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Tribunal Penal Internacional

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FACULDADE ITABORAÍ - CNEC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ITABORAÍ 
2015.01 
 
 
ALEXANDRE DE VASCONCELLOS FARIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 
 
 
Trabalho Acadêmico Efetivo de Graduação em Direito 
da Faculdade Itaboraí – CNEC. 
 
Área de concentração: Diretos humanos – Tribunais 
Internacionais 
 
 Professor: Edna Martha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itaboraí 
2015.01 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O tribunal penal internacional (TPI, em inglês: ICC – International Criminal Court) é o 
primeiro tribunal penal internacional permanente. Foi instituído em 1998, pelo Estatuto de Roma, 
tratado internacional o qual o Brasil é signatário, e apenas em 2002 iniciou suas atividades. Sua sede é 
localizada em Haia, Holanda, e ao contrário do que o senso comum acredita o TPI não é um órgão da 
ONU (Organização das Nações Unidas) ou está ligado a ela. 
 Alguns aspectos foram essências para a elaboração do TPI, entre os mais relevantes fatos, 
podemos destacar as barbaridades das duas grandes guerras do século passado, bem como o caos da 
guerra fria e as constantes tensões no oriente médio. 
 Entretanto, ainda mais importante do que os fatores supracitados, é de incomensurável importância 
avaliar e salientar os aspectos socioeconômicos: A economia globalizada e seus reflexos, as minimizações 
das fronteiras por incontáveis acordos bilaterais entre Estados, a redução de distâncias por conta da 
evolução tecnológica da comunicação e tantas outras modernidades e realidades de nosso tempo são 
determinantes na constante evolução, alterações e mudanças em todos os prismas da vida humana. Com 
tantas mudanças em todas as áreas da humanidade, fez-se essencial que o Direito também evoluísse e 
então acompanhasse o vento que trouxe e continua levando o avanço, a mudança, a evolução da 
sociedade. A tendência lógica, então, é a internacionalização do Direito. 
 Assim, os aspectos socioeconômicos somados às barbáries do século XX e o medo de que essas 
voltassem a se repetir, impulsionaram a criação, em 1998, do Tribunal Penal Internacional, com 
competência para julgar quatro modalidades de crimes – que voltaremos a comentar em momento mais 
oportuno –, entre estas, os crimes de guerra. 
 
BREVE SÍNTESE HISTÓRICA 
 
 O mais remoto registro de um tribunal penal internacional aconteceu em 1474, em Breisach, 
Alemanha, era composto por 27 juízes do império Romano-Germânico, que julgou e condenou por crimes 
contra as leis humanas e divinas. Já neste tribunal podemos perceber uma tendência a julgar os 
chamados crimes de guerras e as violações aos direitos naturais do homem. Um caso notório deste 
tribunal é o julgamento e condenação de Peter von Hagenbach por autorizar que suas tropas estuprassem 
e matassem civis inocentes e saqueassem suas propriedades. 
 Do século XVI até o século XIX houveram tentativas fracassadas da criação de um tribunal penal 
internacional. Tribunais de países como Inglaterra e Estados Unidos julgaram casos de “crimes 
internacionais”, mas não fora constituído um tribunal específico para tal. 
 No século XX, com o fim da Primeira Guerra Mundial, o tratado de Versalhes determinou que o 
Kaiser Guilherme II respondesse por seus crimes de guerra. Entretanto, nenhum tribunal o julgou. 
Guilherme II se refugiou nos Países Baixos onde não foi intimado por nenhum tribunal para que se 
apresentasse a fim de responder por seus crimes. 
 Ainda sobre a Primeira Grande Guerra, aproximadamente 20.000 pessoas foram acusadas de 
cometer crimes de guerra. O Supremo Tribunal Constitucional Alemão, órgão máximo de jurisdição no 
país, equiparado ao nosso Supremo Tribunal Federal, julgou uma parcela mínima daqueles acusados, 
foram 21 julgamentos e 13 condenações, todos com penas leves. 
 No ano de 1919 o homicídio de aproximadamente 600.000 armênios foram massacrados pelos 
turcos. Um tribunal estipulado pelo tratado de Sèvres (1920) foi designado para julgar o caso, entretanto o 
tratado não foi ratificado, e em 1927 o Tratado de Lausanne concedeu anistia aos turcos. 
 Em 1937 a Liga das Nações realizou a Convenção sobre o Terrorismo, onde previa a criação de 
um Tribunal Criminal Internacional permanente, mas apenas a Índia ratificou sua criação, assim, tal 
tribunal não passou de um projeto. 
O que a história nos mostras são algumas tentativas de punir os responsáveis por crimes de 
guerras e crimes contra a humanidade. Tentativas que nem sempre foram bem sucedidas. 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, foi fundada a ONU (Organização das Nações 
Unidas), com o objetivo de facilitar a cooperação em matéria de direitos humanos, direito e segurança 
internacional, desenvolvimento econômico, progressos sociais e, por fim, a paz. 
Também neste momento de pós guerra, surge um desejo muito intenso por parte do aliados de 
punir os alemães nazistas, foi constituído o Tribunal de Nuremberg, para julgar, condenar e executar os 
alemães dos principais cargos de chefia do terceiro reich, posteriormente também os médicos e juristas 
omissos em seus deveres profissionais por conta da pressão do partido nazista durante a guerra. 
 
