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83 Teorias do TexTo Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 Unidade III O PAPEL DA LEITURA: FUNCIONAMENTO SOCIAL E PROCESSAMENTO (META)COGNITIVO 7 LEITURA, ORALIDADE E ESCRITA: PRáTICAS LINGUíSTICAS, SOCIAIS E PEDAGóGICAS Vamos agora relacionar a discussão do texto, enquanto prática social, em sua tríplice forma de acontecimento: escrita, oralidade, leitura. Pensar sobre a comunicação conduz inevitavelmente à reflexão acerca da natureza tecnológica e universalizada do uso da escrita. De acordo com Foucambert (1998), a escrita é usualmente definida como meio privilegiado de comunicação. Embora, nas situações de comunicação oral (informar, perguntar, apontar etc.), de modo geral, reconheçam-se uma facilidade e uma interatividade mediadas pela comunicação em presença dos interlocutores, na comunicação escrita, o que seria uma característica contrária (a não presença) também é reconhecida como elemento facilitador, pois ela se realiza na ausência dos interlocutores e mesmo assim veicula a comunicação em situações específicas e cada vez mais comuns, permitindo que os interlocutores possam interagir à distância. Lembrete É bom nunca perder de vista que fala e escrita são modalidades linguísticas distintas, que utilizam o mesmo código linguístico verbal. Observe a seguir alguns aspectos do funcionamento sócio-histórico da escrita: • Escrita = meio de expressão. Mas para quem? Em que condições? Comunicar-se por meio da escrita soa como uma armadilha para alguns membros da sociedade: uso misterioso, difícil e mutável. • Escrita = meio pelo qual alguns se expressam. Meio de dominação engendrada nas relações histórico-sociais de força e poder. Os usos da escrita (comunicação e expressão) não dizem respeito a capacidades técnicas, mas sim ao reconhecimento de certo status: luta pelo poder teoricamente democrática. Para Foucambert (1998), a afirmação de que a escrita seja essencialmente e generalizadamente um meio de comunicação não se sustenta, pois ela pode ser prioritariamente comunicação e expressão em um plano individual, particular, mas no plano histórico-social, por princípio, ela está dentro das relações 84 Unidade III Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 de força e de poder. “Sim, a escrita é um meio de expressão e comunicação. Mas do quê? De algo que não existiria sem ela” (p. 44). No plano da comunicação e expressão, a escrita abre um registro novo, diferente daquilo tudo que já se comunicava e se expressava sem ela. A escrita implica outras restrições e operações: Ao contrário do oral, a escrita não é permutada no instante efêmero, mas na permanência do espaço [...]. A escrita não é o terreno do pensamento que se cria, mas do pensamento que experimenta a si mesmo em sua unidade [...]. O oral dá-se no tempo; a escrita, no espaço (idem, p. 46-47). Veja que a função da escrita tem a ver com a transformação dos processos de conhecimento, sua dimensão é espacial e visual, enquanto que a da fala é temporal e auditiva. A escrita não é meramente uma transcrição da fala. A escrita torna-se a linguagem da abstração, do pensamento reflexivo e teórico (o pensamento sobre o pensamento): • A escrita é um meio de construir uma visão de mundo, dar sentido. Não representar, mas apresentar a realidade por meio de restrições próprias e operações específicas. • A leitura é o que vai em busca da visão de mundo e de seu confronto com outros pontos de vista. Leva ao questionamento e à investigação. Para Vygotsky (apud FOUCAMBERT, op. cit., p. 52), a escrita é a álgebra da linguagem, forma mais difícil e complexa da atividade verbal, intencional e consciente. Assim como é difícil para uma criança, também o é para muitos adultos. A escrita se basta a comunicar e expressar precisamente as especificidades intelectuais que ela mesma permite elaborar. Aprender a manejá-la (ler e escrever) é entrar no uso dessas funções. “Como dizia um professor primário: Agora não basta mais ensiná-los a ler, é preciso também que eles compreendam”. Se você aprofundar o olhar acerca desses funcionamentos sociais, concordará que, historicamente, as práticas de escrita e leitura se configuraram como representações sociodiscursivas de diferentes classes e aquelas práticas relacionadas às classes econômica e politicamente dominantes foram atreladas ao “bom uso” do vernáculo, à aquisição e ao acúmulo do conhecimento (e sua organização), ao progresso e avanço científico-tecnológico e à ascensão