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RES. JURISDIÇÃO

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RESUMO JURISDIÇÃO
INTRODUÇÃO
Funções Estatais	
O Estado exerce a sua soberania, que é una e indivisível, internamente por meio de suas funções: função legislativa (própria do Poder Legislativo), função administrativa/executiva (própria do Poder Executivo) e jurisdicional (própria do Poder Judiciário). 
Essa análise das funções do Estado deve-se à doutrina da separação dos poderes apresentada por Montesquieu na sua obra O Espírito das Leis. Assim, o poder do Estado é uno, o que se divide é o seu exercício, ou seja, as suas funções.
Art. 2º, CF – “São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” Essa atuação independente e harmônica traduz a Teoria dos Freios e Contrapesos, também trazida na obra de Montesquieu, que significa a limitação do poder pelo próprio poder; ou seja, cada poder deveria ser autônomo e exercer a função que lhe fora atribuída, ao passo que o exercício desta função deveria ser controlado pelos demais poderes.
Aplicar o sistema de freios e contrapesos significa conter os abusos dos outros poderes para manter certo equilíbrio. Por exemplo, o judiciário, ao declarar inconstitucionalidade de uma Lei é um freio ao ato Legislativo que poderia conter uma arbitrariedade, ao ponto que o contrapeso é que todos os poderes possuem funções distintas, fazendo assim com que não haja uma hierarquia entre eles, tornando-os poderes harmônicos e independentes.
Dessa forma, ao Legislativo cumpre a edição das normas reguladoras das atividades dos cidadãos e dos órgãos públicos, ou seja, cumpre ao Legislativo a elaboração das normas gerais e abstratas que, em conjunto, formam o ordenamento jurídico. 
O Poder Executivo, ao exercer a sua função administrativa ou executiva, provê as necessidades gerais e realiza o bem comum (ex. O Executivo deve colocar em prática programas de governo; prestar serviços públicos; ...)
Ao Poder Judiciário, o qual exerce a função jurisdicional, cabe a aplicação da lei ao caso concreto. 
JURISDIÇÃO 
CONCEITO
A jurisdição tem sua origem na expressão latina júris dictio (dizer o direito) e surge no momento em que o Estado chama para si o dever de manter o equilíbrio social, solucionando de forma imparcial os conflitos interindividuais.
É uma função do Estado (função jurisdicional), mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça, aplicando o direito ao caso concreto. A jurisdição deve ser vista também como poder, sendo expressão da soberania estatal devido à capacidade de impor suas decisões. Além disso, pode ser encarada como atividade, diante do conjunto de atos praticados pelo juiz no processo.
OBS: Parte da doutrina sustenta que o escopo (objetivo principal) da jurisdição é atuação das normas de direito material, ou seja, que através da jurisdição o que o Estado pretende é apenas a aplicação do direito material (vontade do legislador). Entretanto, o quando o Estado aplica o direito material ao caso concreto por meio da jurisdição, está visando alcançar um objetivo maior: resguardar a paz e a ordem social. Assim, a finalidade precípua da jurisdição é solucionar conflitos e tutelar interesses, utilizando-se para isso das normas jurídicas.
Características da jurisdição:
Substitutividade: exercendo a jurisdição o Estado substitui a atividade das partes resolvendo, de forma imparcial, os conflitos sociais (vedação à autotutela).
Inércia: os órgãos jurisdicionais são inertes. Fica a critério do particular a provocação do Estado-Juiz ao exercício da função jurisdicional. O titular de uma pretensão vem a juízo pedir a prolação de um provimento que satisfaça a sua pretensão e com isso elimine o estado de insatisfação. (Art. 2º, CPC).
Definitividade/Imutabilidade dos atos jurisdicionais: somente os atos judiciais podem ser atingidos pela imutabilidade, acobertada por meio do instituto da coisa julgada.
*A coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos de uma sentença, em virtude da qual nem as partes podem repropor a mesma demanda em juízo ou comportar-se de modo diferente daquele preceituado, nem os juízes podem voltar a decidir a respeito. 
