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Donald W. WinnicottDonald W. Winnicott A FAMÍLIA E A FAMÍLIA E DESENVOLVIMENTODESENVOLVIMENTO INDIVIDUALINDIVIDUAL PREFÁCIO Este livro é uma coletânea de palestras proferidas ao longo dos últimos dez anos, dirigidas em sua maioria a grupos de assistentes sociais. Seu tema central é a família e o desenvolvimento de grupos sociais a partir desse primeiro grupo natural. Repetidas vezes procurei afirmar e reafirmar a teoria do crescimento emocional da criança, crendo que a estrutura familiar deriva em grande parte das tendências para a organizaço presentes na personalidade individual. ! família possui lugar claramente definido naquele ponto em que a criança em desenvolvimento trava contatocom as forças que operam na sociedade. " prot#tipo desta interaço é encontrado na relaço srcinal entre criança e me, relaço essa em que, por vias e$tremamente comple$as, o mundo representado pela me pode vir a au$iliar ou impedir a tendência inata da criança ao crescimento. Esta é a idéia central desenvolvida no decorrer desta coletânea de artigos, muito em%ora estes ten&am sido ela%orados independente mente, com o intuito primeiro de atender 's necessidades específicas dos grupos para os quais foram proferidos. AGRADECIMENTOS (ostaria de agradecer novamente ' min&a secret)ria, sra. *o+ce oles, por seu tra%al&o paciente e cuidadoso. (rato estou ao sr. -. -asud &an, por seus consel&os. /ela permisso de repu%licar artigos 0) uma vez su%metidos ao prelo, recon&eço tam%ém min&a gratido para com os seguintes editores e instituiç1es2 o editor de 3e4 Era in 5ome and Sc&ool6 o editor de 3ursing 7i,nes6 o editor de 3e4 Societ+6 o editor do 8ritis& *ournal of /s+c&iatric Social 9or:6 o editor da -edical /ress6 o editor de 5uman Relations6 o editor do anadian -edical !ssociation *ournal6 a Editora 8utter4ort& ; o. <td.6 a 8ri tis& 8roadcasting orporation. =ornece>se a seguir uma lista das fontes srcinais. D. W. WINNICOTT, F.R.C.P. ?. /u%licado na -edical /ress, março de ?@AB. C. /alestra proferida ' !ssociation of 9or:ers for -alad0usted &il dren, a%ril de ?@D Freescrita em ?@DGH. I. /rograma de r)dio da 88, março de ?@D. G. /rograma de r)dio da 88, 0un&o de ?@DC. A. /alestra proferida no (oldsmit&Js oilege, outu%ro de ?@AK6 ' !s sociation of &ild (are "fficers, maio de ?@AB6 e na Lniversidade -c(ill, outu%ro de ?@D6 su%seqMentemente pu%licada no anadian -edical !ssociation *ournal, a%ril de ?@D?. NO ! =!-P<O! E " QESE3"<O-E37" O3QOOQL!< D. /alestra proferida durante o =amil+ Service l*nits ase4or:ersJ Stud+ 9ee:end, outu%ro de ?@AB. K. /alestra proferida ' !ssociation of &ild (are "fficers, fevereiro de ?@D. B. /alestra ' !ssociation of /s+c&iatric Social 9or:ers, novem%ro de ?@A@6 su%seqMentemente pu%licada no 8ritis& *ournalof/s+c&iatric /!R7E ? Social 9or:, vol. D, n ?, ?@D?. @. 8aseado numa palestra proferida ao /essoal (raduado do <ondon (ount+ ouncil (&ildrenJs Qepartment, fevereiro de ?@D?6 su%seqMentemente pu%licada em 3e4 Era in 5ome and Sc&ool, outu%ro de ?@DC6 e, de forma alterada e so% o título de Struggling t&roug& t&e QoldrumsT F7ranspondo a Uona de almariasTH, em 3e4 So ciet+, CA de a%ril de ?@DI. ?. /alestra ' Societ+ for /s+c&osomatic Researc&, novem%ro de ?@D. ??. /arte do apítulo ?G de -odern 7rends in /aediatrics FSecond Se riesH, editado por !. 5oizel ei. /. -. 7izard F<ondres2 8utter4ort&, ?@ABH. ?C. /alestra proferida num curso organizado pela !ssociation of Super visors of -id4ives6 su%seqMentemente pu%licada em 3ursing 7imes, ?K e CG de maio de ?@AK. ?I. /alestra proferida num curso para o%stetras organizado pelo Ro+al (oliege of -id4ives, novem%ro de ?@AK. ?G. /alestra ' !ssociation of <ondon ount+ (ouncil &ild 9elfare "f ficers, outu%ro de ?@A@. ?A. /alestra ' 3urser+ Sc&ool !ssociation, 0ul&o de ?@A. ?D. /alestra ' !ssociation of 9or:ers for -ald0usted (&ildren, a%ril de ?@AA. ?K. /u%licado em 5uman Relations, vol. I, nV C, 0un&o de ?@A. CAPITULO 1 - O PRIMEIRO ANO DE VIDA Concepçõe Mo!e"n# !o Deen$o%$&'en(o E'oc&on#% In("o!)ç*o -uita coisa acontece no primeiro ano de vida da criança2 o desenvolvimento emocional tem lugar desde o princípio6 num estudo da evoluço da personalidade e do car)ter é impossível ignorar as ocorrências dos primeiros dias e &oras de vida Fe mesmo do último est)gio da vida pré>natal, no caso de crianças p#s> maturasH6 e até a e$periência do nascimento pode ser significativa. " mundo no parou de girar a despeito de nossa ignorânci a no que toca a estes assuntos, pois &) algo na me de um %e%ê que a torna particularmente qualificada para proteger seu fil&o nesta fase de vulnera%ilidade, e que a torna capaz de contri%uir positivamente com as claras necessidades da criança. ! me é capaz de desempen&ar esse papel se se sentir segura6 se se sentir ama da em sua relaço com o pai da criança e com a pr#pria família6 e ao sentir>se aceita nos círculos cada vez mais amplos que circundam a família e constituem a sociedade. Se quisermos, podemos continuar a dei$ar o cuidado das crianças por conta das mes, cu0a capacidade no se %aseia no con&ecimento formal, mas provém de uma atitude sensível adquirida na medida em que a gravidez avança, e depois perdida ' proporço que a criança se desenvolve e se afasta. 5), porém, uma série de raz1es para que empreendamos um estudo do que ocorre nos primeiros est)gios de desenvolvimento da personalidade da criança. /or e$emplo2 enquanto médicos ou enfermeiras, podemos nos ver forçados a interferir no relacionamento entre me e criança para lidar com certas anormalidades físicas da criança, e devemos con&ecer a realidade na qual estamos interferindo. !demais, o estudo físico da infância tem proporcionado su%stanciais recompensas no decorrer dos últimos cinqMenta anos, e é possível que um interesse an)logo pelo desenvolvimento emocional produza resultado s ainda mais ricos. omo terceira razo, poder>se>ia evocar o fato de que uma %oa proporço de mes e país, em virtude de doenças sociais, familiares e pessoais, no consegue fornecer ' criança condiç1es suficientemente %oas ' época de seu nascimento6 nesses casos, espera>se de médicos e enfermeiras que ten&am a capacidade de entender, tratar ou mesmo prevenir esses distúr%ios, assim como freqMentemente o fazem em casos de enfermidades físicas. ada vez mais dever) o pediatra ter uma formaço to %oa no tocante ao aspecto emocional quanto a que &o0e possui relativa ao aspecto físico do crescimento da criança. 5) ainda uma quarta razo que 0ustifica o estudo do desenvolvimento emocional em suas primeiras fases2 é muitas vezes possível detectar e diagnosticar distúr%ios emocionais ainda na infância, até mesmo durante o primeiro ano de vida. W evidente que a época certa para o tratamento de um tal distúr%io é a época mesma de seu início, ou um momento to pr#$imo desta quanto possível. -as, por &ora, no insistirei mais so%re este aspectoda questo. 7ampouco farei referência 's deficiências de saúde ou anormalidades físicas, %em como ao crescimento mental considerado em termos de uma tendência de desenvolvimento afetada por fatores &eredit)rios. 3este artigo, para todos os efeitos, podem os supor que a criança se0a sadia de corpo e potencialmente sadia na mente6 o que dese0o discutir é o significado mesmo desta potencialidade. Xual é o potencial e$istente no nascimentoV Qeste, o que c&ega a realizar>se em ato ao final do primeiro ano de vidaV pressupon&o, tam%ém, a e$istência de uma me que se0a sadia suficiente para comportar>se naturalmente como me. Qevido ' e$trema dependência emocional da criança, seu desenvolvimento ou sua vida no podem serestudados ' parte da consideraço do cuidado que l&e é fornecido. ! seguir, e$pon&o e desenvolvo %revemente uma série de pro posiç1es. W possível que estas o%servaç1es condensadas ven&am a demonstrar, para aqueles envolvidos com o cuidado de crianças, o fatode que o desenvolvimento emocional do primeiro ano de vida lança as fundaç1es mesmas da saúde mental do indivíduo &umano. Ten!+nc&# INATA AO DESENVOLVIMENTO 3o universo psicol#gico, &) uma tendência ao desenvolvi mento que é inata e que corresponde ao crescimento do corpo e ao desenvolvimento gradual de certas funç1es. !ssim como o %e%ê geralmente senta por volta dos cincoou seis meses e d) os primeiros passos na época de seu primeiro anivers)rio, quando talvez 0) ter) aprendido a usar umas duas ou três palavras, assim tam%ém &) um processo evolutivo no desenvolvimento emocional. 7odavia, esse crescimento natural no se constata na ausência de condiç1es suficientemente %oas, e nossa dificuldade consiste em parte em esta%elecer quais so essas condiç1es. 3os par)grafos seguintes darei por con&ecidas a natureza do processo ontogenético e as %ases do comportamento. Depen!+nc&# ! grande mudança que se testemun&a no primeiro ano de vida refere>se ' aquisiço de independência. ! independência é algo que se realiza a partir da dependência, mas é necess)rio acrescentar que a dependência realiza>se a partir de algo a que se poderia c&amar dupla dependência. 3os prim#rdios &) uma dependência a%soluta em relaço ao am%iente físico e emocional. 3o primeiríssimo est)gio no &) vestígios de uma consciência da de pendência, e por isto esta é a%soluta. (radualmente, a dependência torna>se em certa medida con&ecida pela criança, que, por conseqMência , adquire a capacidade de fazer sa%er ao am%iente quando necessita de atenço. Qo ponto de vista clínico, constata>se um progresso muito gradual em direço ' independência, sempre marcado por recorrências da dependência e até da dupla de pendência. 