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Aula 12 - Brasil República

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A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
15/11/1889
A ideia de República não era o objetivo da maioria da população do Brasil, aliás, a proclamação pegou a maioria de surpresa e outros tantos foram varridos como adeptos de última hora por não verem outra saída.
A Proclamação da República (1889) e a Constituição de 1891
Latifundiários do Vale do Paraíba descontentes
Barões do Café apoio da Monarquia
Uma parte da elite considerava que o governo monárquico não mais atendia a seus interesses, principalmente depois da abolição.
Os latifúndios, principalmente do Vale do Paraíba paulista, desejavam maior apoio do governo em questão que este, sendo monárquico, não poderia ajudar.
A Monarquia estava dando apoio aos Barões do Café.
Os latifundiários se sentiram traídos pela monarquia
Fim da escravidão 
Não houve ressarcimento pela perda dos escravos
Outros latifundiários que anteriormente morreriam para defender a Monarquia mostravam-se apáticos e decepcionados porque a abolição sem nenhum ressarcimento foi, para eles, um golpe de morte e falência e, antes de tudo, uma traição do governo.
Princesa Isabel vista com desconfiança
O povo apoiava a monarquia – fim da escravidão
Havia um consenso geral de que não haveria um terceiro reinado, a Princesa Isabel era vista com desconfiança, principalmente por ser casada com um estrangeiro (Gastão de Orleans- Conde D’eu) 
Mas o Movimento Republicano estava longe de ser popular, a maioria da população apoiava o Regime Monárquico que havia acabado com a escravidão.
A proclamação foi apenas uma proclamação
Nas palavras de José Murilo de Carvalho:
“E a proclamação, afinal, resultou de um motim de soldados com o apoio de grupos políticos da capital”.
Exército derruba o governo e a classe dominante aplaude
Tinham medo de uma rebelião popular
O Exército, descontente com os sucessivos ministérios, tendo tomado consciência de seu poder como único corpo nacional depois da Guerra do Paraguai derrubou o governo com uma parte da classe dominante aplaudindo o feito por acreditar que caso isto não ocorresse desta forma poder-se-ia dar ensejo à participação popular através de uma rebelião.
Governo Provisório (assegura continuidade)
Medo de uma revolução de fato
O Governo Provisório, montado na noite de 15 de novembro de 1889, decretou o regime republicano federalista, em sua primeira proclamação o Governo assegura a continuidade da administração pública, tanto civil quanto militar, bem como da justiça.
Respeitará os direitos individuais; os acordos e compromissos firmados anteriormente.
Vê-se uma preocupação urgente com a continuidade de forma a não criar uma brecha no poder onde grupos pudessem iniciar uma luta ou até uma revolução de fato.
Estados Unidos do Brasil
Ditadura Militar
No mesmo dia foi baixado um decreto que mudava o nome do país para Estados Unidos do Brasil e que instalava o sistema federativo, autorizava os estados a elegerem seus constituintes. Entretanto, enquanto essas providências não fossem tomadas, caberia ao Governo Provisório indicar os governadores. 
Era uma ditadura militar.
A Câmara foi fechada e a Constituição de 1824 deixava de viger.
Força do Exército
Censura e Tribunal de Exceção
Esta “Ditadura Provisória” estava apoiada, a princípio, na força do Exército, houve a imposição de medidas duras de censura. 
O ato mais forte desta ditadura foi a criação da Comissão Militar de Sindicância e Julgamentos, um tribunal de exceção, com direito, inclusive de decretar pena de morte.
22/6/1890 – Convocação
Eleição Assembleia Constituinte
No dia 22 de junho de 1890, depois de muitas pressões, Deodoro decidiu convocar as eleições para a Assembleia Constituinte, que deveria legitimar o governo republicano.
Decretos de fevereiro e junho 1890 – disciplinava a qualificação dos eleitores
Um conjunto de decretos datados de fevereiro e junho de 1890 disciplinaram a qualificação dos eleitores, a votação e a apuração, entretanto, o cerne desta matéria – quem poderia ou não ser eleito – já havia sido regulamentado no decreto nº 6 de 19 de novembro de 1889.
Decreto n. 6, 19/11/1889
Disciplinava quem podia votar
“Foram considerados eleitores, todos os cidadãos brasileiros, no uso dos seus direitos civis e políticos, que soubessem ler e escrever”
Desta forma, manteve-se a proibição quanto aos analfabetos, introduzida na Lei de 1881. 