	** Ocorre após o transito em julgado da decisão (não cabe mais recurso) – só pode ser desconstituída por meio da ação rescisória (2 anos)
Lide: 
* conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida (É a resistência oposta à pretensão que torna a situação litigiosa; sem essa resistência pela outra parte não há que se falar em lide)
Para alguns doutrinadores, a lide não pode ser considerada uma característica da jurisdição, uma vez que nem sempre a lide estará presente. Ex: homologação de acordo (divórcio consensual) 
PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO:
Investidura: a jurisdição só será exercida por quem tenha sido regularmente investido* na função de juiz.
	* Investidura – Regra: concurso público de provas e títulos (Art. 93,I, CF) – Exceções: Ministros dos Tribunais Superiores – sua investidura se da por indicação do Presidente da República + aprovação pelo SF (Art. 52, III, a, CF)
Juiz natural: a demanda será apreciada por um juiz imparcial e independente, indicado pelas normas constitucionais e legais; - Art. 5º, LIII e XXXVII (veda Tribunais de Exceção), CF
Territorialidade/Aderência ao território: a função jurisdicional só poderá ser exercida dentro de determinada área geográfica, nos limites do território nacional. Assim, os juízes só poderão exercer jurisdição dentro de seu território de atuação determinado pela lei.
	Exemplo: Juízes estaduais – exercem jurisdição dentro do Estado onde atuam, nos limites de sua competência (prevista na lei de organização judiciária – divisão em comarcas)
	Juízes federais – exercem jurisdição dentro de determinada região, que pode ser composta por mais de um Estado (Ex. TRF da 2ª região abrange RJ e ES)
	STF/STJ – exercem jurisdição em todo território nacional
Indelegabilidade: é vedado ao juiz delegar a função jurisdicional. Isso porque o Juiz não age em nome próprio, mas sim como um agente do Estado;
Inevitabilidade: a autoridade dos órgãos jurisdicionais se impõe, independente da vontade das partes. A posição de ambas as partes perante o juiz é de sujeição. Um vez provocada a jurisdição, as partes estarão sujeitas à decisão do juiz.
Inafastabilidade/indeclinabilidade: garante a todos o acesso ao judiciário. Art. 5º XXXV, CF (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”) O poder judiciário não pode deixar de atender alguém a quem venha a juízo deduzir uma pretensão fundada no direito e pedir solução ao caso concreto (a análise de mérito dependerá da presença das condições da ação e pressupostos processuais). Assim, o juiz, uma vez provocado, não pode deixar de exercer jurisdição; não pode recusar-se a julgar.
Unidade: A jurisdição, como manifestação da soberania estatal, é una e indivisível. A divisão entre os diversos juízes (competência) é apenas o fracionamento do exercício da jurisdição, visando uma maior eficiência.
Aula 6
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
Unidade da jurisdição – como citado anteriormente, uma vez que é expressão da soberania estatal, a jurisdição não comporta divisões. Falar em diversas jurisdições seria o mesmo que afirmar a existência de uma pluralidade de soberanias, o que não faria sentido. A jurisdição é, portanto, tão una e indivisível quanto o próprio poder soberano. A doutrina, porém, costuma subdividir a jurisdição de acordo com critérios de classificação, para fins meramente didáticos. Classifica-se, pois, a jurisdição, como:
a) Jurisdição de direito ou de equidade 
A equidade é a justiça do caso concreto, ou seja, é o critério de decisão do juiz fundado no sentimento de justiça que revelam as circunstâncias do caso concreto.
A regra no ordenamento jurídico brasileiro é que o julgamento seja de direito, ou seja,o juiz deve decidir nos limites e de acordo com a lei, por força do princípio da legalidade. Assim, o Art. 127 do CPC determina que "O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei"
O julgamento por equidade dá ao juiz o poder de, examinando as circunstâncias do caso concreto, formular um juízo de conveniência e oportunidade sobre a decisão mais adequada ao caso concreto, sem, entretanto, se chocar com as disposições da lei, para que não haja arbitrariedades.
