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Resenha A revolução dos bichos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
DÉBORA LIMA PINTO DO NASCIMENTO
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
RESENHA CRÍTICA
Bacabal/MA
2019
DÉBORA LIMA PINTO DO NASCIMENTO
	
A Revolução dos bichos
Resenha apresentada para a disciplina de Sociologia, no curso de Bacharelado em Direito da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA.
Prof. Mateus Cruz
Bacabal/MA
2019
ORWELL, George. A revolução dos bichos. Tradução de Heitor Ferreira. 14 ed. Porto Alegre: Globo, 1982. 136p. 
RESENHA CRÍTICA
Escrita e publicada pela primeira vez no ano de 1945, “A revolução dos bichos” é considerada uma das produções mais emblemáticas da literatura inglesa. Nela, o autor George Orwell, através de alegorias, profere uma inegável crítica ao totalitarismo vigente na época com o Stalinismo. 
 Na obra, a estória se passa na Granja do Solar, onde os animais viviam sob o domínio do Sr. Jones, dono da granja. Todavia, após o sonho do velho e respeitado porco Major com uma sociedade onde todos os animais seriam iguais e trabalhariam livres de exploração, se acende o pavio para uma revolução contra a figura humana. A partir de então, “qualquer coisa que andasse sobre duas patas seria inimigo”. Era dever de todos os animais combater a tirania do homem, se abster de tudo o que se assemelhasse a ele e, principalmente, não permitir a opressão de um animal sobre outro.
Dias depois, o porco Major morre. Mas sua ideia, denominada Animismo, sobrevive e através dos porcos Bola de Neve, Napoleão e Garganta o processo de revolução se inicia. Jones é expulso da fazenda e finalmente os animais tem o comando de suas vidas. No entanto, com o passar do tempo, conflitos de opinião entre Bola de Neve e Napoleão se tornam cada vez mais constantes. Certo dia, ao realizarem uma eleição sobre a construção ou não de um moinho, que Bola de Neve estava claramente vencendo, Napoleão expulsa o colega da granja, reputando-o traidor, e toma a liderança por meio de ameaçadores cães, que a começar desse momento passam a escoltá-lo.
A seguir, a ideia original da revolução começa a se distorcer progressivamente. Napoleão governa a granja de maneira autoritária e pouco a pouco vai infringindo os princípios básicos ditados inicialmente pelo porco Major, sempre com o auxílio de Garganta, que trata de persuadir os demais animais a aceitarem a autoridade do líder e as suas decisões. Enquanto isso, qualquer um que questionasse ou se rebelasse contra os porcos era censurado, visto como traidor e sentenciado a morte. Além disso, os bichos trabalhavam mais do que antes e a oferta de comida só decrescia. Com o argumento de sanar esse problema, Napoleão passa a fazer relações comerciais com os seres humanos, obrigando os animais a produzirem mais para a venda. 
Diante da situação, o trabalho exaustivo, acompanhado da falta de alimentos, vai levando à morte um a um os bichos que fizeram parte do início da revolução e, consequentemente, a recordação dos dias anteriores a ela. Paralelo a isso, os porcos se assemelham cada vez mais aos humanos até chegarem ao ponto de passarem a andar sobre duas patas, quebrando uma das máximas mais repetidos durante o livro: “Quatro patas bom, duas patas ruim”, além de munirem-se de chicotes ao supervisionar a granja. No fim, já não se nota mais a diferença entre homens e porcos.
No contexto em que a obra foi escrita, o mundo vivia uma grande tensão estabelecida entre os blocos capitalista e socialista com a Segunda Guerra Mundial. Além do mais, a União Soviética se encontrava sob o governo totalitário de Stálin, período no qual a censura e o militarismo foram fortíssimos, levando ao exílio e a morte milhões de pessoas. Frente a isso, George Orwell, como simpatizante do socialismo, tratou de tecer uma crítica à forma como este estava sendo empregado na URSS. Algumas personagens remetem a personalidades históricas e o decorrer dos fatos no livro satirizam a desvirtuação dos propósitos iniciais da Revolução Russa, bem como as relações humanas, permeadas pela corrupção e pelo egoísmo.
Dessa forma, Karl Marx com as bases do socialismo pode ser compreendido como o porco Major, cujas ideias incitam à mudança. Já Bola de Neve e Napoleão possuem características que aludem a Trotsky e Stálin, respectivamente, na disputa pelo poder. Enquanto o primeiro apregoava a ideia de difundir a revolução dos bichos para outras granjas (a “Revolução Permanente” de Trotsky), o segundo argumentava que os animais deveriam aprender a se defender primeiro para evitar a submissão e adquirir a independência (o "socialismo em um só país" de Stálin). Assim, a forma de construir o socialismo, que se divergia entre os dois líderes russos, é figurada nos porcos quando estes discutem a construção do moinho e os rumos que a revolução deve tomar. Do mesmo modo, o autoritarismo empregado por Napoleão ao assumir o poder e expulsar Bola de Neve da granja sugere a ascensão de Stálin ao governo e a ditatura implantada por ele, que fugia do propósito inicial de uma ditatura do proletariado. Destarte, percebe-se o quanto o contexto histórico foi importante para essa produção orwelliana.
Não obstante, a obra não se restringe a história e a crítica ao “socialismo real”. É possível analisar, de maneira mais ampla, diversos pontos colocados na obra, como é o caso da relação entre os animais da granja. O fato de os porcos serem mais instruídos lhes dá poder sobre os demais. Isso reflete a questão de como a educação pode elevar patamares sociais. Todavia, isso se torna um problema quando apenas uma parte da população detém o conhecimento, ao passo que a maioria se mantém subjugada devido a sua ignorância. Essa desigualdade abre portas para a manipulação de informações em benefício pessoal, tal como acontece no livro. 
Atualmente, esse assunto vem sendo bastante debatido, principalmente com relação ao Regime Militar, vivenciado no Brasil entre os anos de 1964 e 1985. Os fatos são “interpretados” conforme a conveniência do interlocutor e a história sofre uma relativização muito grande, a ponto de os menos esclarecidos ficarem como os animais diante dos discursos de Bola de Neve e Napoleão: sempre de acordo com aquele que fala no momento. Diante disso, nota-se a relevância que o conhecimento e o pensamento crítico possuem como agentes libertadores da alienação. 
Além do mais, a postura tomada pelo porco Napoleão ao apropriar-se do governo é algo bastante significativo, pois seus desejos, bem como os de sua classe, são colocados à frente dos anseios e necessidades dos outros animais. Essa conduta é perpetuada desde os primórdios das civilizações, uma vez que há sempre uma relação de dominação entre os grupos sociais. Isso explicaria o porquê de o socialismo – a igualdade entre as classes – nunca ter funcionado na prática. De fato, as desigualdades de qualquer modo existirão. No entanto, é preciso que elas sejam o mais tênue possível para que a sociedade, de modo geral, se aproxime da isonomia e ofereça oportunidades equitativas a todos.
Visto isso, compreende-se a dimensão que a obra “A revolução dos bichos” toma no decorrer dos tempos. Ela vai além do seu período histórico e, mesmo após mais de 70 anos de publicação, continua atual, fazendo jus a sua colocação entre os cem melhores livros da literatura inglesa pela revista Time. Por isso a sua importância como fonte de reflexão sobre a sociedade e o poder. 
Palavras-chave: Sociedade. Poder. Revolução. Dominação. Socialismo.

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