Muito semelhante aconteceu também o chamado Julgamento de Tóquio, praticamente nos 
mesmos moldes do Julgamento de Nuremberg. 
De acordo com a história, o Eixo era composto, basicamente, por três nações: Alemanha, Japão e 
Itália. Acima vimos relatos de dois tribunais onde alemães e japoneses foram julgados. Observado isso, foi 
nos forçado a fazer uma breve pesquisa sobre a Itália, a pergunta era iminente “E a Itália fascista, não foi 
julgada?”. Este lado da história é um tanto o quanto obscuro. Existe o relato de um julgamento que 
condenou Pietro Caruso, chefe da polícia fascista, co-organizador do massacre de Ardeatine, onde cerca 
de 340 pessoas ligadas ao grupo de resistência comunista foram fuziladas, em resposta a um atentado 
sofrido pelos soldados alemães na Itália no dia anterior. A problemática é que o tribunal que Caruso 
enfrentou não foi exatamente um tribunal internacional, mas um tribunal composto pelos beligerantes que 
assumiram o poder com o fim da guerra. 
Posteriormente as grandes guerras o conselho de segurança da ONU instituiu tribunais, chamados 
pela doutrina de Tribunais ad hoc, para punir crimes de guerras cometidos em determinados períodos de 
tempos em determinados territórios. Exemplos são o Tribunal dos Crimes de Guerra da Antiga Iugoslávia 
em 1993, e o Tribunal de Ruanda em 1995. 
Somente em 1998, pelo Estatuto de Roma, foi instituído um Tribunal Penal Internacional e 
permanente. 
 
 
 
 
TRIBUNAIS PENAIS INTERNACIONAIS (AD HOC) RELEVANTES 
O tribunal de Nuremberg 
 Incontestavelmente é o mais importante dos tribunais ad hoc, da história do direito internacional. 
Como já vimos, sua criação foi exclusivamente para julgar os crimes de guerra dos nazistas. 
O seu nome oficial é “Tribunal Militar Internacional vs. Hermann Göring et al.” e processou 24 
alemãs do alto escalão das forças nazistas, à exemplo, Hermman Göring, foi criador da Gestapo. 
O tribunal foi instituído com um tratado assinado pelas 04 grandes nações que compuseram os 
Aliados na Segunda Guerra, à saber, USA, Grã Betanha, França e URSS. Neste tratado foi regulamentado 
minunciosamente todos os atos, fatos, princípios e como proceder para cada um dos participantes do 
Tribunal. Em seu artigo 24 podemos ler o seguinte: 
“... o procedimento deve ser o seguinte: 
a) Será lida a acusação; 
 
b) O tribunal interrogará cada um dos acusados sobre se se considera culpado ou 
inocente; 
c) O acusador exporá a sua interpretação da acusação; 
d) O tribunal perguntará à acusação e à defesa sobre as provasque desejem 
apresentar ao tribunal e decidirá sobre a conveniência da sua apresentação; 
e) Serão ouvidas as testemunhas de acusação. A seguir as testemunhas de defesa; 
f) O tribunal poderá dirigir a todo momento perguntas às testemunhas ou acusados; 
g) A acusação e a defesa interrogarão todas as testemunhas e acusados que 
apresentem uma prova e estão autorizados a efetuar um contra-interrogatório; 
h) A defesa tomará a seguir a palavra; 
i) O acusado dirá a última palavra; 
j) O tribunal anunciará a sentença..." 
 
