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BETRAYAL (traição)

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CENA I 
Pub. 1977. Primavera.
Meio dia.
EMMA está sentada numa mesa de canto. JERRY chega com os drinques, uma dose de bitter para ele, um cálice de vinho para ela. 
Ele senta. Os dois sorriem, brindam silenciosamente, bebem. 
Ele se recosta e olha para ela. 
JERRY:	Bom...
EMMA :	Como vai?
JERRY :	Tudo bem.
EMMA :	Você parece bem.
JERRY :	Bem, não tão bem assim, na verdade.
EMMA :	Por que? Qual é o problema ?
JERRY :	Ressaca.
		( Ele ergue o copo. )
		Saúde.
		(Ele bebe. )
		E você como vai?
EMMA : 	Vou bem.
		( Ela olha o bar, ao redor. Volta a olhar Jerry )
		Exatamente como nos velhos tempos.
JERRY :	Uhm. Já faz muito tempo.
EMMA :	É. 
		( Pausa ) 
		Pensei em você outro dia. 
JERRY: 	Meu Deus! Por que?
		( Ela ri )
JERRY:	Por que?
EMMA:	Bem, é bom, as vezes, pensar no passado. Não é?
JERRY:	Claro.
		( Pausa )
		Como vão as coisas?
EMMA:	Oh, nada mal.
		( Pausa )
 Você sabe quanto tempo faz desde que nos encontramos ?
 
JERRY:	Bem, eu vim para vernissage, quando foi mesmo aquilo - ?
EMMA:	Não, não foi isso que eu quis dizer.
JERRY:	Oh, você quer dizer sozinhos?
EMMA:	É.
JERRY:	Humm...
EMMA:	Dois anos.
JERRY:	É. Eu achei que fosse isso mesmo. Humm.
	( Pausa )
EMMA:	Muito tempo.
JERRY:	É. É mesmo.
	( Pausa )
	Como vai indo ? A Galeria?
EMMA:	Como você acha que vai indo ?
JERRY:	Bem. Muito bem, eu diria.
EMMA:	Fico feliz que você pense assim. Bom, é isso mesmo, na verdade. Eu gosto muito.
JERRY:	Gente engraçada, esses artistas plásticos, não é?
EMMA:	Não. Não são nada engraçados.
JERRY:	Não são? Que pena. 
	( Pausa )
	Como vai Robert?
EMMA:	Quando você o viu pela última vez ?
JERRY:	Eu não o vejo há meses. Não sei porque. Por que?
EMMA:	Por que o que?
JERRY:	Por que você perguntou quando eu o vi pela última vez?
EMMA:	Só queria saber. Como vai Sam?
JERRY:	Você quer dizer Judith.
EMMA:	Será ?
JERRY:	Lembra como era. Eu pergunto por seu marido, você pergunta por minha mulher.
EMMA:	Sim, claro. Como vai sua mulher?
JERRY:	Bem.
	( Pausa )
EMMA:	Sam já deve estar.... bem alto.
JERRY:	Ele é alto. Bem alto. Ele treina muito. É corredor de longa distância. Quer ser zoólogo.
EMMA:	Não. Que bom. E Sarah?
JERRY:	Ela está com dez . 
EMMA:	Deus! Imagino o que deve ser.
JERRY:	É, é mesmo.
	( Pausa )
	
	Ned tem cinco, não é.
EMMA:	Você lembra.
JERRY:	Bem, eu não esqueceria isso.
	( Pausa )
EMMA:	É.
	( Pausa )
	Você está bem, então?
JERRY:	Oh... sim, claro.
	( Pausa )
EMMA:	Ainda pensa em mim?
JERRY:	Eu não preciso pensar em você.
EMMA:	Ãh?
JERRY:	Eu não preciso pensar em você.
	( Pausa )
	De qualquer modo, eu estou bem. E Você?
EMMA:	Bem, mesmo. Muito bem.
JERRY:	Você está muito bonita.
EMMA:	Mesmo? Obrigada. Estou feliz em ver você.
JERRY:	Eu também. Quer dizer, em ver você. 
EMMA:	Você pensa em mim ... às vezes?
JERRY:	Eu penso em você, às vezes.
	
	( Pausa )
	Vi Charlotte outro dia.
EMMA:	Não! Onde? Ela não me disse nada.
JERRY:	Ela não me viu. Na rua.
EMMA:	Mas você não a vê há muito tempo.
JERRY:	Eu a reconheci.
EMMA:	Como? Como você poderia saber?
JERRY:	Eu sabia.
EMMA:	Como ela parecia ?
JERRY:	Com você.
EMMA:	Não, o que você achou dela, de verdade ?
JERRY:	Eu a achei adorável.
EMMA:	É. Ela é muito ... Ela é encantadora. Ela tem treze.
	( Pausa )
	Você lembra daquela vez ... ah Deus isso foi ... quando você a pegou, jogou para o alto e a segurou ?
JERRY:	Ela era tão leve.
EMMA:	Ela lembra disso, sabe.
JERRY:	Mesmo?
EMMA:	Huhum. Sendo jogada pro alto.
JERRY:	Que memória.
	( Pausa )
JERRY:	Ela não sabe ... sobre nós, sabe?
EMMA:	Claro que não. Ela apenas lembra de você como um velho amigo.
JERRY:	Está certo. 
	( Pausa )
	Foi. Todo mundo estava lá naquele dia, seu marido, minha mulher, as crianças. Eu me lembro.
EMMA:	Que dia?
JERRY:	Quando eu a joguei pro alto. Foi na sua cozinha.
EMMA:	Foi na sua cozinha.
	( Silêncio )
JERRY:	Querida.
EMMA:	Não diga isso. 
	( Pausa )
	Isso só .....
JERRY:	Parece que foi há tanto tempo.
EMMA:	Parece ?
JERRY:	O mesmo?
	( Ele pega os copos, vai para o bar. Ela permanece sentada. Ele volta, com as bebidas, senta. )
EMMA:	Pensei em você outro dia.
	( Pausa )
EMMA:	Eu vinha dirigindo por Kilbourn. De repente eu vi onde estava. Eu simplesmente parei, e então desci a Kimsale e fui até Wessex Grove. Passei do edifício e estacionei uns cinco metros adiante, como costumávamos fazer, você lembra?
JERRY:	Sim.
EMMA:	Tinha umas pessoas saindo do edifício. Eles subiram a rua.
JERRY:	Que tipo de gente?
EMMA:	Ah ... jovens. Então eu desci do carro e fui até lá. Subi a escada. Olhei o porteiro eletrônico, você sabe, os nomes no painel. Procurei pelo nosso nome.
	( Pausa )
JERRY:	Green.
	( Pausa )
	Não achou nada heim ?
EMMA:	Não.
JERRY:	É porque não estamos mais lá. Já não vamos lá ha muito tempo.
EMMA:	Não. Não vamos.
	( Pausa )
JERRY:	Ouvi dizer que você está saindo com Casey.
EMMA:	O quê?
JERRY:	Casey. Eu ouvi dizer que você .....está saindo com ele.
EMMA:	Onde você ouviu isso?
JERRY:	Ah.... as pessoas ..... falam.
EMMA:	Cristo.
JERRY:	O engraçado foi que a única coisa que eu senti realmente foi irritação, quer dizer, me irritou que ninguém falou de nós assim, nos velhos tempos. Eu quase que disse, olha, ela pode estar vendo o Casey para um drink ocasional, que importa, mas ela e eu tivemos um caso por sete anos e nenhum de vocês, seus cretinos, tiveram a mínima idéia do que estava acontecendo.
	( Pausa )
EMMA:	Eu me pergunto ...Eu me pergunto se todo mundo não sabia, o tempo todo.
JERRY:	Não seja boba. Nós éramos brilhantes. Ninguém sabia. Quem ia a Kilburn naquele tempo? Só você e eu.
	( Pausa )
	Mas afinal, o que é que há entre você e o Casey.
EMMA:	Como assim? 
JERRY:	O quê que está havendo?
EMMA:	Um drink ocasional.
JERRY:	Pensei que você não gostasse da obra dele.
EMMA:	Eu mudei. Ou a obra dele mudou. Está com ciúmes?
JERRY:	De quê?
	( Pausa )
JERRY:	Eu não poderia ter ciúmes de Casey. Sou seu agente. Eu o aconselhei sobre o divórcio dele. Eu li todos os seus textos. Eu persuadi seu marido a publicar seu primeiro romance. Eu o levei à Oxford para falar na Associação. Ele é meu... meu pupilo. Eu o descobri quando ele era um poeta, e isso há muito tempo atrás.
	( Pausa )
	Ele inclusive me levou à Southampton para conhecer o papai e a mamãe. Eu não poderia sentir ciúmes de Casey. De qualquer modo não é como se estivéssemos tendo um caso agora, não é? Já não estamos juntos ha anos. Acredite, fico muito feliz, se você estiver feliz.
	( Pausa )
	E quanto à Robert?
	( Pausa ) 
EMMA:	Bem ... Acho que vamos nos separar.
JERRY:	Heim ?
EMMA:	Nós tivemos uma longa conversa ... ontem à noite.
JERRY:	Ontem à noite?
EMMA:	Você sabe o que eu descobri ... ontem à noite? Ele me traiu durante anos. Ele tinha ... uma outra mulher durante anos.
JERRY:	Não! Meu Deus.
	( Pausa )
JERRY:	Mas nós o traímos durante anos.
EMMA:	E ele me traiu durante anos.
JERRY:	Bem, eu nunca soube disso.
EMMA:	Nem eu.
	( Pausa )
JERRY:	Casey sabe disso?
EMMA:	Eu gostaria que você parasse de chama-lo de Casey. O nome dele é Roger.
JERRY:	Sim. Roger.
EMMA:	Eu liguei pra você. Não sei bem porque.
JERRY:	Engraçado.Nós éramos amigos tão íntimos não é verdade ? Robert e eu, embora não o tenha visto por alguns meses, mas por todos esses anos, todos os drinques, todos os almoços ...que tivemos juntos ... e eu nunca me dei conta ... nunca suspeitei ... que havia maisalguém... na vida dele além de você. Nunca. Por exemplo ... Quando você está num bar ou num restaurante com um cara, de vez em quando ele resolveir mijar, entende, quem não precisa, mas o que eu quero dizer é que, se ele vai fazer um telefonema sacana, entende, você meio que percebe, você ouve o pip pip pips. Bom, eu nunca percebi algo assim com Robert. Ele nunca fez esse tipo de telefonema em nenhum bar quando estava comigo. O engraçado é que era eu quem fazia essas chamadas - pra você, quando eu o deixava bebendo no bar. Isso que é engraçado.
	( Pausa )
	Quando ele contou pra você tudo isso?
EMMA:	Ontem à noite. Acho que ficamos acordados a noite inteira.
	( Pausa )
JERRY:	Vocês conversaram a noite toda?
EMMA:	Sim. Ah sim.
	( Pausa )
JERRY:	Eu não entrei nessa, não é?
EMMA:	O que?
JERRY:	Eu só ...
EMMA:	Eu só telefonei pra você esta manhã, entende, só isso, por que eu ... porque somos velhos amigos ... Eu fiquei acordada a noite inteira ... acabou tudo ... de repente eu senti que eu precisava ver você. 
JERRY:	Bom, olha, eu estou contente em te ver, eu... Estou mesmo. Eu sinto muito sobre ...
EMMA:	Você lembra? Quero dizer realmente lembra ?
JERRY:	Eu lembro.
	( Pausa )
EMMA:	Você não podia manter Wessex Grove quando nós o alugamos, não é?
JERRY:	Ah, o amor encontra uma saída.um jeito.
EMMA:	Eu comprei as cortinas.
JERRY:	Você encontrou uma saída.
EMMA:	Escuta, eu não quis ver você por nostalgia, o que importa isso? Eu só queria saber como você está. Verdade. Como você vai?
JERRY:	Ah,que isso importa?
	( Pausa )
	Você não contou à Robert sobre mim ontem à noite, não é?
	
