Buscar

WINNICOTT A familia e o desenvolvimento individual

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 147 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 147 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 147 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Donald W. WinnicottDonald W. Winnicott
 A FAMÍLIA E A FAMÍLIA E
DESENVOLVIMENTODESENVOLVIMENTO
INDIVIDUALINDIVIDUAL
 
PREFÁCIO
Este livro é uma coletânea de palestras proferidas ao longo dos últimos dez anos, dirigidas em sua maioria a
grupos de assistentes sociais. Seu tema central é a família e o desenvolvimento de grupos sociais a partir desse
 primeiro grupo natural. Repetidas vezes procurei afirmar e reafirmar a teoria do crescimento emocional da
criança, crendo que a estrutura familiar deriva em grande parte das tendências para a organizaço presentes na
 personalidade individual.
! família possui lugar claramente definido naquele ponto em que a criança em desenvolvimento trava contatocom as forças que operam na sociedade. " prot#tipo desta interaço é encontrado na relaço srcinal entre
criança e me, relaço essa em que, por vias e$tremamente comple$as, o mundo representado pela me pode vir a
au$iliar ou impedir a tendência inata da criança ao crescimento. Esta é a idéia central desenvolvida no decorrer
desta coletânea de artigos, muito em%ora estes ten&am sido ela%orados independente mente, com o intuito
 primeiro de atender 's necessidades específicas dos grupos para os quais foram proferidos.
AGRADECIMENTOS
(ostaria de agradecer novamente ' min&a secret)ria, sra. *o+ce oles, por seu tra%al&o paciente e cuidadoso.
(rato estou ao sr. -. -asud &an, por seus consel&os.
/ela permisso de repu%licar artigos 0) uma vez su%metidos ao prelo, recon&eço tam%ém min&a gratido para
com os seguintes editores e instituiç1es2 o editor de 3e4 Era in 5ome and Sc&ool6 o editor de 3ursing 7i,nes6 o
editor de 3e4 Societ+6 o editor do 8ritis& *ournal of /s+c&iatric Social 9or:6 o editor da -edical /ress6 o editor
de 5uman Relations6 o editor do anadian -edical !ssociation *ournal6 a Editora 8utter4ort& ; o. <td.6 a 8ri
tis& 8roadcasting orporation.
=ornece>se a seguir uma lista das fontes srcinais.
D. W. WINNICOTT, F.R.C.P.
?. /u%licado na -edical /ress, março de ?@AB.
C. /alestra proferida ' !ssociation of 9or:ers for -alad0usted &il dren, a%ril de ?@D Freescrita em ?@DGH.
I. /rograma de r)dio da 88, março de ?@D.
G. /rograma de r)dio da 88, 0un&o de ?@DC.
A. /alestra proferida no (oldsmit&Js oilege, outu%ro de ?@AK6 ' !s sociation of &ild (are "fficers, maio de
?@AB6 e na Lniversidade -c(ill, outu%ro de ?@D6 su%seqMentemente pu%licada no anadian -edical
!ssociation *ournal, a%ril de ?@D?.
NO ! =!-P<O! E " QESE3"<O-E37" O3QOOQL!<
D. /alestra proferida durante o =amil+ Service l*nits ase4or:ersJ Stud+ 9ee:end, outu%ro de ?@AB.
 
K. /alestra proferida ' !ssociation of &ild (are "fficers, fevereiro de ?@D.
B. /alestra ' !ssociation of /s+c&iatric Social 9or:ers, novem%ro de
?@A@6 su%seqMentemente pu%licada no 8ritis& *ournalof/s+c&iatric /!R7E ?
Social 9or:, vol. D, n ?, ?@D?.
@. 8aseado numa palestra proferida ao /essoal (raduado do <ondon (ount+ ouncil (&ildrenJs Qepartment,
fevereiro de ?@D?6 su%seqMentemente pu%licada em 3e4 Era in 5ome and Sc&ool, outu%ro de ?@DC6 e, de forma
alterada e so% o título de Struggling t&roug& t&e QoldrumsT F7ranspondo a Uona de almariasTH, em 3e4 So
ciet+, CA de a%ril de ?@DI.
?. /alestra ' Societ+ for /s+c&osomatic Researc&, novem%ro de ?@D.
??. /arte do apítulo ?G de -odern 7rends in /aediatrics FSecond Se riesH, editado por !. 5oizel ei. /. -. 7izard
F<ondres2 8utter4ort&,
?@ABH.
?C. /alestra proferida num curso organizado pela !ssociation of Super visors of -id4ives6 su%seqMentemente
 pu%licada em 3ursing 7imes,
?K e CG de maio de ?@AK.
?I. /alestra proferida num curso para o%stetras organizado pelo Ro+al (oliege of -id4ives, novem%ro de ?@AK.
?G. /alestra ' !ssociation of <ondon ount+ (ouncil &ild 9elfare "f ficers, outu%ro de ?@A@.
?A. /alestra ' 3urser+ Sc&ool !ssociation, 0ul&o de ?@A.
?D. /alestra ' !ssociation of 9or:ers for -ald0usted (&ildren, a%ril de ?@AA.
?K. /u%licado em 5uman Relations, vol. I, nV C, 0un&o de ?@A.
CAPITULO 1 - O PRIMEIRO ANO DE VIDA
Concepçõe Mo!e"n# !o Deen$o%$&'en(o E'oc&on#%
In("o!)ç*o
-uita coisa acontece no primeiro ano de vida da criança2 o desenvolvimento emocional tem lugar desde o
 princípio6 num estudo da evoluço da personalidade e do car)ter é impossível ignorar as ocorrências dos
 primeiros dias e &oras de vida Fe mesmo do último est)gio da vida pré>natal, no caso de crianças p#s> maturasH6 e
até a e$periência do nascimento pode ser significativa.
 
" mundo no parou de girar a despeito de nossa ignorânci a no que toca a estes assuntos, pois &) algo na me de
um %e%ê que a torna particularmente qualificada para proteger seu fil&o nesta fase de vulnera%ilidade, e que a
torna capaz de contri%uir positivamente com as claras necessidades da criança. ! me é capaz de desempen&ar
esse papel se se sentir segura6 se se sentir ama da em sua relaço com o pai da criança e com a pr#pria família6 e
ao sentir>se aceita nos círculos cada vez mais amplos que circundam a família e constituem a sociedade.
Se quisermos, podemos continuar a dei$ar o cuidado das crianças por conta das mes, cu0a capacidade no se
 %aseia no con&ecimento formal, mas provém de uma atitude sensível adquirida na medida em que a gravidez
avança, e depois perdida ' proporço que a criança se desenvolve e se afasta. 5), porém,
uma série de raz1es para que empreendamos um estudo do que ocorre nos primeiros est)gios de desenvolvimento
da personalidade da criança. /or e$emplo2 enquanto médicos ou enfermeiras, podemos nos ver forçados a
interferir no relacionamento entre me e criança para lidar com certas anormalidades físicas da criança, e
devemos con&ecer a realidade na qual estamos interferindo. !demais, o estudo físico da infância tem
 proporcionado su%stanciais recompensas no decorrer dos últimos cinqMenta anos, e é possível que um interesse
an)logo pelo desenvolvimento emocional produza resultado s ainda mais ricos. omo terceira razo, poder>se>ia
evocar o fato de que uma %oa proporço de mes e país, em virtude de doenças sociais, familiares e pessoais, no
consegue fornecer ' criança condiç1es suficientemente %oas ' época de seu nascimento6 nesses casos, espera>se
de médicos e enfermeiras que ten&am a capacidade de entender, tratar ou mesmo prevenir esses distúr%ios, assim
como freqMentemente o fazem em casos de enfermidades físicas. ada vez mais dever) o pediatra ter uma
formaço to %oa no tocante ao aspecto emocional quanto a que &o0e possui relativa ao aspecto físico do
crescimento da criança.
5) ainda uma quarta razo que 0ustifica o estudo do desenvolvimento emocional em suas primeiras fases2 é
muitas vezes possível detectar e diagnosticar distúr%ios emocionais ainda na infância, até mesmo durante o
 primeiro ano de vida. W evidente que a época certa para o tratamento de um tal distúr%io é a época mesma de seu
início, ou um momento to pr#$imo desta quanto possível. -as, por &ora, no insistirei mais so%re este aspectoda questo.
7ampouco farei referência 's deficiências de saúde ou anormalidades físicas, %em como ao crescimento mental
considerado em termos de uma tendência de desenvolvimento afetada por fatores &eredit)rios. 3este artigo, para
todos os efeitos, podem os supor que a criança se0a sadia de corpo e potencialmente sadia na mente6 o que dese0o
discutir é o significado mesmo desta potencialidade. Xual é o potencial e$istente no nascimentoV Qeste, o que
c&ega a realizar>se em ato ao final do primeiro ano de vidaV
 pressupon&o, tam%ém, a e$istência de uma me que se0a sadia suficiente para comportar>se naturalmente como
me. Qevido ' e$trema dependência emocional da criança, seu desenvolvimento ou sua vida no podem serestudados ' parte da consideraço do cuidado que l&e é fornecido.
 
! seguir, e$pon&o e desenvolvo %revemente uma série de pro posiç1es. W possível que estas o%servaç1es
condensadas ven&am a demonstrar, para aqueles envolvidos com o cuidado de crianças, o fatode que o
desenvolvimento emocional do primeiro ano de vida lança as fundaç1es mesmas da saúde mental do indivíduo
&umano.
Ten!+nc&# INATA AO DESENVOLVIMENTO
 3o universo psicol#gico, &) uma tendência ao desenvolvi mento que é inata e que corresponde ao crescimento do
corpo e ao desenvolvimento gradual de certas funç1es. !ssim como o %e%ê geralmente senta por volta dos cincoou seis meses e d) os primeiros passos na época de seu primeiro anivers)rio, quando talvez 0) ter) aprendido a
usar umas duas ou três palavras, assim tam%ém &) um processo evolutivo no desenvolvimento emocional.
7odavia, esse crescimento natural no se constata na ausência de condiç1es suficientemente %oas, e nossa
dificuldade consiste em
 parte em esta%elecer quais so essas condiç1es. 3os par)grafos seguintes darei por con&ecidas a natureza do
 processo ontogenético e as %ases do comportamento.
Depen!+nc&#
! grande mudança que se testemun&a no primeiro ano de vida refere>se ' aquisiço de independência. !
independência é algo que se realiza a partir da dependência, mas é necess)rio acrescentar que a dependência
realiza>se a partir de algo a que se poderia c&amar dupla dependência. 3os prim#rdios &) uma dependência
a%soluta em relaço ao am%iente físico e emocional. 3o primeiríssimo est)gio no &) vestígios de uma
consciência da de pendência, e por isto esta é a%soluta. (radualmente, a dependência torna>se em certa medida
con&ecida pela criança, que, por conseqMência , adquire a capacidade de fazer sa%er ao am%iente quando
necessita de atenço. Qo ponto de vista clínico, constata>se um progresso muito gradual em direço '
independência, sempre marcado por recorrências da dependência e até da dupla de pendência. 3este e noutros
aspectos, a me é capaz de adaptar> se 's necessidades vari)veis Y e crescentes Y da criança. om um ano de
idade, a criança 0) é capaz de manter viva a idéia da me e tam%ém do tipo de cuidado que se acostumou a
rece%er6 é capaz de manter viva esta idéia por certa e$tenso de tempo, talvez dez minutos, talvez uma &ora,
talvez mais.
7odavia, o panorama ap#s um ano de vida varia muito, no s# de uma criança para outra como tam%ém em se
tratando de uma mesma criança. -uito normalmente, um certo grau de in dependência pode ser diversas vezes
conquistado, perdido e novamente conquistado6 é %astante freqMente que uma criança retorne ' dependência,
tendo 0) sido deveras independente com um ano.
Esta progresso da dupla dependência ' dependência, e desta ' independência, no é apenas e$presso da
tendência inata da criança a crescer6 este crescimento s# pode ocorrer se se pro cessar numa outra pessoa uma
adaptaço muito sensível 's necessidades da criança. W a me da criança que costuma ser a pessoa mais
 