social. Nessa perspectiva, vinculou-se à escola, sobretudo, o papel de “ensinar”, reproduzir e reconhecer tais práticas. Considere que a prática pedagógica faz uso de cartilhas, livros e manuais didáticos para instrumentalizar os exercícios de leitura e escrita em sala de aula. Entretanto, a escola mostra modelos de escrita, mas não consegue ensiná-los. A escola não prioriza estas questões: Quais são as condições atuais de leitura? Quem lê? Quem escreve? Para quê? Por quê? No exercício pedagógico das práticas de leitura e escrita, há o apagamento (ou enfraquecimento) de sua mais importante característica: a interacionalidade dialógica – constitutiva da linguagem, seja oral ou escrita. A escola se faz o grande (e único) interlocutor do aluno. Desde os exercícios de reconhecimento 85 Teorias do TexTo Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 fonético “IVo Viu a uVa” até as tais “fichas de leitura”, em que os alunos nem precisam ler o livro para completar as respostas (GERALDI, 1985). O aluno não é levado a produzir textos, e sim a reproduzi-los, e sua autonomia e originalidade, na maioria das vezes, são podadas e minadas ao longo de seu percurso escolar. Portanto, não há troca, interação, mas apenas uma simulação desse processo entre professor e aluno. Em geral, o professor é sempre a boca (falante) e o aluno é sempre a orelha (ouvinte), sem que nunca troquem de papéis. E, quando o aluno (re)produz, o professor não está interessado em sua produção, mas em se ele conseguiu reproduzir o modelo. Você deve refletir acerca de que os sentidos que as crianças atribuem à escrita, seus esquemas de interpretação, são variados e dependem das experiências passadas, bem como dos conhecimentos adquiridos – a escola confunde falta de conhecimento com inaptidão para adquirir os conhecimentos acadêmicos, não reconhecendo o saber do aluno e rotulando-os: “os alunos fracos”, “os que não sabem”. Veja o texto a seguir, apresentado por Smolka (1988, p. 59), em que a professora está interessada em se a criança decodificou a escrita, mas não está preocupada com a interpretação que a criança faz. A professora escreve na lousa: “A mamãe afia a faca”. E pede para uma criança ler. A criança lê corretamente. Um adulto pergunta à criança: – Quem que é a mamãe? – É a minha mãe, né? – E o que que é “afia”? A criança hesita, pensa e responde: – Sou eu, porque ela (a mamãe) diz: vem cá, minha fia. A professora, desconcertada, intervém: – Não, afia é amola a faca! Compreenda que a criança é exposta a uma frase solta, descontextualizada, mas mesmo assim tenta levantar hipóteses, com base no uso que ela faz de “afia” no seu contexto social e funcional. Vê-se que, como a criança já usa a linguagem (oral) e sabe que ela tem uma função, um sentido, ela fica confusa por não conseguir se subjetivar pelo “texto” que a escola apresenta. Sobre a questão da oralidade na escola, Brito postula: O processo de construção de redação é uma disputa (não uma integração) constante entre a competência linguística do estudante 86 Unidade III Re vi sã o: T at ia ne - D iagr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 (basicamente oral, não formal e desescolarizada) e a imagem de língua escrita que cria a partir da imagem do interlocutor e de interlocuções privilegiadas [...]. Como esse interlocutor tem caráter fortemente repressivo e valorativo, o estudante, na necessidade de mostrar que “sabe”: nega sua capacidade linguística oral; cria uma imagem de língua a partir das fontes que identifica com a imagem do interlocutor, isto é, relações sociais em que haja (ou o aluno identifique) marcas de autoridade, padrão culto etc. (1985, p. 125). Geraldi (1985) conclui que, nessas condições, quanto menos conhecimento específico sobre a linguagem escrita (metalinguístico) a criança tem, mais noção da funcionalidade escrita ela demonstra. Ele aponta o exemplo de dois garotos que foram reprovados em um ano por “não saberem escrever” e no ano seguinte um foi aprovado e o outro, novamente reprovado. Mas, conforme Geraldi, a “produção” do aluno aprovado não passava de uma caricatura idiota, reprodutora do modelo das cartilhas, que nem chega a ser um texto (e sim, no máximo uma “redação”). Já o aluno reprovado, apesar de vários problemas com o registro escrito, apresenta verdadeiramente um texto, uma narrativa em que se pode compreender uma história com todos os seus elementos básicos (enredo, personagens, espaço, tempo, clímax), e, além disso, o texto denota a subjetividade de seu