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Ponto 13 - Civil

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Luiz Henrique Horsth da Matta
Ponto 13 - Direito Civil: Contratos em Espécie. Seguro. Fiança. Transporte. Contratos de Consumo. Transação. Compromisso. Posse. Teorias. Conceito. Classificação. Aquisição. Efeitos e Perda. Direito de Retenção.
	DO TRANSPORTE	
	
	1. Conceito
	Contrato de transporte é aquele em que alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas (art. 730).
	A relação de transporte pode apresentar-se como acessória de outro negócio jurídico, como a compra e venda, em que o vendedor se obriga a entregar a coisa no domicílio do comprador. Nesse caso, o primeiro não se qualifica como transportador, cuja obrigação é exclusivamente a de efetuar o traslado de uma coisa ou pessoa, regendo-se a sua responsabilidade pelas normas que disciplinam a compra e venda.
	CONTRATO DE TRANSPORTE – PODE SER ACESSÓRIO (REGRAS DO CONTRATO PRINCIPAL) OU ÚNICO
	O contrato de transporte gera, para o transportador, obrigação de resultado, qual seja, a de transportar pessoa ou coisa, incólume, ao seu destino.
	CONTRATO DE TRANSPORTE – OBRIGAÇÃO DE RESULTADO
	Embora tenha características próprias, rege-se, no que couber, pelas disposições relativas ao depósito, quando a coisa trasladada é depositada ou guardada nos armazéns do transportador (art. 751).
	2. Caracteres
	É contrato bilateral, consensual, em regra oneroso, comutativo e de adesão.
	O consenso pode ser tácito, por exemplo, no atendimento do taxista ao aceno do passageiro. Pode ser gratuito, no caso de carona.
	É possível a aplicação de legislação especial sobre transporte (art. 732): CDC, Código Brasileiro de Aeronáutica, Convenção de Varsóvia (transporte aéreo internacional).
	3. Espécies
	É de pessoas e coisas e, quanto ao meio empregado, pode ser terrestre, aéreo e marítimo.
	
	4. Responsabilidade do transportador
	O transporte de bagagens é acessório do contrato de transporte de pessoas. O viajante, ao comprar a passagem, assegura o direito de transportar consigo a sua bagagem. Ao mesmo tempo, o transportador assume, tacitamente, a obrigação de efetuar esse transporte. Se houver excesso de peso ou de volume, poderá ser cobrado um acréscimo. Nesse sentido, dispõe o art. 734:
	Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. (nulidade da cláusula de não indenizar)
	Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização.
	TRANSPORTE DE BAGAGEM – ACESSÓRIO AO TRANSPORTE DE PESSOAS
	Nesse caso, o valor declarado determina o montante da indenização. Poderá o transportador exigir o pagamento de prêmio extra de seguro, para a necessária cobertura de valores elevados.
	5. Transporte de pessoas
	- A partir do momento em que um indivíduo acena para um veículo de transporte público, já o contrato teve início, diante da oferta permanente em que se encontra o veículo em trânsito.
	A responsabilidade pela integridade da pessoa do passageiro só se inicia, porém, a partir do momento em que esse mesmo passageiro incide na esfera da direção do transportador. Segue-se que o próprio ato de o passageiro galgar o veículo já o faz entrar na esfera da obrigação de garantia.
	No caso das estradas de ferro, a responsabilidade do transportador tem início quando o passageiro passa pela roleta e ingressa na estação de embarque. Daí por diante, estará sob a proteção da cláusula de incolumidade, hoje substituída pela responsabilidade decorrente do vício ou defeito do serviço, respondendo a ferrovia pelos acidentes ocorridos com o passageiro ao subir ou descer do trem, por escorregar ou ser empurrado. Só não será responsabilizada se o dano decorrer de fato exclusivo de terceiro, estranho ao transporte.
	Em certos meios de transporte, distingue-se perfeitamente o momento da celebração do contrato e o de sua execução. Nas viagens aéreas, por exemplo, é comum a passagem ser comprada com antecedência. Nesses casos, a responsabilidade do transportador só terá início com a execução da avença. No transporte rodoviário, tendo em vista que a estação não pertence à transportadora, a execução se inicia somente com o embarque do passageiro, e só termina com o desembarque. Se o passageiro vem a se ferir em razão de queda ocorrida durante o embarque, porque o ônibus movimentou-se abruptamente, configura-se a responsabilidade do transportador, porque já se iniciara a execução do contrato. Do mesmo modo se a queda ocorrer por ocasião do desembarque.
	No campo da responsabilidade civil do transportador, a jurisprudência não tem admitido a excludente do fato de terceiro. Justifica-se o rigor, tendo em vista a maior atenção que deve ter o motorista obrigado a zelar pela integridade de outras pessoas. Absorvendo essa orientação, o novo Código Civil reproduz, no art. 735, o texto da Súmula 187 do STF, dando-lhe a seguinte redação: A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
	Assim, qualquer acidente que cause danos ao passageiro obriga o transportador a indenizá-lo, porque se trata de obrigação de resultado. Não importa que o evento tenha ocorrido porque o veículo foi “fechado” ou mesmo abalroado por outro. O transportador indeniza o passageiro e move, depois, ação regressiva contra o terceiro. O fato de terceiro só exonera o transportador quando efetivamente constitui causa estranha ao transporte, isto é, quando elimina, totalmente, a relação de causalidade entre o dano e o desempenho do contrato, como na hipótese de o passageiro ser ferido por uma bala perdida.
	FATO DE TERCEIRO – SÓ EXONERA O TRANSPORTADOR QUANDO EFETIVAMENTE CONSTITUI CAUSA ESTRANHA AO TRANSPORTE. EX: BALA PERDIDA.
	QUALQUER ACIDENTE, AINDA QUE HAJA CULPA DE TERCEIRO – DEVER DE INDENIZAR, COM DIREITO DE REGRESSO.
	CONTRATO DE TRANSPORTE – É NULA A CLÁUSULA DE NÃO INDENIZAR
	Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade.
	Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização.
	Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
	Art. 736. Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia.
	Parágrafo único. Não se considera gratuito o transporte quando, embora feito sem remuneração, o transportador auferir vantagens indiretas.
	- O art. 732 do CC ressalva a legislação especial (CDC, Código Brasileiro de Aeronáutica, Convenção de Varsóvia), no que não contrariem as disposições do diploma civil.
	- Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente por amizade ou cortesia (art. 736). Mas não se considera gratuito o transporte quando, embora feito sem remuneração, o transportador auferir vantagens indiretas (736, parágrafo único).
	No transporte por amizade ou cortesia, a responsabilidade vai ser extracontratual, a existência de qualquer modalidade de culpa (leve, levíssima ou grave) é o quanto basta para que a responsabilidade do transportador seja exigível. O STJ falava em culpa grave ou dolo (Súmula)
	TRANSPORTE POR AMIZADE OU CORTESIA – RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL
	Em contrato oneroso, em caso de acidente no ônibus, os juros de mora serão contados da data da citação, por tratar-se de responsabilidade contratual, e não extracontratual (STJ).
	- O passageiro deve sujeitar-se às normas estabelecidas pelo transportador, abstendo-se de quaisquer atos que causem incômodo ou prejuízo aos demais passageiros (art. 738). Se houver concorridopara o dano, o juiz reduzirá eqüitativamente a indenização.
	- O transportador não pode recusar passageiros, salvo os casos previstos nos regulamentos, ou se as condições de higiene ou de saúde do interessado o justificarem (art. 739). Mas, uma vez executado o transporte, tem direito de retenção sobre a bagagem do passageiro e outros objetos pessoais deste, para garantir-se do pagamento do valor da passagem que não tiver sido feito no início ou durante o percurso (art. 742).
	O direito de retenção da bagagem não se confunde com o penhor legal.
	Art. 741. Interrompendo-se a viagem por qualquer motivo alheio à vontade do transportador, ainda que em consequência de evento imprevisível, fica ele obrigado a concluir o transporte contratado em outro veículo da mesma categoria, ou, com a anuência do passageiro, por modalidade diferente, à sua custa, correndo também por sua conta as despesas de estada e alimentação do usuário, durante a espera de novo transporte.
	Art. 740. O passageiro tem direito a rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor da passagem, desde que feita a comunicação ao transportador em tempo de ser renegociada.
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	§ 1o Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo depois de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor correspondente ao trecho não utilizado, desde que provado que outra pessoa haja sido transportada em seu lugar.
	§ 2o Não terá direito ao reembolso do valor da passagem o usuário que deixar de embarcar, salvo se provado que outra pessoa foi transportada em seu lugar, caso em que lhe será restituído o valor do bilhete não utilizado.
	§ 3o Nas hipóteses previstas neste artigo, o transportador terá direito de reter até cinco por cento da importância a ser restituída ao passageiro, a título de multa compensatória.