EMMA:	Tive que contar.
	( Pausa )
	Ele me contou tudo. Eu contei tudo pra ele. Nós ficamos acordados ... a noite toda. Uma hora o Ned desceu . Eu tive de leva-lo de volta para a cama, tive de faze-lo dormir. Depois eu voltei. Acho que foram as vozes que o acordaram. Você sabe ...
JERRY:	Você contou tudo pra ele?
EMMA:	Eu tive que contar.
JERRY:	Você contou tudo pra ele .. sobre nós?
EMMA:	 Eu tive que contar.
	( Pausa )
JERRY:	Mas ele é o meu melhor amigo. Quer dizer, eu peguei sua própria filha no colo, joguei-a pro alto e a segurei... na cozinha da minha casa. Ele me viu fazer tudo isso.
EMMA:	Isso não importa. Está tudo acabado. 
JERRY:	Está? O que que está?
EMMA:	Tudo. Tudo está acabado.
	( Ela bebe )
CENA II
Casa de Jerry. Gabinete. 1977. Primavera.
( Jerry está sentado. Robert, de pé com um copo nas mãos. )
JERRY:	Foilegal da sua parte ter vindoi.
ROBERT:	De modo algum.
JERRY:	Sim, sim. Eu sei que deve ter sido difícil ... Eu sei... as crianças.
ROBERT:	Tudo bem. Parecia urgente.
JERRY:	Bem ... Você encontrou alguém, não foi?
ROBERT:	O quê?
JERRY:	Para as crianças.
ROBERT:	Ah sim, sim. De verdade. Está tudo em ordem. E de qualquer modo, Charlotte não é um bebê.
JERRY:	 Não.
	( Pausa )
	Você não vai sentar?
ROBERT:	Bem, sim, acho que sim, daqui a pouco.
	( Pausa )
JERRY:	Judith está no hospital ... no plantão noturno. As crianças estão aqui ... lá em cima.
ROBERT:	Uh - hum.
JERRY:	Eu tenho que falar com você. É importante.
ROBERT:	Fale.
JERRY:	Sim.
	( Pausa )
ROBERT:	Você parece um tanto agitado. 
	( Pausa )
	Qual é o problema?
	( Pausa )
	Não é sobre você e Emma, é?
	( Pausa )
	Eu sei de tudo.
JERRY:	É. Eu ... eu fiquei sabendo.
ROBERT:	Ah.
	( Pausa )
	Bem, isso não é tão importante assim, é? Já acabou há anos, não ?
JERRY:	É importante.
ROBERT:	Mesmo? Por que?
	( Jerry levanta, caminha pela sala. )
JERRY:	Eu pensei que ia enlouquecer.
ROBERT:	Quando?
JERRY:	Esta noite. Agora há pouco. Pensando se devia telefonar para você. Eu tinha que telefonar. Eu levei ... duas horas para lhe telefonar. E ai você estava com as crianças. .. Eu pensei que não ia poder ver você. Eu achei que ia ficar louco. Estou muito grato ... por ter vindo até aqui.
ROBERT:	Ah por Deus! Olha, o que exatamente você quer dizer?
	( Pausa )
	( Jerry senta )
JERRY:	Eu não sei porque ela lhe contou. Eu não sei como ela pode lhe contar. Eu simplesmente não entendo. Escuta, eu sei que você ... Olha, eu a vi hoje ... nós tomamos um drink juntos... Eu já não a via por ... ela me disse, você sabe, que vocês estão com problemas, vocês dois ... e assim por diante. Eu sei. Quer dizer, eu sinto muito. 
ROBERT:	Não precisa sentir.
JERRY:	Porque não?
	( Pausa )
	A questão é que eu não consigo entender ... porque ela achou necessário ... depois de todos esses anos ... contar pra você... assim de repente ... ontem à noite ...
ROBERT:	Ontem à noite?
JERRY:	Sem me consultar. Sem ao menos me avisar. Afinal de contas você e eu ...
ROBERT:	Ela não me contou à noite passada.
JERRY:	Como assim?
	( Pausa )
	Eu sei tudo sobre a noite passada. Ela me contou. Vocês ficaram acordados a noite toda, não é?
	
ROBERT:	Exatamente.
JERRY:	E ela lhe contou ... à noite passada ... sobre ela e eu .. Não foi ?
ROBERT:	Não, não foi. Ela não me contou sobre você e ela dois à noite passada. Ela me contou sobre vocês à quatro anos atrás.
	( Pausa )
	Portanto ela não precisou me contar de novo à noite passada. Porque eu já sabia de tudo. E ela sabia que eu sabia porque ela própria já me contara à quatro anos atras.
	( Silêncio )
JERRY:	O quê?
ROBERT:	Acho que eu vou me sentar.
	( Ele senta )
	Eu pensei que soubesse.
JERRY:	Soubesse o quê?
ROBERT:	Que eu sabia. Que eu soube todos esses anos. Eu pensei que você soubesse disso.
JERRY:	Você pensou que eu sabia?
ROBERT:	Ela disse que você não sabia. Mas eu não acreditei.
	( Pausa )
	Mesmo assim, eu acho que pensei que você sabia. Mas você diz que não?
JERRY:	Ela contou pra você... quando ?
ROBERT:	Bem, eu descobri. Foi isso que aconteceu. Eu disse à ela que eu havia descoberto e ela... confirmou ... os fatos.
JERRY:	Quando?
ROBERT:	Ah, há muito tempo atrás, Jerry.
	( Pausa )
JEERY:	Mas nós dois nos vimos ... nos vimos várias vezes... nestes quatro últimos anos. Nós saíamos para almoçar.
ROBERT:	Mas nunca mais jogamos squash.
JERRY:	Eu era seu melhor amigo.
ROBERT:	Bem, sim, claro.
	( Jerry olha fixamente para Robert e depois baixa a cabeça escondendo o rosto nas mãos. )
	Ah, não fique chateado. Não tem porque.
	( Silêncio )
	( Jerry senta, rígido, tenso. )
JERRY:	Por que ela não me contou?
ROBERT:	Bom, eu não sou ela, meu velho.
JERRY:	Por que você não me contou?
	( Pausa )
ROBERT:	Eu pensei que você deveria saber.
JERRY:	Mas você não tinha certeza, não é? Você não sabia !
ROBERT:	Não.
JERRY:	Então por que você não me contou ?
	( Pausa )
ROBERT:	Contar o quê?
JERRY:	Que você sabia. Seu cretino. 
ROBERT:	Ah, não me chame de cretino, Jerry.
	( Pausa )
JERRY:	O que é que nós vamos fazer?
ROBERT:	Você e eu não vamos fazer absolutamente nada. Meu casamento acabou. Eu só tenho que fazer alguns arranjos finais e é só. Sobre as crianças.
	( Pausa )
JERRY:	Você não pensou em contar para a Judith ?
ROBERT:	Contar o quê? Ah, sobre você e Emma. Você acha que ela nunca soube de nada? Você tem certeza absoluta ?
	( Pausa )
	Não, na verdade eu não pensei em contar a Judith. ... Você não parece entender.Você parece não entender que eu estou me lixando com tudo isso. É verdade que eu bati em Emma uma ou duas vezes. Mas não era para defender nenhum princípio. Eu não o fiz inspirado por nenhum tipo de preceito moral. Me deu simplesmente vontade de lhe dar uma boa lição. Aquela velha mania ... você entende.
	
