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Entre Amigas

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Entre Amigas por bee 
Capítulo 1 
 
Por que será que todo começo de ano a gente acha que aquele vai ser “O SEU 
ANO”?!?! Não sei. Mas realmente estava pressentindo que esse ano seria 
realmente muito diferente. Acho que é porque passei no vestibular e vou 
começar a cursar a faculdade, o que é uma coisa novíssima pra mim. Melhor, 
talvez esse ano eu ganhe na mega-sena... AHHH... Mas eu nem jogo...! Bom, o 
que vai ser só o “ano” pode me dizer. 
 
A verdade é que aqui em casa tá uma confusão nos últimos meses e não sei 
se é isso que está me deixando com essa ansiedade ultimamente...! 
 
Bom, nem tenho uma casa propriamente dita. Minha mãe é governanta de uma 
família há muito tempo, antes mesmo de eu nascer, então, sempre morei com 
ela na casa dos Legrand, que adotei como minha família. Ou será que eles me 
adotaram? Que seja! Na realidade não conheço meu pai e minha mãe herdou o 
posto de governanta da minha avó, que já trabalhava e morava com a família. 
Então, desde que eu me conheço por gente, vivo dentro desse apartamento, 
imenso, diga-se de passagem. Gosto muito de viver aqui com os Legrand, 
espaço é o que não falta nesse triplex. Apesar de serem de uma família da alta 
sociedade paulistana são pessoas de coração muito bom. 
 
Bom, mas como ia dizendo, aqui tá uma confusão. O dono da casa, chefe da 
minha mãe, o seu Henrique Legrand, está trazendo de volta da Europa a Alice, 
sua filha que tem a minha idade, 18 anos. 
 
Quando tínhamos mais ou menos 7, eu e a Alice éramos melhores amigas... O 
seu Henrique sempre foi um cara bacana e nunca proibiu a filha dele de brincar 
com a filha da governanta. Mas quando a Alice fez 8 anos ele a mandou pra 
Europa morar com a mãe dela, que é francesa, convencido de que o velho 
mundo lhe daria um suporte melhor no seu crescimento. 
 
Alice sempre passou épocas diferentes em vários países fazendo cursos de 
dança, seguindo o caminho da mãe que é bailarina. Minha mãe sempre disse... 
“a Europa é pouco demais para Alice. O Brasil sim é o país de todos os 
ritmos!”. Na época fiquei super borocoxô, afinal, Alice era minha melhor amiga 
e a gente se divertia demais, mas no fim as amiguinhas do colégio me 
distraíram bastante. A gente também tinha o mesmo círculo de amizade porque 
o seu Henrique sempre fez questão de eu estudar no mesmo colégio da filha 
dele. Acho que pela consideração à minha mãe, e mesmo depois que a Alice 
foi pra Europa, continuei estudando no mesmo colégio. 
 
Acontece que depois dos nossos 8 anos perdi totalmente o contato com Alice, 
naquela idade a gente nem se “ligava” em falar por telefone e fofocar, a gente 
queria bagunçar, e já que não dava mais, pra que conversar?! Hoje já não 
penso mais assim, claro, e confesso que sempre senti saudades da Alice. A 
gente sempre se deu muito bem e pra falar a verdade é bem isso que me deixa 
cada dia mais ansiosa... Será que ela vai se lembrar de mim e de tudo que a 
gente, com poucos anos de vida, já viveu?!?! 
 
Na verdade eu nem sei como a Alice está hoje, não sei se vamos voltar a ser 
amigas por causa dos muitos anos que se passaram, não sei quais são seus 
costumes e gostos. Será que ela ainda se enche de sorvete de pistache e 
balas de goma com açúcar?! Sei lá! Que pensamento mais infantil! 
 
Bom, agora o seu Henrique decidiu trazer a filha de volta pra ver se ela tem 
vocação para cuidar dos negócios da família, já que a garota é a única 
herdeira. Ele tá super animado e empolgado. O apartamento todo foi reformado 
pra chegada da Alice e ela ganhou o terceiro piso, a cobertura do prédio, 
somente para ela. 
 
O seu Henrique acha que a Alice já é uma garota super independente e precisa 
do espaço dela para se sentir mais à vontade e livre, como ela foi acostumada 
na Europa. Ele vivia me pedindo dicas de decoração e de como deveria ficar o 
“espaço” por eu ter a mesma idade dela... Até dei uns toques de como acho 
que ficaria legal, mas o meu mundo realmente é bem diferente do dela e pode 
ser que os meus gostos, também, afinal, durmo no primeiro andar, num quarto 
onde eu mesma decorei, mas que por sorte é só meu. 
 
O vôo dela chegaria somente na próxima semana. 
 
Então, uma semana antes fui pro cinema, com a Dani e a Mari. Elas são 
minhas amigas desde a época que eu e a Alice entramos no colégio, e 
realmente são minhas melhores amigas. Sou uma pessoa de poucos amigos e 
bem tímida, o que dificulta um pouco a minha aproximação para com as 
pessoas, mas amo incondicionalmente as poucas que tenho perto de mim. A 
Dani é morena, baixinha de cabelos lisos. É a palhaça, desbocada e 
debochada, cara de pau ao extremo, é o tipo de pessoa que faz a gente 
queimar o filme e mesmo assim conseguimos rir da situação. Já a Mari é 
totalmente o contrário. É completamente meiga, mas ao mesmo tempo forte e 
determinada. O que eu acho mais bonitinho nela são as sardinhas sob o nariz e 
a bochecha... Uma típica ruivinha que arrasa o coração dos moçoilos! 
 
Foi quando, no meio do filme, meu celular começa a vibrar na bolsa, olhei no 
visor e era a minha mãe, achei melhor sair da sala e atender porque ela só me 
ligava nessas ocasiões em caso de extrema urgência. 
 
Laura: oi, dona Lúcia! -- ela odiava quando a chamava assim, HÁ. 
 
Mãe: Laura, filha, assim que acabar o filme vem pra casa que a Alice chegou 
de surpresa! -- ela nem ligou pro “dona Lúcia”. 
 
Laura: Como assim?! Ela não vinha só semana que vem?! -- eu comecei a suar 
frio, aquilo realmente me pegou de surpresa e de repente eu tava com medo de 
voltar pra casa. 
 
Mãe: É, mas a garota chegou de surpresa até mesmo para o seu Henrique... E 
ela perguntou de você! -- eu só consegui ficar muda. -- Laura?! Alô?! 
 
Laura: tá bom mãe, logo tô em casa. 
 
Nem quis mais saber de assistir nada, passei o resto do tempo só pensando, 
pensando e pensando. Até que o filme acabou. E decidimos tomar um milk-
shake. Sim, eu estava embaçando o meio de campo para ir pra casa. 
 
Dani: Laura, que foi?! Você, sei lá, tá toda estranha. 
 
Laura: minha mãe ligou -- depois de um tempo eu consegui concluir a frase -- e 
disse que a Alice chegou de surpresa uma semana antes!!! 
 
Mari: não creiooooooooooo, que máximo, você não tem noção da curiosidade 
que eu tô de ver ela. 
 
Dani: Nóóóóóóóóóóó Lauraaaaaaaa, o que você tá esperando?!?! Vai pra casa 
e depois liga pra gente pra combinarmos de sair pra reencontrar a Alice! -- já 
indo em direção à porta do shopping pra eu pegar um táxi. 
 
Minhas amigas estavam praticamente me expulsando! Mas seria ridículo se eu 
dissesse que eu tava com medo de ver a Alice enquanto elas estavam mega 
animadas. 
 
Sem opção, peguei um táxi e fui pra casa, quando cheguei minha mãe mais do 
que rápido me chamou lá pra cozinha: 
 
Mãe: Laura do céu, a Alice quer te ver, fala um oi rápido e vai se arrumar 
porque o seu Henrique inventou um jantar de boas vindas pra hoje à noite! 
 
Laura: Mããããeeeee, mas que jantar? Você sabe que eu odeio as cerimônias 
do seu Henrique. 
 
Mãe: Eu sei, mas ele faz questão que a gente participe! 
 
Laura: Tá, então eu vejo a Alice no jantar, certo? -- tentando dar uma de 
desentendida pra adiar um pouco mais o tal encontro. 
 
Mãe: Claro que não, ela pediu para que assim que você chegasse, subisse pra 
cobertura para vê-la! -- não sei por que, mas eu tava tão incomodada e tão 
insegura -- e vaaaiii, que ela tá esperando, menina. 
 
Laura: Tá tá, to indoooooo!!! -- e saí batendo o pé. 
 
Preferi ir de escadas pra atrasar um pouco mais... No caminho tentei descobrir 
o porquê desse negócio estranho dentro de mim, uma mistura de felicidade e 
medo, não sei, eu queria vê-la, mas não sabia se ia superar as expectativas... 
A Alice pra mim era um enigma agora!!! 
 
Parei num banheiro no segundo andar e lavei o rosto, eu tava suando frio. Dei 
uma ajeitada com a mão no cabelo... Gosto quando ele fica com aquele ar de 
“bagunçado arrumado”. 
 
“Ainda bem que aquelas franjas já cresceram, não sei por que eu tive a maldita 
ideia de cortá-las tão curtas da última vez, já dá pra disfarçarjogando-as pra 
trás”. 
 
Sempre quis mudar a cor dos meus cabelos, mas eles são pretos demais, 
minhas amigas acham lindo e dizem que ondulado com cachos na ponta voltou 
na moda. Revi o visual e percebi que até gostava de como aquela calça jeans e 
a regata branca vestiam no meu corpo. 
 
“Ainda bem que fiz a sobrancelha, tava uma taturana. Ai, acho que preciso de 
um bronze, tô mais branca que uma vela”. 
 
Minha mãe tinha mania de me chamar de branca de neve por causa da pele 
branquinha, dos cabelos e olhos bem negros e da boca bem vermelha. Esse 
apelido realmente me irritava... 
 
“Ei, peraí, se concentra, Laura! Não pode ver um espelho que já fica enroscada 
na frente?!” 
 
Respirei fundo e depois daquela auto meditação, senti uma pontinha de 
confiança... Deixo bem claro que foi só uma pontinha... E sai caminhando em 
direção ao terceiro andar. 
 
Quando já estava subindo as escadas ouvi uma música gostosa, que me 
lembrava à sexta sinfonia de Beethoven... Imaginei que, de certo, ela estava 
treinando balé no estúdio de dança que o seu Henrique fez pra ela. Porém, 
quando coloquei os pés no terceiro andar, a música mudou totalmente e achei 
estranho... Talvez ela tivesse feito uma pausa... Eu ADORO “Radar” da 
Britney... Foi quando cheguei na porta do estúdio, um lugar todo cercado de 
espelhos que pareciam multiplicar a dançarina. Era a primeira sala do andar. 
 
A garota não se parecia muito com a Alice de 9 anos atrás.... Mas os olhos cor 
de mel e o sorriso não se deixavam enganar... Ela realmente estava dançando 
aquela música... Com um top branco que deixava à mostra a sua barriga 
delicada e definida, e um short curtíssimo preto colado que denunciava a forma 
perfeita das suas pernas. 
 
Ela não é sarada, é simplesmente IDEAL. Afinal, que corpo de dar inveja era 
esse que a Alice havia conquistado?! E ainda era moldurado pelos cabeços 
lisos meio dourados meio castanhos. OPA! Mas e o balé?!?!?! Leve, 
encantadora, totalmente sensual... OOOOOOOOOOOOoooooooooo, mas 
calma aí... Sensual?!?! Que isso, Laura?!?! Não! Tenho que admitir, ela está 
LINDA!!! Só conseguia olhar e olhar... 
 
“Hey baby whether it’s now or later (I’ve got you), you cant shake me (no), 
cause I got you on my radar, Whether you like it or not, it ain’t gonna stop, 
cause I got you on my radar (I’ve got you), cause I got you on my radar”. 
 