Ex. Art. 1.694, §1º, CC – estabelece a respeito do arbitramento da pensão alimentícia, de modo que o juiz a fixará de acordo com a capacidade econômica do alimentante a necessidade do alimentando. Assim, o juiz irá sopesar (ponderar) as circunstâncias do caso concreto e estabelecer o valor da pensão de acordo com os rendimentos e encargos de um e as despesas necessárias do outro para prover uma subsistência condigna. A lei não fixa desde logo o valor da pensão, mas dá ao juiz o poder de ponderar todas as circunstâncias fáticas que possam influir no arbitramento mais justo possível.
Art. 1694 - § 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Outro exemplo a ser citado trata da fixação dos honorários de sucumbência pelo juiz (Art. 20, §3º, CPC), que poderão variar entre 10% e 20% sobre o valor da condenação. O juiz deverá observar o zelo profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza da causa e o trabalho realizado pelo advogado.
Art. 20 - § 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos:       
a) o grau de zelo do profissional;        
b) o lugar de prestação do serviço;         
c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.      
b) Jurisdição superior o inferior
Jurisdição inferior é aquela exercida pelos juízes que ordinariamente conhecem do processo desde seu início (competência originária); 
Jurisdição superior é a exercida pelos órgãos competentes para conhecerem dos recursos interpostos contra as decisões proferidas na jurisdição inferior pelos juízes recursais. Trata-se de verdadeira expressão do princípio do duplo grau de jurisdição, que consiste na possibilidade de revisão das decisões judiciais por órgão superior.
c) Jurisdição especial ou comum
A jurisdição especial tem o seu campo de atuação assinalado pela lei, como a militar, eleitoral e trabalhista; e a jurisdição comum tem competência sobre todas as causas que não estejam expressamente atribuídas a outras jurisdições, como a jurisdição comum federal e a estadual, motivo pelo qual se fala que sua competência é residual.
d) Jurisdição contenciosa e voluntária
Em regra, a jurisdição contenciosa é exercida em face de um litígio, ou seja, quando há uma controvérsia (lide) e a jurisdição voluntária, quando o juiz se limita a tutelar a vontade dos interessados, ou quando o juiz decide, mas em face de interesses não litigiosos (não há pretensão resistida).
Tal classificação encontra previsão no artigo 1º do CPC:
Art. 1º - A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece.
Da mesma forma, o Livro IV do CPC, relativo aos procedimentos especiais, se subdivide em dois títulos: procedimentos especiais de jurisdição contenciosa e procedimentos especiais de jurisdição voluntária (ex: emancipação, alienação de usufruto, alienação de bens de menores, separação consensual, ...)
OBSERVAÇÃO:
A jurisdição voluntária pode ser conceituada como a administração pública de interesses privados, pois, há situações fáticas em que não haverá conflito de interesses (lide), mas que há necessidade de chancela do poder judiciário para que possam produzir efeitos.
Quanto à natureza jurídica da jurisdição voluntária, é possível citar controvérsia doutrinária. A primeira corrente (administrativistas), mais tradicional, entende que a jurisdição voluntária possui natureza administrativa, ou seja, o juiz estaria no exercício de função administrativa, uma vez que não há conflito de interesses. Por outro lado, entendimento surgido posteriormente (revisionistas) considera que possui natureza de atividade jurisdicional.
Assim, de acordo com a doutrina mais moderna, é certo que a função jurisdicional não se resume a solucionar litígios, mas também tutela interesses particulares. Dessa forma, ainda que não haja litígio, a jurisdição voluntária é função tipicamente jurisdicional, desde que exercida por órgão imparcial e independente.
e) Jurisdição penal ou civil – a atividade jurisdicional é exercida tendo por objeto uma pretensão que varia de natureza conforme o direito material em que se fundamenta. Fala-se, assim, em jurisdição penal (causas penais, pretensões punitivas) e jurisdição civil (por exclusão, causas e pretensões não-penais). A expressão "jurisdição civil", aí, é empregada em sentido bastante amplo, abrangendo toda a jurisdição não-penal.
Jurisdição penal é aquela que resolve os conflitos ou tutela interesses decorrentes da prática de fatos definidos pela lei como infrações penais.
Jurisdição civil deve ser definida por seu caráter residual, uma vez que abrange todas as matérias que não possuam natureza penal.