3este e noutros aspectos, a me é capaz de adaptar> se 's necessidades vari)veis Y e crescentes Y da criança. om um ano de idade, a criança 0) é capaz de manter viva a idéia da me e tam%ém do tipo de cuidado que se acostumou a rece%er6 é capaz de manter viva esta idéia por certa e$tenso de tempo, talvez dez minutos, talvez uma &ora, talvez mais. 7odavia, o panorama ap#s um ano de vida varia muito, no s# de uma criança para outra como tam%ém em se tratando de uma mesma criança. -uito normalmente, um certo grau de in dependência pode ser diversas vezes conquistado, perdido e novamente conquistado6 é %astante freqMente que uma criança retorne ' dependência, tendo 0) sido deveras independente com um ano. Esta progresso da dupla dependência ' dependência, e desta ' independência, no é apenas e$presso da tendência inata da criança a crescer6 este crescimento s# pode ocorrer se se pro cessar numa outra pessoa uma adaptaço muito sensível 's necessidades da criança. W a me da criança que costuma ser a pessoa mais qualificada a desempen&ar esta tarefa sumamente deli cada e constante6 é a pessoa mais adequada pois é ela que, com maior pro%a%ilidade, entregar>se>) de modo mais natural e deli%erado ' causa da criaço do fil&o. INTEGRAO Qesde o início é possível a um o%servador perce%er que a criança 0) é um ser &umano, uma unidade. om um ano, a maioria das crianças 0) adquiriu de fato o status de indivíduo. Em outras palavras, a personalidade tornou> se integrada. W claro que is to nem sempre é verdade, mas pode>se dizer que, em certos momentos, ao longo de certos períodos e em certas relaç1es, a criança de um ano é uma pessoa inteira, -as a integraço no é algoautom)tico, é algo que deve desenvolver>se pouco a pouco em cada criança individua l. . 3o é mera questo de neurofisiologia, pois, para que seu processo se desenrole, &) a necessidade da presença de cer tas condiç1es am%ientais, a sa%er2 aquelas cu0o mel&or provisor é a pr#pria me da criança. ! integraço manifesta>se gradualmente a partir de um est) gio prim)rio no>integrado. 3o princípio, a criança se comp1e de uma série de fases de mo%ilidade e percepç1es sensoriais. W fato quase certo que, para a criança, o repouso identifica>se ' volta a um estado no>integrado. ! volta ' no>integraço no é necessariamente fonte de medo para a criança, devido a um senso de segurança propiciado pela me. Zs vezes, segurança significa simples mente ser adequadamente seguro no colo. 7anto em nível físico como em níveis mais sutis, a me ou o am%iente conservam a criança como que unida a si mesma, e a no>integraço e reintegraço podem processar>se sem ocasionar ansiedade. ! integraço parece estar ligada 's e$periências emocionais ou afetivas de car)ter mais definido, como a raiva ou a e$citaço pelo oferecimento de comida. !os poucos, na medida em que a integraç o afirma>se como um fato esta%elecido e a criança torna>se cada vez mais constituída uma s# unidade, o processo de desconstruço dessa estrutura adquirida passa a identificar>se mais ' desintegraço que ' no>integraço. ! desintegraço é dolorosa. ! um ano de idade, o grau de integraço que pode ter sido atingido é %astante vari)vel algumas crianças dessa idade 0) esto de posse de uma personalidade forte, um e% [ cu0as características pessoais so e$ageradas6 outras, no e$tremo oposto, no adquirem ao ca%o de um ano uma personalidade to definida, e continuam %astante dependentes de um cuidado contínuo. *Conceito psicanalítico que inclui o eu (ego) e o não-eu. É a totalidade da própria pessoa. Inclu i também o corpo com todas as suas partes, a estrutura psíquica com todas as suas partes, o ínculo com os ob!etos internos e e"ternos e o su!eito como oposto ao mundo dos ob!etos. C#. $eon %rinberg e &ebeca %rinberg. Ident idad' Cambio. aidós, uenos ires, +. (/.&.0.) PERSONALI/AO ! criança de um ano vive firmemente esta%elecida no corpo. ! psique e o soma 0) aprenderam a conviver. " neurologista diria que o t\nus corporal é satisfat#rio e que a criança tem %oa coordenaço motora. Este estado de coisas, no qual psique e soma esto em intima relaço, desenvolve>se a partir da série de estados iniciais em que a psique imatura Fem%ora %aseada no funcionamento corporalH no se encontra estreitamente ligada ao corpo e ' vida do corpo. ! e$istência de um grau razo)vel de adaptaço das necessidades da criança é o que mel&or possi%ilita o r)pido esta%elecimento de uma relaço forte entre psique e soma. 5avendo fal&as nessa adaptaço, surge uma tendência de a psi que desenvolver uma e$istência fracamente relacionada ' e$periência corporal, acarretando como resultado que as frustraç1es físicas no se0am sentidas em toda a sua intensidade. -esmo gozando de %oa saúde, a criança de um ano nem sempre est) firmemente enraizada em seu corpo. ! psique de uma criança pode normalmente perder contato com o corpo, e pode &aver fases em que no é f)cil para a criança retornar de sú%ito para o corpo2 no caso, por e$emplo, de acordar de um sono pro fundo]!s mes sa%em disso e, antes de pegar no colo uma criança adormecida, acordam>na gradualmente, de modo a no provocar o tremendo %erreiro de pânico que pode advir de uma mu dança de posiço corporal num momento em que a psique encontra>se ausente. Qo ponto de vista clínico, esta ausência da psique pode vir de par com fases de palidez, suor, diminuiço da temperatura e v\mitos. 3este ponto, é possível que a me imagine que seu fil&o est) morrendo6 quando o médico c&egar, porém, a criança 0) ter) retornado a um estado to normal que ele noentender) os motivos da ansiedade da me. 3aturalmente, o clínico geral tem mais con&ecimento desta síndrome do que o especialista. MENTE E PSI0UE-SOMA om um ano, a criança 0) ter ) desenvolvido de modo %astante perc eptível os rudimentos de uma mente.2 ! mente é algo muito distinto da psique. ! psique est) ligada ao soma e ao funcionamento corporal, ao passo que a mente depende da e$istência e do funcionamento daquelas partes do cére%ro que se desenvolvem depois Fna filogêneseH das partes relacionadas ' psique primitiva.,.^ a mente a respons)vel pela gradual aquisiço, pela criança, da capacidade de esperar a comida ficarpronta, enquanto ouve os %arul&os que indicam a pro$imidade da &ora de alimentaço. Este é um e$emplo grosseiro do uso da mente. /ode>se dizer que, de início, a me deve adaptar>se de modo quase e$ato 's necessidad es de seu fil&o para que a personalidade infantil desenvolva>se sem distorç1es. ontudo, d)>se ' me cada vez mais a possi%ilidade de ser malsucedida nessa adaptaço e isso ocorre porque a mente e os processos intelectuais da criança tornam>se capazes de levar em conta e logo permitir cer tas fal&as de adaptaço. 3esse sentido, a mente alia>se ' me e a alivia de parte de suas funç1es. 3a criaço de um fil&o, a me é dependente dos processos intelectuais deste, e so eles que aos poucos e tornam apta a readquirir sua vida pr#pria. 5), sem dúvida, outras maneiras pelas quais a mente se desenvolve. W funço da mente catalogar eventos, acumular mem#rias e classific)>las. /ela mente, a criança é capaz de usar o tempo como forma de medida e tam%ém medir o espaço. ! mente tam%ém relaciona causa e efeito. Seria %astante instrutivo comparar os condicionamentos li gados ' mente e ' psique6 um tal estudo poderia lançar luz so%re as diferenças e$istentes entre os dois fen\menos, tantas vezes confundidos um com o outro. ! capacidade de a mente infantil a0udar a me em suas tarefas varia muito, é claro, de criança para criança. ! maioria das mes é capaz de adaptar>se ' %oa ou m) capacidade mental de seus fil&os, e progredir no mesmoritmo da criança. Entretanto, facilmente uma me sagaz entra em descompasso com algum de seus fil&os dotado de capacidade intelectual relativamente limitada6 do mesmo modo, a criança esperta est) su0eita a perder contato com uma me lenta. ! partir de determinada idade a criança torna>se capaz de aceitar certas características da me, conquistando alguma independência em relaço ' incapacidade materna de adaptar>se 's necessidades filiais6 isso, porém, raramente ocorre antes do primeiro anivers)rio. F#n(#&# e I'#&n#ç*o2 7ípica da criança é a fantasia, que pode ser definida como uma ela%oraço imaginativa das funç1es físicas. ! fantasia logo torna>se infinitamente comple$a, mas é possível que de início se0a restrita em termos de quantidade o%servaço direta no possi%ilita ter acesso 's fantasias de uma criança pequena, mas todo tipo de %rincadeira indica a e$istência de fantasia. Ser) conveniente acompan&ar o desenvolvimento da fantasia por meio de uma classificaço artificial2 FiH Simples ela%oraço de funço. FiiH Qistinço entre2 antecipaço, e$periência e mem#ria. FiiiH E$periência em termos da mem#ria da e$periência. FivH <ocalizaço da fantasia dentro ou fora do self, com intercâm%ios e constante enriquecimento entre am%os. FvH onstruço de um mundo interno, ou pessoal, com um sentido de responsa%ilidade pelo que e$iste e ocorre l) dentro. FviH Separaço entre consciência e inconsciente, " inconsciente inclui aspectos da psique que, de to primitivos, nunca se tornam conscientes, e tam%ém certos aspectos da psique ou do funcionamento mental que se tornam inacessíveis ' consciência a título de defesa contra a ansiedade Fao que se c&ama o inconsciente reprimidoH. ]! fantasia evolui consideravelmente no decorrer do primeiro ano de vida]W importante reafirmar que, em%ora isso Fcomo todo crescimento H ocorra como manifesta ço da tendência natural ao desenvolvim ento, a evoluço é certamente tol&ida ou distorcida na ausência de certas condiç1es. ! natureza destas condiç1es pode ser estudada e até determinada. REALIDADE PESSOAL 3INTERNA4 " mundo interno do indivíduo 0) tem uma organizaço definida ao final do primeiro ano de vida.J Elementos positivos so derivados de uma interpretaço pr#pria dos padr1es da e$periência pessoal, especialmente a de nível instintivo, e %aseiam> se em última instância nas características &eredit)rias inatas ao indivíduo Fna medida em que estas 0) possam ter>se manifesta doH. Esse e$trato do mundo, interno ' criança, vai>se organizando