O que foi isso?!?! Essa parte eu vou deixar pra vocês imaginarem, porque 
realmente não daria pra descrever. Enfim, não sabia que eu gostava tanto de 
ver pessoas dançarem! Fiquei ali, com a maior cara de pateta do universo e 
nem que eu quisesse poderia tirar os olhos daquilo... E, ao mesmo tempo em 
que não queria, uma força maior não me deixava tirar os olhos dela mesmo... 
Foi quando a música terminou e ela se virou pra desligar o rádio... E eu 
estática, ali na porta do estúdio... Os olhos cor de mel me entrelaçaram... O 
sorriso largo que eu tava com tanta saudade se abriu mais ainda (sim, naquele 
momento eu tive mais certeza ainda da saudade) e ela veio correndo, como se 
não nos víssemos há apenas alguns dias... 
 
Alice: Lauraaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!! -- eu também sorri... Abri os braços e 
recebi o abraço mais gostoso que eu já havia ganhado na minha vida. 
 
Não conseguia falar, e mesmo ela estando toda suada, a abracei com a 
mesma intensidade, fechei os olhos e senti um cheiro que me deixou 
completamente abobalhada. 
 
Alice: eu tava morrendo de saudades de você!!!! -- disse ainda nos meus 
braços. 
 
Foi aí que ela me largou... A gente ficou se olhando e rindo por um bom tempo. 
 
Alice: Laura, você não mudou nada... Continua com essa carinha de criança 
feliz e tímida!!! Me dá outro abraço, vai!!! -- e já foi se jogando em cima de mim 
de novo. 
 
Dessa vez eu não aguentei, a gente caiu no chão e ela gritou: 
 
Alice: e continua fracote também... Apanhando nas brincadeiras!!!! -- e rindo 
como quem fosse a pessoa mais feliz do mundo. 
 
Laura: e você sempre achando que é a campeã nas brincadeiras, né?! -- sim, 
agora saiu alguma coisa. 
 
Comecei a fazer cócegas e ela rapidamente saiu de cima de mim, correndo e 
rindo pelo estúdio. De repente todo aquele medo sumiu e eu estava me 
sentindo super à vontade com aquela garota que parecia que havia passado a 
vida toda comigo. 
 
Laura: agora você vai ver quem é fracote aqui! -- corri e a abracei de novo -- eu 
também tava morrendo de saudades de você, Alice!!! 
 
Ela parou e me olhou intensamente, como se quisesse ler minha mente, e eu 
tonta, não conseguia desviar meu olhar... Não sei o por que... “Timidez volta, 
por favooooooooorrr!!!!” 
 
Alice: você vai ficar comigo nesse jantar louco que meu pai inventou, né?!?! 
 
Laura: claro que vou!!! 
 
“Claro que vou?! Mas odiava essas cerimônias do seu Henrique!!!” 
 
Alice: que bom... A gente tem muito que contar uma pra outra, você podia 
dormir aqui comigo, esse andar é grande o suficiente para duas pessoas -- riu, 
debochando do exagero do pai dela. 
 
Laura: táááá... Ahhhh! A Dani e a Mari estão morrendo de saudades também, 
elas querem te ver! 
 
Alice: clarooooooooooooooooo, a gente pode combinar algo pra amanhã, 
porque hoje vai ser um jantar mais formal, você conhece meu pai! -- balançou a 
cabeça negativamente. 
 
Laura: você quem manda! Depois eu ligo pra elas -- parei, olhei-a como se não 
quisesse sair dali -- preciso descer, tenho que me arrumar, então! 
 
Alice: tá, vai lá, a gente se vê daqui a pouquinho, Laurinha -- deu um beijo na 
minha bochecha e saiu em direção ao closet. 
 
Nunca desci aquelas escadas tão rápido... Entrei no meu quarto, sentei na 
cama... “o que tá acontecendo aqui?!” 
Capítulo 2 
 
Não sabia o que realmente tava sentindo... Só sabia que TAVA FELIZ!!! Todo 
aquele medo e aquela angústia tinham passado. Até me senti uma boba por ter 
sofrido antecipadamente. Acho que, na real, tava com medo da Alice estar 
diferente daquela moleca que eu conhecia. Agora que senti que ela continuava 
a mesma pessoa eu tava mais tranquila. Claro que tínhamos muita conversa 
pra colocar em dia, mas nada que esses últimos dias de férias não nos 
deixassem fazer! 
 
Desencanei desses pensamentos insanos que estavam tomando a mente e fui 
logo pro chuveiro. 
 
Foi um banho demorado, sempre que tenho ocasiões especiais eu trato do 
cabelo e do corpo com mais cuidado. Afinal, aquele dia marcava a volta da 
minha melhor amiga! 
 
O duro foi escolher uma roupa legal. No fim escolhi uma calça preta bem justa 
e uma blusinha preta também, afinal, preto é básico e cai bem em qualquer 
ocasião. Coloquei uma sandália de salto dourada, brincos e pulseiras. Sabia 
que as festas do seu Henrique não eram modestas. Caprichei no perfume e na 
maquiagem, nada muito carregado, mas marcante. E finalmente fui pra sala 
principal do apartamento. 
 
Alice ainda não tinha descido. Fiquei por ali, perambulando e cumprimentando 
alguns amigos mais íntimos da família que eu conhecia. 
 
Minha mãe também estava como convidada e coordenava de longe as suas 
assistentes. 
 
A sala principal do apartamento dos Legrand é enorme, nesses dias é que eu 
percebo. Desta vez ela estava com uma decoração mais despojada. Luzes 
amareladas mais fracas davam um clima totalmente envolvente, pufes brancos 
foram espalhados pelo ambiente, substituindo as tradicionais cadeiras e sofás. 
Um bar com coquetéis havia sido montado e em um dos cantos da sala, um DJ 
tocava um house mais calmo, fazendo a ambientação musical. O seu Henrique 
tinha muito bom gosto para festas. Na verdade não era um jantar tão formal 
quanto eu imaginava que seria. Os garçons serviam petiscos dos mais variados 
tipos. Na verdade, era uma oportunidade dos convidados darem boas-vindas à 
Alice e ficarem mais próximos dela. 
 
Depois de já ter bebido uns dois coquetéis, eis quem avisto no topo da escada: 
ela! Alice deu uma olhada no ambiente lá de cima e foi descendo cada degrau 
com calma, como se saboreasse aquele caminho. Ela estava exageradamente 
linda. Um vestido, frente única, vermelho escuro, envolviao seu corpo. Seus 
cabelos pareciam brilhar. A leveza com que andava denunciava a dançarina 
que estava ali. 
 
O pessoal foi cumprimentando-a aos poucos e eu a observando de longe. 
Sabia que seria duro ter a atenção dela no meio de toda aquela gente. Então 
relaxei, fiquei zanzando pela festa e ora papeava ali, ora aqui. 
 
De repente alguém, vindo por traz, me puxa pelo braço e sussurra no meu 
ouvido: 
 
......: só você não vai querer me cumprimentar?! 
 
Virei rapidamente e quase o meu rosto esbarra no dela. 
 
Laura: tava achando que não ia conseguir mesmo! -- falei rindo e olhando nos 
seus olhos. 
 
Alice: vem aqui! -- e foi me puxando pelo braço em direção a uma das sacadas 
-- você deve lembrar que eu odeio essas frescuras, né?! Não sei pra que tanta 
formalidade! 
 
Laura: relaxa! Aproveita pra ver o pessoal. 
 
Alice: já vi todo mundo, mas na verdade me lembro vagamente de só alguns. 
Quando a gente é criança não quer saber de muito assunto com os amigos dos 
pais, né?!?! -- ela riu. 
 
Laura: é verdade. Mas e de mim, você também só lembra vagamente?! -- 
perguntei dando um riso de canto e me encostando na sacada. 
 
Alice: você é quem eu nunca consegui esquecer! -- aquele olhar penetrante de 
novo e eu me perdendo naqueles olhos cor de mel novamente. 
 
A gente ficou se olhando e ela parecendo que tentava ler minha mente como 
algumas horas atrás. E eu nem sabia o que realmente tava pensando. “O que 
era aquilo, meu Deus, que me envolvia completamente e nem me deixava 
enxergar o que estava à minha volta?!” 
 
Laura: eu não esqueci que você amava sorvete de pistache! 
 
Alice: eu AINDA amo! -- arregalando os olhos, parecendo surpresa por eu ter 
lembrado. 
 
Ri e dei uma deixa: 
 
Laura: vai lá aproveitar a sua festa, a gente conversa mais depois! 
 
Alice: a festa tá legal. Mas eu quero ficar com quem eu to com saudade de 
verdade! -- disse, abriu outro daquele sorriso lindo e apertou a minha 
bochecha. 
 
Laura: ta, então, você gosta mesmo de sorvete de pistache?! 
 
Alice: mas o assunto vai ser só esse?! -- ela riu -- já disse que AMO! 
 
Laura: tá! Quer fazer uma loucura?! -- ela me olhou com um ponto de 
interrogação na cara. 
 
Alice: se for pra gente se divertir, sim! 
 
Laura: vem! Vamos então! -- saí puxando ela pelo braço. 
 
Passamos sorrateiramente pelos cantos da sala e entramos na cozinha, pela 
porta dos funcionários, levando-a em direção à porta de saída dos fundos. 
 
Laura: me espera aqui. Volto em um minuto. 
 
Ela só movimentou a cabeça positivamente, segurando um riso no rosto. 
 
Fui correndo até o meu quarto e peguei a minha bolsa. Quando voltei, Alice 
estava me esperando no mesmo lugar. 
 
Laura: vamos! -- ela nem perguntou pra onde. 
 
Enquanto descíamos de elevador, apenas nos olhávamos. Ainda não entendia 
o porquê ficávamos tentando descobrir o que a outra estava pensando. 
 
Saímos do elevador, e eu a puxando pelo braço, levei-a até a calçada, onde 
chamei o primeiro táxi que estava passando. Não é coisa de filme, mas ali, no 
Jardins, o que não falta é táxi. Quando entramos falei a rua para o motorista. 
 
Quando o cara já estava concentrado, procurando chegar ao nosso destino, ela 
se vira, bem perto de mim e diz: 
 
Alice: eu topei ir com você, mas agora posso saber onde tá me levando?! 
 
Laura: eu sei que tá um pouco tarde, mas nós vamos tomar o sorvete de 
pistache mais gostoso de São Paulo. 
 
Ela me olhou como se fosse uma criança que iria ganhar um brinquedo. 
 
Alice: eu não acredito! Você é louca! -- riu me dando tapinhas no braço. 
 
Laura: ué! A gente conversa, mata um pouco a saudade e ainda tomamos o 
seu sorvete preferido! 
 
Alice: Laura, você realmente me conhece! -- disse e encostou cabeça no meu 
ombro. 
 
A sorveteria era numa das alamedas ali mesmo do Jardins , parecida com um 
pub, super aconchegante e familiar, propícia para ficar horas e horas matando 
o tempo. Pedimos o nosso sorvete e sentamos em um dos sofazinhos. 
 
Nem lembro como surgiram tantos assuntos. A gente não parava de conversar 
e rir. Alice me contou tudo sobre a Europa, as escolas que ela estudou; as 
cidades que morou, as apresentações de dança que fez e eu finalmente 
descobri que ela não dançava somente balé, mas praticamente todos os tipos 
de dança. 
 
Também contei tudo daqui, das nossas amigas, do colégio, das festas e das 
coisas de São Paulo que ela praticamente não conhecia. 
 
Alice contou de um namoradinho que teve na França, mas disse que não era a 
mesma coisa, os costumes eram diferentes, mesmo ela morando lá. Contou 
que foi um namoro rápido, pois logo se mudou para a Rússia. 
 
Também contei dos meus poucos rolinhos e do Vinícius, um carinha quem tive 
um casinho um pouco mais sério há dois meses. 
 
O engraçado é que esse assunto foi muito rápido, parece que só falamos pra 
constar, mesmo. 
 
Depois de muito conversar ela me pergunta: 
 
Alice: Laura, se você pudesse conhecer um lugar no mundo, qual você 
escolheria?! 
 
