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Teoria dos Números Capítulo 2 (Exercícios) 1. Mostrar que 47 | 223 1. Para mostrar que 47 | 2 23 1, devemos mostrar que 2 23 ≡ 1 (mod 47). Notemos que 2 10 = 1024 = 37 + 47 21. Ou seja, 2 10 ≡ 37 (mod 47) ⇒ 210 ≡ 10 (mod 47). Então, [2 10 ] 2 ≡ (10) 2 (mod 47) ⇒ 220 ≡ 100 (mod 47) ⇒ 220 ≡ 6 (mod 47) (I) Vejamos, agora, que 2 3 = 8 = 47 39, ou seja, 2 3 ≡ 39 (mod 47) (II). De (I) e (II), (2 20 2 3 ) ≡ 6 (39) (mod 47) ⇒ 223 ≡ 234 (mod 47). Mas, 234 = 1 47 5, então 2 23 ≡ 1 (mod 47). ∎ 2. Encontrar o resto da divisão de 734 por 51 e o resto da divisão de 563 por 29. i) Vejamos que 7 2 ≡ 2 (mod 51). Então, (7 2 ) 17 ≡ (2) 17 (mod 51) ⇒ 734 ≡ 217 (mod 51). (I) Porém, ≡ ≡ } ⇒ 210 27 ≡ 4 26 (mod 51) ⇒ 217 ≡ 104 (mod 51) ⇒ 217 ≡ 2 (mod 51). Dessa forma, 2 17 ≡ 2 (mod 51) ⇒ 217 ≡ 49 (mod 51). (II) De (I) e (II), temos que 7 34 ≡ 49 (mod 51), o que indica que o resto da divisão de 7 34 por 51 é 49. ii) Notemos que 5 3 ≡ 9 (mod 29), o que nos dá: 5 63 ≡ 9 21 (mod 29). Como 9 = 3 2 , 5 63 ≡ 3 42 (mod 29) (I) Mas, 3 3 ≡ 2 (mod 29) ⇒ 342 ≡ (2)16 (mod 29) ⇒ 342 ≡ 216 (mod 29) (II) No entanto, 2 8 ≡ 13 (mod 29) ⇒ (28)2 ≡ 132 (mod 29) ⇒ 216 ≡ 169 (mod 29) ⇒ 216 ≡ 24 (mod 29) (III). De (I), (II) e (III), temos que 5 63 ≡ 24 (mod 29), ou seja, o resto da divisão de 5 63 por 29 é 24. 3. Mostrar que se p é um ímpar e a2 + 2b2 = 2p, então “a” é par e “b” é ímpar. Teremos 4 casos: 1º Caso: “a” par e “b” par Dessa forma, teremos: a = 2x e b = 2y (x e y inteiros). Então, a 2 + 2b 2 = 4x 2 + 8y 2 = 4(x 2 + 2y 2 ). Já que a 2 + 2b 2 = 2p, temos que 4(x 2 + 2y 2 ) = 2p ⇒ p = 2(x2 + 2y2), o que é um absurdo, pois p é ímpar. 2º Caso: “a” ímpar e “b” par Dessa forma, teremos: a = 2x + 1 e b = 2y (x e y inteiros). Então, a 2 + 2b 2 = (2x + 1) 2 + 2(2y) 2 = 4(x 2 + 4x + y 2 ) + 1, o que é absurdo, pois a 2 + 2b 2 = 2p. 3º Caso: “a” ímpar e “b” ímpar Dessa forma, teremos a = 2x + 1 e b = 2y + 1 (x e y inteiros) Então, a 2 + 2b 2 = (2x + 1) 2 + 2(2y + 1) 2 = 2(2x 2 + 2x + 4y 2 + 4y + 1) + 1, o que é absurdo, analogamente ao caso 2. 4º Caso: “a” par e “b” ímpar Dessa forma, teremos a = 2x e b = 2y + 1 (x e y inteiros). Então, a 2 + 2b 2 = (2x) 2 + 2(2y + 1) 2 = 2(2x 2 + 4y 2 + 4y + 1). Dessa forma, teríamos que p = 2x 2 + 4y 2 + 4y + 1, verificando o fato de p ser ímpar. D s cas s , , 3 e , tere s que, para “p” í par, a 2 + 2b 2 = 2p somente para “a” par e “b” í par. ∎ 4. Provar que para p primo (p 1)! ≡ p 1 (mod 1 + 2 + ... + (p 1)). Notemos que: (p 1) ≡ 1 (mod p) e (p 1)! ≡ 1 (mod p) (Teorema de Wilson). Pela transitividade, teremos que: (p 1)! ≡ p 1 (mod p). Isso nos mostra que p | (p 1)! (p 1). Temos, também, que (p 1)! (p 1) = (p 1) [(p 2)! 1], ou seja, p 1 | (p 1)! (p 1). Disso, segue que p | (p 1)! (p 1). Como p e p são primos entre si, temos que p p | (p 1)! (p 1), ou seja, (p 1)! ≡ p 1 ( p p ). Notando, porém, que 1 + 2 + ... + (p 1) = p p , tem-se provado o resultado. ∎ 5. Encontrar o máximo divisor comum de (p 1)! 1 e p! (primo). Se p = 2, teremos que (p 1)! 1 = 0 e p! = 2, ou seja, mdc((p 1)! 1, p!) = mdc(0, 2) = 2. Se p = 3, teremos que (p 1)! 1 = 1, ou seja, mdc((p 1)! 1) = 1. Suponhamos, então, p 2. Seja d um divisor comum de (p 1)! 1 e de p!. Notemos que, se d = p, então d (p 1)! 1. Consideremos, portanto, d p. Como d | p! = p (p 1)! e d p, então d | (p 1)!. Mas d | (p 1)! 