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	6. Transporte de coisas
	- É dever do transportador conduzir a coisa ao seu destino, tomando todas as cautelas necessárias para mantê-la em bom estado e entregá-la no prazo ajustado (art. 749).
	- Poderá o transportador recusar a coisa cuja embalagem seja inadequada, bem como a que possa pôr em risco a saúde das pessoas, ou danificar o veículo e outros bens (art. 746).
	Além disso, deverá obrigatoriamente recusar aquela cujo transporte ou comercialização não sejam permitidos, ou que venha desacompanhada dos documentos exigidos por lei ou regulamento (art. 747).
	- A responsabilidade do transportador, limitada ao valor constante do conhecimento, começa no momento em que recebe a coisa e termina quando é entregue ao destinatário, ou depositada em juízo, se aquele não for encontrado (art. 750).
	- No caso de perda parcial ou de avaria não perceptível à primeira vista, o destinatário conserva a sua ação contra o transportador, desde que denuncie o dano em 10 dias a contar da entrega (art. 754, parágrafo único). No caso de transporte cumulativo, todos os transportadores respondem solidariamente pelo dano causado perante o remetente, ressalvada a apuração final da responsabilidade entre eles, de modo que o ressarcimento recaia, por inteiro, ou proporcionalmente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver ocorrido o dano (art. 756).
DO SEGURO
	
	1. Conceito
	Contrato de seguro é aquele pelo qual uma das partes, denominada segurador, se obriga a garantir interesse legítimo da outra, intitulada segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos determinados (art. 757). O seu principal elemento é o risco, que se transfere para outra pessoa.
	O risco é o objeto do contrato e está sempre presente, mas o sinistro é eventual (fato aleatório): pode, ou não, ocorrer.
	2. Caracteres
	É contrato bilateral, oneroso, consensual, aleatório e de adesão.
	Há divergências sobre o caráter consensual do contrato. Afirmam alguns, com base no art. 758, que ele não se aperfeiçoa com a convenção, mas somente depois de emitida a apólice. Prevalece, porém, o entendimento de que a prova escrita (apólice) serve apenas como prova, não sendo, contudo, essencial.
	3. Requisitos
	- O segurador deve ser uma sociedade anônima, uma sociedade mútua ou uma cooperativa, com autorização governamental, que assume o risco, mediante recebimento do prêmio, obrigando-se a pagar ao primeiro a indenização.
	- O segurado deve ter capacidade civil.
	- Nem todas as pessoas podem ser beneficiárias (arts. 793, 550 e 1801, III).
	- O objeto, que é o risco descrito na apólice, deve ser lícito e possível. O seu valor deve ser determinado (arts. 778, 782 e 789).
	- A boa-fé é mais energicamente exigida nos contratos de seguro (art. 765).
	- A indenização não pode ultrapassar o valor do interesse do segurado no momento do sinistro, e, em hipótese alguma, o limite máximo da garantia fixado na apólice, salvo em caso de mora do segurador (art. 781).
	- As coisas não podem ser seguradas por mais do que valem, nem ser objeto de segundo seguro. A vida, porém, pode ter mais de um seguro e ser estimada por qualquer valor, já que é insuscetível de apreciação pecuniária.
	4. Espécies
	
	Quanto à obrigatoriedade
	a) privados (facultativos)
	b) sociais (obrigatórios)
	Quanto ao meio sujeito a risco
	a) terrestres
	b) marítimos
	c) aéreos
	Quanto ao número de pessoas
	a) individual
	b) coletivo
	Quanto ao objeto
	a) de coisas
	b) de pessoas
	Quanto às obrigações do segurador
	a) de ramos elementares (risco de fogo, transporte e outros eventos danosos);
	b) de pessoas
	- contra acidentes pessoais
	- de vida: da vida inteira, para certo e determinado período, com formação de capital, misto (de vida inteira com o de formação de capital), de duas vidas.
	Dispõe o art. 789 do CC que nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremente estipulado pelo proponente, que pode contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com o mesmo ou diversos seguradores.
	O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos dois primeiros anos de vigência inicial do contrato, ou da sua recondução depois de suspenso. Ressalvada essa hipótese, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado (art. 798 e parágrafo único). Constitui ônus da seguradora a prova da premeditação do suicídio, pois o seguro de vida cobre somente o não premeditado (STJ, Súmula 61) ocorrido nos dois primeiros anos, ou seja, o decorrente de força irresistível ou profundo descontrole emocional.
	STJ: na vigência do CC16, o STJ dizia que apenas o suicídio premeditado afastava o direito à indenização, incumbindo o ônus da prova à seguradora; o CC2002 inovou na matéria, não falando em premeditação. Mesmo assim, o fato de o suicídio ter ocorrido no período de carência previsto pelo CC/2002, por si só, não acarreta a exclusão do dever de indenizar, já que o disposto no art. 798, caput, do referido código não afastou a necessidade da comprovação inequívoca da premeditação do suicídio. Além disso, devem incidir na hipótese os princípios de ordem pública da relação de consumo. Também observa o Min. Relator que há certa confusão entre a premeditação ao suicídio por ocasião da contratação com premeditação ao próprio ato. Uma coisa é a contratação causada pela premeditação ao suicídio e outra, diferente, é a preparação do ato suicida; assim, o que permite a exclusão de cobertura é a primeira hipótese.
	SUICÍDIO PREMEDITADO NOS DOIS PRIMEIROS ANOS (OU APÓS A RECONDUÇÃO, QUANDO SUSPENSO)– SEGURO NÃO COBRE
	SUICÍDIO NÃO PREMEDITADO NOS DOIS PRIMEIROS ANOS – SEGURO COBRE
	SUICÍDIO APÓS DOIS ANOS (PREMEDITADO OU NÃO) – SEGURO COBRE
	- de duas vidas (ex: marido e mulher)
	Art. 797. No seguro de vida para o caso de morte, é lícito estipular-se um prazo de carência, durante o qual o segurador não responde pela ocorrência do sinistro.
	Parágrafo único. No caso deste artigo o segurador é obrigado a devolver ao beneficiário o montante da reservatécnica já formada.
	Art. 798. O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, ou da sua recondução depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.
	Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado.
	Quanto à prestação dos segurados
	a) a prêmio;
	b) mútuo;
	c) misto (abrange os anteriores)
	- Na falta de indicação de pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária (art. 792). Na falta das pessoas indicadas, serão beneficiários os que provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessários à subsistência (parágrafo único).
	O art. 793 considera válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era separado judicialmente ou já se encontrava separado de fato. A soma paga pelo seguro não está sujeita às obrigações ou dívidas do segurado; sendo, portanto, impenhorável, nem se considera herança para todos os efeitos de direito.
	SOMA PAGA PELO SEGURO – NÃO ESTÁ SUJEITA ÀS OBRIGAÇÕES OU DÍVIDAS DO SEGURADO. É IMPENHORÁVEL E NÃO SE CONSIDERA HERANÇA.
	5. Principal obrigação do segurado
	Consiste em pagar o prêmio estipulado no contrato. Não pode exonerar-se, alegando que o risco não se verificou (art. 764), pois se trata de contrato aleatório.
	Como obrigação secundária, deve comunicar ao segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-fé (art. 769).
	Se houver agravamento do risco, sem culpa do segurado, pode o segurador, desde que o faça nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso, dar-lhe ciência, por escrito, de sua decisão de resolver o contrato. A resolução só será eficaz 30 dias após a notificação, devendo ser restituída pelo segurador a diferença de prêmio (art. 769, §§ 1º e 2º).
	O segurado deve comunicar o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomar as providências imediatas para minorar-lhe as consequências, sob pena de perder o direito à indenização (art. 771). O segurador se exonera em razão da omissão injustificada, se provar que, oportunamente avisado, lhe teria sido possível evitar, ou atenuar, as consequências do sinistro.
	Em princípio, estando o segurado inadimplente, não é devida a indenização. Pode haver a reabilitação do segurado, pela purgação da mora no prazo da notificação, que é obrigatória. Preceitua o art. 763 que “não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação”. Interpretação literal do mencionado dispositivo pode fazer com que, em contrato de seguro cujo prêmio tenha sido pago durante muitos anos, a mora de apenas um dia determine a perda da indenização – o que não parece justo. Antes do NCC, já se decidira que o atraso no pagamento dos prêmios não resolve ipso iure o contrato de seguro. Se o sinistro se verifica antes de proferida a sentença de rescisão, fica o segurador obrigado a indenizar o segurado moroso, descontando da importância a pagar o valor dos prêmios em atraso.
	SEGURADO EM MORA, MAS SINISTRO ANTES DA RESCISÃO – DEVE SER INDENIZADO, DESCONTANDO-SE O VALOR DOS PRÊMIOS EM ATRASO
	
	6. Principal obrigação do segurador
	Consiste em pagar em dinheiro, se outra forma não foi convencionada (consertar o veículo, por exemplo), o prejuízo resultante do risco assumido e, conforme as circunstâncias, o valor total da coisa segura (art. 776).