Laura: Nova Iorque, com certeza! Adoro metrópoles. Não vivo sem essa 
correria. Amo tudo que me transmite modernidade. 
 
Alice: já estive em praticamente todos os países da Europa, mas INCRÍVEL, o 
meu sonho também é Nova Iorque! 
 
Laura: achava que você já tinha ido pra lá em alguma de suas viagens! 
 
Alice: que nada, minha mãe só quer saber de Europa! 
 
Laura: vamos combinar uma coisa?! -- cheguei mais perto dela. 
 
Alice: VAMOS! 
 
Laura: nossa, você topa tudo mesmo, hein?! E se eu disser que é pra gente se 
jogar no rio Tietê juntas?! 
 
Alice: BOBA! -- bateu no meu braço. -- É que eu sei que você não vai me 
decepcionar no que me fizer prometer; afinal, não me decepcionou quando eu 
confiei na sua loucura de sair escondida no meio da minha festa! 
 
Laura: tá. Vamos pra Nova Iorque juntas, então! 
 
Alice: se eu pudesse, ia agora com você! -- riu apertando o olhinho -- 
COMBINADO! 
 
Nesse momento um atendente da sorveteria apareceu: 
 
Atendente: meninas, infelizmente, estamos encerrando as atividades por hoje, 
vocês gostariam de mais alguma coisa?! 
 
Olhei a hora no meu celular. 
 
Laura: pelo amor de Deus, Alice, olha a hora, vamos embora. Não vamos 
querer mais nada, moço, obrigada! 
 
Alice: culpa sua! -- ela ria. 
 
Pegamos um táxi na frente da sorveteria e voltamos pro apartamento. 
 
A gente não conseguia se conter de felicidade. 
 
Já na porta, antes de entrar, tiramos as sandálias para não fazer barulho. A 
festa já havia acabado parecia fazer um bom tempo. 
 
Alice: não esqueci que você disse que vai dormir comigo lá em cima! 
 
Laura: nem eu! Vou colocar meu pijama, escovar meus dentes e pegar meu 
travesseiro, tá?! 
 
Alice: ta, te espero lá em cima, então! 
 
Novamente entrei em quatro e sentei na cama tentando processar tudo aquilo 
que havia acontecido. 
 
“Que loucura tá sendo essa?! Por que eu to tão boba?! Essa garota realmente 
fez falta na minha vida!” 
Capítulo 3 
 
Novamente tentei tirar aquelas coisas da cabeça, afinal, aquilo não fazia 
sentido nenhum. Só estava empolgada porque a Alice tinha voltado e a gente 
tava se dando super bem. Que mal tem nisso?! 
 
Levantei, busquei meu pijama no armário e me troquei. Fui pro banheiro, tirei a 
maquiagem e escovei meus dentes. Voltei pro quarto e peguei meu travesseiro. 
Passando pela cozinha deixei um recado pra minha mãe avisando que estava 
na cobertura com a Alice. Peguei o caminho em direção até o terceiro andar. 
 
Na cobertura, passei pelo estúdio de dança e por uma saleta que antecedia o 
quarto dela. Ainda não tinha visto depois de terminada a reforma e realmente o 
lugar havia ficado encantador. O ambiente tinha um cheiro gostoso e leve de 
perfume, bem parecido com o que ela usava. 
 
Quando entrei no quarto, não a avistei. Fiquei parada na porta, vendo como o 
lugar tinha ficado. Realmente o seu Henrique havia usado todas as minhas 
dicas, como a cama king size, a cor branca na parede e a roupa de cama bem 
colorida. Além dos outros detalhes que o quarto tinha, como um jukebox que 
emitia um som ambiente, a TV que maisparecia uma tela de cinema, 
eletrônicos de tudo quanto é tipo e uma penteadeira enorme branca, com luzes 
ao redor para se maquiar... O sonho de qualquer menina. 
 
Não percebi a presença dela encostada na porta do closet me olhando com um 
sorrisinho e os braços pra trás, estava distraída com os detalhes daquele 
quarto maravilhoso. Foi quando a vi. Virei uma estátua. Minha calça xadrez e 
minha regatinha branca não eram nem um pouco curtos quanto aquele 
pijaminha de cetim roxo! 
 
Alice: ficou lindo, não?! 
 
Laura: sim, maravilhoso, eu não tinha visto pronto ainda! -- sentindo minha 
bochecha queimar de vergonha. 
 
Alice: meu pai me disse que você o ajudou bastante! 
 
Laura: ah! Só dei algumas dicas, tipo, a parede e as roupas de cama. 
 
Alice: eu sei que os exageros são do meu pai mesmo! -- e riu. 
 
Laura: mas aquela penteadeira é linda! ADOREI! 
 
Alice: realmente! -- veio se aproximando de mim com as mãos pra trás -- tenho 
uma coisa pra você! -- esticou os braços me dando um embrulho. 
 
Laura: UM PRESENTE?! -- fiquei espantada. 
 
Alice: é... Esse presente tá guardado pra te dar desde quando eu cheguei na 
França. Comprei com a ideia de te entregar na primeira visita que fizesse ao 
Brasil, mas isso nunca aconteceu e eu guardei para a primeira ocasião que te 
visse -- disse sorrindo, meio sem jeito. 
 
Laura: Ah! Brigada, Alice! -- dei um beijo no rosto dela e um abraço bem forte. -
- Vou abrir! 
 
Desembrulhei-o com bastante cuidado. Dentro de uma caixa havia uma 
caixinha de música, que quando aberta, uma bailarina começava a dançar. 
Simplesmente linda! Não era como aquelas que a gente vê por aí. A caixinha 
era de madeira, toda entalhada e a bailarininha de porcelana, loirinha, até 
parecida a Alice quando pequena. 
 
Laura: Que LINDA, Alice! ADOREI! Parece você quando era pequenininha! -- 
disse apertando a bochecha dela. 
 
Alice: era essa a ideia... Você se lembrar de mim sempre que a visse! 
 
Laura: Own.... Vem aqui vai! -- e sai fazendo cócegas nela de novo, sabia que 
desde pequena adorava essa brincadeira. 
 
Ela saiu correndo, tentando fugir do ataque dos meus dedos e pulou na cama. 
Ainda rindo, disse: 
 
-- Você vai ter que dormir aqui comigo, se importa?! 
 
Laura: claro que não! Essa cama ainda caberia a gorda da Dani e a chata da 
Mari! -- caímos na gargalhada. 
 
Depois de algum tempo rindo, ela disse: 
 
-- Realmente tô sem sono! Minha adrenalina, acho que ta há mil por ter 
chegado no Brasil. E também tem o fuso horário que é diferente. Mas se quiser 
deitar, fica à vontade, tá?! 
 
Laura: você acha que eu vim aqui pra dormir?! Vim pra te pentelhar, mesmo! 
 
Alice: tá calor, quer dar um pulo na piscina?! 
 
Laura: louca! Meu biquíni ta lá embaixo, deixa pra outro dia. Cadê as suas 
fotos? Me mostra! 
 
Ela correu super animada pro closet e voltou com uma caixa cheinha de 
álbuns. Passou pelo jukebox e a ligou, parecia um jazz ou blues que tocava. 
Deitou-se na cama ao meu lado e começamos a ver. 
 
Vi tanta foto que parecia que tinha até viajado com ela pra todos aqueles 
países. Estava compenetrada nos álbuns quando me dei conta que ela havia 
ficado quieta fazia um bom tempo. Olhei e a Alice havia pegado no sono. 
 
“Fuso horário, sei, sei, safada!”. 
 
Organizei a caixa, coloquei-a ao lado da cama, cobri a Alice, apaguei a luz e 
deitei. 
 
De frente pra mim tinha uma porta de vidro enorme que dava para uma área 
externa com uma piscina, sauna e uma mini academia. A vista de São Paulo de 
lá de cima era simplesmente LINDA! Fiquei contemplando a cidade da cama 
mesmo e imaginando que não conhecia nem metade do mundo lá fora. 
 
Olhei pra Alice e ela parecia dormir gostoso. Foi quando pensei o quanto 
aquela amiga tinha feito falta na minha vida, e o mais incrível: como ainda 
éramos tão ligadas, mesmo ficando distantes por tantos anos e vivendo entre 
culturas totalmente diferentes. 
 
Tava FELIZ da Alice ainda ser aquela pessoa que cresci junto. Como ia ser dali 
pra frente?! 
 
“Que cheiro bom é esse, afinal?! Desde que entrei nesse quarto ta me 
embriagando!” 
 
Cheguei mais próxima dela e respirei fundo. Sim, era ela mesma que emanava 
aquele cheiro. 
 
“Ahhhh, que isso, Laura?! Cheirando mulher agora?! Pare de coisa, vai!”. 
 
Dormi olhando pra ela. O sol já estava querendo sair. 
 
******* 
 
Acordei naquele sábado de sol com alguém passando as mãos pelos meus 
cabelos. 
 
...: ei, seu cabelo é tão lindo! Adorei a franja! -- falou baixinho. 
 
Ela tinha percebido que eu tinha cortado a franja, bosta! 
 
Laura: bom diaaaa! -- falei baixinho também, e sorri pra ela. 
 
Alice: bom diaaaa, descabeladinhaaaa! -- e riu. 
 
Laura: estranho seria se eu acordasse penteada, não?!?! -- rimos. 
 
Alice: vem, vamos levantar, tenho planos pra gente hoje! Quem vai sair sem 
destino com você hoje, sou eu! 
 
Laura: que horas são? 
 
Alice: umas 9 horas. 
 
Laura: caramba, você não dorme?! -- fiz cara de indignação. 
 
Alice: quando tô ansiosa, não! -- ela riu. 
 
Laura: ansiosa pra quê?! -- levantei num pulo. 
 
Alice: nada não... Vem, já que você levantou, vamos descer pra tomar café. 
 
Laura: tá, tá, tá, dona “fogo no rabo”-- ela ria da minha indignação por já ter que 
levantar. 
 
Fui até o banheiro, dei uma ajeitada em mim mesma, lavei o rosto e descemos. 
 
O seu Henrique estava tomando café na mesa da sala principal. 
 
Henrique: bom dia, lindas! Percebi que vocês fugiram ontem, viu?! 
 
Alice: bom dia, pai. 
 
Laura: bom dia, seu Henrique. 
 
Henrique: onde foram, hein mocinhas?! 
 
Alice: fomos tomar um ar lá na piscina, pai, colocar a conversa um pouco em 
dia e acabamos ficando por lá mesmo. 
 
Henrique: ok, ok querida! -- não acreditando muito -- tomem café. Tenho que ir 
pra minha aula de tênis. Voltarei pro almoço. 
 
Alice: não precisa se preocupar, pai. Fica à vontade pra ficar no clube. Eu e a 
Laura vamos passar o dia fora! -- eu nem tava sabendo desse pequeno 
detalhe. 
 
Henrique: aonde vocês vão, hein?! 
 
Alice: nenhum lugar em especial, só bater perna mesmo. 
 
Henrique: tá bom! Peça ao Lopes para levar vocês onde quiserem, ok?! -- 
Lopes é o motorista do seu Henrique -- vou de carro, o Fausto vai comigo -- 
Fausto é um amigo/irmão do seu Henrique. 
 
Alice: ok, pai, fique tranquilo. Tenha um bom dia. 
 
Laura: Ham, ham! Alice, eu vou ali tomar café com minha mãe, tá?! -- eu tava 
meio sem jeito pra sentar naquela mesona da sala de jantar. 
 
Alice: ah! Então, eu vou com você, não quero tomar sozinha! 
 
Fomos pra cozinha e tomamos café com a minha mãe. Elas conversaram 
bastante e eu fiquei mais olhando o quanto aquela menina se sentia bem em 
qualquer lugar. 
 
Alice: bom, Dona Lúcia, o papo tá bom, mas agora vou roubar sua filha de 
você, o Lopes vai levar a gente pra passear! 
 