qualificada a desempen&ar esta tarefa sumamente deli cada e constante6 é a pessoa mais adequada pois é ela que,
com maior pro%a%ilidade, entregar>se>) de modo mais natural e deli%erado ' causa da criaço do fil&o.
INTEGRAO
Qesde o início é possível a um o%servador perce%er que a criança 0) é um ser &umano, uma unidade. om um
ano, a maioria das crianças 0) adquiriu de fato o status de indivíduo. Em outras palavras, a personalidade tornou>
se integrada. W claro que is to nem sempre é verdade, mas pode>se dizer que, em certos momentos, ao longo de
certos períodos e em certas relaç1es, a criança de um ano é uma pessoa inteira, -as a integraço no é algoautom)tico, é algo que deve desenvolver>se pouco a pouco em cada criança individua l. . 3o é mera questo de
neurofisiologia, pois, para que seu processo se desenrole, &) a necessidade da presença de cer tas condiç1es
am%ientais, a sa%er2 aquelas cu0o mel&or provisor é a pr#pria me da criança.
! integraço manifesta>se gradualmente a partir de um est) gio prim)rio no>integrado. 3o princípio, a criança se
comp1e de uma série de fases de mo%ilidade e percepç1es sensoriais. W fato quase certo que, para a criança, o
repouso identifica>se ' volta a um estado no>integrado. ! volta ' no>integraço no é necessariamente fonte de
medo para a criança, devido a um senso de segurança propiciado pela me. Zs vezes, segurança significa simples
mente ser adequadamente seguro no colo. 7anto em nível físico como em níveis mais sutis, a me ou o am%iente
conservam a criança como que unida a si mesma, e a no>integraço e reintegraço podem processar>se sem
ocasionar ansiedade.
! integraço parece estar ligada 's e$periências emocionais ou afetivas de car)ter mais definido, como a raiva ou
a e$citaço pelo oferecimento de comida. !os poucos, na medida em que a integraç o afirma>se como um fato
esta%elecido e a criança torna>se cada vez mais constituída uma s# unidade, o processo de desconstruço dessa
estrutura adquirida passa a identificar>se mais ' desintegraço que ' no>integraço. ! desintegraço é dolorosa.
! um ano de idade, o grau de integraço que pode ter sido atingido é %astante vari)vel algumas crianças dessa
idade 0) esto de posse de uma personalidade forte, um e% [ cu0as características pessoais so e$ageradas6
outras, no e$tremo oposto, no adquirem ao ca%o de um ano uma personalidade to definida, e continuam
 %astante dependentes de um cuidado contínuo.
*Conceito psicanalítico que inclui o eu (ego) e o não-eu. É a totalidade da própria pessoa. Inclu i também o
corpo com todas as suas partes, a estrutura psíquica com todas as suas partes, o ínculo com os ob!etos internos
e e"ternos e o su!eito como oposto ao mundo dos ob!etos. C#. $eon %rinberg e &ebeca %rinberg. Ident idad'
Cambio. aidós, uenos ires, +. (/.&.0.)
PERSONALI/AO
 
! criança de um ano vive firmemente esta%elecida no corpo. ! psique e o soma 0) aprenderam a conviver. "
neurologista diria que o t\nus corporal é satisfat#rio e que a criança tem %oa coordenaço motora. Este estado de
coisas, no qual psique e soma esto em intima relaço, desenvolve>se a partir da série de estados iniciais em que a
 psique imatura Fem%ora %aseada no funcionamento corporalH no se encontra estreitamente ligada ao corpo e '
vida do corpo. ! e$istência de um grau razo)vel de adaptaço das necessidades da criança é o que mel&or
 possi%ilita o r)pido esta%elecimento de uma relaço forte entre psique e soma. 5avendo fal&as nessa adaptaço,
surge uma tendência de a psi que desenvolver uma e$istência fracamente relacionada ' e$periência corporal,
acarretando como resultado que as frustraç1es físicas no se0am sentidas em toda a sua intensidade.
-esmo gozando de %oa saúde, a criança de um ano nem sempre est) firmemente enraizada em seu corpo. !
 psique de uma criança pode normalmente perder contato com o corpo, e pode &aver fases em que no é f)cil para
a criança retornar de sú%ito para o corpo2 no caso, por e$emplo, de acordar de um sono pro fundo]!s mes sa%em
disso e, antes de pegar no colo uma criança adormecida, acordam>na gradualmente, de modo a no provocar o
tremendo %erreiro de pânico que pode advir de uma mu dança de posiço corporal num momento em que a
 psique encontra>se ausente. Qo ponto de vista clínico, esta ausência da psique pode vir de par com fases de
 palidez, suor, diminuiço da temperatura e v\mitos. 3este ponto, é possível que a me imagine que seu fil&o est)
morrendo6 quando o médico c&egar, porém, a criança 0) ter) retornado a um estado to normal que ele noentender) os motivos da ansiedade da me. 3aturalmente, o clínico geral tem mais con&ecimento desta síndrome
do que o especialista.
MENTE E PSI0UE-SOMA
om um ano, a criança 0) ter ) desenvolvido de modo %astante perc eptível os rudimentos de uma mente.2 !
mente é algo muito distinto da psique. ! psique est) ligada ao soma e ao funcionamento corporal, ao passo que a
mente depende da e$istência e do funcionamento daquelas partes do cére%ro que se desenvolvem depois Fna
filogêneseH das partes relacionadas ' psique primitiva.,.^ a mente a respons)vel pela gradual aquisiço, pela
criança, da capacidade de esperar a comida ficarpronta, enquanto ouve os %arul&os que indicam a pro$imidade
da &ora de alimentaço. Este é um e$emplo grosseiro do uso da mente.
/ode>se dizer que, de início, a me deve adaptar>se de modo quase e$ato 's necessidad es de seu fil&o para que a
 personalidade infantil desenvolva>se sem distorç1es. ontudo, d)>se ' me cada vez mais a possi%ilidade de ser
malsucedida nessa adaptaço e isso ocorre porque a mente e os processos intelectuais da criança tornam>se
capazes de levar em conta e logo permitir cer tas fal&as de adaptaço. 3esse sentido, a mente alia>se ' me e a
alivia de parte de suas funç1es. 3a criaço de um fil&o, a me é dependente dos processos intelectuais deste, e
so eles que aos poucos e tornam apta a readquirir sua vida pr#pria.
 
5), sem dúvida, outras maneiras pelas quais a mente se desenvolve. W funço da mente catalogar eventos,
acumular mem#rias e classific)>las. /ela mente, a criança é capaz de usar o tempo como forma de medida e
tam%ém medir o espaço. ! mente tam%ém relaciona causa e efeito.
Seria %astante instrutivo comparar os condicionamentos li gados ' mente e ' psique6 um tal estudo poderia lançar
luz so%re as diferenças e$istentes entre os dois fen\menos, tantas vezes confundidos um com o outro.
! capacidade de a mente infantil a0udar a me em suas tarefas varia muito, é claro, de criança para criança. !
maioria das mes é capaz de adaptar>se ' %oa ou m) capacidade mental de seus fil&os, e progredir no mesmoritmo da criança. Entretanto, facilmente uma me sagaz entra em descompasso com algum de seus fil&os dotado
de capacidade intelectual relativamente limitada6 do mesmo modo, a criança esperta est) su0eita a perder contato
com uma me lenta.
! partir de determinada idade a criança torna>se capaz de aceitar certas características da me, conquistando
alguma independência em relaço ' incapacidade materna de adaptar>se 's necessidades filiais6 isso, porém,
raramente ocorre antes do primeiro anivers)rio.
F#n(#&# e I'#&n#ç*o2
7ípica da criança é a fantasia, que pode ser definida como uma ela%oraço imaginativa das funç1es físicas. !
fantasia logo torna>se infinitamente comple$a, mas é possível que de início se0a restrita em termos de quantidade
o%servaço direta no possi%ilita ter acesso 's fantasias de uma criança pequena, mas todo tipo de %rincadeira
indica a e$istência de fantasia.
Ser) conveniente acompan&ar o desenvolvimento da fantasia por meio de uma classificaço artificial2
FiH Simples ela%oraço de funço.
FiiH Qistinço entre2 antecipaço, e$periência e mem#ria.
FiiiH E$periência em termos da mem#ria da e$periência.
FivH <ocalizaço da fantasia dentro ou fora do self, com intercâm%ios e constante enriquecimento entre am%os.
FvH onstruço de um mundo interno, ou pessoal, com um sentido de responsa%ilidade pelo que e$iste e ocorre l)
dentro.
FviH Separaço entre consciência e inconsciente, " inconsciente inclui aspectos da psique que, de to primitivos,
nunca se tornam conscientes, e tam%ém certos aspectos da psique ou do funcionamento mental que se tornam
inacessíveis ' consciência a título de defesa contra a ansiedade Fao que se c&ama o inconsciente reprimidoH.
]! fantasia evolui consideravelmente no decorrer do primeiro ano de vida]W importante reafirmar que, em%ora
isso Fcomo todo crescimento H ocorra como manifesta ço da tendência natural ao desenvolvim ento, a evoluço é
 
