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INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS Leitura e produção de texto Coordenação Pedagógica – IPEMIG Belo Horizonte SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 03 1 A HISTÓRIA DA LEITURA ................................................................................ 04 1.1 Conceitos de leitura ......................................................................................... 06 1.2 A leitura é um processo histórico .................................................................... 07 1.3 O papel social da leitura .................................................................................. 08 1.4 Os níveis de leitura .......................................................................................... 11 2 COMPREENDENDO O TEXTO ......................................................................... 13 2.1 Contexto .......................................................................................................... 20 2.2 Relação entre textos ....................................................................................... 20 2.3 A relação do texto com a história .................................................................... 23 2.4 Estrutura do texto ............................................................................................ 24 3 MODALIDADES DE TEXTO .............................................................................. 26 3.1 Descrição ........................................................................................................ 26 3.2 Dissertação ..................................................................................................... 30 3.3 Narração .......................................................................................................... 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ............... 37 AVALIAÇÃO ......................................................................................................... 40 3 INTRODUÇÃO Esta apostila apresenta uma proposta de ensino sistematizada sobre a leitura, a escrita e o texto, tendo em mente a formação de leitores autônomos e produtores de textos. É preciso ter consciência da importância da aprendizagem da leitura e da produção de textos como um processo contínuo, espontâneo. Deve-se, para isso, levar em consideração a orientação do professor dada ao aluno a fim de guiá-lo, oferecendo subsídios para aprender a ler com competência e aprender a escrever bons textos com espontaneidade e prazer. Diante disso, este material baseia-se no pressuposto de que a produção textual, bem como a leitura significativa deve ser sistematizada, organizada e eficiente. Por isso foi organizado em capítulos apresentando os mecanismos da construção textual. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 4 1 A HISTÓRIA DA LEITURA Segundo Cavallo e Chartier (1998), a leitura na Antiguidade se dá quando a escrita alfabética permeia a cultura grega, por volta do séc. VIII a.C. Nesse momento ela se depara com um mundo onde a tradição oral reina de modo incontestável e a palavra – com sua sonoridade, é que delega o poder aos que dela se glorificam. O significado da leitura para os gregos oscilava na medida em que dezenas de verbos distintos eram usados para significar o ―ler‖. Portanto, muitos são os significados do verbo ler na Grécia antiga, mas em sua maioria carregam traços da leitura oralizada. Muitos outros verbos participam da história da leitura grega, mas, em sua maioria, os verbos que significam ler atestam insistentemente a prática de uma leitura oralizada, resultante, sem dúvida, não apenas do fato de que normalmente se lia pouco e com dificuldades, mas também, sobretudo da valorização extrema da sonoridade e da palavra falada como saber absoluto (CAVALLO; CHARTIER, 1998, p. 48). A questão da leitura na Idade Média apresenta uma grande demanda de leitura, responde finalmente o ―codex‖, o livro já com páginas que irá substituir o rolo a partir do século II d.C., tornando-se a forma preferida pelos escritos cristãos e consequentemente, por seus leitores. O sucesso do codex – o livro com páginas – era assegurado por diversos fatores: antes de tudo um custo menor, visto que a escrita ocupava os dois lados do suporte; a forma mais prática; a uma leitura mais livre em seus movimentos; além de melhor convir aos textos de referência e àqueles que exigiam concentração intelectual. Transformações do livro e transformações das práticas de leitura somente podiam avançar juntas. Assim, o codex coloca-se como mediador entre a leitura na Antiguidade e as maneiras de ler na Idade Média (CAVALLO; CHARTIER, 1998). Do final do século XI até o século XIV, tem-se uma nova era da história da leitura. Renascem as cidades e com as cidades as escolas, que são lugares do livro. A alfabetização se desenvolve, a escrita progride em todos os níveis, os usos do livro se diversificam. Práticas de escrita e práticas de leitura, de algum modo IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 5 separadas na Alta Idade Média, aproximam-se, tornam-se função uma da outra. Lê- se para escrever. E escreve-se para leitores (CAVALLO; CHARTIER, 1998, p. 22). A primeira ―revolução da leitura‖ da Idade Moderna é, pois, muito independente da revolução técnica, que modifica, no século XV, a produção do livro. Ela se enraíza, sem dúvida, mais profundamente na mutação que transforma, nos séculos XII e XIII, a própria função do escrito, quando, ao modelo monástico da escrita que confere ao escrito uma tarefa de conservação e de memória largamente dissociada de qualquer leitura, sucede o modelo escolástico da escrita que faz do livro ao mesmo tempo o objeto e o instrumento do trabalho intelectual (CAVALLO; CHARTIER, 1998, p. 27). Seja qual for sua origem, a oposição entre leitura necessariamente oralizada e leitura possivelmente silenciosa marca uma divisão capital. Sua nova maneira de considerar e de manejar o escrito não deve, pois, ser imputada muito apressadamente apenas à inovação técnica (a invenção da imprensa). Com isso, observa-se que: A revolução da leitura precedeu, portanto à do livro, visto que a possibilidade de leitura silenciosa é, pelo menos para os leitores letrados, clérigos da igreja ou notáveis leigos, muito anterior à metade do século XV (CAVALLO; CHARTIER, 1998, p. 28). Ao ler numa tela, o leitor de hoje – e ainda mais o de amanhã - encontra novamente algo da postura do leitor da Antiguidade que lia um volumen, um rolo. Entretanto, a diferença não é pequena; com o computador, o texto se desenrola verticalmente e é dotado de todas as referências próprias do codex: paginação, índices, tabelas, etc. Ao assegurar uma possível simultaneidade à produção, à transmissão e à leitura de um mesmo texto, ao unir num mesmo indivíduo as tarefas, sempre diferentes até agora, da escrita, da edição e da distribuição, a representação eletrônica dos textos anula as diferenças antigas que separavam os papéis intelectuais e as funções sociais. Por essa razão, ela obriga a redefinir todas as categorias que, até agora, habitavam as expectativas e as percepções dos leitores (CAVALLO; CHARTIER, 1998, p. 30). IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 6 É o caso dos conceitos jurídicos que definem o estatuto da escrita(copy- right, propriedade literária, direitos autorais, etc.), das categorias estéticas que, desde o século XVIII, caracterizam as obras (integridade, estabilidade, originalidade) ou das noções regulamentares (depósito legal, biblioteca nacional) e biblioteconômicas (catalogação, classificação, descrição bibliográfica) que foram pensadas para uma outra modalidade de produção, de conservação e de comunicação do escrito. 