autor, pois retrata um tema bastante típico paras as crianças, sobretudo as de classe econômica baixa. Textos apresentados por Geraldi (1985, p. 129): Quadro 18 A casa é bonita. A casa é do menino. A casa é do pai. A casa tem uma sala. A casa é amarela. Era uma vez umpionho queroia ocabelo dai um emninopinheto dapasou um umenino lipo enei pionho aí pasou um emnino pionheto daí omenino pegoupionho da amunhér pegoupionho da todomundosaiogritãdo todomundo pegou pionho di até sofinho begoupionho. [Era uma vez um piolho que roía o cabelo de um menino piolhento daí passou um menino limpo sem piolho aí um menino piolhento daí o menino pegou piolho daí a mulher pegou piolho daí todo mundo saiu gritando todo mundo pegou piolho até seu filhinho pegou piolho.] Smolka questiona o seguinte: Que escrita é essa que a criança aprende na escola que faz com que ela “regrida” quando escreve o que pensa? Assim se comprova, mais uma vez, que a escola ensina as crianças a repetirem e reproduzirem palavras e frases feitas. A escola ensina palavras isoladas e frases sem sentido e não trabalha com as crianças [na fase da escrita inicial], o “fluir do significado”, a estruturação deliberada do discurso interior pela escritura (1988, p. 69). 87 Teorias do TexTo Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 Podemos constatar que é devolvendo o direito à palavra ao aluno que talvez se possa um dia ler a história contada, e não contida, da grande maioria que hoje ocupa os bancos das escolas públicas. E tal atitude, conforme Geraldi, dá novo significado à questão: “Como avaliar redações?”. Apontando, no mínimo, para critérios diferentes daqueles que reprovaram o autor do texto e aprovaram o “autor” da redação (GERALDI, 1985, p. 129). Lembrete É preciso não perder de vista que o autor/sujeito emerge do discurso na escritura, e o professor enxergará isso observando as marcas, delineando as pistas e trabalhando a leitura e escritura como práticas discursivas. As situações de ensino/aprendizagem devem ser instauradoras da relação de interação e interlocução – ela é objeto de conhecimento e constitutiva do conhecimento na interação. Não se trata apenas de ensinar (no sentido de transmitir) a escrita, mas de usá-la como interação e interlocução na sala de aula, experimentando a linguagem nas suas várias possibilidades. Veja a seguir algumas importantes contribuições de Smolka, que servem de sugestão para a abordagem dessas questões no ensino, na sala de aula: Buscando, então, transformar algumas condições e procedimentos de ensino nas escolas, começamos a usar, como uma das formas de articulação das atividades e de constituição da interdiscursividade, a literatura infantil. Além da literatura, procurávamos implementar as várias formas de linguagem (plástica, corporal etc.) possíveis e viáveis nas situações escolares. E por que a utilização da literatura? Porque a literatura, como discurso escrito, revela, registra e trabalha formas e normas do discurso social; ao mesmo tempo, instaura e amplia o espaço interdiscursivo, na medida em que inclui outros interlocutores – de outros lugares, de outros tempos – criando novas condições e novas possibilidades de troca de saberes, convocando os ouvintes/leitores a participarem como protagonistas no diálogo que se estabelece (1988, p. 80). E ainda: Nesse processo, a escrita integra o habitus e a possibilidade, a necessidade e o gosto (também forjados socialmente) da interação por escrito ganham força na correspondência e no registro das experiências. Mas relato e ficção se fundem, confundem-se: o imaginário também ganha força. Fatos e crenças, ritos e mitos, medos e desejos são explicitados. É o discurso cotidiano que começa a ser marcado pelo trabalho de escritura das crianças e que traz, 88 Unidade III Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 portanto, as marcas da realidade sociocultural dos indivíduos e dos grupos em interação (idem, p. 100). Após a reflexão apresentada, considerando a proposta da autora, veja agora três textos também apresentados por Smolka (1988), em que se podem reconhecer todos esses aspectos por ela apontados, relacionados ao trabalho com o texto literário e o processo de subjetivação da criança, por meio da leitura/escrita. [A galinha foi na feira com o galo. Ela beijou o galo. Ela passou “boca louca”. O pintinho falou: “Olha o namoro!”. O galo falou: “Porque a sua mãe é bonita demais!”