	( Pausa )
JERRY:	Mas você a traiu durante anos, não é ?
ROBERT:	Ah sim. 
JERRY:	E ela nunca soube de nada. Soube?
ROBERT:	Não?
	( Pausa )
JERRY:	Eu não.
ROBERT:	Não, você não sabia muito sobre coisa alguma, não é mesmo?
	( Pausa )
JERRY:	Não.
ROBERT:	Sim. Você sabia. 
JERRY:	É. É sim. Eu vivi com ela. 
ROBERT:	É. Durante as tardes.
JERRY:	Algumas vezes longas tardes. Por sete anos.
ROBERT:	É, você certamente soubetudo o que havia para saber. Em sete anos de longas tardes. Eu é que não soube de nada.
	( Pausa )
	Espero que ela tenha cuidado bem de você.
	( Silêncio )
JERRY:	Nós gostávamos um do outro.
ROBERT:	Nós ainda nos gostamos.
	( Pausa )
	Pechei com o velho Casey um dia destes. Acredito que ele esteja tendo um caso com minha mulher. Nós já não jogamos mais squash faz muito tempo, Casey e eu. Nós costumávamos disputar ótimas partidas.
JERRY:	Ele está engordando.
ROBERT:	É, também achei.
JEERY:	Ele está por cima.
ROBERT:	Está?
JERRY:	Você não acha?
ROBERT:	Em que sentido?
JERRY:	Sua obra. Seus livros.
ROBERT:	Ah seus livros. Sua arte. É sua arte parece estar decaindo, não acha?
JERRY:	Ainda vende.
ROBERT:	Oh, vende muito bem. Vende muito bem mesmo. Muito bom para nós. Para você e para mim.
JERRY:	É.
ROBERT:	Alguém me disse - quem foi mesmo - deve ter sido alguém do departamento de publicidade - um dia desses - que quando Casey foi até York para autografar seu último livro, numa livraria, sabe, com Barbara Spring, sabe, o público formou uma longa fila durante horas para conseguir sua assinatura no livro, enquanto que uma velhinha com seu cachorro foi em busca do autógrafo de Barbara Spring no livro dela... E eu acho Barbara Spring muito boa ... você não acha?
JERRY:	Sim. 
	( Pausa )
ROBERT:	Enfim, nós dois ganhamos muito nas costas dele, heim?
JERRY:	Muito mesmo. 
	( Pausa )
ROBERT:	Você leu alguma coisa boa ultimamente?
JERRY:	Estou lendo Yeats.
ROBERT:	Ah. Yeats. Sim. 
	( Pausa )
JERRY:	Você leu Yeats em Torcello certa vez.
ROBERT:	Em Torcello?
JERRY:	Não lembra? Anos atrás. Você foi à Torcello ao amanhecer, sozinho. E leu Yeats.
ROBERT:	É mesmo. Eu lhe contei isso, sim.
	( Pausa )
	Sim.
	( Pausa )
	Pra onde você vai esse verão, você e sua família?
JERRY:	Para Lake District. 
			*****************************
CENA III
Um apartamento. 1975. Inverno. Jerry e Emma. Sentados. Silêncio. 
JERRY:	O que é que você quer fazer então?
EMMA:	Eu já não sei mais o que estamos fazendo.
JERRY:	Mmnn.
		
		( Pausa )
EMMA:	Quer dizer... esse apartamento...
JERRY: 	Sei.
EMMA:	Você consegue lembrar quando estivemos aqui pela última vez?
JERRY:	No verão, não foi?
EMMA:	Foi?
JERRY:	Eu sei que parece...
EMMA:	Foi no começo de setembro.
JERRY:	Bom, isso é verão, não é?
EMMA:	Fazia muito frio. Era o começo do outono.
JERRY:	Está muito frio agora.
EMMA:	Nós íamos comprar mais uma estufa.
JERRY:	É, eu nunca comprei.
EMMA:	Não fazia muito sentido se já não vínhamos mais aqui.
JERRY:	Nós estamos aqui agora.
EMMA:	Não exatamente.
		( Silêncio )
JERRY:	É. As coisas mudaram. Você tem estado tão ocupada, seu trabalho e tudo mais.
EMMA:	É, eu sei. Mas, eu gosto do meu trabalho. Eu quero fazer isso.
JERRY:	Claro. É maravilhoso. É ótimo para você. Mas nós não...
EMMA:	Se você controla uma galeria, você tem de dirigi-la, você tem de estar lá.
JERRY:	Mas você não tem as tardes livres, não é?
EMMA:	Não.
JERRY:	Então, como é que podemos nos encontrar?
EMMA:	É mas, e todas as vezes que você esteve fora do país. Você nunca está aqui.
JERRY:	Mas quando eu estou aqui você nunca tem as tardes livres. Desse jeito nós nunca podemos nos encontrar.
EMMA:	Podemos nos encontrar na hora do almoço.
JERRY:	Podemos nos encontrar para o almoço mas não podemos vir aqui todo dia para um lanche rápido. Já não tenho idade para isso.
EMMA:	Não foi isso que eu sugeri.
	( Pausa )
	Olha, antes... nós éramos inventivos... nós éramos determinados... era... parecia impossível a gente se encontrar... impossível... e nós nos encontrávamos. Nós nos encontrávamos aqui, alugamos esse apartamento e nos encontrávamos aqui porque nós queríamos. 
JERRY:	Ora, não importa o quanto queremos ou não se você nunca tem as tardes livres e eu estou sempre na América.
	( Silêncio )
	
	As noites sempre estiveram fora de questão e você sabia disso. Eu tenho família.
EMMA:	Eu também tenho família.
JERRY:	Eu sei disso perfeitamente bem. Será que preciso lhe lembrar que o seu marido é o meu melhor amigo?
EMMA:	Que é que você quer dizer com isso?
JERRY:	Eu não quero dizer nada.
EMMA:	Mas o que é que você está tentando dizer com isso?
JERRY:	Cristo! Eu não estou tentando dizer nada. Eu disse exatamente o que eu queria dizer.
EMMA:	Sei.
	( Pausa )
	A verdade é que antigamente nós usávamos nossa imaginação, dávamos um jeito, conseguíamos uma noite e íamos para um hotel. 
JERRY:	É verdade.
	( Pausa )
	Mas isso foi... no princípio... depois nós alugamos esse apartamento.
EMMA:	Não passamos muitas noites... neste apartamento.
JERRY:	Não.
	( Pausa )
	Nem em outro lugar, na verdade.
	( Silêncio )
EMMA:	Você pode... continuar mantendo esse apartamento mês após mês?
JERRY:	É...
EMMA: 	É um desperdício. Ninguém vem aqui. Não consigo aceitar isso. Simplesmente... vazio. Dia e noite. Dia após dia, noite após noite. As louças, as cortinas, o edredon, tudo. E a toalha de mesa que eu trouxe de Veneza. ( Ri ) É ridículo. 
	( Pausa )
	Não passa de um lar abandonado.
JERRY:	Não se trata de um lar.
	( Pausa )
	Eu sei... eu sei que você queria... mas não pôde ser nunca um lar de verdade. Você tem um lar. Eu tenho um lar. Com cortinas e etc. E filhos. Duas crianças em cada casa. Não há crianças aqui, portanto não é o mesmo tipo de lar.
EMMA:	Eu nunca pretendi que fosse o mesmo tipo de lar.
	( Pausa )
	Aliás, você nunca o viu como um lar, de qualquer tipo, não é mesmo?
JERRY:	Não, eu o via como um apê ... você sabe.
EMMA:	Para trepar.
JERRY:	Não, para fazer amor.
EMMA:	Bem, de amor é que não sobrou muito, não é?
	(Silêncio )
JERRY:	Eu não acho que não nos amamos mais.
	( Pausa )
EMMA:	Sei.
	( Pausa )
	O que você vai fazer ... com a mobília ?
JERRY:	O que?
EMMA:	Com a mobília, com tudo.
	 ( Silêncio )
JERRY:	Você sabe, nós podemos fazer as coisas de modo simples, se quisermos é claro.
EMMA:	Você quer dizer vender tudo para a Sra. Banks por uma pequena quantia e ... e ela passa a alugar o apartamento mobiliado?
JERRY:	É, é isso. A cama não estava aqui?
EMMA:	Nós compramos a cama. Nós compramos tudo. Nós compramos a cama juntos. 
JERRY:	Ah. É verdade.
	( Emma levanta )
EMMA:	Você cuida de tudo então? Acerta tudo com a Sra. Banks?
	( Pausa)
	Eu não quero nada. Você sabe, não teria onde por. Eu tenho uma casa, com toalhas de mesa e todo o resto.
JERRY:	Eu cuido de tudo, pode deixar. Vai restar um dinheiro, você sabe, então eu...
EMMA:	Não, eu não quero nenhum dinheiro, muito obrigado.
	( Silêncio. Ela põe o casaco )
	Eu vou indo.
	( Ele se vira. Olha para ela )
	Ah, aqui estão minhas chaves.
	(Ela pega o chaveiro e tenta tirar as chaves dali )
	Ah, Cristo!
	( Tenta atrapalhadamente retirar as chaves. Atira o chaveiro para ele)
	Tire você.
	( Ele apanha o chaveiro e olha para ela )
	Você pode fazer isso por favor? Tenho de apanhar Charlotte na escola. Vou sair com ela para uma compras. 
	( Ele tira as chaves do chaveiro )
	Você se dá conta que hoje, agora... é de tarde. Que é meu dia livre na Galeria. Que é por isso que eu estou aqui. A Galeria fecha toda quinta feira à tarde... Você pode me devolver meu chaveiro?
	( Ele dá o chaveiro à ela )
	Obrigada. Olha... Eu acho que nós tomamos a decisão certa.
	( Ela sai. Ele fica. )
*******************************
			