1.1 Conceitos de leitura Segundo Zilberman (1988), o ato de ler prevê que todo indivíduo está capacitado a ele através de estímulos socialmente transmitidos e que, preferencialmente acontecem por intermédio de um código (alfabeto). O processo de aprender a ler, segundo Martins (1994), pode ser iniciado anteriormente ao acesso à educação formal, já que a criança tem contato, desde a tenra idade, com o mundo letrado, porém, sua leitura é apenas visual. A leitura tem características e vantagens únicas que a diferenciam dos outros meios de informação audiovisual, por sua capacidade de transmissão de grande quantidade de informação, por seu poder de estímulo da imaginação, por sua flexibilidade e especialmente por sua potencialidade de ser controlada pessoalmente pelo indivíduo. Para Magnani (1994), a leitura compreendida em seu sentido lato, e em seu estado dialógico, constitui-se em um instrumento no processo de produção do conhecimento, uma vez que tem a possibilidade de constituir o contato do leitor com diferentes formas de vivenciar e compreender o mundo. A formação de leitores emerge como prioridade e como um grande desafio da Educação. De acordo com Rocco (1994), não se deve dizer que o estudante não lê e ou que não gosta de ler. Para ela, é preciso que o professor o estimule, incentivando, sobretudo, que o ensine a ler. De acordo com Possenti (1994), em seu livro que fala sobre as pragas provocadas pela leitura, há um falso conceito de improdutividade e de perigo IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 7 atribuídos aos que se dedicam à leitura; a dissociação das ideias - leitura e trabalho; a marca de diferente aos leitores em razão da vida interior que a leitura provoca e supõe. Para o mesmo autor, há algumas pragas que afetam a prática da leitura, afastando os leitores dos textos e muitas vezes estabelecendo uma relação tortuosa, como: Professor que não lê; Ideia de que há livros adequados à idade e sexo; Imagem que os adultos têm das crianças; Livros didáticos como instrumentos responsáveis pela perda da curiosidade; E censura como forma de seleção do livro adequado. 1.2 A leitura é um processo histórico Um dos elementos fundamentais que garantem a aprendizagem como processo é a alfabetização e o letramento; que se ampliam em possibilidades de leituras, sobretudo de textos escritos. Com efeito, a instituição escolar não se apresenta como o único espaço para manifestar tal atividade, mas é um lugar privilegiado e delegado pela sociedade para realizar a difícil tarefa de formar sujeitos leitores e produtores. Neste sentido, a escola precisa ultrapassar, transcender o modelo tradicional de somente ser transmissora e reprodutora do saber culturalmente acumulado para, de fato, exercer sua função de promotora de uma educação que constrói a democracia ao propiciar situações para transformar informações em conhecimentos, não formando, assim, meros receptores de mensagens (MARTINS, 1994). Escola, na medida mesma em que trabalha com indivíduos diferentes, com valores, crenças, hábitos linguísticos e comportamentais diferentes, é também um campo de batalha – luta de ideias e de linguagens, como expressão da luta de classes (ZIBERMAN, 1982, p. 43). Na contramão dessa visão democrática, está um sistema educacional condizente com uma sociedade desigual e classista, transformando a leitura, muitas vezes, em instrumento de inculcação ideológica. Sobre isso, Paulo Freire coloca que: IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 8 Do ponto de vista crítico, não é possível pensar sequer a educação sem que se pense a questão do poder; se não é possível compreender a educação como uma prática autônoma ou neutra, isto não significa, de modo algum, que a educação sistemática seja uma pura reprodutora da ideologia, dominante. As relações entre a educação enquanto subsistema e o sistema maior são relações dinâmicas, contraditórias, e não mecânicas (FREIRE, 1987, p. 28). É necessário que o educador seja reflexivo e esteja consciente de sua influência ideológica e política. Se a opção do professor for pela classe dominada, o seu trabalho terá de aproveitar a contradição e a luta que a escola vive, como instituição contraditória, reconhecendo que, se o Estado quer usá-la para fins seus, os dominados a procuram porque percebem que saber é também poder e que a escola, embora não tenha sido feita para eles, pode ser um instrumento a mais na sua busca de libertação (FREIRE, 1987, p. 42). É preciso que assuma uma postura que busque a democracia, bem como seja coerente com ela na prática diária. Desta forma, é importante rever a história, pois se poderá constatar os efeitos de uma política que manipula o saber e que repercutem ainda hoje no ato de ler e de escrever. 1.3 O papel social da leitura A leitura é considerada como uma atividade que consiste em construir e reconstruir, através do objeto lido e escrito, sentidos, ideias e sensações. Essa construção e reconstrução só são possíveis devido a vários elementos que podem ser definidos como o conhecimento da linguagem específica do objeto lido (desenhos, cores, expressões anatômicas, signos linguísticos...), o conhecimento prévio, conhecimento partilhado, sustentado pela ideologia e historicidade que permeiam no texto e pela ideologia e historicidade do leitor. No dicionário pode-se ler a seguinte definição de leitura: Leitura. s.f. 1. ato ou efeito de ler. 2. Arte ou hábito de ler. 3. aquilo que se lê. 4. O que se lê, considerado em conjunto. 5. Arte de decifrar e fixar um texto de um autor, segundo determinado critério‖ (FERREIRA, 1988, p. 390). IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 9 A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto (FREIRE, 1997, p.11 – 2). A leitura não pode ser vista apenas como a decodificação e escrita mecânica, mas como uma busca de sentidos e compreensão, o que requer a interação entre conhecimentos linguísticos e conhecimentos prévios do leitor e do autor (SILVEIRA, 2003). Muitas pesquisas e estudos vêm se desenvolvendo sobre a questão do ler e escrever, pois pode-se perceber a existência de uma necessidade de mudança, de transformação e de conscientização do papel da escola, do papel do professor e do papel dos pais frente ao ler. Várias teorias relativas à leitura e à emancipação do leitor e sua responsabilidade na construção textual do aluno ampliam, inicialmente, o significado de ler dentro da sociologia da leitura. Deste modo, aprende-se que, muito antes das crianças lerem a palavra escrita, os alunos já mantêm uma relação ativa com as letras e palavras, embora eles próprios não admitam que já leem dando destaque aos saberes já construídos pelo contato com os vários objetos portadores de texto,tais como as propagandas, rótulos de produtos, receitas, convites e leituras informais. Seria o que Paulo Freire (1997) chama de leitura de mundo À medida que as crianças, os jovens e os adultos, em situação de escolarização ou não, leem mais do que a escola propõe, mais elas estarão entrando para o mundo da leitura sem mesmo perceber este fenômeno. A leitura nem sempre é um ato agradável, nem sempre é um prazer. A ideia da leitura como obrigatoriamente agradável, associada à ideia de ler – sempre – com prazer estiveram presentes, por muito tempo, em nossas orientações acadêmicas. Em certos momentos, sentíamo-nos, até desconfortáveis, constrangidos, por não