanismo tem uma energia de ativação diferente. Energia de ativação global: envolve todas as energias, de cada etapa reacional. Reações não elementares Para dedução do modelo cinético de reações não elementares, vamos considerar algumas hipóteses: Admitem-se etapas elementares; Uma das etapas é lenta e, portanto, determinante da taxa de reação; A concentração do intermediário é muito pequena, já que sua formação e decomposição são muito rápidas, da ordem de 10-9s (Aproximação de Bodenstein) → As taxas de formação e consumo do intermediário são aproximadamente iguais. Reações não elementares Qualquer mecanismo deve obedecer os seguintes critérios: 1. A soma de todas as etapas elementares deve resultar na reação global e deve explicar a formação de todos os produtos observados. 2. Deve fornecer uma expressão de taxa consistente com resultados obtidos experimentalmente. Os intermediários não devem estar presentes na equação final da taxa Reações não elementares Exemplo clássico: A reação 2𝑁𝑂 + 2𝐻2 → 𝑁2 + 2𝐻2𝑂 tem equação de taxa dada por: 𝑟𝑁2 = 𝑘[𝑁𝑂] 2[𝐻2] Há dois mecanismos propostos: a) 2𝑁𝑂 + 𝐻2 → 𝑁2 + 𝐻2𝑂2 (etapa lenta) 𝐻2𝑂2 + 𝐻2 → 2𝐻2𝑂 (etapa rápida) 𝑟𝑁2 = 𝑘1[𝑁𝑂] 2[𝐻2] b) 2𝑁𝑂 ↔ 𝑁2𝑂2 (Etapa rápida) 𝑁2𝑂2 + 𝐻2 → 𝑁2 + 𝐻2𝑂2 (Etapa lenta) 𝐻2𝑂2 + 𝐻2 → 2𝐻2𝑂 (Etapa rápida) 𝑟𝑁2 = 𝑘5 𝑁2𝑂2 [𝐻2] Aproximação de Bodenstein ( −𝑟𝑁2𝑂2 = 0): −𝑟𝑁2𝑂2 = −𝑘3[𝑁𝑂2] 2 + 𝑘4 𝑁2𝑂2 + 𝑘5 𝑁2𝑂2 𝐻2 = 0 𝑁2𝑂2 = 𝑘3 𝑘4 + 𝑘5[𝐻2] [𝑁𝑂2] 2 Não aparece na equação global Reações não elementares Taxa de reação determinada pela etapa lenta Reações não elementares Substituindo na equação de taxa: 𝑟𝑁2 = 𝑘3𝑘5 𝑘4 + 𝑘5[𝐻2] [𝑁𝑂2] 2[𝐻2] Mas k5<<<k4. 𝑟𝑁2 = 𝑘3𝑘5 𝑘4 [𝑁𝑂2] 2[𝐻2] 𝑟𝑁2 = 𝑘 ∗ [𝑁𝑂]2[𝐻2] Com 𝑘∗ = 𝑘5𝑘3 𝑘4 Independe da concentração de N2O2 Reações não elementares Resumindo: 1. Identificar a etapa lenta e definir a equação da taxa; 2. Identificar os produtos e intermediários; 3. Encontrar as expressões de concentração para os intermediários, através da aproximação de Bodenstein; 4. Substituir as expressões obtidas para as concentrações dos intermediários na equação de taxa definida pela etapa lenta. Reações não elementares Exemplo: Considere a reação não elementar 2𝑁2𝑂5 → 𝑂2 + 4𝑁𝑂2 Cujo mecanismo mais aceito é: 𝑁2𝑂5 ↔ 𝑁𝑂2 + 𝑁𝑂3 𝑁𝑂3 + 𝑁𝑂2 → 𝑁𝑂 + 𝑂2 + 𝑁𝑂2 (etapa lenta) 𝑁𝑂 + 𝑁2𝑂5 → 3𝑁𝑂2 Prove que a equação da taxa é dada por: 𝑟𝑂2 = 𝑘[𝑁2𝑂5] Reações não elementares Reações não elementares Reações não elementares Reações não elementares Reações de polimerização Originalmente, Ziegler e Nata (1950) desenvolveram as reações de polimerização, partindo de olefinas, com a formação de cadeias carbônicas de maior peso molecular. Cinética: Envolve várias etapas. O mecanismo pode acontecer por reações em cadeia (formação de radicais); Reações não elementares Seguem a mesma sequência de reações vistas para reações em cadeia. Seja: M=conc. do monômero; I= conc. do iniciador; P=conc. do polímero. 