A qualificação eleitoral seria feita por uma junta composta pelo juiz de paz, pelo subdelegado e por um cidadão nomeado pelo presidente da câmara ou Intendência Municipal. 
A mesa que presidiria a votação seria a mesma que faria a apuração, tão logo aquela terminasse[...].
Interesses dos grandes latifundiários
As eleições para a Constituinte não foram portanto representativas. Foi eleita a Assembleia Constituinte, mais ligada aos interesses dos grandes latifundiários que aos interesses militares ou ditatoriais de Deodoro.
Constituinte – oposição ao Governo de Deodoro
A Constituinte foi mais um foco de oposição ao Governo de Deodoro. Muito antes da Assembleia Constituinte iniciar seus trabalhos o governo já havia traçado as linhas principais (e muitas das secundárias também) da Constituição de 1891.
Comissão dos Cinco
Projeto Constitucional
O Governo Provisório nomeou uma Comissão de jurista, chamada Comissão dos Cinco que, a partir de janeiro de 1890 começou a elaborar o projeto constitucional. 
Dos noventa artigos da Constituição, setenta e quatro pertenciam ao projeto de Rui Barbosa, intactos ou levemente modificados.
Alguns pontos da 
Constituição de 1891
A Constituição de 1891 teve grande influencia da Constituição Norte Americana. Não é de estranhar portanto que o Brasil fosse uma República Federativa.
Era República porque estaria exercendo o poder, representativo, pois, governantes seriam eleito de forma a representar os interesses do “povo” e Federativa porque os Estados teriam autonomia.
Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário
A divisão de poderes é estabelecida e elimina-se o Poder Moderador, ficando apenas os três clássicos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
O Poder Executivo:
Presidente
Vice – Presidente e Presidente do Senado
O Executivo seria composto pelo Presidente da República, o Vice-Presidente é indicado pela Constituição, relativamente ao Poder Executivo como um mero substituto. 
A atribuição efetiva do Vice-Presidente dada pela Constituição de 1891 é relativa ao Poder Legislativo. Ele seria o Presidente do Senado, exclusivamente com voto de qualidade.
O Poder Judiciário - Sistema Dual
Justiças Estaduais e Federal
O Poder Judiciário foi montado, neste início de República, baseado no sistema dual. 
Tal sistema é composto pelo Poder Judiciário Federal e pelos poderes judiciários estaduais que acabaram por assim serem organizados até pelo modelo federativo a que se propunha o país e a Constituição. 
Desta forma separou-se as Justiças Estaduais da Justiça Federal.
Justiça Federal – a cargo do Supremo Tribunal Federal
A Justiça Federal ficou a cargo do Supremo Tribunal Federal, mas deixou em aberto a possibilidade do Congresso criar tantos juízes e tribunais Federais quantos considerassem necessários.
Supremo – guardião da Constituição
O Supremo Tribunal Federal tinha jurisdição ordinária e de recurso, bem como a de revisão. 
A Constituição de 1891, coloca o Supremo Tribunal como guardião da Constituição.
Utilização de jurisprudência
Ainda relativamente ao Poder Judiciário a Constituição de 1891 consagra a utilização da Jurisprudência, tanto federal quanto estadual, indicando explicitamente a necessidade do uso destas. Assim afirma o Artigo 59, §2º.
O Poder Legislativo
O Poder Legislativo foi, por esta Constituição, composta pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, tendo estes o exercício sob a sanção do Presidente da República.
IMUNIDADE PARLAMENTAR
Os membros deste poder teriam imunidade parlamentar ampla, não restrita a atos que cometessem no exercício de suas funções. O processo contra deputados e senadores passaria,
então pela aprovação prévia da casa a que este pertencesse.
Para eleger-se Deputado ou Senador: Cidadania brasileira
Para eleger-se o indivíduo deveria ter algumas precondições como tempo de cidadania brasileira (Deputado: ser cidadão há mais de quatro anos, Senador: há mais de seis anos) e idade mínima (maiores de 35 anos) para senadores. 
Dentre as atribuições do legislativo estava a de legislar sobre Direito Civil, Criminal, comercial e processual da Justiça Federal (art 34, inciso 23).
SISTEMA ELEITORAL (Sem renda mínima)
Alfabetizado – bastava saber desenhar o nome
Pela Constituição de 1891, a entrada no processo eleitoral, como eleitor, se dava de forma voluntária, tampouco era necessário renda mínima, porém o eleitor não poderia ser analfabeto em um sentido absoluto, visto que saber desenhar o nome era o suficiente para o alistamento eleitoral.