	Nos seguros pessoais, a indenização será paga pela importância constante da apólice, porque os bens por eles cobertos são inestimáveis. Nos seguros de bens materiais, contudo, a indenização nem sempre corresponde exatamente à quantia declarada, porque o seguro não tem finalidade lucrativa e exige, por isso, a apuração real do prejuízo.
	Seguro de pessoas – valor é o da apólice
	Seguro de coisas – valor é o da apuração real do prejuízo
	Já caiu no MPF: o seguro de pessoas é estipulado livremente pelo segurado, que pode estipular a substituição ad nutum, por ato intervivos ou causa mortis, o beneficiário. Isso estava errado! Deve haver demonstração de interesse na estipulação em favor de determinado beneficiário.
	Já caiu no MPF: é direito do segurado não ver aumentado o prêmio, se houve aumento do risco por fato alheio à sua vontade.
	STJ: O simples atraso no adimplemento de parcelas do prêmio do seguro de veículo não autoriza o desfazimento automático do contrato, pois é necessária a interpelação para a prévia constituição em mora do segurado.
	STJ: Segundo a jurisprudência do STJ, nos contratos de seguro, a omissão do segurado quanto à doença preexistente deve ser relevante. Não há, contudo, relevância se a doença não se manifesta por longo período de adimplemento do contrato. No caso, a pessoa tinha se tratado e curado de cisto em 1997, contratou o seguro em 98, e houve manifestação do cisto só em 2002. Julgou-se favoravelmente a ela.
	STJ: O DPVAT exibe a qualidade de seguro obrigatório de responsabilidade civil, portanto prescreve em três anos a ação de cobrança intentada pelo beneficiário, e não em dez anos.
	STJ: Nos contratos de seguro, o dever de boa-fé e transparência torna insuficiente a inserção de uma cláusula geral de exclusão de cobertura; deve-se dar ao contratante a ciência discriminada dos eventos efetivamente não abrangidos por aquele contrato.
	STJ: O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão. (Súmula 402)
	STJ: ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"Segurado caiu de torre de 15 metros, onde não havia qualquer alerta de periculosidade. A torre era frequentemente escalada por vários moradores da localidade. Nesse contexto, vê-se ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"não haver o aumento do risco coberto pelo seguro a ponto de excluir sua cobertura��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70" (arts. 1.454 do CC/1916 e 768 do CC/2002), tal como alegado pela recorrente, visto se tratar de comportamento aventureiro normal, fato absolutamente previsível. Anote-se ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"não existir má-fé do segurado, além de o ato não se constituir em padrão a ponto de justificar a comunicação de agravamento de risco��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70" à seguradora recorrente. Todavia, no caso, ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"a recusa de pagamento não representou comportamento hábil a validar a reparação por danos morais��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70".
	STJ: Tendo em vista a dinâmica do ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"leasing��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70", ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"a existência de cláusula que preveja a contratação pelo arrendatário de seguro do bem em favor da arrendante não representa, de antemão, uma violação das normas de proteção ao consumo��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70". ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"Só haveria que se falar em abusividade, atentando-se, inclusive, contra a livre concorrência, se houvesse a vinculação do arrendamento à contratação do seguro com instituição específica��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70". Dessa forma, a cláusula que obriga o arrendatário a contratar seguro em nome da arrendante não é abusiva, pois aquele possui dever de conservação do bem, usufruindo a coisa como se dono fosse, suportando, em razão disso, riscos e encargos inerentes à sua obrigação.
	STJ: ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"A transferência da titularidade do veículosegurado sem a devida comunicação à seguradora, por si só, não justifica tornar sem efeito o contrato de seguro, pois esse fato não elide sua responsabilidade, salvo demonstrada a má-fé ou o agravamento do risco.
	��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"Conjugação das súmulas 229 e 278 do STJ (mais a Súmula 101): o ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"dies a quo��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70" da prescrição corresponde à data em que o segurado toma ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"ciência inequívoca da incapacidade��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70", sendo que a contagem do prazo anual ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"se ��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70"suspende��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70" diante de eventual comunicação��HYPERLINK "http://2002/L10406.htm" \l "art70" de sinistro à seguradora, voltando a fluir somente após o segurado ser informado acerca da negativa do pagamento da indenização. O pedido de indenização formulado pelo segurado tem efeito suspensivo. Esse efeito, contudo, é inerente apenas à apresentação do comunicado pelo segurado. 
	Súmula 101: A ação de indenização do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano.
	Súmula 229: O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão.
	Súmula 278: O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.
	DA FIANÇA
	1. Conceito
	Dá-se o contrato de fiança quando uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra (art. 818).
	Um terceiro, denominado fiador, obriga-se perante o credor, garantindo com o seu patrimônio a satisfação do crédito deste, caso não o solva o devedor. Constitui garantia ou caução fidejussória, de natureza pessoal (representada pelo patrimônio geral do terceiro), diferente da caução real, que se caracteriza pela vinculação de um determinado bem ao cumprimento da obrigação
	2. Caracteres
	A fiança é contrato acessório, subsidiário, solene, personalíssimo ou intuitu personae, em regra, unilateral, embora possa assumir caráter oneroso.
	FIANÇA – SOLENE E, EM REGRA, UNILATERAL
	É acessório porque depende da existência do contrato principal e tem sua execução subordinada ao não-cumprimento deste, pelo devedor.
	Nula a obrigação principal, a fiança desaparece, salvo se a nulidade resultar de incapacidade pessoal do devedor. A exceção não abrange, contudo, o contrato de mútuo feito a menor (art. 824, parágrafo único). Por ter caráter acessório, a fiança pode ser de valor inferior e contraída em condições menos onerosas do que a obrigação principal, não podendo, entretanto, ser de valor superior ou mais onerosa do que esta, porque o acessório não pode exceder o principal. Se tal acontecer, não se anula toda a fiança, mas somente o excesso, reduzindo-a ao montante da obrigação afiançada (art. 823).
	
	Art. 824. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor.
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	Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo não abrange o caso de mútuo feito a menor.
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	OBRIGAÇÃO NULA – NÃO É SUSCETÍVEL DE FIANÇA, SALVO SE A NULIDADE RESULTAR APENAS DA INCAPACIDADE PESSOAL DO DEVEDOR. MAS NO CASO DE MÚTUO FEITO A MENOR, A FIANÇA NÃO PODERÁ SUBSISTIR EM HIPÓTESE ALGUMA.
	Podem as partes atribuir a solidariedade entre o fiador e o afiançado (art. 828, II) – o que é bastante comum.
	É contrato unilateral porque gera obrigações, depois de ultimado, unicamente para o fiador. É solene porque depende de forma escrita, imposta pela lei (art. 819), por instrumento público ou particular, no próprio corpo do contrato principal ou em separado.
	FIANÇA – SOLENE (COMO A DOAÇÃO)
	É, também, em regra gratuito porque o fiador ajuda o afiançado, nada recebendo em troca. Mas pode assumir caráter oneroso quando o afiançado remunera o fiador pela fiança prestada. Ex: fianças bancárias.
	Sendo contrato benéfico, não admite interpretação extensiva (arts. 114 e 819). Não se pode, assim, por analogia ampliar as obrigações do fiador, quer no tocante à sua extensão, quer no concernente à sua duração.
	3. Espécies
	a) convencional: resulta de acordo de vontades.
	b) legal: imposta pela lei (arts. 1400 – caução do usufrutuário - e 1745, parágrafo único).
	c) judicial: determinada pelo juiz (CPC, arts. 475-O, I – a execução corre por conta do exeqüente, que se responsabiliza por danos).
	4. Requisitos subjetivos
	- Capacidade genérica para ser fiador: todas as pessoas que tenham a livre disposição de seus bens.
	- Concedido por mandato, requer poderes especiais.
	- Um cônjuge não pode, sem o consentimento do outro, exceto no regime da separação absoluta, prestar fiança (art. 1647, III). A falta de autorização torna o ato anulável (art. 1649). Nesse sentido, há súmula do STJ: a fiança prestada sem o consentimento de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia.
	As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, nesse caso, não será demandado senão que se fizer líquida e certa a obrigação principal do devedor (art. 821).
	5. Requisitos objetivos
	 - A fiança pode ser dada a toda espécie de obrigação.
	- Tendo natureza acessória, sua eficácia depende da validade da obrigação principal.
	- As dívidas futuras podem ser objeto de fiança (art. 821).
	6. Efeitos
	a) Nas relações entre credor e fiador
	- Benefício de ordem ou excussão: pode o fiador indicar bens do devedor, que sejam suficientes para saldar o débito (art. 827).