termos alcançado aquele prazer de ler, aquele estágio evoluído, aquela atitude peculiar a quem ascendeu intelectualmente: - aqueles ―estágio‖ e atitude próprios, de uma elite intelectual. Entretanto, assumindo a IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 10 realidade e a percepção da realidade (...), chega-se à constatação que nem sempre ler é agradável. (...). Contudo, agradável ou não, prazerosa ou não, confortável ou não, é necessária e indispensável, quando se trata de aprendizagem (RANGEL, 2001, p. 10-11). As revistas, as propagandas da televisão, o anúncio de outdoors, o endereçamento da correspondência carregam textos consigo e são capazes de orientar quanto a atitudes, escolhas e preferências, adquirindo valor no espaço social, o que é de imediato percebido pelo aluno. Sendo assim, a função da educação formal se altera e impõe-se a necessidade de professores mais reflexivos para uma sociedade impregnada de palavra escrita. Acredita-se que a democratização da leitura e dos seus suportes é verificável à consideração de que diferentes classes sociais têm acesso a um jornal popular, veem televisão, leem a oração dos cultos religiosos, poemas nos ônibus, em camisetas, recebem propagandas nas calçadas. Este tipo de democratização pode auxiliar bastante o domínio do código e, se por um lado, supre uma função inicialmente desempenhada pela escola, por outro lado, amplia a responsabilidade da escola em formar leitores capazes de ler compreensiva e criticamente os diferentes textos que transitam nas mais variadas mídias, e não apenas decodificar tais leituras de forma acrítica. Pode salientar que, cabe então ao profissional docente alfabetizar mais pelo lado crítico e social, esse tipo de alfabetização trata-se da realização do letramento de seus alunos, isto é, habilitá-los a exercer amplamente a condição que decorre do fato de terem-se apropriado da leitura. Face à pluralidade de estímulos escritos, o professor precisa instigar o estudante a explorar as diferentes possibilidades de dialogar com os textos, o que implica utilizar a palavra lida/escrita para refletir e interagir com diferentes práticas sociais de cultura, entre as quais se insere a leitura. As crianças que não partilham da leitura e da produção efetivamente, como valor de seu grupo social, demandam uma atuação mais incisiva, que as insira num mundo em que elas possam atribuir significado ao ler, compreendendo a função IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 11 emancipatória que tal domínio propicia. Isso porque a leitura alarga os conhecimentos e capacita o ser humano a interagir no mundo de modo criativo e transformador. Pela leitura e produção de textos, a pessoa consegue adquirir maior habilidade para exercer os conhecimentos culturalmente construídos, e, deste modo, escala com facilidade os novos graus de ensino, e, em consequência, atinge também sua realização pessoal, favorecendo compreender as informações que o rodeiam e transformá-las em conhecimentos. Portanto, hoje se impõe à Educação o dever de formar uma geração do conhecimento. É através do investimento na educação que se poderá superar os obstáculos que impedem de transpor novos rumos na construção de uma sociedade igualitária, inclusiva, justa e democrática. 1.4 Os níveis de leitura De acordo com Fiorin (2007) ao primeiro contato com um texto qualquer, por mais simples que ele pareça, normalmente o leitor se defronta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de tantos significados que ocorrem na sua superfície. Numa crônica ou numa pequena fábula, por exemplo, surgem personagens diferentes, lugares e tempos desencontrados e ações as mais diversas. Na primeira leitura, perece impossível encontrar qualquer ponto para o qual convirjam tantas variáveis e que dê unidade à aparente desordem (FIORIN, 2007). De acordo com Martins (1994), há três níveis básicos de leitura que são: Sensorial; Emocional; Racional. A leitura sensorial explora os sentidos: a visão, o tato, a audição, o olfato e o gosto. É uma espécie de jogo lúdico que envolve imagens, materiais, sons e cheiros; que ora agrada e ora cria rejeição. Esse tipo de leitura demonstra ao leitor o seu gosto ou não por determinado texto, isso ocorre de forma inconsciente sem a IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 12 necessidade de racionalizações. E a partir do momento que o texto desperta sentimentos, lembranças e fantasias no leitor inicia-se a transição para o nível emocional. A leitura emocional leva o leitor relacionar o texto com o seu inconsciente, e o universo interior, além de expressar suas preferências sob determinados gêneros textuais, identificando-se a si mesmo e pessoas que ele conhece dentro da história. Dessa forma, o leitor passa a racionalizar os seus gostos e entra no nível racional da leitura. A leitura racional possui uma junção entre os dois precedentes, o sensorial e o emocional, nos quais o leitor estabelece ponte entre conhecimento, reflexão e a reordenação dos fatos, atribuindo significado ao texto e questionando a sua individualidade e as relações sociais em que está inserido. É importante salientar que esses níveis não constituem uma estrutura rígida, mas existe uma tendência para que a leitura se desenvolva nessa sequência. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 13 2 COMPREENDENDO O TEXTO De acordo com Infante (1991), o termo ―texto‖ vem do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. Diante disso, pode-se dizer que o texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um todo inter-relacionado. É por essa razão que se pode dizer textura ou tessitura de um texto. Considera-se ainda que o texto, segundo o mesmo autor, que trata-se de uma rede de relações que garantem sua coesão, sua unidade. De acordo com Fiorin (2007), a palavra texto é comum para qualquer tipo de pessoa que esteja ligada às práticas escolares. É constante o uso dessa palavra no cotidiano, seja na escola ou fora de seus limites. Para tornar o texto mais popular na escola, o professor de português pode promover e dinamizar atividades de escrita de acordo com os princípios e estratégias adequadas que instigam a curiosidade. De acordo com Barbeiro e Pereira (2007) para (re)criar atividades de escrita o professor pode combinar diversos elementos, tais como: Quem escreve; Para quem escreve; Sobre o que escreve; Com que objetivos; Como escreve; Em que meios permanecerá o texto produzido; Que respostas pode obter. Durante o processo daescrita, o professor pode e deve promover um ambiente que favoreça a superação das dificuldades dos alunos. Para tanto, a colaboração de todos é decisiva, quer entre alunos quer entre estes e o professor. Além disso, segundo Barbeiro e Pereira (2007), é interessante dar sentido às produções dos alunos, valorizando os seus progressos e avanços, bem como os seus resultados atingidos. Vale lançar mão da divulgação. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 14 É preciso desenvolver a competência compositiva, mas isso depende de vários fatores que estão expostos, em seguida, sistematizados, apontando as implicações do desenvolvimento desta competência, bem como os níveis em que se processam e respectivos objetivos (BARBEIRO, PEREIRA, 2007). IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 15 Fonte: (BARBEIRO, PEREIRA, 2007). IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 16 Fonte: (BARBEIRO, PEREIRA, 2007). IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 17 Fonte: (BARBEIRO, PEREIRA, 2007). Segundo Kristeva (1970), o texto é considerado uma produtividade que traz o seguinte significado: a sua relação com a língua da qual faz parte é redistributiva (destrutivo- construtiva), sendo, por conseguinte, abordável através de categorias lógicas mais do que puramente linguísticas; é uma permutação de textos, uma intertextualidade: no espaço de um texto, vários enunciados, vindos de outros textos, cruzam-se e neutralizam-se. É preciso que o professor leve o aluno à reflexão do processo de escrita e de leitura para que o aprendiz entenda as competências exigidas em tais práticas e que ele consiga perceber a importância da reescrita, da revisão gramatical, da escolha dos vocábulos para compor o seu texto. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 18 Fonte: (BARBEIRO, PEREIRA, 2007). Ensinar a produção textual implica planejamento, tempo para que os alunos automatizem os procedimentos, e um trabalho contínuo e integrado com as múltiplas atividades escolares. Antes de tudo, é preciso compreender os princípios que regulam o ensino da escrita e fazer deles as estratégias para desenvolver e fundamentar as atividades mais significativas para os alunos (BARBEIRO, PEREIRA, 2007). É indispensável o trabalho colaborativo entre professores a fim de facilitar a tarefa da recriação das atividades do ensino da língua portuguesa. Deve-se levar em consideração que para compreender a leitura, a escrita e a interpretação de um texto, de diversos gêneros textuais, em toda e qualquer situação comunicativa, deve-se usar estratégias cabíveis e adequadas para cada modalidade. Para fazer uma boa leitura e compreender o texto, é necessário considerar as seguintes questões: IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 19 Deve-se levar em conta o contexto em que está inserida a passagem a ser lida. Ter um propósito definido. Reconhecer que cada assunto, cada gênero literário, requer uma situação própria de leitura. Não são estranhas a ninguém expressões como as que seguem: ―redija um texto‖, ―texto elaborado‖, ―o texto constitucional não está suficiente claro‖, ―os atores da peça são bons, mas o texto é ruim‖, ―o redator produziu um bom texto‖, etc. Por causa exatamente dessas altas frequências de uso, todo estudando tem algumas noções sobre o que significa o texto (FIORIN, 2007, p. 11). É preciso levar em consideração que a leitura é considerada um processo que agrega algumas habilidades dos alunos como, por exemplo, a capacidade de identificar as palavras; a capacidade de compreender o texto, sublinhar e destacar as palavras e/ou expressões mais importantes; capacidade de interpretar o pensamento do autor; capacidade de fixar as ideias e a capacidade de produzir as ideias do autor com as próprias palavras. Relacionar os signos de um texto com os sujeitos interlocutores implica competência intelectual do leitor para ler não só o conteúdo literal da mensagem, mas, sobretudo, para descobrir as estratégias e mecanismos sociais de construção do sentido final desta mensagem (TREVIZAN, 2000). Para Travaglia (1997), o texto será entendido como uma unidade linguística concreta, pois é perceptível pela visão ou audição, que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor, leitor), em uma situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 20 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" 2.1 Contexto De acordo com Fiorin (2007), entende-se por contexto uma unidade linguística maior onde se encaixa uma unidade linguística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda. Para Kleiman (1995), o texto é considerado como uma unidade semântica onde os vários elementos são materializados através de categorias lexicais, sintáticas, semânticas e estruturais. O texto mais amplo dentro do qual se encaixa uma passagem menor pode vir implícito: os elementos da situação em que se produzir o texto podem dispensar maiores esclarecimentos e dar como pressuposto o contexto em que ele se situa (FIORIN, 2007). Como exemplo, observe o seguinte texto: Pode-se imaginar dois significados diferentes para esse texto: 1º. A patroa pode estar furiosa com a empregada por alguma razão; 2º. A empregada estava furiosa quando a patroa a encontrou. Neste sentido, pode-se perceber que a leitura depende de um contexto para a construção de sentido. Do mesmo modo, toda leitura não pode ser solta, sem sentido, deve-se levar em conta o que está por trás de cada passagem textual. 2.2 Relação entre textos Para Fiorin (2007), quase sempre um texto retoma passagens de outro texto. Para este autor, quando um texto de cunho científico cita outros textos, a citação ocupa um espaço mais claro, objetivo e explícito. O texto citado, normalmente vem A patroa encontrou a empregada furiosa. http://www.ipemig.com.br/ 21 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" entre aspas, com a indicação do autor e a informação de onde o livro foi encontrado, bem como sua citação. Por outro lado, em um texto de caráter literário, costuma aparecer a citação de outros textos de forma implícita, uma vez que não há a indicação do autor nem da obra de onde as passagens citadas foram retiradas. Por trás disso, está implícito que o autor pressupõe que o leitor compartilhe comele um mesmo conjunto de informações a respeito das obras que compõem um determinado universo cultural. Os dados a respeito dos textos literários, mitológicos, históricos são necessários, muitas vezes, para compreensão global de um texto. (FIORIN, 2007). Um texto cita outro com finalidades distintas, tais como: Para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado; Para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; Para polemizar com ele. Exemplos de citação de citação: http://www.ipemig.com.br/ 22 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" Vou-me Embora pra Pasárgada (fragmento) Manuel Bandeira Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconsequente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada (...) Vou-me embora de Pasárgada Millôr Fernandes Vou-me embora de Pasárgada Sou inimigo do rei Não tenho nada que quero Não tenho e nunca terei Vou-me embora de Pasárgada Aqui eu não sou feliz A existência é tão dura As elites tão senis Que Joana, a louca da Espanha Ainda é mais coerente Do que os donos do país. A gente só faz ginástica Nos velhos trens da central Se quer comer todo dia A polícia baixa o pau E como já estou cansado Sem esperança num país Em que tudo nos revolta Já comprei ida sem volta Pra outro qualquer lugar Aqui não quero ficar. Vou-me embora de Pasárgada. Pasárgada já não tem nada Nem mesmo recordação Nem a fome e a doença Impedem a concepção Telefone não telefona A droga é falsificada E prostitutas aidéticas Se fingem de namoradas. E se hoje acordei alegre Não pensem que vou ficar Nosso presente já era Nosso passado já foi. Dou boiada pra ir embora Pra ficar só dou um boi Sou inimigo do rei Não tenho nada na vida Não tenho e nunca terei Vou-me embora de Pasárgada. http://www.ipemig.com.br/ 23 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" A LIÇÃO DE VIOLÃO Como de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia. Saindo do Arsenal de Guerra, onde era subsecretário, bongava pelas confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, às vezes, e sempre o pão da padaria francesa. Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de forma que, às três e quarenta, por ai assim, tomava o bonde, sem erro de um minuto, ia pisar a soleira da porta de sua casa, numa rua afastada de São Januário, bem exatamente às quatro e quinze, como se fosse a aparição de um astro, um eclipse, enfim um fenômeno matematicamente determinado, previsto e predito. A vizinhança já lhe conhecia os hábitos e tanto que, na casa do Capitão Cláudio, onde era costume jantar-se aí pelas quatro e meia, logo que o viam passar, a dona gritava à criada: olha que são horas; o Major Quaresma já passou.