A jurisdição penal é exercida pela justiça comum (federal e estadual) e pela justiça militar e justiça eleitoral; em suma, apenas a Justiça do Trabalho é completamente desprovida de competência penal. A jurisdição civil, em sentido amplo, é exercida pela justiça comum (estadual e federal) e pela justiça trabalhista e eleitoral; só a Justiça Militar não a exerce.
RELACIONAMENTO ENTRE JURISDIÇÃO PENAL E CIVIL – apenas para fins didáticos se justifica a distribuição dos processos segundo esse e outros critérios de classificação, pois na realidade não é possível isolar-se completamente uma relação jurídica de outra. Em verdade o ilícito penal não difere em substância do ilícito civil, sendo distinta apenas a sanção que os caracteriza; a ilicitude penal é, ordinariamente, mero agravamento de uma preexistente ilicitude civil, destinada a reforçar as consequências da violação de dados valores, que o Estado faz especial empenho de preservar.
Assim, quando alguém pratica um furto emergem daí duas consequências que, perante o direito, o agente deve suportar: a) obrigação de restituir o objeto furtado (natureza civil); b) sujeição às penas do art. 155 do Código Penal. Outro exemplo: a quem contrai novo casamento, sendo casado, o direito impõe duas consequências: a) a nulidade do segundo casamento - art. 183, VI, CC (sanção civil); b) sujeição à pena de bigamia - art. 235, CP (sanção penal).
Dessa forma, se alguém está sendo processado criminalmente e para o julgamento dessa acusação seja relevante o deslinde de uma questão cível, determina-se a suspensão do processo criminal até a solução da pendência no juízo cível (art. 92 a 94, CPP).
Vejam por exemplo um caso em que alguém esteja sendo acusado de ter cometido um crime de bigamia e alegue que o primeiro casamento era nulo. Em sendo verdadeira a alegação, inexiste o crime (art. 235, § 2º, CP). Contudo, não compete ao juiz criminal perquirir a validade do casamento, nem o processo-crime é meio adequado para a anulação de qualquer do matrimônio. Nessa hipótese, o processo criminal se suspende, "até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado" (art. 92, CPP).
Por outro lado, às vezes, a sentença penal condenatória passada em julgado também tem eficácia na esfera cível. O art. 91, I do CP dá como efeito secundário da sentença penal condenatória "tornar certa a obrigação de indenizar o dano resultante do crime". Passada em julgado a condenação, a autoridade da coisa julgada estende-se também à possível pretensão civil, de modo que não se poderá mais questionar, em processo algum, sobre a existênciada obrigação de indenizar. Se o réu for absolvido no crime, da mesma forma, dependendo do fundamento da absolvição, ter-se-á por definitivamente julgada a pretensão civil: é o que ocorre quando a sentença penal reconhece que o ilícito imputado ao réu não foi praticado - inexistência material do fato (art. 66 c/c art. 386, I, CPP), ou que ele não foi seu autor - negativa de autoria - (art. 386, IV, CPP), ou ainda que, nas circunstâncias em que o fato se deu, não havia ilicitude (antijuridicidade), tendo o réu agido em legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de um direito (art. 65, c/c art. 386, VI, CPP). Em face da ambivalência da decisão criminal, em algumas hipóteses, por conveniência, a lei possibilita que o processo civil aguarde a solução da causa penal (art. 64 e § único, CPP).
Outro ponto de contato é a chamada prova emprestada que é aquela produzida em um processo e que pode ser utilizada em outro, desde que com sua utilização não se venha a surpreender uma pessoa que não fora parte no primeiro, é possível, pois, que, mediante certidões, se levem do processo crime para o civil e vice-versa contra o mesmo réu os elementos de convicção já produzidos, sem necessária repetição.
Nesse mesmo sentido, a prova da falsidade de um documento, realizada em um processo-crime por delito de falso em suas várias modalidades (arts. 297-298, 299, 300, 304, 342, CP), é o bastante para a ação rescisória civil, desnecessitando da sua repetição no curso desta (art. 485, inc. VI, CPC).