	BENEFÍCIO DE ORDEM: FIADOR PODE INDICAR BENS DO DEVEDOR QUE SEJAM SUFICIENTES PARA SALDAR O DÉBITO
	- Estipulado o benefício de divisão, fica afastada a solidariedade, tornando divisível a obrigação (art. 829, parágrafo único). Estipulado esse benefício, cada fiador fica responsável unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento.
	Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão.
	Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento.
	BENEFÍCIO DE DIVISÃO – CADA FIADOR RESPONDE POR UMA PARTE DA DÍVIDA
	- O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor (art. 831) – terceiro interessado;
	- Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida que toma sob sua responsabilidade, caso em que não será por mais obrigado (art. 830).
	b) Nas relações entre devedor afiançado e fiador
	- Pode o fiador, sub-rogando-se nos direitos do credor, exigir do devedor o que pagou, acrescido dos juros pela taxa estipulada na obrigação principal, além das perdas e danos que pagar e pelos que sofrer em razão da fiança (arts. 832 e 833).
	- Se o credor mostrar-se desidioso, não dando ao feito regular andamento, poderá fazê-lo o fiador (art. 834).
	- Quando nem a obrigação, nem a fiança têm prazo certo, pode o fiador exonerar-se quando lhe convier (art. 835), por meio de ação declaratória, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 60 dias após a notificação do credor. Não é nula a cláusula de renúncia do direito de exoneração da fiança oferecida por tempo indeterminado. Considera-se, entretanto, renúncia o fato de o fiador ter-se obrigado até a efetiva entrega das chaves. Dispõe a Súmula 214 do STJ que “o fiador na locação não responde por obrigações de aditamento ao qual não anuiu”.
	FIANÇA E OBRIGAÇÃO SEM PRAZO – FIADOR PODE EXONERAR-SE A QUALQUER TEMPO. FIADOR NA LOCAÇÃO NÃO RESPONDE POR OBRIGAÇÕES DE ADITAMENTO ÀS QUAIS NÃO ANUIU
	Se o fiador se compromete a manter-se até a entrega das chaves,a prorrogação do contrato não encerra o contrato de fiança.
	NOVA LEI DE LOCAÇÕES: § 2o  O fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da comunicação oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador.”
	O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos seguintes casos:
	prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador.
	7. Extinção da fiança
	Além das causas que extinguem os contratos em geral, a fiança extingue-se também por atos praticados pelo credor, especificados no art. 838:
	a) Concessão de moratória (dilação do prazo contratual) ao devedor, sem o consentimento do fiador, ainda que solidário.
	b) Frustração da sub-rogação legal do fiador nos direitos e preferências (por abrir mão da hipoteca, por exemplo).
	c) Aceitação, em pagamento da dívida, de dação em pagamento feita pelo devedor, ainda que depois venha a perder o objeto por evicção, pois nesse caso ocorre pagamento indireto, que extingue a própria obrigação principal. A enumeração legal é taxativa. Assim, a fiança não desaparece com a falência ou a redução do aluguel, por exemplo.
	O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe são pessoais (as dos arts. 204, §3º, 366, 371 e 376, por exemplo), bem como as que caibam ao devedor principal (como prescrição e nulidade da obrigação, por exemplo), se não provierem simplesmente da incapacidade, pessoal, salvo o caso do mútuo feito a pessoa menor. Ficará exonerado o fiador se nomeou bens à penhora valendo-se do benefício de excussão, ainda que mais tarde, havendo demora na execução por negligência do credor, o devedor venha cair em insolvência (art. 839). Basta provar que, ao tempo de penhora, os bens nomeados eram suficientes para a satisfação da dívida. O art. 77 do CPC permite o chamamento do devedor na própria ação em que o fiador seja réu, e dos outros fiadores, quando para a ação seja citado apenas um deles.
	DA TRANSAÇÃO
	1. Conceito
	É negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes previnem ou terminam relações jurídicas controvertidas, por meio de concessões mútuas (art. 840).
	TRANSAÇÃO – PREVENÇÃO DE RELAÇÕES JURÍDICAS POR CONCESSÕES MÚTUAS
	Costuma ser utilizada na linguagem comum para designar todo e qualquer negócio. Mas não é assim, segundo o art. 840: é lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas. Trata-se, pois, de instituo do direito civil, o qual não se confunde com a conciliação, que é um momento processual.
	2. Elementos constitutivos
	a) existência de relações jurídicas controvertidas;
	b) intenção de extinguir as dívidas, para prevenir ou terminar o litígio;
	c) acordo de vontades, para o qual exige-se capacidade das partes e legitimação para alienar. Quando houver mandatário, deve possuir poderes especiais.
	d) concessões recíprocas. Se apenas uma das partes cede não há, juridicamente falando, transação, mas renúncia, desistência ou doação.
	A existência de uma dúvida é essencial. É nula a transação, se ela não mais existe porque a controvérsia já foi judicialmente solucionada, por sentença passada em julgado, sem que um ou ambos os transatores tivessem ciência desse fato, ou se jamais existiu qualquer possibilidade de conflito, por se verificar, por título ulteriormente descoberto, que nenhum deles tinha direito sobre o objeto da transação (art. 850).
	
	3. Natureza jurídica
	Na sua constituição, aproxima-se do contrato, por resultar de um acordo de vontades; nos seus efeitos, porém, tem a natureza de pagamento indireto.
	Não se admite retratação unilateral de transação, por isso se trata de contrato. A ação cabível para atacar sentença homologatória de transação é a ação anulatória.
	TRANSAÇÃO – NA CONSTITUIÇÃO, APROXIMA-SE DO CONTRATO; NOS SEUS EFEITOS, TEM NATUREZA DE PAGAMENTO INDIRETO
	FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO – DAÇÃO EM PAGAMENTO, CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO E SUB-ROGAÇÃO
	MEIOS INDIRETOS DE EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO – NOVAÇÃO, COMPENSAÇÃO, CONFUSÃO E REMISSÃO
	4. Espécies
	a) Extrajudicial: destina-se a prevenir, a evitar a instauração de um litígio. Realizar-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige (quando versar sobre imóveis), ou por instrumento particular, nas em que ela o admite. Dispensa-se a homologação.
	b) Judicial: visa extinguir um litígio já instaurado, uma ação em curso. Far-se-á por escritura ou por termo nos autos, devendo este ser homologado.
	5. Características
	a) indivisibilidade (art. 848);
	Deve a transação formar um só todo, sem fracionar-se, mesmo abrangendo os vários aspectos do negócio.
	Art. 848. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.
	Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados, independentes entre si, o fato de não prevalecer em relação a um não prejudicará os demais.
	Uma só cláusula que se ressinta de ineficácia contaminará todo o ato. É que a transação decorre de renúncias ou concessões recíprocas, não sendo justo que, sendo nula uma, prevaleça a outra. Se o marido, por exemplo, na transação celebrada para converter a separação litigiosa em amigável, abre mão de determinado imóvel, porque em contrapartida a mulher renunciou à pensão alimentícia, nula a primeira cláusula, não será justo que permaneça válida a segunda.
	O parágrafo único do aludido dispositivo admite, no entanto, a validade de determinada cláusula da transação, mesmo sendo nula uma outra, quando autônoma e independente desta, sem nenhuma relação com a cláusula considerada ineficaz, malgrado os diversos e distintos negócios tenham sido englobados no mesmo instrumento.
	CLÁUSULA NULA DA TRANSAÇÃO – A TRANSAÇÃO TAMBÉM SERÁ NULA
	DIVERSOS DIREITOS INDEPENDENTES NA TRANSAÇÃO – NULIDADE DE UMA CLÁUSULA PODERÁ NÃO CONTAMINAR TODA A TRANSAÇÃO
	b) de interpretação restrita (art. 843);
	A regra, que inviabiliza o emprego da analogia ou qualquer interpretação extensiva, decorre do fato de toda transação implicar renúncia de direito. Presume-se que o renunciante age da forma menos onerosa possível em relação a seus direitos. Na dúvida sobre se determinado bem fez parte do acordo, ou se foram convencionados juros, por exemplo, devem ser eles excluídos, pois só pode ser considerado o que foi expressamente mencionado.
	c) negócio jurídico declaratório (art. 843, 2ª parte).
	Pela transação não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos (art. 843). Pela transação são apenas declarados direitos preexistentes. Ex: dois vizinhos divergem a respeito da exata divisa de seus terrenos – a transação apenas solucionou a dúvida, não constituindo o direito. Este preexistia àquela.
	Entretanto, o art. 843 deve ser combinado com o art. 845, que fala em coisa transferida de uma à outra parte. Admite-se, portanto, que um dos transigentes transfira coisa de sua propriedade ao outro, pelo instrumento da transação. Se for imóvel, a forma será a escritura pública, ocorrendo a transferência do domínio somente após o registro.
	d) a transação admite pena convencional (art. 847)
	Como o novo CC considera a transação um contrato, não havia necessidade da inserção do dispositivo legal em epígrafe.