certamente tol&ida ou distorcida na ausência de certas condiç1es. ! natureza destas condiç1es pode ser estudada
e até determinada.
REALIDADE PESSOAL 3INTERNA4
" mundo interno do indivíduo 0) tem uma organizaço definida ao final do primeiro ano de vida.J Elementos
 positivos so derivados de uma interpretaço pr#pria dos padr1es da e$periência pessoal, especialmente a de
nível instintivo, e %aseiam> se em última instância nas características &eredit)rias inatas ao indivíduo Fna medida
em que estas 0) possam ter>se manifesta doH. Esse e$trato do mundo, interno ' criança, vai>se organizando de
acordo com mecanismos comple$os que têm por o%0etivo2
FiH a preservaço do que se sente ser %omT Y isto é, aceit)vel e revigorante para o self FegoH6
FiiH o isolamento do que se sente ser mauT Y isto é, inaceit)vel, persecut#rio ou imposto pela realidade e$terna
sem aceitaço FtraumaH6
FiiiH a preservaço de um espaço, na realidade psíquica pessoal, em que o%0etos ten&am relacionamentos vivos
entre si Y de afeto, mas tam%ém de arre%atamento e agresso.
!o final do primeiro ano c&egam a manifestar>se até mesmo os primeiros traços de defesas secund)rias que
atendem ' ruptura da organizaço prim)ria6 por e$emplo, um amortecimento generalizado de toda a vida interior,
que se manifesta clinicamente como depresso6 ou uma pro0eço intensa de elementos do mundo interno so%re a
realidade e$terna, manifestando>se clinicamente numa atitude em relaço ao mundo marcada pela paran#ia. Lma
manifestaço clínica muito comum deste último caso so os capric&os relativos ' comida Y como, por e$emplo,
as implicâncias com a nata no leite.
]! viso que a criança tem do mundo e$terior ao self %aseia>se em grande medida no padro da realidade pessoal
interna6 cumpre fazer notar que o comportamento real do am%iente em relaço a uma criança é até certo ponto
afetado pelas e$pectativas positivas e negativas da pr#pria criança.
VIDA INSTINTIVA
! princípio, a vida instintiva da criança %aseia>se no funcionamento alimentar. "s interesses ligados 's mos e '
 %oca predominam, mas as funç1es e$cretoras aos poucos vo acrescentando sua contri%uiço. ! começar de certa
idade, talvez aos cinco meses, a criança torna>se capaz de relacionar a e$creço ' alimentaço, e vincular fezes e
urina ao consumo oral.]Qe par com isso tem início o desenvolvimento do mundo pessoal interno, que,
conseqMentenente tende a ser localizado na %arriga. "riginando>se deste padro simples, a e$periência do psique>
soma se alastra até a%arcar o todo do funcionamento corporal.
 
! respiraço associa>se ao que estiver predominando no mo mento, de modo que pode ser vinculada ora '
a%sorço, ora ' e$creço. W característica importante da respiraço que, e$ceto durante o c&oro, ela dei$a sempre
 patente a continuidade entre interior e e$terior, configurando assim uma fal&a nas defesas.
7odas as funç1es tendem a ter uma qualidade org)st ica, na medida em que todas, cada uma a seu modo, contêm
uma fase de preparaço e estímulo local, um clíma$ em que o corpo inteiro est) envolvido, e um período de p#s>
satisfaço.
! funço anal vai adquirindo com o tempo mais e mais importância, a ponto de poder vir a predominar so%re afunço oral.
" orgasmo anal é normalmente um orgasmo e$cret#rio mas, em certas circunstâncias, o ânus pode tornar>se um
#rgo passivo, tomando para si parte da importância da funço oral e ser a%sorvente. 3aturalmente, as
manipulaç1es anais aumentam a pro%a%ilidade de ocorrência de tal complicaço.
7anto para meninos como para meninas, a e$creço urin) ria pode ser org)stica e, na mesma proporço, e$citante
e satisfat#ria. ontudo, a satisfaço org)stica depende, em %oa parte, da escol&a do momento adequado. Esforços
no sentido de ensinar a criança desde muito cedo a controlar seus processos e$cret#rios, se %em>sucedidos,
 podem priv)>la das satisfaç1es físicas que pertencem propriamente ' infância6 as conseqMências de um trein precoce so imensas, e no raro desastrosas.
! e$citaço genital no tem grande importância no primeiro ano de vida. 3o o%stante, os meninos podem
apresentar ereço e as meninas atividades vaginais, ocorrendo am%os so%retudo em associaço com a alimentaço
e$citada ou com a idéia de alimentaço. !s atividades vaginais podem ser estimuladas pela manipulaço anal. 3o
 primeiro ano de vida, a ereço f)lica começa a adquirir uma importância pr#pria, o mesmo acontecendo com a
estimulaço do clit#ris. -as no é comum que, ' época do primeiro anivers)rio, a menina 0) ten&a começado a
apresentar inve0a do #rgogenital do menino, #rgo este que, comparado com o clit#ris ou a vulva, é %astante
evidente quando adormecido e ainda mais quando estimulado. Essa discrepância tender) a ocasionar ostentaço e
inve0a no decorrer de um ou dois anos seguintes. F! funço e as fantasias genitais s# passam a ter predominância
so%re as funç1es ingestivas e e$cretoras em algum momento do período compreendido, grosso modo, entre as
idades de dois e cinco anos.H
Qurante o primeiro ano de vida as e$periências instintivas so as portadoras da crescente capacidade que a
criança tem de relacionar>se com o%0etos, capacidade essa que culmina num relacionamento amoroso entre duas
 pessoas inteiras, me e fil&o. " relacionamento triangular, com sua riqueza e complicaç1es específicas, vai
aparecendo como fator novo na vida da criança por 
volta da época de seu primeiro anivers)rio, mas s# atinge sua plena e$tenso quando a criança 0) começou a
andar, e quando o aspecto genital adquire predominância so%re as diversas modalidades de funcionamento
alimentar instintivo e de fantasias.
 
" leitor recon&ecer) facilmente em meio a esta e$posiço a teoria freudiana da se$ualidade infantil, que foi a
 primeira contri%uiço da psican)lise ao entendimento da vida emocional das crianças. ! idéia mesma da
e$istência de uma vida instintiva na infância provocou fortes reaç1es no ânimo pú%lico6 &o0e, porém, recon&ece>
se claramente que esta teoria é o tema central da psicologia da infância normal, %em como do estudo das raízes da
 psiconeurose.
RELA5ES O67ETAIS
! criança de um ano por vezes é uma pessoa inteira que se relaciona com outras pessoas inteiras. Osto é uma
aquisiço que se desenvolve gradualmente, e s# vem ' e$istência de fato quando as condiç1es so
suficientemente %oas.
" primeiro estado caracteriza>se pela relaço com o%0etos parciais Y como no caso do %e%ê que se relaciona com
o seio, no &avendo consciência da figura da me, em%ora o %e%ê possa con&ecerT a me em momentos de
contato afetuoso. W a gradual integraço da personalidade da criança que faz com que o o%0eto parcial Fseio, etc.H
 possa ser entendido como pertencente a uma pessoa inteira. Esse aspecto do desenvolvimento acarreta ansiedades
específicas, de que trataremos mais adiante Fver ! /!OQ!QE QE SE /RE"L/!R[H.
Qe par com o recon&ecimento do o%0eto inteiro surge o germe de um sentido de dependência, e, por conseguinte,
o germe da necessidade de independência. 7am%ém a percepço da com
* No srcinal: capacity of concern. Concern tem o sentido de se preocupar e de estar implicado. (N.R.T.)* No srcinal: capacity of concern. Concern tem o sentido de se preocupar e de estar implicado. (N.R.T.)
fia%ilidade da me torna possível a e$istência da qualidade de confia%ilidade na criança.
 3um est)gio primeiro, antes de a criança começar a operar como uma unidade, as relaç1es o%0etais têm a
natureza de uma Lnio de parte com parte. Em qualquer est)gio de que se trate, constata>se um grau e$tremo de
varia%ilidade no que toca ' e$istência de um self total capaz de viver e$periências e reter a me m#ria destas.
ESPONTANEIDADE
" impulso instintivo cria uma situaço que pode evoluir, por um lado, para a satisfaço, ou se diluir numa
insatisfaço difusa ou num desconforto general izado da psique e do soma. 5) &ora certa para a satisfaço de um
impulso, &) um clíma$ interno que deve vir 0unto com a e$periência de fato. !s satisfaç1es têm e$ trema
importância para a criança no decorrer de seu primeiro ano de vida, e a capacidade de esperar s# pode ser
adquirida de mo do gradual. " que se pede, evidentemente, é que a criança sacrifique sua espontaneidade emfavor das necessidades daqueles que dela cuidam. -uitas vezes e$igimos das crianças mais do que de n#s
mesmos
 
]! espontaneidade, assim, é ameaçada por dois con0untos de fatores2
FiH pelo dese0o da me de li%ertar>se das cadeias da maternidade6 a isso pode so%repor>se a falsa idéia de que uma
me deve educar seu fil&o desde muito cedo a fim de produzir um %omT fil&o6
FiiH pelo desenvolvimento de comple$os mecanismos de reinserço da espontaneidade no interior da pr#pria
criança esta%elecimento de um superegoH.
W este desenvolvimento do controle interno que proporciona na a única %ase verdadeira da moralidade, e a
moralidade tem
início 0) no primeiro ano de vida da criança. Ela surge como conseqMência de rudes medos de retaliaço, e
 prolonga>se na su0eiço da vida instintiva da criança Fque começa a esta%elecer>se como uma pessoa dotada de
sentido de preocupaçoH6 ela protege os o%0etos de amor da e$ploso desmedid a do amor primordial, sendo esse
implac)vel e tendo por fim apenas a satisfaço dos impulsos instintivos.
Qe início, a mecânica do autocontrole é to rude quanto os pr#prios impulsos, e a severidade da me a0uda por ser
menos %rutal e mais &umana6 pois uma me pode sempre ser desafiada, mais] a ini%iço interna de um impulso é
 passível de ter efeito to tal. ! severidade das mes, portanto, tem um significado inesperado2 leva, de modo
gradual e gentil, ' complacência, e salva a criança da ferocidade do autocontrole. /or uma evoluço natural
Fsupondo>se que as condiç1es e$teriores permaneçam favor)veisH, a criança esta%elece uma severidade interna de
car)ter &umanoT, adquirindo seu autocontrole sem perder demais daquela espontaneidade que, s# ela, faz a vida
valer a pena.
CAPACIDADE CRIATIVA
" tema da espontaneidade naturalmente nos leva a considerar o impulso criativo, o qual Fso%re todo o maisH d) '
criança a prova de que est) viva.
" impulso criativo inato desaparece a menos que se0a cor respondido pela realidade e$terna Frealizad oTH. 7oda
criança tem que recriar o mundo, mas isso s# é possível se, pouco a pouco, o mundo for se apresentando nos
momentos de atividade criativa da criança. ! criança procura algo e encontra o seio, e criou>se o seio, " sucesso
dessa operaço depende da sensi%ilidade da adaptaço da me 's necessidades da criança, so%retudo no começo.
! partir disso &) uma progresso natural no sentido da criaço por parte da criança do con0unto de toda a
realidade e$terior, e da criatividade contínua que, de início, necessita de uma
audiência e que, por fim, aca%a por criar até mesmo esta. "s dolorosos primeiros est)gios desse processo vitalício
desenrolam>se na primeira infância, e dependem da capacidade da me de apre sentar o fragmento de realidade
no momento mais ou menos e$ato. Ela é capaz de fazê>lo porque, temporariam ente, encontra>se identificada em
grau e$tremo com sua criança.
 