1, por hipótese. Se d | (p 1)! e d | (p 1)! 1, então d | 1, logo d = 1. Então, mdc((p 1)! 1, p!) = 1, se |p| 2 e mdc((p 1)! 1, p!) = 2, se |p| = 2. Nota: Do Teorema de Wilson, p | (p 1)! + 1. Dessa forma, se p | (p 1)! 1 = (p 1)! + 1 2, então p divide a 2, ou seja, p = 2. 6. Mostrar que para n 4 o resto da divisão por 12 de 1! + 2! + ... + n! é 9. Queremos provar que, para n 4, o resto da divisão de 1! + 2! + ... + n! por 12 é 9. Ou seja, se N = 1! + 2! + ... + n!, queremos mostrar que N ≡ 9 (mod 12). Notemos que 1! + 2! + 3! = 9, e que 4! = 24. Então, 1! + 2! + 3! + 4! + ... + n! = 9 + (4! + 5! + ... + n!) = 9 + 4!(1 + 5 + 6 5 + ... + n (n 1) ... 6 5). Então, para n 4, teremos que 1! + 2! + 3! + ... + n! = 9 + 4! . k. Porém, 4! = 24 = 12 2. Então, 12 | 4! k (k inteiro). Sendo assim, podemos escrever: 1! + 2! + 3! + ... + n! = 9 + 12 m (m ∈ ℤ), para n 4. Logo, se N = 1! + 2! + 3! + ... + n! = 9 + 12 m, então N ≡ 9 (mod 12), tendo provado o resultado. ∎ 7. Mostrar que para n inteiro 3n2 1 nunca é um quadrado. Notemos que 3n 2 1 = 3n 2 3 + 2 = 3(n 1)(n + 1) + 2 = 3k + 2. Basta mostrarmos que nenhum quadrado é da forma 3k + 2. Um número t, qualquer, pode ser das formas: t = 3k, t = 3k + 1 ou t = 3k + 2. Então, (I) t = 3k ⇒ t2 = 9k2 = 3 (3k2) = 3k1 (II) t = 3k + 1⇒ t2 = (3k + 1)2 = 9k2 + 6k + 1 = 3k2 + 1 (III) t = 3k + 2 ⇒ t2 = (3k + 2)2 = 9k2 + 12k + 4 = 3k2 + 1. Dessa forma, temos provado que um quadrado nunca é da forma 3k + 2 e, consequentemente, que 3n 2 1 nunca é um quadrado. 8. Resolver as seguintes congruências. (a) 5x ≡ 3 (mod 24) Vejamos que, existe y inteiro tal que: 5x = 3 + 24y, ou seja, 5x 24y = 3. Procuramos, portanto, soluções para essa Equação Diofantina. Vejamos que: 5 5 24 = 1 ⇒ (3 5) 5 3 24 = 3 ⇒ x = 15 e y = 3 é uma solução particular. Dessa forma, 5 (x 15) 24 (y 3) = 0 ⇒ x = 15 + 3 ⇒ y = 3 + 5 k ⇒ x = 15 + 24 k ⇒ x ≡ 15 (mod 24) Vejamos, porém, que, dada a equação ax + by = c, com d = mdc(a, b), se d | c, então para uma solução particular x = x0, teremos que: x = x0 + ( b ) k (k ∈ ℤ). Para a nossa equação 5x 24y = 3, teremos que d = mdc(5, 24) = 1. Para x0 = 15, teremos: x = 15 + ( ) k = 15 24 k. Isso nos dá a solução x ≡ 15 (mod 24). (b) 3x ≡ 1 (mod 10) Queremos encontrar a solução da equação 3x 10y = 1. Notemos que mdc(3, 10) = 1 | 1. Vejamos que x = 3 e y = 1 é uma solução particular. Dessa forma, 3 (x + 3) 10 (y + 1) = 1 ⇒ x = 3 + 3 ⇒ x = 3 + 10 k (k inteiro) ⇒ x ≡ 3 (mod 10) ⇒ x ≡ 7 (mod 10). (c) 23x ≡ 7 (mod 19) Queremos encontrar a solução da equação 23x 19y = 7. Vejamos que mdc(23, 19) = 1 | 7. Isso garante a existência da solução. Notemos que, 23 = 19 + 4, que 19 = 3 4 + 7, então, multiplicando a primeira igualdade por 3, teremos: 3 23 = 3 19 + 3 4 = 3 19 + (19 7) ⇒ 3 23 + 4 19 = 7, dessa forma x = 3 e y = 4 é uma solução particular. Teremos, então, que 23(x + 3) 19(y + 4) = 0, o que nos dá: x = 3 + 3 ⇒ x = 3 + 19 k (k inteiro). O que nos dá, como solução, a classe de congruências: x ≡ 3 (mod 19), ou seja, x ≡ 16 (mod 19). (d) 7x ≡ 5 (mod 18) Vejamos que mdc(7, 18) = 1 | 5, então existe solução. Dessa forma, queremos a solução da equação 7x 18y = 5. Temos que: 18 2 7 = 4, ou seja, 3 18 6 7 = 3 4 = 12 = (7 + 5). Então, 3 18 7 7 = 5. Assim, uma solução particular para a equação é x = 7 e y = 3. Então, 7 (x + 7) 18 (y + 3) = 0, ou seja, x = 7 + 18 k (k inteiro). As soluções são tais que x