. A galinha falou: “Você também é”. O galo falou: “Obrigado”. A galinha falou: “Obrigado, você”. O galo: “De nada”. O galo deu um “boca louca” para ela. O pintinho bicou o galo, o galo pegou os pintinhos no couro e o galo casou com a galinha e os dois foram passear no bosque. A galinha ficou contente. Os pintinhos ficaram chorando.] Figura 2 Fonte: Smolka, 1988, p. 102. 89 Teorias do TexTo Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 [A minha irmã parece o Janjão e eu não gosto dela... ela mexe quando eu tô brincando de carrinho, ela não deixa eu brincando de carrinho porque ela não gosta que eu não “brinco” com moleque de rua. Mas eu vou na rua, eu bato nela e eu vou, bato, e a minha mãe bate em mim e vou dormir. Depois que eu acordo, quando meu pai chega, eu falo pra ele, ele bate nela. Eu gosto quando meu primo bate nela. Eu dou risada. Acabou “dessa” folha.] Figura 3 Fonte: idem, p. 103. [Eu acharia melhor que todo mundo que viesse na festa não estragasse as bandeirinhas, os balões todos que tivessem na festa, não estragasse. Guardasse pro outro ano. Porque as folhas são caras, os cartazes 90 Unidade III Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 também. Cada um ponha as sujeiras no lixo, senão as faxineiras não dão conta... Papel no lixo conserva a nossa escola. Porque ontem de ontem eu vim trazer o menino que eu olho, tinha cada balão lindo, cada desenho lindo! Tinha um balão no meio do pátio parecia balão de verdade! Podia guardar todos os materiais. Pelo jeito que eu vi, eu acho que foi uma festa linda! Pena que eu não pude vir aqui! Este cartazque está na nossa classe, a gente podia sortear, ou senão guardar como lembrança lá embaixo... Também eu não posso porque eu sou crente da Congregação Cristã do Brasil, eu não posso participar da rodinha do escarnecedor.] Figura 4 Fonte: idem, p. 105. 8 ESTRATéGIAS DE LEITURA: COGNITIVAS E METACOGNITIVAS – LEITOR ANALISADOR E (RE)CONSTRUTOR Ainda sobre o processo de leitura, você precisa entender que esse processo se dá cognitivamente e metacognitivametne, como veremos nos tópicos a seguir. Dentro de uma perspectiva de leitura/escrita cognitivista e sociointeracionista, a autora Ângela Kleiman (2004; e 2007a) analisa e descreve as estratégias processuais de leitura, designadas: estratégias cognitivas e estratégias metacognitivas. 91 Teorias do TexTo Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 I. Estratégias de leitura Observe que, quando se fala sobre a leitu ra enquanto ato individual, uma questão bastante pertinente em relação ao en sino da leitura diz respeito à viabilidade desse ensino. Não seriam as tentativas de ensino da leitura incoerentes com a natureza da atividade, uma vez que a leitura é um ato individual de construção de signifi cado em um contexto que se configura mediante a interação entre autor e leitor e que, portanto, será diferente para cada leitor, dependendo de seus conheci mentos, interesses e objetivos do momento? Conforme Kleiman (2004; e 2007a), a tentativa seria incoerente se o ensino de leitura seguisse a prática escolar, tanto do professor como do livro didático, que privilegia uma leitura, a do professor, como a única leitura correta, autorizada. A tentativa não é incoerente, entretanto, se o ensino de leitura for entendido como o ensino de estratégias de leitura, por uma parte, e como o desenvolvimento das habilidades linguísticas que são características do bom leitor, por outra. Tanto estratégias como habilidades são necessárias, porém não suficientes, para realizar o ato de ler. As estratégias de leitura são operações regulares para abordar o texto. Essas estratégias podem ser inferidas a partir da compreensão do texto. O texto, por sua vez, é inferido a partir do comportamento verbal e não verbal do leitor: • tipo de respostas sobre o texto; • os resumos que ele faz; • suas paráfrases; • a forma como ele manipula o objeto. Em linhas gerais, as estratégias do leitor são classificadas em: cognitivas e metacognitivas. É o que se discutirá a seguir. II. Estratégias cognitivas As estratégias cognitivas são as opera ções inconscientes do leitor, no sentido de não ter chegado ainda ao nível consciente, que ele realiza para atingir algum objetivo de leitura. Por exem plo, o fatiamento sintático é uma operação necessária para a leitura, que o lei tor realiza, ou não, rápida ou cuidadosamente, isto é, de diversas maneiras, dependendo das necessidades momentâneas, e que provavelmente não pode rá descrever. De acordo com Kleiman (2004, p. 32), os mecanismos cognitivos e capacidades envolvidas no processamento do texto podem