Mendigos, Religiosos e Praça de pé – não votavam.
Muitas Fraudes eleitorais
O eleitor não poderia ser também mendigo, nem religioso de ordem religiosa, nem praça de pé. 
A idade mínima para o alistamento eleitoral era de 21 anos. 
Houve uma grande variação quanto ao processo eleitoral dos municípios, devido a autonomia que cada estado tinha. 
As eleições, de qualquer nível, eram feitas de maneira a facilitar a fraude.
As Novidades da Constituição de 1891
A mudança da capital federal para o Planalto Central;
A separação entre Estado e Igreja, ao menos no papel;
 Liberdade de culto no país. 
Até esta Constituição todo controle da vida civil estava, objetivamente, sob controle da Igreja Católica.
Decreto 181 – janeiro de 1890 – institui o casamento civil no Brasil.
Constitucionalização do HC
Legalidade da prisão
Princípio da Ampla Defesa
Outro ponto que merece destaque é a constitucionalização do Habeas Corpus e a indicação de parâmetros um pouco mais claros acerca da legalidade da prisão e do princípio da Ampla Defesa. 
Princípio da Individualidade das Penas
Acaba a Pena de Morte
Banimento da pena de galés
Marcas e Patentes
O Princípio da Individualidade das Penas também é coroado no parágrafo 19 do artigo 72 da Constituição, no mesmo artigo, dá por encerrada a discussão acerca da pena de morte abolindo-a junto com as penas de banimento e de galés.  
A questão de marcas e patentes também começa a surgir nesta Constituição.
Código Penal de 1890
Projeto retomado por Campos Salles
O Código Criminal de 1830 estava obsoleto por causa da abolição do escravos, precisava de reforma urgente.
Com a Proclamação da República o trabalho foi temporariamente interrompido, sendo logo retomado por iniciativa de Campos Salles, que na época era Ministro da Justiça do Governo Provisório da República.
Redação falha – muitas reformas posteriores
A redação se deu em tempo recorde, apenas 3 meses, recebeu duras críticas. 
Muitas leis foram feitas posteriormente na tentativa de suprir as falhas do Código Penal de 1890 e muitas tentativas de reforma também.
Alguns pontos do Código Penal de 1890
O Código Penal define de imediato que segue o Princípio da Legalidade e o Princípio da Territorialidade para crimes, eliminando as interpretação extensivas para a qualificação dos mesmos. Vejamos:
Princípio da Legalidade
“Art. 1º. Ninguém poderá ser punido por facto que não tenha sido anteriormente qualificado crime, e nem com penas que não estejam previamente estabelecidas. A interpretação extensiva, por analogia ou paridade, não é admissível para qualificar crimes ou aplicar-lhes penas”.
Princípio da Territoriedade
“Art. 4º. A lei penal é applicada a todos os indivíduos, sem distincção de nacionalidade, que, em território brazileiro, praticarem factos criminosos e puníveis”.
Crime e Contravenção: explicados e diferenciados
Art. 7º. Crime é a violação imputável e culposa da lei penal.
Art. 8º. Contravenção é o facto voluntário punível, que consiste unicamente na violação, ou na falta de observância das disposições preventivas das leis e dos regulamentos.
Penas confusas e semelhantes
As penas a serem aplicadas eram variadas e definidas pelo artigo 43, muitas delas confundem-se entre si tendo características extremamente semelhantes. Vejamos:
Penas de Prisão celular, banimento, reclusão e prisão com trabalho obrigatório
As penas podiam ser de “prisão celular”, que contaria com trabalho obrigatório; 
O “banimento”, que privaria o condenado de seus direitos de cidadão.
A “reclusão” era uma pena, que deveria ser cumprida em fortaleza, praças de guerra ou estabelecimentos militares, conforme indicava o artigo 47. 
Já a “prisão com trabalho obrigatório” seria cumprida ou em estabelecimentos militares ou em prisões agrícolas.
Ainda o artigo 43 indicava também como penas a “interdição”, pela qual o indivíduo ficaria interditado, proibido de algumas ações. 
Uma outra pena indicada era exclusiva para menores de 21 anos.
Art. 49. A pena de prisão disciplinar será cumprida em estabelecimentos industriaes especiaes, onde serão recolhidos os menores até a idade de 21 anos.
Progressão da Pena e 
Livramento condicional
O Código previa a Progressão da Pena, bem como livramento condicional. 
O artigo 27 deste Código define a imputabilidade. Este é um dos mais discutidos artigos do código visto que os parágrafos terceiro e quarto, redigidos como o foram abrem a possibilidade de “toda sorte de abusos”.