MOTILIDADE 8 AGRESSO
! mo%ilidade é uma característica do feto vivo, e os movimentos de um %e%ê prematuro numa incu%adora nos
do uma presumível idéia do que se0a o feto no útero pouco antes de nas cer. ! mo%ilidade é precursora da
agresso, termo esse que vai gan&ando seu significado ' medida que a criança cresce. So casos particulares de
agresso o ato de agarrar com as mos e a atividade de sugar, que depois transforma>se em morder 3a criança
sadia, grande parte do potencial de agresso funde>se 's e$periências instintivas e ao padro dos relacionamentosdo pequeno indivíduo. /ara que esse desenvolvimento ocorra so necess)rias certas condiç1es am%ientais
suficientemente %oas.
Em casos de enfermidade, s# uma pequena proporço do potencial de agressivi dade vem a fundir>se com a vida
er#tica, e a criança passa a ser atormentada por certos impulsos que carecem de sentido. Esses, ao final, levam '
destrutividade na relaço com o%0etos ou, o que é pior, constituem as %ases de uma atividade inteiramente sem
sentido, de que seriam e$emplos as convuls1es. E possível que essa agresso no se manifeste nas for mas de
uma e$pectativa ou de um ataque. Essa é uma das patologias do desenvolvimento emocional que se evidencia
desde muito cedo, e ao final manifesta>se como um distúr%io psiqui)trico. 7al distúr%io, o%viamente, pode
apresentar traços de paran#ia.
" potencial de agresso é e$tremamente vari)vel,pois de pende no s# de fatores inatos como tam%ém dos
acidentes am%ientais6 certas dificuldades de parto, por e$emplo, podem afetar profundamente " estado da criança
recém>nascida6 mesmo um
 parto normal pode apresentar características traum)ticas para a psique imatura da criança, que no con&ece outra
defesa a no ser reagir, dei$ando temporariamente de e$istir no seu pr#prio movimento.
CAPACIDADE DE SE PREOCUPAR 
Em algum momento da segunda metade do primeiro ano de vida da criança normal, essa começa a demonstrar
certa capacidade de se preocupar, certa &a%ilidade de ter sentimento de culpa. 7rata>se aqui de um estado de
coisas altamente comple$o que depende da integraço da personalidade infantil numa unidade e est) vinculado '
aceitaço, por parte da criança, da responsa%ilidade por toda a fantasia so%re o que pertence ao momento
instintivo. ! presença contínua da me Fou sua su%stituta H é pre condiço necess)ria a essa realizaço altamente
sofisticada, e a atitude da me deve comportar um elemento de estar atenta a ver e aceitar os esforços imaturos
feitos pela criança no sentido de contri%uir, isto é, ca%e ' me reparar, amar construtivamente. Esse importante
est)gio do desenvolvimento emocional foi detal&adamente estudado por -elanie lein em sua ampliaço da
teoria psicanalítica FfreudianaH que englo%a as srcens do sentimento de culpa pessoal, a ânsia de agir de forma
 
construtiva e de dar. !ssim, a potência Fe a aceitaço da potênciaH tem uma de suas raízes no desenvolvimento
emocional que ocorre antes F%em co mo depoisH do primeiro anivers)rio.
POSSES
Z idade de um ano, a maioria das crianças 0) adotou um ou mais o%0etos macios, ursin& os, %onecas de pano etc.,
que l&es so importantes. F!lguns meninos preferem o%0etos duros.H 7ais o%0etos o%viamente desempen&am o
 papel de o%0etos parciais, re presentando so%retudo o seio, e é s# aos poucos que vo passando a representar
 %e%ês, papai ou mame.
W muito interessante estudar o uso que a criança faz do primeiro o%0eto adotado, que talvez se0a uma ponta do
co%ertor, uma fralda ou um lenço de seda. Esse o%0eto pode adquirir impo rtância vital, e pode ter o valor de um
o%0eto intermedi)rio entre o self e o mundo e$terior. 7ipica mente, pode>se ver uma criança ir dormir agarrada a
um tal o%0eto Fque c&amo de o%0eto transicionalTH, ao mesmo tempo que suga o polegar ou dois outros dedos e
talvez coce o nariz ou o l)%io superior. " padro é pr#prio de cada criança6 esse padro, que se manifesta ' &ora
de dormir ou em momentos de solido, tristeza ou ansiedade, pode persistir até o fim da infância ou mesmo na
vida adulta. 7udo isso faz parte do desenvolvimento emocional normal.
Esses fen\menos Fa que c&amo transicionaisH parecem constituir a %ase de toda a vida cultural do ser &umano
adulto.
Lma privaço severa pode acarretar uma pedra da capacidade de fazer LS" da técnica costumeira, causando
inquietaço e ins\nia. laramente,o polegar na %oca e a %oneca de pano na mo sim%olizam a um s# tempo uma
 parte do self e uma parte do am%iente.
Eis aqui uma oportunidade de o o%servador estudar as srcens do comportamento afetivo. Esse estudo é
importante Fse no por outras raz1esH porque a perda da capacidade de ser afetivo é uma das características da
criança carenteT, mais vel&a, a qual, do ponto de vista clínico, demonstra uma tendência anti> social e é
 potencial candidata ' delinqMência.
AMOR 
Z medida que a criança cresce, o significado do termo amorT vai se alterando, ou enriquecendo>se com novos
elementos2
FiH !mor significa e$istir, respirar6 estar vivo identifica>se a ser amado.
FOOH !mor significa apetite. !qui no &) preocupaço apenas a necessidade de satisfaço.
FiiiH !mor significa o contato afetuoso com a me.
 
FivH !mor significa a integraço Fpor parte da criançaH do o%0eto da e$periência instintiva com a me integral do
contato afetivo6 o dar passa a relacionar>se ao rece%er, etc.
FvH !mor significa afirmar os pr#prios direitos ' me, ser compulsivamente voraz, forçar a me a compensar as
Finevit)veisH privaç1es por que ela é respons)vel.
FviH !mar significa cuidar da me Fou do o%0eto su%stitutoH como ela cuidou da criança Y uma prefiguraço da
atitude de responsa%ilidade adulta.
CONCLUSO
7odos estes desenvolvimentos Fao lado de muitos outrosH podem ser o%servados nos primeiros anos de vida,
em%ora nada es te0a esta%elecido ' época do primeiro anivers)rio, e quase todas as aquisiç1es podem ser perdidas
frente a uma posterior ruptura das condiç1es mínimas am%ientais ou mesmo pela aço de cer tas ansiedades
inerentes ao amadurecimento emocional.
W %em possível que o pediatra ven&a a sentir>se perdido e consternado quando tentar compreender a psicologia da
criança, de que fizemos aqui %reve es%oço. !pesar disso, ele no deve desesperar, pois normalmente poder)
dei$ar tudo a cargo da criança, da me e do pai. -as, se uma interferência na relaço me> criança porventura se
fizer imprescindível que o profissional sai%a ento o que est) fazendo, e procure a%ster>se de toda interferência
desnecess)ria.
CAP9TULO : - O RELACIONAMENTO INICIAL ENTRE UMA ME E SEU 6E6;
A PARCERIA ENTRE ME E 6E6;
 3um e$ame do relacionamento e$istente entre uma me e seu fil&o, é necess)rio distinguir aquilo que pertence '
me daquilo que 0) começa a desenvolver>se na criança. Esto em 0ogo dois tipos distintos de identificaço2 a
identificaço da me com seu fil&o e o estado de identificaço do fil&o com a me. ! me introduz na situaço
uma capacidade amadurecida, ao passo que a criança se encontra nesse estado porque é assim que as coisas
começam.
onstatamos na me gr)vida uma identificaço cada vez maior com seu fil&o. ! criança ) associada pela me '
idéia de um o%0eto internoT, um o%0eto imaginado para ser instalado dentro e aí mantido apesar de todos os
elementos persecut#rios que tam%ém têm lugar na situaço. " %e%ê tem outros signif icados na fantasia
inconsciente da me, mas é possível que o traço predominante nesta se0a uma vontade e uma capacidade de
desviar o interesse do seu pr#prio self para o %e%ê. *) denominei esse aspecto da atitude da me como
preocupaço materna prim)riaT.
 
! meu ver, é isso que confere ' me uma capacida de especial de fazer a coisa certa. Ela sa%e como o %e%ê pode
estar se sentindo. 3inguém mai s sa%e. "s médicos e enfermeiras talvez sai%am muit o a respeito de psicologia, e
certamente con&ecem tudo so%re a saúde e a doença do corpo. -as no sa%em como o %e%ê est) se sentindo a
cada minuto, pois esto fora dessa )rea de e$periência.
Essa realidade pode ser afetada por dois tipos de distúr%ios maternos. 3um e$tremo, temos a me cu0os interesses
 pr#prios têm car)ter to compulsivo que no podem ser a%andonados e ela é incapaz de mergul&ar nessa
e$traordin)ria condiço que quase se assemel&a a uma doença, em%ora, na verdade, se0a %astante indicativo de
 %oa saúde. 3o outro e$tremo temos a me que tende a estar sempre preocupada, e nesse caso o %e%ê torna>se sua
 preocupaço patol#gica. Essa me pode ter uma capacidade especial de a%dicar do pr#prio self em favor da
criança, mas qual o resultado final disso V W normal que a me v) recuperando seus interes ses pr#prios ' medida
que a criança l&e permite fazê>lo. ! me patologicamente preocupada no s# permanece identificada a seu %e%ê
 por um tempo longo demais, como tam%ém a%andona de sú%ito a preocupaço com a criança, su%stituindo>a pela
 preocupaço que tin&a antes do nascimento desta.
Xuando a me normal vai dei$ando de preocupar>se com seu fil&o, o que ocorre é uma espécie de desmame. "
 primeiro tipo de me no consegue desmamar o fil&o porque este nunca a teve de fato para si, de modo que o
desmame dei$a de ter sentido6 a outra me doente é incapaz de desmamar, ou tende a fazê>lo su%itamente, sem
dar atenço ' crescente necessidade da pr#pria criança de ser desmamada.
Encontramos fatos an)logos a todos estes quando consideramosnossa pr#pria atividade terapêutica com crianças.
!s crianças colocadas so% nosso cuidado, na medida em que precisam de terapia, atravessam fases em que
regridem e revivem Fou, conos co, vivem pela primeira vezH os relacionamentos primeiros que no foram
satisfat#rios em seu passado. Somos capazes de nos identificar com elas assim como a me identifica>se com seu
fi l&o, tempor)ria mas plenamente.
!o pensarmos nesse tipo de coisa que ocorre aos pais, estamos pisando num terreno seguro, mas quando
 pensamos num instinto maternal nossa teoria se confunde, e terminamos por perder F...H numa desordenada
mistura de seres &umanos e animais. Qe fato, a maioria dos animais cumpre %astante %em essa primeira funço
materna, e nos primeiros est)gios do processo evolutivo os refle$os e respostas instintivas simples eram
suficientes para que tal se desse. -as, de um modo ou de outro, as mes e %e%ês &umanos possuem certas
qualidades &umanas que devem ser respeitadas. 7am%ém possuem refle$os e instintos grosseiros, mas no é
 possível descrever satisfatoriamente o ser &umano em termos daquilo que ele compartil&a com os animais.
W importante, em%ora #%vio, notar que, estando a me no estado que descrevi, ela se torna uma pessoa muito
vulner)vel. 3em sempre isso se nota, devido ao fato de em geral &aver algum tipo de proteço estendida em torno
da me, proteço esta organizada talvez por seu marido. Esses fen\menos secund)rios podem produzir>senaturalmente no decorrer de uma gravidez, assim como produz>se o estado especial da me em relaço ' criança.
W no caso de uma ruptura das forças protetoras naturais que se constata o quo vulner)vel é a me. 7ocamos aqui
 