ser visualizados no quadro a seguir: 92 Unidade III Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 Quadro 19 - Mecanismos cognitivos no processamento do texto Material escrito Olhos (percepção e interpretação de input gráfico) Memória de trabalho (fatiamento) Memória intermediária (repositório de conhecimento ativado, em alerta) Memória longo termo/Memória semântica/Memória profunda (o conhecimento e regras para seu uso e organização) Fonte: Kleiman, 2004, p. 32. III. Estratégias metacognitivas Entenda que as estratégias cognitivas são as opera ções (e não regras) realizadas com algum objetivo em mente, sobre as quais temos controle consciente, no sentido de sermos capazes de dizer e explicar a nossa ação. Várias são as estratégias que podem ser utilizadas pelo leitor quando este não entende o texto, começando pela consciência própria de falha na compreensão. Por exemplo, ele poderá voltar atrás e reler, ou poderá procurar o significado de uma palavra-chave que recorre no texto, ou poderá fazer um resumo do que leu, ou procurar um exemplo de um conceito. Enfim, dependendo do que ele detectar como causa, ele adotará diversas medidas para resolver o problema. Conforme explicita Kleiman (op. cit.), dentro dessa visão do processo de leitura, como um conjunto de estratégias cognitivas e metacognitivas de abordagem do texto, o ensino es tratégico de leitura consistiria, por um lado, na modelagem de estratégicas metacognitivas, e, por outro, no desenvolvimento de habilidades verbais subjacentes aos automatismos das estratégias cognitivas. 93 Teorias do TexTo Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 Observação O ensino e modelagem de estratégias de leitura consistem em buscar reproduzir as condições que dão ao leitor proficiente a flexibilidade e independência, indicativas de uma riqueza de recursos disponíveis. Como você mesmo está se exercitando aqui como leitor, o leitor experiente tem duas características básicas que tornam a sua leitura uma atividade consciente, reflexiva e intencional: primeiro, ele lê porque tem algum objetivo em mente, e, segundo, ele compreende o que lê, o que seus olhos percebem seletivamente é interpretado, recorrendo a diversos proce dimentos para tornar o texto inteligível, quando não consegue compreender. Qual a importância da posse de um objetivo pessoal para o leitor? Em primeiro lugar, o objetivo determina escolhas pessoais; nesse sentido, todo programa de leitura deve ter um componente livre, em que o aluno vai à biblioteca da escola e lê o que qui ser, sem cobrança de nenhuma espécie. Em segundo lugar, o leitor proficiente faz escolhas buscando antecipar os assuntos do conteúdo do livro. Essas antecipações estão apoiadas no co nhecimento prévio, tanto sobre o assunto (conhecimento enciclopédico) co mo sobre o autor, a época da obra (conhecimento social, cultural, pragmáti co), o gênero (conhecimento textual) (KLEIMAN, 2007a). Saiba mais Para ampliar essa discussão, você pode ler a resenha do texto Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura, de Ângela Kleiman, que está disponível em <http://pt.scribd.com/doc/27827045/Resenha-Texto-e- Leitor-Aspectos-Cognitivos-Da-Leitura-Angela-Kleiman>. Assim, faz-se necessário que todo programa de leitura permita ao aluno entrar em contato com um universo textual amplo e diversificado. Na aula de leitura, é possível criar condi ções para o aluno fazer suas antecipações do conteúdo, orientado pelo professor, que, além de per mitir-lhe utilizar seu próprio conhecimento, supre eventuais problemas de leitura do aluno, construindo suportes para o enriquecimento dessas antecipações e mobilizando seu maior conhecimento sobre o assunto. O exemplo a seguir, de acordo com Kleiman (2004, p. 52-56), ilustra um caso em que o professor (mais experiente) orienta o aluno (menos experiente), a definir seus objetivos de leitura. O texto 94 Unidade III Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 publicitário, por meio da combinação das linguagens verbal e não verbal, ajuda a criar uma imagem de um leite puro, seguro, nutritivo (adjetivos usados no texto), e natural (associações que a figura do animal traz): Obrigado por não ter aditivos, Caixinha. É natural que você pense que o leite Longa Vida tenha alguma coisa. Afinal, os de saquinho duram 1 ou 2 dias e o leite Longa Vida dura meses. Isso porque ele não tem bactérias. Como não tem bactérias, o leite Longa Vida não precisa de aditivosnem de conservante algum. Por não conter conservantes, leite