‖ 2.3 A relação do texto com a história De acordo com Fiorin (2007), todo texto assimila as ideias da sociedade e da época em que foi produzido. Todo texto é um pronunciamento sobre uma dada realidade, expondo as concepções, as ideais, as crenças e os valores que são condições de existência do texto. Neste momento, você poderia estar dizendo que o texto do Super-homem prova exatamente o contrário, pois nada tem ele a ver com a realidade histórica, onde não existem super-homens. Quando se afirma que os textos se relacionam com a história, não se quer dizer que eles narram fatos históricos de um país, mas que revelam as ideias, as concepções, os anseios e os temores de um povo numa determinada época. Perceba a relação em um trecho de lima Barreto, em Triste Fim de Policarpo Quaresma: As concepções de sociedade em que esse texto foi produzido estão presentes na ideia de patriotismo. http://www.ipemig.com.br/ 24 As ideias produzidas num determinado tempo, numa dada época estão presentes no texto. Cabe lembrar, no entanto, que uma sociedade não produz uma única forma de ver a realidade. Como ela é dividida pelos interesses antagônicos dos diferentes grupos sociais, produz ideias contrárias entre si. A mesma sociedade que gera as ideias racistas produz ideias antirracistas. Por isso constrói-se nessa sociedade textos que fazem pronunciamentos antagônicos com relação aos mesmos dados da realidade (FIORIN, 2007). O discurso reflete as relações sociais. Quando a ordem social se baseia na desigualdade, os discursos apresentam jargões ininteligíveis, expressões de servilismo, frases convencionais, formas obsequiosas, indiretas e pedantes, estilo empolado e prolixo (FIORIN, 2007). As relações sociais, fundadas na igualdade e na liberdade, são naturais porque decorrem de um fator biológico. Os homens são livres e iguais porque são ―animais racionais‖. O homem subordina-se apenas à razão e à lei. Não há autoridade acima dessas coerções, e ninguém pode querer estar acima delas (FIORIN, 2007). 2.4 Estrutura do texto Percebemos que podem ser reunidos num bloco os problemas da vida urbana: poluição, trânsito caótico, precariedade dos transportes coletivos, violência crescente, ausência de relações interpessoais mais profundas. Noutro bloco, aglomeram-se elementos que indicam a negação dessa forma de vida: abandono das novidades. Um terceiro bloco agrupa os termos que se referem à vida em contato com a natureza – delícias do ar puro, da vida em pequenas comunidades. (FIORIN, 2007). O nível profundo de um texto constitui-se de uma oposição do tipo: liberdade versus submissão, vida versus morte, natureza versus civilização, unicidade versus multiplicidade, etc. A análise de um texto não consiste apenas em encontrar a oposição reguladora dos seus sentidos, pois, se somente isso for feito, reduziremos sua riqueza significativa a quase nada (FIORIN, 2007). IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 25 Temos nele o seguinte esquema: apresentam-se os elementos relativos à civilização urbana, ou seja, afirma-se o termo civilização; mostram-se os elementos concernentes à natureza, ou seja, afirma-se a natureza (FIORIN, 2007). IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 26 3 MODALIDADES DE TEXTO Existem três modalidades de texto. A Descrição, a dissertação e a Narração. 3.1 Descrição A Descrição é a apresentação de um ser ou de um processo por meio de palavras, com indicação do que lhe é característico. Quanto às finalidades, pode ser técnica ou literária (NADÓLSKIS, 2006). Quem faz uma descrição literária procura visualizar para o leitor o objeto descrito, despertando as mesmas emoções que tem o autor a redigir, pois ele quer transmitir uma imagem viva, real, como ele a sente. Os elementos básicos para a descrição são:A observação pode ser direta, quando o descritor está perante o objeto da descrição; indireta, quando é evocada pela memória ou criada pela imaginação. Na direta, convém fazer anotações breves sobre o que está sendo observado. A boa observação indireta deve dar a impressão de estar sendo vivida no momento da descrição. Nem sempre, quando estamos perante a realidade, temos condições ou IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" A observação é condição essencial para a descrição. Observar não é só olhar com atenção, é perceber pelos sentidos. Os cegos observam sem ver. A captação sensorial através de: visual, auditiva, olfativa, táctil, gustativa) deve ser desenvolvida para uma apreensão total da realidade. http://www.ipemig.com.br/ 27 disposição para distinguir o que mais nos está impressionando. Depois, pela memória, valorizamos mais alguns aspectos que outros, temos condições de dar realce ao que mais nos sensibilizou. A descrição imaginada pode ser resultante de uma fusão de aspectos observados diretamente ou evocados por meio de lembranças. Podemos também nos valer de informações de terceiros. Em 1881, Júlio Verne publicou A jangada, com ação localizada no Amazonas, que ele descreveu muito bem, sem nunca ter feito uma viagem ao Brasil. Na descrição imaginada, precisamos ter cuidado com o excesso de fantasia. Se não pretendemos o absurdo, devemos manter a verossimilhança. Pode não ser verdadeira, mas deve parecer possível. Seleção — é o momento da análise e da valorização dos elementos. O que é comum, banal deve ser dispensado; e valorizado o que é específico, característico. Faz-se, então, a interpretação do que se observou: um gesto, um olhar, por exemplo. Plano — com os elementos anteriores, traça-se um plano de trabalho, distinguindo o que é principal e o que é secundário, ordena-se o material, destacando-se o que é mais importante. É o momento de fazer o esquema da redação, o quadro sinóptico. Redação — é o ato de escrever, o que é fácil para quem sabe o que e em que sequência. A descrição pode ser impressionista ou expressionista. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" O foco descritivo é o ponto de vista pelo qual o autor observa mais pormenorizadamente alguns aspectos, ressalta o que sua sensibilidade destaca. É o modo pessoal de perceber. http://www.ipemig.com.br/ 28 A impressionista é de caráter subjetivo. O que vale é a impressão que a realidade causa no artista. É o resultado do conhecimento imediato, sem reflexão. Por exemplo, o trem não corre junto aos postes; são os postes que correm junto à janela do vagão. É impressão que tem o observador que está viajando no trem. É o primeiro grau do conhecimento. A expressionista é objetiva, reproduz a realidade captada pelos sentidos e analisada pelo raciocínio num processo de reflexão. É um conhecimento de segundo grau. A descrição pode ser: pictórica: objeto descrito: imóvel; quem descreve: imóvel; topográfica: objeto descrito: imóvel; quem descreve: em movimento; cinematográfica: objeto descrito: em movimento; quem descreve: imóvel. Pictória — destaque para luz, cor, distribuição de volumes, delimitação da cena, palavras precisas; uma paisagem, por exemplo. Topográfica — visão de dentro de um veículo em movimento. É fundamental realçar o relevo com pormenores característicos; uma viagem, por exemplo. Cinematográfica — transmite ao leitor a impressão do movimento, dos sons; um desfile, um espetáculo, por exemplo. Quando se descreve uma pessoa, pode haver interesse somente pelos aspectos físicos, pelas feições do rosto, pelo corpo enfim — é a prosopografia. Se é a descrição dos costumes, das paixões, dos aspectos psicológicos da mesma pessoa, é o retrato. Pode-se descrever uma pessoa como tipo e não como personagem. Então, é a apresentada como um modelo que tem as características essenciais de todas as pessoas da mesma espécie — um mendigo, um político falador e vazio, por exemplo. Por vezes, o tipo é apresentado de maneira caricatural, ao haver exagero dos aspectos ridículos. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 29 Como em qualquer gênero literário, é necessário que o estilo seja vivo, rápido, plástico e claro. Os parágrafos devem ser curtos, com uma linguagem concisa. Procure captar a atenção desde a primeira linha, dispensando os pormenores inúteis, as introduções cansativas. Para captar a expressão exata, escreva, corrija, reescreva quantas vezes achar necessário. Se houver possibilidade, dê um espaço de tempo entre os rascunhos ou entre rascunho e a redação final. Exemplos: PARA QUE NINGUÉM A QUISESSE Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos. Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair. Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras. Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela. Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos. Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda. (COLASANTI, Marina. Para que ninguém a quisesse. In: Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro, Rocco, 1986. p. 111-2.) IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 30 O Pavão E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d´água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico. BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 120. 3.2 Dissertação A dissertação consiste na explanação ou na discussão de conceitos, de ideias. Encontra-se em discursos, editoriais, artigos, ensaios, crônicas, trabalhos científicos, romances. Pode ser expositiva ou argumentativa. Na dissertação expositiva, o autor apresenta uma ideia, uma doutrina e expõe o que ele ou outros pensam sobre o tema ou assunto.Geralmente ele faz a amplificação da ideia central, demonstrando sua a natureza, antecedentes, causas próximas ou remotas, consequências, exemplos. Na dissertação argumentativa, quer provar a veracidade ou a falsidade de ideias. Pretende convencer o leitor ou o IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ Exemplos Todo ponto de vista é a vista de um ponto Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação. Boff, Leonardo. A águia e a galinha. 4ª ed. RJ: Sextante, 1999 31 ouvinte, dirige-se à inteligência dos destinatários da mensagem por meio de argumentos, de provas evidentes, de testemunhos. A opinião pessoal não tem valor pela intensidade, mas pela força da demonstração. Se a dissertação é objetiva, o tratamento dado ao texto é impessoal, com argumentação lógica partindo de elementos gerais e indo para os particulares. Na dissertação subjetiva, o autor dirige-se não só à inteligência, mas também, de modo pessoal aos sentimentos de quem ele pretende convencer. Além da emoção, às vezes há ironia, sarcasmo, ridículo. Para fazer uma boa dissertação, é necessário não aceitar passivamente os fatos, mas raciocinar sobre eles; não se afastar da ideia principal de tal maneira que se mude a orientação geral que se pretendeu. Suas partes são: introdução, desenvolvimentos e conclusão. Na introdução, é apresentada a ideia-núcleo, a tese que será objeto das considerações do autor. No desenvolvimento, faz-se a prova com argumentos; pode haver contra-argumentos, a antítese, que serão refutados. Na conclusão, está a síntese com a reafirmação da ideia central. A linguagem deve ser clara, exata; o plano equilibrado, dando relevância aos argumentos de maior peso. É modalidade difícil: depende da capacidade de raciocínio, leitura de textos argumentativos e muita cultura. Noções de Lógica auxiliam a desenvolver a capacidade de reflexão. Faça leitura lenta, refletida, de autores como Padre Antônio Vieira, Machado de Assis, Graciliano Ramos, artigos de jornais e de revistas. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 32 3.2 Narração Narrar é relatar uma ou várias ações reais ou imaginárias. O conto, a novela, o relatório, a crônica, a fábula, a biografia, a anedota são narrativas. Para narrar um fato, o autor dispõe a matéria em: Apresentação — apresenta personagens e localiza-as no tempo e espaço; Desenvolvimentos— início da ação e do conflito; Clímax — ponto culminante da tensão; Desfecho — solução dos conflitos. Em uma narração, encontramos resposta a todas ou a algumas destas perguntas: O que? Quem? Onde? Quando? Como? Por quê? Para quê? Consequências? De um assunto amplo o autor apresenta um tema. Por exemplo: a vida num colégio interno é um assunto. A vida de Sérgio e de outras personagens em O Ateneu é o tema desenvolvido por Raul Pompéia. A narração pode ser feita com o verbo no tempo presente ou no passado. É mais frequente o uso do passado, com o verbo no pretérito perfeito. A ordem, geralmente, é cronológica; mas, por vezes, faz-se a inversão começando pelo final da ação, para maior efeito estilístico. O recuo no tempo (flashback) quebra a ordem cronológica e remete o leitor para uma situação do passado. O desenvolvimento da ação pode ser rápido ou lento. Os acontecimentos narrados podem ter a duração bem demarcada ou não, assim como são de uma época determinada ou indeterminada. O tempo, às vezes, tem sua duração condicionada pela mente da personagem; é o tempo psicológico: sessenta minutos numa festa bem alegre passa muito mais rápido que sessenta minutos de espera num hospital. A personagem pode ser: protagonista — personagem principal; antagonista — a que se opõe à personagem principal; secundária — permanece em segundo plano na narrativa; IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 33 ocasional — aparece um ou outra vez, sem importância. Como o narrador apresenta a personalidade de suas personagens, a descrição pode ser: plana — sem profundidade, definida brevemente com um a qualidade, um a ideia; ou redonda — com várias qualidades, obedecendo aos seus impulsos de personalidade mais complexa e profunda: é inconfundível. O foco narrativo ou ponto de vista é um recurso para situar o narrador no âmbito da narrativa. Pode ser: a personagem principal narra sua própria história; a personagem secundária narra fatos relacionados com a personagem central; o narrador é não só onipresente mas também onisciente, relatando o que as personagens fazem e sentem; o narrador é simples observador, testemunha. No primeiro caso, a narração é feita em primeira pessoa, dá a impressão de ser mais verossímil, pois é relatada de maneira direta por quem ―participou‖. Dá-nos a impressão de ser mais real; mas, se analisarmos a narração, percebemos que os fatos podem ser distorcidos pelos interesses, pelas sensações ou pelo envolvimento do narrador. Podemos acreditar no que nos conta um ciumento doentio? Ou no que nos diz um torcedor fanático? Pode-se dizer ainda que o narrador em primeira pessoa, nesse caso, ele está presente na narrativa. Pode ser o personagem principal ou um personagem secundário como foi mencionado anteriormente: Quando é personagem principal, não tem ele acesso aos sentimentos, pensamentos e intenções dos outros personagens, mas pode, como ninguém, relatar suas percepções, seus sentimentos e pensamentos. É a forma ideal de explorar o interior de um personagem. Quando o narrador é um personagem secundário, observa