de acordo com mecanismos comple$os que têm por o%0etivo2 FiH a preservaço do que se sente ser %omT Y isto é, aceit)vel e revigorante para o self FegoH6 FiiH o isolamento do que se sente ser mauT Y isto é, inaceit)vel, persecut#rio ou imposto pela realidade e$terna sem aceitaço FtraumaH6 FiiiH a preservaço de um espaço, na realidade psíquica pessoal, em que o%0etos ten&am relacionamentos vivos entre si Y de afeto, mas tam%ém de arre%atamento e agresso. !o final do primeiro ano c&egam a manifestar>se até mesmo os primeiros traços de defesas secund)rias que atendem ' ruptura da organizaço prim)ria6 por e$emplo, um amortecimento generalizado de toda a vida interior, que se manifesta clinicamente como depresso6 ou uma pro0eço intensa de elementos do mundo interno so%re a realidade e$terna, manifestando>se clinicamente numa atitude em relaço ao mundo marcada pela paran#ia. Lma manifestaço clínica muito comum deste último caso so os capric&os relativos ' comida Y como, por e$emplo, as implicâncias com a nata no leite. ]! viso que a criança tem do mundo e$terior ao self %aseia>se em grande medida no padro da realidade pessoal interna6 cumpre fazer notar que o comportamento real do am%iente em relaço a uma criança é até certo ponto afetado pelas e$pectativas positivas e negativas da pr#pria criança. VIDA INSTINTIVA ! princípio, a vida instintiva da criança %aseia>se no funcionamento alimentar. "s interesses ligados 's mos e ' %oca predominam, mas as funç1es e$cretoras aos poucos vo acrescentando sua contri%uiço. ! começar de certa idade, talvez aos cinco meses, a criança torna>se capaz de relacionar a e$creço ' alimentaço, e vincular fezes e urina ao consumo oral.]Qe par com isso tem início o desenvolvimento do mundo pessoal interno, que, conseqMentenente tende a ser localizado na %arriga. "riginando>se deste padro simples, a e$periência do psique> soma se alastra até a%arcar o todo do funcionamento corporal. ! respiraço associa>se ao que estiver predominando no mo mento, de modo que pode ser vinculada ora ' a%sorço, ora ' e$creço. W característica importante da respiraço que, e$ceto durante o c&oro, ela dei$a sempre patente a continuidade entre interior e e$terior, configurando assim uma fal&a nas defesas. 7odas as funç1es tendem a ter uma qualidade org)st ica, na medida em que todas, cada uma a seu modo, contêm uma fase de preparaço e estímulo local, um clíma$ em que o corpo inteiro est) envolvido, e um período de p#s> satisfaço. ! funço anal vai adquirindo com o tempo mais e mais importância, a ponto de poder vir a predominar so%re afunço oral. " orgasmo anal é normalmente um orgasmo e$cret#rio mas, em certas circunstâncias, o ânus pode tornar>se um #rgo passivo, tomando para si parte da importância da funço oral e ser a%sorvente. 3aturalmente, as manipulaç1es anais aumentam a pro%a%ilidade de ocorrência de tal complicaço. 7anto para meninos como para meninas, a e$creço urin) ria pode ser org)stica e, na mesma proporço, e$citante e satisfat#ria. ontudo, a satisfaço org)stica depende, em %oa parte, da escol&a do momento adequado. Esforços no sentido de ensinar a criança desde muito cedo a controlar seus processos e$cret#rios, se %em>sucedidos, podem priv)>la das satisfaç1es físicas que pertencem propriamente ' infância6 as conseqMências de um trein precoce so imensas, e no raro desastrosas. ! e$citaço genital no tem grande importância no primeiro ano de vida. 3o o%stante, os meninos podem apresentar ereço e as meninas atividades vaginais, ocorrendo am%os so%retudo em associaço com a alimentaço e$citada ou com a idéia de alimentaço. !s atividades vaginais podem ser estimuladas pela manipulaço anal. 3o primeiro ano de vida, a ereço f)lica começa a adquirir uma importância pr#pria, o mesmo acontecendo com a estimulaço do clit#ris. -as no é comum que, ' época do primeiro anivers)rio, a menina 0) ten&a começado a apresentar inve0a do #rgogenital do menino, #rgo este que, comparado com o clit#ris ou a vulva, é %astante evidente quando adormecido e ainda mais quando estimulado. Essa discrepância tender) a ocasionar ostentaço e inve0a no decorrer de um ou dois anos seguintes. F! funço e as fantasias genitais s# passam a ter predominância so%re as funç1es ingestivas e e$cretoras em algum momento do período compreendido, grosso modo, entre as idades de dois e cinco anos.H Qurante o primeiro ano de vida as e$periências instintivas so as portadoras da crescente capacidade que a criança tem de relacionar>se com o%0etos, capacidade essa que culmina num relacionamento amoroso entre duas pessoas inteiras, me e fil&o. " relacionamento triangular, com sua riqueza e complicaç1es específicas, vai aparecendo como fator novo na vida da criança por volta da época de seu primeiro anivers)rio, mas s# atinge sua plena e$tenso quando a criança 0) começou a andar, e quando o aspecto genital adquire predominância so%re as diversas modalidades de funcionamento alimentar instintivo e de fantasias. " leitor recon&ecer) facilmente em meio a esta e$posiço a teoria freudiana da se$ualidade infantil, que foi a primeira contri%uiço da psican)lise ao entendimento da vida emocional das crianças. ! idéia mesma da e$istência de uma vida instintiva na infância provocou fortes reaç1es no ânimo pú%lico6 &o0e, porém, recon&ece> se claramente que esta teoria é o tema central da psicologia da infância normal, %em como do estudo das raízes da psiconeurose. RELA5ES O67ETAIS ! criança de um ano por vezes é uma pessoa inteira que se relaciona com outras pessoas inteiras. Osto é uma aquisiço que se desenvolve gradualmente, e s# vem ' e$istência de fato quando as condiç1es so suficientemente %oas. " primeiro estado caracteriza>se pela relaço com o%0etos parciais Y como no caso do %e%ê que se relaciona com o seio, no &avendo consciência da figura da me, em%ora o %e%ê possa con&ecerT a me em momentos de contato afetuoso. W a gradual integraço da personalidade da criança que faz com que o o%0eto parcial Fseio, etc.H possa ser entendido como pertencente a uma pessoa inteira. Esse aspecto do desenvolvimento acarreta ansiedades específicas, de que trataremos mais adiante Fver ! /!OQ!QE QE SE /RE"L/!R[H. Qe par com o recon&ecimento do o%0eto inteiro surge o germe de um sentido de dependência, e, por conseguinte, o germe da necessidade de independência. 7am%ém a percepço da com * No srcinal: capacity of concern. Concern tem o sentido de se preocupar e de estar implicado. (N.R.T.)* No srcinal: capacity of concern. Concern tem o sentido de se preocupar e de estar implicado. (N.R.T.) fia%ilidade da me torna possível a e$istência da qualidade de confia%ilidade na criança. 3um est)gio primeiro, antes de a criança começar a operar como uma unidade, as relaç1es o%0etais têm a natureza de uma Lnio de parte com parte. Em qualquer est)gio de que se trate, constata>se um grau e$tremo de varia%ilidade no que toca ' e$istência de um self total capaz de viver e$periências e reter a me m#ria destas. ESPONTANEIDADE " impulso instintivo cria uma situaço que pode evoluir, por um lado, para a satisfaço, ou se diluir numa insatisfaço difusa ou num desconforto general izado da psique e do soma. 5) &ora certa para a satisfaço de um impulso, &) um clíma$ interno que deve vir 0unto com a e$periência de fato. !s satisfaç1es têm e$ trema importância para a criança no decorrer de seu primeiro ano de vida, e a capacidade de esperar s# pode ser adquirida de mo do gradual. " que se pede, evidentemente, é que a criança sacrifique sua espontaneidade emfavor das necessidades daqueles que dela cuidam. -uitas vezes e$igimos das crianças mais do que de n#s mesmos ]! espontaneidade, assim, é ameaçada por dois con0untos de fatores2 FiH pelo dese0o da me de li%ertar>se das cadeias da maternidade6 a isso pode so%repor>se a falsa idéia de que uma me deve educar seu fil&o desde muito cedo a fim de produzir um %omT fil&o6 FiiH pelo desenvolvimento de comple$os mecanismos de reinserço da espontaneidade no interior da pr#pria criança esta%elecimento de um superegoH. W este desenvolvimento do controle interno que proporciona na a única %ase verdadeira da moralidade, e a moralidade tem início 0) no primeiro ano de vida da criança. Ela surge como conseqMência de rudes medos de retaliaço, e prolonga>se na su0eiço da vida instintiva da criança Fque começa a esta%elecer>se como uma pessoa dotada de sentido de preocupaçoH6 ela protege os o%0etos de amor da e$ploso desmedid a do amor primordial, sendo esse implac)vel e tendo por fim apenas a satisfaço dos impulsos instintivos. Qe início, a mecânica do autocontrole é to rude quanto os pr#prios impulsos, e a severidade da me a0uda por ser menos %rutal e mais &umana6 pois uma me pode sempre ser desafiada, mais] a ini%iço interna de um impulso é passível de ter efeito to tal. ! severidade das mes, portanto, tem um significado inesperado2 leva, de modo gradual e gentil, ' complacência, e salva a criança da ferocidade do autocontrole. /or uma evoluço natural Fsupondo>se que as condiç1es e$teriores permaneçam favor)veisH, a criança esta%elece uma severidade interna de car)ter &umanoT, adquirindo seu autocontrole sem perder demais daquela espontaneidade que, s# ela, faz a vida valer a pena. CAPACIDADE CRIATIVA " tema da espontaneidade naturalmente nos leva a considerar o impulso criativo, o qual Fso%re todo o maisH d) ' criança a prova de que est) viva. " impulso criativo inato desaparece a menos que se0a cor respondido pela realidade e$terna Frealizad oTH. 7oda criança tem que recriar o mundo, mas isso s# é possível se, pouco a pouco, o mundo for se apresentando nos momentos de atividade criativa da criança. ! criança procura algo e encontra o seio, e criou>se o seio, " sucesso dessa operaço depende da sensi%ilidade da adaptaço da me 's necessidades da criança, so%retudo no começo. ! partir disso &) uma