Longa Vida, uma vez aberto, precisa ser colocado na geladeira. Não porque acabou a mágica, mas porque lá dentro da caixinha só tem leite puro, seguro e nutritivo. Você não deve desconfiar quando um leite é tudo isso. Beba Leite. Este. Figura 5 – Exemplo tomado de Kleiman Conforme destaca Kleiman (2004), o processo de auxílio do leitor em compreender a intenção do autor passa pela busca de marcas linguísticas dessa intenção. No exemplo citado, o autor emprega você em vez de vocês. O uso da terceira pessoa no singular estabelece um maior grau de intimidade, dificilmente alcançado quando usado o plural. Entenda que a intencionalidade aparece no texto por meio de outras marcas, como a hiperlexicalização (repetição de um mesmo item lexical) no emprego do pronome dêitico “isso”. O anúncio do leite está disposto em uma estrutura quase dialogada, e o pronome “isso” pode fazer uma referência tanto interna como externa ao texto, estabelecendo uma ligação com os elementos da falta desse interlocutor imaginário. Assim, quando o antecedente está no texto, a palavra “isso” no enunciado (“Você não deve desconfiar quando um leite é tudo isso”) remete ao parágrafo anterior. Do mesmo modo, o pronome “disso” teria o mesmo antecedente (“Você deve desconfiar quando um leite não é nada disso”). 95 Teorias do TexTo Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 Por outro lado, a autora aponta ocorrências em que não fica claro qual poderia ser o antecedente, fazendo supor uma ligação com o universo do leitor, tornando a expressão vaga e com diversos referentes possíveis (“Você nem precisa agradecer o fato de o Leite Longa Vida fazer tu do isso por você”). A última ocorrência do pronome também não deixa claro seu significado, pois o seu antecedente parece ser “fazer tudo isso”, que novamente é imprecisa (“Porque, no fundo, “isso” não é mais que uma obrigação”). Kleiman sustenta que a hiperlexicalização é frequentemente um índice de relevância pretendido pelo autor, para enfatizar algum item, dando-lhe um maior grau de importância do que a outros presentes no texto (uso do pronome “você” no anúncio). Contudo, o efeito produzido no leitor é imprevisível, pois leitores diferentes, de culturas e formações diferentes ou mesmo em diversas leituras podem não concordar na interpretação das pistas linguísticas. 8.1 Leitor analisador e leitor (re)construtor E ainda aprofundando a questão dos tipos de leitor, considere que, conforme Kato (1999), são diversas as hipóteses sobre os processos mentais subjacentes à leitura. Descrevendo algumas delas, a autora enfatiza aquela em que o leitor participa reconstruindo o planejamento do discurso do escritor. Na área de compreensão e leitura, temos duas hipóteses opostas, ambas descrevendo leitores ideais e considerando o texto uma unidade formal, com significado próprio: 1. A ascendente (bottom-up) ou dependente do texto, na qual o leitor faz uma análise visual dos dados e procura, por meio do entendimento das partes menores, entender o significado do todo (leitor analisador). 2. A descendente (top-donw) ou dependente do leitor, na qual o input visual está em segundo plano, pois nessa hipótese o leitor faz uso de seus conhecimentos prévios do assunto e de sua capacidade inferencial para antecipar o entendimento do texto (leitor construtor) (KATO, 1999). A autora comenta que, apesar de parecerem contraditórios, se esses processos mencionados forem usados conjuntamente, ou seja, complementando um ao outro de forma a estabelecer uma interação entre o leitor e o texto, temos um leitor construtor-analisador, mais fluente e preciso. Você entendeu? Essas hipóteses baseiam-se apenas na interação entre o leitor e o texto, mas e quanto à interação leitor-escritor, em que a compreensão é principalmente dependente da capacidade do autor de transmitir suas ideias no texto? Kato sugere que, partindo da leitura como um ato de comunicação regido por regras conversacionais, o escritor e o leitor estabelecem um contrato de cooperativismo: 96 Unidade III Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 • escritor informativo/leitor compreensivo; • escritor sincero/leitor crédulo; • escritor relevante/leitor assertivo; • escritor claro/leitor que espera o uso de recursos linguísticos simples. Entretanto, esse leitor-cooperativo espera sempre que esses quatro princípios estejam sempre presentes. Mesmo o não cumprimento de qualquer um deles pode significar para o leitor que ali há uma ocultação do autor do seu real desejo. Para