Lúcia: ok, querida, podem ir. Vocês vêm pro almoço?! 
 
Alice: provavelmente não. E meu pai também não, pode ficar sossegada. 
 
Lúcia: é, ele me avisou agora há pouco. Então vou passar o dia na tia Cláudia 
hoje -- a Cláudia é irmã da minha mãe. 
 
Alice: Laura, se troque pra gente ir, então. 
 
Laura: ok, te encontro daqui uns 20 minutos na sala. 
 
Fui pro meu quarto, peguei minhas roupas e tomei um banho rápido. Coloquei 
uma calça pantalona colorida, que era fresquinha, tava calor e realçava o meu 
bumbum como eu gostava, e uma regata verde. No pé uma sandália rasteira. 
Fiz um rabo no cabelo, mas aquela franja insistia em não ficar presa, decidi 
assumi-la de uma vez por todas e deixá-la mais solta mesmo, por fim achei que 
ficou até charmosinha caída no olho. Passei um perfume e um gloss. Tava 
pronta! O dia estava definitivamente quente em São Paulo. 
 
A Alice ainda não tava na sala. Sentei no sofá e fiquei folheando uma revista. 
Foi quando meu celular tocou, era a Dani: 
 
Dani: Ô, traíra, beleza?!?! 
 
Laura: olha o respeito, filha! Eu ia te ligar hoje, garota folgada. 
 
Dani: eu sei, resolvi me adiantar, mesmo. O que tá fazendo?! 
 
Laura: vou dar uma saída com a Alice. Uma volta de carro, provavelmente, pra 
ela rever São Paulo.Dani: e o que temos pra noite?! 
 
Laura: por enquanto, nada. 
 
Dani: que tal um barzinho na Vila Mariana?! 
 
Laura: por mim beleza... Vou falar com a Alice e mais tarde te ligo, ok?! 
 
Dani: tá bom, gata. Me diz uma coisa.... Ela tá, digamos, legal?! 
 
Laura: para de ser folgada, garota. Ela tá legal, sim. Mais tarde te ligo. Beijo na 
bunda. 
 
Dani: bléééé! -- e desligou. 
 
Quando desliguei vi a Alice descendo a escada. 
 
“Que saco, ela não cansa de surpreender?”. 
 
Tava com uma saia jeans bem curta e uma legging branca por baixo. A regata 
era um vermelho bem queimado (ela ficava demais de vermelho), no pé um 
tênis bem baixinho, e o cabelo também estava preso. Aquele perfume, de novo, 
tomou conta do ambiente. 
 
Alice: vamos?! -- deu um sorriso e pegou na minha mão. 
 
Laura: vamos! Mas onde?! 
 
Alice: passar o dia juntas! -- riu. 
 
O Lopes já estava nos esperando. 
 
Ela pediu pra que primeiro ele seguisse pro Ibirapuera. Fiquei quieta, 
esperando o que o sábado e a Alice me reservavam. 
 
Chegando, ela disse: 
 
Alice: tá, Lopes, fique à vontade, logo a gente volta. 
 
Laura: e aí?! O Ibirapuera?! 
 
Alice: é, tava com saudade de quando a gente vinha andar de bicicleta aqui! 
Vamos sentar um pouco na beira do lago?! 
 
Laura: tá bom! 
 
Andamos até um local legal pra gente poder sentar e ficamos ali, admirando a 
pouca natureza que ainda existe em São Paulo. 
 
Laura: e aí?! O que mais você sentiu falta daqui?! 
 
Alice: fora você?! -- eu fiquei totalmente sem graça. 
 
Laura: para de ser boba. Tô perguntando de São Paulo. 
 
Alice: Ah! Sim! Senti falta disso, dessa mistura de tudo um pouco. 
 
Laura: hum! Você pensa em voltar pra Europa?! 
 
Alice: ontem tive certeza, que por enquanto, não! 
 
Laura: por quê?! 
 
Alice: porque quero recuperar todo o tempo que a gente perdeu, e o tempo que 
perdi só fazendo as coisas que a minha mãe queria. Dançando ali e aqui. 
 
Laura: mas você não gosta de dançar?! 
 
Alice: sim, mas vivia pra isso. Nem amigas eu tinha, a não serem algumas das 
escolas de dança. 
 
Laura: e você já sabe o que quer fazer além da dança?! 
 
Alice: preciso ver ainda. Minha cabeça sempre foi só dança. Meu pai me 
apoiou quando eu disse que queria fazer algo diferente. 
 
Laura: pensei que ele havia te trazido pra começar a aprender os negócios da 
família! 
 
Alice: também. Mas pedi pra vir porque queria ter uma vida normal, e não ficar 
morando de país em país, pelo motivo de minha mãe ser dançarina. 
 
Laura: hum, entendo. 
 
Alice: precisava disso. Ficar perto de pessoas que eu gosto, e que gostam de 
mim. Tava com medo de te encontrar e ver que você não era quem eu 
imaginava mais. 
 
Laura: e?! 
 
Alice: e tô FELIZ de você ainda ser a pessoa com quem eu cresci. 
 
Laura: engraçado, pensei isso ontem mesmo, enquanto você dormia. 
 
A gente riu e ficamos ali paradas, sem ter mais o que dizer. Até que eu quebrei 
o gelo. 
 
Laura: a Dani me ligou, perguntou se a gente tá a fim de um barzinho hoje à 
noite. 
 
Alice: por mim tá beleza. Sua agenda tá livre hoje?! 
 
Laura: que eu saiba minha agenda hoje é de sua posse. 
 
Alice: que bom que sabe! -- deu um beijo na minha bochecha e se levantou -- 
vamos aproveitar o dia. 
 
Era tão bom ficar ao lado dela. Me deixava extremamente animada. 
 
Passeamos o dia todo. Almoçamos em uma cantina italiana deliciosa e fomos 
pro Shopping Higienópolis dar um role. Decidimos ver um filme no cinema. Era 
uma comédia romântica. 
 
Alice: agora eu sei com quem você se parece! -- no meio do filme. 
 
Laura: como assim? -- não entendi o que ela falou. 
 
Alice: você é parecida com a atriz, a Anne Hathaway. 
 
Laura: páááára! Se fosse, tava ótimo! -- não consegui segurar o riso, todo 
mundo do cinema me olhou. 
 
Alice: viu, todo mundo olhou porque é verdade! -- sussurrou no meu ouvido e 
riu. 
 
Ela segurou minha mão e ficou assim, até o fim do filme. 
 
Alice: gostou do filme?! 
 
Laura: sim, bem legal, e você?! 
 
Alice: também! Liga pra Dani, combina de hoje à noite. 
 
Laura: vou ligar, já! 
 
Laura: ô, folgada! 
 
Dani: fala, encosto! 
 
Laura: nossa, delicada, você! 
 
Dani: tava esperando você me ligar. Vamos ou não?! 
 
Laura: vamos! Mas vamos ali na Bela Cintra mesmo, pode ser?! Às 21h?! 
 
Dani: claro, ADORO! 
 
Laura: Beijos! 
 
Dani: beijos. 
 
Laura: combinado, Alice. 
 
Alice: beleza, vamos pra casa, então. A gente continua nosso passeio outro 
dia. 
 
Fomos direto pra casa nos arrumar e combinamos que eu iria encontrá-la na 
cobertura, assim que estivesse pronta. 
 
Antes de subir, me deu um beijinho no rosto. Aquele dia havia sido realmente 
muito agradável. Agora ia ver o que a noite me reservava! 
Capítulo 4 
 
Quase não tinha dormido aquela noite. Tava um pouco acabada. Decidi 
cochilar dez minutinhos na minha cama antes de entrar no banho. 
 
Deitei e peguei no sono. Não sei ao certo quanto tempo dormi. Minha cama 
tava uma delicinha! 
 
........: ei, safada! Você nem se arrumou ainda! -- ouvi uma voz gostosa falando 
bem perto do meu ouvido. 
 
........: não vai acordar mesmo?! -- quando disse isso senti o tal perfume que me 
embriagava. 
 
Dei um pulo da cama. 
 
Laura: que susto, Alice! Que horas são?!?! 
 
Alice: são 21h15. Tava te esperando no meu quarto. Vi que deu 21h e você 
não apareceu, então decidi ver o que tava acontecendo! 
 
Laura: putz! Queria descansar por 10 minutos e acabei pegando no sono. 
Desculpaaaaaa! -- fiquei muito sem graça. 
 
Alice: não esquenta! Se quiser a gente pode ficar! 
 
Laura: não, claro que não! Se você não se incomodar em me esperar, tomo um 
banho rápido e me troco. Ligo pra Dani avisando que vamos atrasar um pouco 
também! 
 
Alice: Laurinha, de boa, se quiser a gente deixa pra outro dia! 
 
Laura: não, não. Vamos sim. Eu já volto, pode me esperar aqui! 
 
Corri pro chuveiro e tomei um banho rápido. Me enrolei numa toalha e fui pro 
quarto escolher uma roupa. A Alice tava sentada na minha cama. Ela não tinha 
me visto na porta, mas eu vi que ela tava olhando umas fotos que tinham num 
mural. E também reparei o quanto ela tava linda! Com uma calça jeans bem 
escura e uma blusinha bem decotada, estampada. A sandália era de salto e o 
cabelo ainda estava molhado. Ai, ai, comecei a perceber o quanto eu andava 
reparando nela desde quando chegou. 
 
Entrei no quarto, escolhi uma roupa rápido, e voltei pro banheiro pra me trocar. 
Nem vi direito que roupa peguei. Só sei que sai do banheiro com uma calça 
jeans clara, uma blusinha de alça, meio bata, listradinha de rosa e bege, e uma 
sandália de salto marrom. Penteei o cabelo de qualquer jeito, ele ia se 
desarrumar mesmo. Passei um blush, um lápis no olho e um gloss rapidinho. O 
perfuminho deu o toque final e voltei pro quarto. A Alice ainda tava sentada na 
minha cama. Foi quando meu celular tocou. 
 
Laura: Dani, eu sei que estamos atrasadas, foi culpa minha, mas já estamos 
saindo. 
 
Dani: ô, noiva. Ou caga ou sai da moita, meu bem! 
 
Laura: ultimamente você anda uma dama, não, Daniela?! Já disse que estamos 
indo! 
 
Dani: ok, peste, estamos esperando! -- e desligou! 
 
Me voltei pra Alice e ela estava em pé, atrás de mim, me olhando, dos pés à 
cabeça. 
 
Alice: não tenho problema nenhum em dizer que nunca vi uma garota ficar 
linda tão rápido! -- e riu. 
 
Laura: você tem o dom de me deixar sem graça! -- novamente sentia meu rosto 
queimando -- vamos que a Dani já ta dando piti! 
 
Peguei a bolsa correndo e descemos pra pegar um táxi. Depois de 5 
minutinhos já estávamos em frente ao bar. Entramos e já avistei as meninas. A 
Alice, como sempre, simpática ao extremo, abraçou-as escandalosamente e as 
encheu de beijos. Elas a paparicavam. Sentamos numa mesa e pedimos 
alguns drinks. O meu favorito, lógico, é o Martini. Conversa vai, conversa vem, 
tava tudo bem divertido, um house tocando gostoso. A gente tava se divertindo 
demais. 
 
Depois de muitos drinks eu percebi um cara sentando ao meu lado. 
 
.........: Oi, meu amor! 
 
Laura: Vini?! -- olhei pra ele, espantada. 
 
Vinicius: por que oespanto?! -- perguntou desconfiado. 
 
Percebi que as meninas pararam de conversar pra tentar ouvir a minha 
conversa, mas tentavam disfarçar. 
 
Laura: nada! Só não esperava te encontrar aqui. Só isso! 
 
Vinicius: quer tomar um drink comigo no bar?! 
 
Laura: Vini, to com as meninas. A Alice, uma amiga de muitos anos, acabou de 
chegar da Europa. É uma “boas vindas” pra ela! 
 
Vinicius: mas é só um drink, já te devolvo pra elas. 
 