	
	
 
	
CENA IV
 Casa de Robert e Emma. Sala de estar. 1974. Outono. 
 ( Robert serve um drinque para Jerry. Robert vai até a porta.)
ROBERT:	Emma! Jerry está aqui!
EMMA:	( fora de cena ) Quem ?
ROBERT:	Jerry.
EMMA:	Já vou descer.
	( Robert dá odrinque à Jerry )
JERRY:	Saúde.
ROBERT:	Saúde. Ela está fazendo Ned dormir. Acho que ele apaga logo. 
JERRY:	Como?
ROBERT: Dorme.
JERRY:	Ah. Sim. E como vai o seu sono ultimamente?
ROBERT:	O que?
JERRY:	Você ainda passa noites horríveis? Com Ned, eu quero dizer.
ROBERT:	Ah, sim. Bem, não. Não, está bem melhor. Mas você sabe o que dizem?
JERRY?	O que?
ROBERT:	Dizem que meninos são piores que meninas.
JERRY:	Piores?
ROBERT:	Bebês. Dizem que bebês homens choram bem mais que bebês mulheres.
JERRY:	Choram?	
ROBERT:	Você não acha que choramos?
JERRY:	Ãh ... sim, eu acho que choramos sim . Você não?
ROBERT:	Sim. O que você acha? Por que você acha isso?
JERRY:	Bem, eu acho ... que homens são mais receosos
ROBERT:	Bebês homens?
JERRY:	Sim.
ROBERT:	Mas que raios de receio eles podem ter ... na idade deles? Que é que você acha?
JERRY:	Bem ... de enfrentar o mundo, eu acho, de deixar o útero materno, algo assim.
ROBERT:	Mas e os bebês mulheres? Elas também deixam o útero.
JERRY:	É verdade. Mas também é verdade que quase ninguém fala de bebês mulheres deixando o útero. Não é?
ROBERT:	Pois eu estou pronto para.
JERRY:	Sei. Bem, e o que você teria a dizer?
ROBERT:	Eu lhe fiz uma pergunta.
JERRY:	E qual foi?
ROBERT:	Por que você afirma que bebês homens acham mais problemático sair do útero que os bebês mulheres ?
JERRY:	Eu disse isso?
ROBERT:	Você foi ainda mais longe ao afirmar que bebês homens são mais receosos de enfrentar o mundo que os bebês mulheres.
JERRY:	Você não acha que é este o caso?
ROBERT:	Eu acho, sim.
	( Pausa )
JERRY:	Por que você acha que é assim?
ROBERT:	Não tenho resposta.
JERRY:	Você acha que isso tem algo a ver com a diferença entre os sexos?
	
	( Pausa )
ROBERT:	Por Deus, você está certo. Deve ser isso.
	( Emma chega )
EMMA:	Hello. Surprise.
JERRY:	Eu estava tomando chá com Casey.
EMMA:	Onde?
JERRY:	Aqui perto. 
EMMA:	Eu pensei que ele morasse em ... Hampstead ou algo assim.
ROBERT:	Você está desatualizada.
EMMA:	Estou?
JERRY:	Ele deixou Susannah. Está morando sozinho aqui perto.
EMMA:	Oh.
ROBERT:	Está escrevendo um romance sobre um homem que deixa a mulher e três filhos e vai morar sozinho no outro lado de Londres para escrever um romance sobre um homem que deixa sua mulher e três filhos ...
EMMA:	Espero que seja melhor que o último.
ROBERT:	O último ? Ah, sim, o último. Não é aquele sobre um homem que morava numa grande casa em Hampstead com a esposa e três filhos e que estava escrevendo um romance sobre ...
JERRY:	( para Emma ) Por que você não gosta do romance?
EMMA:	Eu já lhe disse.
JERRY:	Pois eu acho que foi a melhor coisa que ele já escreveu.
EMMA:	Pode ser a melhor coisa que ele já escreveu mas ainda assim é estupidamente desonesto.
JERRY:	Desonesto? Em que sentido desonesto?
EMMA:	Eu já lhe falei sobre isso.
JERRY:	Falou?
ROBERT:	Sim, ela falou. Uma noite em que estávamos todos jantando, eu lembro, você, eu, Emma e Judith, quando , em meio à sobremesa, Emma nos brindou com uma dissertação sobre a desonestidade de Casey em relação ao seu último romance. Drying Out. Foi muito estimulante. Infelizmente Judith teve de sair no meio da palestra para atender a seu plantão no hospital. A propósito, como vai Judith?
JERRY:	Muito bem.
	( Pausa )
ROBERT:	Quando vamos jogar squash?
JERRY:	Você é bom demais pra mim.
ROBERT:	O que é isso ? Não sou nada bom. Sou só bem mais preparado do que você. 
JERRY:	Mas por que? Por que você é mais preparado do que eu.
ROBERT:	Porque eu jogo squash.
JERRY:	Ah, você joga? Regularmente?
ROBERT:	Uhm hum.
JERRY:	Com que?
ROBERT:	Com Casey, na verdade.
JERRY:	Casey? Meu Deus. E como é ele?
ROBERT:	Ele é um jogador de squash brutalmente honesto. Não, na verdade não jogamos há muito tempo. Nós precisamos jogar. Você era muito bom.
JERRY:	É. Eu era muito bom. Está bem. Eu lhe concedo uma partida.
ROBERT:	Por que não?
JERRY:	Vamos marcar um encontro.
ROBERT:	Certo.
JERRY:	É. Precisamos fazer isso.
ROBERT:	E depois eu te levo para almoçar.
JERRY:	Não, não. Eu é que convido.
ROBERT:	O que vencer paga o almoço.
EMMA:	Posso assistir?
	( Pausa )
ROBERT:	O que?
EMMA:	Por que não posso assistir e depois levar vocês dois para almoçar?
ROBERT:	Bem, para ser brutalmente honesto não vamos querer uma mulher à nossa volta, não é Jerry? Um jogo de squash não é meramente um jogo de squash, é muito mais que isso. Veja, primeiro tem o jogo. E depois tem o chuveiro. E depois tem o drink. E depois tem o almoço. Afinal de contas você esteve lá. Você teve sua batalha. E tudo o que você quer é a sua bebida e seu almoço. Você não quer saber de uma mulher pagando o seu almoço. Você na verdade não quer saber de mulher há uma milha de distancia dali, em lugar nenhum, na verdade. Você não a quer na quadra de squash, você não a quer no chuveiro, no bar ou no restaurante. Você entende, no almoço você quer falar de squash, cricket, de livros ou mesmo de mulheres com o seu amigo, e poder se excitar com o assunto sem temer interrupções inadequadas. É isso, entende? Você não acha, 
	Jerry?
JERRY:	Eu não jogo squash há muito tempo. 
	( Pausa )
ROBERT:	Bom, vamos jogar na semana que vem.
JERRY:	Semana que vem eu não posso. Estarei em Nova Iorque.
EMMA:	Você o quê?
JERRY:	Vou acompanhar um dos meus mais celebrados escritores, na verdade.
EMMA:	Quem?
JERRY:	Casey. Querem filmar o romance que você tanto detesta. Vamos até lá discutir o contrato. Ou eles vinham ou nós íamos até lá. Casey achou que merecia a viagem.
EMMA:	E quanto à você?
JERRY:	O que?
EMMA:	Você merece a viagem?
ROBERT:	Judith também vai?
JERRY:	Não. Ele não pode ir sozinho. Teremos nosso jogo de squash quando eu voltar. Uma semana, no máximo dez dias.
ROBERT:	Maravilhoso.
JERRY:	( Para Emma ) Tchau. Obrigado pelo drink.
EMMA:	Tchau.
	( Robert e Jerry saem. Ela fica, imóvel.
	 Robert volta. Ele beija Emma. Ela corresponde. Depois
	se afasta, repousa a cabeça em seu ombro e chora mansamente. Ele a abraça. )
		