ilustrar melhor, Kato aponta de Morton e Marshal (1985 apud KATO, 1999, p. 70): Um avião americano que voava de Boston para Vancouver caiu exatamente na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá. Em que país os sobreviventes deveriam ser enterrados? Conforme a autora, há aí uma violação da sinceridade, pois alguns leitores, levados pelo princípio de cooperação, pensarão tratar-se de uma brincadeira do autor, enquanto outros tentarão adivinhar o termo que ocorre nessa posição, evidenciando, neste último caso, a hipótese descendente de leitura. Mesmo que coexista entre escritor e leitor o cooperativismo, a inexistência de uma correspondência biunívoca entre forma, função e até o desconhecimento sobre uma ambiguidade, muitas vezes não pretendida pelo escritor, faz da leitura um processo incapaz de extrair o sentido final do texto. O texto incita o leitor a algumas interpretações, nem sempre intencionalmente colocadas pelo escritor. Considere o texto como sendo, além de uma unidade formal, uma unidade de comunicação, em que a leitura se define como um ato de reconstrução dos processos de sua produção. Essa interação leitor-autor, corroborada por Levy (apud KATO, 1999), prega que a recepção é um processo no qual o leitor se coloca seguindo as trilhas deixadas pelo autor, colocando-se na sua posição para entender seus objetivos. A partir desse percurso, constrói-se o leitor-reconstrutor. O modelo proposto por Levy (apud KATO, op. cit.) vê a produção como um processo de planejamento, por meio do qual o escritor do texto codifica seus objetivos usando estratégias comunicativas. Entenda- se por planejamento o processo por meio do qual o produtor arma um curso de ação para satisfazer a um ou mais objetivos e por estratégia comunicativa o modo como o produtor realiza seu objetivo comunicativo. Resumo Nesta Unidade III, você refletiu sobre a discussão do texto, enquanto prática social de escrita e leitura, considerando que: 97 Teorias do TexTo Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 • a escrita é um meio de construir uma visão de mundo, dar sentido; não representar, mas apresentar a realidade por meio de restrições próprias e operações específicas; • a leitura é o que vai em busca da visão de mundo e de seu confronto com outros pontos de vista. Leva ao questionamento e à investigação. Você aprofundou o olhar sobre estas práticas: escrita, oralidade, leitura, considerando que no funcionamento social, historicamente, as práticas de escrita e leitura se configuraram como representações sociodiscursivas de diferentes classes e aquelas práticas relacionadas às classes econômica e politicamente dominantes foram atreladas ao “bom uso” do vernáculo, à aquisição e ao acúmulo do conhecimento (e sua organização), ao progresso e avanço científico-tecnológico e à ascensão social. Nessa perspectiva, vinculou-se à escola, sobretudo, o papel de “ensinar”, reproduzir e reconhecer tais práticas. Você pôde refletir acerca de que os sentidos queas crianças atribuem à escrita, seus esquemas de interpretação, são variados e dependem das experiências passadas, bem como dos conhecimentos adquiridos – a escola confunde falta de conhecimento com inaptidão para adquirir os conhecimentos acadêmicos, não reconhecendo o saber do aluno e rotulando-os: “os alunos fracos”, “os que não sabem”, vendo alguns exemplos que ilustram isso. Acompanhou também a discussão acerca de que as situações de ensino/aprendizagem devem ser instauradoras da relação de interação e interlocução – ela é objeto de conhecimento e constitutiva do conhecimento na interação. Não se trata apenas de ensinar (no sentido de transmitir) a escrita, mas de usá-la como interação e interlocução na sala de aula, experimentando a linguagem nas suas várias possibilidades. Após essas discussões, você acompanhou a apresentação das estratégias de leitura (cognitivas e metacognitivas) e os tipos de leitores (analisador e construtor), considerando que o texto é inferido a partir do comportamento verbal e não verbal do leitor: • tipo de respostas sobre o texto; • os resumos que ele faz; • suas paráfrases; • a forma como ele manipula o objeto. 