Laura: ta, rapidinho então, ta?! 
 
Laura: Dani, vou até o barzinho com o Vini, já volto! -- falei no ouvido dela. 
 
Dani: gostou da surpresa, safada?! -- me olhou com uma cara maligna. 
 
Laura: como assim?! 
 
Dani: ele me ligou perguntando se íamos sair hoje porque ele queria te ver! 
 
Laura: não acredito que você falou, Daniela! Poxa, legal você, hein?! 
 
Dani: calma, amiga, ele quer se acertar com você, faz o que seu coração 
manda! 
 
Sai sem nem olhar mais pra cara dela. Definitivamente meu coração não me 
mandava ficar com o Vini. A gente havia terminado um namorico há uns 2 
meses porque ele dizia que não lhe dava muita atenção. O Vini é um cara 
legal, bonito e gente boa, mas eu não era apaixonada. 
 
Sentei num banco no bar e vi que a Alice me fitava de longe, ela devia estar 
sem entender muita coisa. 
 
Vini: Laurinha, queria falar com você. Eu acho que a gente meio que ficou no 
ar. 
 
Laura: Vini, não tem o que ficar se explicando, a gente entrou num consenso. 
Nossas vidas estão bem corridas. Não fica se culpando. 
 
Vini: eu só penso em você, Laurinha! -- chegou mais perto de mim. 
 
O DJ começou a tocar “Me against the music” remixada. Era uma das minhas 
preferidas. Vi as meninas levantando da mesa. “não, a Alice não vai fazer isso!” 
 
O Vini virou meu rosto fazendo-o olhar pra ele. Eu queria que ele evaporasse! 
 
“Não acredito!” 
 
Sim, ela começou a dançar e eu, como sempre queria olhar, ainda mais aquela 
música. 
 
“Que é isso?!?!” 
 
Ela dançava bem junto das meninas que pareciam estar curtindo demais. Ela 
olhava pro alto, pra baixo e rebolava como nunca vi. Os caras, claro, foram se 
aproximando, como corvos, e dançando com ela, que virou o centro das 
atenções do bar. O DJ fez a musica se transformar em “I Love Rock N’Roll” e 
as meninas estavam cada vez mais animadas, principalmente a Alice que 
dançava mais solta e sensual (de novo!). Os caras falavam no ouvido dela e a 
pegavam pela cintura. 
 
Eu não sabia o que fazer pra escapar do Vini. Ele insistia em me beijar. 
Quando consegui me esquivar de um beijo dele, o meu olhar cruzou com o da 
Alice. Ela me encarou com um risinho safado, quando de repente um cara 
roubou um beijo dela. Eu me virei mais do que rápido pro balcão e bebi meu 
Martini num gole só. Nem falei com o Vini e fui pro banheiro. Tava tonta. Não 
sei se era por causa dos muitos drinks que eu bebi. 
 
Estava apoiada na pia do banheiro, sentindo não sei bem o que, quando a Mari 
entrou. 
 
Mari: Laurinha, você ta bem?! O que aconteceu?! 
 
Laura: to bem, Mari, só acho que bebi muitos drinks. Essas bostas sobem 
demais! 
 
Mari: é, amiga, eu percebi que você tava tomando num gole só enquanto falava 
com o Vini. Aconteceu algo entre vocês?! 
 
Laura: não e nem vai acontecer, Mari. Não gosto do Vini e a Dani não entende 
isso, to puta porque ela avisou a ele que vínhamos pra cá! Poxa! 
 
Mari: também achei meio que mancada, mas acho que ela não fez por mal. 
Fica de boa. 
 
Laura: Mari, eu acho que vou embora, vocês cuidam da Alice?! 
 
Mari: não vai, Laura, não é pra tanto! 
 
Laura: não to me sentindo muito bem e ter que ficar ouvindo o pela saco do 
Vini no meu ouvido a noite toda não dá! A gente se fala amanhã. Avisa a Alice 
daqui uns 15 minutos só, pra ela não querer vir atrás de mim, e poder 
aproveitar a noite. 
 
Mari: tá, você quem sabe, te ligo amanha. 
 
Laura: beijos, amore! -- dei um beijinho no rosto dela e saí. 
 
Passei pelo bar sem o Vini e nem a Alice me verem. Peguei o primeiro táxi que 
passou e fui pra casa. Minha cabeça latejava demais. 
 
No meu quarto, coloquei pijamas e deitei. A única cena que me vinha à cabeça 
era a Alice dançando e o cara a beijando. Naquele momento admiti pra mim 
mesma, numa auto-conversa, que eu realmente estava com ciúme. Pensei em 
como aqueles dois dias haviam sido apaixonantes, mas que ao mesmo tempo 
eu havia sentido algumas coisas estranhas. 
 
“Será que a palavra seria realmente apaixonante?!” -- me perguntei. 
 
Eu acho que eu tava somente animada com o fato de estar bem próxima da 
Alice. 
“Não é só isso, Laura!” 
 
Apaixonante, ou melhor, apaixonada seria uma palavra que explicava a minha 
crise de ciúmes. 
 
“Claro que não, palhaça! Você só bebeu um pouco demais e ficou mal!” 
 
Tentei cessar esses pensamentos que estavam me deixando ainda mais 
confusa, mas não conseguia. 
 
“Mas e o jeito que eu reparo nela?! E eu sei que ela repara em mim também! 
Que nada, Laura, para de loucura, faz dois dias que você reviu a garota! 
Desencana!” 
 
Depois de muito brigar com meus próprios pensamentos, caí no sono. E por 
incrível que pareça, dormi MUITO BEM! 
Capítulo 5 
 
Já era dia quando eu sonhava que alguém me enchia de beijos no rosto. Me 
lembro que eu até ria. No meu sonho eu me virava e abraçava o tal “alguém”. 
Foi quando uma voz entrou no meu sonho. 
 
.......: não vai acordar safada?! 
 
O cheiro embriagante tomou conta do meu nariz. Eu abri os olhos assustada e 
ela me deu um beijinho no rosto. Eu tava abraçando a Alice, que tava meio que 
deitada ao meu lado. “Páááraaaa!”. Soltei-a mais que rápido e me encolhi no 
canto da cama. 
 
Alice: te assustei?! 
 
Laura: não, não, de boa! – ela percebeu que eu fiquei super sem graça. 
 
Alice: bom dia Laurinha! – e sorriu. 
 
Laura: bom dia! Você não cansa de me acordar?! – disse meio revoltada. 
 
Alice: desculpa! depois a gente se fala então! – ia se levantando como se fosse 
a decepção em pessoa. 
 
Laura: calma! – segurei o braço dela – eu tava brincando! – ri meio sem jeito – 
que horas são? 
 
Alice: quase meio dia! 
 
Laura: nossa, perdi a noção! E a noite?! Como foi hein?! – tentei desviar o 
assunto 
daquele mal-estar que ficou. 
 
Alice: eu que lhe pergunto! Você foi embora com o Vini?! 
 
Laura: claro que não! Ele foi pra lá porque a Dani chamou! Aliás, eu achei 
super chato da parte dela querer se meter tanto no meu namoro que já 
terminou há 2 meses. 
 
Alice: é, a Mari comentou comigo, mas não me disse o porque você foi embora! 
 
Laura: eu fui porque bebi demais e tava passando mal! Não queria que você 
fosse por minha causa... e vi você se divertindo com o bonitão lá! 
 
Alice: que nada, cara escroto! Me beijou à força! E o pior, deu confusão, os 
caras que tavam perto fizeram um empurra-empurra quando viram que eu não 
gostei! Eu e as meninas saímos de fininho e voltamos pra mesa! Depois de 1 
hora mais ou menos eu já havia voltado, mas achei que você tava com o Vini, 
não queria incomodar! 
 
Laura: nada! Eu nem avisei ele também que viria embora! 
 
Alice: hummm, mas olha só, o dia tá lindo! Eu liguei pras meninas virem tomar 
um sol aqui com a gente. Vamos?!?! 
 
Laura: eu não to muito a fim de papo com a Dani! 
 
Alice: deixa de coisa Laurinha, ela percebeu que você não curtiu! 
 
Laura: tá.... vou comer alguma coisinha, me trocar e já subo, ok?! 
 
Alice: blz, te espero então! – dessa vez ela saiu sem me dar um beijinho... e eu 
senti falta! 
 
Levantei e fui pra cozinha tomar um café. Fiquei pensando nessa coisa chata 
com a Dani e decidi deixar pra lá, já que ela havia se tocado. Voltei pro me 
quarto, coloquei o biquíni, um shortinho branco, uma regata cinza e um 
chinelinho no pé. Peguei minha toalha de subi. 
 
Quando cheguei as meninas já estavam lá. Cumprimentei-as e a Dani já foi me 
puxando de canto. 
 
Dani: Laurinha, me desculpa, eu não sabia que você ia ficar tão chateada! 
 
Laura: Dani, tá de boa. Eu só não gosto que fiquem se intrometendo nos meus 
relacionamentos. Você é minha amiga, me dá conselhos, mas não tem o direito 
de fazer “planinhos” com meu expra gente reatar. Achei meio sem noção, 
ainda mais numa noite 
que seria pra gente se divertir! 
 
Dani: eu sei, dei mancada! Pensei errado, me desculpa mesmo! Não vai mais 
acontecer. 
 
Laura: beleza! Chega desse assunto! Agora vamos aproveitar o dia, porque a 
noite foi uma bunda! 
 
A gente se juntou às meninas, tomamos um suco e decidimos entrar na 
piscina. Realmente estava muito calor aquele domingo! 
 
A Alice foi lá pra dentro ligar o som e voltou só de biquíni. Ela percebeu que eu 
quase morri ao vê-la praticamente sem nada. Sim, aquele biquíni pink era 
praticamente “NADA”. 
 
“Como que pode?! Eu de novo reparando?!” 
 
Ela pulou na piscina e logo depois foram a Dani e a Mari. 
 
Detalhe: eu virei uma estátua, ainda olhando na porta que ela tinha surgido. 
 
Alice: vem Laurinha. Tá muito boa a água. 
 
Laura: tá! Já vou! 
 
Me virei pra mesa, enchi meu copo de suco e virei num gole só. Eu tava 
nervosa, sentindo um frio na barriga!!! 
 
“Aaaaaiii, eu tô ficando louca com isso já!” 
 
Tomei ar e fui pra água! Mergulhei fundo na intenção de esfriar a cabeça. 
Fiquei um bom tempo embaixo da água, quando alguém me puxa. 
 
Mari: quer morrer, querida?!?! 
 
Laura: credo Mari! Eu não posso nem mergulhar?! Vê se me erra! 
 
Mari: ô Laura! Não pode mais brincar com você não?! 
 
Laura: desculpa! Tô de mal humor hoje! 
 
Mari: vem cá! – ela se virou pra que as meninas não pudessem ouvi-la – esse 
mal humor diz respeito ao Vini..... ou à Alice?!?! – eu me espantei. 
 
Laura: que isso Mari? Você tá louca? 
 
Mari: acho que quem ta ficando louca é você Laura! Pensa um pouco! - 
dizendo isso nadou pra perto das meninas. 
 
Fiquei muito assustada com aquelas palavras. Decidi me aproximar delas e 
entrar no assunto. Logo a Lourdes, ajudante da minha mãe, trouxe o nosso 
almoço! Almoçamos e eu tentei melhorar meu humor! Mas aquilo que a Mari 
havia dito não saía da minha mente e ela percebeu que havia me incomodado 
demais. 
 
Mais tarde eu decidi deitar numa cadeira de sol pra tentar pegar um bronze. 
Depois de uns 10 minutos eu percebi que a Mari deitou ao meu lado. A Alice e 
a Dani ainda se divertiam como peixinhos na piscina. Eu me virei, apoiando nos 
meus cotovelos como se fosse tomar sol nas costas e puxei o assunto mais 
que rápido. 
 
Laura: ô Mariana, o que foi aquilo que você quis dizer, hein?! 
 