*************
CENA V
Quarto de hotel. Veneza: 1973.
Verão.
 ( Emma lê deitada na cama. Robert, de pé,olhando através da janela. Emma olha Robert e volta à leitura. ) 
EMMA:	Amanhã Torcello, não é?
ROBERT:	Como?
EMMA:	Vamos à Torcello amanhã?
ROBERT:	Sim, claro.
EMMA:	Vai ser ótimo.
ROBERT:	Huhum.
EMMA:	Mal posso esperar.
 ( Pausa )
ROBERT:	É bom o livro?
EMMA:	É
ROBERT:	O que é?
EMMA:	Romance novo. De um tal Spinks.
ROBERT:	Ah, esse ? Jerry me falou sobree.
EMMA:	Jerry? Foi mesmo?
ROBERT:	Foi. Ele me falou sobre o livro no almoço, na semana passada.
EMMA:	Mesmo é? E ele gostou?	
ROBERT:	Spinks é seu protegido. Ele o descobriu.
EMMA:	Ah. Eu não sabia disso.
ROBERT:	Manuscrito espontâneo. Não foi encomendado
		( Pausa )
		Está achando bom?
EMMA:	Pois estou. Estou gostando mesmo.
ROBERT:	Jerry também o acha bom. Você devia almoçar conosco um dia desses para discutirmos o livro.
EMMA:	Está falando sério?
	( Pausa )
	O livro não é assim tão bom.
ROBERT:	Você quer dizer que não é suficientemente bom a ponto de vir almoçar conosco e discutir o assunto?
EMMA:	Mas afinal de contas do que é que você está falando?
ROBERT:	Eu preciso reler esse livro; agora ele foi lançado em capa dura.
EMMA:	Reler?
ROBERT:	Jerry queria que nós o publicássemos.
EMMA:	É mesmo?
ROBERT:	É. De qualquer modo eu fui contra.
EMMA:	Por que?
ROBERT:	Oh.... não diz nada de novo sobre o tema não é mesmo?
EMMA:	E qual é o tema na sua opinião?
 
ROBERT:	Traição.
EMMA:	Não. Não acho que seja.
ROBERT:	Não? Então qual é?
EMMA:	Ainda não terminei. Mas lhe direi, esteja certo.
ROBERT:	Pois faça isso.
		( Pausa)
		É claro, eu posso estar confundindo com outro livro. 
		( Silêncio )
		À propósito, fui ao American Express ontem.
		( Emma olha para ele )
EMMA:	É?
ROBERT:	Sim. Fui trocar uns cheques de viagem. O câmbio é muito melhor lá do que aqui no hotel.
EMMA:	É mesmo?
ROBERT:	É. Havia uma carta para você lá. Eles me perguntaram se você era alguma coisa minha e eu disse que sim. Então eles me pediram para traze-la. Quer dizer, eles me deram a carta. Mas eu não quis pega-la. Preferi deixar lá. Você a pegou?
EMMA:	Sim.
ROBERT:	Imagino que a apanhou quando saiu ontem à tarde para fazer compras.
EMMA:	Exato.
ROBERT:	Ah bom, ainda bem que pegou.
	( Pausa )
	Honestamente, fiquei bastante surpreso com o fato de terem me dado a carta. Isso jamais teria acontecido na Inglaterra. Mas esses italianos... tudo tão simples, tão fácil. Só porque o meu nome é Downs e o seu também, isso não quer dizer que somos casados como eles, no seu risonho jeito mediterrâneo, imaginam que fossemos. Podíamos ser totalmente estranhos um ao outro, como aliás é bem possível que sejamos. Eu diria que, se eu, que eles tão risonhamente supunham ser seu marido, tivesse pego a carta e tendo me declarado seu marido mas sendo na verdade um estranho, tivesse aberto a carta, lido e depois jogado fora em qualquer canal, você jamais a teria recebido e teria sido privada de seu direito legal de abrir sua própria correspondência. E tudo isso por causa do descaso veneziano pelos direitos alheios. Cheguei a pensar em escrever ao Doge de Veneza sobre isso.
	( Pausa )
	De qualquer modo, foi isso que me impediu de pegar a carta e traze-la para você, - pensar que eu afinal poderia muito bem ser um estranho.
	( Pausa )
	O que eles obviamente não sabiam, e não havia meio de saber, é que eu sou, de fato, seu marido.
EMMA:	Bando de incompetentes.
ROBERT:	Num risonho jeito mediterrâneo de ser.
	( Pausa )
EMMA:	Era de Jerry.
ROBERT:	Eu sei. Eu reconheci a letra.
	( Pausa )
	Como vai ele?
EMMA:	Bem.
ROBERT:	Ótimo. E Judith?
EMMA:	Bem.
	( Pausa )
ROBERT:	E os meninos?
EMMA:	Não me lembro dele te-los mencionado.
ROBERT:	Então devem estar bem. Se estivessem doentes ou qualquer coisa assim ele teria dito.
	( Pausa )
	Alguma novidade?
EMMA:	Não.
	( Silêncio )
ROBERT:	Você que mesmo ir à Torcello?
	( Pausa )
ROBERT:	Quantas vezes mesmo fomos à Torcello? Duas, não foi? Eu lembro de como você gostou de lá quando lhe levei pela primeira vez. Você se apaixonou pelo lugar. Isso foi há dez anos atrás, não foi ? Uns... seis meses depois estávamos casados. Foi. Você lembra? Fico pensando se amanhã você vai gostar tanto de lá como antes.
	( Pausa )
	Você acha que Jerry escreve cartas bem ?
�( Emma ri. Um riso curto, rápido. ) 
	Você está tremendo. Está com frio ?
EMMA:	Não.
ROBERT:	Ele costumava escrever para mim. Longas cartas sobre Ford, Madox Ford. Eu também costumava escrever para ele. Longas cartas sobre ... Ah, W.B.Yeats, eu acho. Foi na época em que éramos editores de revistas de poesia. Ele em Cambridge, eu em Oxford. Você sabia disso? Nós éramos brilhantes. Dois jovens absolutamente brilhantes. E grandes amigos. Mas isso foi muito antes de eu conhecer você. Estou tentando me lembrar quando eu o apresentei à você. Eu simplesmente não consigo lembrar. Acho que eu o apresentei à você, não é ? Sim. Mas quando ? Você lembra ?
EMMA:	Não.
ROBERT:	Não ?
EMMA:	Não.
ROBERT:	Que estranho.
	( Pausa )
ROBERT:	Ele foi padrinho do nosso casamento, não foi ?
EMMA:	Você sabe que foi.
ROBERT:	Ah, claro. Bom, foi provavelmente quando eu o apresentei à você.
	( Pausa )
	Algum recado para mim na carta ?
	( Pausa ) 
	Quero dizer na parte dos negócios, do mundo das editoras e das publicações. Ele descobriu algum talento novo e original ? Jerry tem um talento especial para descobrir novos talentos. 
EMMA:	Nenhum recado.
ROBERT:	Nenhum recado. Nem ao menos o seu afeto ?
	( Silêncio )
EMMA:	Nós somos amantes.
ROBERT:	Ah, sim. Eu imaginei que devia ser algo assim, nas entrelinhas.
EMMA:	Quando ?
ROBERT:	O que ?
EMMA:	Quando você pensou ?
ROBERT:	Ontem. Somente ontem. Quando eu reconheci sua letra na carta. Até ontem eu ignorava. Totalmente.
EMMA: 	Ah.
	( Pausa )
	Sinto muito.
ROBERT:	Sente ?
	( Silêncio )
	Onde isso.... aconteceu ? Deve ser um pouco complicado. Quer dizer ... nós temos dois filhos, ele também tem dois filhos, isso sem mencionar a mulher.
EMMA:	Nós temos um apartamento.
ROBERT:	Ah. Sei.
	( Pausa )
	Bonito ?
	( Pausa )
	Um apartamento. Está bem estabelecido, então, o seu ... ããm... affair ?
EMMA:	É.
ROBERT:	Há quanto tempo ?
EMMA:	Algum tempo.
ROBERT:	Sim, mas há quanto tempo exatamente.
EMMA:	Cinco anos.