Dos 24 prisioneiros de guerra julgados em Nuremberg 12 foram sentenciados à morte por 
enforcamento, 03 sentenciados à prisão perpétua, 02 à 20 anos de prisão, 01 à 15 anos e 01 à 10 anos, 
01 se suicidou antes de ser julgado, as acusações de Gustav Krupp foram retiradas por seu estado de 
saúde debilitado. 
Das 12 penas de morte, 10 foram executadas. Hermann Göring se suicidou com uma capsula de 
cianeto antes de ser enforcado, e Martin Bormann, um dos principais assessores de Hitler não foi 
localizado, seu julgamento foi à revelia. 
Após os primeiros processos, contra os principais membros do governo nazista, outros 117 
processos contra juristas, médicos e outras pessoas importantes do governo. 
 
 
Tribunal Penal Internacional da Ex Iugoslávia e de Ruanda. 
 São dois típicos tribunais ad hoc, ou seja, foram criados especialmente para julgar os crimes de 
guerra cometidos em determinado território e espaço de tempo. Eles são exceções porque ao oposto do 
que os outros tribunais internacionais penais, não foram instituídos por quem venceu uma guerra, mas 
pela própria comunidade internacional. 
Ainda pode-se perceber que ambos foram precedentes do atual Tribunal Penal Internacional 
permanente. 
No caso da Ex Iugoslávia, foram julgados os responsáveis por crimes cometidos na Guerra da 
Iugoslávia, que cominou na separação da mesma. E no caso de Ruanda, foi instituído, com sede em 
Arusha, Tanzânia, e julgou crimes de genocídio e violação de demais leis internacionais que aconteceram 
 
em Ruanda no ano de 1994 quando os Hutus exterminaram os Tutsis. Jean Kambanda foi o primeiro 
homem a ser condenado por genocídio em um Tribunal Penal Internacional. Estima-se que 800 mil 
pessoas foram mortas no genocídio de Ruanda e ao oposto de outras barbáries que o mundo já 
presenciou, não foi um ato comandado por um único homem, como os campos de concentração de Hitler, 
mas um ato conjunto entre oficias e cidadãos Ruandeses. 
 
 
CRÍTICAS 
O modelo adotado, mormente no tribunal de Nuremberg, fere princípios básicos de Direito, direitos 
naturais e gera insegurança jurídica, por consequência, fere os direitos humanos. 
O julgamento de Pietro Caruso é ainda mais controverso. Caruso foi entregue a forças beligerantes 
que, em um tribunal de exceção e por uma força que não tinha, nem mesmo, a legitimidade do poder, o 
julgou, condenou e executou. 
Mesmo os tribunais de Ruanda, da Ex Iugoslávia, de Serra Leo foram tribunais de exceção. 
Estes modelos de tribunais ferem o princípio do juiz natural, o princípio da legalidade e do devido 
processo legal. O direto de não ser julgado por crimes não previstos em lei, ou por um tribunal de exceção 
vão além do direito positivo, são direitos naturais, que devem ser respeitados ainda que não positivados. 
O julgamento de Nuremberg foi motivado unicamente pelo desejo de vingança. Göring pediu para 
ser executado como soldado, e este último pedido lhe foi negado, e, talvez por isso, preferiu o suicídio. 
Rudolf Höss teve um dos julgamentos mais estranhos de Nuremberg, sua família foi ameaçada, foi 
torturado. 
Nas palavras de Hungria: 
O Tribunal de Nuremberg há de ficar como uma nódoa da civilização contemporânea: 
fez tabua rasa do nullum crimen nulla poena sine lege (com um improvisado Plano de 
Julgamento, de efeito retroativo, incriminou fatos pretéritos e impôs aos seus autores o 
“enforcamento” e penas puramente arbitrarias); desatendeu ao principio da “territorialidade da 
Lei Penal”; estabeleceu a responsabilidade penal de indivíduos participantes de tais ou quais 
associações, ainda que alheios aos fatos a ele imputados, funcionou em nome de vencedores, 
que haviam os mesmíssimos fatos atribuídos aos réus; suas sentenças eram inaplicáveis, 
ainda quando decretavam a pena de morte. 
 