	6. Objeto
	Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite transação (art. 841). Não se admite transação a respeito do direito à vida, à honra, à liberdade etc. Mesmo no tocante aos direitos patrimoniais, só se permite a transação sobre os de caráter puramente privado, que não interessam à ordem pública. Excluem-se os bens fora do comércio, insuscetíveis de apropriação e de alienação, e as relações jurídicasde caráter privado que despertam interesse social.
	OBJETO DA TRANSAÇÃO – DIREITOS PATRIMONIAIS DE CARÁTER PRIVADO
	Não se admite, por exemplo, transação sobre adoção, reconhecimento de filhos, poder familiar etc.
	Quanto aos alimentos, são ademais irrenunciáveis (art. 1707). Por isso, a transação somente pode versar sobre o quantum da prestação, mas não sobre o direito em si. Admite-se a transação sobre as pensões vencidas, porque passam a integrar o patrimônio do alimentando, que bem ou mal sobreviveu sem elas.
	ALIMENTOS – TRANSAÇÃO RECAI SOBRE O QUANTUM DA PRESTAÇÃO, MAS NÃO SOBRE O DIREITO EM SI
	Segundo o art. 846, a transação concernente a obrigações resultantes de delito não extingue a ação penal pública. O dispositivo é considerado ocioso, uma vez que a transação só pode versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado. A responsabilidade civil é independente da criminal (art. 935). Mesmo que o fato seja, ao mesmo tempo, ilícito penal e ilícito civil, por ter o ato criminoso causado danos patrimoniais à vítima, pode a reparação ser objeto de transação, sem acarretar, com isso, a extinção da ação penal movida pela justiça pública, salvo se a transação foi efetuada com essa finalidade, nos casos em que a legislação penal especial admite tal efeito. Assim, a composição amigável, pela qual o motorista causador de um acidente de veículos indeniza a vítima, não produz necessariamente o efeito de sustar o andamento da ação penal.
	7. Efeitos
	- A transação só produz efeitos entre os transatores, salvas as exceções previstas nos parágrafos do art. 844 do CC:
	A – o acordo celebrado entre o credor e o devedor principal desobriga o fiador. Como o acessório segue o principal, extinta a obrigação controvertida, extinguem-se, também, os seus acessórios, como a fiança, cuja existência depende daquela.
	B – Se, entre um dos credores solidários e o devedor for celebrada a transação, extingue a obrigação deste para os outros credores (solidariedade ativa).
	C – Se entre um dos devedores solidários e o seu credor, extingue a dívida em relação aos co-devedores (solidariedade passiva).
	- Se a coisa, renunciada ou transferida, não pertencer a um dos transigentes, e sofrer evicção, não ficará sem efeito o acordo (é diferente da dação em pagamento). Nesse caso, não revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos (art. 845). Por essa regulamentação, o transator não dá garantia pelos riscos da evicção, mas fica sujeito ao ressarcimento dos danos causados ao lesado (evicto), para que não se locuplete à custa da outra parte.
	TRANSAÇÃO – EVICÇÃO – NÃO FICA SEM EFEITO O ACORDO – CABE APENAS PERDAS E DANOS
	DO COMPROMISSO E DA ARBITRAGEM
	1. Conceito
	Arbitragem é o acordo de vontades por meio do qual as partes, preferindo não se submeterem à decisão judicial, confiam a árbitros a solução de seus conflitos de interesses.
	2. Regulamentação
	O novo código regula, nos arts. 851 a 853, a formação do compromisso, que precede ao juízo arbitral (é meio de existência deste). A Lei 9307/96 unificou a legislação sobre arbitragem. O art. 853 do novo Código dispõe que “admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial”.
	3. Cláusula compromissória e compromisso
	A cláusula compromissória constitui simples promessa de celebração de um compromisso, se surgirem dúvidas ou conflitos na execução do contrato.
	Compromisso arbitral é a regulamentação definitiva da arbitragem, feita após o surgimento do conflito de interesses.
	Pelo compromisso arbitral os juízes togados são afastados, confiando-se a prestação jurisdicional a juízes particulares, escolhidos de comum acordo pelas próprias partes. Trata-se de uma espécie de privatização da justiça.
	No caso da arbitragem, não se pode falar em inconstitucionalidade em face da inafastabilidade do Judiciário, pois ela é escolhida livremente pelas partes, não havendo qualquer imposição do legislador. A lei faculta, e não impõe, aos interessados esse modo de composição privada de lides. O art. 33, §3º, permite a argüição de nulidade da sentença arbitral perante juiz togado, bem como quando houver resistência de uma das partes para a celebração do compromisso, havendo cláusula compromissória, além de outras hipóteses. A execução coativa da decisão arbitral só ocorre perante o Judiciário.
	Desse modo, em caso de ilicitudes e irregularidades, o Judiciário pode ser acionado, para evitar ou reparar lesões eventualmente ocorridas. Embora as convenções arbitrais resultem de acordo dos interessados, têm os seus limites na lei. As decisões, na arbitragem, não cabem ao Judiciário, mas a sua intervenção se faz necessária para coibir abusos, nos casos previstos na lei.
	4. Natureza jurídica do compromisso
	Constitui meio extintivo de obrigações, sendo assim tratado na Lei 9307/96. O CC/2002, todavia, dispensou-lhe o tratamento de contrato nominado, equiparando-o, portanto, a um contrato.
	5. Efeitos do compromisso arbitral
	a) exclusão da intervenção do juiz na solução do litígio.
	b) submissão dos compromitentes à sentença arbitral.
CONTRATO DE CONSUMO [curso Capanema – CEPAD]
	Da Proteção Contratual:
	- O legislador percebeu que de nada adiantaria elencar os direitos se o consumidor não tivesse uma efetiva proteção no momento de celebrar o contrato. É a boa-fé levada para a fase de execução do contrato, por isso que a boa-fé do CDC tem 3 momentos distintos, o que se quer é que os contratantes ajam com boa-fé na fase pré-contratual, durante a vida do contrato, e mesmo depois da sua morte. E nessa proteção contratual estabelece algumas regras para que no curso do contrato o consumidor seja efetivamente protegido.
*Art. 46 CDC: um dos mais importantes do CDC, é o que diz que os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os seus instrumentos não forem redigidos de forma que dificulte a compreensão.
ex.: um casal carioca viajou para São Paulo para participar de um evento social, hospedou-se num hotel 5 estrelas, foram para a suíte, e a mulher depois que trocou de roupa deixou sobre a mesa de cabeceira algumas joias que tinha viajado, e quando chegou do evento viu que as joias tinham sido furtadas. Moveu ação contra o hotel pedindo indenização e o hotel defendeu-se invocando expressamente uma cláusula inserida no regulamento do hotel que estava afixado na parte de trás da porta da suíte, e essa cláusula era claríssima ao dizer que o hotel não se responsabilizava pelo furto de bens deixados no quarto, já que dispunha gratuitamente para os hóspedes de um cofre. Antes do CDC este hotel ganharia essa ação com facilidade, porque foram alertados sobre o risco de deixar as jóias no quarto, mas hoje isso não funciona mais por causa do art. 46 CDC, porque essa condição não foi levada ao prévio conhecimento do consumidor no momento da contratação que foi na portaria, na recepção.
	- Não basta dar conhecimento prévio das condições do contrato, é preciso também que os contratos sejam redigidos de maneira clara, não serve se for de maneira inteligível, que o consumidor leia e não entenda o que realmente representa. Não pode haver palavras técnicas, etc.
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
**Art. 47 CDC: estabelece regra de hermenêutica de muita importância, pois os contratos como qualquer ato jurídico precisam ser interpretados. E a experiência mostra que pode se extrair de um contrato várias interpretações, e quando isso ocorrer, o juiz deve aderir a que for mais favorável ao consumidor.- Razão: se o consumidor é a parte vulnerável, é evidente que a interpretação do contrato há de lhe ser a mais favorável para compensar essa diferença. Seja qual for o contrato de relação de consumo, a interpretação se fará sempre em benefício do consumidor, na dúvida, pró consumidor.
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
**Art. 48 CDC: Execução específica é aquela que torna útil uma execução, que alcança o fim perseguido pelo credor. Veja aqui a dimensão de poder que se conferiu ao julgador, ele tem um arsenal de medidas poderosas no sentido de tornar efetiva o cumprimento do contrato de consumo. E ele pode adotar as medidas que julgar necessárias para a execução do contrato.
**Art. 49 CDC: Criou o famoso “prazo de reflexão”, e por isso surgiu muita polêmica em torno deste dispositivo, por ser considerado excessiva proteção ao consumidor, sendo paternalista.