Mari: se você tá encanada até agora é porque você levou em consideração, 
querida! – disse num tom de cinismo. 
 
Laura: ô garota, chega de meias palavras e fala de uma vez! 
 
Mari: você acha que eu fui ao banheiro atrás de você por que ontem, Laura?! 
 
Laura: porque você viu que eu tava passando mal! 
 
Mari: passando mal o caramba! Você saiu porque o cara beijou a Alice. Você 
acha que eu não percebi o jeito que vocês se olham?! – ela falava baixo. 
 
Laura: você só pode tá ficando retardada! Que é isso, Mari?! 
 
Mari: Laurinha, não vamos brigar por causa disso! Daqui uns dias a gente 
conversa sobre esse assunto de novo, ok?! Agora, desencana! – e voltou pra 
piscina como se não quisesse mais tocar nesse assunto. 
 
“Desencana?! Ela me deixou mais encanada ainda, essa louca!” 
 
A Mari é do tipo de pessoa que nunca fala, mas quando fala a bomba é quente! 
Parece mãe, que avisa que vai chover, chove mesmo! Por isso eu fiquei mais 
encucada! A Mari tem um sexto sentido muito bom, eu conheço muito bem ela! 
 
Voltei pra piscina também e passamos o resto do dia como se fossemos 
crianças novamente! 
 
Quando o sol já estava caindo, as meninas decidiram ir embora! Saíram da 
água, tomaram uma ducha e arrumaram as suas coisas. A Alice foi 
acompanhá-las até a porta. 
 
Eu fiquei lá na piscina, apoiada na beirada, vendo a vista de São Paulo. Aquele 
pôr do sol estava delirante. Depois de um bom tempo, quando eu tava 
compenetrada nos meus pensamentos, eu vi dois braços me cercarem e 
apoiarem na borda da piscina. Me virei e a Alice estava me olhando, com um 
sorriso safado no rosto. 
 
Alice: Laurinha! – e aproximou o seu rosto do meu. 
 
Eu podia sentir aquele perfume vindo do corpo dela e a sua respiração. Eu não 
sabia o que ela estava fazendo, mas as minhas mãos, automaticamente sem 
que eu as deixasse, cercaram a cintura dela. Sentindo-as ela sorriu e olhou 
minha boca. Naquele momento eu já sabia o que ia acontecer e estava 
totalmente entregue. 
 
..........: Desculpa, gatas! Eu esqueci meu celular em cima da mesa! 
 
“Eu não acredito!”. Era a voz da Mari. Eu não sabia o que fazer. Mergulhei e 
escapei dos braços da Alice, que mais do que rápido se apoiou na borda da 
piscina. Nem eu, nem ela, conseguimos responder o que a Mari tinha falado! 
 
Mari: Tchau meninas! Até mais! – saiu com um sorriso de canto. 
 
Demos tchau e a Alice mergulhou. Eu fiquei fitando a Mari até a porta. Ela se 
virou e piscou pra mim. “Vaca, ela deixou o celular de propósito!” 
 
Aí eu caí em mim e no que eu ia fazer! Foi tudo muito rápido. Saí da água, me 
sequei e percebi que a Alice agora era quem tava de costas olhando a vista de 
São Paulo. O pôr do sol tava realmente lindo! Não tive coragem de sair sem 
falar com ela. Dei a volta na piscina e me abaixei. 
 
Laura: eu tenho que descer! – e dessa vez foi eu quem dei um beijo na 
bochecha dela, que só sorriu. 
 
Eu estava saindo pela porta quando eu a vi abaixando a cabeça. 
 
Desci as escadas lentamente e quando estava no segundo lance me sentei 
num degrau pensando no que teria sido aquilo. Não tava certo isso! Agora eu já 
tinha certeza do desejo que queimava dentro de mim por ela. “Eu sei o que tô 
sentindo, eu ia permitir! Eu preciso fazer alguma coisa! BOSTA! Eu quero a 
minha mãe!”. E desci correndo pro meu quarto! 
Capítulo 6 
 
Aqueles pensamentos insanos de novo tomavam conta da minha cabeça. 
Agora eu estava entendendo o porquê de eu não ter reagido à nada. E pior, por 
ainda ter dado esperanças, quando a puxei pela cintura. 
 
“Não é possível, mas eu acho que eu tô completamente apaixonada por essa 
garota!”. Amenizou um pouco a situação quando eu pensei: “e tô sendo 
correspondida!”. 
 
Mas nada daquilo era certo. Alice e eu éramos melhores amigas. Dizem que 
toda menina já se apaixonou pela melhor amiga, então devia ser isso! 
 
“Mas por que queima a minha pele e me toma tanto a mente?!” 
 
Eram infinitas perguntas sem respostas. “E se a Mari estiver certa?! Agora ela 
tá mais do que certa, ela previu e viu o que ia acontecer! Será que eu ligo pra 
ela?! Não, melhor fingir que nada aconteceu! Eu preciso de um tempo pra 
minha cabeça. Eu preciso ficar um tempo longe da Alice!” 
 
Olhei pro meu celular em cima da escrivaninha e tinha uma ligação perdida. 
Era o Vini. 
 
“Ah! O que eu faço? Eu tô totalmente perdida!” 
 
Decidi tomar um banho e colocar a cabeça no lugar. Enquanto estava no 
chuveiro, meu celular tocou de novo. Era o Vini novamente. 
 
Laura: Oi Vini! 
 
Vini: Laurinha, o que aconteceu com você ontem?! Você sumiu! Tá tudo bem? 
 
Laura: Tá sim Vini, eu só passei mal e tive que ir embora correndo, desculpa 
por não te avisar, eu ia te ligar. 
 
Vini: Laurinha, não precisa ser gentil, meu amor! Eu já entendi o recado e só tô 
ligando mesmo pra saber se tá tudo bem! 
 
Laura: Vini, para de drama! 
 
Vini: Laura, se cuida! Você sabe onde me encontrar e sabe também que eu te 
adoro! Beijos gatinha! -- e desligou. 
 
Laura: Alô?! Vini?! CARALEO! 
 
“Por que eu simplesmente não podia gostar do Vini que é um cara legal, que 
gosta de mim e se preocupa comigo?! Por que tudo tem que ser tão 
complicado?!” 
 
Voltei pro banho pensando seriamente na possibilidade de dar mais uma 
chance ao nosso namoro e tentar tirar essa loucura da cabeça. Foi quando 
meu celular tocou de novo. “Caramba, não acabo esse banho hoje!” 
 
Olhei no visor, era a Mari. “Atendo ou não? Essa garota quer me sacanear!” 
 
Laura: Fala! 
 
Mari: ô Laurinha, tá bravinha?! Liguei pra te encher mesmo! 
 
Laura: e eu não sei? 
 
Mari: calma Laura! Você quer conversar?! 
 
Laura: conversar o quê, Mariana? 
 
Mari: sobre o que tá se passando. 
 
Laura: comoassim? 
 
Mari: eu vi que eu interrompi algo entre vocês hoje. Eu fiquei totalmente 
chateada porque, imagino eu, que não rolou nada depois. 
 
Laura: Você tá enganada, garota! 
 
Mari: ah, então rolou Laurinha? – com um tom de cinismo. 
 
Laura: não, aconteceu nada. Você tá enganada porque não interrompeu nada, 
não tava acontecendo nada, Mariana! 
 
Mari: ahhhhhhhhhh Lauraaaa! Você quer enganar quem? 
 
Quando ela disse isso eu não aguentei e desabafei chorando. 
 
Mari: Laura? Que foi? Você tá bem? 
 
Laura: Mariana, me deixa em paz, porra! -- eu disse. 
 
Mari: Laura, eu tô indo praí agora! 
 
Laura: de boa, fica onde você está e me esquece! -- eu estava visivelmente 
alterada! 
 
Mari: Laura, me escuta, eu quero conversar com você! 
 
Não deixei a Mari terminar de falar e desliguei. Ela me pegou numa hora de 
extremo nervosismo e não me deixou raciocinar direito. 
 
Saí do banho, me acalmei e me troquei o mais rápido que pude. Saí sem nem 
ao menos me pentear, o cabelo tava molhado e logo se ajeitaria. Eu sabia que 
a Mari ia aparecer e eu não queria vê-la. Peguei o primeiro táxi que encontrei 
na rua e pedi pra ele me deixar na Avenida Paulista. Eu adorava caminhar na 
Paulista, entrar nas livrarias e tomar café. Foi isso que eu fiz, caminhei de uma 
ponta à outra, sem destino, só pensando. 
 
A Mari me ligou mais duas vezes e eu não atendi. Não queria falar com 
ninguém! Decidi entrar na Fnac, folhear algumas revistas e ver as novidades. 
Estava tão concentrada na leitura que nem percebi uma pessoa se aproximar 
de mim. Ela veio por trás e tapou os meus olhos com as mãos. 
 
...........: Adivinha quem é?!?! 
 
Laura: eu não acredito! 
 
..........: ACREDITE! 
 
Eu me virei e ganhei um abraço de urso da Paula. Como eu adoro aquela 
garota! Conheci a Paula no curso de inglês, há muitos anos. Desde o primeiro 
dia a gente se identificou demais. Temos os mesmos gostos, as mesmas 
manias... A gente adorava conversar e andar por aí depois das aulas. Mas ela 
precisou sair do inglês e passamos a conversar mais por telefone. 
 
Paula: Own, que saudades de você Laurinha! -- e não me soltava. 
 
Laura: eu também, amore! Que delícia te encontrar! -- a minha felicidade era, 
agora, visível -- Ainda mais num dia como hoje! 
 
Paula: como assim, amor? 
 
Laura: ahhh! Deixa pra lá Paulinha, tô MUITO FELIZ em te ver! 
 
Paula: eu também, fofa! -- me enchia de beijinhos e apertões -- Vamos tomar 
um capuccino? 
 
Laura: você sabe mesmo como me chamar pra conversar, né gata? -- a gente 
riu. 
 
A Paula era um amor, atenciosa ao extremo, amiga mesmo! Era uma graça, 
cabelos negros, lisos e longos, olhos verdes como esmeraldas escuras e um 
sorriso largo, branquinho! Mais alta que eu e muito, muito fofa. Eu sempre dizia 
que ela tinha um cheirinho de bebê! 
 
Sentamos numa mesinha do café. 
 
Paula: eu quero me sentar pertinho de você, tô com saudades! -- ela sorriu 
bem grande. 
 
Laura: vem cá meu cheirinho de bebê! -- e puxei ela pelo braço. A gente riu. 
 
Fizemos o pedido e ela já foi logo puxando assunto. 
 
Paula: como você tá, Laurinha?! 
 
Laura: eu tô bem, logo tá começando a faculdade e eu tô bem animada. E 
você? 
 
Paula: eu tô bem também. Tô me mudando pra um apartamento só meu. Na 
verdade, por enquanto é um “apertamento”, aqui na Paulista mesmo. Mas pelo 
menos eu tô saindo da casa dos meus pais! 
 
Laura: hum, tá criando juízo, Paulinha? 
 
Paula: um dia tem que criar, né? -- e riu -- Mas me fala uma coisa, o que te 
aconteceu? Por que tá agoniada? 
 
Laura: Ah, Paulinha, é uma longa história! 
 
Paula: é uma longa história ou você não quer me contar? 
 
Laura: acho que os dois! 
 
Paula: Laurinha, você sabe que com a gente não tem essa de chateação, 
vergonha e coisas do tipo. 
 
Laura: eu sei! Mas é que eu não consigo nem contar, nem mesmo tocar no 
assunto! 
 
Paula: Laurinha, se você tá assim é porque precisa de alguém pra desabafar. 
Pode confiar em mim. Usa e abusa! -- e riu. 
 
Laura: ai Paulinha, então eu vou ser direta. 
 
Paula: fala, sou toda ouvidos! 
 
Laura: eu acho que tô apaixonada por uma garota! 
 
Ela parou, me olhou fundo e ficou meio sem palavras. 
 