ROBERT:	CINCO ANOS ? !!! 
	( Pausa )
	Ned tem um ano de idade.
	( Pausa )
	Você ouviu o que eu disse ?
EMMA:	Ouvi. Ele é seu filho. Jerry estava na América. Por dois meses.
	( Silêncio )
ROBERT:	Ele escreveu para você da América ?
EMMA:	Claro. E eu escrevi para ele. 
ROBERT:	Você lhe disse que estava grávida ?
EMMA:	Não por carta.
ROBERT:	Mas quando você disse à ele, ele ficou contente em saber que eu ia ser pai ?
	( Pausa )
	Eu sempre gostei de Jerry. Para dizer a verdade eu sempre gostei mais dele do que de você. Talvez eu devesse ter tido um caso com ele. Eu. 
	( Silêncio )
	Diga, você quer mesmo ir à Torcello amanhã ?
******************************
CENA VI
	Apartamento. 1973. Verão.
	( Emma e Jerry, de pé, se beijam. Ela está segurando uma cesta e um pacote. )
EMMA:	Querido.
JERRY:	Querida.
	( Ele continua a abraça-la. Ela ri )
	O que tem aí dentro?
EMMA: O almoço.
JERRY:	O que é?
EMMA:	Coisas que você gosta.
	( Ele serve o vinho )
	Então, como estou?
JERRY:	Linda.
EMMA:	Estou bem?
JERRY:	Muito.
	( Ele lhe dá o vinho )
EMMA:	( Provando ) Mmmm.
JERRY:	Como foi ?
EMMA:	Maravilhoso.
JERRY:	Você foi à Torcello?
EMMA:	Não.
JERRY:	Por que não?
EMMA:	Ah, eu não sei. As lanchas estavam em greve ou algo assim.
JERRY:	Em greve?
EMMA:	Sim. Bem no dia em que íamos até lá.
JERRY:	Oh. E as gôndolas?
EMMA:	Você não pode ir de gôndola à Torcello.
JERRY:	Bom, era o que usavam nos velhos tempos, não? Antes das barcas-rápidas. Como você pensa que se ia até lá?
EMMA:	Levaria horas.
JERRY:	É, acho que sim. 
	( Pausa )
	Recebi sua carta.
EMMA:	Bom.
JERRY:	Recebeu a minha ?
EMMA:	Claro. Sentiu minha falta ?
JERRY:	Senti. Na verdade não andei muito bem.
EMMA:	O que foi ?
JERRY:	Oh, nada. Gripe.
	( Ela o beija )
EMMA:	Senti saudades.
	( Ela se vira, olhando em volta. )
	Você não esteve aqui ... nenhuma vez ?
JERRY:	Não.
EMMA:	Precisa de uma boa arrumada.
JERRY:	Depois.
	( Pausa )
	Falei com Robert esta manhã.
EMMA:	É?
JERRY:	Vou leva-lo para almoçar na quinta feira.
EMMA:	Quinta ? Por que ?
JERRY:	É minha vez.
EMMA:	Não, por que você vai leva-lo para almoçar ?
JERRY:	Porque é a minha vez. Da última vez foi ele quem me levou para almoçar.
EMMA:	Você sabe o que eu quero dizer.
JERRY:	Não. O que ?
EMMA:	Qual é o motivo do almoço ?
JERRY:	Motivo nenhum. Nós simplesmente fazemos isso há anos. A vez dele seguida da minha vez.
EMMA:	Você não me entendeu.
JERRY:	Não ? Como ?
EMMA:	Bem, é simples, você sempre o encontra ou almoça com ele para discutir sobre um escritor em particular ou um determinado livro, não é ? Então esses encontros ou almoços tem um objetivo.
JERRY:	Bom, esse não tem.
	( Pausa )
EMMA:	Você não descobriu nenhum novo escritor enquanto eu estava fora?
JERRY:	Não. Sam caiu da bicicleta.
EMMA:	Não !
JERRY:	Ele desmaiou. Ficou fora do ar por um minuto. 
EMMA:	Você estava com ele ?
JERRY:	Não. Judithestava. Ele esta bem. E depois eu tive uma gripe.
EMMA:	Oh, querido.
JERRY:	Então eu não tive tempo para nada.
EMMA:	Tudo vai ficar bem agora que estou de volta.
JERRY:	É.
EMMA:	Ah, eu li o tal Spinks, o livro que você me deu.
JERRY:	O que achou ?
EMMA:	Excelente.
JERRY:	Robert odiou. Não quer publica-lo.
EMMA:	Do que ele gosta ?
JERRY:	Quem ?
EMMA:	Spinks.
JERRY:	Spinks ? Ele é um sujeito magro ... Cerca de cinqüenta anos. Usa óculos escuros dia e noite. Vive sozinho num apartamento mobiliado. Na verdade muito parecido com este aqui. Ele é ... pacato, acomodado.
EMMA:	Apartamentos mobiliados combinam com ele é?
JERRY:	Sim. 
EMMA:	Servem para mim também. E pra você? Você ainda gosta? Do nosso cantinho ?
JERRY:	É maravilhoso simplesmente não ter um telefone.
EMMA:	E é maravilhoso ter a mim ?
JERRY:	Claro. Você esta certa.
EMMA:	Eu cozinho e faço tudo pra você. 
JERRY:	É verdade.
EMMA:	Eu trouxe uma coisa de Veneza - para a casa.
	( Ela abre o pacote, tira uma toalha de mesa e a coloca sobre a mesa)
EMMA:	Gostou ?
JERRY:	É linda.
	( Pausa )
EMMA:	Você acha que algum dia iremos juntos à Veneza ?
	( Pausa )
	Não. Provavelmente não.
	( Pausa )
JERRY:	Você não está pensando que eu vou encontrar Robert na quinta ou sexta feira, para isso não é ?
EMMA:	Por que você diz isso ?
JERRY:	Você acha que eu não devo mesmo vê-lo, não é ?
EMMA:	Eu não disse isso. Como você poderia deixar de vê-lo ? Não seja bobo.
	( Pausa )
JERRY:	Passe por um tremendo susto quando você estava fora. Eu estava acertando um contrato, em meu escritório, com alguns advogados. E de repente, eu não conseguia lembrar o que eu tinha feito com a sua carta. Eu não conseguia lembrar se eu a havia guardado na pasta. Disse que precisava procurar algo. Abri a pasta. Ela não estava lá. Eu tinha de ir adiante com aquele maldito contrato ... e ficava imaginando a carta largada em algum lugar da casa, sendo encontrada ...
EMMA:	Você a encontrou ?
JERRY:	Estava no bolso de uma jaqueta - no meu armário - em casa. 
EMMA:	Ótimo.
JERRY:	Aconteceu uma coisa há alguns meses atrás - eu não te contei. Uma noite, nós nos encontramos para um drinque. Bom, tivemos nosso drinque e quando voltei para casa lá pelas oito horas Judith me advertiu que eu estava um pouco atrasado. Eu me desculpei e disse que estava tomando um drinque com Spinks. Spinks, disse ela, que estranho, ele acabou de telefonar, ha cinco minutos atrás, dizendo que queria falar com você e ele não mencionou que vocês já se haviam visto. Você conhece o Spinks, eu disse. Ele provavelmente lembrou de alguma coisa que esqueceu de me dizer. Eu telefono pra ele mais tarde. Subi para ver as crianças e depois fomos todos jantar.
	( Pausa )
	Olha. Você lembra - quando foi isso? - há poucos anos atrás, nós estávamos todos na sua cozinha - deve ter sido no Natal ou algo assim - você lembra, todas as crianças correndo em volta e de repente eu peguei Charlotte e a levantei alto, alto e depois para baixo e pra cima. Você lembra como ela riu ?
EMMA:	Todos nós rimos.
JERRY:	Ela era tão leve. E lá estavam seu marido e minha mulher e as crianças, todos lá, de pé, rindo, na sua cozinha. Eu não consigo esquecer isso.
EMMA:	Na verdade, foi na sua cozinha.
	( Ele pega a mão de Emma. Eles se olham. Vão para a cama e deitam. )
EMMA:	Por que você não poderia pega-la no colo ?
	( Ela o acaricia. Eles se abraçam. )
 