num as sunto vasto, que se vincula ' questo dos c&amados distúr%ios mentais puerperais a que as mul&eres
 podem estar su0eitas. 3o s# o desenvolvimento da preocupaço materna prim)ria é difícil de alcançar para certas
mul&eres mas tam%ém o processo de re co%rar uma atitude normal em relaço ' vida e ao self pode pro duzir
enfermidades clínicas. 7ais enfermidades podem ser ocasionadas, em certa medida, por um colapso da co%ertura
 protetora, um colapso daquilo que permite ' me estar voltada para dentro e esquecer todos os perigos e$ternos
enquanto dure sua preocupaço materna.
A IDENTIFICAO DO 6E6; COM SUA ME
!o tratar do estado de 0 do %e%ê, refiro>me ' criança a ponto de nascer, ' criança recém>nascida e ' criança de
 poucas semanas ou meses. " %e%ê de seis meses 0) est) saindo do estado que ora considero.
A FAM9LIA E O DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL
" pro%lema é to delicado e to comple$o que no podemos esperar o%ter quaisquer resultados de nossas
refle$1es se no pressupusermos que a criança em questo este0a sendo cuidada por uma me suficientemente
 %oa. S# na presença dessa me suficientemente %oa pode a criança iniciar um processo de desenvolvimento
 pessoal e real. Se a maternagem no for %oa o sufi ciente, a criança torna>se um acumulado de reaç1es ' violaço6
o self verdadeiro da criança no consegue formar >se, ou permanece oculto por tr)s de um falso self que a um s#tempo quer evitar e compactuar com as %ofetadas do mundo.
Ognoremos esta complicaço, e consideremos apenas aquela criança que, tendo uma me %oa o suficiente, pode
começar seu desenvolvimento. !cerca dessa criança, eu afirmaria2 seu ego é simultaneamente fraco e forte. 7udo
depende da capacidade da me de dar apoio ao ego, " ego da me est) em &armonia com o ego do fil&o, e ela s#
é capaz de dar apoio se for capaz de orientar>se para a criança, segundo o processo que 0) descrevi em parte.
Xuando o par me>fil&o funciona %em, o ego da criança é de fato muito forte, pois é apoiado em todos os
aspectos, " ego reforçado Fe, portanto, forteH da criança é desde muito cedo capaz de organizar defesas e
desenvolver padr1es pessoais fortemente marcados por tendências &eredit)rias.
Essa imagem do ego fraco e forte aplica>se tam%ém ao caso dos pacientes Fcrianças e adultosH que esto
regredidos e dependentes na situaço terapêutica concentrar>me>ei, porém, na descriço da criança. W esta
criança, cu0o ego é forte devido ao apoio do ego da me, que cedo torna>se verdadeiramente ele mesmo ou ela
mesma. Se o apoio do ego da me no e$iste, ou é fraco, ou intermi tente, a criança no consegue desenvol ver>se
numa tril&a pessoal6 o desenvolvimento passa ento, como 0) disse, a estar mais relacionado com uma sucesso
de reaç1es a colapsos am%ientais que com as urgências internas e fatores genéticos, "s %e%ês %em cuidados
rapidamente esta%elecem>se como pessoas, cada um deles diferente de todos os outros que 0) e$istiram ou e$is
tiro, ao passo que os %e%ês que rece%em apoio egoico inadequado ou patol#gico tendem a apresentar padr1es de
comportamento semel&antes Finquietude, estran&amento, apatia, ini%iço, complacênciaH. 3a situaço de terapia
 
infantil, o profissional é no raro recompensado pelo surgimento de uma criança que, pela primeira vez, é um
indivíduo.
Este tanto de teoria é necess)rio se se quiser compreender esta estran&a realidade em que vivem as crianças2
realidade esta em que nada ainda distinguiu>se como no>eu, de modo que ainda no e$iste um EL. !
identificaço é aqui aquilo com que a criança começa. 3o significa que a criança se identifica com a me, mas
que no &) con&ecimento da me ou de qualquer o%0eto e$terno ao self6 e mesmo essa afirmaço no pode ser
considerada correta, pois no e$iste ainda um self. /oder>se>ia dizer que, neste est)gio, o self da criança é apenas
 potencial. Retornando a este estado, o indivíduo torna>se fundido com o seif da me. " self de cada criança ainda
no se formou, e logo no pode ser visto como estando fundido, mas as mem#rias e e$pectativas podem agora
começar a acumular>se e formar>se. Qevemos lem%rar que estas coisas s# ocorrem quando o ego da criança é
forte, por ser reforçado.
!o considerarmos esse estado da criança, devemos retroceder um est)gio além do que costumamos fazer. /or
e$emplo2 sa%emos o que é a desintegraço, e isso nos conduz facilment e ' idéia de integraço. -as no presente
conte$to, para e$pressar o que queremos dizer, precisamos de uma palavra como no> integraço. Qo mesmo
modo, con&ecemos a despersonalizaço, o que facilmente nos leva a intuir a e$istência de um processo de
construço da pessoa, um processo de esta%elecimento de uma unio ou vínculo entre o corpo, ou as funç1es
corporais, e a psi que Findependente do que isso possa significarH. -as, ao considerarmos o crescimento
 primordial, temos que conce%er que um tal pro%lema ainda nem sequer c&egou a colocar>se para a criança, cu0a
 psique est) apenas começando a ela%orar>se em torno do funcionamento corporal.
"u ainda2 temos con&ecimento das relaç1es o%0etais, e daí facilmente c&egamos ' idéia de um processo pelo qual
se esta%eleça a capacidade de relacionar>se com o%0etos. -as é necess)rio conce%ermos um estado anterior ao
momento em que a noço de o%0eto passa a ter sentido para a criança, muito em%ora a criança se satisfaça
relacionando>se com algo que vemos como sendo um o%0eto, ou a que poderíamos c&amar o%0eto parcial.
Essas quest1es muit o primitivas começam quando a me, identificando>se com seu fil&o, é capaz e tem vontade
de dar apoio no momento em que for necess)rio.
A FUNO MATERNA
om %ase nessas consideraç1es, torna>se possível categorizar a funço da me suficientemente %oa nesses
 primeiros est)gios. 7ais funç1es podem reduzir>se a2
FiH 5olding[. FiiH -anipular.
FiiiH !presentar o%0etos.
FiH " <o%!&n tem muita relaço com a capacidade da me de identificar>se com seu %e%ê. Lm &oldingsatisfat#rio é uma
 
[ " &olding é descrito por 9innicott como uma fase em que a me ou su%stituta2
 Y /rotege da agresso fisiol#gica.
 Y <eva em conta a sensi%ilidade cutânea do lactente.., e a falta de con&ecimento por parte deste da e$istência de
qualquer coisa que no se0a ele mesmo.
 Y Onclui a rotina completa do cuidado dia e noite adequadaa cada %e%ê.
 Y Segue tam%ém as mudanças instantâneas do dia>a>dia que fazem parte do crescimento e do desenvolvimento
do lactente, tanto físico quanto psicol#gico.
" &olding FsegurarH inclui especialmente o &olding físico do lactente...T
f. Q. 9. 9innicott, " am%iente e os processos de maturaço, Ed. !rtes -édicas, /orto !legre, ?@BI. F3.R.7H
 porço %)sica de cuidado, s# e$perimentada nas reaç1es a um &olding deficiente. " &olding deficiente produz
e$trema afliço na criança, sendo fonte2 da sensaço de despedaçamento, da sensaço de estar caindo num poço
sem fundo, de um sentimento de que a realidade e$terior no pode ser usada para o reconforto interno, e de outras
ansiedades que so geralmente classificadas co mo psic#ticasT.
FiiH ! manipulaço facilita a formaço de uma parceria psicossom)tica na criança. Osso contri%ui para a formaço
do senti do do realT, por oposiço a irrealT. ! manipulaço deficiente tra%al&a contra o desenvolvimento do
t\nus muscular e da c&amada coordenaç oT, e tam%ém contra a capacidade de a criança gozar a e$periência do
funcionamento corporal, e de SER.
FiiiH ! apresentaço de o%0etos ou realizaçoT Fisto é, o tornar real o impulso criativo da criançaH d) início '
capacidade do %e%ê de relacionar>se com o%0etos. !s fal&as nesse cuidado %loqueiam ainda mais o
desenvolvimento da capacidade da criança de sentir> se real em sua relaço como mundo dos o%0etos e dos
fen\menos.
" desenvolvimento, em poucas palavras, é uma funço da &erança de um processo de maturaço, e da
acumulaço de e$periências de vida6 mas esse desenvolvimento s# pode ocorrer num am%iente propiciador. !
importância deste am%ient e propiciador é a%soluta no início, e a seguir relativa6 o processo de desenvolvi mento
 pode ser descrito em termos de dependência a%soluta, de pendência relativa e um camin&ar rumo '
independência.
SUMÁRIO
/rocurei, portanto, descrever aqui a relaço me>criança vista pelo lado da criança. ! rigor, o que encontramos
no pode de modo algum ser c&amado identificaço. 7rata>se de algo que, partindo de uma no>organizaço, vai>
se organizando so% condiç1es altamente especializadas, e aos poucos separando>se da matriz que propicia tais
condiç1es. W isso que se forma no útero e aos poucos evolui para tornar>se um ser &umano. -as trata>se de algo
que nunca poderia ocorrer num tu%o de ensaio, nem mesmo num tu%o %astante grande. 3#s testemun&amos,
 