progresso natural no sentido da criaço por parte da criança do con0unto de toda a realidade e$terior, e da criatividade contínua que, de início, necessita de uma audiência e que, por fim, aca%a por criar até mesmo esta. "s dolorosos primeiros est)gios desse processo vitalício desenrolam>se na primeira infância, e dependem da capacidade da me de apre sentar o fragmento de realidade no momento mais ou menos e$ato. Ela é capaz de fazê>lo porque, temporariam ente, encontra>se identificada em grau e$tremo com sua criança. MOTILIDADE 8 AGRESSO ! mo%ilidade é uma característica do feto vivo, e os movimentos de um %e%ê prematuro numa incu%adora nos do uma presumível idéia do que se0a o feto no útero pouco antes de nas cer. ! mo%ilidade é precursora da agresso, termo esse que vai gan&ando seu significado ' medida que a criança cresce. So casos particulares de agresso o ato de agarrar com as mos e a atividade de sugar, que depois transforma>se em morder 3a criança sadia, grande parte do potencial de agresso funde>se 's e$periências instintivas e ao padro dos relacionamentosdo pequeno indivíduo. /ara que esse desenvolvimento ocorra so necess)rias certas condiç1es am%ientais suficientemente %oas. Em casos de enfermidade, s# uma pequena proporço do potencial de agressivi dade vem a fundir>se com a vida er#tica, e a criança passa a ser atormentada por certos impulsos que carecem de sentido. Esses, ao final, levam ' destrutividade na relaço com o%0etos ou, o que é pior, constituem as %ases de uma atividade inteiramente sem sentido, de que seriam e$emplos as convuls1es. E possível que essa agresso no se manifeste nas for mas de uma e$pectativa ou de um ataque. Essa é uma das patologias do desenvolvimento emocional que se evidencia desde muito cedo, e ao final manifesta>se como um distúr%io psiqui)trico. 7al distúr%io, o%viamente, pode apresentar traços de paran#ia. " potencial de agresso é e$tremamente vari)vel,pois de pende no s# de fatores inatos como tam%ém dos acidentes am%ientais6 certas dificuldades de parto, por e$emplo, podem afetar profundamente " estado da criança recém>nascida6 mesmo um parto normal pode apresentar características traum)ticas para a psique imatura da criança, que no con&ece outra defesa a no ser reagir, dei$ando temporariamente de e$istir no seu pr#prio movimento. CAPACIDADE DE SE PREOCUPAR Em algum momento da segunda metade do primeiro ano de vida da criança normal, essa começa a demonstrar certa capacidade de se preocupar, certa &a%ilidade de ter sentimento de culpa. 7rata>se aqui de um estado de coisas altamente comple$o que depende da integraço da personalidade infantil numa unidade e est) vinculado ' aceitaço, por parte da criança, da responsa%ilidade por toda a fantasia so%re o que pertence ao momento instintivo. ! presença contínua da me Fou sua su%stituta H é pre condiço necess)ria a essa realizaço altamente sofisticada, e a atitude da me deve comportar um elemento de estar atenta a ver e aceitar os esforços imaturos feitos pela criança no sentido de contri%uir, isto é, ca%e ' me reparar, amar construtivamente. Esse importante est)gio do desenvolvimento emocional foi detal&adamente estudado por -elanie lein em sua ampliaço da teoria psicanalítica FfreudianaH que englo%a as srcens do sentimento de culpa pessoal, a ânsia de agir de forma construtiva e de dar. !ssim, a potência Fe a aceitaço da potênciaH tem uma de suas raízes no desenvolvimento emocional que ocorre antes F%em co mo depoisH do primeiro anivers)rio. POSSES Z idade de um ano, a maioria das crianças 0) adotou um ou mais o%0etos macios, ursin& os, %onecas de pano etc., que l&es so importantes. F!lguns meninos preferem o%0etos duros.H 7ais o%0etos o%viamente desempen&am o papel de o%0etos parciais, re presentando so%retudo o seio, e é s# aos poucos que vo passando a representar %e%ês, papai ou mame. W muito interessante estudar o uso que a criança faz do primeiro o%0eto adotado, que talvez se0a uma ponta do co%ertor, uma fralda ou um lenço de seda. Esse o%0eto pode adquirir impo rtância vital, e pode ter o valor de um o%0eto intermedi)rio entre o self e o mundo e$terior. 7ipica mente, pode>se ver uma criança ir dormir agarrada a um tal o%0eto Fque c&amo de o%0eto transicionalTH, ao mesmo tempo que suga o polegar ou dois outros dedos e talvez coce o nariz ou o l)%io superior. " padro é pr#prio de cada criança6 esse padro, que se manifesta ' &ora de dormir ou em momentos de solido, tristeza ou ansiedade, pode persistir até o fim da infância ou mesmo na vida adulta. 7udo isso faz parte do desenvolvimento emocional normal. Esses fen\menos Fa que c&amo transicionaisH parecem constituir a %ase de toda a vida cultural do ser &umano adulto. Lma privaço severa pode acarretar uma pedra da capacidade de fazer LS" da técnica costumeira, causando inquietaço e ins\nia. laramente,o polegar na %oca e a %oneca de pano na mo sim%olizam a um s# tempo uma parte do self e uma parte do am%iente. Eis aqui uma oportunidade de o o%servador estudar as srcens do comportamento afetivo. Esse estudo é importante Fse no por outras raz1esH porque a perda da capacidade de ser afetivo é uma das características da criança carenteT, mais vel&a, a qual, do ponto de vista clínico, demonstra uma tendência anti> social e é potencial candidata ' delinqMência. AMOR Z medida que a criança cresce, o significado do termo amorT vai se alterando, ou enriquecendo>se com novos elementos2 FiH !mor significa e$istir, respirar6 estar vivo identifica>se a ser amado. FOOH !mor significa apetite. !qui no &) preocupaço apenas a necessidade de satisfaço. FiiiH !mor significa o contato afetuoso com a me. FivH !mor significa a integraço Fpor parte da criançaH do o%0eto da e$periência instintiva com a me integral do contato afetivo6 o dar passa a relacionar>se ao rece%er, etc. FvH !mor significa afirmar os pr#prios direitos ' me, ser compulsivamente voraz, forçar a me a compensar as Finevit)veisH privaç1es por que ela é respons)vel. FviH !mar significa cuidar da me Fou do o%0eto su%stitutoH como ela cuidou da criança Y uma prefiguraço da atitude de responsa%ilidade adulta. CONCLUSO 7odos estes desenvolvimentos Fao lado de muitos outrosH podem ser o%servados nos primeiros anos de vida, em%ora nada es te0a esta%elecido ' época do primeiro anivers)rio, e quase todas as aquisiç1es podem ser perdidas frente a uma posterior ruptura das condiç1es mínimas am%ientais ou mesmo pela aço de cer tas ansiedades inerentes ao amadurecimento emocional. W %em possível que o pediatra ven&a a sentir>se perdido e consternado quando tentar compreender a psicologia da criança, de que fizemos aqui %reve es%oço. !pesar disso, ele no deve desesperar, pois normalmente poder) dei$ar tudo a cargo da criança, da me e do pai. -as, se uma interferência na relaço me> criança porventura se fizer imprescindível que o profissional sai%a ento o que est) fazendo, e procure a%ster>se de toda interferência desnecess)ria. CAP9TULO : - O RELACIONAMENTO INICIAL ENTRE UMA ME E SEU 6E6; A PARCERIA ENTRE ME E 6E6; 3um e$ame do relacionamento e$istente entre uma me e seu fil&o, é necess)rio distinguir aquilo que pertence ' me daquilo que 0) começa a desenvolver>se na criança. Esto em 0ogo dois tipos distintos de identificaço2 a identificaço da me com seu fil&o e o estado de identificaço do fil&o com a me. ! me introduz na situaço uma capacidade amadurecida, ao passo que a criança se encontra nesse estado porque é assim que as coisas começam. onstatamos na me gr)vida uma identificaço cada vez maior com seu fil&o. ! criança ) associada pela me ' idéia de um o%0eto internoT, um o%0eto imaginado para ser instalado dentro e aí mantido apesar de todos os elementos persecut#rios que tam%ém têm lugar na situaço. " %e%ê tem outros signif icados na fantasia inconsciente da me, mas é possível que o traço predominante nesta se0a uma vontade e uma capacidade de desviar o interesse do seu pr#prio self para o %e%ê. *) denominei esse aspecto da atitude da me como preocupaço materna prim)riaT. ! meu ver, é isso que confere ' me uma capacida de especial de fazer a coisa certa. Ela sa%e como o %e%ê pode estar se sentindo. 3inguém mai s sa%e. "s médicos e enfermeiras talvez sai%am muit o a respeito de psicologia, e certamente con&ecem tudo so%re a saúde e a doença do corpo. -as no sa%em como o %e%ê est) se sentindo a cada minuto, pois esto fora dessa )rea de e$periência. Essa realidade pode ser afetada por dois tipos de distúr%ios maternos. 3um e$tremo, temos a me cu0os interesses pr#prios têm car)ter to compulsivo que no podem ser a%andonados e ela é incapaz de mergul&ar nessa e$traordin)ria condiço que quase se assemel&a a uma doença, em%ora, na verdade, se0a %astante indicativo de %oa saúde. 3o outro e$tremo temos a me que tende a estar sempre preocupada, e nesse caso o %e%ê torna>se sua preocupaço patol#gica. Essa me pode ter uma capacidade especial de a%dicar do pr#prio self em favor da criança, mas qual o resultado final disso V W normal que a me v) recuperando seus interes ses pr#prios ' medida que a criança l&e permite fazê>lo. ! me patologicamente preocupada no s# permanece identificada a seu %e%ê por um tempo longo demais, como tam%ém a%andona de sú%ito a preocupaço com a criança, su%stituindo>a pela preocupaço que tin&a antes do nascimento desta. Xuando a me normal vai dei$ando de preocupar>se com seu fil&o, o que ocorre é uma espécie de desmame. " primeiro tipo de me no consegue desmamar o fil&o porque este nunca a teve de fato para si, de modo que o desmame dei$a de ter sentido6 a outra me doente é incapaz de desmamar, ou tende a fazê>lo su%itamente, sem dar atenço ' crescente necessidade da pr#pria criança de ser desmamada. Encontramos fatos an)logos a todos estes quando consideramosnossa pr#pria atividade terapêutica com crianças. !s crianças colocadas so% nosso cuidado, na medida em que precisam de terapia, atravessam fases em que regridem e revivem Fou, conos co, vivem pela primeira vezH os relacionamentos primeiros que no foram satisfat#rios em seu passado. Somos capazes de nos identificar com elas assim como a me identifica>se com seu fi l&o, tempor)ria mas plenamente. !o pensarmos nesse tipo de coisa que ocorre aos pais, estamos pisando num terreno seguro, mas quando pensamos num instinto maternal nossa teoria se confunde, e terminamos por perder F...H numa desordenada mistura de seres &umanos e animais. Qe fato, a maioria dos animais cumpre %astante %em essa primeira funço materna, e nos primeiros est)gios do processo evolutivo os refle$os e respostas instintivas simples eram suficientes para que tal se desse. -as, de um modo ou de outro, as mes e %e%ês &umanos possuem certas qualidades &umanas que devem ser respeitadas. 