***************
	
 
 
	
CENA VII 
Restaurante. 1973 Verão.
 ( Robert á mesa bebe vinho branco. O garçon conduz Jerry até a mesa. Jerry senta. )
JERRY:	Oi, Robert.
ROBERT:	Oi. 
JERRY:	( Para o garçon ) Eu vou querer um Scotch com gelo.
GARÇON:	Com água ?
JERRY:	O que ?
GARÇON:	Deseja o Schotch com gelo e água ?
JERRY:	Não. Sem água. Só com gelo.
GARÇON:	Certamente signore.
ROBERT:	Scotch ? Você não costuma beber Scotch na hora do almoço.
JERRY:	É que eu peguei uma gripe.
ROBERT:	Ah.
JERRY:	E a única maneira de me livrar da gripe foi o Scotch - na hora do almoço e de noite. Por isso eu ainda estou bebendo Scotch no almoço para evitar que ele volte.
ROBERT:	Exatamente como ... uma maçã por dia.
JERRY:	Exatamente.
	( O garçon traz o Scotch com gelo. )
JERRY:	Saúde.
ROBERT:	Saúde.
GARÇON:	O menu, signori.
	( Ele entrega o menu à Robert e Jerry e sai )
ROBERT:	E como você vai? Fora a gripe, é claro.
JERRY:	Bem. 
ROBERT:	Pronto para um squash ?
JERRY:	Quando ficar livre da gripe, tudo bem.
ROBERT:	Eu pensei que você já estivesse livre dele.	
JERRY:	Por que você acha que eu ainda estou bebendo Scotch no almoço ?
ROBERT:	Ah, claro. Mas precisamos jogar. Já não jogamos há anos.
JERRY:	Com quantos anos você está agora ?
ROBERT:	Trinta e seis.
JERRY:	Isso quer dizer que eu também estou com trinta e seis.
ROBERT:	Se você já completou ...
JERRY:	Meio violento, o squash.
ROBERT:	Me liga. Combinamos um jogo. 
JERRY:	Que tal Veneza ?
GARÇON:	Prontos para o pedido, senhores ?
ROBERT:	O que você vai querer ?
	( Jerry olha para ele, brevemente, depois volta a consultar o menu )
JERRY:	Eu vou querer melone. E Piccata al limone com salada verde.
GARÇON:	Insalata verde. Prosciutto e melone ?
JERRY:	Não. Só melone. No gelo.
ROBERT:	Eu vou querer Prosciutto e Melone. Scampi frito. E espinafre.
GARÇON:	E spinaci. Grazie, signore.
ROBERT:	E uma garrafa de Corvo Bianco agora.
GARÇON:	Si, signore. Molte grazie.
	( O garçon sai )
JERRY:	Esse é aquele que sempre esteve aqui ou é o filho dele ?
ROBERT:	Você quer saber se o filho dele sempre esteve aqui ?
JERRY:	Não. Ele é o seu filho? Quer dizer, é ele o filho daquele que sempre esteve aqui?
ROBERT:	Não, ele é o pai.
JERRY:	Ah. É ?
ROBERT:	Ele é aquele que fala um excelente italiano.
JERRY:	É. O seu italiano é bastante bom, não é ?
ROBERT:	Não. De jeito nenhum.
JERRY:	É sim. 
ROBERT:	Não. O italiano de Emma é que é muito bom. Emma fala o italiano muito bem.	
JERRY:	É mesmo ? Eu não sabia disso.
	( Chega o garçon com a garrafa de vinho )
GARÇON:	Corvo Bianco, signore.
ROBERT:	Obrigado.
JERRY:	Mas afinal, como foi ? Veneza.
GARÇON:	Veneza, signore ? Bela. O mais belo lugar da Itália. Esta vendo aquela quadro na parede ? É Veneza.
ROBERT:	De fato.
GARÇON:	O senhor sabe o que não existe em Veneza ?
JERRY:	O que ?
GARÇON:	Trânsito.
	( O garçon se afasta, sorrindo. )
ROBERT:	Saúde.
JERRY:	Saúde.
ROBERT:	Quando você esteve lá pela última vez ?
JERRY:	Ah, anos.
ROBERT:	Como vai Judith ?
JERRY:	O que ? Ah, bem, você sabe. Sempre ocupada.
ROBERT:	E as crianças ?
JERRY:	Bem. Sam caiu -
ROBERT:	O que ?
JERRY:	Não, não, nada. Então, como foi ?
ROBERT:	Você costumava ir lá com Judith, não é ?
JERRY:	Sim, mas não vamos lá há anos.
	( Pausa )
	E Charlotte ? Ela gostou ?
ROBERT:	Acho que sim.
	( Pausa )
	Eu gostei.
JERRY:	Ótimo.
ROBERT:	Eu fui à Torcello.
JERRY:	Mesmo ? É um lugar maravilhoso.
ROBERT:	Um dia incrível. Acordei bem cedo e - whoomp - direto através da lagoa - para Torcello. Nenhuma viva alma.
JERRY:	O que é o Woomp ?
ROBERT:	Lancha rápida.
JERRY:	Ah. Eu pensei - 
ROBERT:	O que ?
JERRY:	Faz tanto tempo, eu obviamente estou enganado. Eu pensei que se ia à Torcello de gôndola.
ROBERT:	Isso levaria horas. não, não, - whoomp - através da lagoa ao amanhecer.
JERRY:	Parece ótimo.
ROBERT:	Eu estava totalmente só.
JERRY:	E Emma onde estava ?
ROBERT:	Dormindo, eu acho.
JERRY:	Ah.
ROBERT:	Fiquei sozinho por horas na ilha... Pra dizer a verdade, foi o ponto alto da viagem.
JERRY:	Mesmo ? Bom, parece ter sido mesmo maravilhoso.
ROBERT:	Foi. Sentei na grama e li Yeats.
JERRY:	Yeats em Torcello?
ROBERT:	Eles vão bem um com ooutro.
	( Chega o garçon com a comida )
GARÇON:	Um melone. Um prosciutto e melone.
ROBERT:	O prosciutto é para mim.
GARÇON:	Buon appetito.
ROBERT:	Emma leu aquele romance daquele seu protegido - como é mesmo o nome dele ?
JERRY:	Eu não sei. Qual ?
ROBERT:	Spinks.
JERRY:	Ah, Spinks. Sim. Aquele que você não gostou.
ROBERT:	Aquele que eu não publicaria.
JERRY:	Eu me lembro. Emma gostou ?
ROBERT:	Ela pareceu ter ficado loucamente apaixonada por ele. 
JERRY:	Bom.
ROBERT:	Você também gosta, não é ?
JERRY:	Gosto.
ROBERT:	E é um grande sucesso ?
JERRY:	É.
ROBERT:	Diga-me, você acha que isso fez de mim um editor de julgamento crítico invulgar ou um editor leviano ?
JERRY:	Um editor leviano.
ROBERT:	Concordo. Eu sou um editor muito leviano.
JERRY:	Não, não é. Do que é que você está falando? Você é um bom editor. O que está dizendo ?
ROBERT:	Eu sou um mau editor porque eu detesto livros. Ou para ser mais exato, prosa. Ou para ser ainda mais preciso, prosa moderna. Quero dizer, romances modernos, primeiras obras e segundas obras, todas aquelas promessas e sensibilidades que vem até mim para julgar, para tornar a obra vendável, e depois empurrar para o terceiro romance, vê-lo pronto, ver a sobre capa feita, o jantar para a Associação Nacional de Editores Literários realizado, ver a sessão de autógrafos concretizada, ver o felizardo do autor liquidar consigo mesmo, tudo em nome da literatura. Você sabe o que você e Emma tem em comum? Vocês adoram literatura. Quer dizer, vocês adoram a prosa literária moderna, vocês adoram o novo romance dos estreantes Casey ou Spinks. Isso excita vocês, faz vibrar.
JERRY:	Você deve estar puto.
ROBERT:	Mesmo? Quer dizer que você não acha que isso deixa Emma excitada?
JERRY:	Como vou saber? Ela é sua mulher.
	( Pausa )
ROBERT:	Sim, sim. Você está certo. Eu não devia ter te perguntado. Eu não devia ter de perguntar à ninguém.
JEERY:	Eu gostaria de um pouco mais de vinho.
ROBERT:	Sim, sim. Garçon! Outra garrafa de Corvo Bianco. E a nossa comida? Este lugar está decaindo. Imagine você que é pior em Veneza. Eles na verdade não dão a mínima puta importância. Eu não estou bêbado. Não se pode ficar bêbado com Corvo Bianco. Imagina que ... na noite passada ... eu fiquei acordado até tarde ... eu detesto brandy ... cheira à literatura moderna. Não, olha, eu sinto muito ... 
	( Chega o Garçon com uma garrafa de vinho )
GARÇON:	Corvo Bianco.
ROBERT:	Mesmo copo. E o nosso almoço?
GARÇON:	Já vem.
ROBERT:	Eu sirvo.
	( O Garçon se afasta levando os pratos de melão )
	Não, olha, eu sinto muito, toma um outro drink. Vou lhe dizer o que é. É que eu não suporto estar de volta à Londres. Apenas isso. Eu estava feliz, coisa tão rara, não em Veneza, não é isso, quero dizer em Torcello, quando eu vaguei por Torcello, de manhãzinha, sozinho, eu fui feliz, eu queria ficar lá para sempre.
JERRY:	Nós todos ...
ROBERT:	Sim, nós todos... sentimos isso alguma vez. Ah, você já sentiu, não é?
	( Pausa )
	Isto é, não há nada de errado, sabe? Eu tenho uma família. Emma e eu estamos muito bem juntos. Eu percebo o mundo dela. E na verdade eu acho Casey um escritor de primeira linha.
JERRY:	Você acha mesmo?
ROBERT:	Primeira linha. Eu me orgulho de publicá-lo e você o descobriu e foi muito engenhoso de sua parte. 
JERRY:	Obrigado.
ROBERT:		Você tem um bom faro e você se importa. E eu respeito isso em você. Emma também. Nós seguido falamos sobre isso.
JERRY:	Como vai Emma ?
ROBERT:	Muito bem. Você precisa aparecer para um drink um dia destes. Ela vai adorar ver você.
**********************
CENA VIII
	( Apartamento. 1971. Verão )
	( Apartamento vazio. Porta da cozinha aberta. Mesa posta: louça, copos, garrafa de vinho.
	Jerry chega vindo da porta da frente, tendo entrado com sua própria chave.)
JERRY:	Hellooou.
	( Voz de Emma vindo da cozinha )
EMMA:	Hellooou.
	( Emma vem da cozinha. Ela está usando um avental. )
EMMA:	Eu recém cheguei. Queria ter chegado muito antes. Estou preparando esta carne. Vai levar horas.
	( Ele a beija )
	Está com fome ?
JERRY:	Estou.
	( Ele a beija )
EMMA:	Não. Assim eu nunca vou conseguir preparar esta carne. Sente quieto. Vou coloca-la no forno.
JERRY:	Lindo avental.
EMMA: 	Gostou?
	( Ela beija Jerry e vai para a cozinha. Ela pede, ele serve o vinho. )
	O que andou fazendo ?
JERRY: 	Nada de mais. Andei pelo parque.
EMMA:	Que tal ?
JERRY:	Lindo. Vazio. Uma ligeira névoa.
	( Pausa )
	Eu sentei por um instante, de baixo de uma árvore. Estava tudo tão quieto. Fiquei olhando....
	