Aula 7
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
São formas de solução de conflitos não-jurisdicionais. São chamados de equivalentes jurisdicionais ou meios alternativos de solução de conflitos exatamente porque, não sendo jurisdição, funcionam como técnica de tutela dos direitos, resolvendo conflitos ou certificando situações jurídicas. Apresentam-se como um meio conveniente para resolver questões pertinentes sem que precise recorrer à abarrotada máquina do Judiciário.
Sua existência se justifica, pois o Estado nem sempre consegue tutelar todos os interesses de forma satisfatória, notadamente porque o processo é formal e burocrático. Assim, tais equivalente jurisdicionais, quando admitidos, podem se apresentar como um meio mais eficaz para resolver conflitos e resguardar interesses.
Apesar de não haver consenso na doutrina quanto às formas de equivalentes jurisdicionais, podemos citar:
a) Autotutela
Trata-se de solução do conflito de interesses que se dá pela imposição da vontade de uma das partes, com o sacrifício do interesse da outra. Em regra é vedada pelo ordenamento jurídico tanto para o particular (crime de “exercício arbitrário das próprias razões” – Art. 345, CP) como para o Estado (crime de “exercício arbitrário ou abuso de poder” – Art. 350, CP). Entretanto, o ordenamento jurídico prevê algumas hipóteses excepcionais em que é possível a autotutela, como por exemplo: legítima defesa, estado de necessidade (Arts. 24 e 25, CP e Arts. 188, 929, 930, CC); desforço imediato (Art. 1.210, §1º, CC); direito de retenção (Ex: Art. 578 -  Se o locatário realiza benfeitorias, como obras e melhoramentos no imóvel, deve ser indenizado pelo proprietário, afinal o bem sofreu uma valorização com tais melhoramentos. Se o proprietário não indenizar, o locatário poderá exercer o direito de retenção, ou seja, terá o direito de reter o imóvel em seu poder em garantia dessa indenização contra o proprietário).
b) Autocomposição
É considerada legítimo meio alternativo de pacificação social, utilizada quando estiver em questão direitos disponíveis. Assim, quando for o caso de direitos indisponíveis, como os direitos da personalidade (vida, liberdade, integridade física,...), matéria referente a direito de família ou direito penal, não será possível a autocomposição. 
Há diversas formas de classificar a autocomposição e a maneira em que ela é obtida, não sendo uniforme entre os doutrinadores pátrios uma tipologia desse instituto.
Para Humberto Theodoro Júnior, “A autocomposição pode ser obtida através da transação ou de conciliação”. 
Por outro lado, para José de Albuquerque Rocha, “A autocomposição pode ser alcançada com a participação de terceiros através das figuras do mediador e do conciliador”.
E, ainda, para Fredie Didier Júnior, “Autocomposição é gênero, da qual são espécies: a) Transação [...], b) Submissão [...], c) Renúncia”. 
Dessa forma, é possível perceber que a doutrina não é unânime no que tange as formas de autocomposição, sendo certo que o melhor entendimento é o apresentado por Didier, acompanhado por Ada Pelegrini, para quem: “sendo disponível o interesse material, admite-se a autocomposição, em qualquer de suas três formas clássicas: transação, submissão, desistência (e qualquer uma delas pode ser processual ou extraprocessualmente)”. 
A transação é a cessão parcial mútua das pretensões, ou seja, cada parte cede parcela da pretensão em favor do outro, simultaneamente.
Na submissão, ocorre a sujeição de uma das partes à pretensão da outra.
A desistência ou renúncia se traduz pela abdicação da parte demandante ao direito pretendido.
As formas de autocomposição podem ser obtidas mediante a conciliação, quando uma terceira pessoa imparcial, tenta convencer as partes a chegarem a um consenso sem que seja necessário prosseguir com o processo judicial.
c) Mediação
Muitos doutrinadores entendem que a mediação é uma técnica utilizada para se obter a autocomposição. Por outro lado, há quem entenda que se trata de uma espécie autônoma de equivalente jurisdicional. Só tem cabimento para a resolução de conflitos que envolvam direitos disponíveis.