O ESTATUTO DE ROMA 
 Em 1994 o a Comissão de Direito Internacional da ONU enviou um projeto de tribunal penal 
internacional à Assembleia Geral. Desta vez a proposta foi bem acolhida e no ano posterior a Assembleia 
Geral criou um comitê para aprimorar o projeto. E juristas foram consultados para determinar, ao longo de 
várias reuniões, os princípios, procedimentos, definições de crimes, a cooperação internacional e as penas 
que poderiam ser aplicadas. 
 Finalmente em março de 1998 foi realizada a reunião final para conclusão do projeto, e acertar os 
procedimentos da conferência que seria realizada de 15 à 17 de junho, em Roma. Na conferência o 
Estatuto de Roma foi aprovado. Entretanto apenas em julho de 2002 o quórum mínimo de 60 ratificações 
foi alcançado, e então a Corte Penal Internacional entrou em vigor. 
 O Brasil assinou o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional em fevereiro de 2000, e em 
seguida foi aprovado pelo congresso brasileiro por meio do Decreto Legislativo 112, de 06.06.2002 e 
promulgado pelo Decreto Lei 4.388, de 25.09.2002. O Estatuto de Roma do TPI é composto por um total 
de 128 artigos, além de um preâmbulo e treze partes, a saber: 
I–Criação do Tribunal; 
II–Competência, admissibilidade e direito aplicável; 
III–Princípios gerais de direito penal; 
IV–Composição e administração do Tribunal; 
V–Inquérito e procedimento criminal; 
VI–O julgamento; 
VII–As penas; 
VIII–Recurso e revisão; 
IX–Cooperação internacional e auxilio judiciário; 
X–Execução da pena; 
XI–Assembleia dos Estados partes; 
XII–Financiamento e; 
XIII–Clausulas finais. 
 
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 
 
1 – COMPETÊNCIA 
 A competência material é composta por 04 espécies de crimes, à saber: genocídios, crimes de 
guerra, crimes contra a humanidade e os crimes de agressão. 
a) Genocídio: trata-se do assassinato em massa de pessoas pertencentes a um mesmo grupo 
humano específico. Geralmente são motivados por questões étnicas, raciais, religiosas, 
nacionais e sócio-políticas. Exemplo de Genocídios são: 1915 armênios exterminados pelo 
Império Otomano; 1932-1933 Ucranianos massacrados por Russos, também conhecidos como 
holodomor ou o Holocausto Ucraniano; 1939 – 1945 Judeus pelos Nazistas; 1994 - Tutsis por 
Hutus em Ruanda. 
b) Crimes de Guerra: são violações à direitos humanos e tratados internacionais que acontecem 
durante as guerras. Os crimes são definidos em um amplo acervo de tratados internacionais, 
entre eles, a Convenção de Genebra. 
c) Crimes contra a Humanidade: são perseguições, agressões, assassinatos contra grupos de 
indivíduos. O genocídio é um exemplo de crime contra a Humanidade. 
d) Crimes de Agressão: Este é o termo mais subjetivo do Estatuto de Roma, e que fica impossível 
determinar de forma coerente o que seriam os crimes de agressão. A interpretação ampla faz 
com que o princípio da reserva legal seja violado, pois a conduta tipificada como crime deve ser 
clara e precisa, assim a interpretação de termo tão subjetivo não estabelece, de fato, crime, não 
havendo, portanto, a lei anterior que o defina. Entretanto, a competência do TPI para julgar os 
crimes de agressão está sujeita a definição posterior no artigo 121 (alterações) ou 123 
(revisões) do Estatuto de Roma, onde o crime de agressão pode ser tipificado de forma 
determinável. 
 