7am%ém possuem refle$os e instintos grosseiros, mas no é possível descrever satisfatoriamente o ser &umano em termos daquilo que ele compartil&a com os animais. W importante, em%ora #%vio, notar que, estando a me no estado que descrevi, ela se torna uma pessoa muito vulner)vel. 3em sempre isso se nota, devido ao fato de em geral &aver algum tipo de proteço estendida em torno da me, proteço esta organizada talvez por seu marido. Esses fen\menos secund)rios podem produzir>senaturalmente no decorrer de uma gravidez, assim como produz>se o estado especial da me em relaço ' criança. W no caso de uma ruptura das forças protetoras naturais que se constata o quo vulner)vel é a me. 7ocamos aqui num as sunto vasto, que se vincula ' questo dos c&amados distúr%ios mentais puerperais a que as mul&eres podem estar su0eitas. 3o s# o desenvolvimento da preocupaço materna prim)ria é difícil de alcançar para certas mul&eres mas tam%ém o processo de re co%rar uma atitude normal em relaço ' vida e ao self pode pro duzir enfermidades clínicas. 7ais enfermidades podem ser ocasionadas, em certa medida, por um colapso da co%ertura protetora, um colapso daquilo que permite ' me estar voltada para dentro e esquecer todos os perigos e$ternos enquanto dure sua preocupaço materna. A IDENTIFICAO DO 6E6; COM SUA ME !o tratar do estado de 0 do %e%ê, refiro>me ' criança a ponto de nascer, ' criança recém>nascida e ' criança de poucas semanas ou meses. " %e%ê de seis meses 0) est) saindo do estado que ora considero. A FAM9LIA E O DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL " pro%lema é to delicado e to comple$o que no podemos esperar o%ter quaisquer resultados de nossas refle$1es se no pressupusermos que a criança em questo este0a sendo cuidada por uma me suficientemente %oa. S# na presença dessa me suficientemente %oa pode a criança iniciar um processo de desenvolvimento pessoal e real. Se a maternagem no for %oa o sufi ciente, a criança torna>se um acumulado de reaç1es ' violaço6 o self verdadeiro da criança no consegue formar >se, ou permanece oculto por tr)s de um falso self que a um s#tempo quer evitar e compactuar com as %ofetadas do mundo. Ognoremos esta complicaço, e consideremos apenas aquela criança que, tendo uma me %oa o suficiente, pode começar seu desenvolvimento. !cerca dessa criança, eu afirmaria2 seu ego é simultaneamente fraco e forte. 7udo depende da capacidade da me de dar apoio ao ego, " ego da me est) em &armonia com o ego do fil&o, e ela s# é capaz de dar apoio se for capaz de orientar>se para a criança, segundo o processo que 0) descrevi em parte. Xuando o par me>fil&o funciona %em, o ego da criança é de fato muito forte, pois é apoiado em todos os aspectos, " ego reforçado Fe, portanto, forteH da criança é desde muito cedo capaz de organizar defesas e desenvolver padr1es pessoais fortemente marcados por tendências &eredit)rias. Essa imagem do ego fraco e forte aplica>se tam%ém ao caso dos pacientes Fcrianças e adultosH que esto regredidos e dependentes na situaço terapêutica concentrar>me>ei, porém, na descriço da criança. W esta criança, cu0o ego é forte devido ao apoio do ego da me, que cedo torna>se verdadeiramente ele mesmo ou ela mesma. Se o apoio do ego da me no e$iste, ou é fraco, ou intermi tente, a criança no consegue desenvol ver>se numa tril&a pessoal6 o desenvolvimento passa ento, como 0) disse, a estar mais relacionado com uma sucesso de reaç1es a colapsos am%ientais que com as urgências internas e fatores genéticos, "s %e%ês %em cuidados rapidamente esta%elecem>se como pessoas, cada um deles diferente de todos os outros que 0) e$istiram ou e$is tiro, ao passo que os %e%ês que rece%em apoio egoico inadequado ou patol#gico tendem a apresentar padr1es de comportamento semel&antes Finquietude, estran&amento, apatia, ini%iço, complacênciaH. 3a situaço de terapia infantil, o profissional é no raro recompensado pelo surgimento de uma criança que, pela primeira vez, é um indivíduo. Este tanto de teoria é necess)rio se se quiser compreender esta estran&a realidade em que vivem as crianças2 realidade esta em que nada ainda distinguiu>se como no>eu, de modo que ainda no e$iste um EL. ! identificaço é aqui aquilo com que a criança começa. 3o significa que a criança se identifica com a me, mas que no &) con&ecimento da me ou de qualquer o%0eto e$terno ao self6 e mesmo essa afirmaço no pode ser considerada correta, pois no e$iste ainda um self. /oder>se>ia dizer que, neste est)gio, o self da criança é apenas potencial. Retornando a este estado, o indivíduo torna>se fundido com o seif da me. " self de cada criança ainda no se formou, e logo no pode ser visto como estando fundido, mas as mem#rias e e$pectativas podem agora começar a acumular>se e formar>se. Qevemos lem%rar que estas coisas s# ocorrem quando o ego da criança é forte, por ser reforçado. !o considerarmos esse estado da criança, devemos retroceder um est)gio além do que costumamos fazer. /or e$emplo2 sa%emos o que é a desintegraço, e isso nos conduz facilment e ' idéia de integraço. -as no presente conte$to, para e$pressar o que queremos dizer, precisamos de uma palavra como no> integraço. Qo mesmo modo, con&ecemos a despersonalizaço, o que facilmente nos leva a intuir a e$istência de um processo de construço da pessoa, um processo de esta%elecimento de uma unio ou vínculo entre o corpo, ou as funç1es corporais, e a psi que Findependente do que isso possa significarH. -as, ao considerarmos o crescimento primordial, temos que conce%er que um tal pro%lema ainda nem sequer c&egou a colocar>se para a criança, cu0a psique est) apenas começando a ela%orar>se em torno do funcionamento corporal. "u ainda2 temos con&ecimento das relaç1es o%0etais, e daí facilmente c&egamos ' idéia de um processo pelo qual se esta%eleça a capacidade de relacionar>se com o%0etos. -as é necess)rio conce%ermos um estado anterior ao momento em que a noço de o%0eto passa a ter sentido para a criança, muito em%ora a criança se satisfaça relacionando>se com algo que vemos como sendo um o%0eto, ou a que poderíamos c&amar o%0eto parcial. Essas quest1es muit o primitivas começam quando a me, identificando>se com seu fil&o, é capaz e tem vontade de dar apoio no momento em que for necess)rio. A FUNO MATERNA om %ase nessas consideraç1es, torna>se possível categorizar a funço da me suficientemente %oa nesses primeiros est)gios. 7ais funç1es podem reduzir>se a2 FiH 5olding[. FiiH -anipular. FiiiH !presentar o%0etos. FiH " <o%!&n tem muita relaço com a capacidade da me de identificar>se com seu %e%ê. Lm &oldingsatisfat#rio é uma [ " &olding é descrito por 9innicott como uma fase em que a me ou su%stituta2 Y /rotege da agresso fisiol#gica. Y <eva em conta a sensi%ilidade cutânea do lactente.., e a falta de con&ecimento por parte deste da e$istência de qualquer coisa que no se0a ele mesmo. Y Onclui a rotina completa do cuidado dia e noite adequadaa cada %e%ê. Y Segue tam%ém as mudanças instantâneas do dia>a>dia que fazem parte do crescimento e do desenvolvimento do lactente, tanto físico quanto psicol#gico. " &olding FsegurarH inclui especialmente o &olding físico do lactente...T f. Q. 9. 9innicott, " am%iente e os processos de maturaço, Ed. !rtes -édicas, /orto !legre, ?@BI. F3.R.7H porço %)sica de cuidado, s# e$perimentada nas reaç1es a um &olding deficiente. " &olding deficiente produz e$trema afliço na criança, sendo fonte2 da sensaço de despedaçamento, da sensaço de estar caindo num poço sem fundo, de um sentimento de que a realidade e$terior no pode ser usada para o reconforto interno, e de outras ansiedades que so geralmente classificadas co mo psic#ticasT. FiiH ! manipulaço facilita a formaço de uma parceria psicossom)tica na criança. Osso contri%ui para a formaço do senti do do realT, por oposiço a irrealT. ! manipulaço deficiente tra%al&a contra o desenvolvimento do t\nus muscular e da c&amada coordenaç oT, e tam%ém contra a capacidade de a criança gozar a e$periência do funcionamento corporal, e de SER. FiiiH ! apresentaço de o%0etos ou realizaçoT Fisto é, o tornar real o impulso criativo da criançaH d) início ' capacidade do %e%ê de relacionar>se com o%0etos. !s fal&as nesse cuidado %loqueiam ainda mais o desenvolvimento da capacidade da criança de sentir> se real em sua relaço como mundo dos o%0etos e dos fen\menos. " desenvolvimento, em poucas palavras, é uma funço da &erança de um processo de maturaço, e da acumulaço de e$periências de vida6 mas esse desenvolvimento s# pode ocorrer num am%iente propiciador. ! importância deste am%ient e propiciador é a%soluta no início, e a seguir relativa6 o processo de desenvolvi mento pode ser descrito em termos de dependência a%soluta, de pendência relativa e um camin&ar rumo ' independência. SUMÁRIO /rocurei, portanto, descrever aqui a relaço me>criança vista pelo lado da criança. ! rigor, o que encontramos no pode de modo algum ser c&amado identificaço. 