Ir para a página 429.
Liberdade religiosa - violada
Entre os crimes arrolados pelo Código Penal de 1890 estão aqueles que impediriam o livre culto de religiões que foi garantido pela Constituição de 1891. 
Entretanto, os legisladores não consideravam o espiritismo e algumas de suas práticas como religião. Embora haja indicação que o uso de sortilégios para enganar seja crime.
Crime de falso testemunho
O estupro é considerado crime – se a mulher for honesta
O crime de falso testemunho não foi previsto no Código Criminal do Império (1830). No Código Penal de 1890 há a previsão deste delito, sendo que o código diferencia as penas dependendo em que tipo de causa houve o falso testemunho. 
O crime de estupro ainda era diferenciado para “mulheres honestas” e prostitutas.
Elementos químicos que facilitavam o estupro
Interessante é notar que, tendo em vista os avanços científicos, o legislador tenha tido o cuidado de nomear elementos químicos capazes de auxiliar o estupro.
“Art. 269. Chama-se estupro o acto pelo qual o homem abusa, com violência, de uma mulher, seja virgem ou não.
Violência
Por violência entende-se não só o emprego da força physica, como o de meios que privarem a mulher de suas faculdades psychicas, e assim da possibilidade de resistir e defender-se como o hypnotismo, o chloroformio, o ether, e, em geral, os anesthesicos e narcóticos”.
Adultério – crime 
O adultério incorre neste delito a mulher casada que deitar-se simplesmente com outro homem e o marido, somente comete tal crime, se estiver mantendo uma outra mulher.
O Código Civil de 1916
O Código Criminal foi feito. Outro Código relativo aos crimes foi elaborado e entrou em vigor no início da República e depois dele outra Constituição e nada de Código Civil. 
O país ainda era subordinado a leis de uma metrópole que não existia mais.
Código Civil = direitos e obrigações dos cidadãos
Os Códigos Civis que foram feitos após o Código Civil Napoleônico, tratavam de direitos e deveres de Cidadãos, igualando-os todos, logo Código Civil são leis para o cidadão no tocante a direitos e obrigações de indivíduos com status.
O Brasil tinha um código comercial, mas não tinha um civil.
Em 1854, o então Ministro da Justiça José Thomaz Nabuco de Araújo solicitou a um renomado advogado da época, Augusto Teixeira de Freitas, que elaborasse um plano de redação do Código Civil.
Compilação e Esboço do Código Civil
Teixeira de Freitas aceita e realiza uma compilação da legislação existente. Terminada a compilação o prestigiado jurista é convidado a escrever a nossa codificação civil, mas depois de ter escrito e publicado o “Esboço do Código Civil” em 1867, abandonou
essa empreitada alegando incompatibilidade entre sua concepção jurídica e a do governo.
Incompatibilidade de Códigos
A principal incompatibilidade, aparentemente, estava no fato de o Jurista considerar que fazer um Código Civil sem abranger as relações comerciais seria marcar o Código com um “mal de nascença”, visto que, por já existir um Código Comercial, o Civil estaria sempre subordinado a este.
Projeto da codificação parado por 5 anos. Morre Nabuco Araújo.
Desde de 1867 a 1872 o projeto da criação de um Código Civil ficou parado, até que o próprio ministro da Justiça, Nabuco de Araújo, dispôs-se a escrever ele mesmo.
Ele faleceu seis anos depois deixando imensa quantidade de notas e rigorosamente nenhum texto.
Projeto emperra no Senado
No ano de 1890, Clóvis Beviláqua, contratado para ser redator do Código Civil de 1916, terminou seus trabalhos e passou seu projeto para a Câmara dos Deputados que, através de uma comissão revisora, deveria exprimir um parecer. O parecer foi favorável. Entretanto, ao chegar ao Senado, o processo emperrou.
1912 – retomada a discussão
Rui Barbosa elabora as emendas
A discussão somente foi retomada em 1912, quando a Câmara propôs que o projeto fosse adotado enquanto o Senado não tomasse uma posição. 
Diante de tal desafio político o Senado aprovou o projeto, aceitando todas as emendas de Rui Barbosa e este voltou para a Câmara onde foram processados os últimos debates até a aprovação final em 1915.  
Nasce o Código Civil 1916
Em 1º de Janeiro de 1916 ele foi sancionado e um ano depois o Brasil tinha, depois de quase um século de independência, seu primeiro Código Civil.

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