	( Pausa )
EMMA:	E então ?
JERRY:	Então peguei um taxi para Wessex Grove. Número 31. Aí subi os degraus e abri a porta da frente e depois subi as escadas e abri esta porta e encontrei você vestindo um avental novo, preparando um assado.
	( Emma vindo da cozinha )
EMMA:	Está pronto.
JERRY:	Que já está pronto.
	( Emma serve-se de vodka )
JERRY:	Vodka? Na hora do almoço?
EMMA:	Deu vontade.
	( Emma bebe )
EMMA:	Encontrei Judith ontem. Ela lhe contou?
JERRY:	Não, não contou.
	( Pausa )
	Onde?
EMMA:	No almoço.
JERRY:	No almoço?
EMMA:	Ela não lhe disse?
JERRY:	Não. 
EMMA:	Que estranho.
JERRY:	Como almoço? Onde?
EMMA:	No Fortnum and Mason’s.
JERRY:	Fortnum and Mason’s? Que raios ela estava fazendo no Fortnum and Mason’s ?
EMMA:	Almoçando com uma moça.
JERRY:	Uma moça?
EMMA:	É.
	( Pausa )
JERRY:	Fortnum and Mason’s é bem distante do hospital .
EMMA:	Claro que não.
JERRY:	É ... acho que não.
	( Pausa )
	E você ?
EMMA:	Eu ?
JERRY:	O que você estava fazendo no Fortunm and Mason’s ?
EMMA:	Almoçando com minha irmã.
JERRY:	Ah.
	( Pausa )
EMMA:	Judith ... não lhe disse ?
JERRY:	Eu na verdade nem a vi. Estive fora até tarde ontem à noite, com Casey. E ela saiu muito cedo esta manhã.
	( Pausa )
EMMA:	Você acha que ela sabe ?
JERRY:	Sabe o que ?
EMMA:	Será que ela sabe? Sobre nós ?
JERRY:	Não.
EMMA:	Tem certeza ?
JERRY:	Ela é tão ocupada. No hospital. E mais as crianças. Ela não tem tempo para ... especulações.
EMMA:	Mas e quanto as pistas ? Ela não se interessa ... em seguir pistas ? 
JERRY:	Que pistas ?
EMMA:	Bom, deve existir alguma ... ao alcance dela ... para apanhar.
JERRY:	Não há nada ... ao alcance dela. 
EMMA:	Ah. Bom ... ainda bem.
	( Pausa )
JERRY:	Ela tem um admirador.
EMMA:	Mesmo ?
JERRY:	Um médico. Ele costuma convida-la para um drinque. É ... irritante. Quer dizer, ela diz que é só isso. Ele gosta dela, ela o acha um cara legal, etcetera, etcetera ... talvez seja isso que eu acho irritante. Não saber exatamente o que está acontecendo. .
EMMA:	Ora, por que ela não poderia ter um admirador ? Eu tenho um.
JERRY:	Quem ?
EMMA:	Ããhm ... você, eu acho.
JERRY:	Ah. Claro.
	( Ele pega a mão dela )
	Eu sou mais do que isso.
	( Pausa )
EMMA:	Diga ... você alguma vez já pensou ... em mudar sua vida.
JERRY:	Mudar?
EMMA:	Humhum.
	( Pausa )
JERRY:	Impossível.
	( Pausa )
EMMA:	Você acha que ela tem sido infiel à você?
JERRY:	Não. Eu não sei.
EMMA:	Quando você esteve há pouco na América, por exemplo?
JERRY:	Não.
EMMA:	Você já foi infiel ?
JERRY:	À quem ?
EMMA:	À mim, é claro.
JERRY:	Não.
 	( Pausa )
	E você ... à mim ?
EMMA:	Não.
	( Pausa )
	E se ela fosse, o que você faria?	
JERRY:	Ela não é. Ela é muito ocupada. Ela tem muita coisa para fazer. Ela é uma boa médica. Ela gosta da vida dela. Ela adora as crianças.
EMMA:	Ah.
JERRY:	Ela me ama.
	( Pausa)
EMMA:	Ah.
	( Silêncio )
JERRY:	Isso tudo significa alguma coisa.
EMMA:	Certamente que sim.
JERRY:	Mas eu te adora.
	( Pausa )
	Eu te adoro.
	( Emma pega a mão dele )
EMMA:	Sei.
	( Pausa )
	Escuta. tem uma coisa que eu precisolhe dizer.
JERRY:	O que é ?
EMMA:	Eu estou grávida. Foi quando você estava na América.
	( Pausa )
JERRY:	Sei. Sim, é claro. 
	( Pausa )
JERRY:	Bom, fico feliz por você.
*************
CENA IX
	Casa de Robert e Emma. Dormitório. 1968. Inverno.
	( O quarto estava fracamente iluminado. Jerry está sentado nas sombras. Ouve-se vagamente uma música através da porta.
	A porta se abre. Luz. Emma entra, fecha a porta. Vai até o espelho, e vê Jerry. )
EMMA:	Meu Deus.
JERRY:	Eu estava esperando por você.
EMMA:	O que quer dizer ?
JERRY:	Eu sabia que você viria.
	( Ele bebe )
EMMA: 	Eu vim para pentear o cabelo.
	( Ele se levanta )
JERRY:	Eu sabia. Eu sabia que você viria pentear o cabelo. Eu sabia que você teria que fugir da festa,
	( Ela vai até o espelho, e penteia o cabelo. Ele a observa.)
	Você é uma linda anfitriã.
EMMA:	Não está gostando da festa ?
JERRY:	Você é linda.
	( Ele vai até ela )
	Escuta. Eu fiquei olhando pra você a noite toda. Eu preciso lhe dizer, eu quero te dizer, eu tenho que te dizer -
EMMA:	Por favor - 
JERRY:	Você é incrível.
EMMA:	Você está bêbado.
JERRY:	Não importa.
	( Ele a abraça )
EMMA:	Jerry.
JERRY:	Eu fui padrinho no seu casamento. Eu vi você toda de branco. Eu vi você deslizar de branco.
EMMA:	Eu não estava de branco.
JERRY:	Você sabe o que deveria ter acontecido ?
EMMA:	O que ?
JERRY:	Eu devia ter tido você, de branco, depois do casamento. Eu devia ter conspurcado você em seu branco vestido de noiva, antes de conduzi-la ao altar como seu padrinho.
EMMA:	O padrinho de meu marido. Seu padrinho e seu melhor amigo. 
JERRY:	Não. O seu homem.
EMMA:	Eu preciso voltar.
JERRY:	Você é adorável. Eu estou louco por você. Todas estas palavras que estou dizendo, entende, nunca foram ditas antes. Eu nunca disse isso para ninguém. Você não vê? Eu estou louco por você. Você já esteve no deserto do Sahara? Escuta. É verdade. Escuta. Você me subjugou, me dominou completamente. Você é tão adorável.
EMMA: 	Não. Eu não sou.
JERRY:	Você é tão linda. Olha o jeito que você olha para mim.
EMMA:	Eu não estou ...olhando para você. Por favor.
JERRY:	Olha o jeito que você está olhando para mim. Eu não posso esperar por você, eu estou perplexo, estou totalmente derrubado, você me deslumbra, me encanta, jóia, minha jóia, eu não poderei nunca mais dormir, não, escuta, é verdade, não poderei andar, serei um paralítico, vou cair , definhar até a total paralisia, minha vida está em suas mãos, é a isso que você está me condenando, à um estado de catatonia, você conhece o estado de catatonia ? Conhece? Conhece? o estado de ... onde o príncipe reinante é o príncipe do vazio, o príncipe da ausência, o príncipe da desolação. Eu te amo. 
EMMA:	Meu marido está do outro lado daquela porta.
JERRY:	Todo mundo sabe. O mundo sabe. Ele sabe. Mas eles nunca saberão, eles nunca saberão, eles estão num outro universo. Eu adora você. Eu estou loucamente apaixonado por você. Eu não posso acreditar que o que todos nesse momento estão dizendo que aconteceu, aconteceu. Nada aconteceu. Nada. Isso é a única coisa que jamais aconteceu. Seus olhos me matam. Eu estou perdido. Você é maravilhosa.
EMMA:	Não.
JERRY:	Sim.
	( Ele a beija. 
	 Ela se afasta.
	 Ele a beija de novo.
 
	 Risos lá fora.
	 Ela escapa dele.
	 A porta se abre. Robert. )
EMMA:	Seu melhor amigo está bêbado.
JERRY:	Como você é o meu mais antigo e melhor amigo e, no presente momento, meu anfitrião, eu decidi aproveitar a oportunidade para dizer à sua mulher como ela estava linda.
ROBERT:	Certo.
JERRY	É certo ... encarar os fatos ... e dar uma prova, sem se envergonhar, uma prova de sua pura, genuína apreciação, sem barreiras, sem censura.
ROBERT:	Perfeitamente.
JERRY:	E como é maravilhoso para você que assim seja, que esta é a prova, que nesse caso é a sua beleza.
ROBERT:	Certo.
	( Jerry se aproxima de Robert e o pega pelo braço)
JERRY:	Eu falo como seu velho amigo. Seu padrinho.
ROBERT:	Você é, realmente.
	( Robert bate levemente no ombro de Jerry, vira-se e sai do quarto.
	 Emma se dirige para a porta. Jerry pega seu braço. 
	 Ema pára, rígida.
	 Eles ficam parados, se olhando. 
	
 
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