mesmo sem en$ergar, a evoluço da e$periência imatura dessa parceria entre me e fil&o em que a me, por meio
de certo tipo de identificaço, vai ao encontro do estado srcinal de no>diferenciaço da criança. 3a ausência
deste estado especial da me, a que 0) me referi, a criança no consegue emergir verdadeiramente do estado
srcinal. 3a mel&or das &ip#teses, pode desenvolver um falso self que esconde todo vestíg io que possa &aver do
seu verdadeiro.
Em nossa atividade terapêutica, reiteradamente nos envolvemos com pacientes6 atravessamos uma fase em que
ficamos vulner)veis Fcomo a meH por causa de nosso envolvimento6 identificamo>nos com a criança, que por
algum tempo permanece de pendente de n#s a um grau e$tremo6 assistimos ' queda do falso self ou dos falsos
selfs da criança6 assistimos ao novo nascimento de um self verdadeiro, dotado de um ego que é forte porque n#s,
assim como a me a seu fil&o, fomos capazes de dar>l&e apoio. Se tudo corre %em, constatamos ao final o
surgimento de uma criança cu0o ego pode organizar as pr#prias defesas contra as ansiedades decorrentes dos
impulsos e e$periências do id. Qevido ' nossa aço, nasce um novoT ser, um ser &umano verdadeiro, capaz de
viver uma vida independente. -in&a tese é que, na te rapia, tentamos imitar o processo natural que caracteriza o
com portamento de qualquer me em relaço ' sua criança. Se a tese estiver correta deduz>se que é o par me>
criança que pode nos ensinar os princípios %)sicos so%re os quais deve fundar>se nosso tra%al&o terapêutico,
quando estivermos tratando de crianças cu0a primeira relaço com a me no foi %oa o suficienteT, ou foiinterrompida.
CAP9TULO = - CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA FASE IMATURA
" leitor deve sa%er que sou um fruto da escola psicanalítica, ou freudiana. Osso no significa que eu tome como
correto tudo o que =reud disse ou escreveu6 isso seria em todo caso a% surdo, visto que =reud continuou
desenvolvendo suas teorias Y isto é, modificando>as Fde modo ordenado, como qualquer cientistaH Y até o
momento de sua morte, em ?@I@.
 3a verdade, &) certas coisas em que =reud veio a acreditar que nos parecem, a mim e a muitos outros analistas,
no serem de modo algum corretas Y mas isso no importa. " fato é que =reud criou um método de a%ordagem
científica ao pro%lema do desenvolvimento &umano6 desafiou a relutância em se falar a%ertamente de se$o e
especialmente da se$ualidade infantil, e considerou os instintos como realidades %)sicas e dignas de estudo6
legou>nos um método a ser utilizado e desenvolvido, pelo qual poderíamos conferir as o%servaç1es de outros e
fazer as nossas pr#prias6 demonstrou a e$istência do inconsciente reprimido e lançou luz so%re as operaç1es do
conflito inconsciente6 insistiu no pleno recon&ecimento da realidade psíquica Fo que é real no in divíduo, e no
apenas o realizado em atoH6 procurou, intrep idamente, formular teorias relativas aos processos mentais, algumas
das quais tornaram>se geralmente aceitas.
Qe tudo o que foi dito, &) algo que nos interessa especial mente aqui. ada indivíduo surge, desenvolve>se etorna>se ma duro6 no se pode considerar a maturidade adulta como algo se parado do desenvolvimento anterior.
Este desenvolvimento é e$tremamente comple$o, e ocorre de contínuo desde o nascimento, ou desde antes, até a
 
vel&ice, passando pela idade adulta. 3o podemos pensar em relegar nada a segundo plano Y nem as ocorrências
da infância, e nem mesmo as da primeiríssima infância.
 3este momento devemos fazer uma pausa e pensar nas me tas que nos colocamos em nosso tra%al&o. 3ossa
 preocupaço é a de proporcionar um am%iente adequado 's crianças de colo, 's que esto começando a andar e 's
mais vel&as Y am%iente es te que dar) a cada indivíduo a oportunidade de, aos poucos e a seu modo, tornar>se
uma pessoa que tem um lugar na comunidade sem por isso perder sua individualidade. 3o queremos que as
crianças so% nosso cuidado constituam>se em mem%ros de uma entre duas categorias e$tremas2 de um lado
aqueles que, em%ora tendo seus interesses direcionados ' comunidade, têm vida pessoal to insatisfat#ria que no
c&egam a possuir um verdadeiro sentido do self6 de outro, aqueles que s# o%têm sua satisfaço pessoal ' custa de
negligenciar suas relaç1es com a sociedade, ou talvez so% pena de tornarem>se anti>sociais ou loucos. /ois
sa%emos que as pessoas enquadradas em qualquer desses dois e$tremos so infelizes, e sofrem. !lguns s#
encontram sua e$presso pessoal no ato de suicídio. !lguém os decepcionou, algo maio> grou em seu am%iente
circundante em um ou mais dos primeiros est)gios de desenvolvimento6 é difícil consertar as coisas numa data
to posterior.
-as, voltando 's crianças pequenas2 quando proporcionamos 's crianças um certo tipo de am%iente saud)vel,
temos em vista determi nado o%0etivo Y a sa%er, o de tornar possível o cresciment o de cada criança até o estado
adulto, o qual, no coletivo, c&ama>se democ racia. Sa%emos, contudo, o quo importante é no situar as crianças
 pequenas numa posiço demasiado avançada para elas. !demais, sa%emos o quo fútil é a idéia de ensinarT
democracia como algo distinto de dar aos indivíduos as condiç1es de crescer, amadurecer e tornar>se o pr#prio
material de que a democracia é feitaJ.
(ostaria de mencionar aqui alguns equivalentes prim)rios do que mais tarde pode>se tornar, dadas as
circunstâncias favor)veis, a %ase material da democracia. 3o levarei em conta o que se refere a crianças mais
vel&as, que devem participar de clu%es e outras instituiç1esadequadas ' sua idade. 3um est)gio anterior, porém,
 pode>se constituir decerto o germe disto permitindo 's crianças assumir temporariamente certas funç1escomunit)rias. 3o devemos esperar que lo%in&os e fadin&as diri0am seus pr#prios grupos, mas sa%emos que &)
momentos em que um lo%in&o ou uma fadin&a gostaria de %rincar de comandante. E a %rincadeira tem um car)ter
to sério quanto divertido.
5) certos casos em que uma irm mais vel&a, ainda criança, tem que assumir o papel e todas as responsa%ilidades
de me, e n#s sa%emos como esta tarefa, se %em realizada, pode contri%uir para esgotar na menina toda
espontaneidade e todo sentido dos direitos do pr#prio seu6 mas esse é o tipo de coisa que no se pode evitar.
 3ormalmente, porém, toda criança gosta de sentir>se respons)vel por alguma coisa por certo período de tempo. "
mel&or é quando a idéia parte da pr#pria criança, e no de n#s. -as, pouco a pouco, as crianças tornam>se
capazes de identificar>se conosco e aceitar nossas imposiç1es razo)veis sem sofrer grande perda de seu sentido
do seu e dos direitos do self.
 
 3o ocorre algo parecido com isso na evoluço dos desen&os da criançaV /rimeiro temos a simples manipulaço
do instrumento, depois os ra%iscos. ! criança passa ento a ra%iscar lin&as com significados que 0amais
desco%riríamos se ela no nos informasse. ! criança vê tudo, ou qualquer coisa, nas lin&as traça das. 7alvez uma
lin&a e$travase as %ordas do papel e isso equivale a fazer $i$i na cama, ou a algum acidente Fum copo de leite
derramado, por e$emploH que, quando ocorreu, foi agrad)vel para a criança, em%ora inconveniente para o adulto.
! seguir, talvez apareça uma circunferência tosca, que a criança c&ama de patoT. Ela passa assim a e$pressar
algo diferente do divertimento da e$periência instintiva. 5) aqui uma nova aquisiço2 a criança est) preparada
 para a%dicar de alguns prazeres de tipo mais instintivo. 8reve, muito %reve, a criança 0) acrescenta ao círculo
 %raços, pernas e ol&os, e n#s dizemos2 5umpt+ Risos gerais, e de sú%ito a e$presso direta 0) é coisa do passado,
tendo dado lugar ao desen&o propriamente dito. -as, de novo, &) aqui uma aquisiço, devido ' natureza
construtiva do que est) sendo feito Y natureza esta recon&ecida por alguém pr#$imo e queri do da criança e
devido ' desco%erta de uma nova forma de comunicaço, mais eficiente que a fala. <ogo a criança estar)
desen&ando quadros. " taman&o e a forma da p)gina determinam a colocaço dos o%0etos representados. 5) um
equilí%rio dos o%0etos e movimentos e uma relaço sutil entre todas as proporç1es. /or %reve tempo, a criança
transforma>se num artista. E, o que é mais importante, demonstra uma capacidade crescente de conservar a
espontaneidade ao mesmo tempo em que se su%mete ' forma e demais fatores de controle. Esta é a idéia
democr)tica em miniatura. Sua %ase por enquanto é relativamente pouco s# lida, pois depende da presença de
uma pessoa que se relaciona com a criança que desen&a. -ais tarde este vínculo muito pessoal é que%rado, e
deve ser que%rado e diluído6 antes de a criança transformar>se num artista ou, com mais pro%a%ilidade, num
cidado comum, ela deve ser capaz de construir inte rnamente essa pessoa em relaço a quem, no e$terior, a arte
infantil e$pressava>se de modo to rico.
7udo isso nos leva a um ponto cada vez mais recuado no tempo, que se traduz por um am%iente cada vez mais
 pessoal Y o que equivale a dizer que a pessoa que se relaciona com a criança precisa ser, ' medida que
recuamos, cada vez mais confi)vel.
Recuando ainda mais, &) uma época em que a pessoa, do ponto de vista da criança, tem que ser algo mais que
confi)vel.
Sa%emos que, em se tratando de crianças pequenas, é s# o amor por aquela criança que torna a pessoa confi)vel o
suficiente. !mamos aquela criança e mantemos com ela um relacionamento ininterrupto Y eis vencida a
 primeira metade da %atal&a. -as retro cedamos ainda mais um pouco. /ara descrever o conte$to, pre cisamos
empregar palavras ainda mais fortes. reio que, no to cante aos primeiros meses de vida, o termo devoçoT nos
d) a 0usta medida do que estamos considerando. 3o penso em em pregar aqui palavras como inteligenteT,
cultoT ou escola doT, em%ora no as despreze. S# uma me devotada Fou uma me su%stituta dotada do mesmo
sentimentoH pode acompan&ar as necessidades de uma criança. 3a min&a opinio, inicialmente a criança carece
de um grau de adaptaço ativa a suas necessidades que s# pode ser provida se uma pessoa devotada estiver
 