Este artigo permite que o consumidor no prazo de 7 dias devolva o produto ou o serviço arrependendo-se de ter adquirido exigindo a devolução integral do preço pago, daí chamar-se prazo de reflexão, ou seja, o consumidor tem 7 dias para refletir se lhe convém adquirir o manter aquele produto ou serviço, e convencendo-se da sua desnecessidade, ele então poderá devolvê-lo, sem precisar aduzir a menor razão. Não precisa dizer se há defeito se esperava mais, simplesmente não quer mais o produto. Ele tem um direito potestativo de devolver o produto, desde que o faça no prazo de 7 dias a contar do seu recebimento.
Só que não é em qualquer hipótese que o consumidor poderá devolver o produto em 7 dias, pois o CDC estabelece uma condição, que é o seguinte: o consumidor só poderá se valer desse prazo de reflexão se não tiver adquirido o produto na loja, ou seja, quando adquiriu pela TV, pelo telefone, por catálogo mandado pelo correio, pela Internet, etc. Se adquiriu no estabelecimento comercial, quando então lhe teria sido o produto exibido ao vivo, ele não pode se valer do art. 49 CDC.
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
- Isso mostra que o legislador do CDC olhou pra frente no futuro, pois com consumo em massa, a propaganda em massa, as técnicas de marketing sofisticaram-se, e os meios de publicidade evoluíram de maneira surpreendente, aí o legislador percebeu que nós consumidores muitas vezes em razão da nossa vulnerabilidade técnica podemos ser vítimas de uma insidiosa campanha publicitária, que cria no nosso íntimo necessidades artificiais de consumo, pois os produtos são maquiados, etc., que criam para nós uma imagem de que precisamos ou queremos, quando na verdade não é assim, é uma indução ao consumo. Então, se ele viu o produto, ele não pode alegar que foi vítima de uma técnica de marketing. Mas se ele não viu o produto, ou viu por uma foto colorida que “maquiava” o produto, na TV, na Internet, ele pode ao receber o produto e deparar-se com a realidade, frustrar-se.
- Só que muitos afirmavam que isso tinha sido criado pelo CDC, só que não é novo, isso já existe entre nós desde 1916, porque essa prazo de reflexão é a conhecida cláusula de venda a contento, que está no CC, no contrato de compra e venda. Desde 1916 incluiu-se entre as cláusulas especiais da compra e venda, a cláusula de venda à contento. Na época não havia TV, Internet, etc., mas os produtos eram vendidos através de caixeiros viajantes, que traziam uma amostra para a venda, e depois trazia os produtos para a entrega. Ex.: retalhos de fazendas coloridas, um botão de cada modelo e cor, etc. Só que aí quando chegava a encomenda a cor do botão não era bem aquela que você tinha visto, a fazenda em retalho era bonita mas a estampa inteira era feia, etc. Então criou-se a cláusula de venda a contento, ou seja, os comerciantes compravam mas só pagavam quando a mercadoria chegava e verificavam se ela estava à contento, ou seja, de acordo com a amostra. Só que hoje não se faz mais venda com caixeiro viajante, a não ser no interior do interior. Hoje este papel está com a Internet, o telefone, a TV, etc.
- Por isso Capanema afirma que o art. 49 CDC, que convencionou-se chamar de prazo de reflexão, é a cláusula de venda à contento modernizada. Vestiu-se a cláusula de venda à contento com nova vestimenta, tecnológica, do século XXI. Mas o raciocínio é o mesmo, quer se dar a oportunidade a quem comprou um produto sem ver, vendo apenas amostra, retrato, de diante da realidade do produto arrepender-se da compra. Essa regra é cogente. Muitos fornecedores, mostrando até que isso não é nenhum absurdo, eles voluntariamente ampliam esse prazo, para conquistar mercado, e se ele diz um prazo maior esse é que vai vigorar, só não pode ser menos do que a lei diz, pode aumentar. Ex.: se não gostar do produto devolveremos em 30 dias.
	Cláusulas Abusivas:
**Art. 51 CDC: Elenca as cláusulas abusivas, que o código Italiano chamava de vexatório. Só que ele pagou o preço do pioneirismo, pois elencou como numerus clausus, e com isso em algum tempo a lei se tornou em grande parte inútil, porque os advogados italianos, hábeis como os nossos, imediatamente começaram a criar redações, modelos de cláusulas, que não tipificavam exatamente os modelos do código e alcançavam o mesmo resultado.
- O código brasileiro surgiu 40 anos depois, mais atrasado, mas teve essa vantagem pois pode corrigir os erros. O nosso elenco não é em numerus clausus, o nosso elenco é exemplificativo. Inclusive esse rol já aumentou. As cláusulas são auto-explicativas. Todas elas criam vantagens desproporcionais para o fornecedor, em detrimento do consumidor, e aí aparece a figura da lesão, que falamos anteriormente.
- Se as cláusulas já nascem com o contrato, ela será tida como nula, porque estará aí caracterizada a lesão. Elas são culminadas pela maior e mais grave sanção do direito civil, a nulidade absoluta. É com se a cláusula não existisse, nasce morta. O fato de o consumidor ter assinado o contrato não traduz consentimento à essa cláusula, porque se ela é nula e não existe, não posso concordar com o que não existe. A assinatura no contrato não traduz meu sentimento.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
        I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
        II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
        III - transfiram responsabilidades a terceiros;
        IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
        V - (Vetado);
        VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
        VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
        VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
        IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
        X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
        XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito sejaconferido ao consumidor;
        XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
        XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
        XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
        XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
        XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
- caput: “entre outras”: se o juiz entender que uma cláusula cria vantagem exagerada para o fornecedor, ele pode fulminá-la com a nulidade, independente de haver previsão legal. Fica ao prudente arbítrio do julgador, do juiz, e por isso um juiz pode achar de uma forma e outro de outra maneira.
§1º: conceito de o que seria uma cláusula exagerada, por presunção. Isso ajuda o juiz a verificar se é abusiva ou não.
Art. 52 CDC, §1º CDC: reduziu as multas moratórias a 2%, era de 10%, mudou quando o plano real domou a inflação.
- Para Capanema esse argumento é fraco, pois a cláusula penal nunca teve nada a ver com a inflação. Se tiver vinculação com a inflação, deixa de ser cláusula penal e passa a ser correção monetária. A cláusula penal existe para desmotivar o inadimplemento, e se a multa é muito baixa, fragiliza o vínculo e perde a função, incentiva a mora. Para ele o CDC não foi feliz nessa mudança.
	Contratos de Adesão:
	- O CDC não se refere a nenhum contrato em espécie, portanto quando ele fala em contrato de adesão, é uma modalidade de contrato, não é locação, etc.
	- Adesão é uma modalidade, é quando partimos de uma proposta imutável, não há liberdade para que o consumidor discuta paritariamente as condições do contrato, pode somente aderir à proposta, mas nada impede que se inclua uma cláusula diferente, isso não vai descaracterizar o contrato de adesão, desde que ela não modifique fundamentalmente o contrato, no contrato de adesão se quer que ele seja igual para todos os aderentes.
- Proponente faz a proposta ao oblato, que é a quem se dirige a proposta, que não pode modificá-la.
- Havia no início quem afirmasse que eles não eram contratos, pois não haveria a autonomia de vontade que é o sustentáculo da teoria dos contratos, não haveria a liberdade de contratar. Mas depois a doutrina superou essas dúvidas e hoje é unânime de que os contratos por adesão são contratos, porque a liberdade de contratar está preservada, porém diminuída. Há um resquício de liberdade, que é aderir ou não, e isso basta para garantir natureza contratual desse contrato.
E a maior prova disso é o CDC admite contratos por adesão. Ele sabia que isso era inevitável na economia atual, que haveria riscos, mas há limites. Ele é perigoso, pois o proponente abusa, mas na nossa economia de massa ele é inevitável, só que surge aí lesão em massa também. O CDC então aceitou os contratos por adesão, mas tratou de mitigar, minimizar esses riscos, criando regras específicas para o contrato de adesão que emane relação de consumo. Ex.: deve ser redigido de maneira clara, evitando conceitos técnicos, ininteligíveis, sem letras microscópicas, etc. E o que for regra de restrição ao consumidor, deverá ter destaque para que ele perceba a importância da cláusula.
POSSE	 E AÇÕES POSSESSÓRIAS
NOÇÕES GERAIS
Teorias:
TEORIA SUBJETIVA (Friedrich Carl von SAVIGNY): a posse apresentaria 2 elementos constitutivos: corpus + animus. Corpus é o elemento objetivo que consiste no poder físico da pessoa sobre a coisa. Em obra posterior Savigny retificou sua posição, admitindo posse sem contato físico, sendo corpus a faculdade real e imediata de dispor fisicamente da coisa. Animus é o elemento subjetivo, que consiste na intenção de ser o proprietário da coisa (“animus domini”). Posse é o poder físico direto (de disposição) que se exerce sobre o bem com a intenção de ser proprietário. Se faltar o corpus, inexiste posse; Se faltar o animus, há mera detenção. Críticas: i) supervalorização do elemento subjetivo, indo de encontro ao Direito Civil Constitucional; ii) para esta teoria não há desmembramento da posse, assim, o possuidor direto é considerado detentor (ex. locatário) porque não tem “animus domini”, logo não tem proteção jurídica. Essa teoria só ganha relevância na usucapião, pois neste caso o CC/02 exige animus domini.