7rata>se de algo que, partindo de uma no>organizaço, vai> se organizando so% condiç1es altamente especializadas, e aos poucos separando>se da matriz que propicia tais condiç1es. W isso que se forma no útero e aos poucos evolui para tornar>se um ser &umano. -as trata>se de algo que nunca poderia ocorrer num tu%o de ensaio, nem mesmo num tu%o %astante grande. 3#s testemun&amos, mesmo sem en$ergar, a evoluço da e$periência imatura dessa parceria entre me e fil&o em que a me, por meio de certo tipo de identificaço, vai ao encontro do estado srcinal de no>diferenciaço da criança. 3a ausência deste estado especial da me, a que 0) me referi, a criança no consegue emergir verdadeiramente do estado srcinal. 3a mel&or das &ip#teses, pode desenvolver um falso self que esconde todo vestíg io que possa &aver do seu verdadeiro. Em nossa atividade terapêutica, reiteradamente nos envolvemos com pacientes6 atravessamos uma fase em que ficamos vulner)veis Fcomo a meH por causa de nosso envolvimento6 identificamo>nos com a criança, que por algum tempo permanece de pendente de n#s a um grau e$tremo6 assistimos ' queda do falso self ou dos falsos selfs da criança6 assistimos ao novo nascimento de um self verdadeiro, dotado de um ego que é forte porque n#s, assim como a me a seu fil&o, fomos capazes de dar>l&e apoio. Se tudo corre %em, constatamos ao final o surgimento de uma criança cu0o ego pode organizar as pr#prias defesas contra as ansiedades decorrentes dos impulsos e e$periências do id. Qevido ' nossa aço, nasce um novoT ser, um ser &umano verdadeiro, capaz de viver uma vida independente. -in&a tese é que, na te rapia, tentamos imitar o processo natural que caracteriza o com portamento de qualquer me em relaço ' sua criança. Se a tese estiver correta deduz>se que é o par me> criança que pode nos ensinar os princípios %)sicos so%re os quais deve fundar>se nosso tra%al&o terapêutico, quando estivermos tratando de crianças cu0a primeira relaço com a me no foi %oa o suficienteT, ou foiinterrompida. CAP9TULO = - CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA FASE IMATURA " leitor deve sa%er que sou um fruto da escola psicanalítica, ou freudiana. Osso no significa que eu tome como correto tudo o que =reud disse ou escreveu6 isso seria em todo caso a% surdo, visto que =reud continuou desenvolvendo suas teorias Y isto é, modificando>as Fde modo ordenado, como qualquer cientistaH Y até o momento de sua morte, em ?@I@. 3a verdade, &) certas coisas em que =reud veio a acreditar que nos parecem, a mim e a muitos outros analistas, no serem de modo algum corretas Y mas isso no importa. " fato é que =reud criou um método de a%ordagem científica ao pro%lema do desenvolvimento &umano6 desafiou a relutância em se falar a%ertamente de se$o e especialmente da se$ualidade infantil, e considerou os instintos como realidades %)sicas e dignas de estudo6 legou>nos um método a ser utilizado e desenvolvido, pelo qual poderíamos conferir as o%servaç1es de outros e fazer as nossas pr#prias6 demonstrou a e$istência do inconsciente reprimido e lançou luz so%re as operaç1es do conflito inconsciente6 insistiu no pleno recon&ecimento da realidade psíquica Fo que é real no in divíduo, e no apenas o realizado em atoH6 procurou, intrep idamente, formular teorias relativas aos processos mentais, algumas das quais tornaram>se geralmente aceitas. Qe tudo o que foi dito, &) algo que nos interessa especial mente aqui. ada indivíduo surge, desenvolve>se etorna>se ma duro6 no se pode considerar a maturidade adulta como algo se parado do desenvolvimento anterior. Este desenvolvimento é e$tremamente comple$o, e ocorre de contínuo desde o nascimento, ou desde antes, até a vel&ice, passando pela idade adulta. 3o podemos pensar em relegar nada a segundo plano Y nem as ocorrências da infância, e nem mesmo as da primeiríssima infância. 3este momento devemos fazer uma pausa e pensar nas me tas que nos colocamos em nosso tra%al&o. 3ossa preocupaço é a de proporcionar um am%iente adequado 's crianças de colo, 's que esto começando a andar e 's mais vel&as Y am%iente es te que dar) a cada indivíduo a oportunidade de, aos poucos e a seu modo, tornar>se uma pessoa que tem um lugar na comunidade sem por isso perder sua individualidade. 3o queremos que as crianças so% nosso cuidado constituam>se em mem%ros de uma entre duas categorias e$tremas2 de um lado aqueles que, em%ora tendo seus interesses direcionados ' comunidade, têm vida pessoal to insatisfat#ria que no c&egam a possuir um verdadeiro sentido do self6 de outro, aqueles que s# o%têm sua satisfaço pessoal ' custa de negligenciar suas relaç1es com a sociedade, ou talvez so% pena de tornarem>se anti>sociais ou loucos. /ois sa%emos que as pessoas enquadradas em qualquer desses dois e$tremos so infelizes, e sofrem. !lguns s# encontram sua e$presso pessoal no ato de suicídio. !lguém os decepcionou, algo maio> grou em seu am%iente circundante em um ou mais dos primeiros est)gios de desenvolvimento6 é difícil consertar as coisas numa data to posterior. -as, voltando 's crianças pequenas2 quando proporcionamos 's crianças um certo tipo de am%iente saud)vel, temos em vista determi nado o%0etivo Y a sa%er, o de tornar possível o cresciment o de cada criança até o estado adulto, o qual, no coletivo, c&ama>se democ racia. Sa%emos, contudo, o quo importante é no situar as crianças pequenas numa posiço demasiado avançada para elas. !demais, sa%emos o quo fútil é a idéia de ensinarT democracia como algo distinto de dar aos indivíduos as condiç1es de crescer, amadurecer e tornar>se o pr#prio material de que a democracia é feitaJ. (ostaria de mencionar aqui alguns equivalentes prim)rios do que mais tarde pode>se tornar, dadas as circunstâncias favor)veis, a %ase material da democracia. 3o levarei em conta o que se refere a crianças mais vel&as, que devem participar de clu%es e outras instituiç1esadequadas ' sua idade. 3um est)gio anterior, porém, pode>se constituir decerto o germe disto permitindo 's crianças assumir temporariamente certas funç1escomunit)rias. 3o devemos esperar que lo%in&os e fadin&as diri0am seus pr#prios grupos, mas sa%emos que &) momentos em que um lo%in&o ou uma fadin&a gostaria de %rincar de comandante. E a %rincadeira tem um car)ter to sério quanto divertido. 5) certos casos em que uma irm mais vel&a, ainda criança, tem que assumir o papel e todas as responsa%ilidades de me, e n#s sa%emos como esta tarefa, se %em realizada, pode contri%uir para esgotar na menina toda espontaneidade e todo sentido dos direitos do pr#prio seu6 mas esse é o tipo de coisa que no se pode evitar. 3ormalmente, porém, toda criança gosta de sentir>se respons)vel por alguma coisa por certo período de tempo. " mel&or é quando a idéia parte da pr#pria criança, e no de n#s. -as, pouco a pouco, as crianças tornam>se capazes de identificar>se conosco e aceitar nossas imposiç1es razo)veis sem sofrer grande perda de seu sentido do seu e dos direitos do self. 3o ocorre algo parecido com isso na evoluço dos desen&os da criançaV /rimeiro temos a simples manipulaço do instrumento, depois os ra%iscos. ! criança passa ento a ra%iscar lin&as com significados que 0amais desco%riríamos se ela no nos informasse. ! criança vê tudo, ou qualquer coisa, nas lin&as traça das. 7alvez uma lin&a e$travase as %ordas do papel e isso equivale a fazer $i$i na cama, ou a algum acidente Fum copo de leite derramado, por e$emploH que, quando ocorreu, foi agrad)vel para a criança, em%ora inconveniente para o adulto. ! seguir, talvez apareça uma circunferência tosca, que a criança c&ama de patoT. Ela passa assim a e$pressar algo diferente do divertimento da e$periência instintiva. 5) aqui uma nova aquisiço2 a criança est) preparada para a%dicar de alguns prazeres de tipo mais instintivo. 8reve, muito %reve, a criança 0) acrescenta ao círculo %raços, pernas e ol&os, e n#s dizemos2 5umpt+ Risos gerais, e de sú%ito a e$presso direta 0) é coisa do passado, tendo dado lugar ao desen&o propriamente dito. -as, de novo, &) aqui uma aquisiço, devido ' natureza construtiva do que est) sendo feito Y natureza esta recon&ecida por alguém pr#$imo e queri do da criança e devido ' desco%erta de uma nova forma de comunicaço, mais eficiente que a fala. <ogo a criança estar) desen&ando quadros. " taman&o e a forma da p)gina determinam a colocaço dos o%0etos representados. 5) um equilí%rio dos o%0etos e movimentos e uma relaço sutil entre todas as proporç1es. /or %reve tempo, a criança transforma>se num artista. E, o que é mais importante, demonstra uma capacidade crescente de conservar a espontaneidade ao mesmo tempo em que se su%mete ' forma e demais fatores de controle. Esta é a idéia democr)tica em miniatura. Sua %ase por enquanto é relativamente pouco s# lida, pois depende da presença de uma pessoa que se relaciona com a criança que desen&a. -ais tarde este vínculo muito pessoal é que%rado, e deve ser que%rado e diluído6 antes de a criança transformar>se num artista ou, com mais pro%a%ilidade, num cidado comum, ela deve ser capaz de construir inte rnamente essa pessoa em relaço a quem, no e$terior, a arte infantil e$pressava>se de modo to rico. 7udo isso nos leva a um ponto cada vez mais recuado no tempo, que se traduz por um am%iente cada vez mais pessoal Y o que equivale a dizer que a pessoa que se relaciona com a criança precisa ser, ' medida que recuamos, cada vez mais confi)vel. Recuando ainda mais, &) uma época em que a pessoa, do ponto de vista da criança, tem que ser algo mais que confi)vel. Sa%emos que, em se tratando de crianças pequenas, é s# o amor por aquela criança que torna a pessoa confi)vel o suficiente. !mamos aquela criança e mantemos com ela um relacionamento ininterrupto Y eis vencida a primeira metade da %atal&a. -as retro cedamos ainda mais um pouco. /ara descrever o conte$to, pre cisamos empregar palavras ainda mais fortes. reio que, no to cante aos primeiros meses de vida, o termo devoçoT nos d) a 0usta medida do que estamos considerando. 