cuidando de tudo. W #%vio que é a pr#pria me da criança a deposit)ria natural desta devoço e, mesmo que se
 possa provar que as crianças no recon&ecem suas mes até terem alguns meses de idade, contínuo pensando que
devemos admitir que a me con&ece seu fil&o.
A EDUCAO DOS PAIS
W possível que, a esta altura, eu se0a criticado. Qir) o leitor2
ocê est) tomando como ponto pacífico que as mes se0am pessoas normais, e se esquece de que muitas so
neur#ticas, e algumas quase loucas.T -uitas levam uma vida nem um pouco tranqMila, e passam suas frustraç1es
se$uais a seus fil&os através de sua irritaço ou de maneiras mais diretas.T W a%surdo falar de mes, enfermeiras
ou professores agindo naturalmente. 7odos têm de ser ensinados.T
 3o posso discordar de todo6 mas devo dizer que, quando os que cuidam das crianças so neur#ticos ou quase
loucos Fe mui tos de fato o SoH, nem sequer podem ser ensinados. 7emos de depositar nossas esperanças nos
casos mais ou menos normais. Em nossas clínicas lidam os com a anormalidade, e nos orientamos nesse sentido.
-as, ao lidar com mes e crianças comuns e ao lecionar para crianças pequenas, devemo s orientar>nos resolut a>
mente em direço ao que é normal e sadio. E as mes sadias têm muito que nos ensinar.
[ /ersonagem infantil, com forma de ovo. F3.7.H
omo podemos ter tanta certeza de que os médicos e enfermeiras que &a%ilmente assistem 's mes em clínicas
 pré>natais, maternidades e &ospitais pú%licos realmente permitem que a me normal e sadia desempen&e sua
funçoV !s coisas mel&oraram muito nos últimos anos. 5o0e, no é raro vermos maternidades onde os %e%ês
 permanecem em %erços ao lado de suas mes. 3o necessito descrever em detal&e a &orrível alternativa a isso,
que 0) é demasiado con&ecida2 o %e%ê sozin&o no %erç)rio, trazido ao quarto na &ora de mamar e empurrado de
encontro ao seio da me perple$a e até amedrontada. Qo mesmo modo, e em grande parte devido ' o%ra de
8o4l%+ e Ro%ertson &) &o0e uma certa tendência a permitir que os pais permaneçam em contato com seus fil&os
recém>nascidos ou pequenos que por azar precisam passar algum tempo no &ospital.
" fato é que médicos e enfermeiras precisam recon&ecer serem especialistas numa )rea apenas. 3o que toca ao
esta%eleci mento de uma relaço emocional entr e a me e o %e%ê Fo que inclui o início da amament açoH, a me
normal no é somente a especialista6 ela é, na verdade, a única pessoa que sa%e o que fazer em relaço 'quele
 %e%ê. E &) uma razo para isso2 sua devoço, que é, neste caso, a única motivaço efetiva.
7entando transpor estas consideraç1es para uma realidade to comple$a quanto a da escola maternal, podemos
afirmar, mesmo simplificando, que em qualquer escola maternal &) dois tipos de crianças Y e o mesmo pode>se
dizer de todas as outras escolas. 5) aquelas crianças cu0os pais foram %em>sucedidos e continuam sendo. Essas
sero as crianças recompensadoras, capazes de e$pressar e lidar com todos os tipos de sentimento. /or outro lado,
&) as crianças cu0os pais fracassaram, e devemos nos lem%rar de que esse fracasso nem sempre é imput)vel a
eles. /ode ser culpa de um médico, ou de uma enfermeira6 pode ter ocorrido como resultado da operaço do
 
acaso Y através de um forte ataque de coqueluc&e, por e$emplo6 talvez, pessoas ansiosas por a0udar ten&am
antes atrapal&ado. Essas crianças, com idade suficiente para freqMentar a escola maternal, carecem daquela
adaptaçoativa 's necessidades pr#prias das primeiras semanas e meses de vida. Elas talvez e$i0am essa
adaptaço de pessoas que no so seus pais de fato. Essa adaptaço ativa tardia é c&amada de mimoT, e os que
mimam uma criança so amiúde criticados. E mais2 como essa adaptaço ativa est) c&egando muito tarde, a
criança talvez no sai%a aproveit)>la devidamente ou, se sou%er, poder) requisit)>la a um grau muito elevado e
 por um período muito longo, " indivíduo capaz de proporcionar isso ' criança talvez ven&a a se encontrar numa
situaço muito difícil, pois a criança pode vir a desenvolver uma dependência que ele receie romper.
-as, enfim, o fato é que todas as escolas devem ser pensa das tendo em vista um tríplice pú%lico2
FaH as crianças da primeira classe que descrevi, capazes de enriquecer>se a partir do que l&es é oferecido, e
 prontas a contri%uir e tirar proveito do fato de estarem contri%uindo6
F%H as crianças que requerem dos professores aquilo que o lar no foi capaz de proporcionar e no ensino6
FeH as intermedi)rias.
A CRIANA VIVA
(ostaria agora de virar este tema pelo avesso, e descrever o %e%ê e a criança em termos do desenvolvimento da
criança viva.
Em primeiro lugar faço uma simplificaço, distinguindo o estado de e$citaço do estado de no>e$citaço. "
estado de e$ citaço o%viamente envolve a operaço dos instintos. Sa%emos que toda funço corporal tem sua
ela%oraço imaginativa e tam%ém os conflitos, que se desenvolvem em associaço com idéias, envolvem
ini%iç1es e confus1es na vida corporal6 o crescimento, nesse conte$to, no implica apenas transpor est)gios
devido ao aumento da idade, mas tam%ém a administraço de cada est)gio ' medida que surge, sem que se
sofram muitas perdas no que se refere 's %ases instintivas do sentimento. Entretanto, so e$ata mente nestes
 primeiros est)gios do desenvolvimento instintivo que têm início as sérias repress1es que paralisam as vidas de
muitos indivíduos. Xuo necess)rias so, pois, para a criança que começa a andar, a esta%ilidade e a continuidade
de seu am%iente em seus aspectos físicos e emocionais_
Em%ora se0a e$atamente este o ponto em que se podero encontrar as principais forças da psicologia dinâmica,
sinto que no preciso insistir neste assunto. ! o%ra de =reud, que tratava so%retudo desses fen\menos vitais, é
&o0e %astante con&ecida, especialmente pelos que se dedicam ao estudo da psicologia infantil.
5) uma progresso natural no desenvolvimento daqueles impulsos instintivos que, com sua força, quase
dilaceram a criança. 3um primeiro momento, naturalmente, so a %oca e todos os de mais mecanismos de
a%sorço, incluindo o agarrar com as mos, que formam a %ase daquela fantasia que constitui o auge da e$citaço. -ais tarde, so os fen\menos de e$creço e o funciona mento interno do corpo que fornecem material
 
 para fantasias de e$citaço. om o tempo vê>se aparecer uma modalidade genital de e$citaço que domina toda a
vida do menino ou da menina de dois a cinco anos de idade.
! progresso natural dessas v)rias espécies de idéias e organizaç1es da e$citaço no c&ega a ser assim to clara
e simples, pois todos os est)gios apresentam seus conflitos pr#prios, e nem o maior cuidado seria capaz de alterar
esse fato. ! natureza do %om cuidado consiste so%retudo em oferecer a cada criança um con0unto de condiç1es
consistentes para que ela possa ela%orar o que l&e é específico.
omo é natural, as idéias associadas aos momentos de e$citaço formam a %ase das %rincadeiras e dos son&os. ! %rincadeira é marcada por um tipo especial de e$citaço, e degringola quando as necessidades instintivas diretas
e$igem predominância de atenço. !s crianças s# aos poucos aprendem a lidar com isso. Qe fato, todos os
adultos sa%em que os mel&ores prazeres da vi da podem ser estragados pela intromisso do e$citamento corporal,
e grande parte da técnica de viver consiste em encontrar mo dos de evitar os e$citamentos corporais que no têm
condiç1es de atingir seu clima$ no momento apropriado. Este controle, naturalmente, é mais f)cil de ser o%tido
 por aqueles cu0a vida instintiva é satisfat#ria do que pelos que so o%rigados a tolerar um alto grau de frustraço
em seus relacionamentos se$uais.
/or sorte, enquanto as crianças vo desco%rindo esta difícil realidade, podem alcançar picos de satisfaço de uma
série de maneiras características da infância. ! comida, por e$emplo, pode ter muita importância. " sono resolve
muita coisa. " defecar e o urinar podem ser e$periências e$tremamente satisfat#rias, as sim como uma %oa %riga,
ou uma surra. 3o o%stante, toda infância apresenta uma série de sintomas que refletem claramente a condiço de
estar todo arrumado sem ter para onde irT2 e$citado, mas sem condiç1es de atingir um clima$ Fataques coléricos,
etc.H. Essas coisas no so necessariamente anormais.
5o0e, muito 0) se con&ece a respeito dessas coisas6 é possível , porém, que no se ten&a con&eciment o de alguns
dos resultados indiretos da e$periência instintiva. Refiro>me ao modo pelo qual a riqueza da personalidade vai>se
construindo através de e$periências satisfat#rias e insatisfat#rias.
 3este ponto faz>se útil postular a e$istência de um primeiro est)gio implac)vel, o que nos permite c&amar a
atenço para o fato de que, no início, as idéias e$citadas e altamente destrutivas que acompan&am a e$periência
instintiva so dirigidas para o seio da me sem qualquer culpa. -as o %e%ê sadio logo perce%e que dois e dois
fazem quatro, e desco%re que o o%0eto que na fantasia é to impiedosamente atacado é o mesmo que é amado e
necessitado. " est)gio implac)vel d) lugar a um est)gio de preocupaço.
! criança, agora, é o%rigada a lidar com dois con0untos de fen\menos depois de uma e$periência e$citante
satisfat#ria. Lma coisa %oa foi atacada, ferida e estragada, e a criança foi enriquecida pela e$periência6 algo de
 %om foi formado dentro dela. ! criança tem que ser capaz de agMentar a culpa. om o tempo, surge uma saída
 para o pro%lema2 a criança torna>se capaz de reparar, de consertar, de dar em troca, de devolver aquilo que Fna
fantasiaH foi rou%ado. F"s leitores recon&ecero em tudo isso a teoria de -elanie leinH
 