Na mediação, o mediador é imparcial e neutro, no sentido de que não pode tentar influenciar as partes a negociarem, como se dá na conciliação. O objetivo é que as partes, por si sós, resolvam o conflito.
d) Arbitragem
Regida pela Lei 9.307/96, considera-se meio alternativo de solução de conflitos, uma vez que não haverá ingerência do Estado na arbitragem, sendo esta conduzida por um particular escolhido pelas partes (árbitro). É muito utilizada por grandes empresas, que preferem a arbitragem ao processo judicial, uma vez que este é público, enquanto a arbitragem é sigilosa.
*Principais aspectos sobre a lei da arbitragem:
- Só é aplicável a litígios que versam sobre direitos disponíveis e só pode ser utilizada por pessoas capazes (Art. 1º);
- As partes podem escolher as regras a serem aplicadas, desde que não viole normas de ordem pública nem os bons costumes (Art. 2º, §1º), bem como podem escolher o árbitro/árbitros (Art. 13);
- A convenção de arbitragem pode se dar por meio de cláusula compromissória ou compromisso arbitral (Art. 3º)
	. Cláusula compromissória é o acordo das partes de se submeterem à arbitragem no caso de futuros conflitos entre elas (Art. 4º); 
	. Compromisso arbitral é acordo que submete à arbitragem para solução de uma pendência já existente, ou seja, quando não houver estipulação prévia de cláusula compromissória, mas diante de um conflito já imposto, as partes decidem resolvê-lo por meio da arbitragem, sendo então será firmado o compromisso arbitral (Art. 9º); Pode ser judicial (firmado perante o juiz) ou extrajudicial (acordo entre as partes).
OBS: Mesmo havendo convenção de arbitragem, as partes podem renunciar expressa ou tacitamente a ela. Assim, a renúncia tácita pode se dar quando uma das partes ingressa no judiciário para resolver o litígio e a outra não se pronuncia a respeito da existência da arbitragem. Não poderá o juiz, de ofício extinguir o processo (Art. 267, VII, CPC), devendo entender que houve renúncia tácita, uma vez que a matéria não foi arguida em preliminar de contestação (Art. 301, IX e §4º, CPC)
- A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes, ou em 6 meses caso não tenha sido convencionada (Art. 23). Possui eficácia por si só, não dependendo de homologação judicial;
- Não cabe recurso da sentença arbitral. Apenasserá possível recorrer ao judiciário caso haja nulidade na sentença arbitral (Ex. proferida por árbitro impedido);
- Não havendo cumprimento da sentença arbitral de forma voluntária, poderá esta ser executada no judiciário, uma vez que constitui título executivo judicial (Art. 31, Lei 9.307/96 c/c Art. 475-N, IV, CPC);
Tais meios alternativos de solução de conflitos também podem ser observados em âmbito trabalhista, sendo possível citar: a autodefesa, quando as próprias partes agem independentemente para defender seus interesses, até que um lado aceita as imposições da outra (é o exercício do direito de greve); a autocomposição, quando a solução dos conflitos trabalhistas é realizada pelas próprias partes, sem a intervenção de um terceiro; a Comissão de Conciliação Prévia, sendo esta uma comissão formada por representantes dos empregados e dos empregadores, onde será tentado um acordo entre as partes, evitando assim, a necessidade de um processo judicial (Arts. 625-A – 625-H, CLT).
No que tange à esfera penal, temos as chamadas medidas despenalizadoras, aplicadas às infrações de menor potencial ofensivo, cuja competência é dos juizados especiais criminais. É possível citar a composição dos danos civis (Art. 74, lei 9.099/95), sendo uma espécie de conciliação entre a vítima e o agressor; a transação penal (Art. 76, lei 9.099/95), sendo uma proposta oferecida pelo Ministério Público ao agressor para aplicar uma pena restritiva de direitos ou multa em vez de uma pena privativa de liberdade; a suspensão condicional do processo (Art. 89, Lei 9.099/95), que se trata de uma proposta do Ministério Público ao agressor, submetendo-o a período de provas, enquanto o processo fica suspenso. Todas as hipóteses, caso aceitas e cumpridas, levam à extinção da punibilidade do agente, dispensando decisão judicial acerca da sua condenação ou absolvição.

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