1. Iniciação 𝑀 + 𝐼 → 𝑃1 2. Propagação 𝑃1 + 𝑀 → 𝑃2 𝑃2 + 𝑀 → 𝑃3 ⋮ ⋮ ⋮ 𝑃𝑗−1 + 𝑀 → 𝑃𝑗 3. Terminação 𝑃𝑗−1 + 𝑃𝑗 → 𝑀𝑖+𝑗 Cinética enzimática É um caso particular da cinética química (catalisador: enzima). Enzimas são moléculas de proteínas que apresentam propriedades catalíticas excepcionais. Atividade Especificidade Versatilidade 1. Atividade Aumentos na taxa de reação na ordem de 108 a 1011 não são incomuns na presença de enzimas. A alta atividade das enzimas pode ser atribuída à baixa energia de ativação da reação enzimática, relativamente à reação não catalisada. Cinética enzimática Catalisador Taxa (M/s) EA (kJ/mol) Nenhum 10-8 71 HBr 10-4 50 Fe(OH)2 10³ 29 Catalase 107 8 Comparação das taxas e energias de ativação na reação de decomposição de H2O2 a 25ºC Aumento de 1015 Cinética enzimática Cinética enzimática 2. Especificidade: 3. Versatilidade: • Catalisam um grande número de reações Oxidação Redução Polimerização Desidrogenação Desidratação Cinética enzimática Modelo de Michaelis-Menten (mais aceito) Assume-se que uma enzima E liga-se a uma molécula de substrato S para formar o complexo ES. Em seguida há o rompimento da ligação para a formação do produto P com a formação de um novo complexo EP. Após essa etapa, há a liberação do produto P e a regeneração da enzima E. k1 E + S ↔ ES → E + P k2 k3 Em que: k1 = constante de velocidade de formação de produto k2 = constante de velocidade de dissociação do complexo em E e S. k3= constante de velocidade de decomposição do complexo formando o produto V=(rP)= velocidade de formação do produto Caso mais simples: 1mol de E para 1mol de S, formando 1 mol de ES Cinética enzimática Cinética enzimática 𝑟𝑃 = 𝑟𝑃𝑚á𝑥𝐶𝑆 𝐾𝑀 + 𝐶𝑆 Para 𝐶𝑆 alta (𝐶𝑆>>>𝐾𝑀) 𝑟𝑃 ≅ 𝑟𝑃𝑚á𝑥 Para 𝐶𝑆 baixa (𝐶𝑆<<<𝐾𝑀) 𝑟𝑃 ≅ 𝑟𝑃𝑚á𝑥 𝐾𝑀 𝐶𝑆 Taxa independe de 𝐶𝑆: comportamento de zero ordem Comportamento de 1ª ordem Cinética enzimática 𝑟𝑃 = 𝑟𝑃𝑚á𝑥𝐶𝑆 𝐾𝑀 + 𝐶𝑆 Para 𝐶𝑆 = 𝐾𝑀 𝑟𝑃 = 𝑟𝑃𝑚á𝑥𝐶𝑆 2𝐶𝑆 = 𝑟𝑃𝑚á𝑥 2 Os estudos cinéticos geralmente utilizam experimentos empregando a taxa inicial (método das taxas iniciais), de modo a minimizar os efeitos de desativação da enzima, inibição do produto, etc. Equação de Michaelis-Menten Difícil de se trabalhar 𝑟𝑃0 = 𝑟𝑃𝑚𝑎𝑥𝐶𝑆0 𝐾𝑀 + 𝐶𝑆0 Cinética enzimática Transformação da equação de Michaelis-Menten ou Linearização de Lineweaver-Burk A fim de melhor trabalhar com os dados obtidos, pode-seinverter a equação e resolver como uma equação linear na forma y = ax + b 1 𝑟𝑃0 = 𝐾𝑚 + 𝐶𝑆0 𝑟𝑃𝑚𝑎𝑥𝐶𝑆0 Cinética enzimática 0 Cinética enzimática Cinética enzimática Exemplo: Determine os parâmetros cinéticos de Michaelis-Menten 𝑟𝑃𝑚á𝑥 e 𝐾𝑀 para a reação: 𝑈𝑟é𝑖𝑎 + 𝑢𝑟𝑒𝑎𝑠𝑒 ↔ 𝑈𝑟é𝑖𝑎 − 𝑢𝑟𝑒𝑎𝑠𝑒 ∗→ 2𝑁𝐻3 + 𝐶𝑂2 + 𝑈𝑟𝑒𝑎𝑠𝑒 A taxa de reação é dada em função da concentração de uréia: 𝐶𝑢𝑟é𝑖𝑎 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑚3 0,2 0,02 0,01 0,005 0,002 (𝑟𝑃) 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑚3. 𝑠 1,08 0,55 0,38 0,2 0,09 Cinética enzimática Cinética enzimática 1 𝑡 ln 𝐶𝑆0 𝐶𝑆 + 𝐶𝑆0 − 𝐶𝑆 𝐾𝑀𝑡 = (−𝑟𝑆,𝑚á𝑥) 𝐾𝑀 ∴ 1 𝑡 ln 𝐶𝑆0 𝐶𝑆 = (−𝑟𝑆,𝑚á𝑥) 𝐾𝑀 − 1 𝐾𝑀 𝐶𝑆0 − 𝐶𝑆 𝑡 Cinética enzimática 1 𝑡 ln 𝐶𝑆0 𝐶𝑆 = (−𝑟𝑆,𝑚á𝑥) 𝐾𝑀 − 1 𝐾𝑀 𝐶𝑆0 − 𝐶𝑆 𝑡 𝑋𝑆 = 𝐶𝑆0 − 𝐶𝑆 𝐶𝑆0 1 𝑡 ln 1 1 − 𝑋𝑆 = (−𝑟𝑆,𝑚á𝑥) 𝐾𝑀 − 1 𝐾𝑀 𝐶𝑆0𝑋𝑆 𝑡 Cinética enzimática