TEORIA OBJETIVA (Rudolf von IHERING): A posse apresenta apenas 1 elemento constitutivo: corpus, que, diferente da teoria subjetiva, é a conduta externa de dono. A posse não exige a intenção de ser dono e nem reclama o poder físico sobre a coisa. No corpus já está incluído o animus, que para não é a intenção de ser dono, mas simplesmente de proceder como procede habitualmente o proprietário (“affectio tenendi”). Assim, verifica-se a posse de forma objetiva, sem a necessidade de pesquisar a intenção do agente. Para Ihering, a posse é a exteriorização da propriedade / visibilidade de domínio. A posse é a relação exterior que há normalmente entre o proprietário e a coisa, com ou sem apreensão física da coisa. Trata-se da presunção de ser dono, facilitando a proteção jurídica do proprietário sobre seus bens. O Código Civil adotou esta teoria no artigo 1196. Assim, os possuidores diretos têm posse (ex. locatário). A detenção de Savigny é a posse direta de Ihering. Crítica: esta teoria depende da propriedade para conceituar posse. Logo, haveria uma relação de dependência entre os institutos. 
TEORIA SOCIALISTAS: Na linha do pós-positivismo, do neoconstitucionalismo e da Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale, o direito civil passa por uma releitura. A propriedade está impregnada por função social, que é seu próprio conteúdo. De igual modo, não basta ao possuidor agir como proprietário, mas sim como bom proprietário, dando à coisa função social. O CC/02 prestigia o bom possuidor, abreviando, por exemplo, o prazo de usucapião na posse-trabalho. A doutrina atual busca a autonomia da posse (ex. vedação à “exceptio domini”). Esta teoria consta do Projeto nº 6.960/02, de autoria do Deputado Ricardo Fiúza, pelo qual o artigo 1.196 passará a ter a seguinte redação: “considera-se possuidor todo aquele que tem poder fático de ingerência sócio-econômica, absoluto ou relativo, direto ou indireto, sobre determinado bem da vida, que se manifesta através do exercício ou possibilidade de exercício inerente à propriedade ou outro direito real suscetível de posse”. Parte da doutrina entende que o princípio da função social da posse é implícito: art. 1º, III; art. 5º, XXIII; art. 6 º; art. 183; art. 191, todos da CF/88. E, art. 1197, 1210, § 2º, art. 1228, §§ 4º e 5º, art. 1238, parágrafo único, todos do CC/02. Valores: solidariedade social, erradicação da pobreza e direito à moradia. Aqui é superada a teoria objetiva e à posse se confere autonomia jurídica e função social. 
Enunciado n. 492 da V JDC: “A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela”.
Esta nova teoria está em construção. Três autores da atualidade se destacam: 
Teoria social da posse (SILVIO PEROZZI/Itália): A relação Jurídica da posse, em verdade, seria legitimada pela sociedade por meio de uma conduta de abstenção. Altera-se a ótica, enxergando a posse a partir da sociedade. 
Teoria da apreensão econômica da posse (Raymond Saleilles/França): A posse deve, necessariamente, recair sobre bens que possa haver apreensão econômica. Essa teoria justifica, por exemplo, a impossibilidade de haver posse de bens públicos. Esta teoria ressalta a autonomia da posse frente aos direitos reais.
Teoria da função social da posse (Antônio Hernández Gil/Espanha): A função social é pressuposto e fim dos institutos. A posse é uma relação que compõe a estrutura do Estado, logo, sua concretização depende do respeito a programas por ele estabelecidos.Por exemplo, Função Social da Posse de Propriedade Rural (art. 186 do CF/88). Caso não cumpra, o Estado pode retirar a posse. A função social é vislumbrada em duas ideias: destinação positiva que se dá a coisa (função impulsionadora da função social) e aceitação social (a sociedade aceita a posse – função limitadora da função social).
Natureza Jurídica da Posse
Há muita polêmica sobre a natureza jurídica da posse. Correntes:
1ª corrente: a posse é um fato. O fato possessório não está subordinado à normas que regulam a relação jurídica no seu nascimento, transferência e extinção.
2ª corrente (IHERING): posse é um direito. Valendo-se do conceito de direito subjetivo, Ihering conclui que a posse é um interesse juridicamente protegido. Ela é tutelada pela norma. Nesse sentido, Cristiano Chaves.
3ª corrente (SAVIGNY – Teoria Eclética): a posse tem natureza jurídica dúplice (é um fato e um direito). Considerada isoladamente, a posse seria um FATO, por independer de regras do direito. Mas a posse passa a ser um direito quando em determinadas condições produz efeitos jurídicos (ex.: a usucapião e os interditos).
A partir da ideia de que a posse é um direito, surge a discussão se se trata de um DIREITO REAL ou DIREITO PESSOAL. 
1ª corrente (Savigny): a posse é direito pessoal/obrigacional.
2ª corrente (Ihering): a posse é um direito real. 
3ª corrente: a posse não é direito real nem pessoal, mas direito especial, “sui generis”, por não se encaixar perfeitamente em nenhuma dessas categorias. A pretensão de classificá-la como direito pessoal esbarra na própria definição deste: relação ou vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de uma prestação. Por outro lado, a posse não é prevista como direito real no rol do art. 1225 do CC. Ainda, a posse não tem o caráter absoluto próprio dos direitos reais, afinal (i) ainda que o possuidor possa vencer a demanda possessória contra o proprietário, este acabará reavendo a coisa por meio das vias reivindicatórias e (ii) o direito de sequela do possuidor cede ante a boa-fé. 
Essa discussão importa muito no processo civil, porque reflete em questões como a competência. Na reforma de 1994 o CPC dispôs que é obrigatória a participação do cônjuge nas ações possessórias somente nas seguintes situações (art. 10): i) se há caso de composse ou ii) se se discute ato por ambos praticado. Assim, reconhece-se que as ações possessórias não têm natureza real.
	-definição de possuidor: adoção da teoria de Jhering [art. 1.196, NCC]
	(Savigny: posse = corpus + animus.
	(Jhering: posse = é a exteriorização do domínio. [o animus está inserido no corpus]
		(dentro da doutrina de Jhering é possível dividir a posse em DIRETA e INDIRETA.
NCC
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
	 -art. 1.196, NCC - “(...) de fato (...)”	
	-art. 1.196, NCC - “(...) exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade (...)”
	-art. 1.197, NCC - “(...) não anula a indireta (...)”
	(Prof. Pablo: o NCC adotou teoria objetiva (Jhering), reconstruída na perspectiva constitucional do princípio da função social.
	-natureza jurídica da posse: [divergência] questão de fato ou de direito.
-para maior parte da doutrina seria uma situação de FATO. (G. Couto aponta que a maioria entende que é direito – como a posse pode ser cedida, ele entende que ela é direito, e não fato).
 	-posse não é direito real [não está previsto no rol (taxativo) do art. 1.225, NCC]
 	
	G. Couto – há semelhanças com os direitos reais (incidência sobre objeto determinado, oponibilidade erga omnes e indeterminação do sujeito passivo). Como os demais direitos reais, possui disciplina legal e típica próprias. De outro lado, entre as particularidades, admite-se a cessão de posse operada validamente por instrumento particular.
	(Jhering – embora o possuidor tenha legitimidade para se utilizar da proteção possessória, ele não titular de um direito real. O que ocorre é que o ordenamento, ao possibilitar a proteção possessória pelo possuidor, está defendendo o direito de propriedade.
	 -Essa proteção decorre do fato da posse ser uma manifestação do direito de propriedade.
	G. Couto: em regra, para saber se a pessoa é ou não possuidora, basta responder positivamente à pergunta: a pessoa se comporta em relação ao bem como um proprietário normalmente o faz, em relação a um bem seu? Ela exterioriza o comportamento de um proprietário? Se a resposta é positiva, ela é possuidora.
	(JUÍZO POSSESSÓRIO X JUÍZO PETITÓRIO
 	juízo possessório ampara a posse, uma situação de fato.
 	juízo petitório ampara a propriedade, uma situação de direito.
	(jus possessionis x jus possidendi
 	jus possessionis - direito de posse.
 		-representa a posse de fato, sem se exigir qualquer título que a ampare.
 	jus possidendi – direito de possuir.