de dentro os acontecimentos. Afinal, viveu os fatos relatados. O narrador conta o IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 34 que viu ou ouviu e até mesmo se serve de cartas ou documentos que obteve. Não consegue saber o que se passa na cabeça dos outros. Pode apensar inferir, lanças hipóteses. O narrador pode ou não comentar os acontecimentos (FIORIN, 2007). O modo de narrar em primeira pessoa cria um efeito de subjetividade maior que o modo em terceira pessoa. Este produz um efeito de sentido de objetividade, pois o narrador não está envolvido com os acontecimentos. No segundo caso, as limitações são muitas, seu testemunho nem sempre é imparcial, a observação pode ter sido deficiente; mas tem a vantagem de parecer fato observado diretamente pelo narrador. No terceiro caso, o narrador é um verdadeiro deus, observa tudo que as personagens fazem e conhece-lhes profundamente as ideias, os sentimentos. Permite ao narrador uma exploração total da personalidade dos participantes da ação. Não tem, todavia, a comunicação pessoal do primeiro caso. O narrador em terceira pessoa pode, portanto, assumir duas posições diante do que narra: ele conhece tudo, até os pensamentose sentimentos dos personagens. Comenta, analisa e critica tudo. É como se pairasse acima dos acontecimentos e tudo visse. É chamado narrador onisciente (que tudo sabe). O narrador também conhece os personagens, mas não invade o interior dos mesmos para comentar o seu comportamento, intenções e sentimentos. Essa posição cria um efeito de sentido de objetividade ou de neutralidade. É como se a história se narrasse sozinha. O narrador pode ser chamado observador (FIORIN, 2007). No quarto caso, o narrador não se intromete na história, só nos narra o que observou. Diminui a possibilidade de uma análise psicológica mais profunda. Sua capacidade de observação é que limita sua expressão da realidade dos fatos. Deve haver um centro de interesse que dará unidade ao texto. Pode ser um problema moral, econômico, político, a ação de uma personagem, um objeto. As ideias, os pormenores, os fatos irão relacionar-se com este centro de interesse determinado pelo autor. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 35 Outro princípio importante é o movimento, que se desenvolve para despertar o interesse do leitor. É preciso começar bem, com algo que atraia a atenção, e ir diretamente ao assunto, sem preâmbulos. Explicar tudo tira a curiosidade do leitor, sugere permite sua participação. Se a extensão for alongada por vários incidentes, diminui o interesse que se dispersa com os aspectos secundários. Os momentos de maior intensidade devem ser alternados com outros mais brandos. A variação da ênfase, de episódios, de cenas, atrairá mais a atenção do leitor envolvido por uma estrutura dinâmica. Movimento, variedade e rapidez são importantes. O final imprevisível é sempre mais interessante. Um fim definitivo, total desliga o leitor; um fim impreciso, vago, obriga o leitor a imaginar o final ou os finais possíveis mantém o interesse mesmo depois de acabada a narração. Como a ação pode ser imaginária, é preciso lembrar-se de que a narração deve ser coerente, verossímil com relação ao contexto da narrativa. A narrativa é construída a partir da articulação dessas quatro fases. (FIORIN, 2007). MANIPULAÇÃO= Um personagem induz outro a fazer alguma coisa. O que vai fazer precisa: querer ou dever. COMPETÊNCIA= O sujeito do fazer adquire um saber e um poder. ―PERFOMANCE‖ = O sujeito do fazer executa sua ação; SANÇÃO= O sujeito do fazer recebe castigo ou recompensa. Esse esquema não aparece nas narrativas com essa simplicidade que acabamos de expor: é possível que uma dessas fases fique pressuposta ou que, num texto narrativo, ocorra o encadeamento de várias sequências, como a exposta acima. Além disso, outras complicações podem ocorrer: um personagem pode ser manipulado por dois personagens distintos com intenções opostas (no caso, cria-se um conflito de manipuladores); pode haver dois tipos opostos de sanção: um personagem é castigado por um grupo e premiado por outro. Nas narrativas conservadoras, por exemplo, sempre se recompensa o personagem que agiu IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 36 conforme os padrões impostos pelo grupo social e sempre se castiga o que agiu contra (FIORIN, 2007). Organizar a estrutura narrativa ajuda a entendê-la melhor. Por isso é um bom exercício, ver, analisar e compreender os seus elementos constitutivos (FIORIN, 2007). É preciso descrever melhor os objetos com os quais o sujeito entra em relação de posse ou de privação. Objeto, nesse caso, não deve ser entendido como uma coisa, mas como tudo aquilo que um sujeito pode adquirir ou perder: riqueza, amor, alegria, etc. Os objetos são de tipos distintos. Os modos de narrar as frases ou os enunciados que lemos ou ouvimos chegam até nós como uma coisa pronta e acabada, mas é evidente que esses enunciados não surgiram do nada: eles foram produzidos por alguém. Dessa forma, qualquer enunciado, isto é, aquilo que foi dito ou escrito, pressupõe alguém que o tenha produzido (FIORIN, 2007). Com base nesses dados, vamos deixar assentado que aquilo que foi escrito ou dito por alguém chamaremos enunciado; o produtor de enunciado, responsável pela organização do texto, chamaremos narrador. O narrador não se confunde com o autor do texto ou com o escritor, tanto é verdade, que o narrador pode ser um personagem, aparecendo nos próprios enunciados (FIORIN, 2007). O narrador pode projetar uma imagem do leitor dentro da obra e dialogar com esse ―leitor‖, prevendo suas reações. Esse leitor instalado no texto não se confunde com o leitor real. (FIORIN, 2007). Os três tempos fundamentais são o presente, o pretérito e o futuro. Esses tempos são marcados em relação a um ponto de referência. O presente expressa o que é concomitante a esse ponto; o pretérito, o que é anterior a ele; o futuro, o que é posterior (FIORIN, 2007). Esse ponto de referência pode ser o momento da produção do texto (momento da fala: agora) ou um marco temporal instalado no texto (um então passado ou futuro) (FIORIN, 2007). IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ALLIENDE, Felipe; CONDEMARÍN, Mabel. A leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. trad. BARBOSA, J.Juvêncio. Alfabetização e Leitura. 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D( ) O significado da leitura para os gregos oscilava, na medida em que dezena de verbos iguais eram usados para significar o ―ler‖. 2) O sucesso do codex – o livro com páginas – segundo (CAVALLO; CHARTIER, 1998), era assegurado por diversos fatores. Marque a alternativa que traz informações corretas sobre isso. A( ) o seu custo não era o menor, visto que a escrita ocupava os dois lados do suporte; B( ) tinha uma forma mais prática, mas não permitia uma leitura mais livre em seus movimentos; C( ) não tinha uma forma mais prática, permitia uma leitura mais livre em seus movimentos; D( ) o codex coloca-se como mediador entre a leitura na Antiguidade e as maneiras de ler na Idade Média 3) Para Magnani (1994), a leitura compreendida em seu sentido lato, e em seu estado dialógico, constitui-se em um fator muito importante. Assinale a única alternativa correta a respeito disso. A( ) constitui-se em um instrumento no processo de produção do conhecimento, mas ainda não tem a possibilidade de constituir o contato do leitor com diferentes formas de vivenciar e compreender o mundo. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ Thaline Carbonaro Realce Thaline Carbonaro Realce 41 B( ) não constitui-se em um instrumento no processo de produção do conhecimento, uma vez que tem a possibilidade de constituir o contato do leitor com diferentes formas de vivenciar e compreender o mundo. C( ) constitui-se em um instrumento no processo de produção do conhecimento, uma vez que tem a possibilidade de constituir o contato do leitor com diferentes formas de vivenciar e compreender o mundo. D( ) constitui-se em um instrumento no processo de produção do conhecimento, no entanto não interfere na formação de leitores que emerge como prioridade e como um grande desafio da Educação. 4) Paulo Freire deu grande contribuição para a educação e faz algumas considerações sobre isso de acordo com o ponto de vista crítico. Todas as alternativas abaixo estão corretas, assinale a única que não se trata das considerações feitas por Freire. As relações entre a educação enquanto subsistema e o sistema maior são relações dinâmicas, contraditórias, e não mecânicas (FREIRE, 1987, p.28). A( ) não é possível pensar sequer a educação sem que se pense a questão do poder; se não é possível compreender a educação como uma prática autônoma ou neutra. B( ) Se a opção do professor for pela classe dominada, o seu trabalho terá de aproveitar a contradição e a luta que a escola vive, como instituição contraditória, C( ) é possível pensar a educação sem que se pense a questão do poder. D( ) É necessário que o educador seja reflexivo e esteja consciente de sua influência ideológica e política. 5) Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação à autoria das citações sobre a leitura. Marque apenas a alternativa que contraria isso. A( ) Segundo Zilberman (1988), o ato de ler prevê que todo indivíduo está capacitado a ele através de estímulos socialmente transmitidos e que, preferencialmente acontecem por intermédio de um código (alfabeto). B( ) O processo de aprender a ler, segundo Zilberman (1988), pode ser iniciado anteriormente ao acesso à educação formal, já que a criança tem contato, desde a tenra idade, com o mundo letrado, porém, sua leitura é apenas visual. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ Thaline Carbonaro Realce Thaline Carbonaro Realce Thaline Carbonaro Realce 42 C( ) Para Magnani (1994), a leitura compreendida em seu sentido lato, e em seu estado dialógico, constitui-se em um instrumento no processo de produção do conhecimento, uma vez que tem a possibilidade de constituir o contato do leitor com diferentes formas de vivenciar e compreender o mundo. A formação de leitores emerge como prioridade e como um grande desafio da Educação. D( ) De acordo com Rocco (1994), não se deve dizer que o estudante não lê e ou que não gosta de ler. Para ela, é preciso que o professor o estimule, incentivando,sobretudo, que o ensine a ler. 6) A leitura tem características e vantagens únicas que a diferenciam dos outros meios de informação audiovisual. Sobre isso, todas as alternativas abaixo estão corretas, exceto: A( ) por sua incapacidade de transmissão de grande quantidade de informação, B( ) por seu poder de estímulo da imaginação e especialmente por sua potencialidade de ser controlada pessoalmente pelo indivíduo. C( ) por sua capacidade de transmissão de grande quantidade de informação e por seu poder de estímulo da imaginação, D( ) por sua flexibilidade e especialmente por sua potencialidade de ser controlada pessoalmente pelo indivíduo. 7) Sobre a DESCRIÇÃO, todas as alternativas abaixo estão corretas, exceto: A( ) A Descrição é a apresentação de um ser ou de um processo por meio de palavras, com indicação do que lhe é característico. Quanto às finalidades, pode ser técnica ou literária. (NADÓLSKIS, 2006). B( ) Quem faz uma descrição literária procura visualizar para o leitor o objeto descrito, despertando as mesmas emoções que tem o autor a redigir, pois ele quer transmitir uma imagem viva, real, como ele a sente. C( ) Quando se descreve uma pessoa, pode haver interesse somente pelos aspectos físicos, pelas feições do rosto, pelo corpo enfim — é a prosopografia. Se é a descrição dos costumes, das paixões, dos aspectos psicológicos da mesma pessoa, é o retrato. D( ) Pode-se descrever uma pessoa como tipo e não como personagem. Por vezes, o tipo é apresentado de maneira simples e sem exagero para não tornar-se ridícula. IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ Thaline Carbonaro Realce Thaline Carbonaro Realce 43 8) Sobre a DISSERTAÇÃO, todas as alternativas abaixo estão corretas, exceto: A( ) A dissertação consiste na explanação ou na discussão de conceitos, de ideias. Encontra-se em discursos, editoriais, artigos, ensaios, crônicas, trabalhos científicos, romances. B( ) A opinião pessoal tem valor pela intensidade e não pela força da demonstração na dissertação argumentativa. C( ) Na dissertação expositiva, o autor apresenta uma ideia, um a doutrina e expõe o que ele ou outros pensam sobre o tema ou assunto. Geralmente ele faz a amplificação da ideia central, demonstrando sua a natureza, antecedentes, causas próximas ou remotas, consequências, exemplos. D( ) Na dissertação argumentativa, quer provar a veracidade ou a falsidade de ideias. Pretende convencer o leitor ou o ouvinte, dirige-se à inteligência dos destinatários da mensagem por meio de argumentos, de provas evidentes, de testemunhos. 9) Sobre a NARRAÇÃO, todas as alternativas abaixo estão corretas, exceto: A( ) Narrar é relatar uma ou várias ações reais ou imaginárias. O conto, a novela, o relatório, a crônica, a fábula, a biografia, a anedota são narrativas. B( ) Em uma narração, não é possível encontramos resposta a todas ou a algumas destas perguntas: O quê? Quem? Onde? Quando? Como? Por quê? Para quê? Consequências? C( ) A narração pode ser feita com o verbo no tempo presente ou no passado. É mais frequente o uso do passado, com o verbo no pretérito perfeito. A ordem, geralmente, é cronológica; mas, por vezes, faz-se a inversão começando pelo final da ação, para maior efeito estilístico. D( ) Para narrar um fato, o autor dispõe a matéria em Apresentação, Desenvolvimentos, Clímax e Desfecho. 10) Todas as alternativas abaixo apresentam definições para o modo de narrar segundo FIORIN (2007). Aponte a única que não está de acordo. A( ) Os modos de narrar: as frases ou os enunciados que lemos ou ouvimos chegam até nós como uma coisa pronta e acabada, mas é evidente que esses IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" http://www.ipemig.com.br/ Thaline Carbonaro Realce Thaline Carbonaro Realce 44 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" enunciados não surgiram do nada: eles foram produzidos por alguém. Dessa forma, qualquer enunciado, isto é, aquilo que foi dito ou escrito, pressupõe alguém que o tenha produzido. B( ) aquilo que foi escrito ou dito por alguém chamaremos enunciado; o produtor de enunciado, responsável pela organização do texto, chamaremos narrador. C( ) O narrador se confunde com o autor do texto ou com o escritor, tanto é verdade, que o narrador não pode ser um personagem. D( ) O narrador pode projetar uma imagem do leitor dentro da obra e dialogar com esse ―leitor‖, prevendo suas reações. Esse leitor instalado no texto não se confunde com o leitor real. (FIORIN, 2007). http://www.ipemig.com.br/ Thaline Carbonaro Realce 45 IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma" GABARITO Nome do aluno: Matrícula: Curso: Data do envio: / / . Ass. do aluno: Leitura, texto e ensino 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) http://www.ipemig.com.br/
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