2 – PROCEDIMENTOS 
2.1 – INVESTIGAÇÃO 
A investigação pode ocorrer, de acordo com o Estatuto, por três modos: a) por requerimentode 
Estado Parte; b) Pelo Promotor, por ato próprio; c) por solicitação do conselho de segurança da ONU, se 
por motivo de ameaça à paz mundial. 
 As vítimas dos crimes, ONGs, organizações intergovernamentais não tem legitimidade para propor 
a investigação. Entretanto, as informações prestadas por elas podem ser utilizadas pelo Promotor. 
 A discricionariedade do Promotor bem como a jurisdição da Corte são limitadas aos crimes 
internacionais mais graves. Se o promotor decidir conduzir as investigações, por vontade própria ou por 
 
solicitação de um Estado Parte, antes de fazê-lo, ele precisa fazer uso do princípio da razoabilidade para 
determinar se deve ou não investigar o caso. Se resolver abrir investigação, os Estados Partes bem como 
os Estados que possuírem a jurisdição sobre os fatos devem ser notificados. 
 As investigações só poderão seguir se nenhum dos estados evolvidos estiverem investigando ou 
julgando, entretanto se for constatada a procrastinação do mesmo, o promotor pode assumir as 
investigações. 
 
2.2 SUBMISSÃO E CONCLUSÃO DA ACUSAÇÃO 
 
O promotor não tem poderes o suficiente para decidir por si próprio que o caso não deve seguir 
adiante. Ele deve levar o resultado de suas investigações à Corte, para submetê-las ao controle judicial. 
Se o caso for iniciado por denúncias de algum Estado Parte ou do Conselho de Segurança da ONU, o 
promotor deve informa-los de suas conclusões. Se a conclusão do promotor for de encerrar o caso antes 
de um julgamento, a corte pode pedir que essa decisão seja reconsiderada. 
Esta primeira fase do processo é chamado de Pre-Trial Chamber. Ou seja, é uma espécie de pré 
julgamento, como se fosse as audiências preliminares. A corte, nesse momento, pode decidir de três 
maneiras: a) confirmar as acusações (ou parte delas) e então encaminhar o julgamento à primeira estância 
da Corte; b) declinar as acusações e; c) adiar a audiência para que o promotor tenha mais tempo para 
conseguir mais provas, alterar as acusações ou emenda-las. 
Uma vez decidido, pode-se mandar emitir mandado de prisão para o réu ou solicitar que ele 
compareça a corte para apresentar. 
 
3 – AUDIÊNCIAS 
 
 O estatuto de Roma proporciona flexibilidade quanto ao tema, deixando que a Corte decida como 
irá conduzi-la. A única exigência é que a Defesa se pronuncie por último, sempre. 
 
4 – REGRAS PROBATÓRIAS 
 
 Como as provas são matérias muito técnicas e regradas, colocaremos a seguir as regras expostas 
no artigo 69 do Estatuto: 
 