Laura: eu disse que não era tão simples! 
 
Paula: Laurinha, eu tô saindo da casa dos meus pais por causa disso! 
 
Laura: como assim? -- fiquei espantada. 
 
Paula: eu me assumi e eles não aceitaram. Eu sou homossexual -- eu fiquei 
pasma -- Mas olha gata, calma! Eu sou a mesma Paula de antes, não fica me 
olhando como se fosse um ET! -- eu peguei na mão dela e ela entendeu que eu 
não tava sentindo preconceito -- Me conta tudo, quem sabe não posso te 
ajudar? 
 
Naquele instante, decidi que a Paula seria uma pessoa de confiança, afinal, ela 
já tinha passado por isso. Descrevi toda a história nos mínimos detalhes e 
depois de algum tempo ela chegou numa conclusão. 
 
Paula: Laurinha, não tem jeito! Você realmente está apaixonada por essa 
garota. E acho que é coisa desde a infância. Acho também que ela tá a fim, te 
provocando. Mas o que você tá sentindo que deve fazer? 
 
Laura: eu não sei! Eu só sei que quero dar um tempo da Alice. Ficar um pouco 
longe, pra colocar minha cabeça em ordem. Ver se é isso mesmo que tô 
sentindo. Depois eu vejo o que eu faço. 
 
Paula: Laurinha, meu apê é novo, não tem praticamente nada, mas se você 
quiser passar uns dias comigo, fique à vontade. Eu peguei férias do serviço pra 
poder organizar a minha vida, então a gente pode se fazer companhia. 
 
Laura: que isso Paula, não quero te incomodar não. 
 
Nesse instante, o meu celular tocou. Era de casa! Vendo minha aflição, ela 
perguntou: 
 
Paula: quer que eu atenda e diga que você foi ao banheiro?! 
 
Laura: ai, por favor, não dá pra saber se é ela, ou minha mãe! 
 
Paula: Alô? 
 
........: ééé, por favor, é do celular da Laura?! 
 
Paula: sim, quem é?! 
 
........: é a Alice, eu queria falar com ela, por favor? 
 
Paula: oi Alice, aqui quem fala é a Paula, amiga da Laura. Ela tá no toalete. 
 
Alice: Ah! Eu falo com ela depois então. Obrigada Paula, Tchau! 
 
Paula: tchau querida! 
 
Laura: Ai Paula, eu não sei o que eu faço. Mas acho que vou aceitar ficar uns 
diazinhos com você. 
 
Paula: que bom, amore! Fique à vontade pra ir quando quiser. 
 
Laura: eu vou pra casa agora, descansar. Amanhã eu te ligo, pode ser?! 
 
Paula: claro! -- me abraçou bem forte, me deu um beijo gostoso no rosto e eu 
fui embora. 
 
Peguei um táxi de volta pra casa. Entrei de fininho no meu quarto. Coloquei 
meu pijama comportado. Minha mãe foi me dar um beijo e disse que a Alice 
tava me procurando e que a Mari tinha ido até lá também. Respondi a ela que 
conversaria com as duas no dia seguinte. Fui deitar. 
 
A luz do meu quarto já tava apagada, eu já estava deitada fazia um bom 
tempo, pegando no sono, quando eu escutei a porta abrir. Levantei num pulo. 
Mas não consegui enxergar, estava tudo escuro. Percebi que a pessoa sentou 
na minha cama e chegou bem perto. 
 
.........: Eu preciso falar com você! -- sussurrou quase que como um gemido no 
meu ouvido. 
 
Aquele cheiro tomou conta do ambiente e quando ela tocou o meu braço eu 
senti como se uma fogueira queimasse dentro de mim. Eu sabia que era a 
Alice. 
 
Laura: que foi? -- perguntei baixinho. 
 
Alice: eu preciso te tocar, sentir o seu cheiro, Laura! E eu sei que você quer! -- 
quando ela disse isso próximo ao meu ouvido, eu me derreti toda, mas tirei 
forças não sei de onde pra responder. 
 
Laura: Alice, calma! Eu preciso de um tempo, você tá confundindo a minha 
cabeça! Eu preciso respirar! Eu tô pirando desde o dia que eu te vi! -- e fui me 
afastando. 
 
Alice: eu já pirei, Laura! Eu tô completamente louca! -- e tentava chegar mais 
perto de novo. 
 
Laura: Alice, por favor! Me dá um tempo! 
 
Ela segurou a minha nuca e beijou o meu pescoço. Eu senti a mão e a boca 
dela ardendo de calor. Quando me soltou, cai com a cabeça no travesseiro e 
ela saiu. Depois de um tempo, eu não tinha certeza se aquilo foi um sonho, 
enganação da minha mente ou se realmente tinha acontecido. 
 
“Sim, eutô LOUCA!” 
Capítulo 7 
 
Eu não tive uma noite boa. Acordei bem cedo na segunda-feira e fui falar com a 
minha mãe, que estava tomando café na cozinha. 
 
Laura: Bom dia, mãe! 
 
Mãe: Bom dia, filhota! 
 
Laura: Mãe, é o seguinte, eu vou precisar passar uns diazinhos na casa da 
Paula, aquela minha amiga do inglês, de muitos anos atrás. 
 
Mãe: Como assim, Laura? 
 
Laura: é que ela tá se mudando pra um apartamento sozinha e como eu tô de 
férias, ela me pediu pra ajudá-la com a mudança, arrumação, etc etc etc, 
entendeu? -- eu tive que dar um “perdido”. 
 
Mãe: Mas Laura, a Alice acabou de chegar e você vai largar a menina sozinha? 
 
Laura: Mãe.... são só uns diazinhos, assim a Alice também organiza as coisas 
dela e tal. No máximo sexta-feira estou de volta! 
 
Mãe: Dorme em casa e vai de dia ajudar a Paulinha, filha, não tem 
necessidade de dormir na casa dela! 
 
Laura: É que vão ser os primeiros dias dela sozinha, ela queria minha 
companhia. E a Alice tem a Dani e a Mari mãe! 
 
Mãe: Ok Laura, ok.... mas só dessa vez e atenda a minhas ligações, ok?! E me 
deixa o endereço da Paulinha, se eu precisar de algo urgente! 
 
Laura: Obrigada mãe! -- beijei o rosto dela. 
 
Quando me levantei, vi que Alice estava escutando nossa conversa, encostada 
na porta da cozinha. Ela ficou me olhando como se não estivesse acreditando 
que eu tava fugindo dela. Sim, “FUGIR” era o verbo correto a ser utilizado. Eu 
estava fugindo mesmo. 
 
Saí o mais rápido que pude da cozinha e fui arrumar as minhas coisas. Ela só 
ficou me fitando. Peguei o celular e liguei pra Paulinha dizendo que eu tava 
indo pro apê dela. Ela se animou e disse que estava preparando um café da 
manhã especial pra gente. 
 
Arrumei minha mochila, vesti uma calça de moletom larga e uma blusinha, 
amarrei o cabelo e saí sem me despedir da minha mãe, para evitar de 
encontrar com a Alice de novo. Quando desci do elevador, não acreditei no que 
eu vi. Alice estava me esperando no hall do prédio. 
 
Alice: Oi! -- ela olhou séria pra mim. 
 
Laura: Oi! -- eu respondi sem jeito. 
 
Alice: Por que você tá saindo com tanta pressa? 
 
Laura: Por que você sempre me surpreende? 
 
Alice: É impressão minha ou você tá me evitando? 
 
Laura: Não, Alice, eu só preciso ir pra casa da Paula. Ela tá precisando de uma 
ajuda minha. 
 
Alice: E se eu não tivesse ouvido sua conversa na cozinha, eu não ia ficar 
sabendo? E quem sabe, talvez, você também iria me evitar no telefone a 
semana toda, como ontem? 
 
Laura: Para de fazer tantas perguntas, Alice! -- foi quase um grito -- O que foi 
aquilo no meu quarto ontem? 
 
Alice: Do que você tá falando? Eu tava com a Mari ontem à noite! -- eu não 
acreditei, eu realmente tinha sonhado! 
 
Laura: Fazendo o quê com a Mari? -- senti ciúme. 
 
Alice: Ué, ela é minha amiga também, não? 
 
Laura: Então pronto, Alice, fica de boa -- falei isso e fui saindo, estava 
visivelmente alterada... e ela também. 
 
Alice: Laura! -- ela segurou meu braço -- Pra que isso? 
 
Laura: Outra hora a gente conversa, por favor! -- eu voltei e dei um abraço 
nela, que correspondeu prontamente... tão gostoso. 
 
Logo me desvencilhei e sem olhar naqueles lindos olhos cor de mel, saí 
correndo para pegar um táxi. Não sei o que ela fez, não olhei pra trás pra ver. 
Cheguei no apartamento da Paulinha e ela estava à minha espera. Contei tudo 
o que tinha acontecido durante aquela manhã e ela logo disse: 
 
Paula: Laurinha, você precisa ouvir o que ela tem a dizer. Pelo que você conta, 
ela está desesperada pra falar com você. 
 
Laura: Mas eu não me sinto preparada pra falar com ela! 
 
Paula: Laura, falar não é tão difícil quanto beijar... Não precisa acontecer se 
você não quiser! 
 
Laura: O problema é esse, Paulinha! 
 
Paula: Então se você quer, pega essa mulher logo de jeito -- a gente riu -- Ela 
tá te dando muito mole. 
 
Laura: Quero tentar esquecer um pouco esse assunto. 
 
Paula: Ok, não vamos falar mais nisso. 
 
Terminamos o café da manhã e fui com a Paula resolver uns últimos detalhes 
do apartamento dela. A gente se divertia demais juntas. 
 
Ao longo do dia, ela me contou da namorada. Uma garota chamada Fabiana, 
Fabi, que mora no Rio de Janeiro. Ela me contou que a intenção das duas era 
da Fabi vir morar com ela em São Paulo. Me contou toda a história delas, que 
por sinal é linda. 
 
Com Paulinha, a semana passou rápido. A gente tava cada dia mais próxima. 
Sem que eu nem percebesse, a quinta-feira já tinha chegado. Eram umas 6h 
da tarde quando Paulinha decidiu ir comprar algumas coisas pra fazermos um 
lanche. Ela saiu e eu fiquei sozinha no apê, vendo televisão. Pensei que por 
mais que minha semana tivesse sido muito legal, eu não conseguia parar de 
pensar na Alice, em como ela estava, o que ela tava fazendo e coisas desse 
tipo. 
 
De repente, meu celular tocou e no visor mostrava o numero de casa. “QUE 
BOSTA! A Paulinha não tá aqui pra atender e ver se é minha mãe!”. Decidi 
atender porque se fosse a dona Lúcia, ia ficar muito brava, e tínhamos 
combinado que atenderia suas ligações! 
 
Laura: Alô? 
 
.........: Pensei que não ia me atender! – ela riu. 
 
Laura: Alice? -- mesmo sabendo da possibilidade de ser ela, fiquei surpresa. 
 
Alice: Acertou! Tudo bem? 
 
Laura: Tudo e você? -- “por que ela tá fazendo que nada aconteceu?” 
 
Alice: Tô com saudades! Vem pra casa? -- meu coração começou a bater forte. 
 
Laura: Amanhã eu vou, Alice. 
 
Alice: Vem hoje! -- falando manhosa. 
 
Laura: Amanhã! 
 
Alice: Tá, promete? 
 
Laura: Prometo! 
 
Alice: Tá bom então! Beijo... 
 
Laura: Beijo -- e desligou. 
 
Eu não entendi aquela ligação, mas uma coisa ela tinha conseguido... Me 
deixar ainda mais, digamos, apaixonada, “ai ai”! Aquela garota tava me 
deixando cada segundo mais louca. Paulinha chegou da padaria e eu contei da 
ligação. Comemos e fomos ver novela. Naquele dia, a gente tinha decidido ficar 
quietas dentro de casa e aproveitar pra papear, pois eu iria embora no dia 
seguinte. 
 
