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Eutanásia- Aspectos Jurídicos

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Eutanásia – Aspectos jurídicos
O homicídio piedoso é tema muito controverso, exigindo longa reflexão antes de um posicionamento a favor ou contra. E foi após algumas reflexões que chegamos ao entendimento de que a posição do Código Penal perante a questão está justificadamente acertada. Diz o §1º do art. 121 que “se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor moral…, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”. Não há notificação expressa à eutanásia, porém, a Exposição de Motivos exemplifica como aprovada pela moral “a compaixão perante o sofrimento da vítima. Embora consideramos válidos, discordamos da isenção de pena ao autor do homicídio eutanásico. Comparar tal conduta com a licitude seria, a nosso ver, uma ousadia. Isto porque, em virtude da crescente criminalidade, a eutanásia viria a se transformar em mais um pretexto para a prática de crime; a “morte boa” funcionaria como máscara, encobrindo talvez crimes hediondos, como ocorreu com a legítima defesa da honra, disfarce sob o qual se valeram muitos criminosos, na década passada e ainda nesta.
Por outro lado, achamos que a questão do consentimento encontra-se em bases não muito sólidas, pois entendemos que a pessoa que sofre dores crueis não possui capacidade de entender e de querer, sendo a morte um desejo momentâneo.
Não se discute a ocorrência de casos em que, no alto grau de sofrimento, pessoas imploraram a morte como única saída para o tormento em que se encontravam e tempos depois desistiram da idéia (umas, por algum motivo, sentiram-se estimuladas a viver e lutar contra o sofrer; outras acostumaram-se a conviver com o mal e, sendo a dor um fenômeno psicológico, souberam suportá-la).
Quanto à questão da incurabilidade não acreditamos que existam males incuráveis e possivelmente quase ninguém acredita, uma vez que se acreditassem a ciência e tecnologia não estariam no degrau em que estão hoje.
No que diz respeito à lei, sendo a imposição da pena uma faculdade do juiz, permite a este só se valer dela quando assim achar necessário. Logo, o juiz pode, diante do caso concreto, distinguir a verdadeira compaixão do egoísmo, interesse ou outro qualquer motivo torpe.
Permitir a extinção da vida de um ser humano, mesmo doente “irremediável” e a pedido do próprio, é um ato de risco altíssimo num país como o nosso.
Somos contra a eutanásia, mas não radicalmente, pois cada caso é um caso e talvez num muito especial.

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