/erce%e>se, portanto, que e$iste aqui uma necessidade específica que o am%iente deve prover para que a criança
 possa ela%orar e crescer Ftecnicamente2 possa atingir a posiço depressivaT no desenvolvimento emocionalH. !
criança deve ser capaz de tolerar o sentime nto de culpa e alterar este estado de coisas atra vês da reparaço. /ara
que isto aconteça, a me Fou alguém que a su%stituaH deve estar l), viva e alerta, durante o período em que durar a
culpa. /ara falar grosso modo2 uma criança interna de uma instituiço pode ser muito %em cuidada por v)rias
enfermeiras6 mas, se a culpa proveniente das e$periências da man& atinge seu ponto de reparaço ' noite,
quando &) l) uma outra enfermeira, a reparaço erra o alvo. ! me que cuida de seu fil&o est) sempre mais ou
menos por perto, e recon&ece os impulsos espontâneos de construço e reparaço. Ela é capaz de esperar que
sur0am, e os recon&ece quando aparecem.
Xuando tudo vai %em, no se sente culpa6 desenvolve>se um sentido de responsa%ilidade. " sentimento de culpa
 permanece latente, e s# vem ' tona quando a reparaço é insuficiente para compensar o que foi destruído.
-uito mais poder>se>ia dizer acerca de culpa e reparaço, e acerca das ansiedades infantis relativas 's riquezas
que se vo acumulando no interior. Se procur)ssemos no interior do %e%ê, encontraríamos tam%ém coisas
assustadoras, provenientes dos impulsos de raiva. -as, por ora, pretendo dei$ar um pouco de lado as
conseqMências das e$periências de e$citaço e passar a considerar uma outra coisa. Qiga>se de passagem que
dificuldades nesse campo, associadas ' represso de conflitos dolorosos, do srcem 's v)rias manifestaç1es
neur#ticas e aos distúr%ios de &umor. Estudando o material dos estados de no>e$citaço, porém, estaremos mais
 pr#$imosde um estudo da psicose. "s distúr%ios que descrevo so% a denominaço geral dos estados de no>
e$citaço têm qualidade psic#tica, e no neur#tica2 so a matéria da loucura propriamente dita. 3o entanto, no
estou lidando com distúr%ios6 estou apenas descrevendo em %reves palavras as tarefas que uma criança deve
cumprir para desenvolver>se normalmente e com saúde.
O DESENVOLVIMENTO DESVINCULADO DOS ESTADOS DE E>CITAO
oltando>nos, ento, numa a%ordagem %astante esquem)tica, aos estados de no>e$citaço, o que vemosV /ara
começo, perce%emos que estamos a estudar o ego, no camin&ar do self em direço ' autonomia. Estamos a
estudar, por e$emplo, o desenvolvimento de um sentido de unidade da personalidade, uma capacidade de sentir>
se integrado F's vezes, pelo menosH. 7am%ém, e aos poucos, a criança começa a perce%er que &a%ita aquela
estrutura que n#s identificamos muito facilmen te como sendo seu pr#prio corpo. 7udo isso leva algum tempo, e
 %eneficia>se muito de sensíveis e consistentes cuidados do corpo infantil, o que envolve os %an&os, e$ercícios,
etc.
!lém disso, ocorre o desenvolvimento de uma capacidade de relacionar>se com a realidade e$terna. Esta tarefa,
comple$a e difícil, que toda criança deve c&egar a realizar, necessita de finitivamente daquela atenço que s#
 pode ser dada por uma me devotada. " mundo o%0etivamente perce%ido nunca é idêntico ao mundo conce%ido,ou visto su%0etivamente. Este é um pro%lema que aflige todos os seres &umanos. -as, adaptando>se ativamente a
seu %e%ê no início, a me superp1e a realidade e$terna so%re as concepç1es da criança6 se faz isso de modo
 
adequado e freqMente, a criança contenta>se em esquecer o pro%lema por ora, retomando>o depois no conte$to
daquele 0ogo c&ama do filosofia.
Lma coisa mais2 se o am%iente no sofre reviravoltas, a criança tem a oportunidade de conservar um sentimento
de continuidade do ser6 isso talvez remonte, no passado, aos primeiros movimentos no interior do útero.
E$istindo essa continuidade, o in divíduo adquire uma esta%ilidade que 0amais poderia o%ter de outro modo.
Se a realidade e$terna é apresentada ' criança em pequenas doses cuidadosamen te cali%radas de acordo com sua
capacidade de compreenso, ela talvez desenvolva a possi%ilidade de adotar uma a%ordagem científica dosfen\menos, podendo c&egar até a empregar o método científico no estudo dos assuntos &umanos. Se isto acontece
e logra %om ê$ito, parte da responsa%ilidade pode ser creditada ' me devotada que lançou as fundaç1es, e em
seguida ao tra%al&o con0unto de am%os os pais e de v)rios acompan&antes e professores6 qualquer um dos quais
 poderia ter causado uma confuso e dificultado a o%tenço última, por par te do indivíduo, de uma atitude
científica. ! maioria de n#s, diga> se, somos o%rigados a dei$ar ao menos certa parte da natureza &umana fora do
domínio da investigaço científica.
A CI;NCIA E A NATURE/A ?UMANA
! principal mensagem deste artigo é a seguinte2 se aquilo que é %om, verdadeiro e natural nos seres &umanos e nacriaço dos pequenos seres &umanos deve ser resguardado da aço do rolo compressor da ciência, isso s# pode
so%revir por meio de uma e$tenso da investigaço científica a todos os aspectos da natureza &umana. !c&o que
todos rumamos na mesma direço. /ara afirm)>lo de outro modo2 todos queremos tornar possível que cada
indivíduo encontre e esta%eleça sua identidade de maneira to s# lida que, com o tempo, e a seu pr#prio modo,
ele ou ela adquira a capacidade de tornar>se mem%ro da sociedade Y um mem%ro ativo e criativo, sem perder sua
espontaneidade pessoal nem desfazer>se daquele sentido de li%erdade que, na %oa saúde, vem
AP;NDICE CL9NICO
W %astante possível que o leitor este0a, neste momento, tomado de certa perple$idade. 5) tanto a ser realizado por
cada criança, e é to grande a responsa%ilidade das mes, pais, enfermeir as e professores que a cada est)gio têm
que criar e proporcionar um am%iente o mais adequado possível Y quem poder) levar a ca%o uma tal tarefaV
7odavia, deve>se ter em mente que, toda vez que fazemos uma pausa no tra%al&o e procuramos empreender uma
avaliaço de nossos o%0etivos, como fizemos agora, criamos uma situaço artificial. !ssim, voltemos agora ' vi
da real, e concluamos nossa e$posiço com a imagem de um %e%ezin&o relativamente novo. F3o caso, um
menino, mas poderia tratar>se igualmente de uma menina.H
Este %e%ê passou por todas as fases normais2 c&upou o pun&o, c&upou o dedo, coçou a %arriga, manipulou seu
um%igo e seu pênis, desfiou a %orda do co%ertor. 7em oito meses de idade e ainda no ingressou na costumeira
fase de %rincadeiras com ursin&os e %onequin&as. -as encontrou um o%0eto macio, e o adotou. om o tempo,
este o%0eto ter) um nome. /ermanecer) por alguns anos como uma coisa muito necess)ria para a criança, e ao
 
final simplesmente desaparecer), como o vel&o soldado. Este o%0eto é um meio>termo entre todas as coisas. 3#s
sa%emos que foi presente de uma tia. -as, do ponto de vista da criança, ele é o a0uste perfeito. 3o faz parte nem
do self nem do mundo. -as, ainda assim, é am%os. =oi conce%ido pela criança6 ela no o podia ter produzido,
mas ele simplesmente apareceu. Seu apareci mento deu ' criança a idéia do que conce%er. 7rata>se de algo ao
mesmo tempo su%0etivo e o%0etivo. Est) na fronteira entre o dentro e o fora. W simultaneamente son&o e
realidade.
Qei$amos este %e%ê com seu o%0eto. Ele encontra paz em sua re laço com ele2 naquela misteriosa meia>luz entre
uma realidade pessoal, ou psíquica, e a realidade de fato, compartil&ada com outros.
de dentro do pr#prio indivíduo.
CAP9TULO @ - SEGURANA
Sempre que se faz uma tentativa de enumerar as necessidades %)sicas de %e%ês e crianças maiores, ouvimos que
as crianças precisam de segurançaT. Zs vezes consideramos essa opinio razo)vel, 's vezes nem tanto.
/oderíamos perguntar2 o que se quer dizer com a palavra segurançaTV W certo que pais super protetore s dei$am
seus fil&os aflitos, assim como os pais pouco confi)veis tornam as crianças confusas e amedrontadas. W evidente,
assim, que a segurança pode vir em e$cesso, e no entanto sa%emos que as crianças precisam sentir>se seguras.
omo entender a questoV
"s pais que conseguem manter o lar unido esto, na verdade, prestando a seus fil&os um serviço de inestim)vel
importância. 3aturalmente, a imploso de um lar faz vítimas entre as crianças. -as se alguém nos diz, muito
simplesmente, que as crianças precisam de segurança, sentimos que &) algo de menos nessa afirmaço. !s
crianças vêem na segurança uma espécie de desafio, que as convida a provar que podem ser livres. ! idéia de que
a segurança é uma coisa %oa identificar>se>ia, no limite, com a noço de que a priso é um %om lugar para
crescer. Osso seria a% surdo. W claro que o espírito pode ser livre em qualquer lugar, mesmo numa priso.
Escreveu o poeta <ovelace2 T Stone walis do not a Stone walis do not a prison make, Nor iron ars prison make, Nor iron ars a cage!a cage! F/aredes de pedras no
fazem uma priso, ] 3em %arras de aço uma 0aula.TH, querendo dizer com isso que o fato de estar preso é apenas
 parte da situaço. -as as pessoas precisam viver livres para viver com imaginaço. ! li%erdade é algo
fundamental, que desco%re pessoas o que elas têm de mel&or. 3o o%stante, convém admitir que alguns
indivíduos no podem viver em li%erdade, por temerem a si mesmos e ao mundo.
/ara entender essa questo, creio que devemos conside rar o %e%ê, a criança, o adolescente e o adulto, traçando a
evoluço no s# dos indivíduos, mas tam%ém daquilo que eles e$igem de seu am%iente ' medida que crescem. !s
crianças nos do sinal certo de sua %oa saúde quando começam a ser capazes de desfrutar da li%erda de que cada
vez mais l&es conferimos. " que alme0amos na educaço das criançasV Esperamos que cada uma aos poucos
adquira um sentido de segurança. W necess)rio que se edifique, no interior de cada criança, a crença em algo que
 
no se0a

Continue navegando