3o penso em em pregar aqui palavras como inteligenteT, cultoT ou escola doT, em%ora no as despreze. S# uma me devotada Fou uma me su%stituta dotada do mesmo sentimentoH pode acompan&ar as necessidades de uma criança. 3a min&a opinio, inicialmente a criança carece de um grau de adaptaço ativa a suas necessidades que s# pode ser provida se uma pessoa devotada estiver cuidando de tudo. W #%vio que é a pr#pria me da criança a deposit)ria natural desta devoço e, mesmo que se possa provar que as crianças no recon&ecem suas mes até terem alguns meses de idade, contínuo pensando que devemos admitir que a me con&ece seu fil&o. A EDUCAO DOS PAIS W possível que, a esta altura, eu se0a criticado. Qir) o leitor2 ocê est) tomando como ponto pacífico que as mes se0am pessoas normais, e se esquece de que muitas so neur#ticas, e algumas quase loucas.T -uitas levam uma vida nem um pouco tranqMila, e passam suas frustraç1es se$uais a seus fil&os através de sua irritaço ou de maneiras mais diretas.T W a%surdo falar de mes, enfermeiras ou professores agindo naturalmente. 7odos têm de ser ensinados.T 3o posso discordar de todo6 mas devo dizer que, quando os que cuidam das crianças so neur#ticos ou quase loucos Fe mui tos de fato o SoH, nem sequer podem ser ensinados. 7emos de depositar nossas esperanças nos casos mais ou menos normais. Em nossas clínicas lidam os com a anormalidade, e nos orientamos nesse sentido. -as, ao lidar com mes e crianças comuns e ao lecionar para crianças pequenas, devemo s orientar>nos resolut a> mente em direço ao que é normal e sadio. E as mes sadias têm muito que nos ensinar. [ /ersonagem infantil, com forma de ovo. F3.7.H omo podemos ter tanta certeza de que os médicos e enfermeiras que &a%ilmente assistem 's mes em clínicas pré>natais, maternidades e &ospitais pú%licos realmente permitem que a me normal e sadia desempen&e sua funçoV !s coisas mel&oraram muito nos últimos anos. 5o0e, no é raro vermos maternidades onde os %e%ês permanecem em %erços ao lado de suas mes. 3o necessito descrever em detal&e a &orrível alternativa a isso, que 0) é demasiado con&ecida2 o %e%ê sozin&o no %erç)rio, trazido ao quarto na &ora de mamar e empurrado de encontro ao seio da me perple$a e até amedrontada. Qo mesmo modo, e em grande parte devido ' o%ra de 8o4l%+ e Ro%ertson &) &o0e uma certa tendência a permitir que os pais permaneçam em contato com seus fil&os recém>nascidos ou pequenos que por azar precisam passar algum tempo no &ospital. " fato é que médicos e enfermeiras precisam recon&ecer serem especialistas numa )rea apenas. 3o que toca ao esta%eleci mento de uma relaço emocional entr e a me e o %e%ê Fo que inclui o início da amament açoH, a me normal no é somente a especialista6 ela é, na verdade, a única pessoa que sa%e o que fazer em relaço 'quele %e%ê. E &) uma razo para isso2 sua devoço, que é, neste caso, a única motivaço efetiva. 7entando transpor estas consideraç1es para uma realidade to comple$a quanto a da escola maternal, podemos afirmar, mesmo simplificando, que em qualquer escola maternal &) dois tipos de crianças Y e o mesmo pode>se dizer de todas as outras escolas. 5) aquelas crianças cu0os pais foram %em>sucedidos e continuam sendo. Essas sero as crianças recompensadoras, capazes de e$pressar e lidar com todos os tipos de sentimento. /or outro lado, &) as crianças cu0os pais fracassaram, e devemos nos lem%rar de que esse fracasso nem sempre é imput)vel a eles. /ode ser culpa de um médico, ou de uma enfermeira6 pode ter ocorrido como resultado da operaço do acaso Y através de um forte ataque de coqueluc&e, por e$emplo6 talvez, pessoas ansiosas por a0udar ten&am antes atrapal&ado. Essas crianças, com idade suficiente para freqMentar a escola maternal, carecem daquela adaptaçoativa 's necessidades pr#prias das primeiras semanas e meses de vida. Elas talvez e$i0am essa adaptaço de pessoas que no so seus pais de fato. Essa adaptaço ativa tardia é c&amada de mimoT, e os que mimam uma criança so amiúde criticados. E mais2 como essa adaptaço ativa est) c&egando muito tarde, a criança talvez no sai%a aproveit)>la devidamente ou, se sou%er, poder) requisit)>la a um grau muito elevado e por um período muito longo, " indivíduo capaz de proporcionar isso ' criança talvez ven&a a se encontrar numa situaço muito difícil, pois a criança pode vir a desenvolver uma dependência que ele receie romper. -as, enfim, o fato é que todas as escolas devem ser pensa das tendo em vista um tríplice pú%lico2 FaH as crianças da primeira classe que descrevi, capazes de enriquecer>se a partir do que l&es é oferecido, e prontas a contri%uir e tirar proveito do fato de estarem contri%uindo6 F%H as crianças que requerem dos professores aquilo que o lar no foi capaz de proporcionar e no ensino6 FeH as intermedi)rias. A CRIANA VIVA (ostaria agora de virar este tema pelo avesso, e descrever o %e%ê e a criança em termos do desenvolvimento da criança viva. Em primeiro lugar faço uma simplificaço, distinguindo o estado de e$citaço do estado de no>e$citaço. " estado de e$ citaço o%viamente envolve a operaço dos instintos. Sa%emos que toda funço corporal tem sua ela%oraço imaginativa e tam%ém os conflitos, que se desenvolvem em associaço com idéias, envolvem ini%iç1es e confus1es na vida corporal6 o crescimento, nesse conte$to, no implica apenas transpor est)gios devido ao aumento da idade, mas tam%ém a administraço de cada est)gio ' medida que surge, sem que se sofram muitas perdas no que se refere 's %ases instintivas do sentimento. Entretanto, so e$ata mente nestes primeiros est)gios do desenvolvimento instintivo que têm início as sérias repress1es que paralisam as vidas de muitos indivíduos. Xuo necess)rias so, pois, para a criança que começa a andar, a esta%ilidade e a continuidade de seu am%iente em seus aspectos físicos e emocionais_ Em%ora se0a e$atamente este o ponto em que se podero encontrar as principais forças da psicologia dinâmica, sinto que no preciso insistir neste assunto. ! o%ra de =reud, que tratava so%retudo desses fen\menos vitais, é &o0e %astante con&ecida, especialmente pelos que se dedicam ao estudo da psicologia infantil. 5) uma progresso natural no desenvolvimento daqueles impulsos instintivos que, com sua força, quase dilaceram a criança. 3um primeiro momento, naturalmente, so a %oca e todos os de mais mecanismos de a%sorço, incluindo o agarrar com as mos, que formam a %ase daquela fantasia que constitui o auge da e$citaço. -ais tarde, so os fen\menos de e$creço e o funciona mento interno do corpo que fornecem material para fantasias de e$citaço. om o tempo vê>se aparecer uma modalidade genital de e$citaço que domina toda a vida do menino ou da menina de dois a cinco anos de idade. ! progresso natural dessas v)rias espécies de idéias e organizaç1es da e$citaço no c&ega a ser assim to clara e simples, pois todos os est)gios apresentam seus conflitos pr#prios, e nem o maior cuidado seria capaz de alterar esse fato. ! natureza do %om cuidado consiste so%retudo em oferecer a cada criança um con0unto de condiç1es consistentes para que ela possa ela%orar o que l&e é específico. omo é natural, as idéias associadas aos momentos de e$citaço formam a %ase das %rincadeiras e dos son&os. ! %rincadeira é marcada por um tipo especial de e$citaço, e degringola quando as necessidades instintivas diretas e$igem predominância de atenço. !s crianças s# aos poucos aprendem a lidar com isso. Qe fato, todos os adultos sa%em que os mel&ores prazeres da vi da podem ser estragados pela intromisso do e$citamento corporal, e grande parte da técnica de viver consiste em encontrar mo dos de evitar os e$citamentos corporais que no têm condiç1es de atingir seu clima$ no momento apropriado. Este controle, naturalmente, é mais f)cil de ser o%tido por aqueles cu0a vida instintiva é satisfat#ria do que pelos que so o%rigados a tolerar um alto grau de frustraço em seus relacionamentos se$uais. /or sorte, enquanto as crianças vo desco%rindo esta difícil realidade, podem alcançar picos de satisfaço de uma série de maneiras características da infância. ! comida, por e$emplo, pode ter muita importância. " sono resolve muita coisa. " defecar e o urinar podem ser e$periências e$tremamente satisfat#rias, as sim como uma %oa %riga, ou uma surra. 3o o%stante, toda infância apresenta uma série de sintomas que refletem claramente a condiço de estar todo arrumado sem ter para onde irT2 e$citado, mas sem condiç1es de atingir um clima$ Fataques coléricos, etc.H. Essas coisas no so necessariamente anormais. 