Artigo 69 – Prova 
 
 1. Em conformidade com o Regulamento Processual e antes de depor, qualquer 
testemunha se comprometerá a fazer o seu depoimento com verdade. 
 2. A prova testemunhal deverá ser prestada pela própria pessoa no decurso do 
julgamento, salvo quando se apliquem as medidas estabelecidas no artigo 68 ou no 
Regulamento Processual. De igual modo, o Tribunal poderá permitir que uma testemunha 
preste declarações oralmente ou por meio de gravação em vídeo ou áudio, ou que sejam 
apresentados documentos ou transcrições escritas, nos termos do presente Estatuto e de 
acordo com o Regulamento Processual. Estas medidas não poderão prejudicar os direitos do 
acusado, nem ser incompatíveis com eles. 
 3. As partes poderão apresentar provas que interessem ao caso, nos termos do artigo 64. 
O Tribunal será competente para solicitar de ofício a produção de todas as provas que 
entender necessárias para determinar a veracidade dos fatos. 
 4. O Tribunal poderá decidir sobre a relevância ou admissibilidade de qualquer prova, 
tendo em conta, entre outras coisas, o seu valor probatório e qualquer prejuízo que possa 
acarretar para a realização de um julgamento eqüitativo ou para a avaliação eqüitativa dos 
depoimentos de uma testemunha, em conformidade com o Regulamento Processual. 
 5. O Tribunal respeitará e atenderá aos privilégios de confidencialidade estabelecidos no 
Regulamento Processual. 
 6. O Tribunal não exigirá prova dos fatos do domínio público, mas poderá fazê-los constar 
dos autos. 
 7. Não serão admissíveis as provas obtidas com violação do presente Estatuto ou das 
normas de direitos humanos internacionalmente reconhecidas quando: 
 a) Essa violação suscite sérias dúvidas sobre a fiabilidade das provas; ou 
 b) A sua admissão atente contra a integridade do processo ou resulte em grave prejuízo 
deste. 
 8. O Tribunal, ao decidir sobre a relevância ou admissibilidade das provas apresentadas 
por um Estado, não poderá pronunciar-se sobre a aplicação do direito interno desse Estado. 
 
4 – DELIBERAÇÕES 
 Este é o momento onde os juízes decidem o caso. Assim que as partes acabam suas 
apresentações do caso, a corte termina a audiência e os magistrados se reúnem para deliberar sobre o 
caso. As decisões devem conter análise dos fatos e as razões de Direito. Os juízes podem discordar, 
ainda que apenas um o faça, e este pode dizê-la, separada da decisão final. 
 
5 – SENTENÇAS 
 As penas capitais não são cabíveis. O Estatuto prevê apenas penas por tempo determinado de até 
30 anos, e em casos de um grau muito elevado de ilicitude, existe a possibilidade de prisão perpétua. 
 
 Além das penas privativas de liberdade, o tribunal ainda pode aplicar penas pecuniárias por meios 
de multas e da perda de bens oriundos do crime, entretanto, estas últimas não podem causar prejuízo a 
terceiros que agiram de boa-fé. 
 
CONCLUSÃO 
 
 A Corte Penal Internacional é um resultado de anos de tentativas de uma internacionalização do 
Direito Penal. Sobretudo, de uma busca por justiça a níveis globais e para julgar crimes bárbaros contra a 
humanidade e a violação dos direitos humanos. 
 Com os tribunais de exceção como o de Nuremberg, Ruanda, Serra Leoa, Líbano e outros, houve a 
possibilidade de criar, com bases nestas experiências, um sólido, regular e permanente Tribunal Penal 
Internacional. 
 O Tribunal tem suas funções limitadas apenas aqueles países signatários do Estatuto de Roma e 
que conta com a cooperação das polícias dos países signatários para exercer suas funções, e isto o deixa 
um tanto o quanto impotente. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
http://www.direitoshumanos.usp.br/ 
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Tribunal-Penal-Internacional/o-que-e.html 
http://www.trial-ch.org/en/trial-watch/profile/db/facts/jean_kambanda_159.html 
http://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/Fases_do_processo_penal_diante_dos_tribunais_internacio
nais.pdf 
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12141&revista_caderno=16 
http://noticias.uol.com.br/internacional/listas/veja-os-casos-e-prisoes-do-tribunal-penal-internacional.jhtm 
http://dhnet.org.br/direitos/sip/tpi/index.html 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4388.htm 
http://www.brasilpost.com.br/2015/04/01/palestina-tribunal-haia_n_6987212.html 
http://observador.pt/2015/04/01/palestina-torna-se-hoje-membro-de-tribunal-internacional-e-vai-tentar-
julgar-lideres-israelitas/ 
http://www.icc-cpi.int/en_menus/icc/press%20and%20media/press%20releases/Pages/pr1093.aspx 
http://www.conjur.com.br/2015-fev-27/tpi-absolve-congoles-acusado-massacre-conclui-segundo 
http://www.aidpbrasil.org.br/tribunal-penal-internacional-tpi/ 
http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/Juridica/article/viewFile/2721/2500

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