 		-representa o direito de possuir decorrente de algum título jurídico.
	( POSSE X DETENÇÃO (: a confusão decorre do fato de que nas duas situações o agente está em contato direto com o bem.
	G. Couto: DETENÇÃO é a posse degradada pela lei. É a situação que poderia ser de posse, mas que a lei diz que não é posse, ou retira a essência dos efeitos possessórios. É a situação que poderia ser de posse, mas que a lei diz que não é posse, ou retira a essência dos efeitos possessórios.
	Não se deve, portanto, pensar que a detenção se resume à hipótese prevista no art. 1198 (o fâmulo na posse). O art. 1208, por exemplo, ao não reconhecer a posse oriunda de uma situação de permissão ou tolerância, simplesmente degrada os efeitos do fato jurídico, reduzindo-o à detenção. É também o caso, entre outros, da ocupação irregular de áreas públicas.
	
	 - há detenção, não posse:
 	1)fâmulo da posse [art. 1.198, CPC] - por não ser possuidor, não terá legitimidade para figurar em uma ação possessória. Poderá integrar o pólo passivo de ação reivindicatória.
NCC
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
	(há entendimento no STJ (não é pacífico) de quem ocupa área pública está exercendo detenção, e não possuidor. Arruda Alvim e Prof Pablo discordam desse posicionamento, defendem que é possível a posse sobre imóvel público, o que não será possível é a usucapião.
	Arruda Alvim: No direito brasileiro, todavia, essa afirmação não é verdadeira, de que não pode haver posse de particulares sobre bem/coisa pública. O que se deve remarcar – como assunto correlato – é que pela Constituição Federal de 1988, os ´imóveis públicos são insuscetíves de usucapião´ (art. 191, parágrafo único; no mesmo texto, com o mesmo sentido, art. 183, § 3o). Ou seja, o que se passa é a inaptidão do imóvel público para ser objeto de usucapião, ainda que possa existir ou ter existido posse de particular sobre esse imóvel”
	
	2)atos de mera tolerância [art. 1.208, CPC – “(...)atos de mera permissão ou tolerância (...)”]
NCC
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
 	3)enquanto durar violência ou clandestinidade [art. 1.208, CPC – “(...)atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.”] - enquanto perdurar a violência não tem a posse, mas mera detenção.
(clandestinidade – a posse depende da exteriorização, representa uma situação de fato; por essa razão é que a clandestinidade compromete o reconhecimento daposse. [enquanto perdurar a clandestinidade não haverá posse]
(obs.: o conceito de possuidor e detentor é relativo, é possível que frente a uma situação eles sejam considerados num sentido, e frente a outra, num sentido diverso. (por isso é relevante o conceito de que detenção é a posse degradada pela lei)
 	-indivíduo que possui imóvel na clandestinidade:
 		(frente ao legítimo possuidor: será detentor.
 		(frente a terceiros: será possuidor. (isso pela doutrina antiga)
([art. .1.224, NCC] –
NCC
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
	-situação peculiar da posse de bens públicos:
	(posse transferida por contrato
	(há quem afirme, incorretamente, que não poderia haver posse perante bem público. Essa afirmação é feita levando-se em conta somente a posse ad usucapionem, ocorre que nem todas as posses estão sujeitas à usucapião. Existem certos tipos de posse que não geram direito à usucapião (ex.: locador).
(posse meramente ad interdicta.
	 (posse reconhecida pela Medida Provisória 2220/2001.
	 -o Estatuto da Cidade permitia uma posse que se assemelhava à usucapião. Pessoas que ocupem um determinado imóvel por um determinado tempo poderão postular o DIREITO REAL DE USO. Tal dispositivo foi vetado, porém foi editada a MP 2.220/01 prevendo tal possibilidade.
	 -não é hipótese de usucapião, as pessoas ganham, tão somente, o direito de postular o direito real de uso.
	(posse meramente ad interdicta.
	-a MP expressamente menciona que o indivíduo que ocupe o bem sem que adote os procedimento cabíveis será considerado como possuidor. Assim sendo, poderá se utilizar dos instrumentos possessórios.
	-classificação da posse:
	Critério:
	a)direta – possuidor mantém contato direto com a coisa. (tem a coisa em seu poder FÍSICO IMEDIATO) [ex.: locatário]
	b)indireta – possuidor não mantém contato direto com a coisa. [ex.: locador] [art. 1.197, NCC]
	(a vantagem em desdobrar a posse em direta e indireta é possibilitar que qualquer dos possuidores (direto ou indireto) poder manejar ação possessória, inclusive, um contra o outro.
	Critério:
	a)justa - é justa a posse que não deriva nem de violência, nem de clandestinidade, nem de precariedade (“nec vim, nec clam, nec precário”) – [art. 1.200, NCC]
NCC
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
	b)injusta – é a posse decorrente da violenta, da clandestina e da precáriedade.
	-a injustiça se dá perante o legítimo possuidor, não perante terceiros.
	(posse precária – posse de favor.
	(Clovis Bevilacqua ( a concessão da posse precária é lícita, é uma posse de favor.
	(passado ano e dia a posse continua sendo injusta.
(Quando cessa a violência e a clandestinidade? - nos fatos capitulados nos art.s 1.223 e 1.224, interpretados razoavelmente quanto à clandestinidade;
	(prazo de duração da clandestinidade? A jurisprudência faz uma interpretação de que esse prazo deve ser razoável. Em decorrência do princípio da função social da propriedade, não se admite mais que o proprietário ignore o que ocorre com seu imóvel.
NCC
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
(Quando cessa a precariedade? em princípio, jamais, ressalvadas as hipóteses de interversão da posse. [modificação do titulo que exerce a posse] [procurar significado da expressão - interversão]
	Posse violenta: é aquela adquirida por meio da força física ou coação moral.
	Posse clandestina: é aquela exercida às escondidas de quem de direito.
	Posse precária: é a posse originária do abuso de confiança, materializando-se quando alguém que recebeu a coisa, com a obrigação de restituí-la, ilegalmente se recusa a fazê-lo.
	(POSSE VIOLENTA – ROUBO; POSSE CLANDESTINA – FURTO; POSSE PRECÁRIA – APROPRIAÇÃO INDÉBITA) – serve apenas para associar.
	G. Couto: o art. 1208 afirma que não autorizam a aquisição da posse os atos violentos ou clandestinos, mostrando que a lei, em tais casos, degrada a posse, retirando a possibilidade de protegê-la contra o prejudicado pela violência, clandestinidade ou abuso de confiança. Contra tais pessoas, nem sequer se configura a posse do usurpador, pois a lei degrada o fenômeno, não admitindo o direito. Mas os vícios são relativos, isto é, são vícios em relação a quem de direito; em relação a terceiros, que nada tenham a ver com a causa viciada, existe a proteção possessória em favor de quem exterioriza a propriedade, pois a preocupação da lei será, no caso, a tutela da paz social.
	Critério:
	a)de boa-fé – caracterizada quando o possuidor ignora o vício ou obstáculo que impede a aquisição da coisa. [art. 1.201, caput, NCC]
 	(presunção de boa-fé: se há justo título [art. 1201, parágrafo único, NCC]
NCC Art. 1.201. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
	(“justo título”: qualquer documento, ainda que inidôneo, que gera no possuidor a aparência do bom direito. Gera presunção de boa-fé, salvo prova em contrário [ex.: formal de partilha registrado]. A doutrina moderna, a luz do princípio da função social, dispensa registro formal (documento público ou particular). [Enunciado 303 – Jornadas CJF]
Enunciado n. 303 – Jornadas CJF
303 – Art.1.201. Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse.
	JUSTO TÍTULO – É O JUSTO MOTIVO QUE AUTORIZA A AQUISIÇÃO DERIVADA DA POSSE
	b)de má-fé – caracterizada quando o possuidor conhecia a existência de vício ou obstáculo que impede a aquisição da coisa.
	(quando a posse de boa-fé se transforma em posse de má-fé? A citação numa ação, ao final vitoriosa, é uma dessas circunstâncias.
	O critério é puramente subjetivo? Para G. Couto, não.
	G. Couto: o texto do Código é impreciso, de modo que o tratamento sistemático impõe considerar que cessa a boa-fé desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não pode mais crer na legitimidade de sua posse.
	(conseqüências dessa distinção: regime jurídico é diferente para cada uma dessas situações.
 	(usucapião ordinário e extraordinário;
 	(frutos [art. 1.214 a 1.216, NCC]
NCC
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
 	(perda e deterioração [art. 1.217 e 1.218, NCC];
NCC
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
 	(benfeitorias [art. 1.219 a 1.222, NCC];
 		-possuidor de boa-fé: [3 direitos]
 		-possuidor de má-fé: [1 direito]
 			(direito de indenização pelas benfeitorias necessárias.
 			*não tem direito de retenção;
 			*não pode levantar

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