5o0e, muito 0) se con&ece a respeito dessas coisas6 é possível , porém, que no se ten&a con&eciment o de alguns dos resultados indiretos da e$periência instintiva. Refiro>me ao modo pelo qual a riqueza da personalidade vai>se construindo através de e$periências satisfat#rias e insatisfat#rias. 3este ponto faz>se útil postular a e$istência de um primeiro est)gio implac)vel, o que nos permite c&amar a atenço para o fato de que, no início, as idéias e$citadas e altamente destrutivas que acompan&am a e$periência instintiva so dirigidas para o seio da me sem qualquer culpa. -as o %e%ê sadio logo perce%e que dois e dois fazem quatro, e desco%re que o o%0eto que na fantasia é to impiedosamente atacado é o mesmo que é amado e necessitado. " est)gio implac)vel d) lugar a um est)gio de preocupaço. ! criança, agora, é o%rigada a lidar com dois con0untos de fen\menos depois de uma e$periência e$citante satisfat#ria. Lma coisa %oa foi atacada, ferida e estragada, e a criança foi enriquecida pela e$periência6 algo de %om foi formado dentro dela. ! criança tem que ser capaz de agMentar a culpa. om o tempo, surge uma saída para o pro%lema2 a criança torna>se capaz de reparar, de consertar, de dar em troca, de devolver aquilo que Fna fantasiaH foi rou%ado. F"s leitores recon&ecero em tudo isso a teoria de -elanie leinH /erce%e>se, portanto, que e$iste aqui uma necessidade específica que o am%iente deve prover para que a criança possa ela%orar e crescer Ftecnicamente2 possa atingir a posiço depressivaT no desenvolvimento emocionalH. ! criança deve ser capaz de tolerar o sentime nto de culpa e alterar este estado de coisas atra vês da reparaço. /ara que isto aconteça, a me Fou alguém que a su%stituaH deve estar l), viva e alerta, durante o período em que durar a culpa. /ara falar grosso modo2 uma criança interna de uma instituiço pode ser muito %em cuidada por v)rias enfermeiras6 mas, se a culpa proveniente das e$periências da man& atinge seu ponto de reparaço ' noite, quando &) l) uma outra enfermeira, a reparaço erra o alvo. ! me que cuida de seu fil&o est) sempre mais ou menos por perto, e recon&ece os impulsos espontâneos de construço e reparaço. Ela é capaz de esperar que sur0am, e os recon&ece quando aparecem. Xuando tudo vai %em, no se sente culpa6 desenvolve>se um sentido de responsa%ilidade. " sentimento de culpa permanece latente, e s# vem ' tona quando a reparaço é insuficiente para compensar o que foi destruído. -uito mais poder>se>ia dizer acerca de culpa e reparaço, e acerca das ansiedades infantis relativas 's riquezas que se vo acumulando no interior. Se procur)ssemos no interior do %e%ê, encontraríamos tam%ém coisas assustadoras, provenientes dos impulsos de raiva. -as, por ora, pretendo dei$ar um pouco de lado as conseqMências das e$periências de e$citaço e passar a considerar uma outra coisa. Qiga>se de passagem que dificuldades nesse campo, associadas ' represso de conflitos dolorosos, do srcem 's v)rias manifestaç1es neur#ticas e aos distúr%ios de &umor. Estudando o material dos estados de no>e$citaço, porém, estaremos mais pr#$imosde um estudo da psicose. "s distúr%ios que descrevo so% a denominaço geral dos estados de no> e$citaço têm qualidade psic#tica, e no neur#tica2 so a matéria da loucura propriamente dita. 3o entanto, no estou lidando com distúr%ios6 estou apenas descrevendo em %reves palavras as tarefas que uma criança deve cumprir para desenvolver>se normalmente e com saúde. O DESENVOLVIMENTO DESVINCULADO DOS ESTADOS DE E>CITAO oltando>nos, ento, numa a%ordagem %astante esquem)tica, aos estados de no>e$citaço, o que vemosV /ara começo, perce%emos que estamos a estudar o ego, no camin&ar do self em direço ' autonomia. Estamos a estudar, por e$emplo, o desenvolvimento de um sentido de unidade da personalidade, uma capacidade de sentir> se integrado F's vezes, pelo menosH. 7am%ém, e aos poucos, a criança começa a perce%er que &a%ita aquela estrutura que n#s identificamos muito facilmen te como sendo seu pr#prio corpo. 7udo isso leva algum tempo, e %eneficia>se muito de sensíveis e consistentes cuidados do corpo infantil, o que envolve os %an&os, e$ercícios, etc. !lém disso, ocorre o desenvolvimento de uma capacidade de relacionar>se com a realidade e$terna. Esta tarefa, comple$a e difícil, que toda criança deve c&egar a realizar, necessita de finitivamente daquela atenço que s# pode ser dada por uma me devotada. " mundo o%0etivamente perce%ido nunca é idêntico ao mundo conce%ido,ou visto su%0etivamente. Este é um pro%lema que aflige todos os seres &umanos. -as, adaptando>se ativamente a seu %e%ê no início, a me superp1e a realidade e$terna so%re as concepç1es da criança6 se faz isso de modo adequado e freqMente, a criança contenta>se em esquecer o pro%lema por ora, retomando>o depois no conte$to daquele 0ogo c&ama do filosofia. Lma coisa mais2 se o am%iente no sofre reviravoltas, a criança tem a oportunidade de conservar um sentimento de continuidade do ser6 isso talvez remonte, no passado, aos primeiros movimentos no interior do útero. E$istindo essa continuidade, o in divíduo adquire uma esta%ilidade que 0amais poderia o%ter de outro modo. Se a realidade e$terna é apresentada ' criança em pequenas doses cuidadosamen te cali%radas de acordo com sua capacidade de compreenso, ela talvez desenvolva a possi%ilidade de adotar uma a%ordagem científica dosfen\menos, podendo c&egar até a empregar o método científico no estudo dos assuntos &umanos. Se isto acontece e logra %om ê$ito, parte da responsa%ilidade pode ser creditada ' me devotada que lançou as fundaç1es, e em seguida ao tra%al&o con0unto de am%os os pais e de v)rios acompan&antes e professores6 qualquer um dos quais poderia ter causado uma confuso e dificultado a o%tenço última, por par te do indivíduo, de uma atitude científica. ! maioria de n#s, diga> se, somos o%rigados a dei$ar ao menos certa parte da natureza &umana fora do domínio da investigaço científica. A CI;NCIA E A NATURE/A ?UMANA ! principal mensagem deste artigo é a seguinte2 se aquilo que é %om, verdadeiro e natural nos seres &umanos e nacriaço dos pequenos seres &umanos deve ser resguardado da aço do rolo compressor da ciência, isso s# pode so%revir por meio de uma e$tenso da investigaço científica a todos os aspectos da natureza &umana. !c&o que todos rumamos na mesma direço. /ara afirm)>lo de outro modo2 todos queremos tornar possível que cada indivíduo encontre e esta%eleça sua identidade de maneira to s# lida que, com o tempo, e a seu pr#prio modo, ele ou ela adquira a capacidade de tornar>se mem%ro da sociedade Y um mem%ro ativo e criativo, sem perder sua espontaneidade pessoal nem desfazer>se daquele sentido de li%erdade que, na %oa saúde, vem AP;NDICE CL9NICO W %astante possível que o leitor este0a, neste momento, tomado de certa perple$idade. 5) tanto a ser realizado por cada criança, e é to grande a responsa%ilidade das mes, pais, enfermeir as e professores que a cada est)gio têm que criar e proporcionar um am%iente o mais adequado possível Y quem poder) levar a ca%o uma tal tarefaV 7odavia, deve>se ter em mente que, toda vez que fazemos uma pausa no tra%al&o e procuramos empreender uma avaliaço de nossos o%0etivos, como fizemos agora, criamos uma situaço artificial. !ssim, voltemos agora ' vi da real, e concluamos nossa e$posiço com a imagem de um %e%ezin&o relativamente novo. F3o caso, um menino, mas poderia tratar>se igualmente de uma menina.H Este %e%ê passou por todas as fases normais2 c&upou o pun&o, c&upou o dedo, coçou a %arriga, manipulou seu um%igo e seu pênis, desfiou a %orda do co%ertor. 7em oito meses de idade e ainda no ingressou na costumeira fase de %rincadeiras com ursin&os e %onequin&as. -as encontrou um o%0eto macio, e o adotou. om o tempo, este o%0eto ter) um nome. /ermanecer) por alguns anos como uma coisa muito necess)ria para a criança, e ao final simplesmente desaparecer), como o vel&o soldado. Este o%0eto é um meio>termo entre todas as coisas. 3#s sa%emos que foi presente de uma tia. -as, do ponto de vista da criança, ele é o a0uste perfeito. 3o faz parte nem do self nem do mundo. -as, ainda assim, é am%os. =oi conce%ido pela criança6 ela no o podia ter produzido, mas ele simplesmente apareceu. Seu apareci mento deu ' criança a idéia do que conce%er. 7rata>se de algo ao mesmo tempo su%0etivo e o%0etivo. Est) na fronteira entre o dentro e o fora. W simultaneamente son&o e realidade. Qei$amos este %e%ê com seu o%0eto. Ele encontra paz em sua re laço com ele2 naquela misteriosa meia>luz entre uma realidade pessoal, ou psíquica, e a realidade de fato, compartil&ada com outros. de dentro do pr#prio indivíduo. CAP9TULO @ - SEGURANA Sempre que se faz uma tentativa de enumerar as necessidades %)sicas de %e%ês e crianças maiores, ouvimos que as crianças precisam de segurançaT. Zs vezes consideramos essa opinio razo)vel, 's vezes nem tanto. /oderíamos perguntar2 o que se quer dizer com a palavra segurançaTV W certo que pais super protetore s dei$am seus fil&os aflitos, assim como os pais pouco confi)veis tornam as crianças confusas e amedrontadas. W evidente, assim, que a segurança pode vir em e$cesso, e no entanto sa%emos que as crianças precisam sentir>se seguras. omo entender a questoV "s pais que conseguem manter o lar unido esto, na verdade, prestando a seus fil&os um serviço de inestim)vel importância. 3aturalmente, a imploso de um lar faz vítimas entre as crianças. -as se alguém nos diz, muito simplesmente, que as crianças precisam de segurança, sentimos que &) algo de menos nessa afirmaço. !s crianças vêem na segurança uma espécie de desafio, que as convida a provar que podem ser livres. ! idéia de que a segurança é uma coisa %oa identificar>se>ia, no limite, com a noço de que a priso é um %om lugar para crescer. Osso seria a% surdo. W claro que o espírito pode ser livre em qualquer lugar, mesmo numa priso. Escreveu o poeta <ovelace2 T Stone walis do not a Stone walis do not a prison make, Nor iron ars prison make, Nor iron ars a cage!a cage! F/aredes de pedras no fazem uma priso, ] 3em %arras de aço uma 0aula.TH, querendo dizer com isso que o fato de estar preso é apenas parte da situaço. -as as pessoas precisam viver livres para viver com imaginaço. ! li%erdade é algo fundamental, que desco%re pessoas o que elas têm de mel&or. 3o o%stante, convém admitir que alguns indivíduos no podem viver em li%erdade, por temerem a si mesmos e ao mundo. /ara entender essa questo, creio que devemos conside rar o %e%ê, a criança, o adolescente e o adulto, traçando a evoluço no s# dos indivíduos, mas tam%ém daquilo que eles e$igem de seu am%iente ' medida que crescem. !s crianças nos do sinal certo de sua %oa saúde quando começam a ser capazes de desfrutar da li%erda de que cada vez mais l&es conferimos. " que alme0amos na educaço das criançasV Esperamos que cada uma aos poucos adquira um sentido de segurança. W necess)rio que se edifique, no interior de cada criança, a crença em algo que no se0a
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