Conversamos sobre tudo. TUDO MESMO! E quando duas babacas estão sem 
uma ocupação, arranjam alguma coisa pra fazer. Ligamos o rádio e 
começamos a brincar de guerra de almofadas. Ríamos demais. Corríamos pelo 
apartamento, fazendo a maior bagunça. Paulinha teve a excelente ideia de se 
esconder. Fiquei um tempão procurando aquela safada. Entrei no quarto dela e 
aquela ogra saiu de dentro do guarda-roupa se jogando em cima de mim. 
Caímos no colchão que tava no chão, rindo. 
 
Paulinha era maior que eu e, sem sombra de dúvidas, bem mais forte. Ela me 
virou de frente pra ela e segurou as minhas mãos acima da minha cabeça, me 
deixando totalmente desprotegida naquele momento. Parou de rir e me olhou 
dos pés à cabeça. Eu senti um arrepio subindo na minha espinha e fechei os 
olhos. Aproximou-se do meu pescoço, cheirando-o e tocando com sua boca. 
Aquilo estava me deixando totalmente entregue. Entrelacei as minhas pernas 
nas dela, dando a entender que eu também estava a fim daquilo. Eu só 
consegui pensar “A Paulinha NÃO! Ah! A Paulinha SIM!”. 
 
Ainda passeando pelo meu pescoço, ela soltou as minhas mãos. Uma delas 
agarrou o meu cabelo e a outra apertava a minha cintura. Naquele momento, 
eu não pensava em mais nada. Estava louca já! Apertei forte sua bunda e fui 
arranhando suas costas. Ela foi com a boca até o meu ouvido e gemeu: 
“Gostosa!”. Eu praticamente gozei só de ouvir a maneira como ela falou. Vendo 
que eu já estava completamente alterada ela parou, me olhou e disse: 
 
Paula: Laurinha. Você já é mais que uma sapatão! -- rindo horrores -- Some 
daqui e vai atrás da SUA mulher. Não sou eu por quem você está apaixonada! 
-- eu a olhei querendo matá-la -- Outro dia eu deixo você passar a mão na 
minha bunda -- ria mais ainda. 
 
Laura: Paula, sua descarada, filha da puta! -- eu ri. 
 
Paula: Vai Laura, o quê você tá esperando? 
 
Levantei rápido, ajeitei minha roupa, dei um beijo demorado no rosto dela e saí 
correndo. Quando eu estava na porta e ela ainda deitada no colchão do quarto, 
gritei: 
 
Laura: Obrigadagata! EU TE AMO! -- fechei a porta e corri pegar um táxi. 
 
Somente quando eu tava a caminho de casa percebi que já estava com minha 
calça xadrez e minha regata branca, prontinha pra dormir. Ainda bem que 
coloquei, pelo menos, um chinelo no pé e peguei minha mochila. Subi correndo 
pro apartamento. Entrei devagar pra minha mãe não reparar. Eu tava doida pra 
pegar aquela garota! Corri em direção às escadas. 
 
“Porque será que eu nunca pego o elevador? Se concentra, Laura!” 
 
Chegando ao terceiro andar, novamente ouvi a música que eu a vi dançando 
pela primeira vez... “RADAR”. Se eu pensasse muito pra tomar alguma atitude, 
desistiria de novo. Então nem pensei. 
 
Entrei no estúdio de sopetão e ela estava dançando, como da outra vez. “QUE 
LINDA! Não quero morrer do coração antes de chegar até ela!” Joguei minha 
mochila no chão e fui em direção à Alice. Ela me viu e não parou de dançar. Eu 
caminhava com passos firmes e sem nem pensar ou planejar o que ia fazer. 
Ela sorriu já prevendo o que aconteceria. 
 
Eu tentei segurá-la pela cintura, mas ela se esquivava, indo pra trás e 
dançando. Estava brincando comigo. Eu já estava completamente fora de mim, 
só de vê-la dançando tão perto, com aquele shortinho curto preto e o top 
branco. 
 
Consegui prendê-la entre o meu corpo e a parede. Não cansando de me ver 
sofrer, me empurrou numa poltrona que havia ao lado e dançava bem na minha 
frente, rindo da minha situação. 
 
“Hey baby whether it’s now or later (I’ve got you), you cant shake me (no), 
cause I got you on my radar, Whether you like it or not, it ain’t gonna stop, 
cause I got you on my radar (I’ve got you), cause I got you on my radar”. 
 
Foi quando eu, não aguentando vê-la rebolar tanto, puxei-a pela cintura 
fazendo-a sentar no meu colo. Ainda de costas para mim, ela insistia em 
dançar e eu já beijava loucamente o seu pescoço e os seus cabelos. 
 
“AH, AQUELE CHEIRO!” Sentindo a minha boca arder de desejo em sua nuca, 
ela se virou e entrelaçou suas pernas na minha cintura. Me olhava com fogo 
nos olhos e eu apertava com toda força as suas costas e a sua cintura. 
 
Alice: Lau... -- coloquei o meu dedo indicador em sua boca, como se 
necessitasse daquele silêncio. 
 
Respirando fundo, segurei sua nuca e a beijei. Senti Alice amolecendo nos 
meus braços, ficando totalmente entregue a mim. Eu tinha conseguido me 
domar! 
 
“QUE BEIJO É ESSE?” Suas mãos passeavam pelos meus cabelos, sua língua 
procurava a minha com pressa e desejo. Eu estava explodindo por dentro. Eu 
queria mais! Foi o sentimento mais delirante que já havia vivido. SURREAL! 
Finalmente eu estava sentindo o gosto daquela boca perfeitamente desenhada. 
 
Depois de um longo tempo, nossos lábios se separaram e minha língua 
percorreu todo seu pescoço, colo e ombros. Ela gemia baixo em meu ouvido, 
algumas coisas que eu não conseguia entender. 
 
“Eu preciso da boca dela!”. Voltei a beijá-la. Dessa vez o beijo foi doce, meigo e 
apaixonado. Abraçava-a forte e ela retribuía os meus carinhos. Estava em 
transe total e precisava de ar. 
 
“Isso foi INCRÍVEL!” As nossas bocas se separaram e eu não conseguia parar 
de olhar aqueles olhos cor de mel. Ela sorria e passava as mãos nos meus 
cabelos. A gente ainda estava na mesma posição na poltrona. 
 
Alice: Ficou com saudades de mim? -- riu. 
 
Laura: Você sabe como me deixar doida! -- também ri. 
 
Alice: Eu endoidei desde o primeiro minuto que olhei pra você! 
 
Laura: Quando a gente era pequena? 
 
Alice: BOBA! -- aquele cheiro era realmente maravilhoso. 
 
Laura: Eu tentei fugir, me afastar desse desejo -- disse tentando me explicar. 
 
Alice: Eu não queria que você fugisse, eu queria você pra mim -- me deu um 
selinho demorado. 
 
Laura: Eu quero que esse momento seja pra sempre! -- olhava-a hipnotizada. 
 
Alice: Vou trancar a porta -- se levantou e foi até a porta. 
 
Eu fiquei ali, parada, na mesma posição. Se aproximou de mim, estendeu o 
braço pegando na minha mão. 
 
Alice: Vem comigo! -- convidou. 
 
Sem nem pensar, FUI! 
Capítulo 8 
 
Alice me levou até o quarto em meio a beijos, me jogou na cama e, com as 
pernas abertas, sentou-se sobre mim, me fazendo acreditar que, naquele 
momento, ela era a dona da situação. Aproximou sua boca da minha. 
 
Alice: Você tem noção do quanto eu tava esperando por isso? -- falou baixinho. 
 
Laura: Aham! -- eu estava hipnotizada. 
 
Alice: Tem? -- ela riu do meu jeito, mas insistia para que eu voltasse à 
realidade. 
 
Laura: Não, não sei! Me mostra! -- minhas mãos já tomavam conta de todo o 
seu corpo. 
 
Ela beijou minha boca como eu nunca vi, me deitando na cama. O nosso 
desejo era mais do que visível. Aquele perfume penetrava não só o meu nariz, 
como também a minha pele. 
 
“QUE MULHER, MEU DEUS!” 
 
Eu não conseguia pensar em nada. Fechava os olhos e tentava respirar o 
mesmo ar que ela. Não poderia descrever. A música continuava tocando e eu 
nem sei mais qual era. Ela parecia dançar sobre mim. Eu sentia cada parte 
dela. 
 
“Ah, Alice!” 
 
Ela parou tudo, olhou fundo nos meu olhos e sorriu. 
 
Alice: Eu quero terminar uma coisa! 
 
Me puxou novamente pela mão e me levou até a área da piscina. Eu não 
estava entendendo nada. Parou na minha frente e começou a tirar o shorts, 
ficando só de calcinha, que era de renda branca e larguinha na lateral, LINDA! 
 
“AH! Eu não vou aguentar!” 
 
De repente, ela pulou na piscina. 
 
Alice: VEM! -- e sorriu gostoso -- Não tá gelada! 
 
Laura: Você tá louca?! 
 
Alice: Tô, por você! Vem, Laura. 
 
Eu queria mesmo era ficar junto dela, então valia tudo. Tirei minha calça e 
minha regata e pulei na piscina. Percebi que minha lingerie preta a deixou de 
queixo caído. Quando coloquei a cabeça pra fora da água, ela já estava me 
empurrando pra borda, me cercando com os dois braços. 
 
Laura: É um deja vù? 
 
Alice: Era isso que eu precisava terminar. 
 
Sem que eu pudesse responder, me beijou com a boca molhada. Eu a puxei 
forte pela cintura pra que ficasse colada em mim, lembrando aquele momento 
que não havia sido finalizado. 
 
A gente só queria matar aquele desejo que ardia em nossos corpos, que nem a 
água da piscina conseguia apagar. Alice estava quente, como se ao invés da 
lua, no céu, estivesse o sol. Ela beijava o meu pescoço e mordia a minha 
orelha. Eu precisava virar o jogo. Eu a queria como minha refém. 
 
Num movimento rápido, me virei e quem ficou sobre a parede foi ela. Mergulhei 
e lambi desde a sua barriga até o seu pescoço. Ela se contorcia nas minhas 
mãos. Suas bochechas estavam totalmente rosadas. Levou a boca até a minha 
orelha. 
 
-- “Eu QUERO você!” – disse baixinho. 
 
Não aguentei e puxei a sua boca na minha novamente. Nos beijamos 
apaixonadamente, sem pressa nenhuma. Uma mistura de bocas, mãos e 
gemidos. Até que, depois de um longo tempo, eu consegui respirar. 
 
Laura: Se eu soubesse que seria tão bom, não teria saído dessa piscina 
naquele dia! -- sorri. 
 
Alice: E eu não teria deixado você longe de mim todos esses dias! 
 
Laura: Eu sei que não é hora, mas... desculpa! -- a gente não conseguia parar 
de se olhar. 
 
Alice: Agora você entende que eu quero você? -- me olhava fixamente. 
 
Laura: Agora eu entendi que EU quero você! 
 
Ela me beijou como se não acreditasse no que tinha ouvido. 
 
Alice: Vem, vamos entrar, tá ficando frio – disse depois de alguns minutos. 
 
Saímos da piscina. Ela interfonou na cozinha e pediu dois chocolates quentes 
pra Lourdes. Tomamos um banho quente rápido, sem muita gracinha, pois 
sabíamos que logo a Lourdes bateria na porta. 
 
Não teve jeito, eu não pude colocar nem calcinha e nem sutiã, ia dormir só de 
calça e regata. Depois de uns 15 minutos, Alice foi pegar os chocolates. 
 
Alice: Obrigada, Lourdes. Avise à dona Lúcia que a Laura tá aqui comigo e vai 
dormir por aqui, ok? 
 
Veio com a bandeja e os dois chocolates quentes, acompanhados de uma 
tigelinha com bolachas. Não deu 5 minutos e minha mãe interfonou no quarto 
da Alice. 
 
Mãe: Laura? Filha, você não tava na Paulinha? 
 
Laura: Sim,

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