98 Unidade III Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 Exercícios QUESTÃO 1. Leia os quadrinhos a seguir e considere as afirmações subsequentes. Figura 6 Fonte: Orlandeli apud Santos, 2011. I. O avanço da internet proporcionou o desenvolvimento do “internetês”, uma variante linguística adaptada às condições de comunicação na rede, que exige rapidez na transmissão da mensagem. II. A linguagem utilizada na internet, como, por exemplo, no MSN, apresenta traços de oralidade. III. Na fala do sobrinho, a forma de escrever certas palavras revela a intenção de se reproduzir na tela a entonação. Está correto o que se afirma em: A) Todas as afirmativas. B) I e II, somente. C) I e III, somente. D) II e III, somente. E) II, somente. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I. Afirmativa correta. Justificativa: a linguagem da internet apresenta características próprias, como a ortografia diferenciada e a abreviação de palavras. Além disso, há a falta de pontuação de acordo com as regras da norma culta. 99 Teorias do TexTo Re vi sã o: T at ia ne - D ia gr am aç ão : L éo - 2 9/ 04 /1 1 II. Afirmativa correta. Justificativa: nas “conversas” pelo MSN, utilizam-se várias marcas da oralidade, as pessoas normalmente dizem que vão “falar” no MSN justamente pela proximidade que esse meio de comunicação tem com a conversa informal. III. Afirmativa correta. Justificativa: na fala do sobrinho, a extensão da vogal procura reproduzir a entonação. Trata-se de um recurso gráfico. Assim como o uso da onomatopeia para reproduzir a risada. QUESTÃO 2. (Enade 2008) “Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo” (BOFF, 1997, p. 9). Considerando o fragmento de texto apresentado anteriormente, analise o seguinte enunciado. Na leitura, fazemos mais do que decodificar as palavras porque a imagem impressa envolve atribuição de sentidos a partir do ponto de vista de quem lê. Assinale a opção correta a respeito desse enunciado. A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. B) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é justificativa correta da primeira. C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. E) Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas. Resolução desta questão na Plataforma. 100 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 BRASILEIRO, A. A coerência e a coesão na costrução do sentido dos textos. Disponível em: <url20.ca/- Fb. Acesso em: 17 abr. 2011. Figura 2 KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria e prática. 10. ed. Campinas: Pontes, 2004. Figura 3 ORLANDELI. Grump. Image001.jpg?w=500&h=168. Largura: 482 pixels. Altura: 177 pixels. 39 KB. Formato JPEG. In: SANTOS, G. L. Disponível em: <http://migre.me/4lnyR>. Acesso em: 25 abr. 2011. REFERÊNCIAS Audiovisuais ALVES, A.; LAGO, Mário. Ai que Saudades da Amélia (1941). Intérprete: Ataulfo Júnior. In: DIVERSOS. [S.I.]: Leva meu samba, 1989. 1 disco sonoro. Lado A, faixa 3. BARBOSA, A. Saudosa maloca. Intérprete: João Bosco. In: DIVERSOS. Som Livre [S.I.]: Adoniran Barbosa: o poeta do Bixiga, 1990. 1 disco sonoro. Faixa 2. ___. As mariposa. Intérprete: Adoniran. In: ADONIRAN. Odeon [S.I.]: Adoniran Barbosa, 1974. 1 disco sonoro. Faixa 3. DESMUNDO. Direção: Alain Fresnot. País: Brasil. 2002. (101 min.) DOMÉSTICAS – O FILME. Direção: Nando Olival/Fernando Meirelles, País: Brasil. 2001. (90 min.) Textuais BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 1997. BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2002. _____ . Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2002. BARROS, D. L. P. Estudos do texto e do discurso no Brasil. DELTA, 1999, v. 15. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44501999000300008>. Acesso em: 18 abr. 2011. 101 BENTES, A. C. Linguística textual. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2007, v. 1. BENVENISTE, E. O aparelho formal da enunciação. In: Problemas de linguística geral II. Campinas: Pontes, 1989. BOFF, L. A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. Petrópolis: Vozes, 1997. BRASILEIRO, A. Gest ação: leitura e leitores. 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Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Educação Básica. Disponível em: <http://www.iel.unicamp.br/cefiel/alfaletras/biblioteca_professor/arquivos/ 49Textos%20de%20humor.pdf>. Acesso em: 23 mai. 2011. Unidade II - Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Provão 1999: Letras. Disponível em: <www.sistemaenem2.inep.gov.br/download/ enc/1999/provas/letras.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2011. Unidade III - Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2008: Letras. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/Enade2008_RNP/LETRAS.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2011. 104 105 106 107 108
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